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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA


GERAL: PROMOVER A MELHORIA DOS CUIDADOS DE
ENFERMAGEM
PROJETO DE ESTÁGIO E RELATÓRIO FINAL

Autor:

Sandra Oliveira

Vila Real, 2019


UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO/
UNIVERSIDADE DO MINHO

Universidade do Minho
Escola Superior de Enfermagem

Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica


2º Ano - 1º Semestre

PROJETO DE ESTÁGIO E RELATÓRIO FINAL

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA GERAL:


Promover a melhoria dos cuidados de enfermagem

Orientadores: Autor:

Professora Doutora Maria João Monteiro Sandra Oliveira

Professora Doutora Maria Zita Castelo Branco

Vila Real, 2019


RESUMO

A ventilação não invasiva (VNI) assume cada vez maior importância na prática clinica, como
sendo uma opção terapêutica segura e eficiente, sem necessidade de recorrer a métodos
invasivos da via aérea. O enfermeiro, como elemento crucial da equipa multidisciplinar na
monitorização do doente hospitalizado submetido a VNI, é-lhe exigido uma prática
profissional de excelência, baseada na evidência. (Ferreira et al., 2009 como citado em
Soares, 2014).

Delineei como objetivo geral deste estudo «contribuir para a uniformização e consequente
melhoria dos cuidados de enfermagem prestados ao doente submetido a VNI no serviço de
urgência (SU) geral de um Centro Hospitalar no norte de Portugal»

Será feita uma abordagem de natureza quantitativa e qualitativa, utilizando na fase de


intervenção o método de investigação-ação.

Utilizando como amostra, enfermeiros desse Centro Hospitalar, preconiza-se apurar a opinião
e formação acerca da temática em estudo através de um questionário e, posteriormente,
elaborar um protocolo de cuidados de enfermagem ao doente sob VNI, um manual e um
fluxograma acerca da mesma.

Espero uniformizar os cuidados prestados, de modo a obter melhoria dos mesmos, aumentar a
sua qualidade e ainda, sensibilizar a equipe de enfermagem a desenvolverem e aprofundarem
conhecimentos no âmbito da VNI.

Palavras chave: Ventilação não invasiva, cuidados de enfermagem, doenças respiratórias

ii
ABSTRACT

The non invasive ventilation assumes increasing importance in clinical practice, as a safe and
efficient therapeutic option, without the need to resort to invasive methods of the airway. The
nurse, as a crucial element of the multidisciplinary team in the monitoring of hospitalized
patients undergoing non invasive ventilation, professional practice of excellence, based on
evidence (Ferreira, Nogueira, Conde, & Taveira, 2009 como citado em Soares, 2014).

I outlined as a general objective of this study «to contribute to the standardization and
consequent improvement of nursing care provided to patients undergoing noninvasive
ventilation in the general emergency service of a Hospital Center in the north of Portugal».

An approach of quantitative and qualitative nature will be made, using in the intervention
phase the research-action method.

Using as sample, nurses of the SU of these Hopital center, it is recommended to ascertain the
opinion and training about the subject under study through a questionnaire, after elaborate a
protocol of nursing care to the patient under NIV, a manual and a flowchart about the same

I hope to standardize the care provided, so as to improve them, to increase its quality and also
to make the nursing team more aware of the need to develop and deepen knowledge within
the scope of non-invasive ventilation.

Keywords: non invasive ventilation, nursing care, respiratory diseases

iii
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….. 1

2. COMPETÊNCIAS A DESENVOLVER……………………………………………………. 2

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA…………………………………………………………..4
3.1. O Serviço de Urgência Geral………………………………………………………. 4
3.2. Ventilação não Invasiva……………………………………………………………. .5

4. ESTUDO EMPÍRICO…………………………………………………………………… 7
4.1. Tipo de estudo…………………………………………………………………….... 7
4.2. População e amostra……………………………………………………………....... 8
4.3. Questões de investigação………………………………………………………….. 9
4.4. Definição de objetivos……………………………………………………………… 9
4.5. Instrumento de recolha de dados…………………………………………………. 10
4.6. Procedimento de recolha de dados e considerações éticas…………………........... 11
4.7. Previsão do tratamento e análise de dados …………............................................... 11
4.8. Plano de intervenção…………………………………….......................................... 12
4.9. Cronograma………………………………………………………………………… 12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………….. 13

ANEXO 1- Consentimento Informado

APÊNDICE 1- Questionário

APÊNDICE 2- Pedido de autorização ao Conselho de Administração/Comissão de Ética

iv
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ARS- Administração Regional de Saúde

DGS- Direção Geral de Saúde

DPOC- Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

EAP- Edema agudo do pulmão

ICCMU- Intensive Care Coordination & Monitoring Unit

ICN- International Council of Nurses

MEPSC- Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica

OE- Ordem dos Enfermeiros

ONDR- Observatório Nacional das Doenças Respiratórias

p.- página

SNS- Sistema Nacional de Saúde

SPSS- Statistical Package for the Social Sciences

SU- Serviço de urgência

VNI- Ventilação não invasiva

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.- Cronograma de atividades 2019/2020………………………………………….13

vi
1. INTRODUÇÃO

No âmbito do Mestrado de Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica, 2º ano, 1º semestre, ano


letivo 2019/2020, na unidade curricular de Estágio e Relatório, foi sugerida a elaboração de um
projeto de estágio e relatório final.

Este relatório inclui -se no plano de estudos como elemento de avaliação e irá ilustrar, de forma
reflexiva, o percurso realizado durante o estágio, tendo a sua elaboração e discussão publica, como
finalidade conduzir ao desenvolvimento de competências especializadas e obtenção do grau de
Mestre em Enfermagem da Pessoa em Situação critica.

Para superar este objetivo curricular optei pela realização de um projeto dirigido para os cuidados de
enfermagem ao doente submetido a ventilação não invasiva (VNI) no SU geral de um Centro
Hospitalar do norte de Portugal.

