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Programa de Apoio à Produção de Material Didático

Maria Helena S. S. Bizelli


Sidinéia Barrozo

CÁLCULO
para um curso de química

Volume 1

São Paulo
2009
©Pró-Reitoria de Graduação, Universidade Estadual Paulista, 2009.

Bizelli, Maria Helena S. S.


B625c Cálculo para um curso de química / Maria Helena S. S.
Bizelli [e] Sidinéia Barrozo. – São Paulo : Cultura
Acadêmica : Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria
de Graduação, 2009. v. 1
406 p.

ISBN 978-85-98605-94-4

1. Cálculo. I. Barrozo, Sidinéia. II. Título.

CDD 515

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À PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO

Considerando a importância da produção de material


didático-pedagógico dedicado ao ensino de graduação e de
pós-graduação, a Reitoria da UNESP, por meio da Pró-
Reitoria de Graduação (PROGRAD) e em parceria com a
Fundação Editora UNESP (FEU), mantém o Programa de
Apoio à Produção de Material Didático de Docentes da
UNESP, que contempla textos de apoio às aulas, material
audiovisual, homepages, softwares, material artístico e outras
mídias, sob o selo CULTURA ACADÊMICA da Editora da
UNESP, disponibilizando aos alunos material didático de
qualidade com baixo custo e editado sob demanda.
Assim, é com satisfação que colocamos à disposição da
comunidade acadêmica mais esta obra, “Cálculo para um
curso de química”, de autoria das Professoras Dra. Maria
Helena S. S. Bizelli e Dra. Sidinéia Barrozo, do Instituto de
Química do Câmpus de Araraquara, esperando que ela traga
contribuição não apenas para estudantes da UNESP, mas para
todos aqueles interessados no assunto abordado.
Prefácio

Este material foi elaborado para ser o material de apoio aos alu-
nos que cursam a disciplina Cálculo Diferencial e Integral I, dos
cursos de Licenciatura e Bacharelado em Química da Unesp, Câm-
pus de Araraquara. Estes cursos, assim como os demais cursos de
Química da Unesp, concentram o conteúdo de Cálculo Diferencial e
Integral em dois semestres, o que os diferenciam da maioria dos
cursos da área de exatas, que normalmente distribui tal conteúdo ao
longo de quatro semestres, tratando do Cálculo de uma variável nos
dois primeiros semestres e do Cálculo de duas variáveis, nos dois
semestres subseqüentes. Esta particularidade sugere um material
mais específico, que contemple os tópicos que devam ser trabalha-
dos e, ao mesmo tempo, os apresentem em uma seqüência lógica e
harmoniosa, focando a compreensão e a aplicação dos conteúdos.
Além disso, é mais motivador ao aluno um material que apresente
aplicações voltadas para a área, favorecendo a apreensão do conhe-
cimento adquirido. Assim, com esse intuito, desenvolvemos este
material, o qual vem sendo utilizado e reformulado ao longo dos
últimos anos e apresentando bons resultados. Esperamos que possa
ser útil também a outros cursos de Química.
8 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Gostaríamos de observar que, seguindo a seqüência programáti-


ca da disciplina, este volume contém o estudo de funções de uma
variável, incluindo toda a parte diferencial e uma introdução à parte
integral, enfatizando a integral definida. As técnicas de integração
não contempladas neste volume, bem como a sua aplicação em
equações diferenciais ordinárias e a diferenciação e integração de
funções de várias variáveis, serão apresentadas no volume dois.

Maria Helena S. S. Bizelli


Sidinéia Barrozo
Sumário

Introdução.................................................................................. 13

Capítulo 1 – Funções e Gráficos............................................. 21


Introdução ............................................................................ 22
Conceito e Definição ............................................................ 24
Domínio................................................................................ 32
Gráficos ................................................................................ 36
Tipos de Funções.................................................................. 50
Composição de Funções....................................................... 59
Funções Inversas .................................................................. 62
Modelos Matemáticos .......................................................... 79
Interpretação de um Gráfico................................................. 90
Exercícios Extras ............................................................... 96
Exercícios Adicionais.............................................................. 103

Capítulo 2 – A Derivada.......................................................... 107


Introdução............................................................................. 108
Limite e Continuidade .......................................................... 109
Limites Infinitos e Limites no Infinito ................................. 122
Funções Contínuas ............................................................... 133
Coeficiente Angular ou Inclinação de uma Reta .................. 140
Função Crescente (Decrescente) .......................................... 148
10 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Uma Idéia de Derivada ........................................................ 149


A Derivada e a Reta Tangente............................................. 157
A Derivada como Taxa de Variação.................................... 166
Derivação Gráfica................................................................ 170
Regras de Derivação............................................................ 175
Regra da Cadeia................................................................... 179
Outras Taxas de Variação.................................................... 187
Derivada de Funções Implícitas .......................................... 193
Taxas Relacionadas ............................................................. 198
g(x)
Derivada de f(x) ............................................................... 202
Exercícios Extras .............................................................. 204
Exercícios Adicionais.............................................................. 219

Capítulo 3 – Aplicações da Derivada .................................... 233


Introdução............................................................................ 234
O que a Derivada nos diz sobre a Função f ......................... 234
Extremos de uma Função .................................................... 238
Critérios para Estudar a Natureza dos Pontos Críticos........ 246
Concavidade de Curvas – Pontos de Inflexão ..................... 255
Roteiro para Construir o Gráfico de uma Função................ 262
Problemas de Otimização .................................................... 268
Formas Indeterminadas e a Regra de L’Hôpital .................. 275
Exercícios Extras .............................................................. 281

Capítulo 4 – Integração .......................................................... 285


Introdução............................................................................ 286
Aproximações Lineares e Diferenciais................................ 287
A Integral Indefinida ........................................................... 299
O Problema da Área ............................................................ 312
O Problema da Distância ..................................................... 315
SUMÁRIO 11

A Integral Definida............................................................... 318


O Teorema Fundamental do Cálculo.................................... 323
Aplicações ............................................................................ 329
Área de Regiões entre Curvas Impróprias............................ 333
Integrais Impróprias ............................................................. 336
Exercícios Extras ............................................................... 346

Referências Bibliográficas......................................................... 355

Apêndice ................................................................................... 359

Respostas dos Exercícios........................................................... 365

Sobre as Autoras........................................................................ 405


12 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
Introdução

A matemática faz parte do desenvolvimento da humanidade


desde o início de sua história. Dos mais primitivos processos de
contar, desenvolvidos na pré-história, até os mais sofisticados recur-
sos tecnológicos que presenciamos no momento, em tudo a matemá-
tica está presente. Porém, durante muitos séculos, a matemática foi
desenvolvida para atender às necessidades impostas pelas atividades
agrícolas, como a divisão de terras, construção de canais e reservató-
rios, desenvolvimento de um sistema de pesos e medidas para ser
empregado nas colheitas, bem como a instituição de práticas finan-
ceiras e comerciais, dentre outras. Nesse processo, a aritmética, a
álgebra e a geometria tiveram papel fundamental na solução dos
problemas que se apresentavam, porém, com o passar do tempo e
acompanhando o próprio desenvolvimento das culturas existentes,
muitos problemas ainda continuavam sem solução e, de modo espe-
cial, aqueles que tratavam do movimento e aqueles cuja geometria
apresentavam curvatura. Nesse tempo, já se sabia que o Universo e
todos os seus habitantes estavam em constante movimento e o gran-
de desafio era descrever, matematicamente, tais movimentos. Então,
motivados por estas questões, muitos matemáticos dedicaram-se ao
estudo do que se chamou de Cálculo.
Assim, de um modo geral, podemos dizer que o Cálculo é a área
da matemática que trata de variações, ou seja, do estudo de grande-
zas variáveis. Parece complicado, mas observando nosso cotidiano,
notamos que convivemos com essas grandezas variáveis diariamen-
te, e um exemplo bem simples é o estudo do deslocamento de um
corpo. Se dissermos que um carro percorreu uma determinada dis-
14 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

tância, por exemplo, 200 km, em duas horas, dizemos que sua velo-
cidade média foi de 100 km/h, porém isso não significa que ele se
manteve sempre na mesma velocidade. Em alguns momentos ele
pode ter atingido 120 km/h, em outros, 70, 80 km/h e pode ter até
parado durante o percurso. Isso quer dizer que a sua velocidade não
foi constante, e sim, variável ao longo deste período de duas horas,
ou seja, ocorreu um processo de aceleração, sendo que em alguns
momentos ele acelerou mais e em outros, menos, ou desacelerou.
Isso parece óbvio para nós, que estamos acostumados com os velo-
címetros dos carros mostrando, a cada instante, a sua velocidade.
Mas qual a idéia inserida no cálculo, da velocidade instantânea mos-
trada no velocímetro?
Por outro lado, aprendemos e memorizamos, por exemplo, que
a área de um círculo de raio R é πR2, mas como surgiu esta fórmula
se a geometria possuía recursos apenas para o cálculo da área de
polígonos?
Estas são apenas algumas das muitas questões que o Cálculo a-
juda a responder e que serão tratadas neste material. Antes, porém,
consideramos importante retomar um pouco a história desta impor-
tante Ciência, a fim de compreendermos melhor como surgiu, a que
veio e, principalmente, como se dá o processo de desenvolvimento
de uma nova teoria.
Embora atribuído a Newton (1642-1727) e a Leibniz (1646-
1716), o Cálculo foi, na verdade, o resultado do esforço de muitos
matemáticos que, ao longo da história, foram lançando sementes e
desenvolvendo idéias que culminaram no que hoje estudamos. Uma
das idéias precursoras é, certamente, a dos infinitos e dos infinitési-
mos, apresentada mediante a seguinte questão: é válido admitir que
uma grandeza possa ser subdividida indefinidamente ou que é for-
mada de um número muito grande de partes atômicas indivisíveis?
Há evidências de que na Grécia antiga se desenvolveram esco-
las de raciocínio matemático que abraçaram uma ou outra dessas
idéias. O filósofo Zenão de Eléia (450 a.C.) levantou uma polêmica
ao chamar a atenção para as dificuldades ocultas em cada uma des-
INTRODUÇÃO 15

sas suposições, apresentando propositalmente alguns paradoxos,


conhecidos por Paradoxos de Zenão, os quais tiveram grande in-
fluência na Matemática e garantiam que, admitindo qualquer uma
das hipóteses consideradas, o movimento seria impossível. O mais
conhecido deles é o da dicotomia, que afirma que se um segmento
de reta pode ser subdividido indefinidamente, então o movimento é
impossível, pois para percorrê-lo, é preciso antes alcançar seu ponto
médio, depois o ponto médio do que restou, e assim por diante, ad
infinitum. Logo, seu ponto final nunca seria atingido.
A seguir, Antífon (430 a.C.), um contemporâneo de Sócrates,
teria antecipado a idéia de que por sucessivas duplicações do núme-
ro de lados de um polígono regular inscrito em um círculo, a dife-
rença entre o círculo e o polígono, ao fim, exaurir-se-ia. E como se
pode construir um quadrado de área igual à de qualquer polígono,
seria então possível construir um quadrado de área igual à do círcu-
lo. Esta foi uma das mais antigas e importantes contribuições ao
problema da quadratura do círculo. Todavia, a crítica que imediata-
mente surgiu contra esse argumento se sustentava no princípio de
que, se uma grandeza pode ser subdividida indefinidamente, o pro-
cesso de Antífon jamais esgotaria a área do círculo.
No entanto, a abordagem de Antífon continha o germe do famo-
so Método de Exaustão de Eudoxo (370 a.C.), que pode ser conside-
rado como a resposta da escola platônica aos paradoxos de Zenão. O
método admite que uma grandeza pode ser subdividida indefinida-
mente e sua base fundamenta-se na seguinte proposição: Se de uma
grandeza qualquer se subtrai uma parte não menor que sua metade,
do restante subtrai-se também uma parte não menor que sua meta-
de, e assim por diante, chegar-se-á por fim a uma grandeza menor
que qualquer outra pré-determinada da mesma espécie. Estava pos-
to o conceito de limites.
Contudo, este método apresentava uma limitação: não possibili-
tava a determinação de uma fórmula para a área procurada, forne-
cendo apenas um meio de demonstrá-la, caso fosse conhecida. Co-
mo, então, Arquimedes (287-212 a.C.) descobrira as fórmulas que
16 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

tão elegantemente demonstrara pelo método de exaustão? Esta ques-


tão só foi bem compreendida em 1906, com a descoberta feita por
Heiberg, em Constantinopla, de uma cópia de O Método, um tratado
de Arquimedes enviado em forma de carta a Eratóstenes e que se
encontrava perdido desde os primeiros séculos de nossa era. O ma-
nuscrito foi escrito em um pergaminho no século X e no século XIII
foi raspado para dar lugar a um texto religioso. Felizmente foi pos-
sível restaurar a maior parte do texto original e com isso descobriu-
se que Arquimedes usava o Princípio do Equilíbrio para determinar
fórmulas para áreas e volumes de sólidos como esfera, cilindro e
cone, por exemplo. A idéia central deste Princípio consistia em cor-
tar a região correspondente em um número muito grande de tiras
planas ou fatias paralelas finas e (mentalmente) pendurar estes peda-
ços em uma das extremidades de uma alavanca dada, de tal maneira
a estabelecer o equilíbrio com uma figura de área ou volume e cen-
tróide conhecidos. Estava posto o conceito de integração.
No período que vai das notáveis realizações de Arquimedes até
o início do século XV d.C., nada se avançou neste sentido. Por volta
de 1450, os trabalhos de Arquimedes chegaram à Europa Ocidental
através de uma tradução de seus manuscritos, encontrada em Cons-
tantinopla, que foi revisada por Regiomontanus e impressa em 1540.
Contudo, só por volta do início do século XVII é que as idéias de
Arquimedes passaram por outros desdobramentos.
Entre os primeiros europeus modernos a desenvolver idéias rela-
tivas a infinitésimos em trabalhos com a integração, destaca-se o
nome de Johann Kepler (1571-1630), que utilizou estas idéias para
calcular as áreas envolvidas em sua segunda lei do movimento plane-
tário e volumes da capacidade de barris de vinho. Também Cavalieri
(1598-1647) muito contribuiu ao desenvolvimento da Matemática,
através de seu Método dos Indivisíveis, publicado em 1635 e que
também tratava do cálculo de área e volumes de superfícies curvas.
Por outro lado, os primeiros passos da diferenciação surgiram a
partir da tentativa de resolver problemas relacionados ao traçado de
retas tangentes à curvas e de questões envolvendo a determinação de
INTRODUÇÃO 17

máximos e mínimos de funções. Embora estas considerações remon-


tem aos gregos antigos, a primeira manifestação realmente clara do
método diferencial encontra-se em algumas idéias de Fermat, expos-
tas em 1629, no denominado Método de Fermat. Kepler havia ob-
servado que os incrementos de uma função tornam-se infinitesimais
nas vizinhanças de um ponto de máximo ou de mínimo. Fermat
transformou essa idéia em um processo para determinar esses pontos
de máximo ou de mínimo, o qual, em linguagem atual, considerava
um ponto no qual a derivada era igual a zero como sendo ponto de
máximo ou de mínimo. Porém, ele ignorava a condição de que a
derivada ser igual a zero não é suficiente para garantir a existência
de um ponto de máximo ou de mínimo, mas apenas necessária. O
método de Fermat também não fazia distinção entre valor máximo e
valor mínimo. As idéias de integral de potências com expoentes
fracionários e negativos, a introdução do símbolo (∞) para infinito e
a determinação do comprimento de um elemento de arco de uma
curva, usando diferenciais, são atribuídas a John Wallis (1616-
1703), um dos precursores imediatos de Newton. Outro importante
precursor de Newton foi Isaac Barrow (1630-1677), cujo trabalho
mais importante foi Lectiones opticae et geometricae, onde se en-
contra uma abordagem muito próxima do processo moderno de dife-
renciação, mediante o uso do chamado triângulo diferencial, que
ainda se encontra nos textos atuais de Cálculo. Apesar de indícios
tênues apontando em outra direção, considera-se que Barrow foi o
primeiro a perceber, de maneira plena, que a diferenciação e a inte-
gração são operações inversas uma da outra. Essa importante desco-
berta ficou conhecida como Teorema Fundamental do Cálculo e
aparece enunciada e provada nas Lectiones de Barrow.
Nessa altura do desenvolvimento do Cálculo Diferencial e Inte-
gral, muitas integrações já haviam sido feitas, assim como muitas
cubaturas e quadraturas; já aflorara um processo de diferenciação e
muitas tangentes já tinham sido construídas; a idéia de limite já fora
concebida e o teorema fundamental reconhecido. O que mais faltava
fazer? Faltava ainda a criação de um simbolismo geral com um con-
junto sistemático de regras analíticas formais e também um redesen-
18 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

volvimento, consistente e rigoroso, dos fundamentos da matéria. Foi


à primeira destas duas coisas, ou seja, à criação de um cálculo mani-
pulável e proveitoso, que Newton e Leibniz, trabalhando independen-
temente, deram sua contribuição. Assim, embora Newton e Leibniz
tenham tido muitos precursores, o desenvolvimento do Cálculo, em
geral, é atribuído a eles. O redesenvolvimento dos conceitos funda-
mentais do cálculo, em bases aceitáveis, foi levado a efeito pelo
grande analista francês Augustin-Louis Cauchy (1789-1857) e seus
sucessores do século XIX.
Segundo a história, Newton formalizou sua teoria entre 1665 e
1667, porém não a publicou neste período. Aplicou suas idéias na
Física, em especial na ótica e na lei da gravitação, bem como na as-
tronomia, na teoria das equações e dos fluxos. Também determinou
máximos e mínimos, tangentes a curvas, curvaturas de curvas, pontos
de inflexão e concavidade de curvas. Leibniz teria desenvolvido seu
trabalho um pouco depois (entre 1673 e 1676) e, em 29 de outubro de
1675, usou pela primeira vez o símbolo de integral, um S alongado,
derivado da primeira letra da palavra latina summa (soma). O objeti-
vo era indicar uma soma de indivisíveis. Algumas semanas depois
ele já escrevia diferenciais e derivadas como o fazemos hoje. Seu
primeiro artigo sobre o Cálculo Diferencial só apareceu em 1864.
Leibniz deduziu várias das regras de diferenciação que os alunos
aprendem logo no início de um curso de Cálculo. Sua notação mos-
trou-se muito feliz e, inquestionavelmente, é mais conveniente e
flexível do que a de Newton, sendo por isso, utilizada até hoje.
Este foi um breve resumo de uma longa história, visando mos-
trar como se deu o desenvolvimento do Cálculo. Para saber muito
mais sobre a História da Matemática, indicamos as referências [4],
[7] e [18].
Este material foi elaborado com o intuito de auxiliar os alunos
na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I de um curso de
Química, sendo por isso, mais direcionado à aplicações nesta área.
Todavia, pode perfeitamente ser utilizado por qualquer estudante de
um curso de Cálculo.
INTRODUÇÃO 19

O objetivo principal é trabalhar a compreensão dos conceitos, o


domínio das operações e a aplicação dos resultados, utilizando para
isso muitos recursos geométricos e muita problematização. Sempre
que possível foi escolhida a linguagem coloquial e as demonstrações
foram praticamente omitidas, já que esse não é o foco desse traba-
lho. Isso não significa que o aluno não deva ter contato com a teoria
formal, demonstrada e aprofundada. Pelo contrário, o aprofunda-
mento de cada tópico é substancial para a formação do estudante e
deve ser feito através do estudo nos livros indicados nas referências
bibliográficas. Neles se baseia este material.
É importante observar que o processo de aprendizado do Cálculo
é diferente do processo de aprendizado da Aritmética, Álgebra ou
Geometria. No aprendizado dos conceitos relacionados a estas maté-
rias, primeiramente se aprende a trabalhar com números, simplificar
expressões algébricas e depois a trabalhar com variáveis e entidades
geométricas, porém, normalmente, de um modo muito estático, repeti-
tivo. O Cálculo, além de exigir habilidade nestas operações, exige um
nível de raciocínio mais elaborado, a fim de extrapolar o estático para
atingir o dinâmico. Isso nem sempre é fácil e raramente ocorre na
primeira tentativa. Por isso é necessário ser paciente, perseverante,
fazer perguntas, discutir idéias e, sempre que possível, trabalhar em
grupo. Além disso, recomendamos aos estudantes rigorosa assidui-
dade no estudo da disciplina, pois, como toda a matemática, apresenta
uma ordem crescente de dificuldades e sempre dependente dos assun-
tos estudados anteriormente. Portanto, nunca deixe para estudar na
semana da prova! Também nunca comece a resolver exercícios sem
antes ter estudado a teoria na qual se baseiam e sem ter refeito todos
os exemplos. Este é o segredo para obter êxito na solução dos exercí-
cios propostos. E para finalizar, não se esqueça de procurar ajuda, o
mais rápido possível, sempre que precisar.
Bom Estudo!
20 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
Capítulo 1

Funções e Gráficos
   

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Como posicionar pontos no plano cartesiano e determinar a dis-
tância entre eles.
• Como esboçar o gráfico de uma equação, determinar interseções
entre dois gráficos e interseções dos gráficos com os eixos x e y.
• O que é uma função e como trabalhar com os diferentes tipos de
funções.
• Como calcular os valores de funções, determinar funções com-
postas e funções inversas.
• Como utilizar o computador para construir gráficos de funções e
resolver problemas
• Como obter informações de uma função através de um gráfico.
22  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Funções e Gráficos

Introdução
Um provérbio chinês exprime uma grande verdade em relação
ao estudo da Matemática: “Uma boa figura vale mais do que mil
palavras”. Nosso estudo de equações e funções se aplica a desenhar
gráficos e interpretá-los, com o objetivo de adquirir o hábito de pen-
sar graficamente até o ponto em que isto se torne automático.
Na Química, freqüentemente investigamos de que maneira uma
propriedade particular de um sistema varia quando a concentração
de uma espécie (volume, pressão ou temperatura) também varia. Por
exemplo, o pH de um ácido ou base na água varia de acordo com a
atividade de espécies H+ na solução; o valor de uma entalpia (o con-
teúdo de energia de cada substância participante em uma reação),
associada com uma reação química ou física, varia com a temperatu-
ra; a constante de equilíbrio, para uma reação química, varia com a
temperatura; etc.
Quando dizemos, por exemplo, que o volume ocupado por uma
massa constante de um gás, em condições de pressão constante, de-
pende unicamente da temperatura do gás, queremos dizer que, uma
vez conhecida a medida da temperatura T, podemos determinar o
seu volume V através da expressão V = kT. Neste caso, chamamos T
de variável independente, pois pode assumir qualquer valor, enquan-
to V é a variável dependente, pois sua variação está vinculada à va-
riação de T.
A equação V = kT, onde k é uma constante, define V como fun-
ção de T, pois para cada valor de T, existe, em correspondência, um
único valor para V. Uma relação deste tipo é denominada de função
de uma variável.
Existem muitas situações em que a propriedade de interesse de-
pende de duas ou mais variáveis. Por exemplo, o movimento vibra-
cional do núcleo na molécula de água pode ser descrito em termos da
variação de três coordenadas; o elétron no átomo de hidrogênio requer
FUNÇÕES E GRÁFICOS 23

três coordenadas para descrever sua posição no espaço tridimensional;


a razão de reação entre H2 e Br2 depende das concentrações dessas
espécies e da concentração de Hbr, ou seja, três variáveis.
Neste curso iremos tratar de funções que dependem apenas de
uma variável.
As funções de uma variável podem ser representadas por meio
de tabelas, gráficos e fórmulas. A tabela abaixo, construída experi-
mentalmente, mostra a relação entre a pressão e o volume de um gás
numa transformação à temperatura constante.

Pressão (P) em atm 1 2 3 4 6 12


Volume (V) em L 12 6 4 3 2 1

Observe que para cada valor de V está associado um único valor


de P e vice-versa. Assim, podemos pensar numa função de V em P ou
numa função de P em V. No caso aqui, estamos considerando P como
função de V, sendo então V considerada como a variável indepen-
dente e P como a variável dependente.
Freqüentemente é possível obter uma descrição de uma situação
qualquer, através do esboço de um gráfico. Por exemplo, o gráfico
abaixo descreve a relação pressão-volume de um gás à temperatura
constante, apresentada na tabela anterior.
24  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Embora as funções possam ser descritas através de tabelas, grá-


ficos e diagramas, a maneira mais comum de representá-las é através
de fórmulas matemáticas. Assim, outra maneira de representar a
função de V em P, descrita anteriormente, é através de uma fórmula.
Da tabela, podemos observar que P.V = 12 e, portanto, a função
12
pode ser dada pela expressão P = .
V
Observe ainda que um gráfico descreve a variação de uma quan-
tidade em relação a uma outra da qual ela depende. O Cálculo nos
fornece, dentre outras coisas, conceitos matemáticos que nos permi-
tem estudar cada uma destas variações em seus aspectos quantitativos.

Conceito e Definição
A idéia de função matemática é um dos mais importantes con-
ceitos matemáticos. No estudo de funções de uma variável, traba-
lhamos com problemas em que uma grandeza tem seu valor deter-
minado a partir do valor atribuído à outra grandeza. Por exemplo,
FUNÇÕES E GRÁFICOS 25

a) quando consideramos o peso de um corpo dependendo ape-


nas de seu volume;
b) ou a pressão da água do oceano dependendo apenas da pro-
fundidade;
c) ou a pressão de uma massa gasosa, que se expande isoter-
micamente, dependendo apenas de seu volume;
e muitos outros.
Podemos dizer que qualquer grandeza que depende de outra
grandeza, é função desta última. Porém, para falarmos de função
matemática, é necessária a unicidade de dependência em uma só
direção, ou seja, para cada valor atribuído à variável independente,
deve haver um único valor relacionado a ele na variável dependente.
Nos exemplos citados acima, isso significa que um corpo, com um
determinado volume, não pode ter dois ou mais pesos diferentes
associados a ele, da mesma forma que para cada profundidade do
oceano, existe apenas uma pressão associada a ela, e assim por dian-
te. Assim, o que é essencial no conceito de função é a idéia de cor-
respondência (relação) entre duas grandezas, convenientemente
estabelecidas.
Por exemplo, o volume de um gás, à pressão constante, varia
com a temperatura de uma maneira muito específica: se considerar-
mos V (T ) como sendo o volume do gás em qualquer temperatura T
(na escala Celsius) então
V (T ) = V0 (1 + αT )
Volume de um gás a pressão constante
onde V0 é o volume do gás em 0 0C e α é uma constante, denomina-
da coeficiente de expansão do gás. A equação acima mostra que
existe uma relação de dependência entre a temperatura e o volume
de um gás, isto é, a variável V, que representa o volume, depende da
variável independente T que representa a temperatura.
Se a pressão não for constante podemos observar que o volume
depende de duas variáveis independentes, a temperatura e a pressão,
de acordo com a lei dos gases ideais:
26  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

nRT
V (T , P ) =
P
(Lei dos gases ideais)
onde n e R são constantes, T é a temperatura e P é a pressão do gás.
Podemos citar outros exemplos de relações funcionais:
• A posição de uma partícula em movimento depende do tem-
po (tempo, posição);
• O tamanho de uma população depende do tempo (tempo, po-
pulação);
• A concentração de uma substância (fármaco) no sangue de-
pende do tempo (tempo, concentração);
• A pressão de um gás, à volume constante, depende da tem-
peratura (temperatura, pressão);
• Cada pessoa tem exatamente uma sombra (pessoa, sombra);
• A cada espécie biológica está associado um número típico de
cromossomos (espécie, número de cromossomos), etc.
Quando indicamos uma função, devemos ter cuidado em acres-
centar função de que. Por exemplo, se disséssemos a altura de uma
árvore é função, a informação seria insuficiente. O certo seria dizer:
a altura de uma árvore é função do tempo (depende do tempo).

Definição de Função
Uma função f, de um conjunto A em um conjunto B, é uma rela-
ção que associa cada elemento x pertencente ao conjunto A
( x ∈ A ) a um único elemento y pertencente ao conjunto B
( y ∈ B ).

É comum indicar com y a grandeza que constitui o objeto alvo


de estudo e denominá-la função ou variável dependente, enquanto
que a grandeza que varia livremente é indicada por x e denominada
variável independente. No caso da altura da árvore como função do
tempo, chamaremos y a altura da árvore, x o tempo e diremos que y
FUNÇÕES E GRÁFICOS 27

é função de x. Escrevemos então y = f (x) que lemos: “y é igual a


uma função de x”.
Podemos representar uma função através de:
– palavras (representação verbal);
– uma expressão matemática (representação simbólica);
– uma tabela de valores (representação numérica);
– um gráfico (representação visual).
Se uma função puder ser representada através das quatro
maneiras, a habilidade de ir de uma representação para outra, pos-
sibilita-nos uma melhor compreensão sobre a idéia de função.
Observe que quando trabalhamos com a matemática aplicada a
outras ciências, quase nunca utilizamos x e y para indicar as gran-
dezas envolvidas, mas sim letras que melhor as representem.
Nos exemplos anteriores teríamos:
a) o peso de um corpo depende de seu volume; P = ρ gV, onde
ρ é a densidade do corpo, g é a aceleração da gravidade, P é
o peso do corpo e V é o volume do corpo.
b) a pressão da água do oceano depende da profundidade;
P = αh, onde h é a profundidade, P é a pressão e α é uma
constante.
c) a pressão de uma massa gasosa, que se expande isotermi-
camente, depende de seu volume, do seguinte modo:
nRT
P= (equação de Clapeyron, onde n, R e T são constantes)
V

EXEMPLO 1 Quais das equações abaixo definem y como uma


função de x?
(a) x + y = 2 (b) x2 – y = 1 (c) x2 + y2 = 4
28  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
Para verificar se uma equação define uma função, isole a variável
dependente y do lado esquerdo da equação e analise a equação
modificada.

(a) x + y = 2 ⇒ y = 2 – x
(para cada valor de x corresponde um
único valor de y ⇒ y é uma função de x)

(b) x2 – y = 1 ⇒ y = x2 – 1
(para cada valor de x corresponde um
único valor de y ⇒ y é uma função
de x)

(c) x2 + y2 = 4 ⇒ y = ± 4 − x 2
(para cada valor de x, obtemos dois
valores para y: um positivo e o outro
negativo e, portanto, y não é uma fun-
ção de x)

Notação de função
Quando usamos uma equação para definir uma função, de ma-
neira geral isolamos a variável dependente do lado esquerdo da
igualdade. Por exemplo, quando escrevemos a equação 2x + y = 3 na
forma y = 3 – 2x, queremos dizer que y é a variável dependente, ou
seja, y é função de x. Usando a notação funcional, essa equação as-
sume a forma
FUNÇÕES E GRÁFICOS 29

f(x) = 3 – 2x Notação de função

O símbolo f(x) é lido como “f de x” e representa o valor da Va-


riável dependente y quando a variável independente é x. Levando
isso em conta, perguntar “Qual é o valor de y quando x é igual a 4?”
é a mesma coisa que perguntar: “Qual é o valor de f(4)?”

EXEMPLO 2 Encontre o valor de f (2) se f (x) = x2 – 1.


Solução
Para x = 2, o valor de f é dado por
f (2) = 22 – 1 = 3.
Observe que a notação funcional f (x) = x2 – 1 define completamente
a função. A equação f (2) = 3 indica que 3 é o número que está rela-
cionado com o número 2 pela função f.

OBS.: Note que o papel da variável x na equação f(x) = x2 – 1 é


apenas apontar os lugares onde serão inseridos os valores que a
variável independente pode assumir. Assim, poderíamos ter de-
finido a função f através da equação
f( ) = ( )2 – 1
de maneira que, para calcular o valor de f (5), por exemplo, bas-
taria colocar o número 5 dentro dos parênteses e efetuar as ope-
rações envolvidas na expressão.

No próximo exemplo, observe que são necessárias duas fórmu-


las matemáticas para definir a função.

EXEMPLO 3 Encontre o valor de f (1/3), f (2) e f (3) se

⎧ 1
⎪ , x<2
f ( x) = ⎨ 2 − x .
⎪⎩ x − 1, x ≥ 2
30  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
Usando a primeira fórmula (pois 1/3 < 2), temos que:
⎛1⎞ 1 1 3
f ⎜ ⎟= = = .
⎝ 3⎠ 2 − 1 5 5
3 3
Agora, usando a segunda fórmula (pois 3 > 2 e 2 = 2) temos:
f (2) = 2 – 1 = 1 e f (3) = 3 – 1 = 2.

Em situações práticas, onde a relação entre propriedades físicas


sofre mudanças abruptas ou interrupções distintas, é necessário des-
crever a função relacionando as variáveis dependente e independen-
te em termos de mais de uma equação matemática. Por exemplo, a
figura ao lado descreve a densidade de uma substância pura como
função da temperatura, considerando uma determinada pressão fixa.

Observe que para descrever tal função analiticamente, precisa-


ríamos de três expressões diferentes, para diferentes subconjuntos de
valores para a variável independente (T).
FUNÇÕES E GRÁFICOS 31

Outro exemplo é o gráfico


que descreve a variação da
entropia S, com a temperatura,
mostrada na figura ao lado. No
gráfico, temos TS a temperatu-
ra onde uma mudança de fase
ocorre, Tm o ponto de fusão e
Tb o ponto de ebulição.

O exemplo a seguir ilustra como a notação funcional é utilizada


em uma situação prática. Não esqueça que quando trabalhamos com
a matemática aplicada a outras ciências, utilizamos letras que melhor
representam as grandezas envolvidas.

EXEMPLO 4 A fórmula de conversão de temperatura, da escala


9C
Celsius para a escala Fahrenheit é f (C ) = + 32 . Sabendo que:
5
(a) a água congela a 0oC e ferve a 100oC, determine as temperaturas
correspondentes em oF;
(b) o alumínio funde a 600oC, determine o ponto de fusão em oF.
Solução
(a) Como temos uma função f que faz a conversão de oC para oF,
basta determinarmos o valor de f quando C = 0 e quando C =
100. Assim:
9(0)
f (0) = + 32 = 0 + 32 = 32
5
9(100)
f (100) = + 32 = 180 + 32 = 212
5
e, portando, concluímos que a água congela a 32°F e ferve a 212°F.
(b) Devemos determinar o valor de f quando C = 600. Temos então
que:
9(600)
f (600) = + 32 = 1080 + 32 = 1112 oF.
5
32  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Domínio
No caso de uma função, é essencial estabelecer, a priori, quais
valores podem ser atribuídos à variável independente x. Esses valo-
res irão constituir um conjunto denominado domínio da função
que, no nosso estudo, será um subconjunto dos números reais.
Na maioria das vezes, uma função é dada por uma expressão al-
gébrica e, freqüentemente, seu domínio não está especificado expli-
citamente. Em tais circunstâncias, o domínio consiste de todos os
valores que a variável independente pode assumir de modo que os
valores da função possam ser calculados.

EXEMPLO 1 Determine o domínio da função f ( x) = 2 − x e o


valor de f (–1).
Solução
A expressão 2− x é definida para todo x tal que 2 – x seja não-
negativo. Resolvendo a desigualdade 2 – x ≥ 0 em x, obtemos x ≤ 2.
Assim, o domínio da função é
D = {x ∈ \ : x ≤ 2} = (–∞, 2]
O valor da função em x = –1 é
f ( − 1) = 2 − ( − 1) = 2 +1 = 3.

É importante observar que para caracterizar uma função, não é


suficiente dar a regra que representa tal função, mas é importante
saber qual é o domínio da função, principalmente quando utilizamos
as funções para descrever uma situação prática real. Vejamos então,
algumas situações práticas para visualizar melhor tal importância.

EXEMPLO 2 Suponha um corpo em queda livre de uma altura h


(ver figura). Da Física sabemos que o fenômeno de queda é caracte-
gt 2
rizado pela função s = onde s é o espaço percorrido, t é o tempo
2
de queda e g é a aceleração da gravidade. Se fôssemos determinar o
FUNÇÕES E GRÁFICOS 33

domínio desta função (matematicamente), obteríamos para tal, o


conjunto dos números reais, pois qualquer número real pode ser
elevado ao quadrado e depois multiplicado por uma constante (g/2).
Observamos, porém, que no estudo de que-
da livre de um corpo de uma altura h, só
interessa considerarmos os valores de t no
⎡ ⎤
intervalo ⎢0, 2h ⎥ uma vez que o fenômeno
⎣ g ⎦
tem início no instante t = 0 e termina no
2h
instante t = quando s atinge o valor
g
s=h. Assim, por razões puramente físicas,
restringimos o domínio para

2h
I = {t ∈ \ : 0 ≤ t ≤ }.
g

EXEMPLO 3 Na Química, os níveis de energia eletrônica para o


R
átomo de hidrogênio são dados pela fórmula E = − ; n = 1, 2, 3, ...
n2
onde R é uma constante. Neste caso, o domínio é dado pelo conjunto
dos números naturais ` *+ . Se fôssemos determinar o domínio da
R
função E = − olhando-a simplesmente como uma função mate-
n2
mática, encontraríamos como domínio, o conjunto dos reais com
exceção do zero, o que não estaria de acordo com a realidade.
Para utilizarmos o Cálculo na resolução de problemas, devemos
determinar fórmulas para as funções envolvidas no problema. Vere-
mos alguns exemplos que nos mostrarão como deduzir tais fórmulas.

EXEMPLO 4 Sabendo que uma árvore cresce 1 metro por ano,


que h é a altura (em metros) e t o tempo (em anos), determine uma
fórmula para os valores da função h.
34  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
Com a idade de 1 ano, a árvore medirá 1 metro.
Com a idade de dois anos, a árvore medirá 2 metros.
Com a idade de três anos, a árvore medirá 3 metros.
Assim, a relação entre a altura h e o tempo t será de igualdade, uma
vez que a árvore terá sempre tantos metros de altura quanto forem
seus anos. Portanto, uma fórmula que representa a altura da árvore é
h = t.

EXEMPLO 5 Um tanque de água tem a forma de um cone circu-


lar reto, com seu vértice apontando para baixo. O raio do topo é 7
metros e a altura do tanque 21 metros. Exprima o volume da água no
tanque como função de sua profundidade.
Solução
Considerando h a altura (m) da água no tanque e r o raio da superfí-
cie da água (ver figura), temos que:
π r 2h
Volume de água no tanque: V =
3
Queremos V como função apenas de h e, por-
tanto, devemos achar uma relação entre r e h e
substituí-la na equação do volume. Usando se-
r h
melhança entre triângulos, obtemos = ,
7 21
de onde concluímos que r = h/3 e, substituin-
π h3
do esse valor na equação do volume, obtemos V ( h ) = , que é a
27
expressão que fornece o volume de água no tanque (V) como função
de sua profundidade (h).

EXERCÍCIOS 1.1

1. Dada g(t) = t + 2t2 – t3, determine os valores de g(1), g(–1/3) e


g(a).
FUNÇÕES E GRÁFICOS 35

s
2. Sabendo que h( s ) = encontre os valores de h(1/2), h(0) e
1 − s2
h(a –1).

⎪⎧ 1 + x , x ≥ 1
3. Dada a função f ( x ) = ⎨ , encontre os valores de
⎪⎩ 2, x <1
f(0), f(3), f(1), f(–2,1), f(t3 – 1). Neste último caso, encontre o
domínio da função.
4. Determine o domínio das funções dadas e descreva-os com
palavras.
a) f(x) = x2 – 2x + 2 b) f(x) = 8 c) f(x) = 1
x 2− x

d) f(x) = x
f ( x + h) − f ( x)
5. Simplifique a expressão (h ≠ 0) considerando
h
cada uma das funções dadas.
a) f(x) = 2 b) f(x) = 3x c) f(x) = x – x2 d) f(x) = 2/x
36  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Gráficos

O plano cartesiano
eixo y

2o quadrante 1o quadrante

origem

eixo x

3o quadrante 4o quadrante

Da mesma maneira que os números reais podem ser representa-


dos por pontos na reta, pares ordenados de números reais  podem
ser representados em um plano denominado plano cartesiano.
O plano cartesiano é formado por duas retas perpendiculares
(uma vertical e uma horizontal) que se cruzam em um ponto chama-
do origem. A reta horizontal é denominada eixo-x, e a reta vertical,
eixo-y. Os dois eixos dividem o plano em quatro partes, denomina-
das quadrantes.
Cada ponto P do plano cartesia-
no está associado a um par ordenado
(x,y) de números reais x e y, denomi-
nados de coordenadas do ponto. A
coordenada x corresponde à distân-
cia do ponto P ao eixo-y e é também
denominada abscissa; a coordenada
y corresponde à distância do ponto P
ao eixo-x e é também conhecida co-
mo ordenada.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 37

O gráfico de uma função é o conjunto de todos os pontos (x,y)


do plano cartesiano que satisfazem a equação y = f(x). Portanto, o
gráfico de uma função descreve uma curva no plano cartesiano, for-
necendo seu comportamento em todo o domínio, o que facilita muito
o seu entendimento.
É importante observar que gráficos podem ser utilizados para
descrever qualquer equação matemática, bem como qualquer con-
junto de dados que se tenha. No caso de um conjunto de dados, po-
de-se fazer uma distinção entre dados contínuos e dados discretos.
Os dados contínuos têm valores que variam continuamente sobre um
intervalo, enquanto que os dados discretos têm valores que fazem
“saltos” discretos.
Em geral, dados contínuos fornecem gráficos que são curvas con-
tínuas sem interrupção, como podemos ver pelo exemplo a seguir.

EXEMPLO 1 Vamos retomar o exemplo da árvore, visto na se-


ção anterior (Exemplo 4). Se chamarmos de y a altura (em metros) e
x o tempo (em anos), poderemos representar a relação entre as duas
variáveis pela equação algébrica y = x, pois a árvore sempre terá
tantos metros de altura quantos forem seus anos.
A representação geométrica desta função é feita do seguinte modo:
no eixo-x marcamos, da esquerda para a direita, os anos e repre-
sentamos, por exemplo, o tempo de 1 ano com o comprimento de 1
cm. Sobre o eixo-y marcamos, de baixo para cima, os metros, repre-
sentando 1 metro com o comprimento de 1 cm.
Assim, temos os seguintes pontos:
– para 1 ano teremos 1 metro: ponto A
– para 2 anos teremos 2 metros: ponto B
– para 3 anos teremos 3 metros: ponto C
Desta maneira, a linha reta OP repre-
senta graficamente a função “altura da
árvore”.
38  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Agora, dados discretos fornecem gráficos formados por pontos


isolados, como podemos ver através do exemplo a seguir.

EXEMPLO 2 A tabela abaixo mostra um conjunto de valores


para a pressão de vapor do etanol em função da temperatura. Colo-
que estes pontos num gráfico com a temperatura no eixo das abscis-
sas e a pressão de vapor no eixo das ordenadas.

Temperatura (°C) Pressão (torr.)


25,0 55,9
30,0 70,0
35,0 97,0
40,0 117,5
45,0 154,1
50,0 190,7
55,00 241,9

Solução

O gráfico consiste de 7 pontos, um ponto para cada uma das tem-


peraturas entre 25oC e 55oC. A coordenada T de cada ponto é a
temperatura e a coordenada P é a pressão de vapor do etanol nessa
temperatura.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 39

EXEMPLO 3 Trace o gráfico da função y = 2x + 3.


Solução
A maneira mais simples para traçar o gráfico de uma equação qual-
quer é construir uma tabela com as coordenadas de vários pontos
que satisfaçam a equação. Em particular, o mesmo raciocínio se
aplica para gráficos de funções. Por exemplo,
x = 0 ⇒ y = 2(0) + 3 = 3
o que significa que o ponto (0,3) pertence ao gráfico da função.

x y = 2x + 3
–2 –1
–1 1
0 3
1 5
2 7

De acordo com a tabela, os pontos (–2, –1), (–1,1), (0,3), (1,5) e


(2,7) satisfazem a função. Colocando esses pontos no plano carte-
siano, podemos observar que estes são colineares e, portanto, o grá-
fico da função é uma reta que passa pelos cinco pontos.

OBS.: A técnica de traçar um gráfico, apresentada no exemplo 3,


é bem simples de usar, mas apresenta algumas desvantagens: se o
número de pontos não for suficiente, a forma do gráfico pode não
ser representada de maneira adequada.
Por exemplo, se tivermos os quatro pontos da figura abaixo,
qual é a maneira correta de ligar os pontos?
40  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

 
Se não tivermos mais informações a respeito, poderemos esco-
lher qualquer um dos gráficos descritos abaixo.

Levando em conta a observação anterior, é necessário um cui-


dado maior ao esboçar o gráfico de uma equação qualquer. Uma
maneira de minimizar os problemas, quando estivermos trabalhando
com o esboço de um gráfico, é utilizar os pontos de interseção deste
com os eixos coordenados. Persistindo a dúvida, aumente o número
de pontos até visualizar bem o comportamento da curva.
Na figura abaixo podemos notar dois gráficos de equações que
apresentam interseções com o eixos coordenados e um gráfico que
não intercepta nenhum dos eixos.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 41

Um gráfico pode então interceptar um eixo uma ou mais vezes


ou ainda não interceptá-lo.
Observando os gráficos acima podemos notar que:
1. Para determinar pontos de interseção com o eixo-x, basta
considerar y = 0 na equação dada e determinar o valor de x.
2. Para determinar pontos de interseção com o eixo-y, basta
considerar x = 0 na equação dada e determinar o valor de y.

