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5.

2 TRANSPORTE NOS ANIMAIS


Distribuição de matéria

― 5.1 Distribuição de matéria nas plantas

― 5.2 Transporte nos animais

Distribuição de matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos animais – estrutura básica e funções
― Todos os seres vivos necessitam de obter do meio substâncias essenciais ao seu metabolismo e de excretar
outras resultantes do mesmo.

― Nos animais os sistemas de transporte são intermediários destas trocas entre as células e o meio, variando de
complexidade e de especialização.

― Nos animais aquáticos mais simples, formados por poucas camadas de células, não existe sistema de transporte,
visto que as células estão em contacto direto com o meio.

― Alguns parasitas, como a ténia ou a lombriga, não possuem sistema de transporte.

Fig. 1 - Exemplos de animais sem sistema de transporte: Esponja, Anémona-do-mar e Planária.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos animais – animais sem sistema de transporte
Ósculo Tentáculo

Boca e ânus
Átrio

Poro Cavidade gastrovascular

Boca e ânus

A - Esponja B – Anémona-do-mar C – Planária


Fig. 1 - Exemplos de animais sem sistema de transporte. Nestes casos, todas as células estão
na proximidade do meio externo ou da cavidade gastrovascular.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos animais – estrutura básica e funções
― Com o aumento das dimensões e da complexidade dos seres vivos
tornou-se necessária a existência de um sistema de transporte.

― Os sistemas de transporte partilham características comuns, quer


na estrutura, quer nas funções:

― Estruturalmente existe sempre:


― Um fluido circulante;
― Um ou mais órgãos propulsores;
― Sistema de vasos ou lacunas onde o fluido circula;
― Sistema de válvulas que garantem a circulação do fluido
num único sentido.
Coração
― Em termos de funções:
― Fornecer nutrientes a todas as células;
― Transportar produtos resultantes do metabolismo celular;
― Permitir a comunicação entre células, através de hormonas; Fig. 2 – Exemplo de animal (cão) com sistema de
― Participar na defesa do organismo. transporte.

Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistema de transporte aberto e sistema de transporte fechado
― Nos animais, os sistemas de transportes não são todos iguais.

― Existem dois tipos de sistemas de transportes nos animais: aberto e fechado.


Sistema aberto Sistema fechado

Extremidade
anterior (boca)

Fig. 3 – Sistema de transporte aberto de um inseto (gafanhoto). Fig. 4 – Sistema de transporte fechado da minhoca.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistema de transporte aberto
― Num sistema de transporte aberto o fluido não circula unicamente em vasos mas flui também para espaços que
rodeiam os órgãos – lacunas.

― O conjunto das lacunas designa-se de hemocélio.

― Neste sistema o fluido circulante designa-se de hemolinfa porque não há distinção entre o sangue e o fluido que
circunda nas células – fluido intersticial.

― Aos insetos, artrópodes e moluscos são exemplos de animais com sistema de transporte aberto.

Um coração tubular dorsal


impulsiona a hemolinfa para
A hemolinfa sai para a região anterior.
lacunas através de
artérias abertas na
extremidade.

A hemolinfa regressa ao
coração através de ostíolos.
Fig. 3 – Sistema de transporte aberto de um inseto (gafanhoto).
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistema de transporte fechado
― Num sistema de transporte fechado o fluido circulante - sangue - nunca abandona os vasos sanguíneos, sendo
distinto do fluido intersticial.

― O sangue é distribuído por todo o corpo através de vasos sanguíneos cada vez mais finos - capilares sanguíneos.

― Nos capilares ocorrem as trocas de substâncias entre o sangue e o fluido intersticial.

― Os sistemas de válvulas obrigam o sangue a circular num só sentido.


