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Distribuição de matéria

- O transporte nos animais


O transporte nos animais

As células que constituem os tecidos animais necessitam de receber


continuamente gases e nutrientes para o desempenho das suas funções
metabólicas e de eliminar os compostos tóxicos que produzem.

Nos animais mais simples, como as esponjas,


os corais, as hidras e as planárias, todas as
células estão relativamente próximas do meio
externo e o intercâmbio de susbstâncias
realiza-se por difusão. Não existe um sistema
de transporte especializado.
O transporte nos animais

Nos animais aquáticos de maiores dimensões, e em todos ao animais terrestres,


a difusão é insuficiente para a distribuição dos nutrientes, gases e produtos de
excreção.

Como consequência, para


conseguirem sobreviver e atingir
dimensões consideráveis, estes
animais têm de possuir um
sistema de transporte – sistema
circulatório.
O transporte nos animais
Constituição de um sistema de transporte

Nos animais, todos os sistemas de transporte possuem 3 componentes:

um fluido circulante (hemolinfa ou sangue) que gere


a distribuição de material;

um coração, com função de bombear o fluido


circulante;

um conjunto de vasos, onde ocorre, em parte ou no


todo, a circulação do fluido.
O transporte nos animais
Funções de um sistema de transporte

Podem enumerar-se como mais importantes as seguintes funções:

transporte de oxigénio desde a superfície respiratória até às células;

transporte de nutrientes desde a superfície de absorção ou órgão de reserva


até às células;

remoção das excreções resultantes do metabolismo celular para os órgãos


em que são eliminadas;

transporte de hormonas desde as glândulas


endócrinas até às células-alvo;

defesa do organismo contra corpos estranhos;

distribuição do calor metabólico no organismo.


O transporte nos animais
Tipos de sistemas de transporte

Nos animais, existem 2 tipos de sistemas de transporte:

Sistema de transporte aberto – o fluido circulante percorre o organismo


dentro de vasos de transporte, abandonando-os no hemocélio para banhar
as células.

Sistema de transporte fechado – o sangue percorre o organismo sempre


dentro de um sistema contínuo de vasos sanguíneos.
O transporte nos animais
Sistema de transporte aberto

Nos Insetos e Aracnídeos, o sangue


abandona os vasos de transporte e passa
para lacunas, banhando diretamente as
células. Assim, não há distinção entre sangue
e fluido intersticial, designado por
hemolinfa.

O sangue flui mais lentamente que num


sistema circulatório fechado e, portanto, é
menos eficiente.
O transporte nos animais
Sistema de transporte fechado

É o sistema circulatório característico de


todos os Vertebrados e dos Anelídeos (como
a minhoca).

Neste sistema, todo o percurso do sangue é


feito dentro de vasos, não se misturando
com o fluido intersticial.

O sangue circula com maior velocidade e


garante uma maior eficácia na distribuição
de gases e nutrientes, essencial a seres vivos
com elevadas taxas metabólicas.
O transporte nos animais

Todos os vertebrados apresentam um sistema circulatório fechado. Possuem


um coração musculoso, cujas contrações rítmicas bombeiam o sangue através
de artérias que se ramificam por todo o corpo.

As artérias dividem-se em arteríolas


que, por sua vez, se distribuem por
densas redes de capilares.

A fusão dos capilares origina as


vénulas, que convergem e formam as
veias, responsáveis pelo transporte
do sangue para o coração.
O transporte nos animais

O coração dos vertebrados ocupa uma posição ventral e apresenta 2 tipos de


cavidades:

Aurículas - formadas por


paredes musculares finas,
recebendo sangue vindo das
veias;

Ventrículos – possuem paredes


musculares espessas e
bombeiam o sangue do
coração para as artérias.
O transporte nos animais
Evolução do sistema circulatório

O sistema circulatório tem sofrido muitas mudanças no processo evolutivo dos


vertebrados. As principais diferenças prendem-se com a estrutura do coração,
nomeadamente:
com o número de aurículas e ventrículos presente;
com a comunicação que se estabelece entre as diferentes cavidades do
coração;
com o número de vasos que se ligam ao coração.
O transporte nos animais
Peixes

Os peixes possuem uma circulação simples, isto é, o sangue efetua apenas uma
passagem pelo coração.
O transporte nos animais
Peixes

Estes animais possuem um coração com duas cavidades, uma aurícula e um


ventrículo, circulando apenas sangue venoso (sangue com elevado teor em CO2)
no coração;

