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Patogenia das Infecções Virais e

Resposta Imunológica
Disciplina – Citologia Clínica
Curso: Farmácia
Professor: Daniel Soares do Nascimento
Patogenia das Infecções Virais

Introdução

“A patogenia das infecções virais é


determinada pela combinação entre
os efeitos diretos e indiretos da
replicação viral e as respostas do
hospedeiro à infecção.”
Patogenia das Infecções Virais
Transmissão vertical
Conceitos básicos
Patogenicidade – capacidade de produzir doença

Virulência – Capacidade de produzir estado patológico no


hospedeiro; depende do vírus, inóculo viral, da via de inoculação e
do hospedeiro

Fatores de virulência

a) genes cujos produtos afetam a capacidade replicativa do vírus.

b) produtos gênicos que atuem na disseminação no hospedeiro.

c) produtos virais que afetam a resposta imune.

d) produtos virais tóxicos para a célula e/ou hospedeiro.


Susceptibilidade (condições para ocorrência de
infecção e Doença)

Fatores:
Raça, idade, sexo, condição corporal e
estado fisiológico;

Resistência natural e adquirida


Patogenia das Infecções Virais
Desenvolvimento de uma Virose

Fatores (condições necessárias):

a) penetrar no hospedeiro pela via adequada.

b) realizar replicação primária em tecidos próximos à entrada.

c) escapar dos mecanismos naturais de defesa do organismo.

d) disseminar-se para os tecidos e órgãos-alvo.

e) replicar eficientemente nesses tecidos .

f) produzir ou não injúria tecidual.


Excreção
viral

-Secreções Respiratórias
- Fezes
- Pele Excreção
- Trato Genitourinario viral
- Leite Materno
- Sangue
Patogenia das Infecções Virais
Patogenia das Infecções Virais

Pele
Camada epidérmica queratinizada.

•Vias de entrada:
–Picada de artrópode (vetor): Arbovírus;
–Pequenas lesões: HPV, HSV, HBV;
–Mordida de animal: Rabdovírus;
–Iatrogênica (intervenção humana): HBV, HCV, HIV.
Patogenia das Infecções Virais

Trato respiratório

Mecanismos de proteção:

•muco, movimentos ciliares

Infecções respiratórias
localizadas:
•Rinovírus, Parainfluenza, Influenza,
Coronavírus, RSV, muitos Adenovírus
e alguns enterovírus.

Doenças generalizadas:
•Vírus da caxumba, sarampo,
rubéola, catapora e varíola
Patogenia das Infecções Virais

Trato digestivo
Acidez do estômago
Alcalinidade do intestino
Presença de sais biliares
Enzimas proteolíticas
Camada de muco
Células fagocitárias

Produção de infecção entérica:


•Rotavírus, Calicivírus e alguns
Adenovírus.

Produção de doenças generalizadas:


•Enterovírus.
Mucosa urogenital
Mecanismo de proteção:

•muco cervical, pH ácido, secreção vaginal.

Produção de lesões locais: HPV .

Produção de doenças generalizadas: HIV, HBV, HSV.


Patogenia das Infecções Virais

Conjuntiva (ex: Adenovirus por água de piscina)


–Mecanismo de proteção: lágrima e
piscar dos olhos;

–Conjuntivites: alguns Adenovírus e


Enterovírus.

Outras Vias
-Transplantes: Citomegalovirus, Virus Epstein-Barr;

–Transmissão vertical (in utero): Virus da Rubéola,


Citomegalovirus e HIV.
Patogenia das Infecções Virais

APÓS A PENETRAÇÃO NO ORGANISMO....

Excreção
viral
Patogenia das Infecções Virais

Infecções locais x infecções disseminadas


Infecção
Disseminação local local

Liberação pela superfície do epitélio

Disseminação hematógena: VIREMIA (no sangue ou linfa)

Liberação pela superfície basolateral após penetração=invade tecidos


subjacentes
OU inoculação direta.

Disseminação nervosa

Entrada por replicação em terminações neurais ou via hematógena.