Extremidade posterior

O vaso dorsal
impulsiona o sangue
para a extremidade
anterior do animal.
Os corações laterais
bombeiam o sangue
para o vaso ventral

O vaso ventral impulsiona o Extremidade anterior


sangue para a extremidade (boca)
posterior. Fig. 4 – Sistema de transporte fechado da minhoca.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte aberto vs. Sistema de transporte fechado
― Num sistema de transporte aberto o fluxo é mais lento, o que diminui a eficácia da realização das tarefas
desempenhadas pelo sistema de transporte. Há um menor gasto de energia nesta função

― Num sistema de transporte fechado o fluxo é mais rápido e eficiente, logo a distribuição de substâncias e a
recolha de produtos de excreção é mais rápida. Há um maior gasto de energia nesta função.

― O metabolismo e o grau de atividade dos animais é condicionado pelo tipo de sistema de transporte que
possuem.

Fig. 5 – Sistema de transporte aberto. Fig. 6 – Sistema de transporte fechado.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados
― Os vertebrados possuem sistema circulatório fechado, com coração em posição ventral.

― Este sistema designa-se de sistema cardiovascular.

― Independentemente do vertebrado, a circulação do sangue segue sempre o mesmo padrão:

O sangue sai do Através das artérias A aurícula contrai


Ocorrem as trocas As veias conduzem
coração por chega aos tecidos, onde empurrando o
entre o sangue e de novo o sangue ao
contração do estas se ramificam em sangue para o
as células coração (aurícula)
ventrículo capilares ventrículo

― No coração e nas veias existem válvulas que garantem que o sangue se desloca apenas num sentido.

― Existe uma variabilidade de sistemas circulatórios nos vertebrados, que reflete o número de cavidades do
coração e a existência de um ou dois circuitos para o sangue.

Distribuição da matéria
Transporte nos animais Capilares
Sistemas de transporte nos vertebrados branquiais

― Os peixes apresentam o que se designa por circulação


simples.
Ventrículo
― Em cada circuito completo pelo corpo o sangue passa Baixa
apenas uma vez no coração. pressão Aurícula

― O coração dos peixes possui apenas uma aurícula e um


ventrículo e nele circula apenas sangue venoso.

Baixa
pressão
Sangue venoso
Sangue arterial
Sangue pouco oxigenado
ou mistura de sangue Capilares
venoso e arterial sistémicos
Fig. 7 – Sistema de transporte dos peixes.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados A B

― Os restantes vertebrados, anfíbios, répteis, aves Capilares pulmonares Capilares


e mamíferos, possuem circulação dupla. e da pele pulmonares

― Na circulação dupla há dois circuitos:


― Circulação pulmonar: o sangue circula
entre os pulmões e o coração.
― Circulação sistémica: o sangue circula
entre todos os restantes órgãos e o A – Aurícula
coração. V - Ventrículos
A A A A A
― Contudo, existem dois tipos de circulação dupla: V V V
incompleta e completa. Alta Alta
pressão pressão
― Os anfíbios possuem circulação dupla
incompleta, com apenas um ventrículo onde
ocorre mistura parcial do sangue.
Capilares Capilares
― Nos mamíferos e nas aves a circulação é dupla e sistémicos sistémicos
completa. Fig. 8 – Sistemas de transporte dos anfíbios (A) e dos mamíferos (B).
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados - peixes
― O coração dos peixes possui duas cavidades, uma aurícula e um ventrículo, sendo este pouco musculoso
comparado com os de outros vertebrados.

― O sangue venoso chega ao coração e é impulsionado para as brânquias onde é oxigenado, sendo
posteriormente dirigido aos restantes órgãos.

― A pressão sanguínea é baixa, o que favorece as trocas.

― A velocidade de transporte é baixa o que se traduz num transporte pouco eficiente.


Contudo este facto não é muito limitante pois:
— Por viverem na água são menos afetados pela gravidade;
— Não gastam energia para manter a temperatura corporal constante;
— O seu hidrodinamismo reduz o esforço durante a deslocação.

