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DISCIPLINA: Contabilidade Geral I

SEMESTRE: 1 CURSO: Gestão ANO: 1º SEMANA : 10

CONFERENCIA Nº: 9

Capítulo IV: Normalização contabilística

SUMÁRIO:

4.1 As Normas Internacionais de Contabilidade: IAS, IFRS (NCRF,


NIC). Âmbitos e vantagens

4.2 O Plano Geral de Contabilidade de Angola (Aprovado pelo


Decreto N0. 82/2001, de 16 de Novembro).

4.3 Constituição do PGC: Disposições gerais (Balanço,


Demostração de Resultados, Demostração de Fluxos de Caixa
e Notas explicativas das contas).

4.4 Políticas contabilísticas (Princípios Contabilísticos, Características


qualitativas da informação financeira).

4.5 Quadro e lista de contas

OBJECTIVOS:

Que os estudantes ao finalizar a sala de aula sejam capazes de:

 Identificar a importância das normativas contábeis internacionais


 Distinguir as disposições gerais do PGC e suas políticas
contabilísticas.
 Reconhecer o quadro e lista de contas do PGC
 Resolver exercícios em função das normativas contabilísticas
internacionais e do PGC

DESENVOLVIMENTO:

Normalização e planificação contabilística:

A contabilidade como processo de recolha, análise, registo e


interpretação de tudo o que afecta a riqueza das unidades
económicas, é, sem dúvida um dos mais poderosos-senão e mesmo o
maior-suportes de informação para a gestão.

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As informações prestadas pela contabilidade ultrapassam, em larga
escala, o âmbito da empresa e dos seus mais directos colaboradores,
revestindo interesse para um vasto conjunto de utilizadores (credores,
financiadores, fisco, estatísticas nacionais e sectoriais, etc.). Sendo assim,
será mister que as informações contabilísticas sejam obtidas a partir de
métodos e procedimentos comumente conhecidos e aceites, para que
se elaborem elementos susceptíveis de interpretação e comparáveis
com os de outras unidades.

Tal necessidades exige a adopção de uma metodologia semelhante na


recolha e tratamento dos dados, sem o que a comparabilidade das
informações obtidas será colocada em causa.

Diremos então que será necessário definir um conjunto de princípios e


critérios a serem uniformemente seguidos pelas diversas unidades
económicas na execução da sua contabilidade. Neste sentido,
deverão definir-se regras no que respeita à nomenclatura das contas,
ao seu âmbito e movimentação, às regras de valorização dos
elementos, à determinação dos resultados e á elaboração e
apresentação das demostrações financeiras.

Ou seja, a normalização contabilística consiste na definição de um


conjunto de regras e princípios que visem:

a) Elaboração de um quadro de contas que devam ser seguidas


pelas unidades económicas.
b) Definição do conteúdo, regras de movimentação e articulação
das contas definidas no quadro indicado na alinha a).
c) Concepção de mapas-modelo para as demostrações financeiras
definidas para as unidades económicas.
d) Definição dos princípios contabilísticos e dos critérios
valorimétricos que devam ser seguidos na contabilidade das
diversas entidades envolvidas.

Em síntese, normalizar, consiste em criar uma metodologia comum, a ser


seguida pelas unidades económicas visando, fundamentalmente, a
comparabilidade das informações inter-unidades, a universalidade dos
dados recolhidos e a sua compreensibilidade pelos diversos agentes
económicos.

Tendo em atenção as alterações que, a partir da década de 70, se


verificaram no campo do Direito, na área dos negócios, no domínio da
informática e tendo em vista a melhoria da informação prestada pela
contabilidade, é publicado, em 1982, em França, um novo plano de
contas- o Plano Geral de Contabilidade.

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Nos últimos 30 anos o conceito de contabilidade evoluiu, passando de
uma actividade de mero registo de transacções para uma função mais
complexa, como é a de facultar informação sistematizada de modo a
suportar a tomada de decisões de gestão.

Hoje em dia, são a convergência e a harmonização internacional (IAS,


IFRS (NCRF, NIC) das regras e das práticas de contabilidade que estão
em discussão um pouco por todo o mundo.