EXEMPLO 4 Determine as interseções da equação y = 2x3 – 8x


com os eixos x e y.
Solução
Para determinar os pontos de interseção com o eixo-x, fazemos
y = 0 na equação:
2x3 – 8x = 2x (x2 – 4) = 2x (x + 2)(x – 2) = 0
=> x = 0, x = –2 ou x = 2.
Substituindo esses valores na equação dada obtemos os pontos de
interseção com o eixo-x: (0,0), (–2,0) e (2,0).
Para determinar o ponto de interseção com o eixo-y fazemos
x = 0 na equação e obtemos o ponto (0,0).
42  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Pontos de interseção entre dois gráficos


Um ponto de interseção de dois gráficos é um par ordenado
que representa uma solução para as equações que definem os dois
gráficos simultaneamente. Assim, para determinar os pontos de
interseção dos gráficos das funções y1 = f(x) e y2 = g(x), basta fazer
y1 = y2 e resolver a equação f(x) = g(x).

EXEMPLO 5 Determine os pontos de interseção dos gráficos das


funções y1 = x3 – 3x e y2 = 2x2.
Solução
Para determinar os pontos de interseção igualamos as equações e
calculamos os valores de x.
x3 – 3x = 2x2 ⇒ x3 – 3x – 2x2 = 0
⇒ x(x2 – 2x – 3) = 0
⇒ x = 0 ou x2 – 2x – 3 = 0
⇒ x = 0, x = 3 ou x = –1.
Agora bastar substituir os valores de x encontrados, em uma das
equações, para obter os valores de y. Assim, os gráficos das equações
dadas possuem três pontos de interseção: (0,0), (3,18) e (–1,2).
FUNÇÕES E GRÁFICOS 43

 
y2 = 2 x 2

y1 = x 3 − 3 x

Particularidades do gráfico de uma função


Definimos anteriormente uma função como sendo uma regra
que associa a cada x de seu domínio, um único número real. Assim,
é necessário observar que nem toda curva representa o gráfico de
uma função. Por exemplo, a circunferência x2 + y2 = 1 contém dois
pontos para cada valor de x, –1 < x < 1 e, neste caso, a circunferên-
cia não representa o gráfico de uma função.
Ao esboçar o gráfico de uma função é comum associar o eixo
horizontal à variável independente. Quando utilizamos essa conven-
ção, podemos utilizar um teste, conhecido como teste da reta verti-
cal, para verificar graficamente se uma equação define y como uma
função de x. Assim, podemos averiguar se uma curva no plano xy
representa o gráfico de uma função verificando se toda reta vertical
intercepta a curva em um único ponto.
44  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

O gráfico de uma função f nos oferece uma imagem bastante útil


do comportamento de uma função. Pelo fato da coordenada y de um
ponto qualquer (x,y) sobre o gráfico ser igual a y = f (x), entendemos o
valor f(x) como sendo aquele cuja distância do ponto no gráfico ao
eixo-x vale módulo de f (x) (ver figura abaixo). Além disso, o gráfico
de uma função f permite-nos visualizar o domínio sobre o eixo-x e a
variação (ou imagem) sobre o eixo-y (ver figura abaixo).

Com o Cálculo aprenderemos procedimentos que, além de agi-


lizar nosso trabalho de esboçar gráficos, ajudar-nos-á a traçar curvas
cada vez mais precisas no que diz respeito às informações que delas
possamos obter.

EXEMPLO 6 Sabendo que o domínio de uma função G é a semi-


reta fechada x ≤ 4 e que os valores de G são dados pela fórmula


⎪ −2 x, para x < 0

G ( x) = ⎨ −2, para x = 0
⎪ 2
⎪ , para 0 < x ≤ 4
⎩ x
trace o gráfico de G num plano xy.
Solução
O gráfico da função G é formado por três partes: a primeira, à esquer-
da, é a parte da reta y = -2x, para x < 0; a segunda, é o ponto (0,-2) e a
terceira, à direita, é a parte da hipérbole y = 2/x, para 0 < x ≤ 4.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 45

Note que a circunferência na ori-


gem significa que a origem não
pertence ao gráfico. O círculo só-
1
lido no ponto (4, ) mostra que
2
este ponto pertence ao gráfico de G
e que o gráfico não se estende para
a direita além daquele ponto. O
gráfico se estende indefinidamente
para a esquerda e indefinidamente
para cima, próximo do zero.

EXEMPLO 7 O gráfico de uma


função f está descrito na figura ao
lado.
(a) Encontre os valores de f(2) e
(a) f(6);
(b) Determine o domínio e a varia-
(b) ção (imagem) da função f.

Solução
(a) o ponto (2,4) está sobre o gráfico de f , o que implica que o valor
de f para x = 2 é igual a f(2) = 4; ou seja, o ponto (2,4) está 4
unidades acima do eixo-x. Para x = 6, o ponto sobre o gráfico,
que corresponde a esse valor está abaixo do eixo-x, aproxima-
damente 2 unidades, e assim f(6) ≈ -2.
(b) f(x) está definida quando 0 ≤ x ≤ 7 e assim, o domínio de f é o in-
tervalo fechado [0,7]. Agora, os valores de f variam de -2 até 4 e,
portanto, a variação (imagem) de f é o intervalo fechado [-2,4].

Antes de continuarmos nosso estudo sobre funções, cabe aqui


uma observação.
46  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Considere uma função y = f (x),


cujo gráfico encontra-se representa-
do na figura ao lado. Do ponto de
vista matemático, o ponto A(x1, y1)
pertence ao gráfico da função (suas
coordenadas satisfazem a função y
= f (x)) e o ponto B(x2, y2) é um
ponto do plano cartesiano que não
tem relação com a função.
Quando x e y representam grandezas físicas, existe uma pequena
diferença na interpretação dos pontos do plano cartesiano. Considere,
por exemplo, a lei de Boyle dos gases ideais que é representada pela
equação:
K
P= ou PV = K
V
onde K é uma constante que depende da massa e da temperatura.
A representação da lei de Boyle no plano cartesiano P × V está
descrita na figura abaixo.

No caso da lei de Boyle, um ponto do plano cartesiano repre-


senta um estado para o sistema, e a função P = f (V ) reúne o con-
junto de pontos (estados) que têm uma propriedade em comum (no
caso aqui, a mesma temperatura, supondo a massa constante). É por
isso que a equação PV = K é denominada de Equação de Estado.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 47

No gráfico anterior, os pontos 1, 2 e 3 representam estados dis-


tintos de um gás ideal, onde os estados 1 e 3 encontram-se em uma
mesma temperatura, diferente daquela do estado 2. Assim, para os
estados 1 e 3 podemos escrever:

1 1 = K e PV
PV 3 3 =K

enquanto que para o estado 2 temos que:

P2V2 = K1 com K1 ≠ K .

Um problema freqüente, que aparece em muitas situações práti-


cas, é o da determinação do valor de uma grandeza partindo do co-
nhecimento do valor de outra, ou porque esta última é de medida
mais fácil ou porque antecede no tempo. Outra situação que pode
ocorrer é a necessidade de se verificar se existe ou não uma relação
entre duas ou mais variáveis, como por exemplo, a pressão de um
gás e sua temperatura conseqüente ou a resistência de um aço e seu
acabamento superficial.
Na Física e na Química freqüentemente nos deparamos com o
problema de, coletados dados (pontos) em laboratório e após distri-
buí-los num sistema cartesiano, querermos saber qual a melhor reta
(ou curva) que se ajusta à esses dados e assim ser possível responder
a todas as indagações anteriores. No exemplo 2 desta seção, apresen-
tamos um conjunto de valores para a pressão de vapor do etanol, em
função da temperatura, distribuídos em um sistema cartesiano com a
temperatura no eixo das abscissas (variável independente) e a pres-
são de vapor no eixo das ordenadas (variável dependente), conforme
a figura abaixo:
48  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

 
Observe que a representação gráfica obtida é um conjunto de
pontos isolados. No nosso curso utilizaremos um programa de com-
putador para determinar uma reta ou uma curva que melhor se ajuste
a esses dados, a fim de representá-los matematicamente e, mais tar-
de, no curso de Estatística, estudar com maiores detalhes a teoria
envolvida nesse processo (regressão linear), uma vez que nosso
objetivo aqui é, por enquanto, saber obter corretamente todas as in-
formações contidas em um gráfico.

EXERCÍCIOS 1.2

1. Os dados abaixo foram coletados em um experimento sobre a


lactonização do ácido hidroxivalérico a 25˚C, e representam a re-
lação entre o tempo t (em minutos) e a concentração C(t) desse
ácido (em mols por litro) após t minutos. Use os dados para es-
boçar um gráfico aproximado da função concentração e utilize o
gráfico obtido para estimar a concentração após 5 minutos.

t C(t)
0 0,0800
2 0,0570
4 0,0408
6 0,0295
8 0,0210
FUNÇÕES E GRÁFICOS 49

⎧1 − x, x ≤ 1
2. Considere a função f definida por f ( x ) = ⎨ 2 .
⎩ x , x >1
Calcule f(0), f(1) e f(2) e faça um esboço do gráfico.

3. Determine uma fórmula matemáti-


ca para a função f cujo gráfico está
descrito ao lado.

4. Dado o gráfico da função f ao lado:


a) Determine o valor de f(-1);
b) Faça uma estimativa do valor de
f(2);
c) Para quais valores de x, f(x) = 2?
d) Faça uma estimativa para os valores
de x para os quais f(x) = 0;
e) Determine o domínio e a variação
(imagem) de f.

5. O gráfico ao lado mostra o


peso de certa pessoa como
uma função da idade. Des-
creva em palavras de que
maneira o peso dessa pessoa
varia com o tempo. O que
você acha que está aconte-
cendo com o peso dessa pes-
soa aos 30 anos?
50  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Tipos de Funções

Função polinomial
Uma função f é uma função polinomial se f ( x) é um polinô-
mio, isto é:
f ( x) = an x n + an−1 xn−1 + ... + a1x + a0 ,

onde os coeficientes a0 , a1 ,..., an são números reais e os expoentes


são inteiros não negativos. Se an ≠ 0 então a função f é dita ser de
grau n.

EXEMPLOS
(a) f ( x ) = 2 x 3 − 3 x 2 + 4 x − 1 (polinomial de grau 3)

(b) f ( x ) = 2 − 4 x 2 (polinomial de grau 2)

(c) f ( x ) = 2 x + 1 (polinomial de grau 1)

(d) f ( x ) = 3 (polinomial de grau 0)

(e) f ( x ) = 0 (não se atribui grau)

Função constante
É uma função polinomial da forma f ( x ) = k , onde k ∈ \ . O
gráfico cartesiano de uma função constante é sempre uma reta para-
lela ao eixo-x e que intercepta o eixo-y no ponto (0, k).
FUNÇÕES E GRÁFICOS 51

Função polinomial de 1o grau


É uma função polinomial da forma f ( x ) = ax + b , com
a , b ∈ \ e a ≠ 0 . O gráfico cartesiano de uma função polinomial
do 1o grau é sempre uma reta de equação y = ax + b , onde a é deno-
minado coeficiente angular ou declividade e b é denominado
coeficiente linear.

OBS.: Numa função polinomial do 1o grau, a razão de variação


de y em relação à variação de x é constante e igual ao coeficien-
Δy
te angular a, isto é, a = .
Δx
52  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Função potência
Uma função da forma f ( x ) = x a , onde a é uma constante, é de-
nominada função potência.
1
f ( x ) = x2 , f ( x ) = x3 , f ( x) = x2 , f ( x ) = x −2

são exemplos de funções potência, cujos gráficos são apresentados


abaixo.

Função racional

Uma função racional é uma função da forma f ( x ) = P ( x ) onde


Q( x)
P(x) e Q(x) são funções polinomiais e Q ( x ) ≠ 0 . Por exemplo:

3x3 − 2 x 2 − 2
f ( x) =
x3 − 1
é uma função racional.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 53

O gráfico de uma função racional pode apresentar retas deno-


minadas assíntota vertical, nos pontos onde o denominador se anula,
e retas denominadas assíntota horizontal se f(x) se aproxima de um
valor finito quando x cresce ou decresce indefinidamente.

EXEMPLO

3x 3 − 2 x 2 − 2
f ( x) =
x3 − 1

 
Função algébrica
Uma função algébrica é uma função que pode ser expressa em
termos de somas, diferenças, produtos, quocientes, potências ou
raízes de polinômios. Por exemplo:
x( x 2 + 5)
f ( x) = 5 x 4 − 2 3 x +
x3 + x

As funções que não são algébricas como, por exemplo, as trigo-


nométricas, exponenciais e logarítmicas, estudadas a seguir, são
chamadas funções transcendentais.

Funções trigonométricas

Quando desejamos modelar matematica-


mente fenômenos de natureza cíclica ou perió-
dica, precisamos dispor de funções com esta
propriedade, ou seja, que se repitam após certo
intervalo de tempo T denominado de período da
função. Considere o círculo unitário trigonomé-
trico de raio r = 1 descrito na figura ao lado.
54  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Considerando OR = y e OQ = x, o valor de x/r define o valor de


cos θ, onde θ é o ângulo PÔQ. Analogamente, o valor de y/r define
o valor de sen θ. Assim, como r = 1, segue que

x = cos θ e y = sen θ

e, portanto − 1 ≤ sen θ ≤ 1 e − 1 ≤ cos θ ≤ 1.


Com isso podemos definir, inicialmente, as funções y = sen x e
y = cos x, para 0 ≤ x ≤ 2π. Todavia, x pode assumir qualquer valor
positivo (basta continuar a rotação no sentido anti-horário indefini-
damente) ou negativo (basta fazer a rotação no sentido horário inde-
finidamente), que as funções seno e cosseno continuam bem defi-
nidas. Assim, a definição das funções seno e cosseno estendem-se
para todo o conjunto dos números reais. Funções desse tipo, cujos
valores se repetem periodicamente, têm um importante papel na
Química, especialmente em sistemas onde existe uma repetição pe-
riódica como, por exemplo, nos cristais onde o padrão de repetição
define a unidade da célula. Os gráficos das funções seno e cosseno
estão descritos nas figuras a seguir.

f(x) = sen x D= \ f(x) = cos x D= \

As funções tangente, cotangente, secante e cossecante são ou-


tras funções trigonométricas úteis que estão relacionadas às funções
básicas seno e cosseno, através das seguintes expressões:
sen x cos x 1 1
tg x = , cotg x = , sec x = , cossec x =
cos x sen x cos x sen x  
FUNÇÕES E GRÁFICOS 55

OBS.: É importante observar que quando estamos trabalhando


com funções trigonométricas, o domínio é um subconjunto de \
e, portanto, as variáveis não podem ser expressas em graus e
sim, em radianos, que são representações reais das medidas angu-
π
lares. Para fazer a conversão, basta usar a relação 1D = rad .
180
Devemos notar que, enquanto as funções seno e cosseno são de-
finidas para todo valor real de x, nenhuma das funções acima tem
como domínio o conjunto dos reais, e elas são indefinidas quando
sen x = 0 ou cos x = 0. Os gráficos de tg x, cotg x, sec x e cossec x
são mostrados nas figuras abaixo.

⎧π ⎫ f(x) = cotg(x) D = \ − {k π}
f(x) = tg(x) D = \ − ⎨ + k π⎬
⎩2 ⎭

⎧π ⎫ f(x) = cossec(x) D = \ − {k π}
f(x) = sec(x) D = \ − ⎨ + k π⎬
⎩ 2 ⎭
56  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Relações importantes

sen2x + cos2x = 1 1 + tg2x = sec2x


1 + cotg2x = cossec2x sen 2x = 2 sen x cos x
cos 2x = cos2x − sen2x sen(a ± b) = sena cosb ± senb cosa
cos(a − b) = cosa cosb + sena senb cos(a + b) = cosa cosb – sena senb

Funções exponenciais
Uma função exponencial é uma função da forma y = ax, onde a
é uma constante positiva, diferente de um (a ≠ 1), denominada base.
Funções dessa forma surgem naturalmente em processos que envol-
vem crescimento ou decrescimento muito rápido. Por exemplo:
crescimento de bactérias, decaimento radioativo, o decrescimento na
concentração do H2 em sua reação com Br2, juros compostos, etc.
O gráfico da função y = ax está descrito nas figuras abaixo, ini-
cialmente para a qualquer e em seguida, para alguns valores especí-
ficos de a.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 57

OBS.:
a) Observe que à medida que a base a se aproxima de 1, os grá-
ficos vão se aproximando da reta horizontal que passa pelo
ponto (0,1). Isso explica porque a base deve ser diferente de
1, pois 1x = 1 para todo x finito e, neste caso, teríamos a fun-
ção constante f(x) = 1.
b) Uma pergunta natural que surge ao nos depararmos com a
definição da função exponencial é: por que a base deve ser
positiva? Observe que se ela pudesse ser negativa, não pode-
ria ser aplicada, por exemplo, a todos os valores de x do tipo
1 1
, n natural. Veja, quando x = temos a 1/2 = a ∉ R se
2n 2
a é negativo. E por outro lado, se a base fosse zero, teríamos
f(x) = 0x = 0 para todo x finito, ou seja, a função nula.
c) Observe ainda que para a > 1, a função y = ax é crescente, y
se aproxima de zero quando x torna-se um número negativo
cada vez menor e y é cada vez maior conforme x vai ficando
cada vez maior.
d) Por outro lado, para a < 1, y = ax é decrescente e y se apro-
xima de zero quando x torna-se um número cada vez maior e
quando x torna-se um número negativo cada vez menor, y
vai ficando cada vez maior.
58  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Propriedades
As propriedades algébricas básicas válidas para ax são as mes-
mas que se aplicam às potências, ou seja, se a e b são constantes
positivas e x, x1 e x2 são números arbitrários, então:

a) a x1 ⋅ a x2 = a x1 + x2 c) ( ab) = axbx
x
b) (a x1 ) x2 = a x1 x2
x x
⎛a⎞ ax −x 1 ⎛1⎞
d) ⎜ ⎟ = x e) a = x =⎜ ⎟
⎝b⎠ b a ⎝a⎠

Existe um número irracional, denominado número de Euler e


representado pela letra e, que quando utilizado como base da fun-
ção exponencial, apresenta propriedades matemáticas muito interes-
santes, que veremos ao longo do curso. Por este motivo, é a base
mais usada nas funções exponenciais, tanto nos estudos teóricos
como nas aplicações. O seu valor é obtido a partir da expressão
x
⎛ 1⎞
⎜ 1 + ⎟ , quando x aumenta infinitamente, e é dado por
⎝ x⎠
e = 2,7182818284590452353602874713527 ...

A função exponencial com base e = 2,71828..., ou seja, a função


f(x) = ex (também denotada por f(x) = exp(x)), é denominada função
exponencial natural, cujos gráficos são apresentados na ilustração a
seguir.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 59

Funções hiperbólicas
As funções hiperbólicas são construídas a partir das funções ex e
–x
e . Elas têm interesse porque apresentam muitas propriedades aná-
logas às das funções trigonométricas e porque aparecem no estudo
de queda dos corpos, cabos suspensos, níveis de energia e outros
tópicos em Ciências.
As funções seno e cosseno hiperbólico são representadas por
y = senh x e y = cosh x e definidas por:
e x − e− x e x + e− x
y = senh x = y = cosh x =
2 2

Os gráficos dessas funções são descritos a seguir.


f(x) = senh(x) f(x) = cosh(x)

Composição de Funções
Existem muitas situações em que uma função depende de uma
variável que, por sua vez, depende de outra, e assim por diante. Po-
demos dizer, por exemplo, que a concentração de monóxido de car-
bono na atmosfera de uma determinada cidade depende da quantida-
de de carros que trafega por ela, porém a quantidade de carros varia
com o tempo. Conseqüentemente, a concentração de monóxido de
carbono varia com o tempo. Nestas situações, compondo-se as fun-
ções de modo apropriado, podemos expressar a quantidade original
como função da última variável. Esse processo é chamado de com-
posição de funções e definido do seguinte modo:
60  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Definição: Sejam g : A → B e f : Im( g ) → C . Definimos a compos-


ta de f com g e denotamos por f D g (lê-se f “bola” g) à função
dada por ( f D g )( x) = f ( g ( x) ) . A função h ( x ) = f ( g ( x ) ) é
chamada função composta de f com g, aplicada em x.

O esquema seguinte ilustra a definição:

Na prática, combinar (compor) duas funções para obter uma


nova, é muito simples: Suponha que y = f (u) = u + 1 e
u = g( x) = x2 . Como y é uma função de u, que é uma função de x,
então y é uma função de x. Assim, temos que:
y = f (u) = f ( g ( x)) = f ( x 2 ) = x 2 + 1 . Vejamos outros exemplos:

EXEMPLO 1 Seja f ( x) = x para x ≥ 0 e g ( x) = x2 + 1 para


todo x real. Determine ( f D g ) e ( g D f ).

Solução
Temos que:

(f (
D g )( x ) = f ( g ( x ) ) = f x 2 + 1 = ) x2 + 1

( g D f )( x ) = g ( f ( x ) ) = g ( ) ( x)
2
x = +1 = x +1.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 61

OBS.:
1. No exemplo anterior você pode observar que f D g ≠ g D f .
Isso acontece na maioria das vezes.
2. A notação f D g significa que a função g é aplicada em pri-
meiro lugar e, em seguida, aplica-se à função f.

EXEMPLO 2 Um estudo das condições ambientais de uma co-


munidade indica que a taxa média diária de monóxido de carbono no
ar será de c( p) = 0,5 p + 1 partes por milhão (ppm), quando a popula-
ção for de p milhares. Estima-se que daqui a t anos, a população da
comunidade será de p(t ) = 10 + 0,1t 2 milhares. Expresse a taxa de
monóxido de carbono no ar como uma função do tempo.

Solução
Como a taxa de monóxido de carbono está relacionada a p pela
equação c( p) = 0,5 p +1 , e a variável p está relacionada à variável t
pela equação p(t ) = 10 + 0,1t 2 , a função composta
c( p(t )) = 0,5(10 + 0,1t 2 ) +1 = 6 + 0,05t 2

expressa a taxa de monóxido de carbono no ar como função da


variável t.

EXERCÍCIOS 1.3

1. Encontre as funções compostas f D g , g D f , f D f e g D g e


determine o domínio de cada uma delas, para cada par de funções
f e g dados.

a) f(x) = 3x2 – x e g(x) = 2x + 1 b) f ( x) = 1 − x e g ( x) = x2


1
c) f ( x ) = e g ( x) = x3 + 2 x d) f ( x) = cos x e g( x) = 1 − x
x
62  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

2. Expresse cada uma das funções dadas como composição de duas


outras funções.

a) F ( x) = (7 − x)3 b) H ( x ) = cos x
1 d) u (t ) = sen t
c) G ( x ) =
x−2
3. Um estudo ambiental realizado em certo município revela que a
concentração média de poluentes no ar será Q ( p ) = 0, 5 p + 19, 4
unidades quando o município tiver p mil habitantes. Calcula-se que
daqui a t anos a população terá p(t ) = 8 + 0,2t 2 mil habitantes.

a) Expresse a concentração de poluentes no ar como função do


tempo.
b) Qual será a concentração de poluentes daqui a 3 anos?
c) Daqui a quanto tempo a concentração de poluentes atingirá o
valor de 5 unidades?

Funções Inversas
Imagine um conjunto formado por todas as funções reais, ou se-
ja, funções cujos domínios e imagens são subconjuntos de \ . Como
em todo conjunto, podemos definir operações e propriedades. As
operações de soma, subtração, produto e divisão já são bem familia-
res entre as funções, ou seja, já estamos acostumados a somar duas
funções, dividir uma pela outra, multiplicar, e assim por diante. Note
que a composição, que acabamos de estudar, é mais uma operação
que podemos fazer com as funções, e por ser uma operação, também
possui propriedades. Dentre elas, destacamos o elemento neutro e o
inverso, que são semelhantes aos das operações de soma e multiplica-
ção em conjuntos numéricos. Veja como são definidos em um conjun-
to de funções:
• Elemento neutro: é uma função que, ao ser composta com
qualquer outra, não altera esta outra. Portanto, o elemento
FUNÇÕES E GRÁFICOS 63

neutro em relação à operação composição, é a função


identidade, denotada por id , e tal que id ( x ) = x, ∀ x ∈ \ .
De fato, para toda função real f, tem-se
( f D id )( x ) = f (id ( x )) = f ( x ) e (id D f )( x ) = id ( f ( x )) = f ( x ) .

• Elemento inverso: dada uma função f, a sua inversa é uma


função g que, ao ser composta com f, resulta no elemento
neutro, ou seja, na função identidade.
No entanto, é importante observar que nem toda função possui
inversa e a condição para que ela seja inversível (possuir inversa) é
que ela seja bijetora (injetora e sobrejetora). Lembramos que uma
função f é sobrejetora quando todo elemento do contradomínio é
imagem de algum elemento do domínio de f (logo, toda função é so-
brejetora sobre sua imagem). Uma função é injetora, ou um a um, se
para diferentes valores de x no domínio de f sempre corresponderem
valores diferentes de y no contradomínio.
Geometricamente, uma função f é um a um se qualquer reta ho-
rizontal interceptar o gráfico da função em um único ponto.
64  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 1 Verifique se a função f ( x ) = x 3 é um a um.

Solução
Na figura ao lado, vemos que
qualquer reta horizontal irá cru-
zar o gráfico de f ( x ) = x 3 em
um único ponto. Portanto a fun-
ção f é um a um.

EXEMPLO 2 Verifique se a função f ( x ) = − x 2 é um a um.

Solução
Na figura ao lado vemos que exis-
tem retas horizontais que cruzam o
gráfico de f em mais de um ponto.
Assim, a função f não é um a um.

OBS.: Observe que toda função crescente e toda função decres-


cente é um a um (verifique). Uma função é dita crescente se os
valores de y aumentam à medida que os valores de x aumentam;
ela é dita decrescente se os valores de y diminuem à medida que
os valores de x aumentam.

Voltemos agora às funções inversas. De maneira simples dize-


mos que a inversa de uma função f é uma função g que “desfaz” a
operação executada pela função f.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 65

f g

x f(x) g(f(x)) = x

Isso é facilmente compreendido quando observamos, por exem-


plo, a tabela abaixo, que fornece os dados de um experimento no
qual a pressão de vapor do etanol P se apresenta como uma função
da temperatura T, ou seja, P = f (T).

Pressão P = f(T) (torr.) na


Temperatura T (˚C) temperatura T
25,0 55,9
30,0 70,0
35,0 97,0
40,0 117,5
45,0 154,1
50,0 190,7
55,00 241,9

Suponha que, em outra situação qualquer, estejamos interessa-


dos em saber como é que a temperatura T varia como função da
pressão P. Essa nova função é denominada de função inversa de f e
será aqui denotada por g. Dessa forma, T = g(P) é a temperatura
necessária para a pressão de vapor do etanol atingir determinado
valor P. Os valores de g podem ser encontrados consultando a tabela
abaixo ou olhando ao reverso a tabela anterior.
66  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Pressão P (torr.) Temperatura T = f –1(P) (˚C) necessária


para a pressão atingir o valor P
55,9 25,0
70,0 30,0
97,0 35,0
117,5 40,0
154,1 45,0
190,7 50,0
241,9 55,00

Na linguagem formal matemática, a inversa de uma função f é


assim definida:

Definição: Seja f uma função bijetora cujo domínio é A e ima-


gem (variação) é B. Então, definimos sua função inversa, denota-
da por f –1, cujo domínio é B e imagem (variação) A, por
f –1(y) = x ⇔ f(x) = y
para todo y em B.

–1
CUIDADO!!!! Observe que o –1 do f não é um expoente, ou
1
seja, f −1 ( y ) não significa .
f ( y)

1 −1
Agora, pode ser escrito como ⎡⎣ f ( x ) ⎤⎦ .
f ( x)

As seguintes relações são importantes:


domínio de f –1 = variação (imagem) de f
variação (imagem) de f –1 = domínio de f

RESULTADO: Como a composta de uma função com a sua


inversa resulta na função identidade, segue que, se f é uma função
bijetora com domínio D e variação (imagem) I, e g = f –1 é uma fun-
ção com domínio I e variação (imagem) D é a inversa de f, então:
FUNÇÕES E GRÁFICOS 67

a) g(f (x)) = x, para todo x em D.


b) f (g (x)) = x, para todo x em I.
Na prática, para determinarmos a inversa de uma função algé-
brica y = f(x), resolvemos a equação y = f(x) escrevendo x em termos
de y, obtendo uma equação da forma x = g(y). Se as duas condições
g (f(x)) = x e f (g (x)) = x estiverem satisfeitas, então g é a inversa f –1
procurada.

EXEMPLO 3 Encontre a inversa de f(x) = 3x – 5.


Solução
y+5
Resolvendo a equação y = 3x – 5 para x, obtemos x = .
3
y +5
A inversa da função dada é, portanto, a função x = f −1 ( y ) = .
3
Verificamos então as condições
f − 1 ( f ( x )) = x e f ( f − 1 ( x )) = x

3x − 5 + 5
(a) f −1 ( f ( x ) ) = f −1 ( 3 x − 5 ) = =x.
3

⎛ x +5⎞ x+5
( )
(b) f f −1 ( x ) = f ⎜
⎝ 3 ⎠
⎟ = 3⋅
3
−5= x .

EXEMPLO 4 Determine a inversa da função f(x) = 4 – x2 defini-


da para x ≥ 0.
Solução
Resolvendo a equação y = 4 – x2 para x, obtemos a equação
x = ± 4 − y . Como f está definida para x ≥ 0, tomamos o sinal posi-
tivo, para obter a fórmula f −1 ( y ) = 4 − y para a inversa.

Domínio de f –1 = Imagem (variação) de f = (-∞,4]


Imagem (variação) de f –1 = domínio de f = [0,+∞).
68  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Gráfico da função inversa

Uma relação interessante entre o gráfico de uma função f e o


gráfico de sua inversa f –1 é que ambos são simétricos (reflexões um
do outro) em relação à reta y = x. Observe que b = f (a) equivale a
f –1(b) = a e isto implica que o ponto (a,b) está no gráfico de f se, e
somente se, o ponto (b,a) está no gráfico de f –1. Desse modo, uma
maneira de obtermos o gráfico da inversa de uma função f, é utili-
zarmos o gráfico de f e fazermos uma reflexão do mesmo em relação
à reta y = x.

EXEMPLO 5 Se f(x) = 2x + 5, calcule sua inversa e faça os


gráficos de f, da inversa e da reta y = x em um mesmo sistema de
coordenadas.
Solução
y −5
y = 2x + 5 ⇔ 2x = y − 5 ⇔ x = = g ( y ).
2
Portanto, a inversa de f, escrita como função de x, é dada por
x−5
f −1 ( x) = , o que pode ser verificado através das composições
2
de ambas:
FUNÇÕES E GRÁFICOS 69

2x + 5 − 5 2x
f −1 ( f ( x)) = f −1 (2 x + 5) = = = x, ∀ x ∈ \
2 2
x−5 x−5
f ( f −1 ( x )) = f ( ) = 2( ) + 5 = x − 5 + 5 = x, ∀ x ∈ \.  
2 2

EXEMPLO 6 Se f ( x) = xn , então f −1 ( x) = n x , ∀ n ∈ `, n ≥ 2 .

Vejamos dois casos particulares:

f ( x) = x 2 ⇒ f −1 ( x) = x .

⎪⎧ f ( f ( x)) = f ( x ) = ( x ) = x, ∀ x ≥ 0
−1 2
De fato, ⎨
⎪⎩ f −1 ( f ( x)) = f −1 ( x 2 ) = x 2 = x, ∀ x ≥ 0.

f ( x ) = x 3 ⇒ f −1 ( x ) = 3 x .

⎧⎪ f ( f −1 ( x)) = f ( 3 x ) = ( 3 x )3 = x, ∀ x ∈ \
De fato, ⎨
⎪⎩ f −1 ( f ( x)) = f −1 ( x3 ) = x3 = x, ∀ x ∈ \.
3

Funções logarítmicas

Se a > 0, a ≠ 1 , então a função exponencial f ( x) = a x é bijetora


(sempre crescente ou decrescente) e, portanto, inversível. Assim, exis-
70  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

te uma função inversa f −1 , denominada função logarítmica de base


a, denotada por f −1(x) = loga x , que, por ser a função inversa, satisfaz

y = f −1 ( x) ⇔ x = f ( y) , ou seja, log a x = y ⇔ ay = x .

As figuras abaixo mostram a função logarítmica para várias ba-


ses e sua relação com a sua inversa – a função exponencial.

OBS.:

a) Como a y é sempre positivo, o domínio da função logarítmi-


ca é o conjunto dos reais positivos.
b) Como a função logarítmica é a inversa da exponencial, sem-
pre teremos:
loga (a x ) = x, ∀x ∈ R e aloga x = x, ∀x > 0 .

Propriedades
As propriedades algébricas básicas da função logarítmica são as
mesmas válidas para logaritmos e são as seguintes: sejam a > 1, b e
c positivos e n qualquer.
(i) loga 1 = 0 (ii) loga a = 1
⎛b⎞
(iii) loga (b.c) = loga b + logac (iv) log a ⎜ ⎟ = log a b − log a c
⎝c⎠

log d b
(v) loga bn = n ⋅ loga b   (vi) log a b = , d > 1 (mudança de
log d a
base)
FUNÇÕES E GRÁFICOS 71

O gráfico da função y = loga x está descrito nas figuras abaixo.

Caso particular: Se a base a é igual ao número de Euler e, en-


tão a função logarítmica é denominada função logarítmica natural
e é representada por f ( x) = ln x = loge x , que é a inversa da função
exponencial natural y = ex. Análogo à exponencial natural, a função
logarítmica natural é a mais usada, dentre as logarítmicas, tanto na
teoria quanto nas aplicações. O logaritmo na base e é denominado
logaritmo natural (ou neperiano). O gráfico de f ( x ) = ln x é apre-
sentado na figura abaixo, juntamente com a sua relação com a inver-
sa, g(x) = ex, a exponencial natural.

OBS.:
1. Tendo em vista que f(x) = ln(x) é a inversa de g(x) = ex,
segue que ln(e x ) = x e eln x = x
2. ln e = 1 e ln 1 = 0.
ln x
log a x = , ∀a > 0, a ≠ 1 .
ln a
72  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

As calculadoras científicas, geralmente, fornecem teclas para


calcular logaritmos decimais e logaritmos naturais. Para calcular
log b x , numa base b qualquer, utilizam uma das seguintes fórmulas:

ln x log x
logb x = ou log b x =
ln b log b

EXEMPLO 1 Na Cinética Química, para uma reação de primeira


ordem reversível, pode ser mostrado que a fração de material rea-
gido x e o tempo t gasto, estão relacionados através da equação
C C
t = ⋅ ln onde C e K são constantes. Ache uma expressão
k C−x
para x como função de t.
Solução
A partir da expressão dada, isolamos o valor de x como uma função
de t.
k
C C k C t⋅ C C
t= ⋅ ln ⇒ t ⋅ = ln ⇒ e C = ⇒ C−x= k
k C−x C C−x C−x t⋅
e C
⎛ ⎞
C 1
⇒ x=C− k
⇒ x = C ⎜⎜ 1 − k ⎟.

t⋅ ⎜ t⋅ ⎟
e C ⎝ e C ⎠

EXEMPLO 2 Determine o valor de x nas expressões dadas.


(a) 23x = 1/8 (b) 3x = 4x (c) log 2 (2x2) = 4
Solução
(a) 23x = 2–3 ⇔ 3x = –3 ⇔ x = –1.
x 0
3x ⎛ 3⎞ ⎛ 3⎞
(b) 3x = 4x ⇒ =1 ⇒ ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ ⇒ x=0
4x ⎝4⎠ ⎝4⎠

(c) log 2 (2x2) = 4 ⇒ 2x2 = 24 ⇒ 2x2 = 16


⇒ x2 = 8 ⇒ x = ± 2 2 .
FUNÇÕES E GRÁFICOS 73

EXEMPLO 3 Encontre os valores de x que satisfaçam as equa-


ções dadas.
2
(a) 2x = 9 (b) 10 x = 7 x (c) log7 (x2) = 3 log7 (2x)

Solução
x
(a) 2 = 9 ⇒
x
2 2 =9
Aplicando log 2 em ambos os lados da igualdade, obtemos:
x
x
log 2 2 2 = log 2 9 ⇒ log 2 2 = log 2 9
2
x
⇒ = log 2 9 ⇒ x = 2log 2 9
2
2
(b) 10 x = 7 x .
Aplicando log 10 em ambos os lados da igualdade, obtemos:
2 x2
log10 10 x = log10 7 x ⇒ x 2 log10 10 = x log10 7 ⇒ = log10 7
x
⇒ x = log 10 7

( ) ( )
(c) log 7 x 2 = 3 log 7 ( 2 x ) ⇒ log 7 x 2 = log 7 ( 2 x ) ⇒ x2 = (2x)3
3

⇒ x2 – 8x3 = 0 ⇒ x2 (1 – 8x) = 0 ⇒ x = 0 ou x = 1/8.

Funções trigonométricas inversas


São funções que seguem o mesmo princípio de todas as outras
inversas, ou seja, desfaz o que a respectiva função fez. Como as
funções trigonométricas não são bijetoras em seus domínios, é ne-
cessário restringi-las a intervalos onde a função seja bijetora. Esta
restrição é arbitrária, porém é mais comum tomarmos os intervalos
mais próximos da origem para definirmos as inversas das trigono-
métricas, como veremos a seguir. Duas notações são utilizadas para
as funções trigonométricas inversas:
arc sen x ou sen –1 x arc cos x ou cos–1 x
arc tg x ou tg–1 x arc cotg x ou cotg–1 x
74  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Estas funções aparecem no estudo das funções trigonométricas,


na resolução de equações e também são necessárias para o cálculo
de certas integrais. Segue abaixo os gráficos das funções trigonomé-
tricas com os domínios restritos e o de suas respectivas inversas com
as especificações dos domínios utilizados.

⎡ π π⎤ ⎡ π π⎤
f : ⎢ − , ⎥ → [ −1,1] f −1 : [ − 1,1] → ⎢ − , ⎥
⎣ 2 2⎦ ⎣ 2 2⎦
x 6 sen x x 6 arc sen x

f : [ 0, π] → [ −1,1] f −1 : [ −1,1] → [ 0, π]
x 6 cos x ’ x 6 arc cos x
FUNÇÕES E GRÁFICOS 75

   
⎛ π π⎞ ⎛ π π⎞
f : ⎜ − , ⎟ → ( −∞, +∞ ) f −1 : ( −∞, +∞ ) → ⎜ − , ⎟
⎝ 2 2⎠   ⎝ 2 2⎠ 
x 6 tg x x 6 arc tg x

   
f : ( 0, π ) → ( −∞, +∞ )   f −1 : ( −∞, +∞ ) → ( 0, π )  
x 6 cotg x x 6 arc cotg x

   
⎡ π⎞ ⎛π ⎤ ⎡ π⎞ ⎛π ⎤
f : ⎢ 0, ⎟ ∪ ⎜ , π ⎥ → ( −∞, −1⎦⎤ ∪ ⎣⎡1, +∞ ) f −1 : ( −∞, −1⎦⎤ ∪ ⎣⎡1, +∞ ) → ⎢0, ⎟ ∪ ⎜ , π ⎥
⎣ 2⎠ ⎝2 ⎦ ⎣ 2⎠ ⎝2 ⎦
x 6 sec x x 6 arc sec x  
76  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

⎡ π ⎞ ⎛ π⎤ ⎡π ⎞ ⎛ π⎤
f : ⎢ − ,0 ⎟ ∪ ⎜ 0, ⎥ → ( −∞, −1⎦⎤ ∪ ⎣⎡1, +∞ ) f −1 : ( −∞, −1⎦⎤ ∪ ⎣⎡1, +∞ ) → ⎢ ,0 ⎟ ∪ ⎜ 0, ⎥
⎣ 2 ⎠ ⎝ 2⎦ ⎣2 ⎠ ⎝ 2⎦
x 6 cossec x x 6 arc cossec x

EXERCÍCIOS 1.4

1. a) O que é uma função um a um?


b) A partir do gráfico, como dizer se uma função é um a um?
c) Seja g uma função um a um com domínio D e variação (ima-
gem) I. Como é definida a função inversa g–1? Qual o domínio
de g–1? Qual a variação de g–1?
d) Se for dada uma fórmula matemática para f, como você en-
contrará uma fórmula matemática para f –1?
e) Se for dado o gráfico de f, como você encontrará o gráfico de
f –1?

2. Resolva as equações dadas, para escrever x como função de y.

a) y = 3x – 2 b) y = (3x + 2)3 + 1 c) y = 2 + x −1

d) y = 2 − 3 x e) y = 1 − x 3 2
f) y = + 2 para x ≠ 2
x−2
FUNÇÕES E GRÁFICOS 77

3. Determine a inversa de cada função dada e dê sua expressão


como uma função de x.

a) f ( x) = 1
b) f ( x ) = ( 3 x + 2)3 c) f ( x) = 3 + ( x − 2 )5
x−3
1
d) f ( x) = ( x 2 + 1) 2 e) f ( x) = 2 − 4 x2 , x ≤ 0 f) y = 1 − x 2 , 0≤ x<1

4. Uma função constante tem inversa? Explique.

5. Dado o gráfico de f ao
lado: a) Explique por que
f é um a um; b) Determine
o domínio e a variação de
f –1; c) Faça uma estimati-
va para o valor de f –1(1);
d) Use o gráfico de f dado,
para esboçar o gráfico de
f –1.

5
6. A fórmula C = ( F − 32 ) , para f ≥ – 459,67 nos dá a tempera-
9
tura C em graus Celsius como uma função da temperatura F em
graus Fahrenheit. Encontre uma fórmula para a função inversa e
faça uma interpretação para a função encontrada. Determine o
domínio da função inversa.

7. Resolva as seguintes equações em x.

a) 2 log ⎛⎜ ⎞⎟ = 1
x
b) log 2 ⎛⎜ ⎞⎟ = 5
1 c) log [ x ]2 = 16
⎝3⎠ ⎝x⎠

d) log x = 3
78  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

8. Determine todos os valores de x que satisfaçam as equações dadas.

( ) 1
x
a) 10 x = 10 b) 2 x 4 x8 x =
16

c) 16 x = 2 d) x x − 2 = 1

e) 23 x = 7 (use o logaritmo na base 2)

( )
f) 4 x = 5 8 x (use o logaritmo na base 2)

g) ( 0,001) = 2 (use o logaritmo na base 10)


x

2 1000 x
h) 10 x = (use o logaritmo na base 10)
100
i) log x = log5 x ( )
j) log 2 ( x + 1) − log 2 x 2 + 2 x + 1 = 4

9. Uma cultura de bactérias cresce segundo a lei N (t ) = α10λt ,


onde N(t) é o número de bactérias em t horas, t ≥ 0, e α e λ são
constantes estritamente positivas. Se após 2 horas o número ini-
cial de bactérias, N(0), é duplicado, após 6 horas qual será o
número de bactérias?

10. Suponha que uma determinada substância radioativa se desinte-


gre de acordo com a função q (t ) = q0 ⋅ 2 −0,05t , onde q(t) é a
quantidade após t anos, q0 é a quantidade inicial e t é o tempo de-
corrido, em anos. Sabemos que a quantidade da substância está
reduzida à metade da quantidade inicial. Quanto tempo já passou?
FUNÇÕES E GRÁFICOS 79

Modelos Matemáticos
Um modelo matemático é uma descrição matemática – geral-
mente através de uma função ou de uma equação – de um fenômeno
qualquer da natureza: a velocidade de um objeto em queda livre, a
concentração de um produto em uma reação química, etc. O modelo
matemático serve para entender e/ou predizer um comportamento
futuro de um fenômeno qualquer.

Modelos lineares
Uma função linear de x é uma função da forma y = f(x) = mx + b,
cujo gráfico é uma reta. Seu coeficiente angular é dado por m e o coe-
ficiente linear, por b. Uma característica importante das funções linea-
res é que elas variam a uma taxa constante, como mostra o gráfico da
função linear f(x) = 2x + 1 e a tabela de valores para f(x).

x f ( x ) = 2x +1
1 3
1,1 3,2
1,2 3,4
1,3 3,6
1,4 3,8

Observe que quando x recebe um acréscimo de 0,1, o valor de f(x)


aumenta 0,2 unidades, ou seja, f(x) cresce duas vezes mais rápido do
que x. Dessa forma, o coeficiente angular do gráfico de f, m = 2, pode
ser interpretado como a taxa de variação de y em relação à x.
Existem fenômenos da natureza para os quais uma determinada
lei física ou princípio permite-nos formular um modelo matemático
para descrevê-los, como podemos ver pelo exemplo a seguir.
80  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 1 À medida que o ar seco se move para cima, ele se


expande e esfria. Se a temperatura do solo for de 20˚C e a tempera-
tura a uma altura de 1 km for de 10˚C:
(a) Expresse a temperatura (em ˚C) como uma função da altura h
(em km), supondo que um modelo linear seja apropriado.
(b) Esboce o gráfico para a função obtida na parte (a).
(c) Qual é a temperatura a 2,5 km de altura?
Solução
(a) Por hipótese, T é uma função linear, então, temos que T = mh + b.
Ainda, T = 20 quando h = 0 ⇒ 20 = m.0 + b = b ⇒ b = 20,
ou seja, a reta intercepta o eixo das ordenadas em 20.
T = 10 quando h = 1 ⇒ 10 = m.1 + 20 ⇒ o coeficiente angular
da reta é, portanto, m = –10. Assim, a função linear procurada é
T = –10h + 20.
(b) O gráfico de T como função de h é

O coeficiente angular da reta é m = –10 ˚C/km e representa a taxa de


variação da temperatura em relação à altura, ou seja, para cada 1 km
que a altura aumenta, a temperatura decresce de 10˚C.
(c) Para uma altura de h = 2,5 km, a temperatura é de
T = –10(2,5) + 20 = –5˚C.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 81

Agora, quando não existe uma lei física ou um princípio que nos
auxilie na formulação de um modelo, utilizamos os dados coletados
em um determinado experimento para que possamos construir um
modelo empírico, ou seja, buscamos uma curva que se ajuste aos
dados com o objetivo de captar o comportamento dos pontos obtidos
empiricamente. É o que veremos no exemplo a seguir.