Fig. 9 – Circulação simples num peixe.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados - peixes

Capilares Capilares
branquiais sistémicos

Sangue venoso
Ventrículo Aurícula
Sangue arterial
Sangue pouco oxigenado
ou mistura de sangue
venoso e arterial

Fig. 9 – Circulação simples num peixe.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados - anfíbios
― Nos anfíbios adultos a pele e os pulmões são as superfícies Capilares pulmonares
respiratórias. e da pele

― O sangue venoso percorre essas superfícies e converte-se em


sangue arterial.

― Por serem animais terrestres é necessário que o sangue arterial


circule com mais pressão e velocidade. A – Aurícula
V - Ventrículos
― Os anfíbios possuem circulação dupla. A A
V Alta
― O sangue venoso chega à aurícula direita, enquanto o sangue
arterial chega à aurícula esquerda. pressão
Sangue venoso
Sangue arterial
Sangue pouco oxigenado
ou mistura de sangue Capilares
venoso e arterial sistémicos
Fig. 10 – Circulação dupla e incompleta num anfíbio.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais Sangue venoso
Sistemas de transporte nos vertebrados - anfíbios Sangue arterial
― Ocorre mistura entre o sangue venoso e o sangue arterial, Sangue pouco oxigenado
o que implica uma redução da eficácia deste sistema de ou mistura de sangue
transporte. venoso e arterial

― Ter apenas um ventrículo leva a que a circulação seja


incompleta.

Aurícula
esquerda

Aurícula
direita
Válvulas
Ventrículo

Fig. 11 – Estrutura do coração de um anfíbio.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados – aves e mamíferos
― As aves e os mamíferos apresentam coração
com 4 cavidades – duas aurículas e dois
ventrículos. Artéria aorta
Artéria aorta
― Desta forma a circulação é dupla e completa.

― Não existe mistura entre o sangue arterial e


sangue venoso. Veias pulmonares
Veia cava superior
Aurícula esquerda
Aurícula direita
Válvula mitral ou
Válvula sigmoide ou bucúspide
semilunar (pulmonar)
Válvula sigmoide ou
Válvula tricúspide semilunar (aórtica)

Ventrículo direito Ventrículo esquerdo

Veia cava inferior

Fig. 12 – Estrutura do coração de um mamífero.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte nos vertebrados – aves e mamíferos
― A eficiência do transporte de oxigénio e nutrientes permite a
Cabeça
estes animais realizar várias atividade de elevado consumo
energético, tais como manter a temperatura corporal Pulmão
Pulmão
constante, correr ou voar durante mais tempo e mais direito esquerdo
depressa.

― A pressão sanguínea é elevada, principalmente nas artérias


sistémicas, à saída do coração devido a um elevada espessura
do miocárdio.

― A pressão sanguínea é baixa nos pulmões, permitindo as


trocas gasosas.
Sangue venoso
Sangue arterial
Sangue pouco oxigenado
ou mistura de sangue Capilares
venoso e arterial sistémicos
Fig. 13 – Padrão da circulação dupla e completa de um mamífero.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Sistemas de transporte e modo de vida dos seres vivos
― Independentemente da estrutura e o grau de complexidade do sistema de transporte, este está sempre
adaptado ao meio em que vivem e à energia necessária às suas atividades vitais.

Aves e
Peixes Anfíbios
mamíferos

Circulação Circulação dupla e Circulação dupla e


simples incompleta completa

Vive na água o Apesar de dependentes da Necessitam de muita


que implica água necessitam de mais energia pois vivem em
menores gastos energia pois deslocam-se ambiente terrestre, voam
energéticos. em terra. ou correm e mantêm a
temperatura corporal
constante.

Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Vasos sanguíneos
― Nos sistema circulatórios fechados existe uma rede de vasos que comunicam entre si com diferentes diâmetros e
outras características distintivas. Rede de
capilares
Artéria
― Existem cinco tipos de vasos. Veia
― Artérias;
― Arteríolas; Arteríola Vénula
― Capilares;
― Vénulas;
― Veias.