Patogenia das Infecções Virais

DISSEMINAÇÃO HEMATÓGENA
Patogenia das Infecções Virais

DISSEMINAÇÃO NERVOSA
Resumindo...
Patogenia das Infecções Virais

Infecção

Excreção
viral
“A sobrevivência dos vírus como espécie depende
de infecções sucessivas e contínuas de diferentes
indivíduos e/ou de infecções prolongadas no
mesmo indivíduo...

...e depende do balanço entre as estratégias virais


para se perpetuar no organismo e dos mecanismos
de defesa do hospedeiro para erradicar o agente...”
PADRÕES DE INFECÇÃO

INFECÇÃO INFECÇÃO INFECÇÃO


AGUDA CRÔNICA CONGÊNITA

Clinicamente
Aparente Latente
INFECÇÃO NÃO
PRODUTIVA
Sub clínica Persistente

Infecções produtivas
Patogenia das Infecções Virais
INFECÇÃO AGUDA

Anticorpos

Natureza auto-limitante

“Rápida replicação e produção de progênie viral, e rápida


erradicação do agente”
Patogenia das Infecções Virais

INFECÇÃO CRÔNICA
- Persistência do agente no hospedeiro por longos períodos, muitas
vezes pelo resto da vida

- Hospedeiro: Sistema Imune incapaz de erradicar o vírus


Agente: Persistência por estratégias evolutivas

- Os níveis de replicação e excreção viral nas infecções crônicas são


muito mais baixos do que nas infecções agudas (detecção)

Tipos de infecções e Fatores:

Biologia do agente

Dinâmica da replicação viral (ausência ou presença de replicação


ativa) – LATENTE OU PERSISTENTE

Duração
Longos períodos de absoluta ausência de replicação viral intercaladas
com episódios esporádicos de reativação, replicação e excreção viral.
Escape à vigilância imunológica.
Genoma viral em forma de epissomo.
Reativação por estresse ou corticóides endógenos
 Reativação permite a perpetuação
Coexistência do agente com a
resposta imune após a fase aguda
Controle parcial da infecção
Genoma integrado à celula
Retrovírus (HIV)
Acomete todos os indivíduos

- Níveis de replicação baixos


-Em outras, a replicação e excreção viral ocorrem de forma contínua e em
níveis significativos.
Período da Doença: sintomas característicos

Período da Convalescença: recuperação do indivíduo


-Secreções Respiratórias
- Fezes
- Pele Excreção e
- Trato Genitourinario Transmissão
- Leite Materno viral
- Sangue
Interações dos vírus
com as células

Efeito
Citopático

...e
IMUNOPATOLOGIAS!!
INCLUSÕES CELULARES
Acúmulo de Proteínas e
Ácidos Nucleicos Virais

TRANSFORMAÇÃO CELULAR
EFEITO CITOPÁTICO
Formação de Sincícios
Patogenia das Infecções Virais

IMUNOPATOLOGIAS

Lesões que a resposta imunológica pode


produzir no hospedeiro

1. Deposição de imunocomplexos
2. Autoimunidade
3. Imunopatologia Mediada por Linfócitos
T Citotoxicos
4. Imunosupressão
...e depende do balanço entre as estratégias virais
para se perpetuar no organismo e dos
mecanismos de defesa do hospedeiro para
erradicar o agente...”

Resposta Imunológica do Hospedeiro


Resposta Imunológica do Hospedeiro
Resposta imune Inata (natural ou inespecífica)
MEDIADA POR CÉLULAS E MOLÉCULAS

Barreiras prévias: Pele, pêlos, muco, Enzimas, baixo pH, epitélio


ciliado

Características:

atua imediatamente após o contato


com o agente;
não discrimina diferentes
tipos de antígenos;
atua com intensidade relativamente
constante e não possui memória.
Resposta Imunológica do Hospedeiro

Resposta imune Inata (natural ou inespecífica)

Citocinas
Componentes:

 Interferon tipo 1 (IFN-I)


 Sistema complemento
 Células:
- Células dendríticas (DCs)
- Macrófagos
- Células NK (natural killer)
Interferon – moléculas que “interferem”

Interferons são glicoproteinas secretadas por células nucleadas


infectadas

A síntese de interferon é induzida por RNA dupla fita, que é


gerado durante a infecção.

