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Sistema Circulatório

Discentes:​ Carolina Queiroga, Eduardo Figueiredo, Gabriela Karam Rebolho,


Larissa Berquó, Rafael Amadeu, Ricardo Quaglio.
Docente responsável​ Prof. Dr. Francisco Langeani Neto

1. Liste o número de arcos aórticos em peixes-bruxa, lampréias, peixes cartilaginosos, peixes


ósseos, peixes dipnoi e anfíbios. Em que grupos o número de arcos aórticos não se iguala
àquele das brânquias? Por que? (25 pontos)
R: Os arcos aórticos são estruturas que conectam a aorta ventral única as aortas dorsais
pares (esquerda e direita). O sangue não oxigenado chega na aorta ventral vindo do coração, e
é transportado para os pares de arcos aórticos, que possuem brânquias associadas, as quais
realizam a oxigenação do sangue, que vai para as aortas dorsais para ser distribuído as
porções anterior e posterior do corpo. O número desses arcos varia entre grupos de
gnatostomados: os peixes-bruxa possuem 15 pares de arcos aórticos, as lampréias têm 8 pares
de arcos, os peixes cartilaginosos possuem, em sua maioria, 6 pares, os peixes ósseos
teleósteos têm 4 pares de arcos, enquanto os Dipnoi têm 5. Anfíbios podem ter 3 ou 4 pares
de arcos aórticos.
Na maioria dos grupos o número de arcos aórticos é igual ao de brânquias, porém isso
não ocorre em todos eles: em peixes cartilaginosos existem, em geral, 6 pares de arcos
aórticos, mas um deles é incompleto, possuindo apenas a porção eferente, e não possui uma
brânquia de fato associada a ele. Já em Dipnoi, que são peixes ósseos pulmonados com
circulação dupla no coração, ou seja, circula sangue venoso e oxigenado separadamente nos
seus compartimentos, sendo que, do ventrículo direito parte o sangue venoso para os pares de
arcos 6, 5 e 2, os quais possuem brânquias para oxigenação, enquanto do ventrículo esquerdo
parte sangue já oxigenado pelo pulmão para os arcos 3 e 4, que não têm brânquias associadas,
portanto são 5 pares de arcos e 3 brânquias nesse grupo. Por fim, nos anfíbios anuros adultos
há a presença de 3 pares de arcos aórticos (3, 4 e 6), mas não há nenhuma brânquia, enquanto
na fase larval de urodelos (salamandras), ocorrem 4 pares de arcos (3, 4, 5 e 6) e apenas 3
brânquias externas, pois no arco 6 ocorre circulação pequena entre pulmão e coração, não
ocorrendo brânquia nele. Todas as brânquias são perdidas na fase adulta desses animais,
permanecendo seus arcos.

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2. Quais as câmaras do coração em peixes e anfíbios. Por que à última câmara podem ser
atribuídos dois nomes diferentes? (25 pontos)
R: Em sua grande maioria, os peixes possuem circulação simples, em que apenas sangue
não oxigenado passa pelo coração, contudo, em Choanata e Dipnoi, há a ocorrência de
circulação dupla. No geral, peixes possuem o coração em forma de “S” invertido, sendo
formado por quatro câmaras: seio venoso, átrio, ventrículo (maior espessura para que o
bombeamento ocorra) e cone arterioso, em peixes cartilaginosos. A última câmara
diferencia-se, morfologicamente e funcionalmente, dependendo da classificação dos peixes:
em ósseos, tal estrutura denomina-se bulbo arterioso, a qual possui paredes elásticas para que
a distribuição de sangue para as brânquias ocorra de forma que o fluxo de sangue e a pressão
sejam constantes, diferentemente do ocorrido em peixes cartilaginosos.
Já em Amphibia, é possível dividir as câmaras do coração em seio venoso, que recebe
sangue não oxigenado do corpo; átrio esquerdo e direito; ventrículo e válvulas espirais, que
dirigem o sangue pra átrios com brânquias ou para o sexto arco aórtico que realiza a pequena
circulação. A circulação, nesses animais, é dupla e incompleta: dupla, porque o sangue passa
duas vezes pelo coração a cada ciclo de circulação (o sangue não oxigenado vindo do corpo,
trazido pelo coração; e o sangue oxigenado vindo do pulmão, retornando ao coração); e
incompleta, porque o ventrículo é único, ocorrendo mistura entre sangue venoso e arterial.