Capilar

Túnica externa

Sangue vindo Túnica média Sangue de regresso


do coração ao coração
Túnica interna
Fig. 14 – Constituição dos diferentes vasos sanguíneos e relação estrutural e funcional que estabelecem entre si.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Vasos sanguíneos

Artérias Capilares Veias

Vasos que levam o sangue dos Vasos de menor Vasos que trazem o sangue de
ventrículos para todos os calibre e é neles que volta ao coração para as
órgãos do corpo. ocorrem as trocas de aurículas.
substâncias entre o
Ramificam-se em arteríolas. sangue e os tecidos ou As vénulas são vasos de menor
os alvéolos calibre que se reúnem para
Possuem tecido muscular a pulmonares. formar as veias.
envolver as estruturas para
suportar as elevadas pressões São formados por uma Possuem menos tecido muscular
a que o sangue é única camada de que as artérias, pelo que são
impulsionado, daí serem células. mais flácidas. Possuem válvulas
contráteis. que possibilitam o regresso do
sangue ao coração.

Distribuição da matéria
Transporte nos animais Capilares
Arteríolas Vénulas
Vasos sanguíneos
Saída do Artérias Veias Entrada no
― Ao circular o sangue exerce pressão nos vasos coração coração
sanguíneos - pressão sanguínea. Aorta Veias cavas

― Nas artérias a pressão oscila, sendo máxima


em resultado da sístole ventricular e da
resistência oferecida pelas artérias e arteríolas
– pressão sistólica – e passando a mínima
quando ocorre a diástole no coração – pressão
diastólica.

― A pressão sanguínea vai diminuindo desde as


artérias até aos capilares.

― Nas veias a pressão é muito próxima de zero.

Fig. 15 – Variação da pressão e da velocidade de circulação nos


vasos sanguíneos.
Distribuição da matéria
Transporte nos animais ❸ A válvula superior
abre e o sangue segue
Vasos sanguíneos em direção ao coração
― Para permitir o regresso do sangue dos
membros ao coração, os músculos ❶ Os músculos
esqueléticos ao contraírem-se impulsionam o contraem e
apertam a veia
sangue.

― Existem outros mecanismos que auxiliam o


regresso do sangue ao coração:

— Existência de válvulas que impedem o


retrocesso do sangue; ❷ A válvula inferior
fecha e isso impede o
— Diminuição da pressão na caixa torácica retrocesso do sangue
resultante da inspiração, na respiração;

— Diminuição da pressão nas aurículas


durante a diástole.

Fig. 16 – As válvulas existentes nas veias ajudam a impulsionar o


sangue de volta ao coração.

Distribuição da matéria
Transporte nos animais
Fluidos circulantes em mamíferos – sangue e linfa
― O sangue dos vertebrados é constituído por uma solução aquosa, o plasma (55%) e células sanguíneas (45%).

― O plasma tem como função principal o transporte de substâncias de e para a célula.

― O plasma é composto essencialmente por água.


Fluido intersticial Fluido intersticial
― Nele estão dissolvidos várias substâncias como nutrientes, produtos de excreção e dióxido de carbono.
Plasma
― O sangue não contacta diretamente com as células.

― Uma parte da água e dos solutos presentes no plasma atravessa as paredes dos capilares formando o fluido
intersticial ou liquido intersticial.
Plasma

Leucócitos

Eritrócitos

Fig. 16 – Comparação entre a composição do sangue, do plasma e do fluido intersticial.