A escolha do tema supracitado prende-se essencialmente com a minha experiência como enfermeira
nesse serviço, tendo em conta o número elevado de doentes com patologia respiratória (mais
comumente doença obstrutiva crónica agudizada (DPOC) ) em situação critica com necessidade de
VNI e a reestruturação da equipe de enfermagem nos últimos três anos, devido à admissão de vários
elementos novos, provenientes de serviços muitos distintos, a maioria deles, com poucos anos de
experiência profissional. Foi também uma necessidade formativa apontada pelo enfermeiro chefe do
SU.

Além disso, a VNI assume cada vez maior importância na prática clinica, como sendo uma opção
terapêutica segura e eficiente, sem necessidade de recorrer a métodos invasivos da via aérea. O
enfermeiro, como elemento crucial da equipa multidisciplinar na monitorização do doente
hospitalizado submetido a VNI, é-lhe exigida uma prática profissional de excelência, baseada na
evidência. (Ferreira, Nogueira, Conde, & Taveira, 2009 como citado em Soares, 2014).

As doenças respiratórias têm um grande impacto na saúde, sociedade e na economia mundial, quer
pela taxa de mortalidade ou morbilidade associada sendo, desde 2015, a terceira causa de morte mais
frequente nos homens, com uma alta prevalência de internamentos hospitalares (ONDR, 2018). Os
custos destes são muito relevantes, tendo atingido 213 milhões de euros em 2013, com um custo
médio por internamento de 1 892 euros, com um aumento de 26,8% casos de 2007 a 2016 (ONDR,
2018).

A utilização de VNI diminui os custos associados ao internamento e a taxa de mortalidade, além de


que melhora significativamente a qualidade de vida dos doentes (Marques, Oliveira, Pereira, Realista,
& Sequeira, 2016 como citado em Camilo, 2018). Porém, há ainda um longo caminho a percorrer
para que o sucesso da mesma seja alcançado na totalidade (Frederiksen, Grofte, Lomborg, &
Sorensen, 2013 como citado em Camilo, 2018).
1
A VNI deve ser efetuada em episódios agudos de DPOC. Estes, estão associados ao agravamento da
doença, ao declínio acelerado da função respiratória e ao aumento da mortalidade. O controlo e
tratamento desta afeção permitem, não só a melhoria da qualidade de vida dos doentes e famílias,
como a maior racionalização dos elevados custos envolvidos (DGS, 2013 norma).

Para 2020, as metas da DGS, constantes no Programa Nacional para as Doenças Respiratórias de
2017, são duplicar a percentagem de diagnósticos de DPOC nos cuidados de saúde primários
relativamente a 2014, reduzir em 10% os internamentos por DPOC relativamente a 2014, melhorar a
prestação de cuidados e promover as boas práticas na área das doenças respiratórias.

Neste enquadramento estabeleci como objetivo geral do estudo contribuir para a uniformização e
consequente melhoria dos cuidados de enfermagem prestados ao doente submetido a VNI no SU de
um Centro Hospitalar do norte de Portugal.

No que concerne à redação, este projeto encontra-se estruturado em três partes principais,
nomeadamente competências do enfermeiro especialista em enfermagem da pessoa em situação
critica a desenvolver durante o estágio, uma fundamentação teórica para contextualizar a investigação
e o estudo empírico, onde se faz uma descrição metodológica do trabalho a realizar.

2. COMPETÊNCIAS A DESENVOLVER

Segundo a Ordem dos Enfermeiros (Diário da República, 2.ª série — N.º 26 — 6 de fevereiro de
2019, p.4744), « enfermeiro especialista é aquele a quem se reconhece competência científica, técnica
e humana para prestar cuidados de enfermagem especializados nas áreas de especialidade em
enfermagem». Está regulamentado que a agregação destas competências especializadas dos
enfermeiros decorre do aprofundamento dos domínios de competências do enfermeiro de cuidados
gerais e concretiza-se em competências comuns e especificas (Diário da República, 2.ª série — N.º
35 — 18 de fevereiro de 2011).

2.1. Competências Comuns do Enfermeiro Especialista

As competências comuns são partilhadas por todos os enfermeiros especialistas, independentemente


da sua área de especialidade (Diário da República, 2.ª série — N.º 26 — 6 de fevereiro de 2019).

Estas dividem-se em quatro domínios principais nomeadamente, responsabilidade ética, profissional e


legal, melhoria continua da qualidade, desenvolvimento das aprendizagens profissionais e gestão dos
cuidados.

De forma sucinta, durante o estágio tentarei atingir estes domínios através da confidencialidade em
todas as fases deste projeto, do pedido de consentimento informado a todos os intervenientes, adoção
2
de uma conduta responsável e ética, utilizar da melhor forma os recursos existentes, atualização das
práticas baseadas em evidência para a melhoria continua, avaliar o impacto do meu trabalho, tentar
minimizar o erro, proporcionando um ambiente seguro, elaborar uma norma de procedimentos para
os cuidados de enfermagem ao doente sob VNI, reconhecer a importância da formação continua para
aquisição de novos conhecimentos, desenvolver o autoconhecimento e assertividade, diagnosticar
necessidades formativas, colaborar nas decisões da equipa de saúde, supervisionar as tarefas
delegadas, garantindo a segurança e a qualidade, otimizar o trabalho da equipa adequando os recursos
às necessidades de cuidados e fomentar um ambiente positivo e favorável à prática.

2.2. Competências Especificas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica


na Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica

Pessoa em situação critica é toda aquela que vê a sua vida ameaçada por falência ou eminência de
falência de uma ou mais funções vitais e cuja sobrevivência está dependente de meios avançados de
vigilância, monitorização e terapêutica (Diário da República, 2.ª série — N.º 135 — 16 de julho de
2018).

Competências específicas são aquelas que decorrem das respostas humanas aos processos de vida e
aos problemas de saúde e do campo de intervenção definido para cada área de especialidade e
desenvolvem-se através da prestação de cuidados especializados com elevado grau de adequação às
necessidades das pessoas (Diário da República, 2.ª série — N.º 26 — 6 de fevereiro de 2019).