EXEMPLO 2 A tabela abaixo fornece os níveis médios de dióxido


de carbono na atmosfera, medidos em partes por milhão (ppm), no
observatório de Mauna Loa, de 1972 a 1984.

Ano Nível de CO2 (em ppm)


1972 327,3
1974 330,0
1976 332,0
1978 335,3
1980 338,5
1982 341,0
1984 344,3

Use os dados para determinar um modelo para o nível de dióxido de


carbono.
Solução
Utilizando os dados da tabela, construímos um mapa de dispersão
onde t representa o tempo (em anos) e C o nível de CO2 (em ppm).
82  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

C
346

344

342

340

338

336

334

332

330

328

326 t

1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984

Podemos notar que os pontos obtidos no gráfico estão bastante pró-


ximos de uma reta e, assim, um modelo linear parece ser o mais
indicado nesse caso. É necessário salientar que existem várias possi-
bilidades de escolha de uma reta para aproximar esses pontos. As-
sim, a primeira pergunta seria “essa é realmente a reta que melhor
se ajusta a esses dados?” Escolhendo dois pontos quaisquer, por
exemplo, (1978; 335,3) e (1982; 341) teríamos uma possibilidade
para a escolha de uma reta que se ajuste aos dados. Nesse caso, o
coeficiente angular dessa reta é:

341 − 335,3 5,7


= ≈ 1,425
1982 − 1978 4

e sua equação é dada por

C – 335,3 = 1,425 (t – 1978)


C = 1,425t – 2483,35
que nos fornece um modelo linear possível para o nível de dióxido
de carbono (ver figura a seguir).
FUNÇÕES E GRÁFICOS 83

C
346

344

342

340

338

336

334

332

330

328

326 t

1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984

Apesar desse modelo ajustar-se razoavelmente aos dados, não temos


certeza se é a melhor reta que representa estes dados. Utilizando um
procedimento de estatística, denominado de regressão linear, po-
demos obter o melhor modelo linear (esse procedimento será visto
com maiores detalhes no curso de Estatística). Podemos usar vários
programas gráficos para ajustar uma curva a um conjunto de dados
obtido empiricamente. No caso da regressão linear, a máquina for-
nece o coeficiente angular e o intercepto da reta obtida.
C
346

344

342

340

338

336

334 C = -2472,56786+1,41964t
332

330

328

326 t

1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984

O gráfico obtido, através da reta de regressão, fornece um ajuste


mais adequado para o nosso modelo linear.
84  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Utilizando o modelo linear obtido no exemplo anterior, pode-


mos tanto estimar o nível médio de CO2 em qualquer ano, por e-
xemplo, 1985, quanto predizer o seu nível para o ano 2004. Utili-
zando a equação obtida no exemplo anterior C = –2472,56786 +
1,41964t com t = 1985, conseguimos uma estimativa para o nível
médio de CO2.

C = –2472,56786 + 1,41964(1985) ≈ 345,4175 ppm.

O procedimento de estimar valores entre valores observados é


denominado de interpolação. Agora, para t = 2004 obtemos:

C(2004) = –2472,56786 + 1,41964(2004) ≈ 372,3907 ppm.

O procedimento de “prever” um valor fora da região de obser-


vações é denominado de extrapolação. É necessário alertar quanto a
se estar menos seguros, nesse caso, sobre a precisão dessa predição.

Uso do computador
Nesta seção vamos considerar que tenhamos acesso a um com-
putador com um software gráfico qualquer (ou a uma calculadora
gráfica).
Observamos que existem muitos programas (softwares) que
possibilitam fazer o gráfico de funções e realizar uma série de estu-
dos sobre elas. Dentre eles, citamos o Graphmatica e o Winplot, que
são programas fáceis de usar e que atendem bem às necessidades do
Cálculo neste estágio. Podem ser obtidos nos endereços listados nas
referências [25] e [24], respectivamente. Um material de apoio para
o uso do Graphmatica pode ser obtido na referência [22], enquanto
que para o Winplot, na referência [26].
O uso do computador para esboçar o gráfico de funções e resol-
ver problemas é importante e necessário, especialmente naqueles
casos em que as funções apresentam alto nível complexidade algé-
brica. Todavia, seu uso só será proveitoso se estivermos atentos a
alguns contratempos que essas máquinas podem ocultar. É impor-
FUNÇÕES E GRÁFICOS 85

tante ressaltar que os computadores (assim como as calculadoras


gráficas) podem fazer gráficos de funções bastante precisos. Contu-
do, só através do Cálculo podemos assegurar-nos de interpretar to-
dos os aspectos importantes contidos nesses gráficos.
O programa computacional (qualquer que seja ele) esboça o
gráfico de uma função f de maneira igual ao que faríamos manual-
mente, ou seja, ele plota os pontos da forma (x, f(x)) para um deter-
minado número de valores igualmente espaçados de x entre dois
valores a e b.
Veremos, a seguir, alguns exemplos de gráficos de funções fei-
tos com o auxílio do computador, bem como os possíveis problemas
que podem aparecer e os cuidados que devemos tomar.

EXEMPLO 1 Faça o gráfico da função y = x2 + 10.


Solução
10

0 x
0 2 4 6 8 10

Gráfico elaborado pelo Gráfico elaborado pelo


Origin Graphmatica

Observe que nessa primeira tentativa não fomos muito felizes, uma vez
que a janela onde deveria aparecer o gráfico está em branco. Um mo-
mento de reflexão nos mostra que a variação da função f(x) = x2 + 10 é
dada pelo intervalo [10, +∞), o que significa que o gráfico f está
inteiramente fora da janela retangular [0,10] × [0,10]. Assim, torna-
se necessário modificar os intervalos de variação dos eixos coorde-
nados. Esse é um dos primeiros cuidados que devemos ter ao usar
um software para esboçar um gráfico, seja ele qual for.
86  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

(a)
y
14

12

10

0 x
-2 0 2
-2

Gráfico elaborado com o Gráfico elaborado com o


software Origin software Graphmatica

(b)
y
1000

800

600

400

200

0
x
-30 -20 -10 0 10 20 30

Gráfico elaborado com o Gráfico elaborado com o


software Origin software Graphmatica

Observe que na figura b) a visão do gráfico está melhor, mas não


fica claro que o intercepto y é 10. Dessa forma, é importante saber-
mos escolher corretamente a variação de x e de y que vamos colocar
no gráfico.
O exemplo anterior mostrou que a escolha correta dos intervalos de
variação de x e de y faz uma enorme diferença no aspecto do gráfico.
No próximo exemplo veremos que conhecer antecipadamente o
domínio e a variação (imagem) da função pode auxiliar muito na
elaboração de um gráfico, através de uma visão mais ampla do
mesmo.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 87

EXEMPLO 2 Faça o gráfico da função f ( x) = 4 − x 2 utilizando


para isso, um computador.
Solução
Primeiramente vamos determinar o domínio da função para saber-
mos qual o melhor intervalo de variação para x.
4 – x2 ≥ 0 ⇒ x2 ≤ 4 ⇒ x ≤ 2 ⇒ –2 ≤ x ≤ 2

Portanto, o domínio da função é o intervalo [–2,2]. Para determi-


narmos a variação de y, fazemos o seguinte:

0 ≤ 4 − x2 ≤ 4 = 2 .

Assim a variação de y é dada


pelo intervalo [0,2]. Dessa
forma escolhemos, para a
elaboração do gráfico, o in-
tervalo sobre o eixo-x um
pouco maior que o domínio e
o intervalo sobre o eixo-y, um
pouco maior do que a ima-
gem, obtendo assim o gráfico
da figura ao lado.

Nem sempre o fato de conhecermos o domínio de uma função


y = f ( x ) ajuda na escolha dos intervalos de variação de x e de y,
como veremos no exemplo a seguir.

EXEMPLO 3 Faça o gráfico da função y = x3 – 27x utilizando um


computador.
Solução
O domínio da função dada é \ , o conjunto dos reais, o que não aju-
da muito. Nesse caso, devemos ir tentando várias possibilidades de
escolha para os intervalos de variação de x e de y, até que possamos
88  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

obter uma visão global do gráfico em questão. Iniciamos com um


intervalo [-3,3] para a variação de x e [-2,3] para a variação de y.

(a) (b)
y y

2 2

0 x 0 x
-2 0 2 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

-2 -2

Observe que nesse caso, o gráfico da função quase não aparece na


janela retangular (ver figura (a)). Assim, uma nova tentativa seria
aumentar os intervalos de variação de x para [-10,10], por exemplo.
Agora, podemos observar que o gráfico da figura (b) aparenta ser
formado por retas verticais, mas sabemos que isso não está correto
(por quê?).
y
Isso acontece porque os valores cor- 60

respondentes de f(x) são maiores do 40

que 3 ou menores do que -2. Assim, 20

escolhemos o intervalo [-60,60] para -10 -8 -6 -4 -2


0
0 2 4 6 8 10
x

a variação de y, obtendo dessa forma -20

um gráfico que revela todos os as- -40

pectos principais da função. -60

1
EXEMPLO 4 Faça o gráfico da função y = utilizando para
x −1
isso um computador.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 89

Solução
A figura ao lado mostra o gráfico pro- y

duzido em uma janela [ −5, 5] ∪ [ −5, 5] . 4

Observe que aparece um segmento de 2

reta vertical em x = 1 (assíntota verti- 0 x

cal) que na realidade não faz parte do


-4 -2 0 2 4

gráfico. Esse segmento de reta corres- -2

ponde à restrição relacionada ao do- -4

mínio da função
D = { x ∈ \ : x ≠ 1} .

EXERCÍCIOS 1.5

1. Use um computador ou uma calculadora gráfica para construir o


gráfico das funções dadas, tomando o cuidado para escolher uma
janela apropriada, que permita uma boa visualização do gráfico.

x2 2
a) F ( x ) = +2 b) H(t) = −3 c) f(u) = 2u – 1
2 t
d) f(x) = x4 + 2 e) f ( x) = 4 x − x2 f) f(x) = 0,01x3 – x2 + 3
⎧ 1 − x 2 , para x < 0
g) f ( x) =
x −1
h) f ( x) = 2
1 i) K ( x ) = ⎪⎨ 0, para x = 0
x+2 x −4 ⎪ 2
⎩ −1 + x , para x > 0
j) f(x) = cos (30x) k) y = tg (5x) l) y = e x −1
90  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Interpretação de um Gráfico
Freqüentemente nos deparamos com gráficos e tabelas que pro-
curam retratar uma determinada situação. Em geral, esses gráficos e
tabelas representam funções e, através delas, podemos obter infor-
mações sobre a situação que retratam, bem como sobre as funções
que representam.
Obter informações através de um gráfico é um dos aspectos
mais importantes no estudo de gráficos de funções. Pouco ou nada
adiantaria sabermos traçar um gráfico se não conseguirmos extrair
as informações contidas nele, principalmente quando o mesmo esti-
ver representando uma determinada situação.
Nesta seção começaremos a trabalhar com gráficos, procurando
interpretá-los de maneira correta, buscando coletar as informações
necessárias para a melhor compreensão da situação que os mesmos
estejam retratando.
No decorrer do curso iremos cada vez mais aprimorar essa aná-
lise, à medida que novos conceitos forem sendo introduzidos. Atra-
vés de exemplos, vamos procurar aprender como interpretar corre-
tamente um gráfico e quais as informações que deles podemos obter.

EXEMPLO 1 Observando o gráfico da figura abaixo,

(a) Determine f (0), f (2), f (7) e f (–1);


(b) f (4), f(6) e f (–1/2) são números positivos ou negativos?
(c) f (1) é maior ou menor que f (6)?
FUNÇÕES E GRÁFICOS 91

(d) Para que valores de x, f (x) = 0? Para que valores de x, f (x) ≥ 0?


(e) Para que valor de x a função está crescendo e, para que valor de
x a função está decrescendo?
Solução
(a) Pelo gráfico, obtemos os valores de y para x = 0, x = 2, x = 7 e
x = –1. Assim, f (0) = 1, f (2) = 3, f (7) = –1 e f (–1) = 0.
(b) f (4) é positivo, pois está acima do eixo-x;
f (6) é negativo, pois está abaixo do eixo-x;
f (–1/2) é positivo, pois está acima do eixo-x.
(c) f (1) é maior que f (6), pois f (1) está acima de f (6) no gráfico.
(d) f(x) = 0 para x = –1 e x = 9. Observe que para esses valores, a
curva intercepta o eixo x e tais valores são denominados raízes
da função.
f(x) ≥ 0 para –1 ≤ x ≤ 5 e x ≥ 9.
(e) Para –2,5 < x < 2 e x > 7 a função cresce, ou seja, os valores de y
aumentam à medida que os valores de x aumentam;
Para x < –2,5 e 2 < x < 7 a função decresce, ou seja, os valores de y
diminuem à medida que os valores de x aumentam.

EXEMPLO 2 O gráfico
ao lado descreve a relação
pressão × volume do hidrogê-
nio à temperatura de 25°C
com resultados obtidos em
laboratório.

Analisando o gráfico notamos que quando a pressão do hidrogênio


sobe, seu volume diminui e que o aumento na pressão e a diminuição
no volume ocorrem de tal maneira que o produto pressão × volume
92  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

permanece constante, ou seja, PV = k (constante) onde P = pressão e


V = volume.
Este resultado nada mais é do que a Lei de Boyle para gases sob
temperatura constante.

EXEMPLO 3 O gráfico abaixo descreve o crescimento de uma


cultura de bactérias em relação ao tempo.

Observando o gráfico, podemos obter as seguintes informações:


– inicialmente, o tamanho da população de bactérias era de 20.000;
– à medida que os dias foram passando, houve um aumento signifi-
cativo dessa população;
– após terem passados 5 dias, a população aumentou de 20.000
para 400.000 bactérias.
É claro que se não houvesse um controle no crescimento dessa
população, o número de bactérias cresceria indefinidamente e con-
sideraríamos como domínio o intervalo [0,+∞), o que na prática
não ocorre.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 93

EXERCÍCIOS 1.6

1. Um depósito contém inicialmente 500 litros de água e dispõe de


uma válvula para escoamento na sua parte inferior. Usou-se um
dispositivo para registrar o volume de água a cada instante, a par-
tir do momento em que a válvula foi aberta. Durante a operação
foram obtidos valores que permitiram construir o gráfico do vo-
lume de água (em litros) como função do tempo (min). Observe o
gráfico e responda as questões.

a) Em quanto tempo o depósito foi esvaziado?


b) Decorridos 15 minutos do início da operação, qual o volume de
água existente no depósito?
c) O volume de água permaneceu constante no depósito?
d) Quantos minutos decorreram até que o volume de água existente
no depósito caísse pela metade?
e) Entre quais instantes o volume de água no depósito foi menor
que 100 litros?
94  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

2. O gráfico descrito na
figura mostra o espaço
S (Km) percorrido por
um automóvel em fun-
ção do tempo (minu-
tos). Observe o gráfico
e responda às perguntas

a) Qual o intervalo de tempo em que o carro estava parado?


b) Qual a velocidade escalar média desenvolvida pelo carro entre o
início e o fim da viagem?
c) Quantos quilômetros o carro percorreu em 120 minutos?

3. Na figura abaixo está o gráfico velocidade × tempo do movimen-


to uniformemente orientado de um automóvel que percorre os
120 Km de uma estrada em 6 horas. Observe o gráfico e respon-
da às questões.

a) Descreva o movimento do automóvel durante os 120 km de per-


curso.
b) Como você entende uma velocidade negativa, como a que ocor-
reu entre 9h e 10h? O automóvel andou de marcha-ré? Se a velo-
FUNÇÕES E GRÁFICOS 95

cidade é negativa, então quando o automóvel parou, a velocidade


aumentou? Explique.
c) Mostre em que pontos (hora e velocidade) o automóvel parou.
Em que pontos (hora e velocidade) a velocidade foi máxima e em
que pontos foi mínima?

4. Um reservatório tem capacidade de 300 m3 e recebe constante-


mente 50 m3/h de água para atender ao consumo de uma cidade.
O volume de água no reservatório, de meia-noite até às 10 horas
da manhã é descrito pelo gráfico ao lado. Observando o gráfico,
faça uma descrição do que está ocorrendo com o volume de água
nesse período de tempo.

5. tNa figura ao lado está o gráfico


da vazão (velocidade de escoa-
mento de água) de um reserva-
tório durante um período de 24
horas. Ao final deste período o
reservatório estava mais cheio
ou mais vazio do que no início
do período? Entre 9h e 21h, ex-
plique o fato de nesse intervalo a
vazão ser negativa. Faça uma
descrição do processo todo ocor-
rido nesse intervalo de tempo.
96  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXERCÍCIOS EXTRAS

5− x
1. Sabendo que f ( x) = , determine:
1 − x2
⎛1⎞
a) f ( 0 ) b) f ( −2 ) c) f ⎜ ⎟
⎝ x⎠
d) f (1 − x ) e) f ( x 2 ) f) domínio de f

2. Ache o valor de f ( x ) = 3 x + 2 quando 2x + 1 = 0.

1
3. Dada uma função f ( x) = , x ≠ 0 , mostre que
x
h
f ( h + 1) − f (1) = − e calcule f ( x + 2) − f (2) .
h +1

f ( x + h) − f ( x )
4. Dada a função f (x) = 2x −1 , determine , h ≠ 0,
h
e interprete o resultado obtido.

5. Dada a função f ( x) = (1 − x)( x −1) para −1 ≤ x ≤ 3 :

⎛ −1 ⎞ ⎛1⎞
a) Determine f (2), f ⎜ ⎟ e f ⎜ ⎟ ;
⎝ 2 ⎠ ⎝2⎠
b) Determine o domínio da função dada;
c) Esboce o gráfico de f ( x ) ;

d) Determine f (1 − x ) e ache seu domínio.

6. Determine o domínio das funções abaixo.


2x 2− x
a) y = 4 − 3x − 4x
2 b) y = c) y =
x +1 3+ x
2− x
d) y = e) y = 2 − x − 2 , − 3 ≤ x ≤ 4
x2 − 4
FUNÇÕES E GRÁFICOS 97

7. Esboce o gráfico das funções abaixo utilizando um computador.


2− x
a) y = (1− x) b) y = − (1 − x )
3 3
c) y =
3+ x
2− x
e) y = 2 − x
3
d) y =
x2 − 4
⎧ −2, para x < 0 ⎧ x 2 − 1, para x < 1

f) y = ⎨⎪ 1, para x = 0 g) y = ⎨ 1, para x = 1
⎪ x , para x > 0 ⎪ 2
⎩ ⎩1 − x , para x > 0

8. Sabendo que a função g( x) é do primeiro grau e que g (−1) = 2 e


g (2) = 3 , determine a função g ( x ) .

9. Quando colocamos gasolina no nosso carro, o preço p a pagar e a


quantidade de litros são variáveis que se relacionam.
a) O preço p a pagar depende da quantidade q de litros?
b) Neste caso, qual a variável independente?
c) Qual é a variável dependente?

10. A fórmula d = A 2 permite calcular a medida d da diagonal de


um quadrado em função da medida A do lado. Expresse uma
fórmula matemática que permita calcular a área S em função da
medida d da diagonal.

11. A lei de Boyle estabelece uma relação entre o volume e a


pressão de um gás a temperatura constante (PV = k). Se
levássemos em conta a variação da temperatura, esta lei seria
PV = 62,4 n Tk torr/litro onde Tk é a temperatura em K e n o
número de moles do gás.
(Tk = T + 273, T = temperatura em °C).
98  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

17035,2n 62,4n
a) Mostre que P = + T.
V V
b) De a), observa-se que PV = 62,4 n Tk. Mantendo-se a pressão
V
constante, mostre que V = V0 + 0 T onde V0 é o volume do
273
gás a 0°C.
c) Determine a pressão de 5 moles de gás, cujo volume é 120 litros
a uma temperatura de 310 K.
d) Qual a temperatura em graus centígrados de 2 moles de gás a
uma pressão de 650 torr, sendo o volume igual a 40 litros?

12. Responda as questões abaixo.


a) Para que valores de x a função y = f ( x) = 2 x − 6 é negativa?

b) Determine k de modo que a função f ( x) = kx 2 + ( 2k + 3) x + k


seja negativa para todo x real.
x+3
c) Quais os valores de x tornam positiva a função f ( x) = ?
x −1
d) Dada a função f(x) = x2+1, calcule os valores de x para que se
tenha f ( x + 2 ) < f ( 2 ) .

13. Uma bola é abandonada a 100m do solo. Em qualquer instante


da queda, a altura da bola em relação ao solo é dada, em metros,
por h(t) = 80 – 5t2, onde t (em seg.) é o tempo que se passou
após ter sido abandonada.
a) Qual é a altura da bola 1 segundo após ser abandonada? E após
2 segundos?
b) Depois de quantos segundos ela se choca com o solo?
FUNÇÕES E GRÁFICOS 99

14. O comprimento de uma barra de metal varia com a temperatura


T, de acordo com a equação L (T ) = 100 + 0, 0001T (T em °C e
L em cm).
a) Qual é o comprimento dessa barra a 10°C?
b) A que temperatura o comprimento é de 100,01 cm?

15. Um corpo é lançado obliquamente, a partir da superfície da


terra, com velocidade inicial. Desse modo, descreve uma
trajetória parabólica que é representada pela função
y = x − 0,1x 2 (x e y em metros).
a) Calcule a altura máxima atingida por esse corpo;
b) Obtenha a distância horizontal que o corpo percorre até
encontrar novamente o solo.

16. De acordo com o Handbook of Chemistry and Phisics, a


densidade D(T) do ar seco a uma pressão de 76 cm de mer-
cúrio e a uma temperatura de T graus centígrados é
0,001293
D (T ) = gr/ml .
1 + 0,00367T

a) Qual a densidade a 10°C? E a 50°C?


b) A densidade cresce ou decresce, quando a temperatura cresce?

17. Um tanque de água tem a forma de um cone circular reto, com


seu vértice apontando para baixo. O raio do topo é igual a 9 me-
tros, e a altura do tanque é de 27 metros. Exprima o volume da
água no tanque como função de sua profundidade.

18. Um monte de areia tem a forma de um cone circular reto, for-


mando um ângulo de 60° em seu vértice.
a) Exprima o volume do monte como função de sua altura;
b) Exprima a altura do monte como função de seu volume.
100  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

19. Em bioquímica, no estudo da cinética das enzimas, encontramos


⎛K⎞ 1
uma função linear da forma f ( x) = ⎜ ⎟ x + , onde K e V são
⎝V ⎠ V
constantes.
a) Se f ( x) = 2x + 50 , encontre K e V tal que f(x) pode ser escrito na
⎛K ⎞ 1
forma f ( x) = ⎜ ⎟x+V ;
⎝V ⎠
b) Ache as interseções com o eixo-x e com o eixo-y da reta
⎛K⎞ 1
y = ⎜ ⎟ x + , em termos de K e V.
V
⎝ ⎠ V

20. As constantes K e V do exercício anterior, freqüentemente são


determinadas através de dados experimentais. Suponha que uma
reta passa pelos dados experimentais e intercepta o eixo-x em
(–500,0) e o eixo-y em (0,60). Determine K e V tal que a reta é o
⎛K⎞ 1
gráfico da função f ( x) = ⎜ ⎟ x + .
⎝V ⎠ V

21. Numa viagem, a velocidade escalar média (v) desenvolvida por


um automóvel é inversamente proporcional ao tempo (t) que ele
gasta. A 60 km/h são necessárias 10h para cobrir todo o percurso.
a) Escreva v como função de t.
b) Qual é a constante de proporcionalidade?
c) A uma velocidade de 80 km/h, quanto tempo vai durar a
viagem?

22. A equação virial pode ser aproximada a baixa pressão por


⎛ B ⎞
PVm = RT ⎜1 + ⎟ onde P é a pressão, Vm é o volume molar, T
⎝ Vm ⎠
é a temperatura, R é a constante do gás e B é o segundo coefi-
ciente virial. Expressar B como uma função explícita das ou-
tras variáveis.
FUNÇÕES E GRÁFICOS 101

23. A lei de Kohlrausch para a condutividade molar Λm de um ele-


trólito forte a baixa concentração C é Λm = Λ0m – K C onde
Λ0m é a condutividade molar a diluição infinita e K é uma cons-
tante. Expresse C como uma função explícita de Λm. Explique
como K e Λ0m pode ser obtido graficamente dos resultados das
medidas de Λm com a variação da concentração C.

KP
24. A isoterma de adsorção de Langmuir θ = dá a cobertura
1 + KP
fracionária de uma superfície pelo gás adsorvido à pressão P,
onde K é uma constante. Expresse P em termos de θ.

⎛ n2 a ⎞
25. Dada a equação de Van der Waals ⎜ P + 2 ⎟ (V − nb) − nRT = 0
⎝ V ⎠
onde P é a pressão, V o volume, T a temperatura, R a constante
do gás, a e b são constantes. Expresse T como função de P e V e
P como função de V e T.

26. A constante de acidez Ka de um ácido fraco a uma concentração


α 2C
C é dado por K a = onde α é o grau de ionização. Expres-
1− α
se α em termos de Ka e de C (lembre que α, Ka e C são quanti-
dades positivas)

εr − 1 ρ N A ⎛ μ2 ⎞
27. A equação de Debye = ⎜ α + ⎟⎟ relaciona a
ε r + 2 M 3ε0 ⎜⎝ 3kT ⎠
permissividade relativa (constante dielétrica) εr de uma substân-
cia pura ao momento dipolo μ e polarizabilidade α de molécu-
las constituintes, onde ρ é a densidade a uma temperatura T e
M, NA, k e ε0 são constantes. Explique como μ e α podem ser
obtidas graficamente dos resultados das medidas de εr e ρ em
relação à temperatura.
102  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

28. Dada a função y = 3x3 – 4x2 – x + 2:


a) mostre que uma das raízes é x = 1;
b) ache as outras raízes;
c) escreva a função como um produto de fatores lineares;
d) esboce o gráfico da função mostrando onde a curva cruza os
eixos e mostrando qual o comportamento da função quando
x → ± ∞.

29. Resolva as equações simultâneas e dê a explicação gráfica do


resultado.
a) x + y = 3 b) 3x – 2y = 1 c) 2x – y = 2
x–y=1 2x + 3y = 2 x2 – xy + y2 = 1

30. A tabela abaixo mostra um conjunto de valores para a pressão


de vapor do etanol em função da temperatura. Coloque estes
pontos num gráfico com a temperatura no eixo das abscissas e a
pressão de vapor no eixo das ordenadas.

Temperatura (°C) Pressão (torr.)


25,0 55,9
30,0 70,0
35,0 97,0
40,0 117,5
45,0 154,1
50,0 190,7
55,0 241,9
FUNÇÕES E GRÁFICOS 103

EXERCÍCIOS ADICIONAIS

1. Sejam os gráficos de f e g dados na figura ao lado.


a) Determine os valores de f(–4) e
g(3).
b) f(x) = g(x) para quais valores
de x?
c) Faça uma estimativa para a so-
lução da equação f(x) = –1.
d) Determine os intervalos para os
quais f é decrescente.
e) Determine o domínio e a varia-
ção de f e o domínio e a variação
de g.

2. Encontre uma expressão para a função cujo gráfico é a curva


descrita nos itens abaixo.
a) o segmento de reta unindo os pontos (–2,1) e (4, –6)
b) a parte de baixo da parábola x + (y – 1)2 = 0
c) a parte de cima do círculo (x – 1)2 + y2 = 1
d)
104  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

3. Encontre uma equação para a família de funções lineares tais que


f ( 2 ) = 1 e esboce os gráficos de alguns elementos da família.

4. Explique como obter, a partir do gráfico de y = f(x), os gráficos a


seguir.
a) y = 4f(x) b) y = f(x – 4) c) y = – f(x)

d) y = –4 f(x) e) y = f(4x) f) y = 4 f(x) – 2

5. Use o gráfico de f dado abaixo para esboçar o gráfico das seguin-


tes funções.
1
a) y = f(2x) b) y = f( x ) c) y = f(–x) d) – f(–x)
2

6. a) O que é uma função um a um?


b) A partir do gráfico de uma função, como dizer se ela é um
a um?
7. a) Se f é uma função um a um com domínio A e variação (ima-
gem) B, como é definida a função inversa f –1? Qual o domí-
nio de f –1? Qual é a variação (imagem) de f –1?
b) Se for dada uma fórmula matemática para f, como você
encontrará uma fórmula para f –1?
c) Se for dado o gráfico de f, como você encontrará o gráfico de
f –1?
FUNÇÕES E GRÁFICOS 105

8. Sabendo que uma função f pode ser dada por uma tabela de valo-
res, um gráfico, uma fórmula ou por meio de descrição verbal,
determine se f é um a um. Explique sua resposta.
a)
x 1 2 3 4 5 6
f(x) 1,5 2,0 3,6 5,3 2,8 2,0

b) f (x) = 3x – 2
c) f (t) é sua altura no tempo t
d)

9. Seja dado o gráfico de uma função


g qualquer.
a) Determine o valor de g(2).
b) Explique por que g é um a um.
c) .Faça uma estimativa do valor de
g −1 ( 2 ) .

d) Faça uma estimativa para o domí-


−1
nio de g .
−1
e) .Esboce o gráfico de g .
106  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

10. a) O que é uma função? O que é domínio e variação (imagem)


da função?
b) O que é o gráfico de uma função?
c) Como, a partir de uma curva dada, sabemos tratar-se de um
gráfico de uma função?
Capítulo 2

A Derivada
 

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Noções de limites e continuidade de funções.
• Como determinar a inclinação de uma reta tangente a uma curva
e calcular derivadas.
• Como utilizar as regras de derivação.
• Como determinar taxas de variação.
• Como calcular derivadas de ordem superior.
• Como derivar funções implícitas.
• Com resolver problemas de taxas relacionadas.
• Como empregar derivadas na Física e na Química.
108  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

A Derivada

Introdução
Como já foi mencionado na Introdução deste material, o desen-
volvimento do Cálculo Diferencial e Integral se deu a partir de dois
problemas concretos:

Basicamente, o objetivo do Cálculo Diferencial e Integral é es-


tudar a matemática dos movimentos e das variações das grandezas,
ou seja, uma árvore grande pode crescer lentamente, enquanto que
uma árvore pequena pode, ao contrário, crescer rapidamente.
A maioria dos fenômenos estudados nas ciências resume-se a
questões de aumento ou diminuição de certas grandezas (representa-
das por funções ou equações) e como essas grandezas dependem
umas das outras. Assim, os dois problemas principais do Cálculo são
os seguintes:
1o) Dada uma função, medir a sua taxa de variação (achar sua
derivada).
2o) Determinar uma função a partir de informações a respeito
de sua taxa de variação (objetivo do Cálculo Integral).
A DERIVADA 109

A Química é preocupada, em grande parte, com o estudo de sis-


temas cujas propriedades físicas ou químicas evoluem com o tempo,
concentração ou alguma outra variável. Assim, é importante enten-
der as técnicas matemáticas necessárias para descrever essas e outras
taxas de variação. Porém, para compreender estas técnicas, precisa-
mos antes passar pela idéia de limites, uma teoria que revolucionou
a matemática e impulsionou o desenvolvimento do Cálculo, bem
como pela idéia de crescimento e decrescimento de funções e por
uma revisão do estudo de retas no plano.

Limite e Continuidade
Com o Cálculo Diferencial e Integral, podemos dizer o que está
ou deveria estar acontecendo em determinado ponto, sabendo o que
acontece nos pontos que dele se aproximam. A noção de “limite” é
essencial nesse processo e é uma ferramenta indispensável para a
interpretação de fenômenos das Ciências. É importante lembrar que,
nas Ciências, a análise e o desenvolvimento físico-matemático de
um fenômeno está relacionado com os aspectos de experimentação,
hipótese e teoria.
Nesta seção veremos os fundamentos necessários para o estudo
da derivada, que é o alvo a ser atingido neste capítulo. Assim, discu-
tiremos o significado de limite de modo intuitivo e geométrico, sem
nos atermos ao rigor matemático das definições. Estaremos interes-
sados em métodos para investigar o comportamento de funções que
são importantes dentro de um contexto químico e/ou físico. Esses
tipos de técnicas aplicadas a funções descrevem processos químicos
associados com mudanças da concentração, fase, estrutura de cristal,
temperatura, volume, pressão, etc.
Para introduzir a idéia de limite e ver como esta se apresenta
no contexto das Ciências Exatas, apresentamos, a seguir, alguns
exemplos de fenômenos que utilizam o conceito de limite para a
sua compreensão.
110  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 1 LEI DE GAY-LUSSAC (Lei de Charles)


“Em condições de massa e pressão (baixa) constantes,
a variação do volume com a temperatura em graus
Celsius é linear”.
V

V0

T1 T

Admitindo que a linearidade seja válida, quando o volume V for


igual a zero a temperatura correspondente T1 será de –273,16°C. É
óbvio que V = 0 é uma incoerência, uma vez que um gás em condi-
ções de resfriamento não pode simplesmente desaparecer. Contudo,
podemos considerar que T1 = –273,16 seria o valor da temperatura se
a experiência pudesse ser realizada até essa condição extrema. Po-
demos expressar esse fato, de uma maneira mais rigorosa, da seguin-
te forma:

“quando o volume de um gás tender a zero (V → 0) a


temperatura irá tender a –273,16 °C (T→ –273,16 °C)”.

Em linguagem matemática, escrevemos este resultado como:


lim T = −273,16°C
V →0
m , P ,ctes

e o interpretamos da seguinte maneira:

“O limite de T quando V tende a zero, em condições de massa e


pressão constantes, é igual a –273,16 °C”.
A DERIVADA 111

EXEMPLO 2 LEI DO GÁS IDEAL


Os primeiros estudos do comportamento físico dos gases consistiram
em relacionar as grandezas que participam do seu comportamento
volumétrico: pressão (P), volume (V), temperatura (T), densidade
(μ) e massa (ou mol). Considerando a temperatura constante, obser-
vamos o seguinte comportamento de um gás ideal:

Como no exemplo anterior, observe que o ponto na ordenada


corresponde a um limite experimental, que se traduz (em linguagem
matemática) da seguinte maneira:

μ ⎛μ⎞
lim =
P →0 P ⎜⎝ P ⎟⎠0

A Lei de Boyle, outra lei bastante importante de um gás ideal,


estabelece que:

“Em condições de massa e temperatura constantes, o


produto da pressão pelo volume é uma constante”.

Em linguagem matemática, ela se traduz como:

P ⋅V = k , k (m,T )
112  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

A Lei de Boyle é representada


graficamente por uma hipérbole que
apresenta, em V = 0, uma assíntota
vertical, expressa matematicamente
por:

lim P = +∞
V →0

Do ponto de vista matemático, ao trabalharmos com uma fun-


ção, nossa primeira preocupação deve ser o seu domínio (condição
de existência), afinal, só faz sentido utilizá-la nos pontos onde esteja
definida e sua expressão matemática, portanto, tenha significado.
Todavia, em muitos casos, é importante saber como a função se
comporta quando a variável está muito próxima de um ponto que
não pertence ao seu domínio. E para este estudo, nos valemos da
teoria de limites, a qual permite a análise de uma função em uma
vizinhança de um ponto, sem se preocupar com o valor da função
neste ponto. Este conceito será ilustrado nos exemplos abaixo:

EXEMPLO 3 Vejamos, através da tabela abaixo, o que ocorre


sen x
com a função f ( x) = quando x está muito próximo de 0:
x

x f(x)
–0,5 0,95885
–0,01 0,99998
–0,0001 0,9999998

0,001 0,9999998
0,01 0,99998
0,5 0,95885

Observamos que quando x se aproxima de 0 (ou x “tende” a 0, ou


x → 0 ) tanto pela esquerda quanto pela direita, f (x) se aproxima de
1 ( f ( x ) → 1) . Isso também pode ser observado em seu gráfico.
A DERIVADA 113

Note que a função não está definida para x = 0, porém, à medida que
x se aproxima muito de zero, seu valor se aproxima muito de 1, ou
seja, lim f ( x ) = 1 .
x→0

Observe também que o programa utilizado desenha o gráfico de


f como se tivéssemos f(0) = 1, porém sabemos que f(0) não exis-
te (mais uma vez, cuidado ao utilizar o computador para fazer
gráficos).

EXEMPLO 4 Vamos investigar agora o comportamento da fun-


ção y = x − 1 para valores de x próximos de 3. A tabela abaixo for-
nece os valores de f(x) para valores de x próximos de 3, mas não
iguais a 3.

x y=x–1
2,9 1,9
2,99 1,99
2,999 1,999
2,9999 1,9999

3,0001 2,0001
3,001 2,001
3,01 2,01
3,1 2,1

Analisando os valores da tabela e do gráfico acima, notamos que se


x é ligeiramente maior ou ligeiramente menor que 3, o valor (x – 1)
da função está perto de 2. Ainda, quando x se aproxima de 3 (sem
atingi-lo) pela direita (por valores maiores que 3), ou pela esquerda
(por valores menores que 3), o valor correspondente de y, (x – 1), se
aproxima de 2. Dizemos então que o “limite da função f(x) = x – 1,
quando x tende a 3, é igual a 2” e escrevemos

lim f ( x ) = 2 ou f(x) → 2 , quando x → 3


x→3
114  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Observamos que nem sempre é possível determinar o limite de


uma função, uma vez que existem casos em que o limite não existe,
como podemos ver pelo exemplo abaixo.

EXEMPLO 5 Encontre o valor do limite da função

⎧ x , para x ≤ 1
f ( x) = ⎨ ,
⎩ x + 2, para x > 1
quando x tende a 1.
Solução

x y
0,9 0,9
0,99 0,99
0,999 0,999
0,9999 0,9999
...... ......
1,1 3,1
1,01 3,01
1,001 3,001
1,0001 3,0001

Observe na tabela e no gráfico que, quando x se aproxima de 1 pela


esquerda, o ponto (x,f(x)) do gráfico de f se aproxima do círculo em
(1,1), mas quando x se aproxima de 1 pela direita, o ponto (x, f(x))
do gráfico de f se aproxima da circunferência em (1,3). Deste modo,
não existe um único número para o qual a função se aproxima, para
valores de x tendendo a 1. Diremos então que não existe o limite de
f(x) quando x tende a 1.

Limites laterais
O tipo de limite apresentado nos exemplos 6 e 7, a seguir, nos
dá uma boa idéia de limite lateral à esquerda de uma função f(x)
quando x tende à um valor x0, considerando x se aproximando de x0
A DERIVADA 115

por valores menores que x0, e de limite lateral à direita conside-


rando x se aproximando de x0 por valores maiores que x0.
Escrevemos lim+ f ( x ) como sendo o limite lateral à direita
x → x0

de uma função f(x) e lim f ( x ) como sendo o limite lateral à es-


x → x0 −

querda da função f(x).

EXEMPLO 6 Trace o gráfico da função g definida por

⎧ 2 − x 2 , para x < 1

g ( x ) = ⎨ 2 , para x = 1
⎪ x , para x > 1

e determine os limites de g(x): a) quando x → 1– ; b) quando x → 1+ .


Solução
y Observando o gráfico da função,
concluímos:
(a) Quando x tende a 1 pela
2
esquerda, o ponto (x, g(x))
do gráfico está sobre a pará-
bola y = 2 − x 2 e se aproxi-
0 1 2 4 x ma da circunferência em
(1,1).

Portanto, g(x) tende à coordenada y dessa circunferência, ou seja,


g ( x ) → 1 quando x → 1− .
(b) quando x tende a 1 pela direita, o ponto (x, g(x)) do gráfico está
sobre a reta y = x e se aproxima da circunferência em (1,1). Por-
tanto, g(x) tende à coordenada y dessa circunferência, ou seja,
g ( x ) → 1 quando x → 1+ .
116  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

OBS.:
1. Se os limites laterais à direita e à esquerda, lim+ f ( x ) e
x → x0

lim f ( x ) existem, são iguais e é um número real (finito),


x → x0 −

dizemos que o limite lim f ( x) existe e é igual ao valor dos


x → x0

limites laterais.
2. Se os limites laterais à direita e à esquerda, lim+ f ( x ) e
x → x0

lim f ( x ) , existem e são números diferentes ou é infinito,


x → x0 −

então dizemos que o limite lim f ( x) não existe.


x → x0

EXEMPLO 7 Trace o gráfico da função f definida por


⎧ 2 , para x < 2

f ( x ) = ⎨ 3 , para x = 2
⎪1 − x , para x > 2

e determine:
(a) lim+ f (x) (b) lim− f ( x)
x→ 2 x→2

Solução
Utilizando raciocínio análogo ao
do exemplo 1 obtemos:
(a) lim+ f ( x) = −1
x →2

(b) lim− f ( x ) = 2
x→2

Quando escrevemos lim f ( x) = L , queremos dizer que os valores


x →a

de f(x) ficam cada vez mais próximos do número L à medida que x


A DERIVADA 117

se aproxima do número a (pela direita e pela esquerda), mas x ≠ a ,


ou seja, ao procurar o limite de f(x) quando x tende a a, nunca consi-
deramos x = a . Na verdade, f(x) não precisa sequer estar definida
em x = a , importando apenas como f está definida próximo de a.

x2 − 1
EXEMPLO 8 Determine o valor de lim
x→1 x − 1

Solução
Observe que essa função não está definida para x = 1, mas isso não
tem importância para o cálculo do limite uma vez que devemos con-
siderar os valores de x que estão próximos de x = 1, mas que não são
iguais a 1.

Através do gráfico da função,


podemos notar que os limites
laterais de f são iguais a 2, o
x2 − 1
que implica em lim = 2,
x →1 x − 1

mesmo que a função f não es-


teja definida em x = 1.

Existem algumas situações, na prática, em que precisamos de-


terminar limites de funções analiticamente. Neste caso, iremos pre-
cisar de algumas propriedades referentes aos limites e de técnicas
para o cálculo dos mesmos.

Propriedades sobre limites


O cálculo do limite de uma função, na vizinhança de um deter-
minado ponto (que pertença ou não ao seu domínio), é feito a partir
das seguintes propriedades:
1. lim c = c onde c = constante
x → x0
118  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

2. lim x = x0
x → x0

3. Supondo que existam os limites lim f ( x ) = L e lim g ( x ) = M ,


x → x0 x → x0

então:

3.1. lim [ f ( x ) ± g ( x )] = L ± M 3.2. lim [ f ( x) ⋅ g ( x)] = L ⋅ M


x → x0 x → x0

3.3. lim [k f ( x )] = k L , k = constante 3.4. lim [ f ( x )]n = Ln


x → x0 x → x0

f ( x) L
3.5. lim = , M≠0 3.6. lim f ( x ) = L
x → x0 g ( x) M x → x0

A demonstração de cada uma dessas propriedades não será vista


aqui e poderá ser encontrada em qualquer livro texto de Cálculo
Diferencial e Integral.
Vejamos alguns exemplos para ver como utilizar tais proprieda-
des no cálculo de limites de funções.

EXEMPLO 9 Determine os limites abaixo usando as proprieda-


des de limites.
x3
(a) lim x 3 (b) lim
x→ −2 x → −2 x+3
Solução
(a) Aplicando inicialmente a propriedade 3.4 e, em seguida, a pro-
priedade 2, segue que:
3
lim x 3 = ⎡ lim x ⎤ = ( −2 ) = −8
3
x→ −2 ⎢
⎣ x→−2 ⎦⎥

(b) Aplicando as propriedades 3.5, 3.1, 1 e 2, obtemos:

x3 lim x 3 −8 −8
x →−2
lim = = = = −8 .
x→ −2 x + 3 lim [ x + 3] ⎡ lim x ⎤ + ⎡ lim 3⎤ −2 + 3
x →−2
⎣⎢ x→−2 ⎦⎥ ⎣⎢ x→−2 ⎦⎥
A DERIVADA 119

Da mesma forma que não nos referimos explicitamente às Leis


da Álgebra, nos cálculos aritméticos não precisamos fazer referência
explícita das propriedades quando calculamos limites.