Distribuição da matéria
Transporte nos animais B
A
Fluidos circulantes em mamíferos – sangue e linfa
― Parte do fluido intersticial não regressa aos
Capilar
capilares sanguíneos. C linfático

― O sistema linfático recolhe o excedente do fluido


intersticial e transporta-o de volta ao sistema
circulatório.
Capilar

― Assim, uma parte do líquido intersticial é drenado Arteríola Vénula


para uma rede de pequenos vasos, os capilares Gânglio
linfáticos, passando o líquido a designar-se linfa. D
linfático

― Estes capilares vão-se unindo até vasos maiores, os


Pressão sanguínea
vasos linfáticos.
Pressão osmótica
― Os vasos linfáticos terminam nas veias subclávias,
do sistema circulatório.
Fig. 17 – A – Sistema linfático e a sua interligação com o sistema circulatório sanguíneo.
B – Rede de capilares sanguíneos e linfáticos num tecido.
― A linfa move-se segundo os mesmos mecanismos C – Pormenor de B.
do sangue nas veias. D – Fatores que condicionam a saída e a entrada de fluido nos capilares. Junto às
arteríolas há saída de fluido, junto às vénulas acontece o contrário.
Distribuição da matéria
6.2 TROCAS GASOSAS
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais
― Os animais apresentam estruturas especializadas nas trocas gasosas – as superfícies respiratórias.

― É através destas superfícies que o oxigénio entra e o dióxido de carbono sai do organismo.

― Todas as superfícies respiratórias possuem as seguintes características em comum:


― Estruturas com espessura reduzida em muitos casos com apenas uma camada de células;
― Sempre húmidas de modo a permitir a difusão de gases; Brânquias
― Grande área de contacto entre o meio interno e o meio externo; Truta
― Muito vascularizadas.
Tegumento
Planária Traqueias
Gafanhoto

Filamento
branquial Vasos
Traqueias sanguíneos
Superfície
corporal
Fig. 5 - Exemplos de diferentes superfícies respiratórias e sistemas respiratórios em animais.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas Brânquias
Truta
Trocas gasosas nos animais
― As trocas podem-se dar por difusão direta
– diretamente entre o meio e as células –
ou por difusão indireta – se as trocas
ocorrem entre o meio externo e o fluido
circulante. Filamento Pulmões
branquial Vasos Porco
― Na difusão indireta a troca de gases
designa-se de hematose. sanguíneos

― Como o oxigénio se dissolve mal na água,


estes animais possuem proteínas
especializadas no transporte do oxigénio. A
hemoglobina é um exemplo de uma dessas
proteínas.
Vasos
sanguíneos
Alvéolos

Fig. 5 - Exemplos de diferentes superfícies respiratórias e sistemas respiratórios em animais.


Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – tegumento
― Os animais aquáticos pequenos, como a hidra ou a planária, trocam gases diretamente com o meio,
atravessando o tegumento. Estes animais realizam difusão direta.

O2
CO2 O2 O2
CO2 CO2

Água

Células
dos tecidos
Planária

Hidra

Fig. 6 - Difusão direta através do tegumento na planária e na hidra.


Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – tegumento
― Os anfíbios e anelídeos realizam as trocas gasosas através do tegumento utilizando o fluido circulante – difusão
indireta.
― Neste caso designa-se por hematose cutânea.
― Estes animais possuem glândulas mucosas que mantem a pele húmida e uma densa redes de vasos sanguíneos
perto da superfície.
CO2 O2
Água

Cutícula
Epiderme

Capilar
Minhoca
Células
dos tecidos


Fig. 7 - Hematose cutânea (difusão indireta) na minhoca e na rã.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – traqueias
Espiráculo
― Os artrópodes terrestres como os insetos, aranhas e
escorpiões possuem uma rede de túbulos – as
traqueias.

― As traqueias ramificam-se no interior do animais em


canais mais estreitos – as traquíolas. CO2
O2
― A entrada dos gases ocorre através de orifícios Minhoca-doméstica
localizados na superfície do corpo – os espiráculos.
Traqueia
― No insetos voadores em que o consumo de oxigénio
é elevado existem sacos aéreos que facilitam a
Traquíola
ventilação.
Músculo
― Apesar de possuírem um sistema circulatório aberto,
os artrópodes apresentam taxas metabólicas
elevadas pois há comunicação direta entre o ar e os
tecidos.
Fig. 8 - Rede de traqueias e sacos aéreos na mosca-doméstica.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – brânquias
― Na água a quantidade de oxigénio dissolvido é
menor do que no ar.