De seguida, são apresentadas as supracitadas conforme regulamentado pela OE em 2018 e descritas


as atividades que se pretendo realizar para as atingir.

2.2.1. Cuida da pessoa, família/cuidador a vivenciar processos complexos de doença crítica e/ou
falência orgânica

Durante o estágio, pretendo prestar cuidados ao doente em situação emergente, identificando


antecipadamente focos de instabilidade e risco de falência orgânica, garantir a administração de
protocolos terapêuticos complexos, fazer a gestão diferenciada da dor e do bem -estar do doente em
situação crítica, gerir a comunicação interpessoal e o estabelecimento da relação terapêutica com o
doente, família/cuidador e assisti-los nas perturbações emocionais decorrentes da situação crítica de
saúde/doença e/ou falência orgânica.

3
2.2.2. Dinamiza a resposta em situações de emergência, exceção e catástrofe, da conceção à ação

Para adquirir esta competência, irei gerir cuidados e cuidar do doente em situações de emergência,
exceção e catástrofe, conceber, se necessário, os planos de emergência e catástrofe, planear respostas
à situação de catástrofe e assegurar a eficiência dos cuidados de enfermagem na preservação de
vestígios que indiciem a prática de crime.

2.2.3. Maximiza a prevenção, intervenção e controlo da infeção e de resistência a antimicrobianos


perante a pessoa em situação crítica e/ou falência orgânica, face à complexidade da situação e à
necessidade de respostas em tempo útil e adequadas

Ao longo do estágio, procurarei conceber um plano de prevenção e controlo da infeção no contexto


de cuidados ao doente em situação crítica e/ou falência orgânica e liderar o desenvolvimento de
procedimentos de controlo de infeção, de acordo com as normas de prevenção instituídas,
nomeadamente das infeções associadas à prestação de cuidados.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Propõe-se uma breve explicação dos conceitos em estudo e das suas relações mútuas, de modo a ligar
o tema da investigação ao estado atual dos conhecimentos (Fortin, 2009).

3.1. O Serviço de Urgência

Este centro hospitalar está integrado na Administração Regional de Saúde (ARS) norte. A sua área de
influência direta abrange cerca de 300.000 habitantes, estendendo-se ainda para algumas valências, a
um total de cerca de meio milhão de habitantes.

O SU geral é polivalente, dá resposta a todos estes habitantes, na sua maioria provindos de meio rural
e com uma população muito envelhecida.

Possui uma equipa multidisciplinar fixa de 63 enfermeiros e 34 assistentes operacionais e médicos de


medicina geral, cirurgia geral, ortopedia, pneumologia e neurologia, que trabalham em regime de
rotatividade. Tem ainda apoio, quando solicitado, de cardiologia, psiquiatria, gastroenterologia,
otorrinolaringologia e oftalmologia.

Além de uma sala de observações onde estão internados os doentes mais instáveis e que requerem
monitorização e vigilância contínuas, possui também uma sala de emergência com capacidade para 4
doentes, com um enfermeiro e médico intensivista permanentes, onde diariamente entram doentes
críticos, quer provenientes do exterior quer doentes internados que agudizam.

4
A filosofia preconizada pelos responsáveis desta unidade e seus colaboradores centra-se numa gestão
harmoniosa de relação interpessoal aberta ao diálogo e à participação de todos os seus elementos,
perspetivando a satisfação de todos os intervenientes, de modo a promover a qualidade dos cuidados
prestados (Manual da qualidade do Centro Hospitalar, 2018).

A escolha deste contexto prendeu-se com o fato de ser um serviço onde são atendidos,
predominantemente, doentes em situação critica e por ser neste que exerço atividade como
enfermeira, proporcionando-me maior conhecimento acerca da realidade do mesmo e facilidade
acrescida na obtenção de dados.

3.2. Ventilação não invasiva

As doenças do sistema respiratório são uma das principais causas de morte na União Europeia,
incluindo Portugal, onde continuam a ser a terceira causa de morte (Observatório Nacional das
Doenças Respiratórias- ONDR, 2017).

Os registos de utentes nos Sistema Nacional de Saúde (SNS) com patologias respiratórias, estão ainda
muito aquém do que são as previsões baseadas nas prevalências estimadas. Se se considerar, por
exemplo, a DPOC, o registo de utentes passou de 54 660 em 2011 para 136 958 em 2017 (ONDR,
2018).

Estima-se que em 2020 as doenças do aparelho respiratório sejam responsáveis por cerca de 12
milhões de mortes no mundo. Em Portugal, têm uma elevada prevalência, sendo responsáveis por
cerca de 19% dos óbitos e a principal causa de internamento hospitalar. Na região norte, o número de
internamentos por patologias respiratórias aumentou de 30 268 em 2007 para 36 184 em 2016
(ONDR, 2018).

Além de patologias respiratórias, também as cardiovasculares, neuromusculares, esqueléticas e do


sistema nervoso central, quer em fase aguda ou crónica, podem levar à hipoventilação e consequente
insuficiência respiratória, com necessidade de instituir VNI (Morais, 2016).

A insuficiência respiratória assenta numa deficiente captação de oxigénio para os tecidos e


eliminação de dióxido de carbono dos mesmos, com tradução em níveis anormais de pressões parciais
dos gases no sangue arterial (Roque et al, 2014 como cit. Morais, 2016).

A VNI consiste no fornecimento de assistência ventilatória sem uma entubação endotraqueal


invasiva, utilizando em contrapartida uma máscara como interface, embora seja possível utilizar
outras interfaces. É uma forma de ventilação que aplica uma pressão durante a fase inspiratória maior
do que durante a fase expiratória, providenciando um suporte ventilatório completo, de forma a
equilibrar as pressões parciais dos gases no sangue arterial (Barradas, 2016).

5
Segundo Espirito Santo (2014), pode ser definida como sendo uma técnica através da qual se realiza
de forma artificial o movimento gasoso desde as vias aéreas superiores até às inferiores,
acompanhada por uma expiração passiva, de modo a reproduzir o fisiológico.