Vantagens da Normalização Contabilística

As vantagens que se atribuem à adopção de uma normalização


contabilística situam-se em vários planos, designadamente:

 O da empresa: a normalização, na medida em que se assentar


numa planificação bem aceite e concebida, haverá
necessariamente de ser útil às empresas. Estas virão a colher as
vantagens de passar a dispor de estatísticas de sector que
mostrarão a sua posição relativa. Isso incentiva quem, colocado
em situação mas desfavorável, tenha de proceder a revisões e
alterações para melhorar a sua posição e productividade.

 O da profissão de técnica de contabilidade que passa assim a


dispor de um código de regras e procedimentos.

 O da didáctica e o da pedagogia. A normalização pode


proporcionar orientações menos discutíveis, evitando perdas de
esforços em descobertas já descobertas, transferindo a energia
desses esforços para a crítica e remodelação posterior das
normalizações efectuadas no que estas carecem de correcções.

 O da análise macro-empresarial, para a qual se passa a contar os


critérios naturalmente mas válidos, procedimentos mas
convenientes, dados mais exactos, terminologia uniforme,
agregações menos erradas, favorecendo-se estatísticas sectoriais,
nacionais e possibilitando-se um melhor conhecimento da
economia nacional. As entidades oficiais e os próprios
empresários disporiam assim de mais correctos instrumentos de
análise e previsão.

 O da tributação que assentaria em procedimentos mais


ostodoxos e certeiros, possibilitando-se assim, um mais fácil
controle dos elementos que servem de base ao estabelecimento
da tributação das empresas

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Ou, dito de outra forma, a normalização contabilística proporciona:

 Melhor eficiência nas tarefas de contabilização


 Uniformidade de critérios de classificação
 Comparabilidade de dados entre empresas, nomeadamente
entre empresas do mesmo sector de actividade, com objectivos
macro –económicos.
 Obtenção de dados económicos e estatísticos nacionais, com
razoável fiabilidade.

São incostestadas as vantagens referidas, pelo que convirá dizer que a


normalização, para se atingirem os objectivos atrás referidos, deverá
adoptar uma terminologia baseada em definições precisas para
possibilitar a classificação dos factos económico- financeiros segundo
critérios bem definidos, em utilizar um método geral coerente de registo
dos movimentos nas diversas classes de contas, para além de definir
regras gerais que possibilitem a determinação dos valores a registar,
como, por exemplo, critérios de valorimetria das existências, fixação das
amortizações e previsões, observação do principio da especialização
de cada exercício, regras gerais do processamento dos custos de
produção, etc.

O Plano Geral de Contabilidade de Angola (Aprovado pelo Decreto N0.


82/2001, de 16 de Novembro):

O Plano Geral de Contabilidade (PGC) constitui, no essencial, um


instrumento facilitador da escrituração, num quadro de uniformização
da apresentação das demostrações financeiras e da sua
comparabilidade entre exercícios e entre empresas dos mesmos
sectores de actividade.

Constituição do PGC:

A estrutura do PGC assenta na seguinte sistematização:

 Disposições gerais
 Politicas contabilísticas
 Quadro e lista de contas
 Notas explicativas

O PGC compreende, o seguinte:

Um quadro de contas, que deve ser seguido pelas unidades


económicas.

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A definição de conteúdos, regras de movimentação e articulação das
contas definidas no quadro de contas

A concepção de mapas-modelo para as demostrações financeiras a


elaborar pelas empresas: Balanço, Demostração dos resultados por
natureza, anexos ao Balanço e á demostração dos resultados,
Demostração de resultados por funções, Demostração da origem e da
aplicação de fundos e Demostração de fluxos de caixa.
A definição de princípios contabilísticos e de critérios valorimétricos a
adoptar na contabilidade que, conjugados com o referido nos pontos
anteriores, contribuem para que a informação contabilística vá ao
encontro das necessidades e dos interesses dos seus diversos
utilizadores.

Disposições gerais:

As demostrações financeiras referenciadas no PGC, e de preparação


obrigatória, são:

 Balanço
 Demostração de resultados por natureza ou, em sua substituição,
Demostração de resultados por funções
 Demostração de fluxos de caixa
 Notas explicativas às contas.