― Em seres aquáticos mais complexos há evaginações – O2


prolongamentos para fora do corpo – onde ocorre CO2
difusão indireta.
O2
― Estas estruturas especializadas nas trocas gasosas CO2
dentro de água denominam-se brânquias e o
processo de troca é a hematose branquial.
Brânquias
― As brânquias externas são estruturas presentes em externas
alguns animais aquáticos.
Axolote

Lesma-do-mar
Fig. 9 - Brânquias externas no axolote e na lesma-do-mar.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – brânquias
― Outros animais tem brânquias internas.

― Estão presentes em crustáceos, moluscos e peixes.

Lagostim
(crustáceo)

Ameijoa
(molusco)

Tubarão
(peixe cartilagíneo) Lula
(molusco)
Fig. 10 - Circuito da água em vários animais com respiração branquial interna.
A circulação da água nas brânquias internas deve-se a contrações de órgãos muito diversificados. O fluxo de água é sempre
unidirecional: o local de entrada não é o mesmo que o de saída.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – brânquias peixes
― As brânquias dos peixes ósseos são formados por
filamentos numerosos – lamelas branquiais –
suportadas por estruturas ósseas chamadas arcos Opérculo
branquiais.
Fenda opercular
― A água entra pela boca e percorre os filamentos
branquiais saindo pela fenda opercular.
Vasos sanguíneos
― A placa óssea que protege as branquias é o opérculo.

Filamentos branquiais

Arco branquial

Fig. 11 - Fluxo da água nas brânquias e constituição das brânquias de um peixe ósseo.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – brânquias peixes
― À medida que o sangue avança capta cada vez mais oxigénio pois encontra sempre água com maior de teor desse
gás.

Fluxo de àgua contracorrente


Saturação de 02 na água (%)

Difusão de 02
para o sangue

Fluxo sanguíneo
Saturação de 02 no sangue (%)

Fig. 12 - Mecanismo de contracorrente.


Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – brânquias peixes Para garantir um
fluxo contínuo de água,
― As brânquias dos peixes são altamente o peixe, com a fenda
vascularizadas e constituem uma grande opercular fechada, abre A contração da cavidade bucal
superfície de contacto. a boca e cria uma força a água para as brânquias e
tensão de sucção. para o exterior, quando abre a
― Para aproveitarem ao máximo o oxigénio fenda opercular.
disponível na água os peixes têm um
sistema simples mas muito eficiente – o
mecanismo contracorrente.
Sangue Sangue
― Neste mecanismo o sangue que irriga a arterial venoso
superfície respiratória circula no sentido
contrário da água.
A água flui entre lamelas

A água atravessa as lamelas


dos filamentos branquiais
em contracorrente com
a circulação do sangue. O sangue flui
Fig. 13 - Mecanismo de contracorrente. nos capilares
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – pulmões
― A colonização do ambiente terrestre por parte dos vertebrados foi possível graças a invaginações que protegeram
as superfícies respiratórias da dessecação e com grande superfície de contacto com o ar – os pulmões.
― Os pulmões são estruturas internas elásticas, de paredes fincas e vascularizadas onde ocorre a hematose pulmonar.
Os pulmões dos anfíbios
Os pulmões das aves são pequenos e pouco
são pequenos e pouco compartimentados.
elásticos, mas muito
eficientes. Nas aves, o
ar percorre os pulmões Rela
Salamandra
num só sentido.