Os interferons ligam em receptores de superfície em outras


células, convertendo-as para um estado antiviral que impede a
replicação de uma grande variedade de RNA e DNA virais

Interferon Interferon
(IFN) ALFA Interferons
(IFN) BETA
são Citocinas
Resposta Imunológica do Hospedeiro

Mecanismo de ação dos Interferons


Sistema Complemento
 Destruição do agente viral
 OPSONIZAÇÃO do vírus para o reconhecimento e englobamento pelas
células fagocíticas

 Indução da resposta inflamatória


C5b associado ao vírus pode iniciar uma
nova sequência de reações que resulta na
participação de outros componentes do
complemento e na formação do complexo
de ataque à membrana (MAC)  MAC cria
poros no envelope lipídico  lise do vírus
ou de células infectadas
CÉLULAS da Imunidade Inata (1ª. linha de defesa)

1) MACRÓFAGOS, MONÓCITOS:
- liberação de citocinas: Interleucinas (IL-1, IL-6 e IL-8); Fator
de Necrose Tumoral (TNF-)
- produção de óxido nítrico (NO) inibe a replicação intracelular
de alguns vírus
- podem apresentar antígenos para Linfócitos T

2) Células Natural Killer (NK):

3) Células Dendríticas (DC):


Células natural killer (NK)
Além disso, produzem citocinas e
possuem receptores para citocinas....

IFN-γ e
TNF-α

(IL-2, IL-12 e TNF-α)


Células dendríticas (DCs)
A interseção......são os Vigilantes!!!!

São células mononucleares que DC

estão nos tecidos periféricos (pele,


Trato respiratorio e digestivo) onde
capturam, fagocitam antigenos e
dirigem-se a órgãos linfoides
secundários onde apresentam para
linfócitos B e T. DCs
Plasmocitóides
DCs Mielóides Se originam dos progenitores
linfóides
Se originam da medula
óssea Abundantes em orgãos linfóides
Presentes em todos os tecidos
exceto cérebro, olhos e
testículos
 Abundantes em Linfonodos,
pele e mucosas (locais
frequentes de penetração)
Células dendríticas (DC):

As Dcs reconhecem
estruturas moleculares
compartilhadas por
diferentes agentes
infecciosos e que são
denominadas de
padrões moleculares
associados a patógenos
(PAMPs)

Reconhecidos por
Receptores de
PAMPs
Resposta Imunológica do Hospedeiro

Resposta imune adquirida

HUMORAL e CELULAR

Estimulação direta ou indireta dos linfócitos T e B

especificidade (cada célula reconhece apenas um determinante


antigênico)

diversidade (capacidade de reconhecer uma grande variedade de


antígenos)

memória imunológica (capacidade de produzir uma resposta


qualitativa e quantitativamente diferente em exposições subseqüentes
a um determinado antígeno)
Resposta imune celular x Resposta imune humoral

Linfócitos T auxiliares CD4+ (T Plasmócitos (linfócitos B)


helper ou Th) e Linfócitos T produtores de anticorpos
citotóxicos CD8+ (Tc)

Reconhecem
antígenos solúveis

Reconhecem Antígenos de origem e


processamento diferentes
Função dos Linfócitos T Auxiliares (Th)

(a) Antígenos, que foram processados após fagocitose, devem ser


apresentados juntamente com moléculas de MHC-II por células
apresentadoras antígenos (APCs);
(b) Linf Th reconhecem antígenos pelos receptores de membrana (TCRs)
juntamente com a molécula acessória CD4. Reconhecimento dos
ANTÍGENOS+MHC-II pelo TCR+CD4 resulta na ativação dos linfócitos T
CD4

Linfócitos Th ativados
produzem citocinas e
assim estimulam
linfócitos B= proliferação
de LB = secreção de
anticorpos e produção de
células de memória
Função dos Linfócitos T Citotóxicos (Tc)
(a)Proteínas virais, geradas durante o ciclo replicativo viral, são
conjugadas com moléculas do MHC-I. Os complexos MHC-I+ Proteinas
virais são transportados até a superfície celular, onde ficam expostos
(b)Linf Tc reconhecem antígenos pelos receptores de membrana (TCRs)
juntamente com a molécula acessória CD8. Reconhecimento dos
peptídeos+MHC-I pelo TCR+CD8 resulta na ativação dos linfócitos T
CD8