Esta terapêutica pode ser usada de forma contínua ou intermitente, em duas modalidades
ventilatórias, nomeadamente, a pressão positiva contínua na via aérea, mantendo uma pressão
positiva no final da expiração, e a ventilação com pressão de suporte tanto expiratório como
inspiratório (Espirito Santo, 2104).

Atualmente, a comunidade científica define cinco situações em que está indicada com nível 1 de
evidência segundo a classificação de Oxford para a medicina baseada na evidência: exacerbação da
DPOC, edema agudo do pulmão (EAP), pneumonia, desmame da ventilação mecânica invasiva e
prevenção da insuficiência respiratória pós extubação (Barradas, 2016).

Os objetivos da VNI são, diminuir o trabalho respiratório, o repouso dos músculos respiratórios e a
melhoria das trocas gasosas por recrutamento de alvéolos (Tomás, 2017). Segundo Roque et al (2014)
como citado Morais, (2016), tem ainda como benefícios a melhoria da ventilação alveolar com
recrutamento de unidades alveolares, alívio da dispneia e diminuição da frequência respiratória,
diminuição da hipertensão pulmonar, do débito cardíaco e do consumo de oxigénio pelo miocárdio e
otimização da relação ventilação/perfusão.

Além destes benefícios, esta ventiloterapia evita ainda a entubação orotraqueal, com consequente
diminuição dos riscos associados (lesão traqueal e infeções associadas aos cuidados de saúde, por
exemplo), não necessita de sedação, permitindo assim ao doente falar, manter tosse eficaz e
alimentação oral e é relativamente fácil de instituir, além de reduzir o tempo de internamento
hospitalar e consequente diminuição dos custos e mortalidade (Intensive Care Society, 2016).

Estão descritas também algumas desvantagens/efeitos secundários, embora geralmente pouco


importantes e raramente obrigando à interrupção da técnica, tais como, congestão nasal, conjuntivite,
secura das mucosas, eritema/úlcera de pressão no nariz, distensão gástrica, fugas de ar pela máscara e
pneumonia de aspiração (Intensive Care Society, 2016).

Contudo, existem situações em que a VNI não está indicada, como nos casos em que o doente possua
traumatismos da face, secreções brônquicas excessivas, agitação ou alteração do estado mental, risco
de aspiração de vómito, hipoxia severa e falta de colaboração, especialmente quando apresenta
movimento respiratório dessincronizado com o do ventilador, dificultando a ventilação, o que leva
frequentemente à necessidade de sedação e instituição de ventilação mecânica invasiva (Espirito
Santo, 2014).

Esta terapêutica deve ser aplicada em unidades de cuidados intensivos ou então em enfermarias com
vigilância adequada e possibilidade de transferência rápida. No entanto, mais importante que o local

6
onde se realiza a VNI, é a experiência e disponibilidade dos profissionais que a aplicam. Por isso,
quando iniciada no SU, deve haver pessoal treinado com a técnica e o doente devidamente
monitorizado e vigiado ( Ferreira, 2009).

Os cuidados de enfermagem são cada vez mais um fator determinante para a sobrevivência dos
doentes e para os aspetos relacionados com a manutenção, a reabilitação e a preservação da saúde
(Doenges & Moorhouse, 2010 como citado Espirito Santo, 2014), o que envolve habilidade técnica,
conhecimento formal e processo de pensamento desde a observação ao diagnóstico (Carpenito-
Moyet, 2012 como citado Espirito Santo, 2014).

A Ordem dos Enfermeiros (OE) também ressalva a importância dos cuidados na excelência da
profissão de enfermagem, redigindo, em 2011, um manual de padrões de qualidade dos cuidados de
enfermagem, que engloba seis enunciados a considerar, nomeadamente, a satisfação dos doentes, a
promoção da saúde, a prevenção de complicações, bem estar e autocuidado dos doentes, readaptação
funcional e organização dos serviços de enfermagem (OE,2011).

Posto isto, é fácil entender que o enfermeiro desempenha um papel essencial na promoção da
adaptação do doente ao interface e ventilador, na deteção precoce de complicações, na resolução de
problemas e na redução do tempo de VNI, promovendo o desmame logo que possível (Leite, 2018).
A mesma autora, refere ainda a importância do papel do enfermeiro na diminuição do medo e
ansiedade do doente e na mobilização e eliminação de secreções quando necessário.

O doente submetido a VNI exige portanto, grande disponibilidade e dedicação do profissional,


obrigando a monitorização rigorosa e reavaliações frequentes, principalmente na fase inicial (Leite,
2018). Advoga-se por isso, que seja instituída por profissionais treinados e conhecedores da técnica
(Grilo & Alminhas, 2017 e Intensive Care Society, 2016), incluindo seus efeitos fisiológicos e
possíveis complicações (Morais, 2016).

A Intensive Care Coordination & Monitoring Unit (ICCMU, 2014) afirma a importância da
monitorização do doente submetido a VNI, quer dos sinais vitais, como do estado de consciência.
Refere ainda a importância do enfermeiro na prevenção da úlcera de pressão no nariz, de manter o
doente confortável e sem dor, com posicionamento correto para uma boa expansão torácica e para
evitar a obstrução da via aérea, higiene e hidratação oral, bem como cuidados oftálmicos a cada duas
horas, vigiar adaptação do doente ao ventilador, observando a expansão torácica e o uso de músculos
acessórios, providenciar alimentação oral se tolerar, monitorizar e vigiar as eliminações e, nunca
esquecendo as medidas de prevenção de infeção.

Segundo estudo realizado por Barradas (2016), a avaliação sistemática dos sinais vitais durante a VNI
são fundamentais para prever o sucesso ou falha da mesma e, esta falha pode levar a ventilação
mecânica invasiva tardia, com consequente aumento da morbilidade e mortalidade (ICCMU, 2014).