2
−2
EXEMPLO 10 Determine o limite lim x .
x→ 1 1 − x

Solução
Neste caso, calculando o limite através das propriedades estudadas,
0
encontramos , o que é um resultado sem significado matemático.
0
Para resolver este problema, primeiramente devemos simplificar a
fração de modo a obter uma outra equivalente a ela, cujo limite te-
nha significado. Neste caso, fazemos:

2 2 − 2x
−2
x 2(1 − x) 2
= x = = .
1− x 1− x x(1 − x) x

Portanto,
2
−2
2
lim x = lim =2 .
x→ 1 1 − x x→ 1 x

OBS.: O cálculo direto do limite do exemplo anterior resultou


em uma expressão do tipo 0/0, o que é denominado de inde-
terminação. Em casos como este, o cálculo do limite depende
de uma operação matemática denominada de “levantar a in-
determinação” que consiste em encontrar outra função, através
de operações algébricas, equivalente à função dada, para a qual
o cálculo do limite conduza a um resultado (mesmo que seja o
infinito) que possa ser interpretado física ou matematicamente.
As indeterminações mais comuns são as seguintes:
0 ∞
; ; + ∞ − ∞; 0 ×∞; 00 ; 1∞ ; ∞ 0
0 ∞
120  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Existem alguns métodos para se “levantar uma indetermi-


nação” que serão descritos a seguir:

1o) Método da Racionalização – Para algumas funções, onde há a


presença de raiz quadrada, utilizamos o processo de racionalização,
como mostra o próximo exemplo.

x −2
EXEMPLO 11 Determine o limite lim .
x→ 4 x−4
Solução
Para aplicar o processo de racionalização, multiplicamos e dividi-
mos a expressão da função pela soma x + 2

x − 2 ( x − 2)( x + 2) ( x ) 2 − (2) 2 x−4


= = =
x−4 ( x − 4)( x + 2) ( x − 4)( x + 2) ( x − 4)( x + 2)

Cancelando o numerador (x – 4) com (x – 4) do denominador (já


x −2 1
que x é diferente de 4), obtemos = . Agora, como o
x−4 x +2
limite do denominador é diferente de zero, podemos determinar seu
limite usando as propriedades vistas:

x −2 1 1 1
lim = lim = = .
x→ 4 x − 4 x→ 4 x + 2 2 + 2 4

2o) Método da Fatoração – Da propriedade 3.5 observamos que


para determinar o limite de um quociente de duas funções, é neces-
sário que o limite do denominador seja diferente de zero. Existem
casos em que as propriedades de limites não se aplicam e, para de-
terminar o limite, precisamos de alguns cuidados, como é ilustrado
no exemplo seguinte.
A DERIVADA 121

x2 − 4
EXEMPLO 12 Determine o limite lim .
x → -2 x + 2

Solução
A propriedade 3.5 não pode ser utilizada, pois o limite do denomi-
nador é igual a zero e, além disso, o limite do numerador também é
0
zero, resultando em uma indeterminação do tipo . Para determinar
0
tal limite, fatoramos o numerador x2 – 4 e simplificamos a expressão
x2 − 4 x 2 − 4 ( x + 2)( x − 2)
obtendo assim, = = x − 2 e, portanto,
x+2 x+2 x+2
x2 − 4
chegamos à lim = lim ( x − 2) = −2 − 2 = − 4 .
x → -2 x + 2 x → -2

3o) Método da Substituição – consiste em substituir a variável x


por uma outra que possibilite o cálculo do limite com mais facilida-
de. Assim, por exemplo, se a função possui raízes com índices dife-
rentes, uma boa substituição é aquela que permite eliminar todas as
raízes da função ao mesmo tempo, ou seja, x = um, onde m = mmc
(índices).

1− 3 x
EXEMPLO 13 Determine o limite lim .
x →1 1 − x

Solução
0 1− 3 x
Calculando o limite diretamente, obtemos: lim (indeter- =
x 0 x→1 1 −

minação). Fazemos então, uma substituição de variáveis, de modo à


eliminar as raízes e facilitar os cálculos.
Assim, tomando x = u6 ( 6 = mmc(3,2)), u ≥ 0, segue que u 6 → 1 se
x → 1 e, portanto, u → 1 . Assim,

1− 3 x 1 − 3 u6 1 − u2 0
lim = lim = lim = .
x→1 1 − x u →1 u →1 1 − u 3 0
1 − u6
122  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Agora devemos fatorar e simplificar a expressão obtida, chegando a

1− 3 x 1 − u2 (1 − u )(1 + u ) 2
lim = lim = lim = .
x →1 1 − x u →1 1 − u 3 u →1 (1 − u )(u 2 + u + 1) 3

Limites Infinitos e Limites no Infinito


Dizemos que uma variável x tende ao infinito ( x → ∞ ou
x → +∞ ), se x se torna um número positivo cada vez maior, cres-
cendo sem limite e, que x tende a menos infinito ( x → −∞ ), se x é
negativo e decresce sem limite.
Se o limite de f(x), quando x tende a x0 pela direita ou pela es-
querda, é +∞ ou –∞, escrevemos:

lim f ( x) = +∞ ou lim f ( x ) = −∞
x → x0 + x → x0 +

lim f ( x) = +∞ ou lim f ( x ) = −∞
x → x0 − x → x0 −

Ao invés de elaborar definições formais, veremos os diversos


tipos de limites infinitos e no infinito, através de alguns exemplos.

1
EXEMPLO 1 Determine os limites de f ( x) = :
1− x

(a) quando x → +∞ ; (b) quando x → −∞ ;

(c) quando x → 1+   (d) quando x → 1− .


A DERIVADA 123

Solução
(a) Se x é um número positivo
muito grande, então 1 – x é
um número negativo de va-
lor absoluto muito grande.
1
Portanto, < 0 e possui
1− x
valor absoluto muito pe-
queno, o que representamos
1
por → 0 ou
1− x
1
lim =0.
x →+∞ 1 − x

Desta forma, o gráfico, quando se move, aproxima-se da reta y = 0


(eixo-x) negativamente, afastando-se para a direita.
1
(b) Quando x tende a menos infinito, a quantidade também
1− x
tende à zero, porém é positiva, e o gráfico, quando se move,
aproxima-se da reta y = 0 (eixo-x), afastando-se para a esquerda,
1
positivamente. Escrevemos então lim =0
x →−∞ 1 − x

(c) Se x é um número maior que 1 e bem próximo de 1, então (1 – x)


1
é um número negativo muito pequeno. Portanto, → −∞
1− x
quando x → 1+ , e o gráfico desce, aproximando-se pela direita
1
da reta x = 1 e, escrevemos, lim+ = −∞ .
x →1 1 − x

(d) Se x é um número menor que 1, e bem próximo de 1, então (1 – x)


1
é um número positivo muito pequeno. Portanto, → +∞
1− x
quando x → 1− e o gráfico sobe, aproximando-se, pela esquerda,
1
da reta x = 1 e, escrevemos, lim− = +∞ .
x→1 1 − x
124  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

OBS.: O que vimos no exemplo acima pode ser generalizado do


seguinte modo:
c
(i) → 0 se f ( x) → ±∞ ; c = constante qualquer.
f ( x)   
c
(ii) → ±∞ se f ( x) → 0 ; c = constante qualquer.
f ( x)   
Neste último caso, o resultado será positivo ou negativo de
acordo com os sinais de c e f(x), respectivamente. Observamos
que as regras de sinais para as operações de soma, subtração,
multiplicação e divisão continuam válidas quando se trata de
operações com infinito, excetuando-se as indeterminações.

Definição: Uma reta, dada pela equação x = x0, é uma assíntota


vertical do gráfico de f se f ( x) → +∞ ou f ( x) → −∞ quando x
tende a x0 pela direita ou pela esquerda. Uma reta, dada pela
equação y = y0, é uma assíntota horizontal do gráfico de f, se
f ( x) → y0 quando x → +∞ ou quando x → −∞ .

Assim, de acordo com a definição acima, observe que a reta x = 1


1
é uma assíntota vertical do gráfico da função f ( x ) = do exem-
1− x
plo anterior, enquanto que a reta y = 0 (eixo-x) é uma assíntota
horizontal.

OBS.: Quando usamos um programa de computador para esbo-


çar a curva de uma função que apresenta uma assíntota vertical,
este pode tentar ligar partes que compõem a curva ou nem re-
presentar a assíntota vertical, como mostram os dois gráficos da
1
função f ( x) = descritos abaixo.
1− x
A DERIVADA 125

1
EXEMPLO 2 Determine os limites de f ( x ) = :
( x − 1)2
(a) quando x →+∞ ; (b) quando x →−∞ ;

(c) quando x → 1+ ; (d) quando x → 1− .

Solução
(a) e (b) Quando x se torna um número positivo cada vez maior ou
um número negativo cada vez menor, então (x – 1)2 torna-se um
1
número positivo cada vez maior e assim, → 0 . Portanto,
( x − 1)2
1
escrevemos lim = 0 . Assim, y = 0 é uma assíntota hori-
x →± ∞ ( x − 1) 2

zontal do gráfico de f.
(c) Se x é um número maior que 1 e bem próximo de 1, então
1
(x – 1)2 é um número positivo muito pequeno. Portanto,
( x − 1)2
é um número positivo muito grande e escrevemos
1
lim+ 2
= +∞ .
x →1 ( x − 1)

1
(d) Analogamente, lim− 2
= +∞ . Portanto, x = 1 é uma assínto-
x →1 ( x − 1)

ta vertical do gráfico de f.
126  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

x 2 + 3x + 1
EXEMPLO 3 Determine graficamente o limite lim+ .
x→ 1 1− x
Solução
Observando o gráfico ao
lado, notamos que

x 2 + 3x + 1
lim+ = −∞ .
x→ 1 1− x

−3x + 2
EXEMPLO 4 Determine graficamente o limite lim− .
x→ 1 ( x − 1)2
Solução
Análogo ao exemplo anterior,
observando o gráfico ao lado,
notamos que

−3x + 2
lim = −∞ .
x → 1− ( x − 1)2
A DERIVADA 127

EXEMPLO 5 Determine os limites lim (2 − x 2 ) e lim (2 − x 2 ) .


x → −∞ x → +∞

Solução
Se x torna-se um número positivo cada vez maior, –x2 torna-se um
número negativo de valor absoluto cada vez maior e, portanto,

2 − x 2 → −∞ quando x → +∞ .

Se x torna-se um número negativo de valor absoluto cada vez maior,


–x2 torna-se um número negativo de valor absoluto cada vez maior
e, portanto 2 − x 2 → −∞ quando x → −∞ .

A interpretação geométrica
para esses limites pode ser vista
na figura ao lado, ou seja, o
gráfico desce, afastando-se do
eixo-y indefinidamente, quando
x move-se para a direita ou para
a esquerda.

x2 + x + 3
EXEMPLO 6 Determine os limites da função f ( x) =
2 x2 − 2 x − 3
quando x → ±∞ .
Solução
Neste caso, apenas observando
a figura ao lado, é difícil ter
certeza de que

1
lim f ( x) = .
x →±∞ 2
128  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Observe que a dificuldade em determinar limite no infinito para


funções racionais é grande, mesmo tendo em mãos, gráficos já ela-
borados. Assim, para minimizar essa dificuldade e termos informa-
ções do comportamento de uma função para valores muito grandes,
em módulo, da variável independente, faremos uso de uma regra que
é a seguinte: o limite de um quociente de polinômios, quando
x →+∞ ou x →−∞ é igual ao limite do quociente dos termos de
mais alta potência do numerador e denominador.
No exemplo anterior, utilizando esta regra, temos que: o termo
de mais alta potência no numerador é x2 e o termo de mais alta po-
tência no denominador é 2x2. Portanto, pela regra acima segue que:

x2 + x + 3 x2 1 1
lim = lim = lim = .
x →±∞ 2 x 2 − 2 x − 3 x →±∞ 2 x 2 x →±∞ 2 2

A justificativa para essa regra pode ser observada colocando x2


em evidência no numerador e denominador. Assim, para x ≠ 0 ,
temos:

1 3 1 3
x 2 (1 + + 2 ) 1 + + 2
x2 + x + 3 x x = x x .
=
2 x 2 − 2 x − 3 x 2 (2 − 2 − 3 ) 2 − 2 − 3
x x2 x x2

Desse modo, a expressão obtida, após o cancelamento, tende a


1 1
, quando x → ±∞ e, portanto, a função tende a quando
2 2
x → ±∞ , como é indicado pela regra.

x2 − x + 1
EXEMPLO 7 Determine os limites da função f ( x) =
3 x3 + 2 x + 2
quando x → ±∞.
A DERIVADA 129

Solução
Utilizando a regra anterior, temos que:

x2 − x + 1 x2
lim = lim =
x→±∞ 3 x3 + 2 x + 2 x → ± ∞ 3x 3
1
= lim =0
x → ± ∞ 3x

Observe que é necessário tomar cuidado com o sinal quando


calculamos o limite de uma função racional, cujo denominador tende
a zero. Veja como proceder no exemplo abaixo.

x −5
EXEMPLO 8 Determine o limite da função f ( x) = quando
x+5
x → − 5.
Solução
Quando x se aproxima arbitrariamente de –5, x + 5 se aproxima de
zero, enquanto x – 5 se aproxima de –10. Logo, o quociente é infi-
nitamente grande, porém, positivo ou negativo? Observe que quando
x tende a –5 pela direita, x é obviamente negativo, porém em módu-
lo, é menor que 5 e, portanto, x + 5 é positivo.
Por outro lado, quando x se aproxima de –5 pela esquerda, x é tam-
bém negativo, porém agora possui valor absoluto maior que 5; lo-
go, x+5 é negativo. Como o numerador é sempre negativo (próximo
de –10), pela regra dos sinais para o quociente, temos:
130  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

⎧ x−5
lim = −∞
x − 5 ⎪⎪ x →−5+ x+5
lim =⎨
x →−5 x + 5
⎪ lim x−5
= +∞
⎪⎩ x →−5− x+5  

EXERCÍCIO 2.1

1. Intuitivamente, encontre (se existir) os limites dados, observando


a figura abaixo.
a) lim + f ( x)
x→−2

b) lim − f ( x)
x→−2

c) lim f ( x)
x→−2
d) lim f (x)
x→0

2. Determine (se existir) os limites dados, da função y = f(x), obser-


vando a figura abaixo.
a) lim+ f ( x)
x→0

b) lim− f ( x)
x→0

c) lim f (x)
x→0
A DERIVADA 131

3. Determine as equações das assíntotas verticais e horizontais, quan-


do existirem:
2 + x2 3
a) f ( x) = b) f ( x) =
x2 ( x − 1)3

2 x2 −3x
c) f ( x) = d) f ( x) =
3 ( x 2 + 1) x2 + 3

4. Calcule o limite solicitado:

1 1 ⎛2 ⎞
a) lim − b) lim c) lim ⎜ + 2 ⎟
x →−3 ( x + 3)2 x →−3 − ( x + 3) − x
x →0 ⎝ ⎠

⎛ 1⎞ 3x − 1 2x
d) lim ⎜ x 2 − ⎟ e) lim f) lim
x →0 ⎝
− x⎠ x →∞ 4 x + 3 x →∞ 3 x 2 −2

3x 2 ⎛ 1 ⎞ ⎛ 3x 2x ⎞
g) lim h) lim ⎜ 3x − 3 ⎟ i) lim ⎜ + ⎟
x →−∞ x + 2 x →+∞ ⎝ x ⎠ x →−∞ ⎝ x − 2 x+2⎠
132  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

5. Determine as assíntotas verticais e horizontais (se existirem) e


interprete os resultados encontrados relacionando-os com o com-
portamento da função.

x+3 x2 3
a) f ( x) = b) y = c) g ( x ) = 2
2− x x2 + 4 x −4

1 x2 − x x2 − 3
d) y = 2 e) f ( x) = f) y =
x −x x−2 ( x − 1) 2

6. O estudo da dissociação do tetróxido de nitrogênio em dióxido


de nitrogênio

conduz à seguinte constante de equilíbrio KP:


4αe2 P
KP =
1 − αe2

onde α e é o grau de dissociação do tetróxido no equilíbrio e P é


a pressão total do sistema. Calcule os limites do grau de dissocia-
ção quando a pressão tende a zero e ao infinito e interprete os re-
sultados obtidos.
Dica: lim f ( x) = lim f ( x )
x→a x→ a

7. A partir da Mecânica Estatística mostra-se que a energia de um


mol de osciladores harmônicos em equilíbrio térmico à tempe-
N hν
ratura T é dada por E = hν0 onde N0 é o número de Avogadro,
e kT − 1
k é a constante de Boltzmann, h é a constante de Planck e ν é a
freqüência vibracional. Determine o limite de E quando T → 0 e
interprete o resultado obtido.
A DERIVADA 133

Funções Contínuas
Na linguagem cotidiana, um processo contínuo é aquele que
ocorre sem interrupções ou mudanças repentinas. Os fenômenos
naturais, em sua maioria, são descritos através de funções contínuas.
Se representarmos graficamente a pressão de um gás como uma fun-
ção do volume que o mesmo ocupa a uma temperatura constante,
obtemos uma curva sem interrupção (fig. 1).
Se representarmos graficamente o crescimento de uma cultura
de bactérias em relação ao tempo, obtemos uma curva sem interrup-
ção (fig. 2). A figura 3 descreve o gráfico de uma função descontí-
nua. Tal função nos dá a densidade de uma substância pura como
função da temperatura, para uma pressão fixa.

Vamos agora conhecer a definição matemática de continuidade,


que é baseada no conceito de limite.

Definição: Uma função f, definida num intervalo aberto (a,b)


contendo o ponto x0, é dita contínua em x0, se as três condições
abaixo forem satisfeitas:
(i) Existe f(x0)

(ii) Existe o limite lim f ( x)


x → x0

(iii) lim f ( x) = f ( x0 )
x → x0
134  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

De maneira informal dizemos


que uma função é contínua em
um intervalo (a,b) se podemos
traçar o gráfico da função, nesse
intervalo, sem tirar o lápis do
papel (como se pode ver na
figura ao lado).

x
EXEMPLO 1 Trace o gráfico da função f ( x ) = e determine
x
os valores de x para os quais ela não é contínua.
Solução
Observando a figura ao lado, con-
cluímos que em x = 0 a função não
é contínua, pois aí o gráfico sofre
uma interrupção seguida de um
salto. A função não é contínua
em x = 0 porque os números
lim+ f ( x) = 1 e lim− f ( x) = −1 são
x→0 x→0
diferentes e, portanto, não existe o
limite lim f ( x )
x→0

EXEMPLO 2 Verifique, sem esboçar o gráfico, se a função

⎧3x − 4 , para x ≥ 3
f ( x) = ⎨
⎩3 − 2 x , para x < 3
é contínua em x = 3.
Solução
Para verificar se uma função é contínua em um determinado ponto,
basta verificar se as três condições da definição de continuidade são
satisfeitas:
A DERIVADA 135

(i) Existe f ( 3) = 3 ⋅ 3 − 4 = 5.
lim f ( x ) = lim+ ( 3 x − 4 ) = 5
x → 3+ x →3
(ii)
lim− f ( x ) = lim− ( 3 − 2 x ) = −3
x →3 x →3

Como os limites laterais são diferentes, então não existe o limite de


f(x) quando x → 3. Portanto, concluímos que a função dada não é
contínua em x = 3.

OBS.: Se uma função não é contínua em um ponto x0, dizemos


que ela é descontínua neste ponto.

Vamos agora analisar a continuidade de uma função nos pontos


extremos de seu intervalo de definição. Para testar a continuidade de
uma função num ponto extremo de seu intervalo de definição, usa-
mos os limites laterais. Assim, se f é uma função definida em [a,b],
dizemos que f é contínua em x = a, se lim+ f ( x ) = f ( a ) e, que f é
x→ a
contínua em x = b, se lim− f ( x ) = f ( b ) .
x→ b

EXEMPLO 3 Verifique a continuidade da função

⎧ x , para 0 ≤ x < 2
f ( x) = ⎨ .
⎩ 3 , para x = 2
Solução
A função dada está definida no interva-
lo [0,2]. Ela é contínua em x = 0, pois
lim+ f ( x ) = f (0) = 0 e descontínua em
x→ 0
x = 2, pois lim - f ( x ) = 2 ≠ f (2) = 3 .
x→ 2
136  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

NÃO ESQUEÇA que para uma função ser contínua em um de-


terminado valor x0, esse valor x0 deve pertencer ao domínio da
função.

Continuidade em um intervalo
Uma função f é dita contínua em um intervalo aberto (a,b) se
for contínua em todos os valores de x pertencentes a esse intervalo.
Uma função f é dita contínua no intervalo fechado [a,b] se for
contínua no aberto (a,b) e, além disso, lim+ f ( x ) = f ( a ) e
x→ a

lim− f ( x ) = f (b ) .
x→b

Uma pergunta natural que surge aqui é: como verificar se uma


função é contínua em um intervalo, se ele contém infinitos pontos?
Existem duas maneiras de respondê-la: podemos tomar um pon-
to genérico do intervalo, por exemplo, x0, e verificar, usando a defi-
nição, se f é contínua neste ponto. Se for, a função será contínua em
todo o intervalo, uma vez que x0 representa todos os pontos do in-
tervalo em questão. Outra maneira, bem mais fácil, é utilizar as pro-
priedades válidas para continuidade, apresentadas a seguir.

Propriedades
a) Toda função polinomial é contínua em todos os reais.
b) Toda função racional (divisão de polinômios) é contínua em
seu domínio.
c) As funções f(x) = sen(x) e f(x) = cos(x) são contínuas para
todo número real x.
d) A função exponencial f(x) = ex é contínua para todo número
real x.
e) Se f e g são funções contínuas em um ponto x0, então:
(i) f + g é contínua em x0;
(ii) f – g é contínua em x0;
A DERIVADA 137

(iii) f × g é contínua em x0;


(iv) f / g é contínua em x0, desde que g ( x0 ) ≠ 0 .
f) Sejam f e g funções tais que lim f ( x) = b e g é contínua
x → x0

em x0. Então
⎡ ⎤
lim g[ f ( x)] = g ⎢ lim f ( x) ⎥ .
x → x0 ⎣ 0
x → x ⎦
g) Se f é contínua em x0 e g é contínua em f(x0), então a função
composta g o f é contínua em x0.
h) Seja y = f(x) definida e contínua em um intervalo real I. Seja
J = Im(f). Se f admite uma função inversa f –1 : J → I, então
f –1 é contínua em todos os pontos de J.

OBS.: Como conseqüência da propriedade h), a função f(x) =


( )
ln(x) é contínua em todo o seu domínio \ +* , pois é a inversa
da função exponencial, que é contínua.

EXEMPLO 4 Investigue a continuidade das funções abaixo, ou


seja, determine os pontos ou intervalos onde elas são contínuas
ou descontínuas, explicando por quê.
(a) f ( x) = tg x
x3 − 8
(b) f ( x) =
x2 − 4
(c) f ( x) = x 4 + 5

Solução
sen x
(a) A função f ( x) = tg x = é o quociente de duas funções
cos x
contínuas e, pela propriedade (e)(iv), f é contínua em todos os
pontos que não anulam o seu denominador, ou seja, no conjunto
π
S = {x ∈ \ : x ≠ + k π, k ∈ ]} .
2
138  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

(b) f é uma função racional (quociente de duas funções polinomiais)


e, portanto, contínua em seu domínio. Logo, f é contínua em
R – {–2,2}.

(c) f é a composta das funções v( x) = x e u ( x) = x 4 + 5 . Temos


que: u é uma função polinomial e, portanto, contínua; v é a in-
versa da função contínua f(x) = x2 e, portanto, contínua em seu
domínio. Como a composta de funções contínuas é uma função
contínua em seu domínio, segue que f é contínua em seu domí-
nio. Porém, dom(f) = R . Logo, f é contínua em todos os reais.

EXERCÍCIOS 2.2

⎧ 2 x 2 + 3x + 1
⎪ , para x ≠ −1
1. Verifique se a função f ( x) = ⎨ x +1
⎪ 3 , para x = −1

é contínua em x = –1. Justifique sua resposta.
2. Determine o valor de k para o qual as funções dadas sejam com-
tínuas.

⎧ x2 − 4
⎪ , para x ≠ 2
⎧ x + 3k , para x ≤ −1
⎪⎪ x − 2 ⎪
a) f ( x) = ⎨ b) f ( x ) = ⎨
⎪ k , para x = 2 ⎪ 2
⎪ ⎩ k , para x > −1
⎪⎩
3. Esboce o gráfico das funções dadas e verifique a continuidade
em x=a.

a) f ( x) = 3 + 2 x − 1 ; a=3

⎧ x − 5 , para x ≠ 5

b) f ( x) = ⎨ ; a=5
⎪ , para x = 5
⎩ 2
A DERIVADA 139

⎧ 2 x 2 , para x ≥ −1

c) f ( x ) = ⎨ ; a = –1
⎪1 − 2 x , para x < −1

4. Construa o gráfico e analise a continuidade das funções dadas.


⎧ 2 x , para x > 0
x− x ⎪
a) f ( x) = b) f ( x ) = ⎨
x ⎪ 0 , para x ≤ 0

5. Determine os pontos de descontinuidade das funções dadas, se


existirem.
x 1
a) y = b) y = x c) y =
2
x +1 x
2
x −1 e) y =
1
d) y = 2
x −1 x + 4x + 5

6. Investigue a continuidade das funções abaixo, ou seja, determine


os pontos ou intervalos onde elas são contínuas ou descontínuas,
explicando por que. Depois faça os respectivos gráficos, utilizando
um programa gráfico, a fim de visualizar sua investigação.
2x − 4 ex − 2
a) f ( x) = b) f ( x) = c) f ( x) = cotg( x)
3x − 2 x−4

d) f ( x) = ln( x 2 + 1) e) f ( x) = x − 5 f) f ( x ) = cossec( x)

⎧ π π
⎧1 − cos( x ), x < 0 ⎪⎪sen( x + 2 ), x ≤ 2
g) f ( x ) = ⎪⎨ 2 h) f ( x ) = ⎨
⎪⎩ x + 1 , x ≥ 0 ⎪x − π , x > π
⎪⎩ 2 2

x 2
i) f ( x) = j) f ( x ) =
x e − e− x
x
140  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

7. O Brasil taxa em 15% a parte da renda mensal que está entre


R$ 1.313,70 e R$ 2.625,12; em 27,5% a parte da renda que exce-
de este valor, e considera isenta a parcela inferior ou igual a
R$ 1.313,70.
a) Determine uma função que represente o imposto pago sobre uma
renda qualquer.
b) Verifique se esta função é contínua, ou seja, se a transição entre
uma faixa e outra se dá de modo contínuo, minimizando injustiças.

8. A população (em milhares) de uma colônia de bactérias t minutos


após a introdução de uma toxina é dada por
⎧t + 7 , t < 5
f (t ) = ⎨
⎩ −8t + 72, t ≥ 5
a) Quanto tempo levará para a colônia se extinguir?
b) Existe algum instante em que a população varia abruptamente ou
esta variação se dá de modo contínuo ao longo do tempo?

Coeficiente Angular ou Inclinação de uma Reta


A inclinação de uma reta r, que tem o ponto P como intersecção
dela com o eixo-x, é a medida do menor ângulo ( α ) que o eixo Ox
deve “girar”, no sentido anti-horário, para coincidir com a reta r. Tal
ângulo pode ser nulo, agudo, reto ou obtuso, como podemos obser-
var nas figuras abaixo.
A DERIVADA 141

Coeficiente angular
Denomina-se coeficiente angular ou declividade de uma reta r
com equação y = ax + b, como sendo a tangente da inclinação α.
• α = 0D ⇒ tg α = 0

• α < 90D ⇒ tg α > 0

• α = 90D ⇒ não se define tg α

• α > 90D ⇒ tg α < 0

Do ponto de vista geométrico, o coeficiente angular de uma re-


ta é um número m que indica se os pontos da reta sobem ou descem,
para cada unidade de variação horizontal da variável, da esquerda
para a direita. Além disso, o número m dá a medida de quão íngreme
é esta subida ou descida.

Em problemas práticos, o coeficiente angular de uma reta pode


ser interpretado como uma razão ou como uma taxa de variação,
dependendo das unidades que são utilizadas nos eixos x e y. Se os
eixos x e y apresentam as mesmas unidades, então o número que
mede o coeficiente angular é adimensional e representa uma razão.
Agora, se os eixos x e y apresentam unidades diferentes, o coeficien-
te angular tem dimensões e representa uma taxa de variação da
grandeza y em relação à grandeza x.
Definimos o coeficiente angular m de uma reta não-vertical,
como sendo a razão
142  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

variação de y
m=
variação de x

quando vamos de um ponto P a um ponto Q da reta (ver figura


abaixo).

Reta de coeficiente angular

variação de y y1 − y0
m= =
variação de x x1 − x0

Da figura observamos que, escrevendo P e Q em termos de suas


coordenadas, ou seja, P(x0,y0) e Q(x1,y1), a variação de y, quando
passamos de P a Q, é dada por Δy = y1 − y0 e a variação de x é dada
por Δx = x1 − x0 . Assim,

variação de y y1 − y0
coeficiente angular da reta = m = = = tg α
variação de x x1 − x0
onde α é a inclinação da reta.

EXEMPLO 1 Determine o coeficiente angular da reta que passa


pelos pontos P(1,3) e Q(–1,5).

Solução
Considerando (x1,y1) = (1,3) e (x2,y2) = (–1,5) e aplicando a fórmula
acima, obtemos:
y2 − y1 5 − 3 2
m= = = = −1
x2 − x1 −1 − 1 −2
A DERIVADA 143

y2 − y1
Observe que consideramos m = , mas se tivéssemos
x2 − x1
y1 − y2
considerado m = , obteríamos o mesmo resultado.
x1 − x2

Desta forma, conhecendo-se dois pontos quaisquer de uma


reta, podemos obter o coeficiente angular da mesma e,
conseqüentemente, sua inclinação.

Toda reta crescente (ver fig.1 abaixo) tem coeficiente angular


positivo. Neste caso, se a variação de x, quando nos deslocamos de
um ponto P(x0,y0) a outro ponto Q(x1,y1) nesta reta, é positiva, então
a variação correspondente de y também é positiva. Toda reta que
decresce (ver fig.2 abaixo) tem coeficiente angular negativo. Neste
caso, se a variação de x, quando nos deslocamos de um ponto P a
outro ponto Q nesta reta, é positiva, então a variação correspondente
de y é negativa.

Observe que retas horizontais têm coeficiente angular nulo.


144  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Se considerarmos retas que sobem rapidamente (descem rapi-


damente), a variação de y sobre estas retas é grande, relativamente à
x, ou seja, possuem coeficiente angular grande positivo (negativo).

Retas que são quase horizontais têm coeficientes angulares pe-


quenos (positivos ou negativos).

Propriedades
1. Duas retas quaisquer são paralelas se, e somente se, possuem o
mesmo coeficiente angular.
2. Duas retas quaisquer são perpendiculares se, e somente se, o pro-
duto de seus coeficientes angulares é igual a –1.
A DERIVADA 145

Conhecendo-se o coeficiente angular m e um ponto (x0,y0) de


uma reta não-vertical, obtemos a equação dessa reta do seguinte
modo:
y – y0 = m (x – x0)
que é chamada equação reduzida da reta que passa pelo ponto
(x0,y0) com coeficiente angular m.

EXEMPLO 2 Determine a equação da reta r que passa pelo ponto


(1,2) e é paralela a reta 3x + 2y = 1.
Solução
Primeiramente, encontramos o coeficiente angular da reta 3x + 2y = 1:

3 1 3
2 y = 1 − 3x ⇒ y = − x + ⇒ m=−
2 2 2

3
Como a reta procurada é paralela à reta dada, segue que mr = m = − .
2
Assim, a equação da reta procurada é dada por:

3 3 7
y−2=− ( x − 1) ou y = − x + .
2 2 2

EXEMPLO 3 Determine a equação da reta r perpendicular a reta


3x + y = 0 e que passa pelo ponto (4,7).

Solução
O coeficiente angular da reta dada é m = –3. Como a reta procurada
1 1
é perpendicular a essa, seu coeficiente angular é mr = − = . As-
m 3
sim, obtemos:
1 x 17
y − 7 = ( x − 4) ou y= +
3 3 3
como equação da reta.
146  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 4 Cinética Química - A decomposição de NO2 em


função do tempo t (em segundos) a 383°C, para formar NO e O2, é
uma reação de segunda ordem, pois verifica a seguinte relação:
1 1
= kt +
[ NO2 ] [ NO2 ]0
onde [NO2] é a concentração de NO2 no tempo t, [NO2]0 é a concen-
tração de NO2 no tempo t = 0 e k = 10,1. Esta relação é a equação
de uma reta com coeficiente angular igual a k.
Freqüentemente, o coeficiente angular e a interseção de uma reta
y = ax + b com o eixo y, têm interpretações físicas importantes. No
Exemplo anterior, podemos observar que a intersecção da reta
1 1
= kt +
[ NO2 ] [ NO2 ]0
com o eixo das ordenadas nos dá uma informação a respeito do va-
lor da concentração de NO2 no instante t = 0 e o coeficiente angular
k = 10,1 nos diz o quanto a concentração de NO2 varia por cada uni-
dade de tempo. O valor positivo do coeficiente angular nos diz que
1
está havendo um aumento de com a variação do tempo e,
[ NO2 ]
conseqüentemente uma diminuição na concentração de NO2 com o
passar do tempo.

EXERCÍCIOS 2.3

1. Sendo dados o coeficiente angular e um ponto de uma reta, en-


contre a segunda coordenada (graficamente) de cada um dos pon-
tos dados.
a) m = 2 e (1,3) ; (2, _ ) , (3, _ ) , (0, _ ).
b) m = –3 e (2,2) ; (3, _ ) , (4, _ ) , (1, _ ).
−1
c) m = e (–1, –1) ; (0, _ ) , (1, _ ) , (–2, _ ).
4
1
d) m = e (–5,2) ; (–4, _ ) , (–2, _ ) , (–3, _ ).
3
A DERIVADA 147

2. Determine a equação de cada uma das retas dadas e esboce o


gráfico de cada uma delas.
a) a reta que passa pelo ponto (2,3) com coeficiente angular –4;
b) a reta que passa pelo ponto (–1,5) com coeficiente angular 0;
c) a reta que passa pelos pontos (3,7) e (3, –7);
d) a reta com coeficiente angular –3 e intersecção com o eixo y
igual a (0, –2);
e) a reta que cruza o eixo x em 4 e o eixo y em –3.

3. Determine as equações das retas que passam pelo ponto (–2,3) e


são paralelas:
a) ao eixo x
b) ao eixo y

4. A pressão da água do oceano é proporcional à profundidade. A


pressão aumenta de 10.000 Newtons por m2 para cada 1 m de
profundidade. Determine uma equação que relaciona a pressão P,
em atm, e a profundidade h, em metros, e trace seu gráfico num
plano hP. Dê uma interpretação física para o coeficiente angular
e para a intersecção da reta com o eixo das ordenadas.

5. Sabendo que o cloreto de sódio é obtido numa reação química de


sódio com cloro e que a massa de cloro deve ser proporcional à
massa de sódio, se 15,4 g de cloro e 10 g de sódio produzem 25,4
g de cloreto de sódio, escreva a massa de cloro como função da
massa de sódio a fim de determinar quantos gramas de cloro de-
vemos juntar com 20 g de sódio para que ocorra a reação de tal
modo que a massa total seja utilizada. Dê uma interpretação para
o coeficiente angular e para a intersecção da reta com o eixo das
ordenadas.
148  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Função Crescente (Decrescente)


Seja y = f(x) uma função real de variável real definida num in-
tervalo I. A função f(x) diz-se crescente em um intervalo (a,b) per-
tencente a I, se para todos os valores x1 e x2 pertencentes ao intervalo
(a,b), com x1 ≠ x2, a seguinte relação é satisfeita:

x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) < f ( x2 )

É análogo afirmar que as diferenças x2 − x1 e f ( x2 ) − f ( x1 )


são positivas e, conseqüentemente, o seu produto e o seu quociente são
positivos.
Dessa forma, uma definição equivalente é: uma função real de
variável real y = f ( x ) , diz-se crescente em um intervalo (a,b),
quando para quaisquer dois pontos diferentes x1 e x2 desse intervalo,
x1 < x2 , a seguinte desigualdade é verificada.

f ( x2 ) − f ( x1 ) )
>0
x2 − x1

De maneira análoga definimos função decrescente em um inter-


valo (a,b). Uma função y = f(x) diz-se decrescente em um intervalo
(a,b), pertencente a I, quando para todos os valores x1 e x2 perten-
centes ao intervalo (a,b), com x1 ≠ x2, as seguintes relações estão
satisfeitas:
x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) > f ( x2 )
A DERIVADA 149

Com um raciocínio análogo, uma definição equivalente é: uma


função real de variável real y = f ( x ) , diz-se decrescente em um
intervalo (a,b), quando para quaisquer dois pontos diferentes, x1 e x2
desse intervalo, x1 < x2 , a seguinte desigualdade é verificada.

f ( x2 ) − f ( x1 ) )
<0
x2 − x1

Uma Idéia de Derivada


Na figura abaixo vemos a representação gráfica do movimento
de um objeto num sistema cartesiano do espaço percorrido como
função do tempo.

Observando o gráfico notamos que durante os primeiros 2 se-


gundos, a posição do objeto não mudou, ou seja, ele está parado, o
mesmo ocorrendo no intervalo de tempo de 4 seg a 8 seg. A coorde-
150  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

nada s (espaço) está crescendo (aumentando) entre t = 2 seg e t = 4


seg e entre t = 8 seg e t =13 seg. Entre t = 13 seg e t = 20 seg a co-
ordenada s está decrescendo. Entendemos então velocidade como
sendo uma grandeza (quantidade) que é nula quando não existe mo-
vimento, pequena quando existe uma mudança lenta de posição e
grande quando o movimento é rápido.
Uma grandeza (quantidade) que possui tais propriedades é a
distância percorrida dividida pelo tempo necessário para cobrir essa
distância. Velocidade é então a mudança na posição de um móvel
dividida pela mudança no tempo, que ocorre enquanto a posição do
móvel está mudando.
Podemos notar uma dificuldade com este conceito de velocida-
de. Suponha que queremos saber qual a velocidade de um automóvel
num intervalo de tempo de uma hora, que se move a 120 km/h du-
rante meia hora e então permanece parado por mais meia hora. Di-
ríamos então que a velocidade média do automóvel é de 60 km/h no
intervalo de tempo de uma hora.
Δs
A velocidade média de um móvel é definida por v = onde
Δt
Δ s é a mudança na posição do móvel e Δ t é o intervalo de tempo
em que esta mudança ocorre.
Observe que essa definição de velocidade média é idêntica à de-
finição matemática de coeficiente angular da reta secante que passa
por dois pontos de uma curva. Quando a inclinação da secante à
Δs
curva s como função de t é íngreme, dá um resultado maior do
Δt
que quando a inclinação é rasa. Como esse resultado é a média em
um intervalo de tempo, a velocidade média não contém informações
sobre detalhes do movimento nesse intervalo de tempo.
Por exemplo, considere a figura a seguir que descreve a varia-
ção do espaço, percorrido por um objeto, em relação ao tempo.
A DERIVADA 151

A velocidade média no intervalo de tempo de t = 2 seg a t = 4


Δs 30 − 20
seg é dada por v = = = 5 m/s . O movimento poderia ter
Δt 4−2
seguido o caminho indicado pela reta pontilhada que vai de P até Q
Δs
com o mesmo resultado, sendo que a razão nos fornece a incli-
Δt
nação desta reta (reta secante que passa pelos pontos P e Q).
A seguir veremos a representação gráfica da velocidade média
como função do tempo para intervalos de amplitude 1 seg. Observe
que tal representação fornece poucos detalhes do movimento duran-
te o intervalo de tempo de 0 a 6 segundos.

A figura abaixo mostra o gráfico de v como função de t com


1
intervalos de tempo de segundo. Observe que como as velocida-
10
152  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

des médias foram obtidas para intervalos de tempo pequenos, o grá-


fico mostra maiores detalhes do movimento.

Escolhendo intervalos de tempo extremamente pequenos, a ve-


locidade média nesses intervalos pode ser considerada como a velo-
cidade em um instante qualquer. Vejamos um exemplo gráfico para
entender melhor esse processo de reduzir intervalos de tempo inde-
finidamente.
Consideremos o gráfico do espaço como função do tempo, des-
crito na figura abaixo.

Calculando a velocidade média para intervalos de tempo cada


vez menores, observamos que sempre obtemos o mesmo resultado
(isso se deve ao fato do gráfico ser uma reta).
A DERIVADA 153

Δs 20m
t = 2 seg a t = 6 seg ⇒ v= = = 5 m/s
Δt 4s

Δs 10m
t = 2 seg a t = 4 seg ⇒ v= = = 5 m/s
Δt 2s

Δs 5 m
t = 2 seg a t = 3 seg ⇒ v= = = 5 m/s
Δt 1 s
Continuando esse processo indefinidamente, a fim de reduzir o
intervalo de tempo Δt, sempre obteremos o mesmo resultado para a
velocidade média. A velocidade média nesse intervalo de tempo,
extremamente pequeno, é definida como sendo a velocidade instan-
tânea e, no nosso caso, diremos que a velocidade instantânea, no
instante t = 2s, é igual a 5 m/s.
Utilizamos a seguinte notação para a velocidade instantânea:

Δs
v = lim
Δt → 0 Δt

Consideremos agora a situação em que o gráfico de s como fun-


ção de t é uma curva descrita na figura abaixo.

Se determinarmos a velocidade média entre os tempos t1 e t4, ela


será igual ao coeficiente angular da reta secante que passa pelos
pontos P e S; achar a velocidade média entre os tempos t1 e t3 cor-
responde a encontrar o coeficiente angular da reta secante por P e R.
154  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Continuando dessa forma, fazendo o intervalo de tempo que começa


em t1 cada vez menor, o coeficiente angular da secante passando pelos
dois pontos será igual a velocidade instantânea no ponto (t1 ,s1 ).

Assim, no caso limite quando ∆t se aproxima de zero, a veloci-


dade instantânea no instante t1 é numericamente igual ao coeficiente
angular da reta tangente a curva no ponto P(t1,s1).

EXEMPLO 1 Considere uma partícula em movimento sobre uma


trajetória qualquer, obedecendo a função s ( t ) = t 2 − 3t + 2 (s em
metros, t em segundos), t → 0. Pergunta-se:
(a) Qual a velocidade média da partícula no intervalo de tempo
[3,5]?
(b) Qual a velocidade média da partícula no intervalo de tempo
[3,4]?
(c) Qual a velocidade média da partícula no intervalo de tempo
[3;3,1]?
(d) Qual a velocidade média da partícula no intervalo de tempo
[3;(3 + ∆t)] onde ∆t → 0?
(e) Interprete fisicamente a velocidade média da partícula em (d),
quando ∆t tende a zero.
(f) Qual a velocidade da partícula no instante t = 3 s?
A DERIVADA 155

Solução
(a) Da Física (Cinemática), temos que a velocidade média (vm) de
uma partícula num certo intervalo de tempo, é definida como
sendo o quociente entre o espaço percorrido (∆s = sf – si ) e o in-
tervalo de tempo que se gastou para percorrê-lo (∆t = tf – ti ) ou
Δs
seja, vm = . Assim,
Δt
s (5) − s (3) 25 − 15 + 2 − 9 + 9 − 2
vm = = = 5m / s .
5−3 2
s (4) − s (3) 16 − 12 + 2 − 9 + 9 − 2
(b) vm = = = 4 m/ s.
4−3 1
s (3,1) − s (3) 9,61 − 9,3 + 2 − 9 + 9 − 2
(c) vm = = = 3,1 m / s .
3,1 − 3 0,1

s (3 + Δt ) − s (3) 9 + 6Δt + Δt 2 − 9 − 3Δt + 2 − 9 + 9 − 2


vm = =
(d) Δt Δt
= (3 + Δt ) m / s
Observe que: se ∆t = 2 (item a)) então vm = 5 m/s
Observe que: se ∆t = 1 (item b)) então vm = 4 m/s
Observe que: se ∆t = 0,1 (item c)) então vm = 3,1 m/s
(e) No item (d), obtivemos a velocidade média da partícula, vm = 3 +
∆t, no intervalo de tempo [3;(3 + ∆t)]. Quando ∆t tende a zero,
observamos que o segundo extremo do intervalo de tempo tende
a 3 e, portanto, o intervalo tende a [3,3], que é um intervalo de
“amplitude nula” e que caracteriza o instante t = 3s. Assim, fisi-
camente, quando ∆t tende a zero, a velocidade média, vm, tenderá
para a velocidade instantânea da partícula em t = 3 s, v(3). Note
que a velocidade média,
s(3 + Δt ) − s(3)
vm = ,
Δt
tende para a velocidade instantânea quando ∆t tende a zero, ou
seja, a velocidade instantânea da partícula em t = 3 é
156  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

s (3 + Δt ) − s(3)
vi = lim .
Δt → 0 Δt
(f) Do item e) concluímos que a velocidade instantânea, no instante
t = 3s, é o valor para o qual tende a expressão vm = 3 + ∆t, quan-
do ∆t → 0, ou seja, v(3) = 3 m/s.

EXEMPLO 2 O movimento de uma partícula é dado pelo seu


diagrama horário (ver fig).
(a) Dê uma interpretação geomé-
trica da velocidade média da
partícula, no intervalo de
tempo [3, 3+∆t], usando a
trigonometria.
(b) Dê uma interpretação geomé-
trica da velocidade instantâ-
nea da partícula, no instante
t = 3s, usando a trigonometria.
Solução
(a) Denotemos por P o ponto de abscissa 3 e por Q o ponto de abs-
cissa (3 + ∆t) no diagrama dado.

A reta secante determinada por P e Q,


tem coeficiente angular dado por:

s(3 + Δt ) − s(3) Δs
mSec = tg α = = = vm
3 + Δt − 3 Δt

Portanto, a velocidade média da partícula no intervalo de tempo


[3, 3+∆t] é numericamente igual ao coeficiente angular da reta
secante ao gráfico, que passa pelos pontos P e Q.
(b) Para obtermos a velocidade instantânea v(3), devemos observar
o que ocorre com a velocidade média vm quando ∆t → 0. Neste
A DERIVADA 157

caso, o ponto P permanece fixo e o ponto Q “caminha sobre o


gráfico” (ver fig), se aproximando cada vez mais de P, tendendo
a coincidir com P. Assim, a reta secante por P e Q tenderá a reta
tangente à curva pelo ponto P. Neste caso, αS tenderá para αtg e
mS tenderá para mtg, coeficiente angular da reta tangente ao grá-
fico no ponto P. Logo, a velocidade instantânea da partícula no
instante t = 3s é numericamente igual ao  coeficiente angular da
reta tangente ao gráfico de s no ponto P, ou seja, v = mtg .  