Linfócitos Tc ativados
saem dos linfonodos e
circulam pelo organismo
atrás de
PEPTIDEOS+MHC-
I=destruição de células
infectadas de forma mais
especifica
Importância dos linfócitos Tc (TCD8+) na imunidade
antiviral

O processamento e apresentação de proteínas virais aos


linfócitos Tc em fases iniciais da infecção permite ao
hospedeiro identificar e
destruir as células infectadas antes do início da produção da
progênie viral

DEFESA ESPECÍFICA INICIAL: IFN-1


E LINFÓCITOS T CD8+
Função dos Linfócitos B

Diferenciação em
Diferentes Plamocitos e prod.
Receptores Anticorpos
das Células B
2- antigenos soluveis
reconhecidos pelos LB ou DC
(3)
4 e 5- apresentação de
antigenos a Th pelas DC e LB,
secreção de citocinas que
estimulam a proliferação e
diferenciação dos LB

Interação Linf B, Th e cells dendríticas

Proliferação ativada por citocinas do Th

Plasmócitos produtores de
anticorpos e células de
memória!!!
Anticorpos -> Resposta Humoral
Respostas primária e secundária/memória
imunológica

1º. Contato= proliferação e diferenciação de linfócitos= eliminação


de células infectadas e produção de anticorpos

Células de Vida
RESPOSTA PRIMÁRIA
Curta

Células de
Memoria
2º. Contato=RESPOSTA SECUNDÁRIA;
produtoras de
MAIS RÁPIDA E MAIS INTENSA
Anticorpos

FASE EFETORA DA RESPOSTA CELULAR= CURTA;


CITOCINAS E ATIVIDADE CITOLITICA EM EXCESSO=
IMUNOPATOLOGIA
FASE EFETORA DA RESPOSTA HUMORAL= LONGA
Eventos Sequenciais

Resposta Imune Resposta Imune


Inata Adquirida

Não específica Especifica

-Barreiras -Celular (curta) e


Células
Físicas Humoral (longa)
Dendríticas
-Molélulas de -Linfócitos T (Th e
IFN Elo de Ligação Tc) e B
-Sistema - Apresenta -Anticorpos
antigenos e - Memória
Complemento modula a
-Células Natural ativação de Imunológica
Killers LInfocitos
Respiratórios
Replicação no local Entéricos
primário Herpes
Papiloma

contágio aquisição

Disseminação Sistema nervoso


neuronal central
Cérebro
VIREMIA
primária Pele
Replicação no
baço, fígado, Pulmões
medula óssea
Vetor artrópode  Arbovírus Órgãos
HIV VIREMIA Glândulas
HBV secundária
Etc.

Reposta do Interferon Anticorpos


hospedeiro Defesas locais resposta imune
não imunes mediada por células

Período de incubação Sintomas específicos


Período prodrômico
(sintomas inespecíficos)
Mecanismos de evasão da resposta imune
do hospedeiro
a) Restrição de produção das proteínas virais (como no caso
da latência dos herpesvírus);

b) Infecção de locais imunologicamente privilegiados (p. ex.:


infecção das células do SNC e de células do epitélio
seminífero dos testículos );

c) Variação antigênica;

d) Interferência com células e moléculas do sistema


imunológico (adenovírus e poxvírus);