Balanço:

Noção:

Balanço: É uma demostração financeira, referida uma determinada


data, dos bens activos, passivos e do capital próprio da entidade,
devidamente valorizados.

Constituição: Do Balanço fazem parte o:

 Activo: Conjunto de bens e direitos, ou seja, recursos controlados


pela entidade como resultado de acontecimentos passados e
dos quais se espera que fluam para a entidade benefícios
económicos futuros.
 Passivo: Conjunto de obrigações presentes na entidade
proveniente de acontecimentos passados dos quais se espera
que resultem exfluxos de recursos da entidade incorporando
benefícios económicos.
 Capital Próprio: Valor residual que provém de ao valor do Activo
se deduzir o valor do Passivo.

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Modelo:

Empresa…………………………………………………………………………………
Balanço em…………………………………..Valores expressos em……………..
Exercício
Designação NOTAS 2xxx 2xxx-1
ACTIVO
Activos não correntes:
Imobilizações corpóreas 4
Imobilizações incorpóreas 5
Investimentos em subsidiárias e associadas 6
Outros activos financeiros 7
Outros activos não correntes 9
TOTAL DO ACTIVO NÃO CORRENTE
Activos Correntes:
Existências 8
Contas a receber 9
Disponibilidades 10
Outros activos correntes 11
TOTAL DO ACTIVO CORRENTE
TOTAL DO ACTIVO

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO


Capital Próprio
Capital 12
Reservas 13
Resultados transitados 14
Resultados do exercício
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO
Passivo não Corrente
Empréstimo de médio e longo prazo 15
Impostos diferidos 16
Provisões para pensões 17
Provisões para outros riscos e encargos 18
Outros passivos não Corrente 19
TOTAL DO PASSIVO NÃO CORRENTE
Passivo Corrente
Contas a pagar 19
Empréstimos de curto prazo 20
Parte correspondente dos empréstimos a 15
médio e longo prazo
Outros passivos correntes 21
TOTAL DO PASSIVO CORRENTE
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Demostração de resultados:

Noção:
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Demostração de resultados: É o modelo contabilístico destinado a
evidenciar a composição do resultado obtido num determinado
período de actividade de uma entidade:

Constituição:

Da determinação de resultados fazem parte os:

 Proveitos e ganhos: são aumentos de benefícios económicos


durante o período económico.
 Custos e perdas: São diminuições de benefícios económicos
durante o período económico.

Modelos:

a) Modelo de demostração de Resultados (por natureza)

Empresa…………………………………………………………………………………
Demostração de resultados em………… Valores expressos em……………
Exercícios
Designação NOTAS 2xxx 2xxx-1
Vendas…………………………………………………………………………………… 22
Prestações de serviço……………………………………………………………. 23
Outros proveitos operacionais………………………………………………. 24

Variações nos produtos acabados e produtos em vias de


fabrico…………………………………………………………………………………….. 25
Trabalhos para a própria empresa…………………………………………. 26
Custo das mercadorias vendidas e das matérias-primas e
subsidiárias consumidas…………………………………………………………. 27
Custo com o pessoal……………………………………………………………….. 28
Amortizações………………………………………………………………………….. 29
Outros custos e perdas operacionais………………………………………. 30

Resultados operacionais:
Resultados financeiros…………………………………………………………… 31
Resultados de filiais e associadas……………………………………………. 32
Resultados não operacionais………………………………………………….. 33

Resultados antes de impostos:


Imposto sobre o rendimento………………………………………………….. 35

Resultados líquidos das actividades correntes:


Resultados extraordinários………………………………………………………. 34
Imposto sobre o rendimento……………………………………………………. 35
Resultado líquido do exercício…………………………………………….