A Derivada e a Reta Tangente


O problema da tangente
A palavra tangente deriva do latim e significa “tocando”. Então,
uma tangente a uma curva é uma reta que a “toca” em um determi-
nado ponto. Devemos tornar mais precisa essa idéia de reta tangente
a uma curva.
Quando Isaac Newton (1642-1727) trabalhava com o “problema
da reta tangente”, percebeu como era complicado definir com exati-
dão o significado de uma reta tangente a uma curva qualquer. Por
exemplo, para uma circunferência fica correto dizer, de acordo com
a geometria, que a reta tangente é uma reta que intercepta a circunfe-
rência em um único ponto (ver figura a) abaixo). Já para curvas co-
mo a da figura b), essa definição é imprópria, uma vez que a reta r
intercepta a curva C apenas uma vez, mas não se pode dizer que seja
tangente a ela. Por outro lado, a reta t, apesar de interceptar a curva
C duas vezes, aparenta ser uma tangente a essa curva no ponto P.
a) b)
158  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Vamos então verificar como definir uma reta tangente t à uma


curva qualquer, descrita através de seu gráfico, usando a idéia de
limite. Consideremos o gráfico de uma função f e traçamos, por um
de seus pontos, digamos P(x0,y0), a reta tangente à curva neste ponto.
O objetivo agora é encontrar uma equação para esta reta.

Sabemos que se o coeficiente angular m da reta tangente t for


conhecido, juntamente com o ponto P dado, poderemos achar uma
equação para esta reta. Como conhecemos apenas um ponto sobre a
reta tangente, não podemos calcular diretamente seu coeficiente an-
gular. Vamos então considerar uma reta secante passando por
P(x0,y0) e por um segundo ponto Q(x,y) do gráfico de f, próximo do
ponto P.

Coeficiente angular da secante

Δ y y − y0 f ( x) − f ( x 0 )
msec = = =
Δ x x − x0 x − x0

Para x próximo de x0, a reta secante se aproxima da reta tan-


gente e, quanto mais próximo x estiver de x0, mais próxima estará
a reta secante da reta tangente em P. Observe que quando x se a-
proxima de x0 , a reta secante “gira” em torno do ponto fixo P,
A DERIVADA 159

tendo a reta tangente como a posição-limite da reta secante, quan-


do x tende a x0 (figura)

Portanto, o coeficiente angular da reta secante é

f ( x ) − f ( x0 )
mS = , para x ≠ x0
x − x0

Assim, o coeficiente angular da reta tangente será


f ( x) − f ( x0 )
mt = lim mS = lim
Q→ P x → x0 x − x0

desde que esse limite exista e seja finito. Assim, podemos formalizar
a seguinte definição:

Definição: A reta tangente a uma curva y = f(x) em um ponto


P(x0,f(x0)) é a reta por P que tem como coeficiente angular
f ( x) − f ( x0 )
mt = lim ms = lim ,
Q→P x → x0 x − x0

desde que esse limite exista.

A derivada e a reta tangente


Se uma função y = f (x) é contínua em um ponto P(x0,y0), então
a reta tangente à curva nesse ponto é dada por y – y0 = mtg (x – x0).
Definimos a derivada de uma função f em x0 e indicamos por
160  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

f ’(x0), f definida num intervalo aberto contendo x0, como sendo


o limite
f ( x ) − f ( x0 )
f ' ( x0 ) = lim
x → x0 x − x0

desde que esse limite exista e seja finito. Quando o limite não existe
ou seja, os limites laterais são diferentes ou o limite é infinito, dize-
mos que f não tem derivada em x0.
A derivada de uma função f em x0 é numericamente igual ao
coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f nesse ponto.
Neste caso, a equação da reta tangente ao gráfico de f em (x0,y0) po-
de ser dada por
y − y0 = f ' ( x0 )( x − x0 )

EXEMPLO 1 Encontre a equação da reta tangente à parábola


y = x2 no ponto P(2,4) e trace o gráfico da mesma sobre a parábola.
Solução
Primeiramente calculamos o coeficien-
te angular da reta tangente.

f (x) − f (2) x2 − 4
mtg = f '( 2) = lim = lim
x→2 x−2 x→2 x − 2

= lim (x + 2) = 4
x→2

Assim, considerando a fórmula da equação da reta tangente, obte-


mos a equação
y – 4 = 4 (x – 2) ou y = 4x – 4
para a reta tangente.

EXEMPLO 2 Calcule g ' ( 2) onde g ( x ) = x .


Solução
A definição de derivada nos diz que:
A DERIVADA 161

g(x) − g(2) x− 2 ( x − 2) ( x + 2)
g '(2) = lim = lim = lim
x→2 x −2 x→2 x − 2 x→2 (x − 2) ( x + 2)

1 1
= lim =
x→2 x + 2 2 2

Observe que racionalizamos a diferença x − 2 para podermos


simplificar o termo (x – 2) do denominador.

O teorema seguinte nos diz


que uma função deve ser contínua
em qualquer ponto onde ela tenha
derivada. É necessário observar
que se uma função é descontínua
num ponto, o gráfico de f não terá
reta tangente nesse ponto e, con-
seqüentemente, a função não terá
derivada nesse ponto (fig.)

Teorema: Se existir a derivada f ' ( x0 ) , então a função f é con-


tínua em x0.

É necessário observar que, mesmo se uma função for contínua


num ponto, é possível que ela não tenha derivada nesse ponto (fig.).
162  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

OBS.: Os computadores e as calculadoras gráficas são uma al-


ternativa para analisar a diferenciabilidade de uma dada função.
Se uma função f for diferenciável em x = a, então, ao dar um
zoom próximo do ponto (a, f(a)), observamos que o gráfico fica
cada vez mais parecido com uma reta, nas proximidades desse
ponto (ver ilustração a seguir).
a)

b)
A DERIVADA 163

Uma conseqüência imediata da interpretação geométrica da de-


rivada é que uma função só é derivável (ou diferenciável), em um
ponto de seu domínio, se existir uma única reta tangente ao seu
gráfico por este ponto, ou seja, o gráfico da função neste ponto não
apresenta comportamento pontiagudo. Estendendo este raciocínio
para todos os pontos do domínio da função, notamos que o gráfico
de uma função diferenciável é uma curva suave, sem nenhum pico
“pontudo”. Assim, a função apresentada na parte (b) da figura aci-
ma, por exemplo, não é diferenciável em x = a.

EXERCÍCIOS 2.4

1. Observando o gráfico ao lado, res-


ponda as questões:
a) Qual é o coeficiente angular da reta
tangente à curva em (3,4)?
b) Qual é a equação da reta tangente em
x = 3?

2. A derivada a esquerda e a direita de uma função y = f(x), em


x = a, são definidas por

f ( a + h) − f ( a )
f '− (a) = lim
h →0 − h

f ( a + h) − f ( a )
e f '+ (a) = lim
h →0 + h

se esses limites existirem. Se as derivadas laterais existirem e fo-


rem iguais, então dizemos que a derivada f ’(a) existe.
164  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

a) Dada a função

⎪ 0, se x ≤ 0

f ( x) = ⎨5 − x, se 0 < x < 4
⎪ 1
⎪ , se x ≥ 4
⎩ 5− x

calcule o valor de f − ' ( 4 ) e f + ' ( 4 ) .

b) Faça um esboço do gráfico de f.


c) Determine para que valor (ou valores) de x f é descontínua.
d) Determine para que valor (ou valores de x) f não é derivável.

3. Determine os valores de x para os quais a função é derivável.


Justifique sua resposta.

a) f ( x) = x − 2 b) f ( x) = x + 4

⎧ x 3 + 2, x < 0 3
c) y = ⎪⎨ d) f ( x) = ( x − 2) 4
3
⎪⎩ x − 2, x > 0
A DERIVADA 165

Notações para a derivada de uma função y =f (x)

A notação f ' ( x0 ) para a derivada foi introduzida por Isaac


Newton. Outra notação, também muito utilizada, é a que foi propos-
df
ta por Gottgried Leibniz, ( x0 ) , a qual deve ser tratada como um
dx
símbolo único, individual. Em ambas, lemos: “derivada de f em re-
lação a variável x, no ponto x0”.
Assim, a definição de derivada, com a notação de Leibniz, é:

df f ( x) − f ( x0 )
( x 0 ) = lim .
dx x → x0 x − x0

Podemos escrever essa definição utilizando uma formulação di-


ferente. Para isso, denominemos de Δx a variação de x a partir de x0,
ou seja, fazemos Δx = x − x0 e, resolvendo essa equação em x, obte-
mos x = x0 + Δx.
Analogamente escrevemos

Δf = f ( x ) − f ( x0 ) = f ( x0 + Δx ) − f ( x0 )
 

para a variação que ocorre no valor de f, quando mudamos x, pelo


acréscimo Δx, de x0 para x0 +Δx (fig).
166  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Assim, o coeficiente angular da reta secante fica:


f ( x0 + Δx) − f ( x0 ) Δf
mS = =
Δx Δx
e, x = x0 + Δx tende para x0 quando Δx tende a zero. Portanto, com
essa notação, a definição de derivada fica:
df Δf f ( x0 + Δx) − f ( x0 )
( x0 ) = lim = lim
dx Δ x → 0 Δx Δ x → 0 Δx
Além das notações já vistas para a derivada, outras podem ser
encontradas na literatura:
dy df
y '( x0 ) = ( x0 ) = Dx f ( x0 ) = Dx y( x0 ) = ( x0 )
dx dx

A Derivada como Taxa de Variação


Vimos anteriormente que a taxa de variação instantânea de
y = f(x) em relação à x, em x = x0, é definida como o limite das taxas
médias de variação sobre intervalos cada vez menores. Ou seja, se o
intervalo de variação de x for [x0, x], então a variação em x, a partir
de x0, é dada por Δx = x – x0 e a variação correspondente em y é
dada por
Δy = f(x) – f(x0).
Assim, temos
Δy f ( x) − f ( x0 )
taxa de variação instantânea = lim = lim .
Δx →0 Δx x → x0 x − x0

Observe que esse limite nada mais é do que a derivada de f em


x0, ou seja, f ' ( x0 ) . Assim, interpretamos a derivada de uma função
y = f(x) do seguinte modo:

A derivada f ' ( x0 ) pode ser interpretada como sendo a taxa de


variação instantânea de y = f ( x ) , em relação à x, quando x = x0.
A DERIVADA 167

Se esboçarmos a curva y = f(x), então a taxa instantânea de


variação da função, em relação a x, será o coeficiente angular da
reta tangente a essa curva no ponto onde x = x0. Ou seja, quando a
derivada for grande num determinado ponto P (a curva será íngreme
nesse ponto), os valores de y mudarão rapidamente (numa vizinhan-
ça desse ponto); e quando a derivada for pequena em um determina-
do ponto Q (a curva será relativamente achatada nesse ponto), os
valores de y mudarão lentamente (numa vizinhança desse ponto).

Os valores de y estão mudando


rapidamente numa vizinhança
de P e lentamente numa vizi-
nhança de Q.

Quando s(t) é a função posição de uma partícula que se move ao


longo de uma curva que é gráfico de uma função f, f ' ( a ) será a taxa
de variação do deslocamento s em relação ao tempo t, no instante
t = a, ou seja, f ' ( a ) é a velocidade da partícula no instante t = a.
A rapidez da partícula é dada através do valor absoluto da
velocidade, isto é, f '( a) .

EXEMPLO 3 Suponha que a posição de uma partícula em movi-


2
mento sobre uma reta r seja dada por p(t) = t – 6t, onde p(t) é medi-
da em pés e t em segundos.
(a) Determine a velocidade em um instante t = a qualquer.
(b) Determine a velocidade da partícula em t = 0 e t = 4.
(c) Determine os intervalos de tempo durante os quais a partícula se
move no sentido positivo e negativo sobre r.
(d) Em que instante a velocidade é nula?
168  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
(a) A velocidade instantânea é o limite da velocidade média quando
consideramos um intervalo de tempo tendendo a zero, o que é
fornecido pela derivada da função posição, no instante desejado.
Portanto, temos que:
A velocidade média da partícula no intervalo de tempo Δt, a par-
tir de a, é dada por:
p ( a + Δt ) − p ( a ) [(a + Δt )]2 − 6( a + Δt ) − ( a 2 − 6a)]
Vm = =
Δt Δt

a 2 + 2aΔt Δt 2 − 6a − 6Δt − a 2 + 6a 2aΔt + Δt 2 − 6Δt


= =
Δt 2 Δt

= 2a + Δt − 6 .
A velocidade instantânea em t = a é dada por:
p (a + Δt ) − p(a )
Vi = V (a) = lim = lim (2a + Δt − 6) = 2a − 6 .
Δt →0 Δt Δt →0

(b) t = 0 ⇒ V(0) = 2.(0) – 6 = – 6 pés/s


t = 4 ⇒ V(4) = 2.(4) – 6 = 2 pés/s

(c) Da física sabemos que P se move para a direita quando a veloci-


dade é positiva e para a esquerda quando a velocidade é negativa.
Assim:
2a – 6 < 0 ⇔ a < 3 ( velocidade negativa)
2a – 6 > 0 ⇔ a > 3 ( velocidade positiva)
Portanto, o objeto:
– movimenta-se para a esquerda se t ∈ (0,3). (Observe que
tempo é positivo)
– movimenta-se para a direita se t ∈ (3,+∞).
A DERIVADA 169

(d) V(a) = 0 quando 2a – 6 = 0, o que ocorre quando a = 3, ou seja,


após 3 segundos, a velocidade é nula (o objeto está parado).

EXERCÍCIOS 2.5

1. Sobre o gráfico da função f, dado ao


lado, marque o comprimento que re-
presente f(2), f(2+h), f(2+h) – f(2) e h.
(Escolher h > 0). Qual a reta que tem
f (2 + h) − f (2)
coeficiente angular ?
h

2. Se a reta tangente a y = f(x) em (4,3) passa no ponto (0,2), en-


contre f(4) e f ' ( 4 ) .

3. Esboce o gráfico de uma função f para a qual f ( 0 ) = 0 ,


f ' ( 0 ) = 3 , f ' (1) = 0 e f ' ( 2 ) = −1 .

4. É dado o gráfico da função y = 3x e o gráfico de um zoom dado


sobre o gráfico de f, nas vizinhanças de x = 1. Faça uma estimati-
va do valor de f ’(1) e explique seu raciocínio.

5. Cada limite representa a derivada de alguma função y = f(x) para


um determinado valor de x = a. Dê a expressão de f e o valor de a
para cada um dos limites.

1+ h −1 cos x + 1
lim lim
h→0 h x →3π x − 3π
170  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

6. O consumo de combustível (medido em galões por hora) de um


carro viajando a uma velocidade de v milhas por hora é dado por
c = f (v) .
a) Qual o significado da derivada f ' ( v ) ? Quais suas unidades?
b) Descreva com palavras o significado da equação f ' ( 20 ) = −0,05 .

Derivação Gráfica
Quando uma função é determinada experimentalmente, conta-
mos apenas com um esboço do seu gráfico, ou seja, não temos uma
fórmula que nos dê seus valores. Neste caso, não podemos determi-
nar os valores exatos da função, nem de sua derivada. Assim, utili-
zando um processo geométrico, podemos determinar “valores apro-
ximados” da função e de sua derivada. Veremos com se dá esse
processo, no exemplo seguinte.

EXEMPLO 1 Considere o movimento de um automóvel entre


dois sinais de parada, cuja distância é de 100 metros. Seja x a distân-
cia do automóvel ao primeiro sinal de parada. Um gráfico de x como
função do tempo é mostrado na figura abaixo, onde temos a descri-
ção da posição do automóvel como função do tempo.

Observando o gráfico, notamos que 100 metros são percorridos em


10 segundos e, portanto, a velocidade média nesse intervalo de
A DERIVADA 171

tempo é de 10 m/s. Em t = 0s e em t = 10s o coeficiente angular da


reta tangente à curva é zero e, portanto, a velocidade nestes dois
instantes é zero. O coeficiente angular da reta tangente à curva é
mais íngreme entre t = 4 e 6 segundos e, portanto, este é o intervalo
de tempo em que o carro está se movendo mais rapidamente.
Determinando a velocidade instantânea para um número suficiente
de pontos, podemos ver como a velocidade varia durante o intervalo
de tempo de 0 a 10 segundos. Observando a figura, a tangente em t
= 8s tem coeficiente angular dado por
Δx 37 m
= = 9, 25 m/s
Δt 4s
que é igual a velocidade instantânea em t = 8 s. Utilizando este
mesmo procedimento em outros pontos da curva, obtemos o gráfico
da velocidade como função do tempo. Observe que quanto mais
pontos (coeficiente angular) determinarmos, mais completa ficará
nossa curva velocidade.

EXEMPLO 2 A figura mostra a curva de solubilidade do KNO3


diluído em tubo de ensaio com 5 ml de água desidratada. Observan-
do o gráfico, responda as questões:

(a) Aproximadamente, quantos


gramas de KNO3 é solúvel
em 5 ml de água desidrata-
da à uma temperatura de
25°C? E a 30°C?
(b) Qual é a taxa de variação da
solubilidade por unidade de
temperatura, na temperatura
T = 40°C? E na temperatura
T = 70°C?

(c) Observando o gráfico, faça uma interpretação do que acontece


com a solubilidade do KNO3 quando submetido à temperaturas
mais altas.
172  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
(a) Do esboço do gráfico, obtemos que S(25°C) ≈ 35g e S(30°C) ≈
42g.

(b) Com uma régua, traçamos retas tangentes (da melhor forma pos-
sível) ao gráfico em T = 40°C e em T = 70°C. O coeficiente an-
gular da reta tangente em T = 40°C é aproximadamente igual a
dS
2, de modo que (40) ≅ 2 e a solubilidade está aumentando à
dT
razão aproximada de 2 gramas por °C, à temperatura de 40°C.
O coeficiente angular da reta tangente em T = 70°C é aproxima-
dS
damente 3, de modo que (70) ≅ 3 e a solubilidade está au-
dT
mentando à razão aproximada de 3 gramas por °C, à temperatu-
ra de 70°C .
A DERIVADA 173

(c) Quando submetido a temperaturas mais altas, a solubilidade do


KNO3 está aumentando, ou seja, uma maior quantidade de
KNO3 é solúvel em 5 ml de água. A derivada sendo positiva
numa determinada temperatura nos dá a informação de que na
temperatura imediatamente superior, a solubilidade irá aumentar,
enquanto que a derivada sendo negativa numa temperatura qual-
quer nos dá a informação de que na temperatura imediatamente
superior, a solubilidade irá diminuir.

EXERCÍCIOS 2.6

1. Observe a figura abaixo e determine f ( 5 ) e f ' ( 5 ) .

2. Observe a figura abaixo e determine f ( 2 ) e f ' ( 2 ) .

3. Esboce o gráfico de uma função definida e derivável em \ , tal


que f ' (1) = 0 .
174  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

4. Esboce o gráfico de uma função definida e derivável em \ , tal


que f ' ( x ) > 0 para todo x.

5. A figura ao lado mostra o


gráfico da corrente como
uma função da voltagem
em uma lâmpada elétrica
ordinária. Determine:
a) A taxa de variação média
aproximada da corrente em
relação a voltagem, quando
a voltagem vai de zero até
120 volts;
b) A taxa de variação aproximada da corrente em relação à volta-
gem em 90 volts.

6. O gráfico de um deslocamento, como função do tempo, é dado na


figura a seguir.

Determine a velocidade instantânea em t = 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7


segundos, usando para isso uma régua para determinar a tangente
em cada ponto. Coloque os pontos que você obteve no gráfico da
figura abaixo e faça um esboço do gráfico da velocidade como
função do tempo.
A DERIVADA 175

Regras de Derivação
O processo de derivação, usando a definição de derivada, requer
um esforço muito grande quando utilizado para derivar qualquer fun-
ção que apresente algum nível de complexidade em sua expressão.
Veremos, a seguir, algumas regras de derivação que nos possibilitam
calcular derivadas de muitas funções sem referência à definição de
derivada. As demonstrações destas regras serão omitidas neste mate-
rial, porém decorrem da definição de derivada e podem ser encontra-
das na maioria dos livros de Cálculo Diferencial e Integral.
Antes, porém, gostaríamos de observar que, apesar da derivada
de uma função ter sido definida em um ponto de seu domínio, este
ponto foi tomado de modo genérico e, assim, podemos estender este
conceito a um intervalo qualquer onde a função esteja definida e seja
contínua. Portanto, dizemos que uma função f é diferenciável em um
intervalo se a sua derivada existir em todos os pontos deste interva-
lo. E definimos a derivada de f em um ponto x qualquer de seu do-
mínio, como sendo
f ( x + Δx ) − f ( x )
f ' ( x ) = lim ,
Δx →0 Δx

de onde observamos que a derivada de uma função f, em um ponto x


qualquer, é uma nova função, f '(x).
As regras que seguem abaixo permitem calcular a derivada da
maioria das funções genericamente, ou seja, para qualquer valor de
x. Se quisermos o valor da derivada em um ponto específico, primei-
ro derivamos a função (na variável x) e depois substituímos x pelo
ponto desejado.

1a) Função Constante

f ( x ) = k (constante) ⇒ f ' ( x ) = 0

Procure interpretar geometricamente este resultado.


176  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

2a) Função Identidade

f ( x ) = x ⇒ f '( x ) = 1

Procure interpretar geometricamente este resultado.

3a) Função Potência

f ( x ) = x n ⇒ f ' ( x ) = nx n −1 , ∀ n ≠ 0

DICA: Para derivar funções que contém raízes, substitua


as raízes por expoentes fracionários.

Exemplos:

a) f ( x ) = x 5 ⇒ f ' ( x ) = 5 x 4
1 3
1 − 1 − −1
b) g ( x ) = = x 2 ⇒ g '( x) = − x 2 =
x 2 2x x
1 −3
c) f ( x ) = ⇒ f '( x ) =
x3 x4

4a) Função Soma e Subtração de Funções

f ( x) = g ( x) ± h ( x) ⇒ f '( x) = g '( x) ± h '( x)

Exemplos:
a) f ( x ) = x 3 + x 2 ⇒ f ' ( x ) = 3 x 2 + 2 x

b) g ( t ) = t − t 5 ⇒ g ' ( t ) = 1 − 5t 4

5a) Função Produto de Uma Constante por Função

f ( x) = k g ( x) ⇒ f '( x) = k g '( x)
A DERIVADA 177

Exemplos:

a) f ( u ) = 3u2 ⇒ f ' ( x ) = 3 ⋅ 2u = 6u

b) g ( x ) = − 3x 7 ⇒ g ' ( x ) = −3 ⋅ 7 x 6 = −21x 6

6a) Função Produto de Duas Funções

f ( x) = g ( x) ⋅ h ( x) ⇒ f '( x) = g '( x) ⋅ h ( x) + g ( x) ⋅ h '( x)

Observe que não é necessário manter uma ordem para derivar


os fatores do produto.
Exemplo:

( )(
f ( x ) = 3 x4 − 2 x3 − x ) ( )( x − x ) + 3 ( x
⇒ f ' ( x ) = 3 4 x3 3 4
)( )
− 2 3x 2 =

= 12 x ( x − x ) + 9 x ( x
3 3 2 4
− 2)

7a) Função Quociente de Duas Funções

g (x) g '( x)⋅ h ( x) − g ( x)⋅ h '( x)


f (x) = onde h ( x ) ≠ 0 ⇒ f ' ( x ) =
h(x) 2
⎣⎡ h ( x )⎦⎤

Observe que neste caso é importante a ordem de derivação


das funções g(x) e h(x).
Exemplo:

2x2 − 1 4 x ( x − 2 ) − ( 2 x 2 − 1) (1) 2 x 2 − 8 x + 1
f (x) = ⇒ f '(x) = =
x−2 ( x − 2) ( x − 2)
2 2

8o) Funções Exponenciais e Logarítmicas

1. Se y = f ( x ) = a x , então f ′( x ) = a x ln a .

Se y = f ( x ) = e x , então f ′( x ) = e x , já que ln e = loge e = 1 .


178  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

1
2. Se y = log a x , então f ´( x ) = loga e
x
1
Se y = f ( x ) = ln x , então f ´( x ) = , já que ln e = loge e = 1 .
x

9o) Funções Trigonométricas

Para derivarmos as funções trigonométricas, basta sabermos as


derivadas das funções seno e cosseno, pois as demais são calcu-
ladas a partir destas, usando a regra do quociente.
Assim:
f ( x ) = sen x ⇒ f ' ( x ) = cos x

f ( x ) = cos x ⇒ f ' ( x ) = −sen x .

Verifique as seguintes derivadas, usando a regra do quociente:


f ( x ) = tg x ⇒ f ' ( x ) = sec 2 x

f ( x ) = cotg x ⇒ f ' ( x ) = −cossec 2 x

f ( x ) = sec x ⇒ f ' ( x ) = sec x ⋅ tg x

f ( x ) = cossec x ⇒ f ' ( x ) = −cossec x ⋅ cotg x

9o) Derivada da Função Inversa

Se uma função derivável y = f ( x ) tem derivada sempre positi-


−1
va ou sempre negativa, então f é derivável e

( f ) ' ( y ) = f '1( x )
−1

para todo x do domínio de f .

Outra maneira de escrever a fórmula da derivada da função in-


versa é:
A DERIVADA 179

dx 1
=
dy dy
dx
que se torna mais fácil de memorizar.
Exemplo:
f ( x ) = x 5 + 2 x 3 ⇒ f ' ( x ) = 5 x 4 + 6 x 2 que é sempre positiva
para todo x real. Portanto,

( f ) ' ( y ) = f '1( x ) = 5x
−1
4
1
+ 6x2

Observe que se fosse possível escrever x em função de y, tería-


( )
mos f −1 ' ( y ) em termos de y.

OBS.: Todas essas regras podem ser demonstradas utilizando a


definição de derivada e propriedades de limite.

Regra da Cadeia
Considerando uma função F = F(x), onde x é uma função da va-
riável t, x = x(t), já vimos que a função H = H(t), onde H = F(x(t)) é
dita função composta, obtida pela composição das funções F e x.
Para derivarmos tais funções, usamos uma regra denominada
regra da cadeia, a qual é apresentada abaixo.

A Regra da Cadeia: Se f e g são funções diferenciáveis (existe a


derivada de f e de g) e F = f D g é a função composta definida
por F ( x ) = f ( g ( x ) ) , então F é diferenciável e F’(x) é dada pelo
produto

F '( x) = ( f D g ) '( x) = f '( g ( x) ) ⋅ g '( x) .


180  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Escrevendo de outro modo: se y = f ( u ) e u = g ( x ) são funções


diferenciáveis, então y = f ( g ( x ) ) tem derivada e

dy dy du
= ⋅
dx du dx

OBS.:
1) Uma maneira de verificar se a regra da cadeia está montada
dy du
corretamente, é imaginar que e são quocientes e, as-
du dx
sim, “cancelar” du, reduzindo a expressão do lado direito da
igualdade à expressão do lado esquerdo da mesma, ou seja,
dy dy du
= ⋅
dx du dx  
2) Ao usarmos a regra da cadeia, trabalhamos de fora para den-
tro, ou seja, imaginamos que y = f ( g ( x ) ) possui uma parte
interna e uma parte externa e assim, a fórmula
d
( f D g ) '( x) = f ( g ( x)) = f ' ( g ( x ) ) ⋅ g ' ( x )
dx
nos diz que primeiro derivamos a função externa f [em rela-
ção a uma variável que representa a função interna g] e então
multiplicamos o resultado pela derivada da função interna g.

( )
3
EXEMPLO 1 Calcule a derivada da função y = 2 x4 − x em rela-
ção a x.
Solução
dy d
( ) ( ) d
( ) ( ) ( )
3 2 2
= 2 x4 − x = 3 2x4 − x ⋅ 2 x 4 − x = 3 2 x 4 − x ⋅ 8 x3 − 1
dx dx dx
Se preferir, faça:
u = 2 x4 − x ⇒ y (u ) = u3
A DERIVADA 181

e, pela regra da cadeia,


dy dy du
( ) ( ) ⋅ (8x − 1).
2
= ⋅ = 3u 2 ⋅ 8 x3 − 1 = 3 2 x 4 − x 3
dx du dx

4
2t + 1 ⎞
EXEMPLO 2 Derive a função f ( t ) = ⎛⎜ ⎟ usando a regra da
⎝ t+2 ⎠
cadeia.
Solução
2t + 1
Seja u ( t ) = . Então f ( u ) = u 4 e, portanto,
t+2
⎡ 2 ⋅ (t + 2) − (2t + 1) ⋅ 1 ⎤
f ' ( t ) = f ' ( u ) ⋅ u ' ( t ) = 4u 3 ⋅ ⎢ ⎥=
⎢⎣ ( t + 2 )2 ⎥⎦

⎛ 2t + 1 ⎞ ⎡ 3 ⎤ 12 ( 2t + 1)
3 3
= 4⎜ ⎟ ⋅⎢ ⎥= .
⎝ t + 2 ⎠ ⎢⎣ ( t + 2 ) ⎥⎦ ( t + 2 )5
2

Ou, calculando diretamente:


4 3 3
d ⎛ 2t + 1 ⎞ ⎛ 2t + 1 ⎞ d ⎛ 2t + 1 ⎞ ⎛ 2 t + 1 ⎞ ⎡ 2(t + 2) − (2 t + 1) ⋅ (1) ⎤
⎜ ⎟ = 4⎜ ⎟ ⋅ ⎜ ⎟= 4⎜ ⎟ ⎢ ⎥=
dt ⎝ t + 2 ⎠ ⎝ t + 2 ⎠ dt ⎝ t + 2 ⎠ ⎝ t+2 ⎠ ⎣ (t + 2) 2 ⎦
3
⎛ 2t + 1 ⎞ 3 12(2 t + 1) 3
= 4⎜ ⎟ ⋅ = .
⎝ t + 2 ⎠ ( t + 2) 2 (t + 2) 5

EXEMPLO 3 Qual é a derivada de f ( x) = 3 2 x + 4 ?


Solução
Primeiramente substituímos a raiz por um expoente fracionário
1
f ( x) = 3 2 x + 4 = 3(2 x + 4) 2

e, em seguida, utilizamos as regras de derivação adequadas:


1
1 − d 3 3
f '( x ) = 3 ⋅ (2 x + 4) 2 ⋅ (2 x + 4) = ⋅2 = .
2 dx 2 2x + 4 2x + 4
182  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 4 ( )
Sabendo que g ( t ) = f 2t 3 + 1 e f ' (17 ) = 2 , deter-

mine g ' ( 2 ) .
Solução
Usando a regra da cadeia, temos

g '(t ) = f '(2t 3 + 1) ⋅ 6t 2

Considerando agora t = 2 e usando as condições dadas, obtemos


g '(2) = f '(17) ⋅ 24 = 48

EXEMPLO 5 Determine a derivada das funções dadas.

(a) y = 43 x
2
− 2 x +1
(b) y = e
3x
2 (
(c) y = ln x3 − 3 )
(d) y = log3 ( 2 x + 4 ) (e) y = sen 5x3 ( ) −2
(f) y = cos ⎛⎜ ⎞⎟
⎝ 3x ⎠
(g) y = 2tg( x ) − cotg(2 x )

Solução
dy 2 3x 3x
(a) = 43 x − 2 x +1 ⋅ ln 4 ⋅ (6 x − 2) (b) dy = e 2 ⋅ 3 = 3 e 2
dx dx 2 2

dy 1 3x 2 dy 1 2log3 e
(c) = 3 ⋅ 3x 2 = 3 (d) = ⋅ log3 e ⋅ 2 =
dx x − 3 x −3 dx 2 x + 4 2x + 4

dy dy −2 ⎛ −2 ⎞
(e) = 15x2 cos(5x3 ) (f) = 2 ⋅ sen ⎜ ⎟
dx dx 3x ⎝ 3x ⎠

dy sec 2 ( x )
(g) = + 2cossec 2 (2 x )
dx x

EXEMPLO 6 Considere x(t) como sendo a distância (km) percor-


rida por um carro em uma estrada, depois de t (horas), e F(x) a quan-
tidade de álcool (litros) necessária para o carro percorrer x quilôme-
A DERIVADA 183

tros na estrada. Assim, F(x(t)) é a quantidade de álcool necessária


para que o carro ande durante o tempo t, quando está em x = x(t), ou
seja, é a taxa de consumo do carro em litros por hora.
Pela regra da cadeia, temos:
dF dF dx
( x(t )) = ( x(t )) ⋅ (t )
dt dx dt
a qual estabelece que a taxa de consumo do carro em litros por hora
é igual a sua taxa de consumo em litros por quilômetro multiplicada
por sua velocidade em quilômetros por hora.

EXERCÍCIOS 2.7

1. Encontre a derivada das funções dadas:


6 4
1. f ( x) = − 2. f ( t ) = t 3/ 2 − t 2/3 3. g (u ) = u − 4 3 u
x3 x
1 2 3 x −3
4. F ( s ) = 1 − s + s7 5. f ( x) = − 2 + 3 6. y=
x x x 2x
y = 5e1−t
2 2
7. y = (e x + x 2 ) 4 8. y = 3e t 9.

e− x − e x x 1
10. y= 11. y = (1 − x ) e 2 12. y = ln( x + 1)
3 x
x x
13. y = ln x 14. y = 3 − ln 15. y=
3 ln 3 x
16. (
y = ln e5 x – 1 ) 17. y = ln ( ln x ) 18. y = e− x ln x

t2 −1 1 1− x
19. y = t ln 20. y= ln(5 x 2 − 3) 21. y = ln
t2 +1 2 1+ x
− ln 2 x
s2 − 1 + s2 ⎛1⎞ 3
22. y= 23. y = ⎜ ⎟ 24. f ( x) =
s ⎝3⎠ (5 x + 3)2

25. ( )
y = tg 6 x 3 26. f ( x) = (2 x − 3)4 27. f (u ) = 3
u
184  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

1
x+
28. y = x 2 − 3x
29. y=
1 5x − 1
x−
x

2x −1
30. y= 31. y = e x − e− x
3x + 1

32. f ( x ) = 3 x 2 + 1 33. y = 3sec 3 ( x ) – 2tg 2 ( 3 x )

34. y = cotg 4 ( 6 x ) 35. y = e tg x

36. y = cossec ( 3 − 2 x ) 37. (


y = 5 cot g −8 x 2 )
38. y = sen 2t − cos2 t 39. y = sen 2t − cos2 t

40. y = cos ( ln x ) 41. ( )


y = cos e 3 x

42. y = x tg x 43. y = cos ( sen x )

44. y = 3esen x 45. y = e x ln ( sen x )

46. y = log2 ( 3x − sen ( 2 x ) ) 47. y = a sen(bx )

sen x
48. y = tg ( sen t ) 49. y=
tg(3 x )

1 − cos x tg(2u )
50. y= 51. y=
x4 cos u

1
2. Dada F ( x ) = 5 x3 − , calcule F ' ( 3) .
x

3. Calcule f ' ( 2 ) sabendo que

f ( x ) = 3g ( x ) − 5h ( x ) , g ' ( 2 ) = 4 e h ' ( 2 ) = 6 .
A DERIVADA 185

4. Calcule a reta tangente a y = 3 x , em x = 27.

5. Calcule ⎡⎢ R(t )⎤⎥ onde R ( t ) = P ( t ) ⋅ Q ( t ) , P ( 3) = −2, Q ( 3) = 3,


d
⎣ dt ⎦ t =3

dP dQ
(3) = 4 e (3) = −1 .
dt dt
z + g ( z)
6. Calcule L’(1) onde L ( z ) = , g(1) = 4 e g’(1) = 2.
z − g ( z)

7. Uma bolinha é atirada para o ar no instante t = 0 seg. e está a


s ( t ) = 4t − t 2 metros acima do chão, até o instante t = 4 seg.,
quando ela bate no chão. Para que valores de t, 0 ≤ t ≤ 4, a velo-
cidade da bolinha dirigida para cima é positiva? Zero? Negativa?
Pela análise do sinal da velocidade, o que se pode concluir a res-
peito do movimento do objeto?
8. A posição de um objeto no eixo dos s é dada como função do
20
tempo t, pela equação s ( t ) = 100 − quilômetros, no instante t
t
(minutos).
a) Calcule a velocidade média do objeto no intervalo de tempo
0,2 ≤ t ≤ 2 ;
b) Calcule a velocidade instantânea do objeto em t = 2;
c) Trace o gráfico da função, e as correspondentes retas secante e
tangente.
3
9. Um carro está a 16t 2 − 24t + 16 quilômetros a Leste de uma pa-
rada, no instante t (horas).
1
a) Qual é a sua velocidade no instante t = h e qual é o sentido em
4
que ele se move?
b) Onde está o carro quando sua velocidade é zero?
186  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

(
10. Escreva a equação da reta tangente ao gráfico de y = ln x 2 + e )
no ponto ( 0, y ( 0 ) ) .

11. Chama-se reta normal a uma curva em um ponto x0, a reta que
é perpendicular à reta tangente nesse ponto. Determine a equa-
ção da reta normal à curva y = x ln x, que seja perpendicular à
reta x − y + 7 = 0 .

12. Determine a equação da reta normal à curva y = e2 x no ponto


onde x = ln 2 .

13. Se f e g são funções tais que g(2) = 32, g é diferenciável em x = 2,


g ' ( 2 ) = 5 , f ' ( 32 ) = −3 e H = f D g , calcule H ' ( 2 ) .

14. Seja u = t 2 y onde y = y ( t ) é uma função derivável. Calcule


du dy
, considerando = 5 e y(1) = –7.
dt t =1 dt t =1

15. Sabendo que g : \ → \ é uma função diferenciável e que


( )
f ( x ) = 2 x ⋅ g x 2 − 1 , determine f ' ( 2 ) supondo g(3) = 4 e
g’(3) = –5.

16. Determine o coeficiente angular da reta tangente à curva


f ( x ) = ( g D h )( x ) em x = 1 , sabendo que
g ( −2 ) = −3, g ' ( −2 ) = 4, h (1) = −2 e h ' (1) = 6.

17. Considere que todas as variáveis são funções de t.


dx dA
a) Se A = x2 e = 3 quando x = 10, determine .
dt dt
3
dV dP
b) Se V = −5 p 2 e = −4 quando V = –40 determine .
dt dt
A DERIVADA 187

18. A afirmação:
2
1 −
dy (3 − x) 3
y = (3 − ⇒
x) 3 =
dx 3
é verdadeira ou falsa? Justifique sua resposta.

19. As funções deriváveis y = y(x) e z = z(y), estão descritas nos


gráficos abaixo. Dê valores aproximados para z(y(x)) em x = 2
e x = 5, e para a derivada dz/dx nesses dois valores.

20. A força de resistência do ar sobre certo carro é D = (1/30)v2


libras, quando a velocidade é v milhas por hora. O carro está
acelerando à razão constante de 2 milhas por hora, em cada se-
gundo. A que razão estará crescendo a resistência do ar quando
o carro estiver a 50 milhas por hora?

Outras Taxas de Variação


Além da velocidade e aceleração, veremos outras taxas de va-
riação que também são importantes em uma ampla quantidade de
situações, sendo que cada uma delas é dada através de uma derivada.
A razão incremental
f ( x0 + Δx ) − f ( x0 ) f ( x ) − f ( x0 )
=
Δx x − x0
188  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

foi definida como sendo a taxa de variação média de f(x) em rela-


ção a x, no intervalo entre x0 e x0 + Δx.
dy
Vimos que a derivada pode ser interpretada como sendo a
dx
taxa de variação instantânea de y = f(x) em relação a x.

EXEMPLO 1 No estudo de Cinética Química, um dos problemas


estudados é a determinação da velocidade de uma reação química.
Consideremos M = M(t) a massa de alguns nutrientes, como função
do tempo. Admite-se, por exemplo, que o nutriente se desintegre
quimicamente e, portanto, a massa M decresce.
Temos então:
t1 , t2 : dois instantes consecutivos
Δt = t2 – t1 : intervalo de tempo
ΔM M (t1 + Δt ) − M (t1 ) M (t2 ) − M (t1 )
= ou
Δt Δt t2 − t1

Como M decresce, segue que:


t2 > t1 ⇒ M(t2) < M(t1) ⇒ M(t2) – M(t1) < 0
ΔM
∴ <0
Δt
ΔM
mede o quanto de massa está se desintegrando num intervalo
Δt
de tempo, ou seja, é a taxa média de reação no intervalo de tempo de
t1 até t2. O fato dessa taxa de variação ser negativa é decorrência da
massa M estar diminuindo conforme o tempo passa.

EXEMPLO 2 Suponha que uma proteína de massa m se decom-


25
ponha em aminoácidos segundo a fórmula m(t ) = , onde t re-
t +3
presenta o tempo medido em horas. Determine a taxa média de va-
A DERIVADA 189

1
riação da massa no intervalo de tempo [0, ]. Qual a taxa de varia-
4
ção instantânea para t = 1 h?
Solução
1
A taxa média de variação da massa no intervalo de tempo [0, ] é
4
1
( ) − (0)
ΔM M 4 M
= = −0,64 unidade de massa /hora
Δt 1
−0
4

A taxa de variação instantânea para t = 1h é

dm −25
(t = 1) = = −1,56 unidade de massa /hora
dt (t + 3) 2 t =1

Esse valor nos dá uma informação da quantidade de massa de pro-


teína que está decrescendo, por unidade de tempo e, assim, temos
uma expectativa do valor aproximado de m(t) para t = 2h usando o
valor m(1) e a taxa de variação instantânea em t = 1; ou seja,

m (1) = 6,25 ⎫
⎪ dm
dm ⎬ ⇒ m ( 2 ) ≈ m (1) + ( t = 1) =
(t = 1) = −1,56 ⎪ dt
dt ⎭
= 6,25 – 1,56 = 4,69 unidade de massa

Fazendo t = 2 na expressão de m(t), obtemos m(2) = 5 que é um va-


lor próximo ao valor obtido utilizando a derivada no ponto t = 1.

EXEMPLO 3 O calor produzido por certo tipo de aquecedor de


precisão é controlado pela variação da corrente que o abastece. O
aquecedor produz Q ( I ) = 150 I 2 calorias em 1 segundo, quando a
corrente é de I ampères. Qual é a taxa de variação do calor Q(I) em
relação a corrente I, quando a corrente é de 2 ampères?
190  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
dQ
Queremos determinar (2) .
dI
dQ
(2) = 300 I I =2
= 600 calorias /ampère.
dI

EXEMPLO 4 Uma reação química entre um ou mais materiais


(denominados de reagentes) tem como resultado a formação de uma
ou mais substâncias (denominadas de produtos). Por exemplo, a
reação
2H2 + O2 → 2H2O

mostra que duas moléculas de hidrogênio e uma molécula de oxigê-


nio formam duas moléculas de água. Vamos considerar a reação

A + B → C

onde A e B são os reagentes e C é o produto. A concentração de um


reagente A (denotada por [A]) é o número de mols (6,022 × 1023 mo-
léculas) por litro. Como a concentração varia durante a reação, então
[A], [B] e [C] são funções do tempo t e assim, a taxa média da reação
do produto C num determinado intervalo de tempo [t1 ,t2] é dada por

Δ[C ] [C ](t2 ) − [C ](t1 )


=
Δt t2 − t1

A taxa de reação instantânea é obtida fazendo-se o limite da taxa


de reação média quando o intervalo de tempo ∆t tende a zero:

Δ[C ] d [C ]
taxa de reação = lim =
Δt →0 Δt dt
Como a concentração do produto aumenta quando a reação está
d [C ]
ocorrendo (função crescente ⇒ derivada positiva), a derivada
dt
será positiva e, portanto, a taxa de reação de C é positiva.
A DERIVADA 191

Contudo, como a concentração de reagentes decresce durante a rea-


ção (⇒ taxa de reação negativa), para tornar as taxas de reação de A
e B positivas, colocamos sinais de menos na frente das derivadas
d [ A] d[B]
e . Como [A] e [B] decrescem na mesma taxa que [C]
dt dt
aumenta, temos que
d [C ] d [ A] d [ B]
taxa de reação = − =− .
dt dt dt
De maneira geral, para uma reação da forma
aA + bB → cC + dD
temos que
1 d [ A] 1 d [ B ] 1 d [C ] 1 d [ D ]
− =− = = .
a dt b dt c dt d dt

EXEMPLO 5 A compressibilidade é uma das grandezas de inte-


resse da Termodinâmica. Se uma dada substância for mantida a uma
temperatura constante, então seu volume V depende de sua pressão
dV
P, de maneira que quando P cresce, V decresce, ou seja, <0. A
dP
compressibilidade é definida então por:
1 dV
compressibilidade isotérmica = β = –
V dP
e mede quão rápido, por unidade de volume, o volume de uma
substância decresce quando a pressão sobre ela cresce a uma
determinada temperatura constante.

EXERCÍCIOS 2.8

1. Sabendo que a voltagem num circuito elétrico é de 100 volts, que


a corrente (em ampères) é I, a resistência (em ohms) é R e
100
I= , se R está aumentando, determine a taxa de variação ins-
R
tantânea de I em relação a R em:
192  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

a) qualquer resistência R. O que significa o sinal de menos na taxa


de variação?
b) uma resistência de 2 ohms;
c) Esboce o gráfico de I como função de R;

2. A função posição s de um ponto P que se move em linha reta é


dada por s(t) = 2t – 3t2, onde t é dado em segundos e s em centí-
metros.
a) Determine a velocidade média de P nos seguintes intervalos de
tempo: [1; 1,2] , [1; 1,1] , [1; 1,01], [1; 1,001];
b) Determine a velocidade de P em t = 1 seg.;
c) Qual é a relação entre as velocidades média obtidas em a) com a
velocidade encontrada em b)? Justifique sua resposta.

3. A Lei de Boyle afirma que se a temperatura permanece constan-


te, a pressão (P) e o volume (V) de um gás confinado estão rela-
C
cionados por P = para alguma constante C. Se para certo gás,
V
C = 200 e V está aumentando, determine a taxa de variação ins-
tantânea de P em relação a V para um volume qualquer e para um
volume de 10 unidades de volume.

4. Uma partícula move-se ao longo de uma reta, de acordo com a lei


do movimento s = ( t + 1) ln ( t + 1) , onde s é a distância da partí-
2

cula ao ponto inicial em t segundos. Determine a velocidade e a


aceleração da partícula quando t = 3seg.