e) Infecção de Células do Sistema Imunológico


INFECÇOES VIRAIS
HERPES VIRUS E PAPILOMA VIRUS HUMANO
Vírus DNA (português brasileiro) ou Vírus ADN (português
europeu) são vírus que tem DNA como material genético. Estes
vírus se replicam usando enzimas DNA polimerase DNA-
dependente.
1 - A transmissão do vírus se faz preferentemente por contato direto pessoa – pessoa,
mesmo que não haja lesão ativa.
2 - A infecção através de objetos pode existir, mas é menos comum.
3 - O tempo que medeia entre o contato e os sintomas iniciais (período de
incubação) é estimado em duas semanas.
4 - Em torno de 90% das pessoas tiveram ou terão contato com o HSV-1 e cerca de
20% com o HSV-2.
Herpes simples, também denominado apenas herpes, é uma
doença viral causada pelo vírus da herpes simples.
A herpes labial afeta a boca ou a face, podendo causar pequenos
grupos de bolhas ou apenas inflamação da garganta
O herpes genital pode apresentar sintomas quase imperceptíveis ou bolhas que se
rompem e provocam pequenas úlceras, que se curam ao fim de duas a quatro
semanas.
As bolhas podem ser precedidas por formigueiro ou dores intensas. O herpes
manifesta-se em ciclos alternados de períodos de doença ativa seguidos de períodos
sem sintomas.
HPV
Vírus com molécula de DNA
 >100 tipos identificados2
circular de duplo filamento.1  ~30–40 anogenitais2,3
 ~15–20 de tipo oncogênico *,2,3,
incluem 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45,
51, 52, 584
– HPV 16 (54%) e HPV 18 (13%)
foram responsáveis pela
maioria dos cânceres
cervicais em todo o mundo.5
 Tipos não-oncogênicos **
incluem: 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54.4
– HPV 6 e 11 são mais
frequentemente associados a
verrugas genitais externas.3

*alto risco; **baixo risco.


1. Howley PM. In: Campos da Virologia. Filadélfia, Pa: Lippincott-Raven; 1996:2045–2076. 2. Schiffman M, Castle PE. Arch Pathol Lab Med. 2003;127:930–934.
3. Wiley DJ, Douglas J, Beutner K, et al. Clin Infect Dis. 2002;35(suppl 2):S210–S224. 4. Muñoz N, Bosch FX, de Sanjosé S, e outros. N Engl J Med. 2003;348:518–527.
5. Clifford GM, Smith JS, Aguado T, Franceschi S. Br J Cancer. 2003:89;101–105.
Organização Geral de um Genoma do
Papilomavírus.*,1
 Genoma  3 regiões:
 Uma região precoce
E6
(E) que codifica as
proteínas oncogênicas
 Uma região tardia que
HPV 16 codifica 2 proteínas do
(7,905 pb***) capsídeo viral L1 e L2
 Uma região regulatória
responsável pela
replicação viral

1. Adaptado de Münger K, Baldwin A, Edwards KM, e outros. J Virol. 2004;78:11451–11460.


Mecanismos da Transmissão e Aquisição do
HPV
 Contato Sexual
 Por intermédio de intercurso sexual
 Genital-genital, manual-genital, oral-genital
 A infecção genital pelo HPV em virgens é rara,
mas pode resultar de contato sexual não
penetrativo
 O uso de preservativo pode reduzir o risco, mas
não é totalmente seguro

 Rotas não-sexuais.
 Mãe para o recém-nascido (transmissão vertical,
rara)
 Objetos (roupas íntimas , luvas cirúrgicas,
fórceps para biópsias, etc.,)
– Hipóteses ainda não devidamente documentadas
Determinantes da Infecção pelo HPV
Sexo feminino Sexo masculino
 Idade precoce da primeira  Idade precoce (faixa de
relação sexual pico:
 Idade precoce (faixa de  25–29 anos de idade)
pico:  Número de parceiras
 20–24 anos de idade) durante vida sexual ativa
 Número de parceiros  Não ser circuncidado
recentes e ao longo da vida
vida
 Comportamento sexual do
parceiro masculino
 Uso de contraceptivo oral
 Parceiro masculino não
circuncidado
Prevenção das Infecções pelo HPV.