7
Decorrente desta contextualização, são fundamentais os registos de enfermagem, de modo a garantir a
continuidade e melhoria dos cuidados prestados, devendo eles representar de forma fiel a prática
(Morais, 2016). A inadequada documentação nos processos clínicos de dados relativos à VNI como,
por exemplo, o registo da hora exata de início, parâmetros ventilatórios usados, padrão de resposta do
doente, evolução dos parâmetros vitais e a não reavaliação gasimétrica 1 hora após o início impede a
correta continuidade de cuidados (Barradas, 2016).

Neste âmbito, o estudo de Grilo & Alminhas (2017) constata que os enfermeiros demonstram falta de
conhecimento baseado na evidência científica na sua prática, pelo que se torna essencial promover a
qualidade dos cuidados. Também José Alves, Presidente do ONDR e da Fundação Portuguesa do
Pulmão, refere que há muito a melhorar nesta área a nível de todos os profissionais de saúde (2017).

4. ESTUDO EMPÍRICO

A fundamentação teórica apresentada no capítulo anterior permitiu-me adquirir conhecimentos que


serviram de suporte para o desenvolvimento empírico do presente estudo, surgindo agora o momento
de apresentar os processos metodológicos do mesmo, de forma a dar-lhe o seguimento prático.

O objetivo é descrever em detalhe como se irá realizar o estudo, de tal forma que qualquer pessoa o
consiga replicar com base na informação descrita (Ribeiro, 2010).

Centrando-se na resolução de problemas, permite adquirir capacidades e competências de


características pessoais pela elaboração e concretização de projetos numa situação real, constituindo-
se, portanto, como uma ponte entre a teoria e a prática (Ruivo et al, 2010).

4.1. Tipo de estudo

Frequentemente os métodos de investigação quantitativa e qualitativa são complementares porque o


tipo de conhecimento que permitem adquirir se completam (Fortin, 2009).

Assim, tendo em conta o desenho da investigação, será utilizada, numa primeira fase uma abordagem
quantitativa do tipo descritivo transversal para a recolha e tratamento de dados pois, esta abordagem
fornece-nos informação objetiva e mensurável acerca da população em estudo, sendo os dados
colhidos num único momento (Ribeiro, 2010).

Para o plano de intervenção será utilizada uma abordagem de natureza qualitativa, uma vez que, o
conhecimento produzido tem sentido e interesse para um contexto particular e tem em conta a
experiência dos participantes (Fortin, 2009), designada investigação-ação participativa.

Este tipo de abordagem é definida como toda a tentativa continuada, sistemática e empiricamente
fundamentada de aprimorar a prática, traduzindo-se num ciclo entre agir no campo da prática e
8
investigar a respeito dela: planeia-se, implementa- se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a
melhoria da sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da
própria investigação (Tripp, 2005).

Sendo participativa, significa que os participantes estão envolvidos na investigação e que este é o
principio que define todo o processo de pesquisa (Brito, 2018); assim, constitui-se como uma co-
criação de conhecimento num processo que, além de prático, é também capacitador e colaborativo
(Onwuegbuzie et al, 2009 cit.Brito, 2018). Permite assim o incentivo da aprendizagem social e
individual, através das múltiplas perspetivas melhora a compreensão dos problemas e identifica
soluções e reduz o conflito por ser mais fácil aceitar algo no qual se foi participante ativo (Blackstock
et al, cit. Brito, 2018), uma vez que, o objetivo explicito desta abordagem é criar uma mudança
positiva no contexto dos participantes (Brito, 2018).

4.2. População e amostra

Para o desenvolvimento do meu plano de intervenção e, tendo em conta que população se define
“…como o conjunto de elementos (indivíduos, espécie, processo) que têm características em comum”
(Fortin, Côté, & Filion, 2009, p.311) e, cujos elementos são escolhidos através de critérios de
inclusão (Fortin et al. 2009), a população inclui os enfermeiros da prestação direta de cuidados no
SU geral do Centro Hospitalar em estudo ( critério de inclusão), sendo esta, portanto, constituída por
63 enfermeiros.

A amostra é parte da população; são os elementos da população que restam após aplicar critérios de
exclusão. Este processo designa-se amostragem e permite escolher uma porção da população de modo
a representar uma população inteira, isto é, possibilita estimar as características da mesma com base
na informação obtida através de uma amostra (Fortin et al., 2009). Habitualmente, proporciona a
redução de custos, redução da necessidade de mão de obra, recolha mais rápida de informação e
obtenção de dados mais compreensivos (Smith, 1975 como citado em Ribeiro, 2010).

Assim, serão excluídos da população os enfermeiros que exerçam atividade no SU há menos de 1


ano, os enfermeiros que não derem consentimento para participar no estudo e os que estejam ausentes
no período de recolha de dados.

Esta amostra será obtida através de uma amostragem não probabilística por conveniência. Nesta, a
probabilidade relativa de um qualquer elemento ser incluído na amostra é desconhecida e os
elementos foram escolhidos com base na minha conveniência, mediante critérios selecionados por
mim, isto é, uma seleção não aleatória. Como tal, não permite mensurar a representatividade da
amostra, pelo que os resultados não podem ser estatisticamente generalizados (Ribeiro, 2010).

9
No entanto, se as características da amostra forem semelhantes às da população, os resultados podem
ser equivalentes aos de uma amostragem probabilística, mas não podemos garantir a sua
confiabilidade, pois não é possível utilizar ferramentas estatísticas para medir a precisão dos
resultados (Ochoa, 2015).

Para o estudo em questão, parece-me o método de amostragem adequado, uma vez que, pretendo
responder às necessidades apenas de um determinado serviço.

4.3. Questões de investigação

As questões de investigação constituem o elemento fundamental do início de um estudo (Ribeiro,


2010). Indicam o que o investigador quer obter como informação (Fortin et al, 2009).

Tendo em conta a problemática do estudo formularam-se as seguintes questões:

• Quais as intervenções de enfermagem mais adequadas ao doente submetido a VNI?

• Como uniformizar a prestação de cuidados de enfermagem ao doente submetido a VNI no


SU geral?