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b) Modelo de demostração de Resultados (por função)

Empresa…………………………………………………………………………………
Demostração de resultados em………… Valores expressos em……………
Exercícios
Designação NOTAS 2xxx 2xxx-1
Vendas……………………………………………………………………………………… 22
Prestações de serviço…………………………………………………………. 23

Custos das vendas


Margem bruta:
Outros proveitos operacionais
Custos de distribuição
Custos administrativos
Outros custos e perdas operacionais
Resultados operacionais:
Resultados financeiros 31
Resultados de filiais e associadas 32
Resultados não operacionais 33
Resultados antes de impostos:
Imposto sobre o rendimento 35
Resultados líquidos das actividades correntes:
Resultados de operações em descontinuação ou descontinuada
Efeitos das alterações de políticas contabilísticas
Resultados extraordinários. 34
Imposto sobre o rendimento 35
Resultado líquido do exercício

Demostração de Fluxo de Caixa

Noção:

Demostração de Fluxo de Caixa: È uma demostração contabilística


destinada a evidenciar como foi gerado e utilizado o dinheiro no
período em análise.

Constituição:

O objectivo deste modelo contabilístico é o de apresentar informações


acerca das alterações históricas de Caixa e seus equivalentes em cada
período.

Os fluxos de Caixa durante o período são classificados em operacionais,


de investimento e de financiamento.

De notar que caixa compreende não só o dinheiro em Caixa mas


também em Depósitos á Ordem.
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Os fluxos de caixa abrangem:

 Os influxos, que são recebimentos, entradas em caixa e seus


equivalentes.
 Os exfluxos, que são pagamentos, saídas de caixa e seus
equivalentes

Designam-se por equivalentes de Caixa os investimentos financeiros a


curto prazo altamente líquidos que sejam prontamente convertíveis
para quantias conhecidas de dinheiro e que estejam sujeitos a um risco
insignificante de alterações de valor.

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Modelo: Modelo de demostração de Fluxos de Caixa (método directo)
Empresa……………………………………………………………………………………………………
Demostração de fluxos de caixa para o exercício findo em…………………………………..
Valores expressos em………………………….
Exercícios
Designação Notas 2xxx 2xxx-1
Fluxo de caixa das actividades operacionais:
Recebimentos (de caixa) de clientes…………………………..
Pagamentos de caixa) a fornecedores e empregados……
Caixa gerada pelas operações:
Juros pagos:
………………………………………………………………………..
Impostos s/os lucros pagos…………………….
Fluxos de caixa antes da rubrica extraordinária:
…………………………………………………………………………..
Caixa líquida proveniente das actividades operacionais…
Fluxo de caixa das actividades de investimento:
Recebimento proveniente de:
Imobilizações corpóreas………………………………….
Imobilizações incorpóreas……………………………….
Investimentos financeiros………………………………… 45
Subsídios a investimento…………………………………..
Juros e proveitos similares…………………………………
Dividendos ou lucros recebidos………………………….
………………………………………………………………………..
Pagamentos respeitantes a:
Imobilizações corpóreas…………………………………..
Imobilizações incorpóreas………………………………...
Investimentos financeiros………………………………….. 46
Fluxos de caixa antes da rubrica extraordinária:
…………………………………………………………………...
Caixa líquida usada nas actividades de investimento…….
Fluxo de caixa das actividades de financiamento:
Recebimentos provenientes de:
Aumentos de capital, prestações suplementares e
vendas de acções ou quotas próprias………………….
Cobertura de prejuízos………………………………………
Empréstimos obtidos………………………………………....
Subsídios à exploração e doações………………………
Pagamentos respeitantes a:
Reduções de capital e prestações suplementares
Compras de acções ou quotas próprias……………….
Dividendos ou lucros pagos……………………………….
Empréstimos obtidos………………………………………..
Amortiz. De contratos de locação financeiras……….
Juros e custos similares pagos…………………………….
…………………………………………………………………….
Fluxos de caixa antes da rúbrica extraordinária:
………………………………………………………………………
Caixa líquida usada nas actividades de financiamento……
Aumento líquido de caixa e seus equivalentes…………………
Caixa e seus equivalentes no início do período……………….. 43,47
Caixa e seus equivalentes no fim do período……………………43,47

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De notar que as pequenhas entidades estão dispensadas de apresentar
a Demostração de Fluxo de Caixa

Notas explicativas as contas:

Todas as componentes das demostrações Financeiras onde se divulgam


as bases de preparação das demostrações Financeiras e políticas
contabilísticas adoptadas devem:

1. Efectuar a identificação da entidade:

 Designação da entidade:_____________________________
 Sede:_________________________________________________
 Natureza da actividade:______________________________
 Designação da empresa-mãe:________________________
 Sede da empresa-mãe:_______________________________

2. Referencial contabilístico da preparação das demostrações


financeiras.