5. Um circuito elétrico simples contendo uma resistência de R


ohms, uma indutância de L henrys e sem condensadores, tem a
força eletromotriz interrompida quando a corrente é I0 ampères.
A corrente se extingue de forma que em t segundos ela é i
−R
t
ampères e i = I 0 e L . Mostre que a taxa de variação da corrente
em relação ao tempo, é proporcional à corrente.
A DERIVADA 193

6. O volume V (em metros cúbicos) de uma amostra do ar a 25˚C


está relacionado com a pressão P (em quilopascal) através da
5,3
equação V = . Determine a compressibilidade do ar, dada por
P
1 dV
β =− , quando P = 50 kPa.
V dP

Derivada de Funções Implícitas


As funções com as quais trabalhamos até agora foram descritas
através de uma variável que dependia explicitamente de outra, como
y = 2x + 1 ou y = 3 sen x,
por exemplo. Todavia, existem algumas funções que são definidas
implicitamente através de uma equação que envolve as variáveis y e
x, tais como
x2 + y2 = 4 ou 2x4 + 3y3 = 5xy2.
Observe que no caso da primeira equação, podemos resolver y
como função explícita de x, obtendo duas funções

f ( x) = 4 − x2 e g ( x) = − 4 − x2 .

Já no caso da segunda equação, é difícil resolvê-la para y explici-


tamente como uma função de x, sem o auxílio de um sistema algébrico
computacional. Mesmo assim, as expressões obtidas são extremamen-
te complicadas.
Felizmente não é necessário resolver uma equação, que rela-
ciona y e x, explicitamente para y em termos de x para que se possa
calcular a derivada de y em relação a x, por exemplo. O método de
derivação implícita permite-nos encontrar a derivada de uma fun-
ção sem a necessidade de explicitá-la, bastando para isso, utilizar-
mos a regra da cadeia. Tal método consiste em derivar ambos os
lados da equação em relação à x e então resolver a equação resul-
dy
tante para .
dx
194  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Nos exemplos a seguir, veremos como utilizar esse método na


prática.

EXEMPLO 1 A equação x2 – 6y = 0 define, implicitamente, a


x2
função y = e a função x = ± 6 y . Neste caso, para calcular a de-
6
rivada de y em relação a x, utilizamos o seguinte procedimento:
x2 – 6y = 0 equação dada
x2
y= explicite y como função de x
6
dy 2 x
= derive ambos os lados da igualdade em relação a x
dx 6
dy x
= simplifique a expressão obtida
dx 3

EXEMPLO 2 Sabendo que y = f ( x ) é derivável e definida im-


dy
plicitamente pela equação 3x3 + y3 +y – 2x = 0, determine .
dx
Solução
Nesse caso não podemos escrever y explicitamente como função de
x. Assim, derivamos em relação a x, ambos os membros da equação,
lembrando que y é função de x e usamos a regra da cadeia.
Equação dada.
3x3 + y3 +y – 2x = 0
Derive os dois lados em relação a x.
d d d d d
(3 x 3 ) + ( y 3 ) + ( y ) − ( −2 x ) = (0)
dx dx dx dx dx

dy
Deixe os termos que envolvem do lado esquerdo da igualdade.
dx
dy dy
3y2 + = 2 − 9x2
dx dx
A DERIVADA 195

dy
Coloque em evidência.
dx

( 3 y 2 + 1) dy
dx
= 2 − 9 x2

dy
Isole .
dx
dy 2 − 9 x2
= .
dx (3 y 2 + 1)

EXEMPLO 3 Verifique se é possível determinar y explicitamente


como função de x a partir da equação x2 + y2 = 9.
Solução
Resolvendo y em termos de x, obtemos y = ± 9 − x 2 , ou seja, duas
funções são definidas implicitamente pela equação x2 + y2 = 9, que são

f ( x) = 9 − x2 e g ( x) = − 9 − x2 ,

cujos gráficos são as semicircunferências superior e inferior, respec-


tivamente, da circunferência de raio 3.

EXEMPLO 4 Sabendo que y = f(x) é definida implicitamente pela


dy
equação x3 + y3 = 5xy e que f(4) = 2, calcule (4) .
dx
Solução
Derivamos ambos os membros da equação em relação a x, lembran-
do de usar a regra da cadeia para derivar y3 = [f(x)]3 e a regra do
produto para derivar x.y = x.f(x), obtendo assim:
Equação dada.
x3 + y3 = 5xy

Derive em relação a x.
d 3 d d d
( x ) + ( y 3 ) = 5 y ( x ) + 5x ( y )
dx dx dx dx
196  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

dy
Deixe os termos que envolvem do lado esquerdo da igualdade.
dx
dy dy
3y2 − 5x = 5 y − 3x 2
dx dx

dy
Coloque em evidência
dx

( 3 y 2 − 5x ) dy
dx
= 5 y − 3x 2

dy
Isole .
dx
dy 5 y − 3x 2
=
dx 3 y 2 − 5x

O fato de termos f(4) = 2 estabelece que o valor de y é 2, quando x é 4.


dy
Substituindo esses valores na expressão de obtemos:
dx

dy 5(2) − 3(4) 2 10 − 48 19
(4) = = =−
dx 3(2) − 5(2) 12 − 20
2
4

dy
Observe que (4) é o coeficiente angular da reta tangente à curva
dx
x 3 + y 3 = 5 xy , no ponto (4,2).

OBS.: A derivação implícita geralmente nos dá uma expressão


dy
para em termos de x e de y, em vez de somente em termos
dx
de x. Isto se deve ao fato de não existir a expressão de y como
função de x.
A DERIVADA 197

EXERCÍCIOS 2.9

dy
1. Calcule , onde y = f ( x ) é uma função diferenciável dada im-
dx
plicitamente pela equação:
a) y3 + x y2 = x – 4 b) y4 + 2y = x c) x2 y3 + x y = 2

2. Suponha que y = f ( x ) seja uma função diferenciável dada im-


plicitamente pela equação y3 + 2xy2 + y = 0, y não identicamente
nula e que 1 ∈ Df .
a) Calcule f(1).
b) Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto
(1,f(1))

3. Chama-se reta normal a uma curva em um ponto x0 , a reta que


é perpendicular à reta tangente nesse ponto. Seja y = f ( x ) defini-
da e diferenciável num intervalo contendo x = 1, dada implicita-
mente pela equação y3 + x2y = 130. Determine as equações das
retas tangente e normal ao gráfico de f no ponto (1,f(1)).

4. Calcule dy/dx derivando a função y = f(x) dada implicitamente.


1 1
a) x3 + y3 = 6 b) (x + y)2 = x4 + y4 c) + =1
x y
y x
d) x + y = y + 1 e) + = x f) x4y3 = 3x2y + 1
x− y y
5. Determine uma reta que seja tangente à elipse x2 + 2y2 = 9 e que
intercepta o eixo-y no ponto de ordenada 9/4 .
6. A equação de van der Waals, escrita na forma de um polinômio
em V , é descrita por:

PV 3 − bPV 2 − RTV 2 + aV − ab = 0 .
dP
Usando o processo de derivação implícita, calcule supondo
dV
que a temperatura T, a e b sejam constantes.
198  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Taxas Relacionadas
Quando temos duas ou mais quantidades variando em relação a
uma outra, temos um problema de taxas relacionadas, onde o obje-
tivo é determinar a taxa de variação de uma grandeza em relação à
taxa de variação de uma outra (que pode ser determinada mais fa-
cilmente). Em algumas situações práticas, a quantidade em estudo é
dada através de uma função composta e, nesse caso, devemos utili-
zar a regra da cadeia para determinar a taxa de variação.
Vejamos alguns exemplos para compreender melhor tal pro-
blema, bem como aprender de que maneira podemos resolvê-lo.

EXEMPLO 1 No decorrer de uma experiência em laboratório,


derrama-se um líquido sobre uma superfície plana de vidro e verifi-
ca-se que o líquido derramado recobre uma região circular. Se o raio
da região recoberta pelo líquido aumenta a uma taxa constante de
1,5 cm/s, qual será a taxa de crescimento, em relação ao tempo, da
área ocupada pelo líquido quando o raio for igual a 5 cm?
Solução
Usaremos a variável r para denotar o raio da região e a variável A
para denotar a área ocupada pelo líquido. Note que r é função do
tempo e, assim, a área A é uma função composta A(t) = A(r(t)).
dr dA
Logo, dado = 1,5 cm / s queremos achar quando r = 5 cm.
dt dt
A área de um círculo de raio r é dada por A = πr2. Pela regra da ca-
deia, a taxa de variação de A = A(r (t)), em relação a t, é o produto

dA dA dr
= ⋅
dt dr dt
da taxa de variação da área em relação ao raio pela taxa de variação
do raio em relação ao tempo.
Primeiro calculamos a taxa de variação da área em relação ao raio.
A DERIVADA 199

d d
A = ( πr 2 ) = 2 πr
dr dr
Assim, temos que:
dA dA dr dr
= ⋅ = 2πr .
dt dr dt dt
dr
Fazendo r = 5 cm e = 1,5 cm / s , obtemos
dt
dA
= 2π ( 5)(1,5) ≈ 47,12 cm2 / s.
dt

EXEMPLO 2 Acumula-se areia em um monte com a forma de um


cone onde a altura é igual ao raio da base. Se o volume de areia
cresce a uma taxa de 10 m3/h, a que razão aumenta a área da base,
em relação ao tempo, quando a altura do monte é de 4 m?
Solução

Primeiramente fazemos um esbo-


ço da situação (figura) com r de-
notando o raio da base e h a altura
do monte de areia. Note que tanto
r como h são funções do tempo t.

dV
Assim, dado = 10 m3 /h e sabendo que h = r , devemos determi-
dt
dA
nar quando h = 4 m.
dt
A área da base do cone é dada pela fórmula A = πr2 onde A = πr2(t).
Pela regra da cadeia, a taxa de variação de A = A(t), em relação a t, é
o produto
dA dA dr
= ⋅
dt dr dt
200  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

dr
Agora devemos encontrar o valor de . O volume de um cone é
dt
dado pela fórmula
1
V = πr 2 h ,
3
que relaciona V, r e h. Vamos expressar V em termos de uma única
variável, usando o fato de que r = h, obtendo assim
1
V = πr 3 .
3
Pela regra da cadeia, derivando esta igualdade em relação a t, te-
mos que
dV dr
= πr 2
dt dt
dr
e, isolando obtemos
dt
dr 1 dV
= 2 .
dt πr dt
dr dA dr dA 2 dV
Substituindo na expressão = 2πr , obtemos = ⋅ .
dt dt dt dt r dt
dV
Fazendo r = 4 m e = 10 m3 /h , obtemos
dt
dA 2
= ⋅10 = 5 m2 /h .
dt 4

Advertência!!! Um erro comum, que se comete com muita


freqüência, consiste em antecipar a introdução de valores nu-
méricos específicos para as taxas e quantidades variáveis. Isso
deve ser feito somente após a derivação. Deve-se ter sempre
em mente que, primeiro devemos obter uma fórmula geral que
relacione as taxas de variação, e só no final do processo de re-
solução do problema, devemos introduzir os valores numéri-
cos. Resumindo, NÃO SUBSTITUA AS VARIÁVEIS POR
SEUS VALORES ANTES DE DERIVAR A EQUAÇÃO.
A DERIVADA 201

O próximo exemplo mostra como determinarmos, aproximada-


mente, taxas de variação quando só temos o esboço do gráfico da
situação a ser estudada.

EXEMPLO 3 A função V do gráfico


ao lado, dá o volume de ar V(t) (cm3)
que foi soprado em um balão depois de t
segundos. Qual a rapidez aproximada
com que aumentou o raio do balão, de-
pois de 6 segundos?
Solução

Consideremos r = r(t) o raio do ba-


lão e V(t) seu volume no instante t.
As variáveis r e V estão relacionadas
pela fórmula do volume de uma es-
4
fera V = πr 3 .
3

É necessário agora, determinar dr/dt, encontrando valores de V e de


dV
em t = 6, através do gráfico dado. Do gráfico, vemos que V é
dt
igual a 4 cm em t = 6 e, substituindo esse valor na equação
4 3
V= πr .
3
obtemos, aproximadamente, r ≈ 0,98 em t = 6 seg.
A reta tangente traçada na figura acima, tem um coeficiente angular
dV
igual a 1 e, então, temos que = 1. Portanto,
dt
dr dr
1 = 4π0,982 ⇒ ≈ 0,08 cm/seg em t = 6 .
dt dt
202  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXERCÍCIOS 2.10

1. Expresse a taxa de crescimento do volume de uma esfera relati-


vamente ao raio e calcule o valor dessa taxa quando o raio for
igual a 7 cm.
2. Um balão esférico perde gás a uma taxa de 3 m3/min. Qual a taxa
de decrescimento do raio em relação ao tempo, quando o raio for
5m?
3. Quando o ar se dilata adiabaticamente, a pressão é de 10 kg/cm2
e o volume de 480 cm3. Sabendo que o volume decresce a razão
de 60 cm3/s, com que rapidez varia a pressão neste instante?
4. Num certo instante, uma amostra de gás que obedece a Lei de
Boyle ( PV = k ), ocupa um volume de 1000 pol3 e uma pressão
de 10 lb/pol2. Se esse gás está sendo comprimido isotermicamen-
te a uma taxa de 12 pol3/min, ache a taxa com que a pressão está
crescendo no instante em que o volume é 600 pol3.
5. Um carro A viaja numa estrada no sentido de leste para oeste a
50 mi/h enquanto um outro carro B viaja numa estrada no sentido
de sul para o norte a 60 mi/h. Ambos estão dirigindo para a um
ponto C que é a interseção das duas estradas. A que taxa os
carros estão se aproximando um do outro quando o carro está a
0,3 mi e o carro B está a 0,4 mi da interseção C?

Derivada de f(x)g(x)
Sejam f e g duas funções deriváveis com f ( x ) > 0 de modo que
g( x)
y = f ( x) . Para derivar tal função, vamos transformá-la num
produto e, assim podermos utilizar as regras de derivação vistas an-
teriormente.
Usaremos um artifício matemático que consiste em “aplicar” o
logarítmo neperiano, ln, aos dois membros da equação, para “derru-
bar” g(x) do expoente, ou seja,
A DERIVADA 203

propriedade
g( x) ⎤
ln y = ln ⎡ f ( x ) ⇒ ln y = g ( x ) ⋅ ln f ( x ) ⇒ y = e g ( x )⋅ln f ( x )
⎣⎢ ⎦⎥ log arítmo

dy d
∴ = e g ( x )⋅ln f ( x ) [ g ( x) ⋅ ln f ( x)]
dx dx

EXEMPLO 1 Derive as funções dadas.


(a) y = xx (b) y = 3x
Solução
(a) “Aplicando” o logarítmo neperiano nos dois lados da equação,
obtemos:

ln y = ln ⎡⎣ x x ⎤⎦ ⇒ ln y = x ln x ⇒ y = e x ln x

dy d 1
= e x⋅ln x [ x ⋅ ln x] = e x⋅ln x [ln x + x ⋅ ] = e x⋅ln x [ln x + 1]
dx dx x
Portanto,
dy
= x x [ln x + 1]
dx
Observe que poderíamos ter derivado implicitamente a função
ln y = x ln x e termos obtido o mesmo resultado.

(b) “Aplicando” o logarítmo neperiano nos dois lados da equação,


obtemos:
derivando 1 dy
ln y = ln ⎡⎣3x ⎤⎦ ⇒ ln y = x ln 3 ⇒ = ln 3
implicitamente y dx
dy
⇒ = y ln 3 = 3x ln 3
dx
EXERCÍCIOS 2.11
Calcule a derivada das funções dadas.
a) f ( x ) = x sen 3 x
2
+1
b) y = x x
c) y = (1 + i ) − t , i = constante d) y = x π + π x
e) y = ln (1 + xx ) f) g(x) = 32x + 1 + log 2 (x2 + 1)
204  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Calcule as derivadas das funções dadas, usando a definição.


a) f ' ( 2 ) , onde f ( x ) = −3x 2 b) g ' (1) , onde g ( t ) = 3t + 2

c) f ' ( 3) , onde f ( x ) = 5 d) k ' (1) , onde k ( u ) = u 3 + 2


t+4 1
e) P ' ( 0 ) , onde P ( t ) = f) u ' ( 4 ) , onde u ( x ) =
t+2 x1/2

2. Calcule o coeficiente angular da reta secante, esboce o gráfico da


curva e da reta secante (no mesmo plano cartesiano).
a) Reta secante que passa pelos pontos que têm x = 1 e x = 2 sobre a
curva y = x3 .
b) Reta secante que passa pelos pontos que têm x = –2 e x = –1 so-
bre a curva y = 4 – x2.

3. Use a definição de derivada para encontrar a reta tangente nos


valores indicados, esboce o gráfico da curva e a reta tangente (no
mesmo plano cartesiano).
a) x = –1 sobre a parábola y = 4 – x2;
b) x = –2 sobre a reta y = –3x + 4;

4. Determine a equação e esboce o gráfico das retas dadas.


a) Reta com coeficiente angular –2 e intersecção com o eixo-y,
(0, –1);
b) Reta passando por (2,0) com coeficiente angular 4/5;
c) Reta passando por (–1,3) com coeficiente angular 0;
d) Reta com coeficiente angular 1/3 e intersecção com o eixo-y
(0,1).

5. Ache o ponto do gráfico de y = x2 onde a reta tangente é paralela


à reta 3x – y = 2.

6. Ache o ponto do gráfico de y = x2 onde a curva tem coeficiente


angular −4 .
A DERIVADA 205

7. Sabendo que a reta tangente ao gráfico de y = x3 no ponto (x0,y0)


tem coeficiente angular igual a 3x02 , determine a equação da re-
ta tangente a curva em cada um dos pontos dados.

⎛ 3 27 ⎞ ⎛ −1 −1 ⎞
a) (3,27) b) ⎜ , ⎟ c) ⎜ , ⎟
⎝2 8 ⎠ ⎝2 8⎠
8. Mostre que a tangente à parábola y = x2, em um ponto (x0,y0)
x
diferente do vértice, corta o eixo x no ponto x = 0 .
2

9. Presume-se que uma reta y = ax + b seja sua própria reta tan-


gente em qualquer ponto. Verifique isto mostrando
que f ' ( x0 ) = a se f ( x ) = ax + b

10. Esboce o gráfico de y = x – x2 para –2 ≤ x ≤ 3.


a) Determine o coeficiente angular da reta tangente num ponto
(x0,y0) da curva;
b) Desenhe as retas tangentes a curva dada, nos pontos (–1, –2),
(0,0), (1,0) e (2, –2);
c) Quais os pontos sobre a curva, onde a tangente é horizontal?

11. Verifique analiticamente (sem usar raciocínio geométrico) que


não existe uma reta que passa pelo ponto (1, –2) e seja tangente
a curva y = x 2 − 4 .

12. Desenhe o gráfico de y = f ( x ) = x − 1 .


a) Existe algum ponto sobre o gráfico, que não tenha reta tangente?
b) Ache f ' ( x0 ) se x0 > 1 e se x0 < 1. Existe f ' ( x0 ) se x0 = 1? Por
quê?

13. Calcule o coeficiente angular da reta secante que passa pelos


pontos que têm x = 1 e x = 2 sobre a curva y = 2/x. Trace a cur-
va e a reta secante sobre a curva.
206  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

14. Use a definição de derivada para encontrar a reta tangente a


6
curva y = 2 − em x = 3. Trace a curva e a reta tangente a cur-
x
va em x = 3.

15. Sabendo que uma reta normal ao gráfico de uma função f(x) no
ponto P(x0 ,y0) é a reta que passa por P e é perpendicular à reta
tangente ao gráfico de f neste ponto, determine a equação da re-
ta normal à curva y = x 2 + 4 , em x = 0.

16. Ache o ponto do gráfico de y = x2 onde a reta tangente é parale-


la a reta x + 2y = 4.

17. Se f ( x ) = x , mostre que f não é diferenciável em x = 0, usando


a definição de derivada.

18. Se f ( x ) = x + 2 , verifique se existe a derivada da função quan-


do x = –2. Justifique sua resposta.

19. a) Se uma função f diferenciável em x = a, ela é contínua em


a) x = a? Justifique.
b) Se uma função f contínua em x = a, ela é diferenciável em
x = a? Justifique.

20. Sabendo que f(x) = 4x2 – 1, determine:


a) f ’(x) b) f ’(0) e f ’(2) c) o domínio de f ’

1
21. Dado f ( x ) = , verifique se f é diferenciável nos intervalos
x
[0,2] e [1,3]. Explique.

22. Determine se f ( x ) = 4 − x é diferenciável nos intervalos [0,4]


e [ −5,0] , utilizando para isso, o gráfico de f.
A DERIVADA 207

23. Calcule a derivada das funções dadas.


2
a) f ( x) = x − 3x + 4
2
b) f ( x ) = − 7x − 2
x
2 3 4
c) f ( x ) = 1 − x + x d) f ( x ) = − +
x x2 x3
u −2
e) f ( x ) = 2 x − x 3
x2 f) g (u ) =
u
g) h(t ) = (t + 1)(2t − 2) h) f (a) = (2a − 3)
3

2
2
1− x ⎞
i) f ( x ) = ⎛⎜ ⎟ j) f ( x ) =
x3
3
⎝ x ⎠
x5
1
t+
k) f (t ) = t 3x
l) f ( x ) =
1 x −3
3
t−
t

24. Calcule f ' ( 2 ) , onde f(x) = 2g(x) – 5h(x) onde g ' ( 2 ) = 7 e


h '( 2) = 2 .

25. Determine as equações das retas tangente e normal a curva


y = 3 x em x = 8.

26. Dizemos que duas curvas são tangentes num ponto onde elas se
cruzam, se elas têm a mesma reta tangente nesse ponto. Determi-
ne os valores de a e b tais que as curvas y = x e y = ax 2 + b
sejam tangentes em (1,1).

27. Determine o valor de k de modo que as curvas


y = 1 + kx − kx 2 e y = x 4 sejam tangentes no ponto (1,1).
208  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

28. Sabendo que R(t) = P(t)Q(t) e que P(5) = –3, Q(5) = 2,


dP dQ
(5) = 4 e (5) = −6 , calcule R ' ( 5) .
dt dt

u + f (u )
29. Sabendo que K ( u ) = e f ' ( 2 ) = 3 , f (2) = –2 determi-
u − f (u )
ne K ' ( 2 ) .

2
30. Escreva a equação da reta tangente a curva y = em x = –2.
2− x
Esboce o gráfico da curva e da reta tangente encontrada.

31. Calcule a derivada das funções dadas.


2
a) g ( x ) = 3x 5 b) h ( t ) = 4t − 3 + 2t 2 − 3t 4

c) f ( x ) = 2 x 3 − 4 x 3 d) g ( x ) = x 5 − 3
x

(
e) h ( r ) = 8r 2 − 3r 7 r 2 − 3)( ) f) f ( u ) = ( u 2 − 3u + 7 )
2

(
g) g (u ) = u u 3 − u + 1 ) h) f ( x ) = (8x − 3)
−5

2x − 3
i) K ( x ) = 3 3 x 2 + 5 j) f ( x ) =
3x + 1
x2 − 2 x 2 3 4
k) h ( x ) = l) f ( x ) = 1 + + 2+ 3
3
x 2
x x x
3
x 3 − x + 2 x2 2
m) f ( x ) = 2 n) f ( x ) = o) g ( x ) = x
( x + 1) 3 2 − 5x 3
+1
x
z3 − 2 a3 2
p) h( z) = q) g ( a ) = r) p( z ) =
z3 + 2 3a − 2 z +3
2

2 1 3
s) f ( v ) = v 2 + t) h( r ) = 2r + u) F ( x ) =
v2 2r 3
x − 12
5
A DERIVADA 209

32. Em algumas aplicações, os valores funcionais f ( x ) podem ser


conhecidos apenas para alguns valores de x, próximos de x = a.
Em tais situações, f ' ( a ) costuma ser aproximada pela fórmula

f (a + h) − f (a − h)
f '(a ) ≅
2h
a) Interprete essa fórmula graficamente.
f (a + h) − f (a − h)
b) Mostre que lim = f '(a ) .
h →0 2h
1
c) Se f ( x ) = , use a fórmula acima para estimar f ' (1) com
x2
h = 0,1 ; h = 0,01 ; h = 0,001 .
d) Determine o valor exato de f ' (1) .

33. A tabela seguinte dá o número aproximado de metros, s(t), que


um carro percorre em t segundos para atingir uma velocidade de
90 km/h em 6 segundos.

t 0 1 2 3 4 5 6 7
s(t) 0 11.7 42.6 89.1 149 220.1 303.7 396.7

Use o exercício anterior para aproximar a velocidade do carro


em:
a) t = 3 b) t = 6
34. Seja h = f D g diferenciável cujas tabelas abaixo relacionam
alguns valores de f e g. Use o exercício 32 para obter uma apro-
ximação de h ' (1,12 ) .
x f(x) x g(x)
2,2210 4,9328 1,1100 2,2210
2,2320 4,9818 1,1200 2,2320
2,2430 5,0310 1,1300 2,2430
210  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

35. As figuras abaixo representam o gráfico de funções f. Para cada


uma delas, esboce o gráfico de f ’ e determine onde f não é di-
ferenciável.

3
36. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f ( x ) =
1 − x2
no ponto P(2, –1).

37. Determine os pontos do gráfico de y = x 5/3 + x1/3 em que a tan-


gente é perpendicular a reta 2y + x = 7.

38. Determine os pontos do gráfico de y = x3 + 2x2 – 4x + 5 em que


a tangente é:
a) horizontal b) paralela a reta 2y + 8x = 5

39. Dê exemplo, através do gráfico, de uma função f definida e de-


rivável em \ , tal que f ' (1) = 0 .

40. Dê exemplo, através de um gráfico, de uma função f definida e


derivável em \ , tal que f ' ( x ) > 0 para todo x.

41. Dê exemplo, através de um gráfico, de uma função f definida e


derivável em \ , tal que f ' ( x ) > 0 para x < 1 e f ' ( x ) < 0 para
x > 1.
A DERIVADA 211

42. Determine o coeficiente angular da reta tangente à curva


y = x 4 − 2 x 2 + 2 em qualquer ponto (x,y). Para que valores de x
a tangente é horizontal? Para que valores de x a reta tangente
forma uma ângulo agudo com o eixo-x? Para que valores de x a
reta tangente forma um ângulo obtuso com o eixo Ox?

43. Sabendo que a reta 8x + y = 14 é tangente a curva y = ax2 + bx +2


no ponto (2, –2), determine o valor de a e b.

44. Determine os pontos da curva y = x3 + x nos quais a reta tangen-


te tenha coeficiente angular igual a 4.

45. Determine o valor de β de modo que a reta y = βx – 2 seja tan-


gente ao gráfico de y = x3 – x.

46. Determine todos os pontos (a,b) sobre a curva


y = x 4 + 2 x 3 − 2 x 2 + 8 x + 12 tais que reta tangente nesses pon-
tos seja paralela a reta 8x – y + π = 0.

47. Determine todos os pontos (a,b) sobre a curva y = 4 x 3 + x 2 − 4 x − 1


tais que a reta tangente em (a,b) seja paralela ao eixo-x.

48. Determine as constantes a, b e c sabendo que as curvas y = x2 +


ax + b e y = x3 – c têm a mesma reta tangente no ponto (1,2).

49. Determine a equação da reta tangente a curva k ( x ) = ( f D g )( x )


em x = 1 , sabendo que f (1) = −2, f ' (1) = 2, g (1) = 1 e g ' (1) = −1 .

4 3
50. a) Determine a taxa de variação média do volume V = πr
3
a) (metros cúbicos) de uma esfera de raio r (metros) em relação
a) ao raio, para 2 ≤ r ≤ 4 .
b) Mostre que a taxa de variação instantânea do volume da esfera
em relação a seu raio é igual à área da superfície da esfera.
212  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

51. Sabendo que duas cargas positivas, cada uma de 1 unidade ele-
1
trostática, exercem uma carga repulsiva de F = 2 dinas, uma so-
r
bre a outra, quando estão afastadas de r centímetros, responda:
a) Qual a taxa de variação média da força em relação à distância,
para 5 ≤ r ≤ 100 ?
b) Qual a taxa de variação instantânea da carga em relação à dis-
tância, quando a distância r =10 cm?

52. O período fundamental de vibração de certa mola estirada é


1 − 12
P= T segundos, quando a tensão na mola é T Newtons.
20
a) Qual a taxa de variação média do período em relação a tensão
para 1 ≤ T ≤ 9 ?
b) Qual a taxa de variação instantânea do período em relação a ten-
são em T = 4 Newtons?

53. Uma bola está a 15 + 10t − 5t 2 metros acima do solo no instante t


(segundos), para − 1 ≤ t ≤ 3 .
a) Qual é sua velocidade (para cima) no instante t = 0?
b) Quando é sua velocidade na subida igual a zero? Positiva?
Negativa?
c) Que altura a bola atinge?
OBS.: FAÇA O EXERCÍCIO USANDO O CÁLCULO.

54. Uma bola é deixada rolar morro abaixo, sendo que depois de t
segundos a bola rolou 90 + 15t2 centímetros.
a) Depois de 5 segundos quanto rolou a bola?
b) Para que a bola chegue a rolar 330 cm/seg , quanto é que ela
deve rolar?
OBS.: FAÇA O EXERCÍCIO USANDO O CÁLCULO.
A DERIVADA 213

55. Um objeto está a s ( t ) = t 4 + t 2 + 10t − 1 (metros) sobre um eixo s


no instante t (segundos).
a) Qual é a velocidade do objeto no instante t?
b) Qual é a sua aceleração média para 0 ≤ t ≤ 3 ?
c) Qual é a sua aceleração no instante t = 2seg ?
d) E no instante t = 4 ?
OBS: FAÇA O EXERCÍCIO USANDO O CÁLCULO.

56. A relação entre a temperatura F na escala Farenheit e a tempera-


5
tura C na escala Celsius é dada por C = ( F − 32) . Determine
9
a taxa de variação de F em relação a C .

57. A lei de Charles para gases afirma que se a pressão permanece


constante, a relação entre o volume V que um gás ocupa e sua
⎛ 1 ⎞
temperatura T (em ˚C ) é dada por V = V0 ⎜1 + T . Determi-
⎝ 273 ⎟⎠
ne a taxa de variação de T em relação a V.

58. O volume V (m3 ) de água em um tanque é dado por V = 5000


(t + 1)2 para t em meses e 0 ≤ t ≤ 3 . A taxa de variação do vo-
lume em relação ao tempo é a taxa de fluxo para o tanque. De-
termine a taxa de fluxo nos instantes t = 0 e t = 2. Qual é a taxa
de fluxo quando o volume é 11.250 m3 ?

59. Joga-se uma pedra num lago, ocasionando ondas circulares con-
cêntricas. Se após t segundos, o raio de uma das ondas é 40t cm,
ache a taxa de variação, em relação a t, da área do círculo
causado pela onda quando t = 3 segundos.

60. Se um objeto de massa m tem velocidade v, então sua energia


1
cinética K é dada por K = mv 2 . Se v é função do tempo t, use
2
a regra da cadeia para estabelecer uma fórmula para a taxa de
variação da energia cinética em relação ao tempo.
214  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

61. Uma chapa de metal é aquecida de modo que seu diâmetro varia
à razão de 0,01 cm/min. Determine a taxa à qual a área de uma
das faces varia, em relação ao tempo, quando o diâmetro está
em 35 cm.

62. Uma escada de 6m de comprimento está apoiada em uma pare-


de vertical. Se a base da escada começa a deslizar horizontal-
mente à razão de 1m/s , com que velocidade o topo da escada
percorre a parede, quando está a 2,5 m acima do solo ?

63. A lei de Boyle para gases confinados afirma que, se a tempera-


tura permanece constante, então PV = C, onde P é a pressão, V
o volume e C uma constante. A certo instante, o volume é 1,230
cm3 , a pressão é 206 K/cm2 e a pressão decresce à razão de
1 K/cm2/s . Em que taxa está variando o volume nesse instante?

64. Quando dois resistores R1 e R2 são ligados em paralelo, a resis-


1 1 1
tência total é dada pela equação = + . Se R1 e R2 estão
R R1 R2
aumentando à razão de 0,01 ohm/s e 0,02 ohm/s respectivamente,
qual a taxa de variação de R no instante em que R1 = 30 ohms e
R2 = 90 ohms?

65. A fórmula da expansão adiabática do ar é PV1,4 = C, onde P é a


pressão, V o volume e C é uma constante. Em certo instante a
pressão é 40 din/cm2 e está aumentando à razão de 3 din/cm2
por segundo. Se, no mesmo instante, o volume é de 60 cm3, de-
termine a taxa de variação do volume em relação ao tempo.

66. Uma vara de metal tem a forma de um cilindro circular reto. Ao


ser aquecida, seu comprimento aumenta de 0,005 cm/min e seu
diâmetro aumenta de 0,002 cm/min. Qual a taxa de variação do
volume da vara quando seu comprimento é de 40 cm e seu diâ-
metro é de 3 cm?

67. A velocidade do som no ar a 0 ˚C (ou 273K) é de aproximada-


mente 360 m/s, mas essa velocidade aumenta na medida em que
A DERIVADA 215

a temperatura se eleva. Se T é a temperatura em Kelvin, a velo-


T
cidade v do som a essa temperatura é dada por v = . Se a
273
temperatura aumenta à razão de 3 ˚C por hora, dê a taxa de
variação na qual a velocidade do som está aumentando quando
T = 30 ˚C (ou 303 K).

68. Na curva abaixo, escolha alguns pontos e determine o coeficien-


te angular usando uma régua. Com esses pontos, esboce o gráfi-
co da velocidade em função do tempo.

(ATENÇÃO! Quanto maior o número de pontos, melhor será o es-


boço do gráfico).

69. Supondo que a equação dada defina uma função diferenciável


f tal que y = f ( x ) , determine y’.
1
a) 5x3 – 2x2 y2 + 4y3 – 6 = 0 b) 3 x 2 − xy 2 + =3
y
x +2
c) =y d) y 2 − xy + 2 x = 4
x −2

70. Determine o coeficiente angular da tangente ao gráfico da equa-


ção no ponto P.
a) 2 x 3 − x 2 y + y 3 − 1 = 0 ; P(2,-3)
b) 3 y 4 + 4 x − x 2 y − 2 = 0 ; P(0,5;0)
216  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

71. Para cada uma das funções dadas, determine:


a) Equações da tangente e da normal ao gráfico da equação em P.
b) A coordenada-x no gráfico, em que a tangente é horizontal.
5
⎛ 1⎞
y = (4x2 – 8x + 3)4 ; P(2,81) y =⎜x+ ⎟ ; P(1,32)
⎝ x⎠

72. Se p(x) = q(r (x)) tal que r (3) = 3, q(3) = –2, r’(3) = 4 e q’(3) = 6,
determine p(3) e p’(3).

73. A figura ao lado nos dá a


resistência do ar (D(v)) em
certo objeto áspero como
uma função de sua veloci-
dade. Observe que a curva
sobe rapidamente próximo
a v = 740 milhas por hora, a
velocidade do som. Isto re-
presenta a barreira do som.
Quando o objeto se desloca a 725 milhas por hora, está acele-
rando à razão constante de 10 milhas por hora em cada segun-
do. A que taxa aproximadamente estará aumentando a taxa de
variação da resistência do ar neste momento?

74. A figura ao lado mostra o acrés-


cimo na atmosfera de dióxido de
carbono, desde 1800 (observado e
previsto). Quais foram:
a) a taxa de crescimento média apro-
ximada entre 1900 e 1970?
b) a taxa de crescimento em 1940?
A DERIVADA 217

⎧ x 2 + 4, para x < 0
75. Calcule f ' ( 3) e f ' ( −3) para a função f ( x ) = ⎪⎨ .
3
⎪⎩ x − x, para x > 0

76. Calcule os limites abaixo.

x3 + 1 x 3 + 3x − 10 x 3 + 3x − 10
a) lim b) lim c) lim
x →−1 x 2 − 1 x →2 3 x 2 − 5 x − 2 x →−2 3x 2 − 5x − 2

(4 + t )2 − 16 ⎛ 1 4⎞ 2 x 5 − 3x 3 + 2
d) lim e) lim ⎜ 2 − + 2 ⎟ f) lim
t →0 3t 2 − 5t − 2 x x ⎠ 5 − x2
x→+∞
⎝ x →+∞

−5x 3 + 2 h) lim
x
g) lim
x →−∞ 5 x 3 + 2 x →2+ x −4
2

⎧ x 2 − 2 x + 1, para x ≠ 3
77. Sabendo que h( x ) = ⎨ calcule o limite
⎩7, para x = 3
lim h( x).
x →3

sen x
78. Sabendo que lim = 1 (limite fundamental), calcule os
x →0 x
limites:
x
sen 3
sen 9 x sen 10 x 2
a) lim b) lim c) lim
x →0 x x →0 sen 7 x x →0 x3

79. Esboce o gráfico e análise e continuidade das seguintes funções:


⎧ x2 − 4
⎪ , para x ≠ −2 ⎧ x 2 − 3x + 2, para x ≤ 1
a) f ( x) = ⎨ x + 2 b) f ( x) = ⎨ 2
⎪ ⎩ x − 5x + 4, para x > 1
⎩ 1 , para x = −2

x
80. Investigue a continuidade da função f ( x ) = nos reais, no
x
domínio D = [0,+∞) e no domínio D = (0,+∞). Justifique a sua
resposta.
218  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

81. Determine o valor de k para que a função dada seja contínua em


x = k.
⎧ x2 − 1 ⎧ x3 − 2x + 1
⎪ , para x ≠ 1 ⎪ , para x < 1
a) f ( x) = ⎨ x − 1 b) f ( x) = ⎨ x3 + 5x − 6
⎪ k , para x = 1 ⎪ 2
⎩ ⎩ 3 x − 2 x + k , para x ≥ 1

82. A teoria da relatividade afirma que a massa de uma partícula


m0
com uma velocidade v é dada por m = f ( v ) = , onde m0
v2
1− 2
c
é a massa da partícula no repouso e c é a velocidade da luz no
vácuo. Determine a função inversa de f e explique seu signifi-
cado. O que acontece com m se v → c– ?

83. O que você entende por uma função crescente? E por uma fun-
ção decrescente?

84. Explique o que significa para você dizer que


lim f ( x ) = 2 e lim+ f ( x ) = 5 .
x →2 − x →2

Nesse caso, é possível que lim f ( x) exista? Explique.


x →2

85. Explique o significado de cada uma das notações lim f ( x ) = ∞


x →−1

e lim+ f ( x ) = ∞ .
x →2

86. Observando o gráfico da função f,


determine os valores de lim f ( x) e
x →3

de f(3), se existirem. Caso não exis-


ta, explique por que.
A DERIVADA 219

87. Na teoria da relatividade, a Fórmula de Contração de Lorentz


v2
L = L0 1 − expressa o comprimento L de um objeto como
c2
uma função de sua velocidade v em relação a um observador,
onde L0 é o comprimento do objeto no repouso e c é a veloci-
dade da luz. Encontre lim− L e interprete o resultado. Por que é
v →c

necessário o limite à esquerda?

EXERCÍCIOS ADICIONAIS

1. Dê a definição de derivada e duas interpretações para ela.

2. Explique a diferença entre taxa de variação média e instantânea e


discuta como elas podem ser calculadas.

3. Dado que y = f(x), explique a diferença entra dy e ∆y. Faça uma


figura que ilustre a relação entre essas quantidades.

4. A figura ao lado mostra o gráfico de


f ’(x) para uma função não especifi-
cada y = f(x).
a) Para quais valores de x, a curva y =
f(x) tem uma reta tangente horizontal?
b) Para quais intervalos a curva y = f(x)
tem retas tangentes com inclinação
positiva?
c) Sobre quais intervalos a curva y = f(x) tem retas tangentes com
inclinação negativa?
d) Dado que g ( x ) = f ( x ) sen x e f(0) = –1, ache g '' ( 0) .
220  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

5. São dados os gráficos espaço-tempo de dois móveis: móvel1 e


móvel2.

a) Desenhe os gráficos velocidade-tempo.

b) Em que ponto(s) (hora e lugar) houve ultrapassagem? Qual ultra-


passou qual?
c) Qual a velocidade máxima e qual a velocidade mínima do móvel
2? Em que pontos (hora e lugar) ocorreram?
d) Qual a velocidade do móvel 2 em t = 0?
e) Em que momento os dois móveis têm a mesma velocidade?
f) Se o móvel 2 for um automóvel, que distância terá percorrido
segundo o hodômetro (contador de quilômetros) do painel?

6. A figura ao lado descreve o


gráfico de posição-tempo de
um objeto durante um inter-
valo de tempo de 5 segundos.
A DERIVADA 221

Qual dos gráficos a seguir, representaria melhor o movimento


do objeto durante o mesmo intervalo de tempo? Justifique sua
resposta.

7. Na figura ao lado estão dese-


nhados os gráficos espaço-
tempo de dois móveis.
a) Estime a velocidade máxima
e a velocidade mínima do
móvel 1. Em que lugares e a
que horas ocorreram?
b) Em que pontos (hora e lugar)
os dois tiveram a mesma
velocidade?
c) Em que pontos (hora e lugar) houve ultrapassagem?
222  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

8. a) Plote os gráficos das funções y = x2 e y = x2 + 2. De que ma-


a) neira esses gráficos estão relacionados?
b) Plote os gráficos das funções y = x2 e y = x2 – 2. De que maneira
esses gráficos estão relacionados?
c) Suponha que h(t) = g(t + c), onde c é uma constante. De que
maneira os gráficos de h e de g se relacionam? Explique.

9. a) Plote os gráficos de y = x3 e de y = – x3 . De que maneira


a) esses gráficos estão relacionados?
b) Plote os gráficos de y = ( x − 1) e de y = − ( x − 1) . De que ma-
neira esses gráficos estão relacionados?
c) Sabendo que h(t) = – g(t), de que maneira esses gráficos estão
relacionados? Explique.

1
10. Esboce o gráfico de y = . Sem utilizar o computador ou uma
x
tabela de valores para x e y, esboce o gráfico da função
1
u = 2 − , utilizando para isso as conclusões dos dois exercícios
t
anteriores. Explique seu procedimento.

⎛ a ⎞
11. Dada a equação de estado de van der Waals ⎜ P + 2 ⎟ (Vm − b ) = RT ,
V⎝ m ⎠
ache uma expressão para P como função de T, mantendo Vm
constante (a e b são constantes).

12. Esboce o gráfico (numa folha de papel milimetrado) da função


dada e inclua todas as interseções com o eixo das abscissas e
das ordenadas.
a) f(t) = t3 b) f(x) = x4 c) f(u) = 1/u
2
d) f(v) = 1/v e) f(x) = 3x – 1 f) F(v) = 3 – 2v
⎧ x 2 − 1 se x ≤ 2
g) G ( u ) = − x 3 + 1 h) v = e −3 x i) f ( x ) = ⎨
⎩ 3 se x > 2
A DERIVADA 223

1 1
j) f (u ) = k) f ( u ) = l) G ( x ) = e x −1
( u + 1)
2
u−2

x2 − x 1
m) f ( x ) = n) f ( x ) = x + o) f (t ) = t − 1
x +1 x
p) u = ln ( t − 2 )

13. As linhas espectroscópicas na série de Balmer para o átomo de


hidrogênio ocorrem em números de ondas dados pela equa-
⎛1 1 ⎞
ção v = RH ⎜ − 2 ⎟ onde RH é a constante de Rydberg e n é o
⎝4 n ⎠
número quântico do estado em que a transição está ocorrendo.
Obtenha uma expressão para n2.

14. Plote o gráfico (desenhe o gráfico usando o computador) de ca-


da uma das funções do exercício anterior.
a) Para cada um dos gráficos obtidos, faça uma análise do compor-
tamento de cada uma das funções utilizando para isso conceitos
matemáticos visto nas aulas de Cálculo.
b) Para cada uma das funções de 1 a 16, determine os valores da
variável independente para os quais a função está definida (do-
mínio da função).
c) Determine os intervalos de crescimento e decrescimento.

15. Se um objeto é atirado para cima, a partir do chão, com uma


velocidade inicial de v0 pés por segundo, sua altura (em pés), t
segundos mais tarde, é dada por h(t) = –16t2 + 160 t.
a) Desenhe a função h(t).
b) Use o gráfico do item a) para determinar quando o objeto atingirá
o solo.
c) Use o gráfico do item a) para estimar que altura o objeto atingirá.
d) Para que valor de t, o objeto deixa de subir?
224  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

16. O custo (em unidade monetária) de remover x% dos poluentes


75000 x
da água em um determinado riacho é dado por C ( x) = ,
100 − x
para 0 ≤ x < 100 . a) Ache o custo para remover metade dos po-
luentes. b) Que percentual de poluentes pode ser removido por
$20.000? c) Calcule lim C ( x) . Interprete seu resultado.
x→100

17. Desde o começo do mês, um reservatório local está perdendo


água a uma taxa constante. No décimo segundo dia do mês, o
reservatório contém 200 milhões de litros de água, e no vigési-
mo primeiro dia ele contém apenas 164 milhões de litros.
a) Expresse a quantidade de água no reservatório em função do
tempo e desenhe o gráfico.
b) Quanta água estava no reservatório no oitavo dia do mês?

18. Um estudo ambiental de uma determinada comunidade sugere


que o nível diário médio de poluição atmosférica será de
Q( P) = 0,5P + 19,4 unidades, quando a população é p mil.
Estima-se que t anos a partir de agora, a população será
P ( t ) = 8 + 0, 2t 2 mil.
a) Expresse o nível de poluição atmosférica em função do tempo.
b) Qual será o nível de poluição daqui a três anos a partir de agora?
c) Quando o nível de poluição atingirá 5 unidades?