O sangue que entra na aurícula e sai pelo ventrículo, vem das células do
animal e vai para as brânquias efectuar a sua oxigenação, tornando-se arterial
(sangue com elevado teor de O2) e direcionando-se de seguida para as restantes
células corporais;

Como este sangue não passa novamente pelo coração, flui muito lentamente,
pelo que a renovação dos constituintes celulares se faz também lentamente.
O transporte nos animais
Anfíbios e Répteis

Os Anfíbios e os Répteis
possuem uma circulação
dupla, uma vez que existem
duas vias de circulação, uma
apenas para os pulmões –
circulação pulmonar ou
pequena circulação -, e outra
para as restantes partes do
corpo – circulação sistémica
ou grande circulação -, o que
leva a uma dupla passagem do
sangue pelo coração.
O transporte nos animais
Anfíbios e Répteis

Estes animais possuem um coração com 3 cavidades, duas aurículas e um


ventrículo;

o sangue venoso, proveniente dos tecidos corporais, entra pela aurícula


direita, passa pelo ventrículo onde é bombeado para os pulmões e para a pele;

A oxigenação ocorre na pele e nos pulmões e o sangue transforma-se em


arterial;

Este regressa ao coração, entrando pela aurícula esquerda, sendo depois


bombeado para todo o organismo pelo ventrículo;

O mesmo ventrículo bombeia os dois tipos de sangue em tempos diferentes,


embora ocorra uma mistura parcial.
O transporte nos animais
Anfíbios e Répteis

A circulação dupla garante maior eficácia na oxigenação dos tecidos do que a


simples, possibilitando maiores velocidades de circulação.

Pelo facto de existir a possibilidade de haver mistura de sangue


arterial e venoso, a circulação é designada dupla incompleta.
O transporte nos animais
Anfíbios e Répteis

Nos répteis, a possibilidade de


mistura entre sangue arterial e
venoso é menos expressiva uma
vez que já existe um septo
interventricular incompleto.
O transporte nos animais
Aves e Mamíferos

Os animais como as Aves e os


Mamíferos possuem uma
circulação dupla completa.
O transporte nos animais
Aves e Mamíferos

Estes animais possuem um coração com 4 cavidades, duas aurículas e dois


ventrículos. Deste modo, existe receção de sangue proveniente de duas
circulações, sem ocorrer qualquer mistura deste fluido – circulação completa;

No lado esquerdo do coração circula sangue arterial, e no lado direito circula


sangue venoso;

Nestes animais o sangue circula a grande pressão e verifica-se uma


separação entre a circulação pulmonar e a circulação sistémica, o
que permite um maior afluxo de oxigénio às células, fundamental
devido à sua complexidade e, consequentemente, às suas maiores
exigências energéticas.
O transporte nos animais
Artérias

Vasos que transportam sangue proveniente do


coração e, por convenção, são representadas a
vermelho, por transportarem sangue rico em
oxigénio – sangue arterial.

A artéria pulmonar é uma exceção, porque


transporta sangue proveniente do coração para
os pulmões, pobre em oxigénio.
O transporte nos animais
Veias

Vasos que transportam sangue para o coração


e são representadas a azul, por causa da
baixa concentração em oxigénio no sangue –
sangue venoso.

A veia pulmonar é uma exceção, pois


transporta sangue arterial dos pulmões para
o coração.
O transporte nos animais
Coração

Órgão muscular situado na cavidade torácica e que


pode bombear, em situação de repouso, cerca de 5
litros de sangue por minuto.

O tecido muscular que constitui o coração chama-se


miocárdio e é revestido externamente por um tecido
fibroso, o pericárdio, e internamente pelo
endocárdio.

São as contrações do tecido muscular cardíaco que


permitem que o sangue seja bombeado para todas
as partes do corpo.
O transporte nos animais
Coração

O coração é dividido, por um septo longitudinal, em


duas metades : a esquerda e a direita.

Cada uma delas é constituída por duas câmaras: a


aurícula e o ventrículo, estando a primeira localizada
acima da segunda.

A aurícula e o ventrículo de cada lado do coração


comunicam um com o outro por válvulas
auriculoventriculares, mas estão isolados da outra
metade do coração.
O transporte nos animais
Coração
O transporte nos animais
Coração

Entre a aurícula e o ventrículo direitos existe a válvula tricúspide e, entre a


aurícula e o ventrículo esquerdos, existe a válvula bicúspide ou mitral.