3. Principais políticas contabilísticas:

 Bases de mensuração usadas na preparação das demostrações


financeiras:_____________________________________________________
 Outras políticas contabilísticas:___________________________________
 Principais pressupostos relativos ao futuro:________________________
 Principais fontes de incerteza das estimativas:____________________

4. Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e


erros.
 A entidade deve divulgar nas Demostrações Financeiras do
período corrente, regra geral, um período de 12 meses com
término em 31 de Dezembro.
 A natureza da alteração da política contabilística
 A natureza do erro material do período anterior e seus impactes
nas Demostrações Financeiras desses períodos
 A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente
ou períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja
praticável.
 As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística
proporciona informação fiável e mais relevante.

5. É obrigatório que o relato seja efectuado na moeda oficial do País,


que no momento presente é o Kz (Kwanza)

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6. Não são permitidas quaisquer alterações à disposição,
nomenclatura, número e ordem das rubricas constantes dos
modelos dos componentes das demostrações financeiras referidas
no Plano Geral de Contabilidade.

Políticas contabilísticas:

De acordo com o PGC.

Políticas contabilísticas são: Princípios, bases, convenções, regras e


práticas adoptados por uma entidade na preparação e apresentação
das Demostrações Financeiras.

Modelo contabilístico: É a maneira simples de representar a realidade


complexa, de modo que terceiros a possam compreender.

Os modelos contabilísticos facilitam a gestão empresarial, pois


permitem planificar, medir e controlar, de modo científico, as
actividades desenvolvidas ou a desenvolver na empresa.

Modelos contabilísticos-linhas de força:

Os modelos contabilísticos são elaborados tendo em atenção três linhas


de força:

 Convenções ou princípios contabilísticos: São tão importantes que


determinam a natureza básica do modelo, fazendo com que as
suas partes principais se encontrem estandardizadas. São
universalmente aceites, não variando de país para país.

 Tradições: Incidem sobre aspectos menos importantes, mas


permitem a uniformização do modelo dentro do pais. Deste
modo, as informações contabilísticas de diferentes países são
comparáveis nos princípios, diferindo, no entanto, de acordo com
as tradições.

 Leis: Destinam-se a reforçar os princípios e tradições existentes


e/ou a estabelecer regras a que as empresas devem aderir.

Convenções ou princípios contabilísticos:

Com o objectivo de obter uma imagem verdadeira e apropriada da


situação financeira e dos resultados das operações da empresa,
indicam-se os princípios contabilísticos fundamentais:

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1. Consistência: Aempresa não deve alterar, a não ser que tenha
motivos fortemente justificados, os seus procedimentos
contabilísticos de um exercício económico para outro.

Os procedimentos contabilísticos mas vulgarmente derrogados


são:
 Os critérios de valorimetria das existências
 O cálculo do valor das provisões
 O cálculo do valor das amortizações

Se a empresa alterar tais procedimentos, deverá, de acordo com


o PGC, indicar e justificar tas alterações e mostrar os efeitos que
as mesmas provocaram nas demostrações Financeiras da
entidade, no Anexo.

2. Materialidade: As informações financeiras resultantes da


actividade da empresa encontram-se resumidas em três peças
contabilísticas fundamentais: O Balanço, a Demostração dos
resultados e o Anexo. Tais peças devem dar uma imagem
verdadeira e fiel da vida da empresa. Delas devem constar todos
os elementos relevantes, de forma que terceiros interessados na
sua actividade possam formular juízos de valor correctos, quer
sobre o seu valor, quer sobre decisões a tomar. Assim, a
materialidade tem a ver com a quantidade da informação
fornecida.

3. Não compensação de saldos: Não devem ser efectuadas


compensações de saldos entre activos e passivos.

A apresentação de rubricas no balanço pelo seu valor líquido de


amortizações e provisões não é considerada uma compensação
de saldos.