4.4. Definição de objetivos

A prática baseada em evidência tem como ponto de partida perguntas formuladas na prática clínica,
centradas no que se faz diariamente, nos problemas com que se lida na prestação de cuidados (Ruivo
et al, 2010).

Posto isto, e, tendo em conta que nos últimos três anos o SU admitiu 21 enfermeiros novos, com
pouco tempo de integração no mesmo, que a prestação de cuidados a doentes críticos submetidos a
VNI é prática diária e após reunião informal com o chefe de serviço, identifiquei como problema
“Inexistência de uniformização dos cuidados de enfermagem ao doente submetido a ventilação não
invasiva no SU de um Centro Hospitalar do norte de Portugal”.

Os objetivos são assumidos como representações antecipatórias centradas na ação a realizar (Ruivo et
al, 2010).

10
Apoiada na temática do problema descrito, defini como objetivos para este estudo os seguintes:

Objetivo geral:

• Contribuir para a uniformização e consequente melhoria dos cuidados de enfermagem


prestados ao doente submetido a VNI no SU.

Objetivos específicos:

• Elaborar um protocolo de procedimentos referente a cuidados de enfermagem ao doente


submetido a VNI;
• Elaborar um fluxograma de atuação perante doentes submetidos a VNI;
• Elaborar um manual de VNI para consulta dos enfermeiros do SU, de forma a facilitar o
acesso destes à evidencia científica mais relevante sobre esta temática.

4.5. Instrumento de recolha de dados

De forma a conhecer a opinião da equipa de enfermagem do SU e o tipo de formação que a


mesma tem relativamente à temática da VNI, será aplicado, um questionário (Apêndice 1). Este
parece-me adequado para o estudo em questão, na medida em que possibilita uma maior
sistematização dos resultados, permite uma maior facilidade de análise bem como reduz o tempo que
é necessário despender para recolher e analisar os dados. Além disso, garante o anonimato e redução
de custos (Amaro, Póvoa & Macedo, 2005).

No entanto, apresenta algumas desvantagens, nomeadamente ao nível da dificuldade de conceção,


pois é necessário ter em conta vários parâmetros como a quem se vai aplicar, o tipo de questões a
incluir, o tipo de respostas que se pretende e o tema abordado. Devido ao anonimato e características
de resposta fechada, é comum uma elevada taxa de não respostas ou respostas aleatórias (Amaro,
Póvoa & Macedo, 2005).

O questionário será constituído por quatro partes: a primeira parte composta por perguntas de
resposta fechada e pretende caracterizar a equipa (género, idade, anos de serviço, anos de
serviço no SU e habilitações académicas), a segunda constituída por um conjunto de questões
de resposta fechada, que pretende conhecer a pertinência que a equipa atribui ao tema
supramencionado, a terceira constituída por questões de resposta fechada, que pretende
conhecer o nível de conhecimento que a equipa de enfermagem possui relativamente à
temática em estudo, bem como o nível de formação que possuem na área da VNI e, por
último, a quarta parte com questões de resposta fechada que pretende obter dados que
11
permitam conhecer o grau de importância que a equipa atribui à existência de documentos
orientadores que possam vir a contribuir para a uniformização e consequente melhoria dos
cuidados de saúde prestados ao doente submetido a VNI no SU.

Sendo um questionário elaborado por mim, será aplicado um pré teste a enfermeiros com as
mesmas características que não contemplem a população/amostra.

4.6. Procedimento de recolha de dados e considerações éticas

Antes de iniciar a recolha de dados, será efetuado um pedido de autorização do estudo ao Conselho de
Administração e ao Diretor do serviço em causa (Apêndice 2).

Após obter parecer favorável destas entidades, será entregue o questionário juntamente com um
consentimento informado (Anexo 1) em envelope fechado aos enfermeiros que o entregam depois ao
enfermeiro chefe e serão recolhidos por mim 1 mês depois.

Ao longo de todo o processo, serão tidos em conta os princípios éticos que devem guiar uma
investigação, segundo as diretrizes éticas para a investigação em enfermagem, emitidas pelo ICN
(International Council of Nurses) em 1996 (atualizadas e reeditadas em 2003), nomeadamente, o
princípio da beneficência, da não maleficência, da fidelidade, da justiça, da veracidade e da
confidencialidade.

4.7. Previsão de tratamento e análise de dados

Para o tratamento e análise de dados, pretendo utilizar o software SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) versão 22.0. Irei construir uma base de dados na qual os mesmos serão
inseridos e recorrer à estatística descritiva com o cálculo de frequências absolutas e relativas,
análise de tendências e elaboração de gráficos, uma vez que a análise de dados de qualquer
estudo que comporte valores numéricos começa pela utilização de estatísticas descritivas que
permitem descrever as características da amostra na qual os dados foram colhidos e descrever os
valores obtidos pela medida das variáveis (Fortin, 2003).

Estas são qualidades, propriedades ou características de pessoas, objetos ou situações que são
objeto de uma investigação, podendo ser independentes, dependentes, de investigação, atributos
e estranhas (Fortin, 2009).

Neste estudo teremos apenas variáveis atributo, isto é, características dos participantes pré
existentes (Fortin, 2009) neste caso dados demográficos:

• Género

12
• Idade

• Anos de serviço

• Anos de serviço no SU

• Habilitações académicas dos enfermeiros

4.8. Plano de Intervenção

De forma a atingir os objetivos delineados, proponho a realização de um protocolo de procedimentos


no âmbito dos cuidados de enfermagem ao doente submetido a VNI. Este será elaborado utilizando a
abordagem investigação-ação anteriormente mencionada.
Assim, numa fase inicial, o enfermeiro chefe do SU será chamado a selecionar 4 peritos em
enfermagem a exercer funções neste serviço. De seguida, irei reunir tantas vezes quantas necessárias
com estes elementos para recolher conhecimento decorrente da sua experiência prática com VNI e
realizar pesquisa bibliográfica, de modo a termos acesso às mais recentes guidelines. Após esta
revisão da literatura, construiremos em conjunto o protocolo.