Sacos Os pulmões dos mamíferos têm a maior


aéreos relação superfície/volume de todos os
vertebrados.
Porquinho da índia
Pardal Fig. 14 - Estrutura dos pulmões de diferentes vertebrados terrestres. É evidente a
compartimentação interna e a circulação do ar nas cavidades respiratórias.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas Inspiração
Trocas gasosas nos animais – pulmões
― A ventilação pulmonar é realizada através de
movimentos respiratório
― A inspiração é a entrada de ar nos pulmões,
que resulta da sua expansão, causando uma
pressão negativa no seu interior e força o ar a Os músculos
entrar. intercostais
― A expiração é resultado da diminuição do externos O diafragma
contrai.
volume dos pulmões e consequente aumento contraem.
da pressão e saída do ar. Expiração

Os músculos
intercostais O diafragma
externos relaxa.
Fig. 15 - Ventilação no ser humano. relaxam.

Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – pulmões
― Durante o processo evolutivo, os sistemas
respiratório adquiriram três adaptações:
― Aumento da superfície respiratório, Rela
por compartimentação, ramificação e
pregueamento no interior do pulmão.
Salamandra
― Ventilação mais eficiente, com
participação de um maior número de
músculos e estruturas.
― Circulação sanguínea mais eficaz, por
aumento da vascularização e
aquisição de circulação dupla e
completa.

Sacos
aéreos

Porquinho da índia
Pardal
Fig. 14 - Estrutura dos pulmões de diferentes vertebrados terrestres.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – pulmões
― Nos anfíbios a ventilação pulmonar é feita apenas com recursos à musculatura bucal.

― A ventilação pulmonar é insuficiente e portanto tem de ser auxiliada pela respiração cutânea.

― Para além destes fatores, possuem circulação incompleta, o que os impede de terem taxas metabólicas muito
elevadas.

❷ Com as narinas fechadas e


❶ Com as narinas abertas e ❸ Quando a cavidade bucal ❹ A glote fecha, as narinas
a glote aberta, a cavidade
a cavidade bucal expandida, o expande, o ar sai dos pulmões abrem e, com a contração
bucal contrai e o ar entra e
ar entra para a boca. e volta à cavidade bucal. da cavidade bucal, o ar sai.
enche os pulmões.
Fig. 15 - Fases da ventilação pulmonar nos anfíbios.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – pulmões
― Nas aves os movimentos respiratórios são da responsabilidade de vários músculos, que levam à expansão ou
contração dos sacos aéreos, visto que os pulmões são relativamente rígidos.

― O ar inspirado passa para os sacos aéreos posteriores, depois para os pulmões de onde segue para os sacos
aéreos anteriores antes de sair.

― As estruturas tubulares que se encontram no interior dos pulmões são os parabrônquios.


1.ª inspiração 1.ª inspiração 2.ª inspiração 2.ª inspiração
Sacos aéreos
anteriores

Traqueia
Pulmões
Sacos aéreos
posteriores
❶ O ar inspirado é canalizado ❷ A contração dos sacos ❸ A expansão dos sacos ❹ A contração dos sacos aéreos
para os sacos aéreos posteriores, aéreos posteriores empurra o aéreos anteriores capta o ar anteriores expele o ar para o
por expansão destes. ar para os pulmões. dos pulmões. exterior através da traqueia.
Fig. 16 - Fases da ventilação pulmonar nas aves.
Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – pulmões
Sacos
― No ser humano, tal como em outros mamíferos, a alveolares
ventilação pulmonar envolve um número
alargado de músculos.

― O ar entra pelas vias respiratórias superiores até


atingir os alvéolos.

― Nos alvéolos ocorre a hematose pulmonar. Alvéolos


O2
― O facto de existirem os alvéolos pulmonares com CO2
uma grande superfície de contacto e muito
vascularizados permitiram a colonização com
sucesso de todos os ambientes terrestres devido
a taxas metabólicas muito elevadas. Capilar

Fig. 17 - Estrutura interna dos pulmões.


Distribuição da matéria
Trocas gasosas
Trocas gasosas nos animais – pulmões
― A troca de gases ao nível dos tecidos ou dos alvéolos ocorre sempre por difusão.

Fig. 18 - Transporte de gases no sangue. Os valores indicados referem-se à pressão parcial de cada gás (em mmHg).
Distribuição da matéria

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