Podem ser efectuadas compensações de saldos entre itens de


custos e proveitos apenas se os ganhos, perdas e despesas
relacionadas resultantes de uma mesma operação ou de uma
operação similar não forem materiais, ou ainda nos seguintes
casos:

 Ganhos e perdas na venda de activos não correntes, os


quais são relatados pela diferença entre proveito da venda
e o valor contabilístico do activo e repectivas despesas de
venda:

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 Despesas recuperadas através de um acordo com uma
terceira entidade (ex:subarrendamento), as quais são
relatadas pelo valor líquido dos proveitos obtidos.

4. Comparabilidade: A informação deve ser registada de forma


consistente pela empresa ao longo da sua vida, pois só assim são
comparáveis os dados no tempo e no espaço. Assim, não são
comparáveis os seguintes dados relativos ao preço do pão:

Ano Preço
2013 1100 kz
2014 1200 kz
2015 1410 kz

Porque não é indicado nem o peso nem a qualidade das


matérias componentes do mesmo.

Mas a informação não deve ser só comparável ao longo do


tempo na mesma entidade, deve ainda permitir que os utentes
sejam capazes de comparar as demostrações financeiras de
diferentes entidades. Só assim é possível avaliar de forma relativa
a sua posição económico-financeiro e o seu desempenho.

5. Representação fidedigna: Para que a informação seja fidedigna,


isto é, digna de fé, ou seja, que mereça crédito, deve ser o
espelho daquilo que ela pretende retratar, isto é, as mensagens
que se transmitem devem corresponder às transacções
efectuadas ou a acontecimentos verificados.

Para se cumprir esta característica deve ser relevante divulgar o


risco de erro que rodeia o acontecimento, quer em termos de
reconhecimento, quer em termos de mensuração.

6. Neutralidade: A informação contabilística deve ser neutra, isto é,


deve ser livre de preconceitos. A informação não é neutra
quando influencia a tomada de decisões ou leva à formulação
de juízos de valor, tendo em vista atingir diversos objectivos
predeterminados.

7. Compreensibilidade: Isto é, toda a informação contida nas


Demostrações Financeiras deve ser inteligível e compreendida
por todos os utentes. Por exemplo: a informação pode estar
redigida em inglês mas não é compreensível se o seu destinatário
for um angolano que só fala português.

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8. Plenitude: Das demostrações Financeiras deve constar toda a
informação relevante, pois a omissão de um dado relevante
pode gerar uma informação falsa ou enganadora.

9. Continuidade: Considera-se que a empresa opera


continuadamente, com duração ilimitada. Desta forma, entende-
se que a empresa não tem intenção nem necessidade de entrar
em liquidação ou reduzir significativamente o limite das suas
operações.

10. Sustância sobre a Forma: Este principio refere que as operações


devem ser contabilizadas atendendo à sua substância e à
realidade económica e financeira e não apenas à sua forma
legal, o que quer dizer que, por vezes, no Activo da empresa se
deve contabilizar o valor dos bens de que a empresa ainda não é
titular, mas que já se encontram ao seu serviço. É o que acontece
quando a empresa adquire uma viatura a prestações, aceitando
para efeito letras. O valor da viatura deve ser registado no activo
da empresa, embora juridicamente a empresa ainda não seja
titular do referido bem.

11. Especialização (ou do Acréscimo): Os proveitos ou custos não


reconhecidos quando obtidos ou incorridos, independentemente
do seu recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas
demostrações financeiras dos períodos a que respeitam.

12. Custo Histórico: Em contabilidade, o principio do custo histórico diz


que os registos contabilísticos devem ser feitos a custos de
aquisição ou produção dos bens. Este princípio opõe-se ao
princípio do custo de reposição, que diz que os registos
contabilísticos devem ser feitos pelo valor que a empresa teria de
suportar para substituir um bem que possuía nas mesmas
condições, qualidade, quantidade e locais de aquisição e
utilização. De um ponto de vista meramente teórico, a
contabilização a custos de reposição é aceitável. No entanto, tal
valorização permitiria várias hipóteses de valorização do mesmo
bem, pelo que os valores apresentados careceriam de realidade
objectiva.

