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Comunicação, Mídia e

Direitos Humanos
Da disciplina ao controle
Nosso percurso
1- A formação social dos direitos humanos:

- É uma questão de disputa de interesses, de poder.

2- A ideia do que entendemos como “humano”:

- Está sujeito a discussões, muda de uma sociedade para a outra (mesmo


queu possua certas características essenciais)

3- Como o poder interfere nos direitos individuais, coletivos e íntimos?


Post-scrpitum sobre as sociedades de controle
Gilles Deleuze - filósofo

“Post Scriptum sobre a Sociedade de Controle”: Pequeno texto sobre uma


transição no modo como o poder opera sobre os indivíduos.

Socieades disciplinares baseiam-se na punição e na vigilância

Sociedades de controle baseiam-se no registro e na informação


As sociedades disciplinares
Sociedades disciplinares “procedem à organização dos grandes meios de
confinamento. O indivíduo não cessa de passar de um espaço fechado a
outro, cada um com suas leis”

1- Família (ideal de acolhimento)

2- Escola (“Você não está mais na sua família”)

3- Fábrica (“Você não está mais na escola”)

4- Hospital (possui regras próprias de disgnóstico e tratamento)

5- Prisão (ideal de confinamento)


Distribuição dos indivíduos no tempo e no espaço
Projeto ideal dos meios de confinamento, visível especialmente na
fábrica:

Concentrar; distribuir no espaço; ordenar no tempo; compor no


espaço-tempo uma força produtiva cujo efeito deve ser superior à soma das
forças elementares.

[...]

Semelhança entre prisão, escola, fárbica: é necessário disciplinar os


indivíduos
Brevidade do modelo disciplinar
Função das sociedades disciplinares era reorganizar o modelo de poder das
sociedades de soberania que estavam em crise.

Sociedade de soberania: não organizava a produção, apenas a taxava


(impostos); não tentava controlar a vida dos cidadãos, mas sim puni-los com
a morte quando interferissem no jogo do poder.

Depois da segunda guerra mundial: sociedades disciplinares também


passa por uma crise, precisando ser reorganizada.
Crise dos modelos disciplinares
Exemplos: Família e sua crise como instituição. Movimentos
anti-manicomiais, crise do sistema carcerário, crise dos sistemas de saúde.

Constantes reformas: reforma da saúde, da educação, previdência, etc.


servem para “gerir a agonia dos sistemas antigos até a instalação das novas
forças que se anunciam”

“São as sociedades de controle que estão substituindo as sociedades


disciplinares”
Novas liberdades e novas sujeições
“Não se deve perguntar qual é o regime mais duro, ou o mais tolerável, pois é
em cada um deles que se enfrentam as liberações e as sujeições.”

Exemplo: “na crise do hospital como meio de confinamento marca o início


novas liberdades, mas também passa a integrar mecanismos de controle que
rivalizam com os mais duros confinamentos (a automedicação, os remédios
para controlar ansiedade, tristeza, sono, euforia e depressão, etc.)
2. Lógica
Fábrica: tenta levar os corpos
(indivíduos) a um estado de equilíbrio.
Salários iguais, uniformes, coordenação
de funções.

Empresa: lógica da instabilidade. Salários


podem ser modulados por sistemas de
prêmios, desafios, etc.

“Se os jogos de televisão mais idiotas têm


tanto sucesso é porque exprimem
adequadamente a situação de empresa”
Divisão do indivíduo; formação permanente
Fábrica: a massa existe para o bem do patrão, mas também para o do
trabalhador que se organiza em massa.

Empresa: instaura lógicas de competições e instabilidade (“motivação que


contrapõe os indivíduos entre si e atravessa cada um, dividindo-o em si
mesmo”)

“Assim como a empresa substituia fábrica, a formação permanente tende a


substituir a escola. Este é o meio mais garantido de entregar a escola à
empresa”
O (in)divíduo na sociedade disciplinar e na
sociedade de controle
Sociedade disciplinar: opera a partir de duas ferramentas, a assinatura e o
número de matrícula.