Este será apresentado aos enfermeiros que pertencem à amostra selecionada numa reunião formal a
realizar no Centro Hospitalar. Aqui pretende-se acolher todas as opiniões destes elementos
relativamente a alterações necessárias ao protocolo apresentado. Posto isto, voltarei a reunir-me com
o grupo de peritos para discutir as novas informações e reformular o protocolo se necessário. O passo
final será submeter este documento à comissão cientifica do Centro Hospitalar com a finalidade de
ser aprovado e constituído protocolo do SU deste centro hospitalar para assim uniformizarmos os
cuidados neste âmbito. Pretende-se que a matéria constante neste documento seja aplicada por 100%
dos enfermeiros deste serviço, avaliação que será feita posteriormente pelo enfermeiro chefe do SU
através de observação informal.

Além disso, pretendo ainda elaborar um manual de VNI, recorrendo a pesquisa bibliográfica, para
consulta dos enfermeiros do SU, de forma a facilitar o acesso destes à evidência científica mais
relevante sobre esta temática, além de um fluxograma de atuação a doentes com VNI para afixar no
serviço de observações do SU, possibilitando uma abordagem inicial rápida, uniformizada e
sistematizada de todos os profissionais.

4.9. Cronograma

O planeamento de uma investigação inclui um plano de execução, nomeadamente, a construção de


um cronograma (tabela 1), onde constem as atividades previstas e a representação do tempo
necessário para a execução das mesmas.
13
Tabela 2.
Cronograma de atividades 2019/2020
Atividades set out nov dez jan fev

Revisão da literatura
Formalização dos aspetos éticos
Aplicação de pré teste, seleção da amostra e recolha
de dados
Tratamento e análise de dados
Reuniões com peritos do serviço e elaboração do
protocolo
Reunião com os participantes
Reunião final com peritos e submissão à comissão
cientifica
Realização do manual de VNI e fluxograma
Redação final do relatório

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16
ANEXOS
Anexo 1
Consentimento informado
CONSENTIMENTO INFORMADO, LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO EM
INVESTIGAÇÃO DE ACORDO COM A DECLARAÇÃO DE HELSÍNQUIA E A CONVENÇÃO DE

OVIEDO

Título do estudo: Ventilação Não Invasiva no Serviço de Urgência Geral: Promover a melhoria dos
cuidados de enfermagem

Enquadramento: Este estudo insere-se no Mestrado em Enfermagem de Pessoa em Situação Critica


da Escola Superior de Saúde de Vila Real, para a elaboração final de um relatório de estágio a realizar
no serviço de urgência geral sob orientação da Sra. Professora Doutora Maria João Monteiro.

Explicação do estudo: O presente questionário pretende durante o mês de dezembro recolher


informação de dados demográficos de forma a caracterizar a equipa, conhecer a pertinência que a
equipa atribui ao tema supramencionado, conhecer o nível de conhecimento que a equipa de
enfermagem possui relativamente à temática em estudo, bem como o nível de formação que possuem
na área da ventilação não invasiva e ainda obter dados que permitam conhecer o grau de importância
que a equipa atribui à existência de documentos orientadores que possam vir a contribuir para a
uniformização e consequente melhoria dos cuidados de saúde prestados ao doente submetido a
ventilação não invasiva no SU do Centro Hospitalar de Trás-Os-Montes e Alto Douro. Objetiva-se
elaborar uma norma de procedimentos através do método investigação-ação com peritos do serviço.

Confidencialidade e anonimato: garante-se a confidencialidade e anonimato dos participantes e o


uso exclusivo dos dados recolhidos para o presente estudo; a sua participação é de caráter voluntário
e, caso não queira participar, não haverá qualquer prejuízo.

Para qualquer esclarecimento adicional contactar:

Sandra Isabel Carvalho Oliveira

Enfermeira no serviço de urgência geral do CHTMAD

Telemóvel: 967 824 582; e-mail: sandracarvalholiveira@gmail.com

Assinatura: ______________________________________________________________
Declaro ter lido e compreendido este documento, bem como as informações verbais que me foram
fornecidas pela pessoa que acima assina. Foi-me garantida a possibilidade de, em qualquer altura,
recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências. Desta forma, aceito participar
neste estudo e permito a utilização dos dados que de forma voluntária forneço, confiando em que
apenas serão utilizados para esta investigação e nas garantias de confidencialidade e anonimato que
me são dadas pela investigadora.

Nome: ___________________________________________________________________________

Assinatura:______________________________________________________________________

Data: _____ /_____ /_______


APÊNDICES
Apêndice 1
Questionário
QUESTIONÁRIO
Universidade do Minho
Escola Superior de Enfermagem

Sandra Isabel Carvalho Oliveira, Enfermeira, a exercer funções no Serviço de Urgência de um


Centro Hospitalar do norte de Portugal, e a frequentar o Mestrado em Enfermagem da Pessoa
em Situação Critica da Escola Superior de Saúde de Vila Real, no âmbito do estágio que se
encontra desenvolver no serviço supracitado, no período de setembro de 2019 a fevereiro de
2020, pretende desenvolver um estudo na área da Ventilação Não-Invasiva.

A fim de identificar a pertinência do tema, peço a sua colaboração no preenchimento deste


questionário, garantindo que todas as questões éticas serão garantidas, nomeadamente o
anonimato e a confidencialidade relativamente aos dados obtidos bem como a divulgação dos
mesmos.

Agradeço antecipadamente a sua atenção e disponibilidade, encontrando-me desde já


disponível para esclarecer qualquer dúvida.

Assinale com “X” a sua resposta. Se necessitar anular coloque um círculo à volta da
resposta.

Parte I

1. Idade: Até aos 30 anos 31-40 anos Mais de 41 anos


2. Sexo: F M

3. Habilitações Académicas: Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento

4. Tempo de exercício profissional:

Até 3 anos De 4 a 9 anos De 10 a 14 anos Mais de 15 anos

5. Tempo de exercício profissional no SU:

Até 3 anos De 4 a 9 anos De 10 a 14 anos Mais de 15 anos


Parte II

Esta parte do questionário é constituída por um conjunto de questões que pretende


conhecer a pertinência que a equipa de enfermagem atribui ao tema.