Assim, ainda que com alguns inconvenientes, situar-se do lado dos


custos históricos permite dar solidez ao sistema, que, assim, se
encontra baseado em realidades objectivas.

13. Prudência: Os preparadores da Demostrações Financeiras devem


ser prudentes para que, sempre que se perfilarem incertezas no
futuro que possam afectar o seu património, as estimem e
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registem, sem, contudo, criar reservas ocultas ou fazer provisões
excessivas por forma a reduzir, sem justificação, o seu activo ou os
seus proveitos ou a aumentar o seu passivo ou seus custos. Assim,
se, por exemplo, um cliente fez uma compra no montante de 50
000 kwanzas, no dia 10 de Dezembro, dizendo que pagava no
prazo de 15 dias e não o fez até ao final do ano, não há razão
suficiente para no dia 31 de Dezembro se supor que se está
perante um crédito incobrável, criando-se desde logo uma
provisão (custo) pelo montante de 50 000 kwanzas para lhe fazer
face.

Ainda quando são explicitados no PGC os princípios da consistência,


materialidade, não compensação de saldos e a comparabilidade, as
Demostrações Financeiras devem, durante a sua preparação e
elaboração, ter em atenção os demais princípios referidos neste
material.

Quadro e lista de contas:

De acordo com o PGC, a fim de orientar o processo de


reconhecimento das operações e outros acontecimentos, simplificar o
controlo dos registos efectuados e facilitar a consulta de saldos e
quantias para efeitos de preparação das componentes das
demostrações Financeiras, optou-se pela sistematização e codificação
das rubricas a usar na elaboração dos registos contabilísticos.

Com vista à harmonização, devem ser adoptados os quadros e listas de


contas constantes do Plano e respeitadas as disposições gerais a seu
respeito.

O quadro de contas é composto por uma relação das contas.

As contas distribuem-se por 10 classes, numeradas de 1 a 0. As contas


das classes 1,2,3,4, e 5 são integrantes do Balanço, enquanto que as
classes 6 e 7 permitem a elaboração da Demostração dos resultados,
fazendo as da classe 8 a ligação entre os dois documentos de sínteses
anteriores.

As classes 1 a 8 estão destinadas à Contabilidade Financeira, a classe 9


à Contabilidade Analítica de exploração interna ou de custos, sendo de
uso facultativo, é recomendada para ser utilizada por empresas
industriais com a finalidade principal de se apurarem os custos de
produção dos bens.

A classe 0 é de utilização livre, no entanto, embora seja designada


como de uso facultativo pelo PGC, destinar-se-á, na prática, ás
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chamadas contas de ordem ou contas extrapatrimoniais, como sejam o
registo dos avales prestados pela empresa a terceiros e a guarda, na
empresa, de bens pertencentes a terceiros, ou seja, sugere-se a sua
utilização para o registo de situações de direito e responsabilidades da
entidade para com terceiros e de terceiros com a entidade e que, de
momento, não afectam o seu património ainda que no futuro o possam
vir a afectar.

O PGC foi aprovado pelo Decreto nº 82/2001, de 16 de Novembro. Dele


contas um quadro e uma lista de contas. É constituído por 10 classes de
contas, numeradas de 0 a 9. Cada classe apresenta um título, sendo
composta no máximo por 9 contas. Assim temos:

Classe o: Livre
Classe1: Meios fixos e investimentos
Classe 2: Existências
Classe 3: Terceiros
Classe 4: Meios monetários
Classe 5: Capital e reservas
Classe 6: Proveitos e ganhos por natureza
Classe 7: Custos e perdas por natureza
Classe 8: Resultados
Classe 9: Contabilidade analítica ou de custos

Assim como cada classe do PGC tem um digito, também cada conta
constituinte de cada classe tem o seu código. Dentro de cada classe
podemos encontrar contas do 1º grau (contas principais), contas do 2º
grau, contas do 3º grau, etc.

O código duma contado 1º grau é formado por dois dígitos: o 1º digito


indica a classe a que a conta pertence, enquanto que o 2º digito
indica a ordem da conta na classe.

Por exemplo, a conta 42 é a 2º conta da classe 4-meios monetários, ou


seja, a conta Depósitos a prazo.