Estas válvulas podem abrir-se e fechar-se cerca de 70 vezes por minuto e


permitem que o sangue passe das aurículas para os ventrículos, impedindo o seu
refluxo.
O transporte nos animais
Ciclo cardíaco

Para coordenar a bombagem do coração, existe um sistema de sinais elétricos que


se propaga pelo músculo cardíaco e que pode ser graficamente reproduzido num
eletrocardiograma.

Estas descargas elétricas vão provocar um ciclo de contrações – sístoles -, seguidas


de dilatações – diástoles – das cavidades cardíacas responsáveis pelo
bombardeamento do sangue – ciclo cardíaco.
O transporte nos animais
Ciclo cardíaco

Inicia-se com um período de relaxamento do coração –


diástole geral – em que o sangue entra nas aurículas, sendo
proveniente das veias cavas, na aurícula direita, e das veias
pulmonares, na aurícula esquerda.

Um impulso provoca a sístole auricular provocando a saída do sangue para os


ventrículos. O refluxo sanguíneo é impedido pela presença das válvulas
auriculoventriculares.

Impulsos induzem a contração das paredes dos ventrículos, forçando o sangue a


sair do coração – sístole ventricular -, pela artéria pulmonar, no ventrículo direito,
e pela artéria aorta, no ventrículo esquerdo. Também aqui o refluxo de sangue é
impedido pela presença de válvulas sigmóides ou semilunares aórticas e
pulmonares.
O transporte nos animais
Circulação pulmonar

Circulação sistémica
O transporte nos animais
Pressão e velocidade sanguíneas
O transporte nos animais
Pressão e velocidade sanguíneas
O transporte nos animais
Fluidos circulantes
- sangue
O transporte nos animais
Composição do sangue

O sangue, que num indivíduo adulto perfaz 4 a 6 litros, é composto por uma
fração líquida, o plasma, no qual se encontram em suspensão os glóbulos brancos
ou leucócitos, os glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos, e as plaquetas
sanguíneas.

O plasma humano é constituído por 92% de água, proteínas e outros compostos


orgânicos; aproximadamente 0,9% de sais minerais, hormonas, gases (cerca de 3%
de O2 e 70 a 80% de CO2) e produtos resultantes do metabolismo celular.
O transporte nos animais
Fluidos circulantes
- linfa

Líquido amarelo rico em linfócitos e


anticorpos, resultante de parte do
plasma sanguíneo (não possui
glóbulos vermelhos) em que alguns
constituintes atravessam por difusão
as paredes dos capilares sanguíneos,
enquanto outros o fazem por
diapedese (glóbulos brancos).
O transporte nos animais
Linfa intersticial e linfa circulante

Linfa intersticial – líquido que passa do sangue para os espaços intersticiais


existentes entre as células, estabelecendo uma ponte entre o sangue e o
metabolismo celular.

Linfa circulante – tem origem


na linfa intersticial, drenada
para um conjunto de
capilares que se encontram
estreitamente ligados aos
capilares sanguíneos – os
capilares linfáticos.
O transporte nos animais
Gânglios linfáticos

Os capilares linfáticos vão convergir,


formando vasos linfáticos de
dimensões cada vez maiores, que se
unem em determinados pontos
formando os gânglios linfáticos.
O transporte nos animais
Drenagem para o sistema circulatório sanguíneo

Os vasos linfáticos de maiores


dimensões vão drenar em veias na
região inferior do pescoço permitindo,
assim, um retorno da linfa ao sangue.

A grande veia linfática faz a drenagem


para a veia subclávia direita e o grande
canal torácico faz a drenagem para a
veia subclávia esquerda.
O transporte nos animais
Sistema linfático

Constituído por capilares, vasos e gânglios linfáticos,


assim como algumas formações que se situam em
pontos particularmente importantes do corpo,
desempenhando um papel idêntico ao dos gânglios
linfáticos – amígdalas, baço e placas de Peyer (localizadas
na parede do intestino delgado).

Todos os órgãos linfóides recebem


células a partir de duas outras
estruturas: o timo e a medula óssea.
O transporte nos animais
Função do sistema linfático

Transporte de substâncias até ao sangue, como a água,


algumas proteínas e ácidos gordos provenientes do
intestino delgado e algumas hormonas de elevado peso
molecular;

associação com o sistema imunitário na defesa do


organismo, uma vez que aqui existem linfócitos e
anticorpos;

sistema de drenagem, fluindo através de todos os


órgãos do corpo e levando todas as bactérias ou células
destruídas para o gânglio linfático mais próximo para
serem destruídas. É cemitério para os glóbulos vermelhos.

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