 Total abstinência de contato genital é o mais efetivo


método de prevenção.
 Mútua monogamia por toda a vida.
 Preservativos ajudam a reduzir o risco mas não
protegem totalmente.
 O risco de infecção é reduzido entre homens
circuncidados.
HPV e Morbidade
 A infecção pelo HPV é bastante comum e geralmente de
pouca significância clínica (80% a 90% resolução
espontânea no primeiro ano).
 A maioria dos casos de morbidade esta associada à
displasia cervical ou às verrugas genitais.
 Os mecanismos de transformação do HPV foram elucidados
e ficou demonstrado seu desempenho como “vírus
tumoral”, que carrega genes, interfere no controle do ciclo
celular, levando a um crescimento descontrolado de células.
 A manifestação mais grave do vírus é o câncer
cervical

A displasia cervical é causada tanto pelos tipos oncogênicos


como pelos não oncogênicos e as verrugas pelos não
oncogênicos
Incidência Mundial Estimada do HPV -
Doenças e Diagnósticos Relacionados
Câncer cervical : 0.493 milhões em 20021
Lesões pré-cancerosas de alto risco:
10 milhões 2

Lesões cervicais de baixo


risco:30 milhões

Verrugas genitais:
30 milhões 3

Infecção pelo HPV sem


anormalidades
detectáveis:
300 milhões 2

1. Parkin DM, Bray F, Ferlay J, Pisani P. CA Cancer J Clin. 2005;55:74–108. 2. Organização Mundial de Saúde. Genebra, Suíça: Organização Mundialo
de Saúde; 1999:1–22. 3. Organização Mundial de Saúde. Departamento de Informações da OMS. Destaque da OMS. 1990;152:1–6.
HPV e Verrugas Anogenitais.
 Infectividade >75%
 remissão expontânea - até 40%
 Terapias tópicas e cirúrgicas;
tratamento pode ser doloroso e
constrangedor.
 Taxas de recorrência variam
bastante.
 HPV 6 e 11 são responsáveis por
>90% das verrugas anogenitais¹
 Risco estimado de
desenvolvimento de verrugas
genitais ~10%
HPV e Câncer 1

% Associada a Certos
Câncer
Tipos de HPV
Cervico-uterino* ≥95%
Vaginal* 50%
Vulvar* >50%
Peniano 50%
Anal >70%
Orofaríngeo 20%
Não-melanoma da pele/célula escamosa
90%**
cutânea

*Inclui câncer e neoplasia intra-epitelial.


** Pacientes imunocomprometidos.
1. Gonzalez Intxaurraga MA, Stankovic R, Sorli R, Trevisan G. Acta Dermatovenerol. 2002;11:1–8.
Persistência do HPV e Câncer

 Infecção Persistente: Detecção do mesmo tipos de HPV


duas ou mais vezes em um período de alguns meses
até 1 ano
 A persistência de tipos de HPV de alto risco pode ser
crucial para o desenvolvimento do pré-cancer e do
câncer cervical, mas não é necessária para a
progressão.
 Outros fatores associados
 Infecção com tipos múltiplos de HPV
 Imunossupressão

A idade tem sido descrita como um fator para a


persistência e como fator de risco.
História Natural da Infecção pelo HPV de Alto Risco
e sua Potencial Progressão para o Câncer Cervical.
~1 Ano
Infecção
Transitória

Infecção 2–5 4–5 9–15


pelo HPV
Anos Anos Anos

Infecção Displasia Displasia de


de Baixo
Persistente Risco Alto Risco
Até 2
Anos
Câncer
Invasivo

1. Adaptado de Pagliusi SR, Aguado MT. Vaccine. 2004;23:569–578.


Objetivos centrais de um programa
de vacinação contra o HPV
 A administracão da vacina deve reduzir o
risco de:
 De infecção pelo HPV
 Câncer cervicouterino
 Neoplasia intraepitelial cervical
 Neoplasia intraepitelial vulvar e câncer vulvar
 Neoplasia intraepitelial vaginal e câncer vaginal
 Verrugas genitais
Vacina Quadrivalente
Recombinante
6,11,16,18

*Gardasil® Merck Sharp & Domme contra


Tipos oncogênicos de HPV - Importante causa
do Câncer Cervical.

 O HPV é a causa principal do


câncer cervical.