Assinale de acordo com a sua opinião, considerando a seguinte correspondência:

1 – Discordo totalmente; 2 - Discordo parcialmente; 3 – Sem opinião; 4 –


Concordo parcialmente; 5 – Concordo Totalmente

1 – Considero este tema pertinente.

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

2 – Sinto segurança na prestação de cuidados a pessoas com VNI.

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

3 - Considero que existe uniformização nos cuidados de enfermagem ao cliente


submetido a VNI internado no SU.

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

Parte III

Esta parte é constituída por um conjunto de questões que pretendem conhecer o


nível de formação que a equipa de enfermagem do SU possui relativamente à VNI.
Assinale de acordo com a sua opinião, considerando a seguinte correspondência:

1 – Discordo totalmente; 2 - Discordo parcialmente; 3 – Sem opinião; 4 –


Concordo parcialmente; 5 – Concordo Totalmente

1 - Considero ter conhecimentos suficientes para o manuseio dos


ventiladores existentes na Instituição utilizados na VNI.

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

2- Conheço os diferentes tipo de:

a) Máscaras utilizados na VNI

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

b) Equipamentos utilizados na VNI

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

3 - Já frequentou algum curso de Ventilação para enfermeiros? Sim Não

Se respondeu Sim:

Há quanto tempo? Menos de 1 ano Entre 1-3 Mais de 3 anos


Em que contexto? Formação em serviço Formação pós-graduada Outro Contexto
Parte IV

Esta parte do questionário tem o intuito de obter dados que permitam conhecer o
grau de importância que a equipa atribui à existência de documentos orientadores
que contribuam para a melhoria dos cuidados de saúde prestados ao doente
submetido a VNI internados no SU.

Assinale de acordo com a sua opinião, considerando a seguinte correspondência:

1 – Discordo totalmente; 2 - Discordo parcialmente; 3 – Sem opinião; 4 –


Concordo parcialmente; 5 – Concordo Totalmente

1- Seria vantajoso a criação de um documento orientador para a prestação de


cuidados de enfermagem à pessoa submetida a VNI.

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

2- Seria útil um manual sobre VNI no SU.

Discordo Discordo Concordo Concordo


Sem opinião
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente

Sugestões:

Obrigado pela colaboração

Enfª Sandra Oliveira


Apêndice 2
Pedido ao Conselho de Administração e
ao Diretor de Serviço
Exmo. Sr. Presidente do Conselho de Administração do CHTMAD, E.P.E.

Sandra Isabel Carvalho Oliveira, enfermeira a exercer funções no serviço de urgência geral do
CHTMAD e a frequentar o Mestrado em Enfermagem de Pessoa em Situação Critica da Escola
Superior de Saúde de Vila Real, pretende, no âmbito do estágio que irá realizar no serviço supracitado
no período compreendido entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, desenvolver um estudo na área
da ventilação não invasiva, sob orientação da Sra. Professora Doutora Maria João Monteiro e da Sra.
Professora Doutora Maria Zita Castelo Branco, para a elaboração final de um relatório de estágio.

O desenvolvimento deste estudo pretende contribuir para a uniformização dos cuidados de


enfermagem prestados à pessoa em situação critica submetida a ventilação não invasiva no serviço de
urgência do CHTMAD e, consequente melhoria dos mesmos.

A recolha de dados será feita, através de um questionário (que se anexa com o respetivo
consentimento informado) aplicado aos enfermeiros do serviço mencionado, a fim de auscultar a
equipa relativamente a esta temática. Compromete-se a garantir todas as questões éticas inerentes a
este tipo de estudo nomeadamente, a confidencialidade dos dados colhidos e o anonimato dos
participantes.

Ciente de que este estudo será uma mais valia para a implementação de cuidados de enfermagem de
qualidade, baseados numa prática segura, e assim aumentar os ganhos em saúde, vem requerer
autorização a sua excelência para a realização do mesmo.

Sem outro assunto, encontra-se disponível para qualquer esclarecimento adicional.

Aguarda deferimento.

Atenciosamente,

Vila Real, 1 de setembro de 2019

Sandra Oliveira
Exmo. Sr. Diretor do Serviço de Urgência Geral do CHTMAD, E.P.E., Dr. Fernando Próspero

Sandra Isabel Carvalho Oliveira, enfermeira a exercer funções no serviço de urgência geral do
CHTMAD e a frequentar o Mestrado em Enfermagem de Pessoa em Situação Critica da Escola
Superior de Saúde de Vila Real, pretende, no âmbito do estágio que irá realizar no serviço supracitado
no período compreendido entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, desenvolver um estudo na área
da ventilação não invasiva, sob orientação da Sra. Professora Doutora Maria João Monteiro e da Sra.
Professora Doutora Maria Zita Castelo Branco, para a elaboração final de um relatório de estágio.

O desenvolvimento deste projeto (em anexo) pretende contribuir para a uniformização dos cuidados
de enfermagem prestados à pessoa em situação critica submetida a ventilação não invasiva no serviço
de urgência do CHTMAD e, consequente melhoria dos mesmos.

A recolha de dados será feita, através de um questionário (que se anexa com o respetivo
consentimento informado) aplicado aos enfermeiros do serviço mencionado, a fim de auscultar a
equipa relativamente a esta temática. Compromete-se a garantir todas as questões éticas inerentes a
este tipo de estudo nomeadamente, a confidencialidade dos dados colhidos e o anonimato dos
participantes.

Ciente de que este estudo será uma mais valia para a implementação de cuidados de enfermagem de
qualidade, baseados numa prática segura, e assim aumentar os ganhos em saúde, vem requerer
autorização a sua excelência para a realização do mesmo.

Sem outro assunto, encontra-se disponível para qualquer esclarecimento adicional.

Aguarda deferimento.

Atenciosamente,

Vila Real, 1 de setembro de 2019

Sandra Oliveira

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