3. Apesar de não terem o ventrículo separado em porções direita e esquerda, as rãs não
apresentam mistura de sangues venoso e arterial. Como isso é possível? (25 pontos)
R: Como o ventrículo das rãs não apresenta uma separação física em porções “direita e
esquerda”, a separação atrial seria inútil já que haveria a mistura do sangue venoso com o
arterial. Porém, o que permite que essa mistura não ocorra é a parede do ventrículo. Segundo
VICTOR, NAYAK & RAJASINGH (1999), a parede do ventrículo dos anfíbios apresenta
aspectos e funcionalidades diferentes bilateralmente em relação ao eixo sagital mediano. A
parede direita do ventrículo é fina e apresenta cavidades e, quando em diástole, o sangue
vindo do átrio direito (pobre em oxigênio) o invade e a sua sístole o envia para o bulbo
arterial e, em seguida, à artéria pulmocutânea. Ao mesmo tempo, a parede ventricular

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esquerda é esponjosa e, em movimento de diástole, absorve o sangue vindo do átrio esquerdo


(rico em oxigênio) e, na sístole, esse conteúdo absorvido é “espremido” para o arco
sistêmico.
Ocorrido isso, o sangue que passa pelos ventrículos direito e esquerdo (em relação ao
eixo sagital mediano), saem para o bulbo arterial e então para a artéria pulmocutânea e para a
circulação sistêmica, respectivamente, sem que ocorra mistura, praticamente (TAVANO,
1995).

4. A circulação dupla aparece pela primeira vez em peixes. Descreva sucintamente as


modificações ocorridas no coração e nos arcos aórticos. (25 pontos).
R: A circulação dupla é caracterizada pela passagem de sangue oxigenado e não
oxigenado pelo coração. Esta característica aparece em peixes pulmonados como os dipnói e
tetrápodes terrestres como os anfíbios. O sangue oxigenado é vindo parcialmente dos
pulmões onde ocorreu a troca gasosa para ser levado ao resto do corpo e o sangue não
oxigenado é vindo do corpo para ser distribuído pelos arcos aórticos específicos. Em
contrapartida, a circulação simples recebe esse nome pois o coração recebe apenas um único
tipo de sangue vindo do corpo, o sangue não oxigenado. O sangue pobre em oxigênio, por
sua vez passa para os arcos aórticos os quais todos estão associados às brânquias para que
ocorra a oxigenação sanguínea. Esse tipo de circulação é vista em teleostei e em peixes
cartilaginosos (Chondrichthyes).
Basicamente, o coração apresenta 4 câmaras (seio venoso, átrio, ventrículo e
bulbo/cone arterioso), também observadas em animais com circulação simples, com o passar
da evolução, algumas especializações são necessárias para que não ocorra o encontro de
sangue oxigenado com o não oxigenado, uma vez que isto diminuiria a eficiência do processo
nas trocas gasosas. Nos peixes com circulação dupla, o átrio possui uma estrutura chamada
septo interatrial que divide parcialmente o átrio em porção direita e porção esquerda. Logo
abaixo do átrio, tem-se um plug atrioventricular parcial e um septo interventricular parcial, o
que aumenta ainda mais a divisão. Assim, a porção direita passa a receber sangue não
oxigenado e a porção esquerda passa a receber sangue oxigenado vindo parcial ou totalmente

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do pulmão. Na porção do bulbo arterioso tem o aparecimento de uma válvula espiral que
encaminhará o sangue para alguns arcos aórticos específicos.
No caso dos peixes dipnói (ex: ​Protopterus e​ ​Lepidosiren​), por apresentarem 5 pares
de arcos aórticos, temos que o sangue não oxigenado passa pelos 2 últimos arcos aórticos os
quais estão associados às brânquias (arcos V e VI) e o sangue oxigenado passa pelos 3
primeiros arcos aórticos (arcos II, III e IV).Vale ressaltar ainda, que nesse caso, o arco aórtico
II ainda apresenta resquícios de associação com as brânquias, mas este não é tão marcado
como nos arcos V e VI.
Diferente desses, nos anfíbios, a aorta dorsal perde uma porção, não ficando mais de
certa forma contínua mas ainda realizando a sua função de distribuição. Os anfíbios ainda
apresentam 3 pares de arcos aórticos, onde o arco VI não apresenta mais a ligação com a
aorta dorsal pelo ducto arterioso, este ainda, está associado diretamente com o pulmão
realizando a pequena circulação, mostrando a perda das brânquias por completo em todos os
arcos aórticos. Desta forma os arcos III e IV realizam a circulação sistêmica, apenas
distribuindo o sangue oxigenado para aorta dorsal, onde no arco III distribui para a porção
inferior e o IV para a porção anterior.
Vale lembrar que no caso específico das larvas de salamandras, ainda existe uma certa
continuidade na aorta dorsal, porém, quando adulta, essa continuidade é desfeita, progredindo
para os grupos posteriores. Possuem ainda, 4 pares arcos aórticos, sendo o arco VI
responsável pela pequena circulação e ainda apresentando uma ligação com a aorta dorsal por
meio de um ducto arterioso.

Referências bibliográficas

HICKMAN JR., C. P. et al. ​Principios Integrados de Zoologia​. 16. ed. ed. Rio de Janeiro –
RJ: EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA., 2016.

TAVANO, P. T. Anatomia comparada do coração dos vertebrados : aspectos filogenéticos


dos vertebrados e ontogenéticos da espécie humana. 1995.

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VICTOR, S.; NAYAK, V. M.; RAJASINGH, R. Evolution of the ventricles. ​Texas Heart
Institute Journal​, v. 26, n. 3, p. 168–174, 1999.

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