19. Estima-se que uma colônia de bactérias tenha uma população de


24t + 10 mil, t horas após a introdução de uma toxina.
P (t ) = 2
t +1
Determine o tempo no qual a população está no seu ponto má-
ximo e calcule a população neste ponto.

20. Em um processo químico adiabático, não há mudança líquida


(ganho ou perda) de calor. Suponha que um recipiente de oxi-
gênio esteja sujeito a um tal processo. Então, se a pressão do
A DERIVADA 225

oxigênio é P e o volume é V, pode ser mostrado que PV1,4 = C,


onde C é uma constante. Em um certo instante, V = 5m3, P =
0,6 kg/m2, e P está aumentando de 0,23 kg/m2 por segundo.
Qual é a taxa de variação de V ? V está aumentando ou dimi-
nuindo? Explique sua resposta.

21. O efeito da temperatura na velocidade (taxa de reação) de uma


E0

reação química é dado pela equação de Arrhenius k = Ae RT
onde k é a taxa constante, T (Kelvin) é a temperatura e R é a
constante do gás. As quantidades A e E0 são fixas, uma vez que
a reação esteja especificada. Faça k1 e k2 representarem as taxas
de reação constantes associadas às temperaturas T1 e T2. Encon-
⎛k ⎞
tre uma expressão para ln ⎜ 1 ⎟ em termos de E0, R, T1 e T2 .
⎝ k2 ⎠

22. A figura ao lado mostra a curva


de posição versus tempo para
certa partícula se movendo ao
longo de uma linha reta. A par-
tir do gráfico, estime as seguin-
tes quantidades:
a) velocidade média no intervalo
0 ≤ t ≤ 3;
b) os valores de t nos quais a velocidade instantânea é zero;
c) os valores de t nos quais a velocidade é máxima ou mínima;
d) a velocidade instantânea quando t = 3s;
e) Onde a partícula se move mais rapidamente, em t = 1s ou t = 5s?
Explique.
f) Na origem, a tangente é horizontal. Que informação sobre a
velocidade inicial da partícula isto nos dá?

23. Um problema fundamental em Cristalografia é a determinação


da fração de empacotamento de uma rede cristalina, que é a fra-
226  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

ção de espaço ocupada pelos átomos na rede, supondo que os


átomos sejam esferas duras. Quando a rede contém exatamente
dois tipos de átomos diferentes, pode ser mostrado que a fração

de empacotamento é dada pela fórmula f ( x ) = (


K 1 + c 2 x3 )
on-
(1 + x )
3

r
de x = é a razão dos raios, r e R, dos dois tipos de átomos na
R
rede, e c e K são constantes positivas.
a) A função f(x) tem exatamente um ponto crítico. Encontre-o e
classifique-o como um máximo ou um mínimo relativo.
b) Os valores das constantes c e K e o domínio de f(x) dependem

da geometria da rede. No caso do sal de cozinha, c = 1, K = e
3
o domínio é o intervalo 2 − 1 ≤ x ≤ 1 . Determine os valores
máximo e mínimo de f(x).
c) Repita o item b) para o caso da β-cristobalita, em que

c = 2, K = e o domínio é o intervalo 0 ≤ x ≤ 1.
16
d) O que se pode dizer a respeito da fração de empacotamento f(x)
se r é muito maior que K? Responda a esta pergunta calculando
lim f ( x ) .
x →∞

24. O que você entende por limite de uma função f(x)?

25. Dê uma interpretação, de acordo com a idéia de limite de uma


função, para cada um dos limites descritos abaixo:

9 − x2 2x + 3 c) lim
2x + 3
a) lim b) lim
x →3− x−3 x →1 x + 1
x →3+ x − 3

x+3 x+3
d) lim e) lim
x →+∞ x + 1 x →−∞ x + 1
A DERIVADA 227

26. Plote o gráfico e determine o limite (se existir) de cada uma das
funções dadas:

a) lim[( x − 1)2 ( x + 1)] x +1 x2 − 1


b) lim c) lim
x →3 x →2 x+2 x →1 x −1
x 2 − 3 x − 10 x2 + x − 6 x −2
d) lim e) lim f) lim
x →5 x −5 x→2 x−2 x →4 x−4

27. Se uma esfera oca de raio R, está carregada com uma unidade
de eletricidade estática, então a intensidade do campo E(x) no
ponto P, localizado x unidades do centro da esfera, satisfaz:

⎪0 se 0 < x < R

⎪ 1
E ( x) = ⎨ 2 se x = R
⎪ 2x
⎪ 1
⎪ x 2 se x > R

Esboce o gráfico de E(x) e verifique a continuidade de E(x) para


x > 0.

28. A constante de equilíbrio k de uma reação química balanceada


varia com a temperatura absoluta T, de acordo com a fórmula
1 T −T0
− q
2 T0T
k = k0 e , onde k0, q e T0 são constantes. Determine uma
expressão que dê a taxa de variação de k em relação a variação
de T.

29. Em Bioquímica, a taxa R de uma reação enzimática é dada pela


R [S ]
equação R = m onde km é uma constante (chamada cons-
Km + [S ]
tante de Michaelis), Rm é a taxa máxima possível e [S] é a con-
centração do substrato. Escreva esta equação de modo que
1 1
y= seja expresso em função de x = , e esboce o gráfico
R [S ]
dessa função.
228  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

30. A população (em milhares) de uma colônia de bactérias t minu-


tos após a introdução de uma toxina é dada pela função
⎪⎧ t + 7, se t < 5 . Quando a colônia morrerá?
2
f (t ) = ⎨
⎪⎩ −8t + 72, se t ≥ 5

31. De acordo com a fórmula de Debye em Físico-Química, a pola-


4 ⎛ μ2 ⎞
rização de orientação P de um gás satisfaz P = πN ⎜ ⎟
3 ⎝ 3kT ⎠
onde μ, k e N são constantes positivas e T é a temperatura do
gás. Ache uma expressão que dê a taxa de variação de P em
relação a T.

32. A posição de uma partícula movendo-se em linha reta é dada


por s = t 3 − 6t 2 + 9t + 4 .
a) Calcule s(t) e a(t) quando v = 0.
b) Calcule s(t) e v(t) quando a(t) = 0.
c) Em que intervalo de tempo s é crescente?
d) Em que intervalo de tempo v é crescente? Justifique suas res-
postas utilizando o Cálculo Diferencial.

33. De acordo com o Handbook of Chemistry and Phisics, a den-


sidade D(T) do ar seco a uma pressão de 76 cm de mercúrio
e a uma temperatura de T graus centígrados é dada por
0,001293
D (T ) = gr/ml .
1 + 0,00367T
a) Qual é a densidade a 10˚C? E a 50˚C?
b) A densidade cresce ou decresce quando a temperatura cresce?

34. Dado o gráfico da função f na figura, desenhe o gráfico de


g ( x ) = 2 f ( x − 3) .
A DERIVADA 229

35. O comprimento de uma barra de metal varia com a temperatura


T, de acordo com a equação L(T) = 100 + 0,0001T (T em ˚C e L
em cm).
a) Qual é o comprimento dessa barra a 10 ºC?
b) A que temperatura o comprimento é de 100,01 cm?

36. Analise o gráfico da função f ( x ) determinando os intervalos de


crescimento e decrescimento da função f ( x ) , relacionando esse
crescimento com o sinal da derivada primeira da função; verifi-
que qual das funções f ' ( x ) descritas abaixo corresponde à deri-
vada da função f ( x ) . Além disso, verifique se o gráfico de
f '' ( x ) está coerente com o gráfico de f ( x ) . Marque, no gráfico
de f ( x ) , os pontos de máximo e mínimo relativos de f ( x ) (se
existirem) e os pontos de inflexão de f ( x ) (se existirem). Justi-
fique todo o seu procedimento de resolução do exercício.

f(x) f’(x)
230  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

37. Dadas as funções


2 t 2x −1
a) f (u) = b) g (t ) = c) h ( x ) =
1− u t −4
2
x +1

analise-as considerando o seguinte:


a) Domínio e imagem da função
b) Intervalos de crescimento e decrescimento da função (relacionar
com a derivada da função). Como você relaciona o sinal da
derivada de uma função com o crescimento e decrescimento
dessa função? Explique de uma maneira clara.
c) Existência de máximos e mínimos relativos (relacionar com a
derivada da função)
d) Existência de assíntotas horizontal e vertical, como calcular e
como representar graficamente as assíntotas (interpretar e ana-
lisar o comportamento da função em relação às assíntotas – a
função pode cruzar uma assíntota horizontal? Por que? A fun-
ção pode cruzar uma assíntota vertical? Por que? O que acon-
tece com a função quando ela se aproxima da assíntota?
e) Estudar o comportamento das funções quando a variável inde-
pendente assume valores muito grandes ou muito pequenos
(relacionar com limite de uma função)
f) Verificar se existe derivada das funções em todos os pontos.
Explique.
A DERIVADA 231

g) Estudar a continuidade das funções num determinado ponto.


Existe derivada da função em um ponto de descontinuidade?
Explique. Se existir derivada de uma função num ponto, é
possível a função ser descontínua nesse ponto? Explique.
h) Analise a seguinte afirmação:
– Todo ponto onde a derivada é zero é um ponto de máximo
ou de mínimo relativo.
Após a análise feita, esboce os gráficos usando papel milimetra-
do e, somente depois esboce os gráficos usando o computador.

38. A constante de acidez Ka de um ácido fraco a uma concentração


α 2C
C é dada por K a = onde α é o grau de ionização. Calcule
1− α
a taxa de variação de α em relação a C (lembre-se que α, Ka e C
são quantidades positivas).

39. Calcule a derivada de cada uma das funções.


3
a) y= 1 b) t = 5 − u 3
(2 x − 3 x − 1)
3 2

4
c) v = d) y = 3e −3 x − 4
(5 − 2t 4 )
e) u = tg ( 3v ) (
f) t = cos 3u 3 − 2u )
y = ln 2 ( sen 2 x ) p = ln ( 3u − 2 )
2
g) h)

i) (
y = 2 ln cos 2 x + cos2 x ) j) y = tg x cos 2x
3 − x4
k) y=
4x − 3

dP
40. Ache .
dT
a) 2P4 – 3T + P3 – 2 = 0 b) T = P ln (PT)
232  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

41. O movimento de um objeto,


viajando em linha reta, é des-
crito no gráfico ao lado. De-
termine a magnitude da acele-
ração instantânea do objeto
em t = 65s.

 
Capítulo 3

Aplicações da Derivada
 

   

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Como determinar os intervalos nos quais uma função é crescente
ou decrescente.
• Como determinar extremos relativos e absolutos de uma função.
• Como determinar a concavidade e os pontos de inflexão de uma
curva.
• Como construir o gráfico de uma função a partir das informações
fornecidas pelas derivadas.
• Como resolver problemas de otimização.
234  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Aplicações da Derivada

Introdução
Neste capítulo vamos utilizar derivadas para obter detalhes
importantes a respeito de uma função f(x), quando x varia em um
intervalo.
Tendo em vista o traçado de curvas e as aplicações práticas, é
da maior importância a determinação dos pontos mais alto e mais
baixo do gráfico de uma função, uma vez que eles correspondem ao
maior e menor valor desta função.
A determinação dos valores extremos de uma função é muito
importante em aplicações que envolvem tempo, temperatura, volu-
me, pressão e, de modo geral, qualquer quantidade que possa ser
representada por uma função. Assim, se uma quantidade pode ser
escrita como função de uma outra quantidade, o Cálculo Diferencial
nos fornece um método para determinar os valores extremos de tal
função, ou seja, o valor máximo e o valor mínimo dessa função.

O que a Derivada nos diz sobre a Função f

Que informações a respeito de uma função f podemos obter


a partir da sua derivada primeira e segunda?

Funções crescentes e decrescentes


Vamos ver como a derivada f ' ( x ) pode nos dar informações
sobre o crescimento e decrescimento de uma função y = f(x). Ini-
cialmente iremos relembrar a definição de função crescente e função
decrescente.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 235

Definição 1: Consideremos f uma função definida em um interva-


lo aberto I e tomemos dois pontos quaisquer, x1 e x2, pertencentes
a I.
a) f é crescente em I se f (x1) < f(x2 ), quando x1 < x2 .
b) f é decrescente em I se f (x1) > f(x2), quando x1 < x2 .

função crescente função decrescente

função constante

Observe que em todos os pontos onde uma função é crescente, a


derivada é positiva (o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico
da função nesses pontos é positivo) e que nos pontos onde a função
é decrescente, a derivada é negativa (o coeficiente angular da reta
tangente ao gráfico da função nesses pontos é negativo).
236  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Assim, para conseguirmos informações sobre os intervalos onde


uma função é crescente ou decrescente, iremos utilizar o seguinte
resultado:

Teste para Funções Crescentes e Decrescentes


Se f (x) possui derivada positiva para todo x ∈ (a,b), então f é
crescente em (a,b).
Se f(x) possui derivada negativa para todo x ∈ (a,b), então f é
decrescente em (a,b).
Se f(x) possui derivada igual a zero para todo x ∈ (a,b), então f é
constante em (a,b).

Logo, para estudar o crescimento e decrescimento de uma fun-


ção f (x), basta analisar o sinal da derivada f ’(x), ou seja, basta de-
terminar os intervalos nos quais a função tenha derivada positiva e
os intervalos nos quais ela tenha derivada negativa.

EXEMPLO 1 Verifique se f (x) = x2 – 2x é crescente ou decres-


cente em x = 0.
Solução
Derivando a função dada, obtemos
APLICAÇÕES DA DERIVADA 237

f ' ( x ) = 2 x − 2 e, portanto, f ' ( 0 ) = −2 < 0 .

Assim, a derivada é negativa e a função é decrescente em x = 0.

EXEMPLO 2 Determine os intervalos nos quais a função


2 x3
f (x) = − 8x
3
cresce e os intervalos onde ela decresce.
Solução
Temos que
f ' ( x ) = 2x2 − 8 = 2 ( x2 − 4) .

Estudando o sinal de f ' ( x ) , veri-


ficamos que a derivada é: negati-
va para − 2 < x < 2 e positiva para
x > 2 ou x < –2.
Portanto, a função f (x) é decres-
cente no intervalo (–2,2) e cres-
cente nos intervalos (–∞,–2) e
(2,+∞), como podemos ver no
gráfico apresentado ao lado.
238  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Extremos de uma Função


Vamos abordar esse assunto de uma maneira bem informal, ob-
servando as considerações de ordem geométrica. Antes, porém, pre-
cisamos estabelecer alguns conceitos básicos.

Definição 1. Dizemos que uma função f tem máximo absoluto


f(c) se c ∈ D ( f ) e f(c) ≥ f(x) para todos os valores de x no domí-
nio de f. O número f(c) é denominado de valor máximo de f em
D. De modo análogo, dizemos que uma função f tem mínimo
absoluto f(c) se c ∈ D ( f ) e f(c) ≤ f(x) para todos os valores de x
no domínio de f. O número f(c) é denominado de valor mínimo
de f em D.

Os valores máximo e mínimo de f são chamados de valores ex-


tremos de f. A figura abaixo mostra o gráfico de uma função f com
máximo absoluto em x3 e mínimo absoluto em x4. Observe que o
ponto (x3, f(x3)) é o mais alto do gráfico e o ponto (x4, f(x4)) é o pon-
to mais baixo.

Na figura anterior, se considerarmos os valores de x próximos


de x1 -restringindo nossa atenção ao intervalo (a,b) - podemos ob-
servar que f ( x1 ) é o maior valor de f (x) para x ∈ (a,b). Dizemos
então que f (x1) é um valor máximo local de f. Se considerarmos
agora o intervalo (b, x3), vemos que f (x2) é o menor valor de f (x)
APLICAÇÕES DA DERIVADA 239

para x ∈ (b, x3) (para x na vizinhança de x2). Dizemos então que f


(x2) é um valor mínimo local de f.

Definição 2. Uma função f tem um máximo local (ou máximo


relativo) em c, se existir um intervalo aberto I, contendo c, tal
que f ( c ) ≥ f ( x ) para todo x ∈ I. Uma função f tem um mínimo
local (ou mínimo relativo) em c, se existir um intervalo aberto I,
contendo c, tal que f ( c ) ≤ f ( x ) para todo x ∈ I.

EXEMPLO 1 O gráfico da função f(x) = 3x4 – 12 x2 para –2,5 ≤ x


≤ 2, está descrito na figura abaixo.

Observe que f(0) = 0 é um máximo local, enquanto o máximo abso-


luto é f(–2,5) = 42,18 (esse máximo absoluto não é um máximo lo-
cal, pois ocorre num extremo do intervalo). Da mesma forma,
( )
f − 2 = − 12 e f ( ) 2 = − 12 são mínimos locais e absolutos. Para
x = 2 não existe um máximo local nem um máximo absoluto.

Resultado 1: Se f for contínua em um intervalo fechado [a,b],


então f assume um valor máximo absoluto f(c) e um valor mínimo
absoluto f(d) para algum valor c e d em [a,b].
240  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

A figura ao lado mostra o


gráfico de uma função f com um
máximo local em x = a e um
mínimo local em x = 0. Observe
que nesses pontos as retas tan-
gentes são horizontais e, portan-
to, cada uma delas tem coefi-
ciente angular igual a zero.

Vimos que a derivada de uma função f em um ponto P é numeri-


camente igual ao coeficiente angular da reta tangente a curva f em P.
Assim, f ' ( 0) = 0 e f ' ( a ) = 0 .

O resultado a seguir mostra que o fato acima descrito é sempre


verdadeiro para funções diferenciáveis.

Resultado 2: Se f tiver um máximo ou mínimo local em x = a e


f ' ( a ) existir, então f ' ( a ) = 0 .

O exemplo a seguir mostra que a recíproca do resultado 2 nem


sempre é verdadeira, ou seja, o fato de f ' ( a ) ser zero não garante
que f tenha um máximo ou um mínimo local em x = a.

EXEMPLO 2 Considerando f(x) = x3, podemos ver, através de


seu gráfico, que f ' ( 0 ) = 0 , mas que f não tem nem máximo e nem
mínimo local em x = 0.
 
APLICAÇÕES DA DERIVADA 241

O fato de que f ' ( 0 ) = 0 nos indica apenas que a curva y = x3 tem


uma reta tangente horizontal em (0,0).

O próximo exemplo mostra que pode existir um valor extremo


local f ( c ) de uma função f mesmo quando f ' ( c ) não existe.

EXEMPLO 3 A função f ( x ) = x tem seu valor mínimo (local e


absoluto) em x = 0 mas f ' ( 0 ) não existe (por que?).

As figuras apresentadas a seguir mostram que quando f ' ( c ) não


existe, f(x) pode ou não ter um extremo local em x = c.
242  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Definição 3: Um valor x = c ∈ D(f) é um valor crítico de f se


f ' ( c ) = 0 ou f ' ( c ) não existe.

EXEMPLO 4 Determine os pontos críticos da função f (x) = x3 – x.


Solução

A derivada da função é
f ' ( x ) = 3x − 1 . Portanto, a de-
2

rivada sempre existe e é zero


3
em x0 = = 0,57 e em
3
3
x1 = − = −0,57 e, para esses
3
valores de x, temos os pontos
críticos da função dada.

EXEMPLO 5
(a) Use um recurso gráfico para estimar (calcular aproximadamente)
os valores máximos e mínimos absolutos da função f (x) = x3 – x
no intervalo [–1,1].
(b) Use o cálculo para calcular os valores máximos e mínimos abso-
lutos exatos.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 243

Solução

(a)

Observe nas figuras acima, obtidas por meio de um programa


gráfico (Graphmatica), que o valor máximo absoluto é y ≈ 0,38
e ocorre quando x ≈ –0,57 e que o valor mínimo absoluto é
y ≈ 0,38 e ocorre quando x ≈ 0,57.
(b) A derivada da função é f ' ( x ) = 3x 2 − 1 . Portanto, a derivada é
3 3
zero quando x0 = = 0,57 e x1 = − = −0,57 que são os valo-
3 3
res críticos da função dada.
Para x = –0,57 temos f ( −0,57 ) = 0,38 e para x = 0,57 temos
f ( 0,57 ) = −0,38 .

Para x = –1 temos f(–1) = 0 e para x = 1 temos f(1) = 0.


Comparando esses quatro valores vemos que o valor mínimo ab-
soluto é f(0,57) = –0,38 e o valor máximo absoluto é f (–0,57) =
0,38. Os valores encontrados na parte a) servem como uma veri-
ficação de nosso trabalho.

1
EXEMPLO 6 Determine os extremos absolutos de f ( x ) = nos
x2
intervalos:
(a) [–1,2] (b) [–1,2)
244  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução

Não existe máximo absoluto. Não existe máximo absoluto.


Mínimo Absoluto: f(2) = ¼ Não existe mínimo Absoluto

Observe que f não é contínua em x = 0

EXEMPLO 7 Se f(x) = x3 – 27x, determine os extremos absolutos


de f no intervalo fechado [–3,5].
Solução
Como f é contínua no intervalo [–3,5] existem extremos absolutos
nesse intervalo. Começamos então determinando os pontos críticos
da função dada.

( )
Temos que f ' ( x ) = 3 x 2 − 27 = 3 x 2 − 9 e, como a derivada existe
para todo x, os pontos críticos são aqueles onde a derivada é zero, ou
seja, x = − 3 e x = 3 . Sabemos que os extremos absolutos podem
ocorrer nos pontos críticos ou nos valores extremos do intervalo
[–3,5].
APLICAÇÕES DA DERIVADA 245

Para determiná-los, comparamos o valor da função nos pontos críti-


cos e nos valores extremos do intervalo.

Temos que f ( −3) = 54 , f ( 3) = −54 e f ( 5) = −10 o que indica que


o mínimo absoluto de f em [–3,5] é o menor valor da função, ou
seja, f ( 3) = −54 enquanto o máximo absoluto é o maior valor da
função, ou seja, f ( −3) = 54 .

EXERCÍCIOS 3.1

1. Esboce o gráfico da função que tem as seguintes propriedades ao


mesmo tempo:
a) definida para 0 ≤ x ≤ 10;
b) ponto de máximo local em x = 3;
c) máximo absoluto em x = 10.

1
2. Mostre que a função f ( x ) = x3 − 2 x2 + 5x não tem pontos extre-
3
mos locais:
a) utilizando o cálculo
b) utilizando um método gráfico.

3. Para cada um dos valores de x na figura abaixo, verifique se a


função tem um máximo ou mínimo absoluto, um máximo ou mí-
nimo local, ou nem máximo nem mínimo.
246  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

4. Use o gráfico para estabelecer os valores máximos e mínimos


locais e absolutos da função dada.

5. a) Esboce o gráfico de uma função que tenha um máximo local


a) em x = 2 e é diferenciável em x = 2 .
b) Esboce o gráfico de uma função que tenha um máximo local em
x = 2 e é contínua, mas não diferenciável em x = 2 .
c) Esboce o gráfico de uma função que tenha um máximo local em
x = 2 e não seja contínua em x = 2 .

6. Encontre o valor máximo e mínimo absoluto das funções dadas


nos intervalos especificados.
a) f(x) = 3x5 – 5x3 –1 ; [–2,2] b) f(x) = x3 – 3x + 1 ; [0,3]

Critérios para Estudar a Natureza


dos Pontos Críticos

Uma vez descoberto onde uma função é crescente e onde ela é


decrescente, podemos localizar seus pontos de máximos e mínimos
locais. Veremos esse fato através do resultado a seguir.
O Teste da Derivada Primeira: Seja f uma função contínua no
intervalo [a,b] e derivável em (a,b), exceto possivelmente em um
ponto x0 ∈ ( a , b ) .
APLICAÇÕES DA DERIVADA 247

a) f tem um máximo local em


x = x0 , se f ' ( x ) > 0 para
x < x0 e f ' ( x ) < 0 para
x > x0 , ou seja, se a função
estiver passando de um esta-
do de crescimento para um
estado de decrescimento.

b) f tem um mínimo local em


x = x0 , se f ' ( x ) < 0 para
x < x0 e f ' ( x ) > 0 para
x > x0 , ou seja, se a função
estiver passando de um es-
tado de decrescimento para
um estado de crescimento.

c) Se f’ não mudar de sinal em


x0 (ou seja, se em qualquer
vizinhança de x0, o sinal de
f’ for o mesmo), então f não
tem máximo nem mínimo
local em x0.

Portanto, se não houver inversão no crescimento (decrescimen-


to) da função, ela não terá nem máximo e nem mínimo local.

EXEMPLO 1 Determine os pontos críticos e os máximos e míni-


mos locais da função f ( x ) = x3 − x (se existirem).
248  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
3
A derivada da função é f ' ( x ) = 3x2 − 1 . A derivada é zero em x0 =
3
3
e em x1 = − e, para esses valores, temos os pontos críticos da
3
função dada.
Estudando o sinal da derivada, observamos que:

3 ⎫
f ' ( x ) > 0 para x < − = −0,57 ⎪
3 ⎪ em x = −0,57 temos um ponto
⎬⇒
3 de máximo local ( −0,57;0,38 )
f ' ( x ) < 0 para x > − = −0,57 ⎪⎪
3 ⎭

3 ⎫
f ' ( x ) < 0 para x < = 0,57 ⎪
3 ⎪ em x = 0,57 temos um ponto
⎬⇒
3 de mínimo local ( 0,57; −0,38 )
f ' ( x ) > 0 para x > = 0,57 ⎪⎪
3 ⎭

EXEMPLO 2 Determine os pontos críticos e máximos e mínimos


locais da função f ( x ) = 3x3 − 4 , se existirem.
Solução
A derivada da função é f ' ( x ) = 9 x 2 que é positiva para todo valor
de x e, neste caso, concluímos que a função dada é sempre crescente.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 249

A derivada é zero em x0 = 0 e, assim, este é o único ponto crítico da


função. Neste caso, não temos nem máximo nem mínimo local, pois
a função é sempre crescente.

OBS.:
1. Do exemplo 2 podemos concluir que nem todo ponto crítico
conduz a um extremo local.
2. Freqüentemente fazemos referências incorretas aos valores
máximo e mínimo. No exemplo 1, o mínimo local ocorre em
x = 0,57, e o valor mínimo local é f ( 0,57 ) = 0,38 . O máximo
local ocorre em x = –0,57 e o valor máximo local é f(0,57) =
0,38. Assim, para determinar um valor máximo local (ou mí-
nimo local) não é suficiente encontrar o valor de x no qual ele
ocorre, é necessário calcular o valor da função para esse x.
3. Devemos observar que nem sempre é possível relacionar
máximos e mínimos locais com a derivada da função, pois
existem funções que possuem máximos e mínimos locais em
pontos nos quais a derivada nem sequer existe.
250  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Existe ainda outro critério para verificar se um ponto crítico é


um máximo ou mínimo (relativo) local de uma função f, utilizando a
derivada segunda da função, ou seja, a derivada da derivada da fun-
ção ( f '' ( x ) ). Vejamos como são calculadas estas derivadas, que são
chamadas de derivadas de ordem superior.

Derivadas de ordem superior


Se uma função f for derivável, então f’ é chamada derivada
primeira de f (ou derivada de ordem 1). Se a derivada de f’ existir,
então ela será chamada derivada segunda de f (ou derivada de or-
dem 2), e assim por diante.

Notações:
df
f ' ( x ) ou (derivada de primeira ordem de f em relação à x)
dx

d2 f
f '' ( x ) ou (derivada de segunda ordem de f em relação à x)
dx 2

d3 f
f ''' ( x ) ou (derivada de terceira ordem de f em relação à x)
dx 3
#
dn f
f ( n ) ( x ) ou (derivada de ordem n de f em relação à x).
dx n

EXEMPLO 3 Se f ( x) = 8x4 + 5x3 − x2 + 7 , encontre as derivadas


de todas as ordens de f.
Solução
f '( x ) = 32 x3 + 15x 2 − 2 x f iv ( x) = 192

f ''( x) = 96 x 2 + 30 x − 2 f v ( x) = 0

f '( x ) = 32 x 3 + 15 x 2 − 2 x f ( n ) ( x ) = 0, n ≥ 5 .
APLICAÇÕES DA DERIVADA 251

EXEMPLO 4 Se f ( x ) = 2 sen( x ) + 3cos( x ) − x 3 , calcule f ''' ( x ) .


Solução

f '( x) = 2cos( x) − 3 sen( x) − 3x 2

f ''( x ) = − 2 sen( x ) − 3 cos( x ) − 6 x

f '''( x ) = − 2 cos( x ) + 3 sen ( x ) − 6 .

x
EXEMPLO 5 Se f ( x) = e 2 , calcule f ( n ) ( x ) .

Solução
x x x x
1 1 1 (n) 1
f '( x ) = e 2 ; f ''( x ) = e 2 ; f '''( x ) = e 2 ; f ( x) = n e 2 .
2 4 8 2
1
EXEMPLO 6 Se f ( x ) = = x −1 , determine f ( n ) ( x ) .
x
Solução
f '( x) = (−1) x −2 = − x −2

f ''( x ) = ( −1)( −2) x −3 = 2 x −3

f '''( x ) = ( −3)( −2)(−1) x −4 = −3 ⋅ 2 ⋅ 1 x −4

f '''( x ) = ( −4)( −3)( −2)( −1) x −5 = 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 x −5

f v ( x ) = ( −5)( −4)( −3)( −2)( −1) x −6 = −5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 x −6

( − 1) n n !
... f ( n ) ( x ) = ( − 1) n n ! x − ( n +1) = .
x ( n +1)

Aplicação física da segunda derivada: aceleração


Já vimos que se uma função s(t) descreve a posição de um obje-
to em movimento no instante t, então s’(t) fornece a taxa de variação
instantânea do movimento, ou seja, a velocidade deste objeto no
instante t. O que seria então, a segunda derivada de s(t)? Pelo mes-
mo raciocínio, s”(t) fornece a taxa de variação instantânea de s’(t),
252  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

ou seja, a taxa de variação da velocidade, que é conhecida como


aceleração instantânea. Se s”(t) > 0, o objeto está acelerando e se
s”(t) < 0, o objeto está desacelerando.

EXEMPLO 7 Uma partícula move-se ao longo de uma reta de


t2 4t
acordo com a seguinte equação de movimento: s(t ) = + ,
2 t +1
onde s cm é a distância orientada da partícula até a origem em t seg.
Se v cm/seg for a velocidade instantânea e a cm/seg2 for a acelera-
ção em t seg, determine t, s e v quando a aceleração é nula.
Solução:
Temos que:
ds 4 dv 8
v= =t+ e a= = 1−
dt ( t + 1) 2 dt ( t + 1) 3

Fazendo a = 0 teremos

( t + 1) 3 − 8
=0 ⇔ ( t + 1) 3 − 8 = 0 ⇔ ( t + 1) 3 = 8
( t + 1) 3
⇔ ( t + 1) = 2 ⇔ t =1

Quando t = 1 , temos
1 4 5 4
s(1) = + = e v (1) = 1 + =2.
2 1+1 2 (1 + 1) 2

Portanto, a aceleração é nula 1 seg após o início do movimento,


quando a partícula está a 5/2 cm da origem, movendo-se para a di-
reita, com uma velocidade de 2 cm/seg.

Teste da Derivada Segunda: Seja f uma função contínua no in-


tervalo [a,b] tal que existem as derivadas primeira e segunda de f
em (a,b). Se x0 ∈ ( a, b ) é um ponto crítico de f, então:
a) f tem um máximo local em x0 se f '' ( x0 ) < 0 .
b) f tem um mínimo local em x0 se f '' ( x0 ) > 0 .
APLICAÇÕES DA DERIVADA 253

EXEMPLO 8 Encontre os extremos locais da função


f ( x ) = 2 x + 3 x − 12 x − 7 , usando o teste da segunda derivada.
3 2

Solução
Derivando a função dada obtemos
f ' ( x ) = 6 x 2 + 6 x − 12 .
Fazendo f ' ( x ) = 0 , concluímos que
x = 1 e x = -2 são os pontos críticos
de f. Derivando a derivada primeira
da função, obtemos a derivada se-
gunda, f '' ( x ) = 12 x + 6 .

Substituindo os pontos críticos da função em f '' ( x ) , concluímos


que:
f '' ( −2 ) = −18 < 0 ⇒ em x = –2 temos um máximo local f(–2) = 13.

f '' (1) = 18 > 0 ⇒ em x = 1 temos um mínimo local f(1) = –14.

EXEMPLO 9 Encontre os extremos locais da função

x3
f ( x ) = 6 x − 3x 2 +
2
usando o teste da segunda derivada.

Solução
2
Derivando a função dada obtemos f ' ( x ) = 6 − 6 x + 3 x . Fazendo
2
f ' ( x ) = 0 , concluímos que x = 2 é o único ponto crítico de f. Deri-
vando a derivada da função, obtemos f '' ( x ) = 3 x − 6 . Substituindo o
ponto crítico da função em f '' ( x ) , concluímos que f '' ( 2 ) = 0 e,
nesse caso, não podemos utilizar o Teste da Derivada Segunda para
verificar a existência de máximo e mínimo relativo da função f.
Assim, temos que analisar a função de outra maneira. Observe que a
função derivada é sempre positiva, para qualquer valor de x, o que
254  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

implica que a função f é sempre crescente e, portanto, não ocorre


nem máximo nem mínimo local em x = 2 (como se pode ver através
do gráfico, da função f, descrito abaixo).

EXERCÍCIOS 3.2

1. Determine os intervalos nos quais as funções dadas são crescen-


tes ou decrescentes.
a) f(x) = 3x – 2 b) f(x) = 1 – 5x c) f(x) = x3 + 2x2 – 4x + 2
1 f) y = 1
d) y = x + e) f(x) = (x – 2)3
x ( x − 1) 2

2. Determine os extremos locais das funções dadas.


1 3 1 4 5 3
a) y = x + 3x 2 − 7 x + 9 b) y = x − x + 4 x2
3 4 3
1
c) y = 5 + ( x − 2 )
1/5
d) y = t +
t
e) f ( x ) = 3 − 9 x f) y = 1
x

3. Determine a e b de modo que a função y = x3 + ax2 + b tenha um


extremo local em (–2,1).
APLICAÇÕES DA DERIVADA 255

Concavidade de Curvas – Pontos de Inflexão


Vimos, anteriormente, que nos valores de x (abscissas) de uma fun-
ção y = f ( x ) nos quais f ' ( x ) se anula, o sinal de f '' ( x ) decide se
nesses pontos existe um máximo ou mínimo local, exceto nos casos
em que f '' ( x ) = 0 . Nesses casos, ainda dispomos de recursos que
irão nos dizer se existe um extremo local ou se existe um ponto de
inflexão, que é um ponto onde ocorre inversão na concavidade da
curva, conforme mostrado na figura abaixo. As definições serão
apresentadas logo a seguir.

Definição 1: O gráfico de uma


função f será côncavo para ci-
ma num ponto ( x0 , f ( x0 ) ) se
f ' ( x0 ) existir e se houver um
intervalo aberto I contendo x0, tal
que, para todos os valores de x ≠ x 0 em I, o ponto ( x, f ( x ) ) do
gráfico estará acima da reta tangente ao gráfico em ( x0 , f ( x0 ) ) .

OBS.:
f '' ( x ) > 0 , para todo x ∈ (a,b) ⇒ f ( x ) tem concavidade pa-
ra cima em (a,b).
256  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

O fato de f '' ( x ) > 0 implica que a derivada f ' ( x ) é crescente.


Isso significa, geometricamente, que a reta tangente “gira” no
sentido anti-horário quando caminhamos sobre a curva da es-
querda para a direita.

Definição 2: O gráfico de uma


função f será côncavo para bai-
xo num ponto ( x0 , f ( x0 ) ) se
f ' ( x0 ) existir e se houver um
intervalo aberto I contendo x0, tal
que, para todos os valores de x ≠ x 0 em I, o ponto ( x, f ( x ) ) do
gráfico estará abaixo da reta tangente ao gráfico em ( x0 , f ( x0 ) ) .

OBS.:
f '' ( x ) < 0 , para todo x ∈ (a,b) ⇒ f ( x ) tem concavidade pa-
ra baixo em (a,b).
O fato de f '' ( x ) < 0 implica que a derivada f ' ( x ) é decrescen-
te. Isso significa, geometricamente, que a reta tangente “gira”
no sentido horário quando nos deslocamos sobre a curva da es-
querda para a direita.

Definição 3: Um ponto ( x0 , f ( x0 ) ) será um ponto de inflexão


do gráfico de uma função f se existir “uma única reta” tangente ao
gráfico de f nesse ponto (ou seja, se existir a derivada primeira
neste ponto) e se existir um intervalo aberto I contendo x0, tal que,
se x estiver em I, então
(i) f '' ( x ) < 0 se x < x0 e f '' ( x ) > 0 se x > x0 ou
(ii) f '' ( x ) > 0 se x < x0 e f '' ( x ) < 0 se x > x0.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 257

Assim, um ponto de inflexão é um ponto do gráfico de uma fun-


ção onde a sua derivada existe e onde a concavidade do gráfico
muda.
Podemos também verificar se um ponto é de inflexão através da
derivada terceira da função, conforme o resultado a seguir:

Resultado 1: Seja y = f ( x ) diferenciável (portanto contínua) até


terceira ordem em um intervalo I. Se f '' ( x0 ) = 0 e f ''' ( x0 ) ≠ 0 ,
então em x = x0 teremos um ponto de inflexão ( x0 , f ( x0 ) ) no
gráfico de f.

O resultado a seguir nos mostra que os “candidatos” a pontos


de inflexão de uma função f são aqueles pontos que pertencem ao
domínio de f e nos quais a derivada primeira existe e a derivada se-
gunda é nula.

Resultado 2: Seja y = f ( x ) uma função derivável em um interva-


lo aberto I contendo c. Se ( c, f ( c ) ) for um ponto de inflexão do
gráfico de f então, se f '' ( c ) existe temos que f '' ( c ) = 0 .

OBS.:
1. Em um ponto de inflexão, o gráfico cruza sua reta tangente
nesse ponto.
258  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

2. Em um ponto de inflexão, o gráfico não pode ser inter-


rompido.
3. A recíproca do resultado 2 nem sempre é verdadeira, ou seja,
nem todos os pontos onde a derivada segunda se anula são
pontos de inflexão. Por exemplo, a função f ( x ) = x 4 tem
derivada segunda f '' ( 0 ) = 0 , mas ( 0, f ( 0 ) ) não pode ser
ponto de inflexão pois f '' ( x ) > 0 , ∀ x e, portanto, não há
inversão na concavidade da função.

4. Em um ponto de inflexão ( x0 , f ( x0 ) ) , tanto podemos ter


f ' ( x0 ) = 0 (ponto de inflexão de primeira espécie), como
f ' ( x0 ) ≠ 0 (ponto de inflexão de segunda espécie)

EXEMPLO 1 Analise o gráfico da


figura ao lado com relação a cresci-
mento, decrescimento, concavidade,
extremos e pontos de inflexão.

Solução
– nos intervalos (–∞,3) e (5,+∞) a função é crescente;
– no intervalo (3,5) a função é decrescente;
APLICAÇÕES DA DERIVADA 259

– em x = 3 a função tem um máximo local;


– em x = 5 a função tem um mínimo local;
– no intervalo (–∞,4) a função tem concavidade voltada para baixo;
– no intervalo (4,+∞) a função tem concavidade voltada para cima;
– em x = 4 a função tem um ponto de inflexão.

3
EXEMPLO 2 Dada a função f ( x ) = x − 3 x 2 + 9 x + 1 , verifique
3
se existem pontos de inflexão e analise a concavidade da curva.
Solução
Derivando a função duas vezes e igualando a segunda derivada a
zero, obtemos f '' ( x ) = 2 x − 6 = 0 para x = 3 . Calculando a tercei-
ra derivada, f ''' ( x ) = 2 ≠ 0 , ∀ x, concluímos que em x = 3 temos
um ponto de inflexão (3,10).

Estudando o sinal da derivada segunda, obtemos informações sobre


a concavidade da curva.
– no intervalo (–∞,3) a função tem concavi-
dade para baixo;
– no intervalo (3,+∞) a função tem concavi-
dade para cima.
260  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

OBS.:
Um fato importante relacionado com a definição de ponto de in-
flexão é que o gráfico da função deve ter “uma única reta” tan-
gente no ponto de inflexão. Considere, por exemplo, a função
⎧4 − x 2 , x ≤1
dada por: f ( x ) = ⎪⎨ .
2
⎪⎩ 2 + x , x >1

Observe que f '' ( x ) = −2 se x < 1 e f '' ( x ) = 2 se x > 1. Assim, no


ponto (1,3) do gráfico, o sentido da concavidade muda de baixo
para cima. No entanto, (1,3) não é um ponto de inflexão, pois o
gráfico não tem uma reta tangente ali, conforme podemos ver na
figura abaixo.
Do ponto de vista algébrico,
isso pode ser verificado obser-
vando que f ' ( x ) = −2 x se x < 1
e f ' ( x ) = 2 x se x > 1.
  
Assim, quando x → 1− , temos
f ' ( x ) → −2 , enquanto que se x → 1+ , temos f ' ( x ) → 2 , o que
significa que não existe f ' (1) , conforme observamos no gráfico.

Assíntotas
No capítulo anterior já havíamos definido assíntotas, porém
vamos retomá-las aqui, uma vez que seu estudo é essencial na cons-
trução de gráficos. Inicialmente lembramos que uma assíntota é uma
reta para a qual o gráfico de uma função tende, em determinadas
situações. Observe os gráficos descritos na ilustração a seguir.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 261

OBS.:
Na figura acima temos a ocorrência de assíntota horizontal, ver-
tical e oblíqua, porém esta última não será estudada aqui. Va-
mos analisar apenas as assíntotas horizontais e as verticais.

Definição 1: A reta x = a é uma assíntota vertical do gráfico de


uma função f se pelo menos uma das seguintes afirmações for
verdadeira:
(i) lim f ( x ) = +∞ (ii) lim− f ( x ) = +∞
x →a + x →a

(iii) lim+ f ( x ) = −∞ (iv) lim f ( x ) = −∞


x →a x→a −

Exemplo:
A reta x = 2 é uma assíntota
vertical do gráfico de
1
f ( x) = .
( x − 2) 2
1
De fato, lim+ = +∞ ,
x→2 ( x − 2) 2
1
e lim = +∞
x→2− ( x − 2) 2
262  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Definição 2: A reta y = b é uma assíntota horizontal do gráfico


de uma função f, se pelo menos uma das seguintes afirmações for
verdadeira:
(i) lim f ( x ) = b (ii) lim f ( x ) = b
x →+∞ x →−∞

Exemplo:
As retas y = 1 e y = –1 são assíntotas horizontais do gráfico de
x x x
f ( x) = , pois lim = 1 e lim = − 1.
2 x → +∞ 2 x → −∞ 2
x +2 x +2 x +2

Roteiro para Construir o Gráfico de uma Função


Para obter um esboço do gráfico de uma função f’ você deve
aplicar tudo o que foi discutido neste capítulo, procedendo da se-
guinte forma:
1. Determine o domínio de f.
2. Encontre os interceptos y do gráfico (fazendo x = 0). Locali-
ze os interceptos x do gráfico (fazendo y = 0) se a equação
resultante for fácil de resolver.
3. Calcule f ' ( x ) e f '' ( x ) .

4. Determine os pontos críticos de f’ que são os valores de x (per-


tencentes ao domínio da função), tais que f ' ( x ) = 0 ou f ' ( x )
não existe.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 263

5. Aplique o teste da derivada primeira (nos pontos on-


de f ' ( x ) não existe) ou o teste da derivada segunda (nos
pontos onde f ' ( x ) = 0 ) para verificar se nos pontos críticos
existe um máximo, um mínimo ou nenhum dos dois.
6. Determine os intervalos nos quais f é crescente, encontrando
os valores de x para os quais f ' ( x ) > 0 ; determine os inter-
valos nos quais f é decrescente, encontrando os valores de x
para os quais f ' ( x ) < 0 .

7. Determine os valores de x para os quais f '' ( x ) = 0, a fim


de encontrar os candidatos a pontos de inflexão. Em cada
um desses valores, verifique se f '' ( x ) muda de sinal em
uma vizinhança deles e se o gráfico tem uma reta tangente
ali (se f ' ( x ) existe), visando verificar se o ponto é real-
mente de inflexão.
8. Determine os valores de x para os quais f '' ( x ) é positiva e
negativa, a fim de obter os pontos nos quais a concavidade
é para cima e para baixo, respectivamente.
9. Verifique a existência de possíveis assíntotas horizontais e
verticais.
10. Construa uma tabela contendo um esquema destas informa-
ções, a qual auxiliará muito no esboço do gráfico.