O código duma conta do 2º grau é formada por 3 digitos: os dois


primeiros dígitos indicam a conta principal a que a subconta pertence
e o terceiro digito indica a ordem da subconta entre as restantes
pertencentes a essa conta principal.

Por exemplo, a conta 32.1 é a 1ª subconta da conta principal 32-


Fornecedores, ou seja, é a 1ª subconta da segunda conta da classe
três-Terceiros e é designada por fornecedores correntes. E assim
sucessivamente.

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Quadro e lista de contas

Classes Contas
11- Imobilizações corpóreas
12- Imobilizações incorpóreas
1- Meios Fixos e Investimentos 13- Investimentos financeiros
14-Imobilizações em curso
….
18-Amortizações acumuladas
19.Provisões para investimentos financeiros

21- Compras
22- Matérias primas, subsidiárias e de consumo
23-Productos e trabalhos em curso
24-Productos acabados e intermédios
2- Existências 25-Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos
26- Mercadorias
27-Matérias-primas, mercadorias e outros materiais
em trânsito
28-Adiantamentos por conta de compras
29-Provisão para depreciação de existências

31-Clientes
32- Fornecedores
33-Empréstimos
34-Estado
3. Terceiros 35- Entidades participantes e participadas
36-Pessoal
37-Outros valores a receber e a pagar
38-Provisões para cobrança duvidosas
39-Provisões para outros riscos e encargos

41- Títulos negociáveis


42- Depósitos a prazo
4. Meios monetários 43- Depósitos à ordem
44- Outros depósitos
45- Caixa
….
48- Conta transitória
49- Provisões para aplicações de tesouraria

51- Capital
52-Acções/quotas próprias
53- Prémios de emissão
54- Prestações suplementares
5. Capital e reservas 55- Reservas legais
56- Reservas de reavaliação
57- Reservas com fins especiais
58- Reservas livres

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Classes Contas
61- Vendas
62- Prestações de serviços
6. Proveitos e ganhos por 63- Outros proveitos operacionais
natureza 64-Variação nos inventários de produtos acabados
e de produção em curso
65- Trabalhos para a própria empresa
66-Proveitos e ganhos financeiros gerais
67-Proveitos e ganhos financeiros em subsidiárias e
associadas
68-Outros proveitos e ganhos não operacionais
69.Proveitos e ganhos extraordinários

71-Custo das mercadorias vendidas e das matérias


consumidas
72-Custo com o pessoal
73-Amortizações do exercício
7. Custos e perdas por …
natureza 75-Outros custos e perdas operacionais
76-Custos e perdas financeiros gerais
77-Custos e perdas financeiros em filiais e
associadas
78-Outros custos e perdas não operacionais
79-Custos e perdas extraordinários

81-Resultados transitados
82-Resultados operacionais
83-Resultados financeiros
84-Resultados em filiais e associadas
8. Resultados 85-Resultados não operacionais
86-Resultados extraordinários
87-Impostos sobre os lucros
88-Resultado líquido do exercício
89-Dividendos antecipados

BIBLIOGRAFIA:

 Aires lousa. Cristina Salguerinho. A contabilidade e a Gestão diária em


Angola. Plural Editores 2012.
 Antonio Domingos Muhungo, Contabilidade Geral, Editora. Edições de
Angola. Lda. 1ª Edição- Junho de 2012.
 Magro, José Luis Faria e Magro, Adelaide. Manual de Contabilidade
Angolano, 2ª Edição. Porto, PT: Uniarte Gráfica, 2008.
 Plano Geral de Contabilidade da Republica de Angola. Aprovado pelo
Decreto N0. 82/2011, de 16 de Novembro.
 Marta Guerreiro. Plano Geral de Contabilidade Explicado. Editora. Plural
Editores. Luanda. Angola 2015.
 Antonio Borges, Azevedo Rodrígues, Rogério Rodrígues. Elementos de
Contabilidade Geral. Areas Editora S.A, 24 ª Edição. Lisboa. 2007
 Gouveia, Nelson. Contabilidade. 2ª Edição. São Paulo: Mcgraw-Hill do
Brasil.
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