O câncer cervical é o tipo mais frequente de câncer


depois do de mama

O câncer cervical é uma doença tanto de jovens como


de mulheres mais velhas nos países em
desenvolvimento
Etiologia - 70% HPV 16, 18
Mortalidade: 273.505 mortes anualmente.
HPV e Imune - resposta
 A imuno-resposta natural a infecção pelo HPV é
demorada e imprevisível.
 As proteínas do capsídeo são os únicos antígenos
acessíveis para uma resposta neutralizadora clássica
pelos anticorpos para prevenção da infecção
(resposta forte e duradoura)
 A integração do HPV ao DNA da célula hospedeira é
comumente associada aos tipos oncogênicos de alto
risco
 É aceito que a infecção persistente com tipos de HPV
de alto risco é crucial para o desenvolvimento do
câncer cervical
Vacina Quadrivalente e Imune-resposta
 A vacina conferirá respostas imunes mais
potentes do que aquela da exposição:
 Maior quantidade de antígenos
 Títulos de anticorpos mais elevados
 Anticorpos neutralizantes específicos diretamente
relacionados a eficácia
 Talvez, novos estudos estabeleçam proteção
cruzada (16,18 e 31,45)
Vacina Quadrivalente
Definição do grupo de risco
 O Teste do HPV: Inadequado para a Seleção da
População Candidata à Vacinação Contra o HPV:
 O teste do HPV detecta infecções correntes e não as
que desapareceram.1,2
– Uma mulher que se livrou das infecções com os tipos
contemplados pela vacina e pode estar naturalmente imune a estes
tipos, ainda assim, deve ser considerada candidata a tomar a
vacina.
 O teste de rotina do HPV não é específico.1
– Uma mulher infectada com um tipo pode se beneficiar da
proteção da vacina contra os outros tipos.3

Grupo de risco – Adolescentes e


Pré adolescentes
Vacina Quadrivalente
Questões freqüentes

 Número de doses
 Efeitos Adversos
 Mulheres previamente expostas
 Eficácia
 Reações adversas
 Gravidez
Conclusão:
 Comprovou-se em relação a vacina quadrivalente recombinante
6, 11, 16, 18:
 Alta eficácia na prevenção de câncer cervical, vulvar, vaginal
e outras doenças ano-genitais causadas pelos tipos 6, 11, 16
e 18.
 Substancial redução de CIN 2/3 e AIS comparada ao uso de
placebo
 Imunogenicidade comprovada em adolescentes e mulheres
jovens
 Evidência de resposta anaminéstica
 Segurança
 Boa tolerância
 Boa aceitação
 Efeitos colaterais locais e apenas febre como efeito adverso
sistêmico
CRITÉRIOS CITOMORFOLÓGICOS DE
MALIGNIDADE
As células superficiais normais do epitélio cérvico-vaginal são oriundas de células
profundas do mesmo epitélio por divisão celular e progressiva maturação.

Todas as células superficiais, intermediárias e profundas, originadas de um epitélio


hígido, são muito semelhantes entre si.

As variações da afinidade tintorial ,da espessura citoplasmática, da morfologia


citoplasmática são mínimas quando comparas entre elementos da mesma camada.
Assim, também são os núcleos (contorno, forma, tamanho e afinidade tintorial).

Estes achados são compatíveis com normalidade genética, com epitélio normal.
Nos epitélio atípicos isto não se observa.

Existem alterações nucleares e citoplasmáticas tão discrepantes que na simples


observação microscópica qualquer leigo orientado saberá separá-las.
À medida que aumenta o grau de atipia, aumenta o grau de desordem morfológica.

Estas alterações são tão peculiares que tornam possível a classificação citológica das
atipias epiteliais em leves, moderadas e acentuadas. Não foge à regra o diagnóstico de
carcinoma "in situ", invasor, tanto de origem escamosa como glandular.

As alterações são de natureza citoplasmática e nuclear.


CRITÉRIOS CITOPLASMÁTICOS DE
MALIGNIDADE
As células de uma mesma camada apresentam afinidade tintorial e densidade
citoplasmática variáveis.

Células de formato anômalos - células em fibra, em girino, em raquete, etc.