Assinatura: identifica o indivíduo / Matrícula: indica sua função e posição na


massa

Sociedade de controle: funciona por meio da cifra. Não interessa quem é ou


qual a posição do indivíduo, e sim o contexto no qual se insere e o seu papel
nesse contexto.
Exemplo: Netflix e o uso de big data
Exemplo: dois tipos de dinheiro
Lastro Fiat money
Exemplo: sociedades e os tipos de máquina que as
definem
Sociedade de soberania: dispositivos mecânicos simples (alavancas,
roldanas, etc)

Sociedade disciplinar: máquinas energéticas (máquina a vapor, trem, etc)

Sociedade de controle: tecnologia digital (big data, “inteligência artificial”,


etc.)

“Não porque as máquinas sejam determinantes, mas porque elas exprimem


as formas sociais capazes de lhes darem nascimento e utilizá-las”
O capitalismo disciplinar e o capitalismo de
controle
Capitalismo a partir do século XIX: Concentração (da dinâmica produtiva),
Produção (bens materiais e de consumo dominam o mercado) e Propriedade
(dos meios de produção)

Capitalismo de controle: Distribuição, Sobre-produção e Gerência

Distribuição - Dissolução da produção / Sobre-produção - produtos “prontos”


para uso / Gerência - o poder é de quem comanda, não de quem possui
Paredes inteligentes
Félix Guattari imaginou uma cidade onde cada um teria um cartão eletrônico
(dividual) que abriria as barreiras;

[...]

… mas o cartão poderia também ser recusado em tal dia, ou entre tal e tal
hora; o que conta não é a barreira, mas o computador que detecta a posição
de cada um, lícita ouilícita, e opera uma modulação universal.
O problema da vigilância
“Vigilância se recoloca como um problema que mobiliza nossa atenção e
reflexão”

Três elementos centrais: observação, conhecimento e intervenção

Observação:

Conhecimento:

Intervenção:
Definições
Vigilância = observação sistemática e focalizada de indivíduos, populações ou
informações relativas a eles, tendo em vista produzir conhecimento e intervir
sobre os mesmos, de modo a conduzir suas condutas.

Vigilância distribuída = As atuais práticas de vigilância contam com uma


imensa e crescente diversidade de tecnologias, discursos, medidas legais e
administrativas, instituições e corporações, enunciados e empreendimentos
científicos, midiáticos, comerciais, políticos etc. Tais elementos não são
apenas diversos, mas também distribuídos.
O Panóptico e a vigilância disciplinar
Jeremy Bentham
Filósofo britânico (1748-1832)

Inventor do modelo panóptico.

Bentham concebeu o panóptico de modo que fosse


igualmente aplicável a prisões, escolas, hospitais,
sanatórios e manicômios.

Encarava-o como “um novo modo de aumentar o


poder da mente sobre outras mentes ”
Vigilância distribuída e o panóptico
Panóptico não podia funcionar sem:

Construções arquitetônicas

“Conhecimento” filosófico, sociológico e político

Práticas hospitalares e psiquiátricas

Estrutura de manutenção e distribuição do conhecimento (escolas,


universidades, etc.)

Vigilância da sociedade disciplinar está em todos esses lugares.


Vigilância distribuída na sociedade de controle
Arquitetura aberta da internet: garante a livre comunicação, mas também
permite que os rastros de nossas ações sejam deixados e seguidos por
corporações, autoridades, etc.

Dinâmica do marketing e do consumo: Os rastros de nosso


comportamento na internet são utilizados para moldar perfis que afetam a
publicidade a qual somos expostos e o modo como consumimos.

Entretenimento: motivam nossos hábitos na rede e servem de plataforma


nos expormos a mais conteúdo publicitário e deixar mais rastros na rede. Ex.:
testes de Facebook e caso Cambridge Analytica.

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