Variam em tamanho e forma

Vacuolizações atípicas

A coilocitose observada na infecção por HPV, indicativa de infecção ativa, apresenta-se como
grandes cavidades que tomam quase que totalmente o citoplasma da célula afetada. O
coilócito verdadeiro tem 3 características: atipia nuclear, extenso halo perinuclear e
espessamento das bordas deste vacúolo.
Papa 10 x - Neoplasia intra-epitelial
cervical grau 2 (Displasia moderada). Da
mesma lâmina da imagem anterior.
Observar a presença de células
paraceratóticas atípicas (1).
Papa 40 x – Paraceratose – Células
fusiformes . Podem ser observadas em
achados colposcópicos de epitélio branco
Papa 40 x – Carcinoma de células
escamosas "in situ". Em (1) células do
"terceiro tipo" e em (2) células atípicas
paraceratóticas (carcinoma "in situ" com
diferenciação superficial).
Papa 10 x – Coilocitos – Células do
porte das intermediárias ou superficiais
exibindo núcleos atípicos, halo
perinuclear extenso com bordas
espessadas (1)
Papa 40 x – Coilocitos – Detalhe da imagem
anterior.
CRITÉRIOS NUCLEARES DE MALIGNIDADE
Cariomegalia (Figura 67) - é o crescimento do núcleo acima do usual. Deve-se a uma maior
quantidade de DNA e pela presença de cromatinas gigantes e anômalas.
Hipercromasia (Figuras 58, 64, 70, e 72) - maior afinidade tintorial do núcleo. Os núcleos se
coram mais intensamente. Deve-se a maior riqueza de DNA.
Cromatina grosseira e irregular (Figuras 72, 74 e 78)- é um dos maiores critérios
citomorfológicos de malignidade. As células normais possuem cromatina finamente distribuída
e uniforme. As células atípicas exibem cromossomas anômalos, grandes e irregulares que se
somam em cromatinas também grandes e irregulares.
Espaços vazios (Figuras 75 e 78- é outro grande critério de malignidade. O arranjo irregular da
cromatina faz com que apareçam cavidades no núcleo.
Membrana nuclear grosseira e irregular - devido a um arranjo também irregular da cromatina,
nas imediações da face interna da carioteca.
Contorno nuclear irregular - determina formatos nucleares bastante diversos.
Presença de nucléolos múltiplos, proeminentes e irregulares (Figuras 60, 61 e 74) - é indicativa
de neoplasia pouco diferenciada ou de adenocarcinoma. É um grande critério de malignidade.
Papa 40 x - Neoplasia intra-epitelial cervical
grau 2 (Displasia moderada) – Células do porte
das parabasais com núcleo aumentado de
tamanho, contorno nuclear irregular e
cromatina mais granulosa que a observadas nas
NIC 1.
Papa 40 x – AGUS favorável a neoplasia (adenocarcinoma "in situ" ou carcinoma de células
escamosas "in situ" indiferenciado) – Células endocervicais com um mínimo ou ausência de
citoplasma, exibindo núcleos hipertrofiados, agrupados e com tendência a formação de "fileira
indiana". A cromatina é levemente irrgular e com pequenos nucléolos.
Papa 40 x - Neoplasia intra-epitelial
cervical grau 1 (Displasia leve) –
Detalhes da imagem anterior.
Papa 40 x – Carcinoma de células escamosas "in situ"
do tipo indiferenciado. Células desprovidas de
citoplasma e em "fila indiana" (3), célula parabasal (1)
com cromatina grosseira e espaços vazios (células do
"terceiro tipo") e um pequeno coilócito (2)
Papa 40 x – Carcinoma de células escamosas
provavelmente micro-invasor – O diagnóstico com certeza
e histopatológico, no entanto células com morfologia de
carcinoma "in situ", porém com nucléolos e presença de
hemácias lisadas sugerem a possibilidade de micro-invasão.
Papa 10 x – Carcinoma de células escamosas invasor pouco diferenciado – Esfregaço com
numerosas células escamosas de pequeno porte apresentando anisocariose, cromatina grosseira,
espaços vazios, pequenos nucléolos e escasso citoplasma
Papa 40 x – Carcinoma de células escamosas provavelmente micro-
invasor – Além de hemácias lisadas a presença de pequenos focos de
necrose (círculo) sugere a possibilidade de micro-invasão.

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