Vejamos agora como obter informações sobre o gráfico de uma


função a partir de sua derivada. A figura a seguir mostra o gráfico da
derivada primeira f '( x ) de uma função y = f ( x ) . A partir desse
gráfico vamos determinar os intervalos em que f é crescente e de-
crescente, os intervalos onde a concavidade é para cima ou para bai-
xo, os extremos relativos e pontos de inflexão da função. Em segui-
da, esboçaremos uma possível curva de f.
264  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Analisando o gráfico, observamos o seguinte:

x Descrição de f ’(x) Descrição de f(x)

crescente / concavidade
x < −1 positiva / decrescente
para baixo

crescente / concavidade
−1 < x < 1 positiva / crescente
para cima

tangente horizontal
x = −1 ponto de inflexão
⎣ f ' ( −1) ⎤⎦
⎡∃

crescente / concavidade
1< x < 4 positiva / decrescente
para baixo

tangente horizontal
x =1 ponto de inflexão
⎣ f ' (1) ⎤⎦
⎡∃

decrescente / conc.
x>4 negativa / decrescente
para baixo

f '( 4) = 0
tangente horizontal
x=4
(máximo local)
APLICAÇÕES DA DERIVADA 265

Como não foram fornecidos os valores de f, faremos o gráfico


apenas respeitando as características descritas acima:

Nas áreas aplicadas é muito comum conhecermos a taxa de va-


riação de uma função ou de sua velocidade e, a partir dela, querer
saber como é o comportamento da função. Existem métodos algébri-
cos para resolver estes problemas, os quais serão vistos mais adiante,
porém, a visão geométrica destes fenômenos já pode ser explorada
com a teoria que acabamos de ver.
Suponha, por exemplo, que se saiba que a população de uma
determinada espécie vem crescendo a uma taxa constante de 10 in-
divíduos por ano. Supondo que esta taxa se mantenha e que no mo-
mento presente existam 50 indivíduos, como visualizar graficamente
o comportamento desta população ao longo do tempo?
Chamando o tamanho da população, no instante t, de p ( t ) ,
sabemos que p ' ( t ) = 10 e conseqüentemente, p '' ( t ) = 0 para todo t,
o que significa que a população p ( t ) será sempre crescente e seu
gráfico possui curvatura nula. Logo, é uma reta. Como o tempo é
positivo e sempre consideramos t = 0 no início de um experimento,
temos p ( 0 ) = 50 . Com isso, obtemos o gráfico da função ao longo
do tempo, o qual é mostrado abaixo (direita), juntamente com o de
sua derivada (esquerda):
266  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Algebricamente raciocinamos do seguinte modo: se a derivada é


constante, então a função necessariamente é linear, ou seja, se
p ' ( t ) = 10 então p ( t ) terá uma representação do tipo
p ( t ) = 10t + C , onde C é uma constante, pois seu gráfico é uma reta
cujo coeficiente angular é igual a 10 ( f ' ( t ) = 10 ) . Sabendo que
p ( 0 ) = 50, encontramos C = 50 e assim, obtemos a expressão da
população em um tempo t qualquer: p ( t ) = 10t + 50.

EXERCÍCIOS 3.3
1. Esboce o gráfico de uma função que tem as seguintes proprieda-
des, ao mesmo tempo:
a) ponto de máximo local em x = 1 e x = 5;
b) ponto de mínimo local em x = 3;
c) pontos de inflexão em x = 2 e x = 4.

2. Esboce o gráfico de uma função que tem as seguintes proprieda-


des, ao mesmo tempo:
a) ponto de inflexão em x = 1;
b) crescente para todo x.

3. Suponha que lhe foi dada uma fórmula para uma função f.
a) Como você determina onde f é crescente ou decrescente?
b) Como você determina onde o gráfico de f é côncavo para cima ou
para baixo?
c) Como você localiza os pontos de inflexão?
APLICAÇÕES DA DERIVADA 267

x
4. Dada a função f ( x ) = :
( x − 1)2
a) Encontre as assíntotas vertical e horizontal;
b) Encontre os intervalos onde a função é crescente ou decrescente;
c) Encontre os valores de máximo ou mínimo local;
d) Encontre os intervalos de concavidade para cima e para baixo e
pontos de inflexão;
e) Use as informações dos itens anteriores para esboçar o gráfico de f;
f) Use um programa gráfico para verificar seu trabalho.

5. Use o gráfico de f ao lado para


encontrar:
a) o maior intervalo aberto no qual
f é crescente;
b) o maior intervalo aberto no qual
f é decrescente;
c) o maior intervalo aberto no qual
f é côncavo para cima;
d) o maior intervalo aberto no qual f é côncavo para baixo;
e) as coordenadas dos pontos de inflexão.

6. O gráfico da derivada de uma fun-


ção f está esboçado ao lado.
a) Em que intervalos f está crescendo
ou decrescendo?
b) Para que valores de x a função tem
um máximo ou mínimo local?

7. Faça uma análise completa das funções abaixo, envolvendo a


determinação do domínio, pontos críticos, extremos, região de
crescimento e decrescimento, concavidade e assíntotas e, a partir
dela, construa, manualmente, seus respectivos gráficos. Faça-os
268  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

posteriormente usando um software gráfico, a fim de comparar


os resultados.

a) f ( x ) = ln ( 2 x + 3) b) f ( x ) = 4 − x 2
−x
c) f ( x) = e d) f ( x ) = x 3 + 1

8. Dada a derivada f ´( x) = x 2 − 2 x − 8 de certa função y = f ( x ) :


a) Determine os intervalos em que f ( x ) é crescente e decrescente.
b) Determine os intervalos em que a concavidade de f ( x ) é para
cima e para baixo.
c) Determine as coordenas x dos extremos relativos e ponto de in-
flexão de f ( x ) .
d) Esboce um possível gráfico de f ( x ) .

9. Faça um esboço do gráfico de uma função com as seguintes pro-


priedades:
a) f ' ( x ) > 0 para x < −1 e x > 3
b) f ' ( x ) < 0 para − 1 < x < 3
c) f '' ( x ) < 0 para x < 2
d) f '' ( x ) > 0 para x > 2

Problemas de Otimização
Nesta seção veremos vários exemplos de problemas cujas solu-
ções exigem a determinação de valores máximos e/ou mínimos ab-
solutos das funções que os representam. São chamados de problemas
de otimização pelo fato de que as soluções encontradas com esta
técnica são as melhores possíveis para cada caso, ou seja, resolver
estes problemas com as técnicas de máximos e mínimos significa
encontrar a solução ótima para eles.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 269

Em um problema de máximo ou de mínimo, o objetivo é maxi-


mizar ou minimizar uma grandeza qualquer. É difícil estabelecer
regras específicas para obter soluções de problemas de otimização.
O que podemos fazer é desenvolver uma estratégia para abordar tais
problemas.

Passo 1: Leia o problema tantas Dica:


vezes quantas forem necessárias, cui- Lembre-se de que, para
dadosamente e com atenção; determinar o valor má-
ximo e mínimo de uma
Passo 2: Se possível, faça um de- função f, em um interva-
senho representativo do objeto ou da lo fechado, basta compa-
situação e escolha variáveis para des- rar os valores de f nos
números críticos com os
crever o que está sendo estudado; valores nas extremidades
do intervalo. O maior
Passo 3: Determine uma equação
desses valores é o máxi-
que exprima a grandeza a ser maximi- mo desejado, e o menor
zada ou minimizada e as demais quan- desses valores é o míni-
tidades envolvidas no problema. mo desejado.

Passo 4: Determine qual variável deve ser maximizada e es-


creva-a como função de uma das outras variáveis envolvidas no
problema.
Passo 5: Determine os pontos críticos da função obtida no
passo 4.
Passo 6: Use o teste da primeira ou da segunda derivada para
determinar os extremos da função.

EXEMPLO 1 Construa um recipiente fechado, com a forma de


um cilindro circular reto, cuja área total seja S e de modo que o vo-
lume seja máximo.
Solução
Passo 1: Lemos o problema uma vez mais.
270  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Passo 2: Fazemos um esboço do cilindro, denotando


por r o raio da base, por h a altura, por S a área super-
ficial total e por V o volume do cilindro.

Passo 3: Devemos maximizar o volume V deixando fixa a área total


S. Então temos:
S = 2 × área da base + área lateral = 2πr2 + 2πrh
V = πr2 h, r > 0, h > 0.

Passo 4: Escrevemos V como função só de r, usando as fórmulas do


S − 2πr 2
passo 3, ou seja, como S está fixo, segue que h = e, substi-
2πr
tuindo na expressão de V, obtemos

V (r ) =
r
2
(
S − 2πr 2 . )
Queremos saber qual o valor do raio r que fornece o maior volume.

Passo 5: Para achar os valores críticos da função V(r), derivamos V


em relação a r e igualamos a derivada a zero, ou seja
dV 1
( )
= S − 2πr 2 − 2πr 2 = 0.
dr 2

S
Obtemos assim, as raízes r = ± e, como o raio não pode ser um

S
número negativo, o único ponto crítico da função V ( r ) é r = .

Passo 6: Estudando o sinal de V ′′(.x.) e usando o Teste da Segunda


S
Derivada, obtemos que, para r = , temos um máximo local.

Como o ponto crítico é único em um domínio aberto, segue que,
para esse valor de r temos um máximo absoluto de V ( r ) . Substi-
APLICAÇÕES DA DERIVADA 271

S S
tuindo r = na expressão de h, obtemos h = 2 . Assim,
6π 6π
S S
para os valores r = e h=2 o volume do cilindro será
6π 6π
máximo.

EXEMPLO 2 O maior constituinte do corpo humano é a água,


que é muito eficiente na dissolução de sais minerais, devido ao fato
de suas moléculas combinarem com íons dando origem a íons hidra-
datos. A presença de íons de hidrogênio em soluções aquosas (H+ e
OH–) é tal que à uma temperatura constante de 25°C tem-se
[H+][OH–] = 10-14. Para que concentração de H+, a soma [H+]+[OH–]
é mínima?
Solução
Denotamos [H+] = x e [OH–] = y de modo que xy = 10–14. Conside-
ramos z = x + y. Nosso objetivo é encontrar o valor de x que faz com
que z = x + y seja mínimo, ou seja, para que valor de x, a função z
assume seu menor valor.

Escrevemos z como função só de x, utilizando para isso a relação


10 −14
y= , ou seja,
x
10 − 14 x 2 + 10 − 14
z= x+ = .
x x
Derivando z em relação a x e igualando a zero, obtemos os valores
críticos de z, onde ocorrerão o máximo e o mínimo da função.
dz 10−14 –7
A partir da equação = 1 − 2 = 0 obtemos x = ± 10 como va-
dx x
2 ⋅ 10 −14
lores críticos de z. Além disso, z '' ( x ) = , de modo que
x3
2 ⋅ 10 −14
( )
z '' 10 −7 =
10 −21
2
= −7 = 2 ⋅ 107 > 0
10
272  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

e, portanto, z tem um mínimo local quando x = 10–7. Como o domí-


nio de z é (0,+∞) – pois não existe concentração negativa – não
existe nenhum outro valor de z menor do que aquele em que
x = 10–7. Conseqüentemente, para uma concentração de H+ igual a
10–7, a soma [H+]+[OH–] é mínima.

EXEMPLO 3 Quando uma pessoa tosse, o raio da traquéia diminui,


afetando a velocidade do ar na traquéia. Se r0 é o raio normal da tra-
quéia, a relação entre a velocidade v do ar e o raio r da traquéia é dada
por uma função da forma v ( r ) = ar 2 ( r0 − r ) , onde a é uma constante
positiva. Determine o raio para o qual a velocidade do ar é máxima.
Solução
O raio r da traquéia contraída não pode ser negativo, nem maior que
o raio normal, r0. Assim, nosso objetivo é encontrar o máximo abso-
luto de v(r) no intervalo [0,r0]:
v ' ( r ) = 2 ar ( r0 − r ) + ar 2 ( − 1) = ar ( 2 r0 − 3r )
2
v ' ( r ) = 0 ⇔ r1 = 0 ou r2 =
r0
3
Como r1 = 0 é um extremo do domínio, usamos o teste da segunda
derivada apenas em r2:
⎛2 ⎞
v '' ( r ) = 2a ( r0 − 3r ) ⇒ v '' ⎜ r0 ⎟ = −2ar0 < 0
⎝3 ⎠
2
⇒ em r2 = r0 existe um máximo local.
3
Analisando o valor de v no máximo local e nos extremos do interva-
lo, temos:
⎛ 2 ⎞ 4a 3
v ( 0 ) = 0, v ⎜ r0 ⎟ = r0 e v ( r0 ) = 0
⎝ 3 ⎠ 27
2
Logo, o máximo global de v é atingido em r2 = r0 , o que significa
3
que a velocidade do ar é máxima quando o raio da traquéia contraída
2
é igual a do seu raio normal.
3
APLICAÇÕES DA DERIVADA 273

EXEMPLO 4 O modelo Count é uma fórmula empírica usada para


predizer a altura de uma criança em idade pré-escolar. Se h(x) denota a
1
altura (em centímetros) na idade x (em anos) para ≤ x ≤ 6 , então h(x)
4
pode ser aproximada por h ( x ) = 70, 228 + 5,104 x + 9, 222 ln x .
(a) Usando um software gráfico, construa o gráfico da função e da
sua derivada.
(b) Estime a altura e a taxa de crescimento quando uma criança a-
tinge a idade 2 anos.
(c) A partir do gráfico feito no item a), determine quando a taxa de
crescimento é máxima e mínima. Qual é o valor dessas taxas?
Solução
(a)

(b) h ( 2 ) = 86,83 , ou seja, quando uma criança atinge 2 anos, mede


aproximadamente 87 cm. A taxa de crescimento é dada pela de-
rivada de h, a qual é
9, 222
h ' ( x ) = 5,104 +
x
Assim, quando x = 2, temos h ' ( 2 ) = 9,715 , ou seja, aos dois
anos uma criança cresce cerca de 9 cm/ano.

(c) Pelo gráfico observamos que a taxa de crescimento é decres-


cente no intervalo considerado, o que pode ser confirmado pela
9, 222
derivada de h’(x), dada por h '' ( x ) = − < 0 para todo x.
x2
274  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Assim, a taxa de crescimento será máxima no menor valor de x,


ou seja, em x = 1/4 e será mínima, no maior valor de x, ou em
x = 6. O valor máximo da taxa de crescimento é, portanto,
h’(1/4) = 41,99 cm/ano e o valor mínimo, h’(6) = 6,64 cm/ano.

EXERCÍCIOS 3.4

1. O peso específico da água a uma temperatura de T °C é dado por


P (T ) = 1 + aT + bT 2 + cT 3 , 0 ≤ T ≤ 100 , sendo a = 5, 3 × 1 0 − 5 ,
b = − 6 , 5 3 × 1 0 − 6 e c = 1, 4 × 1 0 − 8 . Qual é a temperatura na
qual a água apresentará o maior peso específico?

2. Consideremos um gerador de força eletromotriz E e de resistên-


cia interna r, que fornece corrente a uma resistência exterior R
variável. Determine o valor de R para que a potência despendida
E
em R seja máxima. São dados: P = I 2 R e I = .
R+r
3. Em medicina, freqüentemente é aceito que a reação R a uma dose
x de uma droga é dada por uma equação da forma
R = Ax 2 ( B − x ) , onde A e B são certas constantes positivas.
A sensibilidade de alguém a uma dose x é definida pela derivada
dR
.
dx
a) Para que valor de x a reação é máxima?
b) Para que valor de x a sensibilidade à droga é máxima?

4. No estado vibracional fundamental de uma molécula diatômica


do tipo 1H35Cl, a ocupação fracional do estado rotacional com
número quântico J a temperatura T é dado pela função
− J ( J +1) Θr
(2J + 1) e T
y = h (J ) =
qr
APLICAÇÕES DA DERIVADA 275

h cBv T
onde Θr = , qr = e h ( J ) é aproximada por sua fun-
k Θr
ção envelope (a função contínua passando por todos os pontos da
forma ( J , h ( J ) ) . Mostre que o máximo de h ( J ) ocorre quando
2T
2J + 1 = . Dado que Θ r = 1 5 , 2 K , determine qual o va-
Θr
lor de J para o qual se tem a maior ocupação fracional a uma
temperatura de 298 K.

5. O orbital atômico para o átomo tipo hidrogênio tem a seguinte


forma
− Zr
⎡ ⎛ Z ⎞ ⎛ Z ⎞ 2 ⎤ 3a0
2
ψ = N ⎢ 27 − 18 ⎜ ⎟ r + 2 ⎜ ⎟ r ⎥ e
⎢⎣ ⎝ a0 ⎠ ⎝ a0 ⎠ ⎥⎦
Zr
onde N é uma constante. Fazendo σ = mostre que
a0
−σ
d dψ dσ NZ ⎛ 2 ⎞
ψ= ⋅ = ⎜ −27 + 10 σ − σ 2 ⎟ e 3
dr dσ dr a0 ⎝ 3 ⎠

Ainda, ache o valor máximo e mínimo de ψ para 0 ≤ r < ∞ e


esboce a forma de ψ como função de r, dado que ψ(r ) → 0
quando r → ∞.

Formas Indeterminadas e a Regra de L’Hôpital


Suponha que queremos estudar o comportamento da função
sen x
h( x ) =
x
próximo de x = 0, ou seja, gostaríamos de saber o valor do limite
sen x
lim
x →0 x

Observe que para o cálculo desse limite não podemos utilizar a


regra o limite de um quociente é o quociente dos limites, pois tanto o
276  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

0
numerador como o denominador tendem a zero, e é uma indeter-
0
minação. Nesse caso, vamos utilizar outra maneira para efetuar esse
cálculo.
Vamos supor que f(x) seja o numerador, de maneira que f (x) =
sen x e que g ( x ) seja o denominador, ou seja, g ( x ) = x. Então,
f ( 0 ) = 0, g ( 0 ) = 0 e g ' ( 0) ≠ 0. Estamos interessados no comporta-
mento da razão
f ( x)
g ( x)

para valores de x próximos de zero.


Observe que:

f ( x) − f (0) ⎫
f '(0) = lim ⎪ f ( x) − f (0)
x →0 x−0 lim
⎪ f '(0) x→0 x−0 f ( x)
⎬ ⇒ =
g ( x ) − g (0)
= lim
g '(0) lim x →0 g ( x )
g ( x) − g (0) ⎪
g '(0) = lim ⎪ x → 0 x − 0
x →0 x−0 ⎭

f ( x) f '(0)
de onde segue que, lim = .
x→0 g( x) g '(0)

sen x cos(0)
Portanto, lim = = 1.
x →0 x 1

Este raciocínio se estende para um ponto qualquer a, onde


f ( a ) = g ( a ) = 0 e g ' ( a ) ≠ 0 , ou seja, podemos utilizar o mesmo
método para investigar limites da forma
f ( x)
lim
x→ a g ( x)

utilizando o seguinte resultado:


APLICAÇÕES DA DERIVADA 277

Regra de L’Hôpital: Se f e g são funções diferenciáveis com


f ( x ) f '( a )
f ( a ) = g ( a ) = 0 e g ' ( a ) ≠ 0 , então, lim = .
x→a g ( x ) g '(a )

ln x
EXEMPLO 1 Calcule o valor do limite lim
x →1 x −1
Solução
Como f (1) = g(1) = 0 e g’(x) = 1 ≠ 0, podemos aplicar a Regra de
L’Hôpital:
1
ln x f '(1) 1
lim = = =1.
x →1 x − 1 g '(1) 1

Regra de L’Hôpital mais geral: Se f e g são funções diferenciá-


veis com
f ( x) f '( x )
f ( a ) = g ( a ) = 0, então lim = lim
x→ a g ( x ) x → a g '( x )

desde que o limite exista.

ex − x − 1
EXEMPLO 2 Calcule o valor do limite lim .
x →0 x2
Solução
Como f(0) = g(0) = 0, podemos aplicar a Regra de L’Hôpital

f ( x) ex − x −1 f '( x ) ex −1
lim = lim = lim = lim .
x →0 g ( x) x →0 x2 x →0 g ' ( x ) x →0 2 x

Como f ’(0) = g’(0) = 0, podemos aplicar novamente a Regra de


L’Hôpital

ex − x − 1 ex − 1 ex 1
lim = lim = lim = .
x →0 x2 x →0 2 x x →0 2 2
278  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

A Regra de L’Hôpital também pode ser utilizada com limites


envolvendo infinito.

Regra de L’Hôpital: Se f e g são funções diferenciáveis tal que


f ( x) 0 f ( x) ∞
lim = ou lim = , então
x →±∞ g ( x ) 0 x →±∞ g ( x) ∞

f ( x) f '( x )
lim = lim
x → ±∞ g ( x ) x → ±∞ g '( x )

desde que o limite do lado direito da equação exista.

ex
EXEMPLO 3 Calcule lim .
x→ ∞ x2
Solução
ex ∞
Como lim = podemos aplicar a Regra de L’Hôpital. Temos
x→ ∞ x 2

então que
ex ex ∞
lim 2
= lim = .
x→ ∞ x x → ∞ 2x ∞

Aplicando novamente a Regra de L’Hôpital, obtemos:


ex ex ex
lim = lim = lim =∞.
x→ ∞ x 2 x→ ∞ 2 x x→ ∞ 2

ln x
EXEMPLO 4 Calcule lim .
x →∞ x

Solução
ln x ∞
Como lim = podemos aplicar a Regra de L’Hôpital. Temos
x →∞ x ∞
então que
1
ln x 1
lim = lim x = lim = 0.
x →∞ x x →∞ 1 x →∞ x
APLICAÇÕES DA DERIVADA 279

OBS.: A Regra de L’Hôpital é válida também para limites


laterais; ou seja, x → a pode ser substituído por x → a + ou por
x → a–.

sen x
EXEMPLO 5 Calcule lim+ .
x →π 1 − cos x
Solução
Se tentarmos utilizar a Regra de L’Hôpital sem verificar se isso é
possível, obteremos

sen x cos x
lim+ = lim+ = +∞
x →π 1 − cos x x →π sen x

o que não está correto!

Antes de utilizar a Regra de L’Hôpital é necessário verificar se po-


demos aplicá-la. Neste exemplo, apesar do numerador tender a zero
quando x → π+, observe que o denominador não tende a zero e, por-
tanto, não poderíamos aplicar a Regra. Assim,

sen x senπ 0 0
lim+ = = = = 0.
x →π 1 − cos x 1 − cos π 1 − ( −1) 2

OBS.: O exemplo anterior mostra o que pode dar errado se


tentarmos aplicar a Regra de L’Hôpital impensadamente.
Assim, no cálculo de um limite qualquer, considere outros
métodos antes de tentar utilizar a Regra de L’Hôpital.

A Regra de L’Hôpital também pode ser utilizada para calcular


alguns limites da forma lim f ( x ) g ( x ) , desde que coloquemos o
x →∞
limite em uma forma adequada.
280  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 6 Calcule lim xe − x .


x →∞

Solução
x
Primeiramente, reescrevemos a função xe − x na forma xe − x = .
ex
x ∞
Como lim = , podemos aplicar a Regra de L’Hôpital. Assim,
x →∞ e x ∞
x 1
lim xe − x = lim x = lim x = 0
x →∞ x →∞ e x →∞ e

EXERCÍCIOS 3.5

1. Para o cálculo de cada um dos limites, use a Regra de L’Hôpital


quando for possível. Se existir um método mais simples, use-o.
x2 − 4 x7 − 1 ex − 1
a) lim b) lim c) lim
x → −2 x+2 x →1 x 3 − 1 x→0 sen x

3x − 5x ln x sen x
d) lim e) lim+ f) lim
x→0 x x →0 x x→0 e x

x
g) lim h) lim e − x ln x i) lim x 3e − x
2

x →∞ ln
( 3e x + 1) x →∞ x →∞

j) lim ⎛⎜
1 1 ⎞
4
− 2⎟
x →0⎝x x ⎠

2. Um modelo para a velocidade v, após t segundos, de um objeto


de massa m que é deixado cair a partir do repouso, levando-se em
conta a resistência do ar, é
ct
mg −
v= (1 − e m )
c
onde g é a aceleração da gravidade e c é uma constante positiva.
a) Calcule lim v ( t ) Explique qual é o significado desse limite.
t →∞
APLICAÇÕES DA DERIVADA 281

b) Para um valor fixo de t, use a Regra de L’Hôpital para calcular


lim v. O que você pode concluir sobre a velocidade de um
m →∞

objeto muito pesado caindo?


2 x3 + 5x2
3. Encontre a assíntota horizontal da função f ( x ) = .
3x3 − 1

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Seja P(t) a população de uma cultura de bactérias depois de t dias


e, suponhamos que P(t) tenha a reta y = 25.000.000 como uma
assíntota. O que esta assíntota representa em relação ao tamanho
da população?

2. É possível um ponto de um gráfico ser ao mesmo tempo:


a) ponto de mínimo local e intersecção com o eixo-x? Explique.
b) intersecção com o eixo-y e intersecção com o eixo-x? Explique.
c) ponto de máximo local e ponto de mínimo local? Explique.
d) ponto de inflexão e intersecção com o eixo-x? Explique.

3. Determine os pontos de inflexão (se existirem) de cada uma das


curvas dadas e analise a concavidade das mesmas.
a) y = x4 – 8x3 + 18x2 + 16x – 5 b) y = (x + 1)3

4. Determine (se existir) os pontos de inflexão das curvas dadas.


a) y = 5 + (x – 2)3 b) y = x3 – 3x2 – 9x + 9
9
c) y = K − x − m d) y = 2
x +3

4 x2
e) y = 3
x+3 f) y =
x2 − 4

5. Analise a concavidade das curvas dadas.


a) y = 3x5 – 5x4 b) y = (x – K)3 + 2b , K > 0
282  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

6. O que é ponto de inflexão? Se a derivada segunda de uma função


se anula em um ponto, esse ponto é de inflexão? Explique. Pode
existir um ponto de inflexão sem que a derivada segunda se anu-
le? Explique.

7. Para cada uma das condições dadas, esboce o gráfico de uma


função que as satisfaça.
a) f ( 2 ) = 1, f ' ( 2 ) = 0, concavidade para cima para todo x;
b) f ( −1) = 0, f ' ( x ) < 0 para x < −1, f ' ( −1) = 0, f ' ( x ) > 0 para x > −1;
c) (–2, –1) e (2,5) estão no gráfico, f ' ( −2 ) = 0, f ' ( 2 ) = 0, f '' ( x ) > 0
para x < 0, f '' ( 0 ) = 0, f '' ( x ) < 0 para x > 0.

8. Cada uma das funções dadas possui um máximo e um mínimo


local. Coloque estes pontos no gráfico e cheque a concavidade.
Utilizando somente estas informações, esboce os gráficos das
funções.
a) f(x) = x3 – 12x b) y = 2x3 – 15x2 + 36x – 24
1 3
c) y = x − x2
9

9. Esboce o gráfico das funções dadas.


a) y = x3 – 3x + 2 b) y = – x3 + 12x – 4
c) y = 11 + 9x – 3x2 – x3 d) f(x) = x4 – 6x2
e) y = 1 + 6x2 – 3x4 f) y = 4 – x – x3
9
g) y = + x + 1, x > 0 h) y = 6 x − x, x > 0
x
x 12
i) y = + − 1, x > 0
3 x

10. Seja f(x) = ax3 + bx2 + cx + d com a ≠ 0. É possível o gráfico de


f(x) ter mais de um ponto de inflexão? Explique.
APLICAÇÕES DA DERIVADA 283

11. A lei de Coulomb afirma que a força de atração F entre duas partí-
culas carregadas é diretamente proporcional ao produto das cargas
e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as par-
tículas. Suponha uma partícula com carga +1 colocada em uma re-
ta coordenada entre duas partículas de carga –1 (ver figura). Sa-
bendo que a força resultante que atua sobre a partícula de carga +1
é dada por F(x) onde k é uma constante positiva, faça k = 1 e es-
k k
boce o gráfico de F para F ( x) = − + , 0 < x < 2.
2
x ( x − 2)2

12. Os biomatemáticos têm


proposto várias funções pa-
ra descrever o efeito da luz
sobre a taxa a que se pro-
cessa a fotossíntese. Para
que a função seja a mais re-
alística possível, deve exi-
bir o efeito de fotoinibição,
isto é, a taxa de produção P
de fotossíntese deve decrescer para zero à medida que a inten-
sidade de luz I atinge altos níveis (ver figura). Qual das seguin-
tes fórmulas para P (onde a e b são constantes) deve ser usada?
Justifique sua resposta.
aI aI
a) P = b) P =
b+I b + I2

13. Cinqüenta animais ameaçados de extinção são colocados em


uma reserva. Decorridos t anos, a população x desses animais é
t 2 + 6t + 30
estimada por: x ( t ) = 50 . Em que instante essa popu-
t 2 + 30
lação animal atinge seu máximo? Quanto ele vale?
284  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

14. De acordo com a lei de Poiseuille, a velocidade do sangue a r cm


de distância do eixo central de uma artéria de raio R é dada por
( )
S ( r ) = c R 2 − r 2 , onde c é uma constante positiva. A que dis-
tância do eixo central da artéria a velocidade do sangue é máxima?

15. Um recipiente cilíndrico, aberto em cima, deve ter a capacidade


de 375π cm3. O custo do material usado para a base do recipien-
te é de R$ 0,15 por cm2 e o custo do material usado na lateral é
de R$ 0,05 por cm2. Se não há perda de material, determine as
dimensões que minimizam o custo do material para construí-lo.

16. Quando um resistor de R ohms é ligado aos terminais de uma


bateria com uma força eletromotriz de E volts e uma resistência
interna de r ohms, uma corrente de I amperes atravessa o circui-
to e dissipa uma potência de P watts, sendo
E
I= e P = I 2 R . Supondo que r seja constante, qual o va-
r+R
lor de R para o qual a potência dissipada é máxima?

17. A reação do organismo à administração de um medicamento é


freqüentemente representada por uma função da forma
⎛C D⎞
R ( D ) = D 2 ⎜ − ⎟ , onde D é a dose e C (uma constante) é a
⎝2 3⎠
dose máxima que pode ser administrada. A taxa de variação de
R em relação à D é chamada de sensibilidade. Determine o va-
lor de D para o qual a sensibilidade é máxima.
Capítulo 4

Integração
 

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Como trabalhar com diferenciais de uma função.
• Como determinar a primitiva (antiderivada) F de uma função.
• Como utilizar as regras de integração para calcular antiderivadas.
• Como calcular integrais definidas e como determinar a área limi-
tada por duas curvas.
• Como calcular integrais com limites de integração infinitos.
• Como calcular integrais com integrandos infinitos.
• Como utilizar integrais para resolver problemas de aplicações na
Física e na Química.
286  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Integração
Introdução
A integração pode ser vista sob dois aspectos distintos:
1o) PROCESSO ALGÉBRICO – Dada uma função y = f (x), quer-
se determinar uma função F(x) tal que F’(x) = f (x). Neste caso, F(x)
é denominada primitiva ou integral indefinida de f e se escreve

∫ f ( x )dx . O processo de derivação e integração são inversos um do


outro, e a relação entre eles é dada pelo Teorema Fundamental do
Cálculo. Em um contexto químico, dada a velocidade de desapare-
cimento de um reagente em uma reação química (a velocidade de
variação da concentração com o tempo), podemos determinar a fun-
ção que descreve a variação da concentração com o tempo.

2o) PROCESSO GEOMÉTRICO – Dada uma função contínua


y = f ( x ) ≥ 0 , a área entre a curva, o eixo das abscissas e as retas
x=a e x = b , é denominada de integral definida de f entre os
b
limites x = a e x = b ( a < b ) e se escreve ∫a
f ( x) dx .

O Cálculo Integral possibilita, pelo menos, três aplicações im-


portantes, descritas a seguir:
1a) Obter uma equação algébrica correspondente a um deter-
minado fenômeno.
INTEGRAÇÃO 287

2a) Obter o valor numérico de uma grandeza física ou de uma


função, quando esta varia entre determinados valores ex-
tremos da variável independente (sujeita a uma transforma-
ção de um estado inicial a um estado final de um sistema
qualquer).
3a) Definir grandezas físicas.

Aproximações Lineares e Diferenciais


Muitas áreas da Química, particularmente a Termodinâmica, es-
tão preocupadas com a inter-relação entre as mudanças nas proprie-
dades físicas, decorrentes das variações em um ou mais parâmetros
que definem o estado inicial de um sistema. Estas variações podem
ser grandes ou pequenas e, nesta seção, iremos focalizar nossa aten-
ção apenas nas pequenas. A explicação dos efeitos de grandes varia-
ções em um sistema químico requer o uso de métodos de integração
(que serão vistos posteriormente), em que a variação total é descrita
em termos da soma de pequenas variações. Veremos então, como
variações na variável independente x de uma função, y = f(x), podem
ser usadas para definir aproximações para a mudança na variável
dependente y.

Aproximação linear
Foi visto anteriormente que uma curva se aproxima de sua reta
tangente nas proximidades do ponto de tangência. Esse fato constitui
a base para o método de encontrar valores aproximados de funções.
Vejamos como utilizar a reta tangente em um ponto (a, f(a)) de uma
curva dada por y = f(x) como uma aproximação para essa curva,
quando x está próximo de a.
Considere uma função f que seja diferenciável em x = a. A
equação da reta tangente no ponto (a,f(a)) é dada por

y = f ( a ) + f ' ( a )( x − a )
288  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

e é denominada de aproximação linear de f em a ou aproximação


pela reta tangente de f em a.
Quando os valores de x estão suficientemente próximos de a, os
valores de y podem ser utilizados como aproximações dos valores da
função f.

EXEMPLO 1 Encontre a aproximação linear da função


f ( x) = x , no ponto (2, 2) .

Solução

A derivada de f é
1
f ´( x ) = .
2 x
A equação da reta tangente ao
gráfico de f no ponto (2, 2) é:

y − f (2) = f ´(2)( x − 2)
1
y− 2 = ( x − 2)
2 2
y = 0,3533x + 2,1213 (aproximação pela reta tangente).

A tabela abaixo descreve os valores de y dados pela aproxima-


ção linear com os valores de x próximos de x = 2.

x 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8

f ( x) = x 1,0954 1,1832 1,2649 1,3416 1,4142 1,4832 1,5492 1,6125 1,6733

y =0,3533x +
1,1317 1,2023 1,273 1,3436 1,4143 1,485 1,5556 1,6263 1,6969
0,7077
INTEGRAÇÃO 289

Observe que quanto mais próximo x estiver de 2, melhor é a


aproximação da curva pela reta tangente (você pode comprovar este
fato pelo gráfico descrito acima).

ALERTA!! Esteja certo de ter percebido que a aproximação line-


ar de uma função f depende do ponto de tangência. Ou seja, pon-
tos diferentes sobre o gráfico de f geram aproximações lineares
diferentes.

Diferenciais
A derivada f ' ( x ) de uma função y = f ( x ) pode ser denotada
dy
por = f '( x) , que enfatizamos anteriormente ser apenas uma fra-
dx
ção simbólica e não ter o significado do quociente entre duas dife-
renciais (a derivada é um operador matemático). Neste sentido,
f ' ( x ) ou y ' são símbolos melhores para representar a derivada. Em
dy
algumas circunstâncias, como por exemplo, na regra da cadeia,
dx
funciona como uma fração,

dy du dy
⋅ = .
du dx dx

Dessa forma, quando interpretada corretamente, a igualdade


dy = f ' ( x ) dx é a maneira usual de descrever mudanças. Primeira-
mente, vamos considerar o caso em que y = mx + b . Seja P(x,y) um
ponto qualquer dessa reta.
290  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Se dermos a x um acréscimo (incremento) Δx, obtemos o valor


x+Δx. O acréscimo (incremento) correspondente em y = f (x), é de-
notado por Δy e é igual a f (x + Δx) – f (x). O coeficiente angular da
Δy
reta dada é m = , o que implica em Δy = m Δx .
Δx

Quando trabalhamos com acréscimos ao longo de uma reta, de-


notamos esses acréscimos por dx = Δx e dy = Δy e os denominamos
de diferenciais da função y = f (x). Com esta notação, escrevemos

dy = m dx.

Consideremos agora a função y = f(x) = x2, tal que


dy
= f '( x) = 2 x . Seja Δy a variação em y decorrente de uma varia-
dx
ção Δx em x.
Δy = f(x+Δx) – f(x)
= (x+Δx)2 – x2
= 2x Δx +(Δx)2
dy
A derivada é obtida dividindo esta expressão por Δx e fa-
dx
zendo Δ x → 0 .
INTEGRAÇÃO 291

Outra maneira de olhar para o limite é considerar Δx como uma


variação (acréscimo) “muito pequena”. Se Δx é tomado pequeno o
bastante, então o termo (Δx)2 torna-se muito menor. Assim, pode-
mos escrever
Δy ≈ 2 x ⋅ Δ x = f ' ( x ) ⋅ Δ x

de maneira que, se a variação Δx é suficientemente pequena, então a


correspondente mudança (acréscimo) em y, dy = f ' ( x ) dx , é deno-
minada a diferencial de y.
Finalmente, como um caso mais geral, consideremos a função
y = f ( x ) , derivável em qualquer x, e P(a, b) um ponto dessa curva.

Quando a reta tangente


ao gráfico de f no ponto
(a,f(a))
y = f ( a ) + f ' ( a )( x − a )

é utilizada como uma apro-


ximação do gráfico de f, a
quantidade x–a é denomina-
da de variação de x, e deno-
tada por Δx.
Quando Δx é pequena, a variação em y (Δy) pode ser aproxima-
da por
Δy = f ( a + Δx ) − f ( a ) ≈ f ' ( a ) Δx

Neste caso, a quantidade Δx é denotada por dx, e é denominada


de diferencial de x. A expressão f ' ( x ) dx é denotada por dy, e é de-
nominada de diferencial de y.
Observe que dx e dy são os acréscimos nas variáveis x e y, em
relação à reta tangente a curva no ponto P.

OBS.: Algumas observações devem ser feitas a respeito da dife-


rencial de uma função y = f (x).
292  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

dy
1. Se dx ≠ 0, então dy = f '( x ) dx , o que implica em = f '( x)
dx
que está relacionado com a notação de derivada vista ante-
dy
riormente; ou seja, podemos ver a fração simbólica co-
dx
mo uma verdadeira fração (razão entre diferenciais).

2. Muitas vezes é conveniente escrever d ( f ( x ) ) ao invés de


dy . Por exemplo,

d (x2) = 2x dx d (5x4) = 20x3 dx


3. Δ y = f ( a + Δ x ) − f ( a ) é o acréscimo que a função sofre
quando x varia de a para a + Δx. Fazendo dx = Δx aproxi-
mar-se de zero, o acréscimo dy pode ser visto como um va-
lor aproximado para Δy.

O conceito de diferencial é importante nas ciências físicas por-


que os seus teoremas fundamentais são algumas vezes descritos na
forma diferencial; em particular, as leis da Termodinâmica são quase
sempre expressas em termos de diferenciais.

EXEMPLO 1 Seja y = x2 – 1 e Δx um incremento de x.


(a) Encontre fórmulas para Δy e dy.
(b) Se x varia de 2 para 2,01 determine os valores de Δy e dy.
Solução
(a) Se y = x2 – 1, então:
Δy = f (x + Δx) – f (x) = [(x + Δx)2 – 1] – (x2 – 1) =
= x2 + 2xΔx + (Δx)2 – 1 – x2 + 1 = 2xΔx + (Δx)2.
Para determinar dy utilizamos:
dy = f ’(x) dx = 2x dx. 
INTEGRAÇÃO 293

(b) Queremos determinar Δy e dy


se x = 2 e Δx = 0,01.
Substituindo esses valores na
fórmula de Δy em a), obtemos
Δy = 2 (2)(0,01) + (0,01)2 =
0,0401.
Assim, y sofre um acréscimo
de 0,0401 quando x varia de 2
para 2,01.
Usando a fórmula dy = 2x dx com x = 2 e dx = 0,01, obtemos
dy = 2 (2)(0,01) = 0,04.
Observe que os valores de dy e Δy estão bastante próximos en-
tre si, pois o valor de dx (ou Δx) é pequeno.

OBS.: No exemplo anterior, a equação da reta tangente ao grá-


fico de f(x) = x2–1 em x = 2 é g(x) = 4x – 5. Observe que, para
valores de x próximos de 2, a reta está próxima do gráfico de f
(como mostra a figura).

Cientistas utilizam-se das diferenciais na estimativa de erros


que acontecem como conseqüência de medidas aproximadas.

EXEMPLO 2 A área de um círculo de raio r é dada por A(r) = π


r2. Se a medida do raio do círculo é de r = 5 cm com um erro possí-
vel de no máximo 0,01 cm, use diferenciais para estimar o erro re-
sultante no cálculo da área do círculo.
Solução
r=5 raio medido
Se o erro na medida do valor de r for denotado por dr = Δr, então:
–0,01 ≤ dr = Δr ≤ 0,01 erro possível
294  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

0 ≤ Δr ≤ 0,01, pois Δr é sempre positivo (mede o tamanho de uma


variação).
Fazemos r + Δr ou r – Δr, pois se considerarmos Δr < 0 dá uma con-
fusão infernal.
O erro correspondente no cálculo do valor de A é ΔA, que pode ser
aproximado pela diferencial:
ΔA ≅ dA = A’(r) dr = 2πr dr
Para r = 5 e A’(r) = 2πr temos que A’(5) = 2.π.5 = 31,4.
Portanto, o erro no cálculo da área é:
dA = 31,4 dr = 31,4 × (±0,01) ≈ ±0,31 cm2
Assim, o erro máximo resultante no cálculo da área do círculo, devi-
do ao erro na medida do raio é aproximadamente 0,31 cm2.

OBS.: O erro relativo nos dá uma idéia melhor acerca do erro


cometido no exemplo 2. O erro relativo é calculado dividindo-
se o erro pela área total
ΔA dA 2 πrdr dr
≈ = 2
=2
A A πr r

Dessa forma, o erro relativo na área é cerca de 2 vezes o erro re-


lativo no raio.
No exemplo 2 o erro relativo no raio é de aproximadamente
dr ( ±0,01)
= ≈ ±0,0020 e produz um erro de cerca de ±0,0040
r 5
na área. Os erros também podem ser dados como erros percen-
tuais de 0,2% no raio e 0,4% na área.

Cálculo de diferenciais
Todas as regras de derivação estudadas anteriormente podem
ser escritas na forma diferencial. Considere u e v funções diferen-
ciáveis de x tais que:
INTEGRAÇÃO 295

du = u’(x) dx e dv = v’(x) dx.


Escrevemos a fórmula diferencial da regra do produto do se-
guinte modo:
d [uv ]
d [uv ] = dx Definição de diferencial de uv
dx
= [uv’ + vu’] dx Regra do produto
= u v’dx + v u’dx
= u dv + v du
De maneira análoga, obtemos as demais fórmulas diferenciais:
d[cu] = c du Multiplicação por escalar (constante)
d[u ± v] = du ± dv Soma/Subtração
d[uv] = u dv + v du Produto

⎡ u ⎤ v du − udv Quociente
d⎢ ⎥=
⎣v⎦ v2

EXEMPLO 3 Calcule a diferencial das funções dadas.

(a) f (x) = 6x3 – 4x2 – 2 (b) f ( x ) = 2 − x 2

Solução
(a) df = f ’(x) dx = (18x2 – 8x) dx
−x
(b) df = f ' ( x ) dx = dx .
2 − x2

EXEMPLO 4 Dada a função y = x3, compare os valores de dy e


Δy.
(a) para x = 4 e dx = 0,1.
(b) para x = 4 e dx = 0,01.
296  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
(a) Temos que:
f ’(x) = 3x2 ⇒ f ’(4) = 48
dy = f ’(4) dx = 48 × 0,1 = 4,8
Δy = f (4 + dx) – f (4) = f (4,1) – f (4) = 4,921
Δy – dy = 4,921 – 4,8 = 0,121
(b) dy = f ’(4) dx = 48 × 0,01 = 0,48
Δy = f (4 + dx) – f (4) = f (4,01) – f (4) = 0,4812
Δy – dy = 0,4812 – 0,48 = 0,0012.

OBS.: Observe que no exemplo 4 a aproximação Δ y ≈ dy é


tanto melhor quanto menor for o valor de Δx. Observe também
que para funções muito complexas pode ser muito difícil calcu-
lar Δy. Nesses casos a aproximação por diferenciais torna-se
muito vantajosa, uma vez que, geralmente, é bem mais fácil cal-
cular dy do que Δy.

EXERCÍCIOS 4.1

1. Para cada função dada abaixo, determine uma aproximação linear


para f (x), em uma vizinhança de x = a. Depois avalie f e sua
aproximação linear (y), em x = b. Compare os resultados através
do módulo da diferença entre os valores obtidos. Faça um gráfico
de f(x) e de y(x), em um mesmo sistema de eixos, usando um
software gráfico, a fim de visualizar seus cálculos.
a) f(x) = 4x5 – 6x4 + 3x2 – 2; a = 1 e b = 1,02
b) f (x) = 2x4 ; a = 4 e b = 3,96
c) f (θ) = 2sen θ + cos θ ; a = 30° e b = 27°
d) f (ϕ) = sec ϕ ; a = 60° e b = 62°
INTEGRAÇÃO 297

2. A variação da capacidade de calor molar à pressão constante é


dada por Cp = a + bT + cT 2 .
a) Ache a derivada de Cp em relação a T, e escreva as expressões
para dCp e ΔCp.
b) Para o H Cl , onde valores aproximados de b e c são dados por
1,809 × 10–3, e 15,465 × 10–73, respectivamente, calcule os valo-
res de dCp e ΔCp quando T varia de 400 K a 410 K.

3. O comprimento de onda de Broglie associado com um raio de luz


de neutrons térmicos a uma temperatura T pode ser escrito como
h h
λ= = onde h = 6,626 × 10–34 J é a constante de Planck,
p mkT
m = 1,675 × 10–27 kg é a massa do neutron e k = 1,381 × 10–23 J
K–1 é a constante de Boltzman.
a) Calcule λ para T = 298 K e para T = 288 K.
b) Dê a expressão para dλ como uma função de T.
c) Use a expressão de dλ para estimar a mudança no comprimento
de onda quando T varia de 298 K para 288 K, e compare com o
valor real Δλ .

4. Encontre a diferencial das funções abaixo, nos pontos dados.


Compare o resultado encontrado com Δf, para os valores especi-
ficados na variação de x:

a) f ( x ) = x 3 , x0 = 1; x1 = 1, 01

b) f ( x ) = ln x, x0 = 1; x1 = 1, 02

c) f ( x) = e −2 x , x0 = 0; x1 = 0,98

d) f ( x ) = 3 x , x0 = −8; x1 = −8, 01

1
e) f ( x) = , x0 = −2; x1 = −2,05
x

f) f ( x ) = x 2 − 3 x, x0 = 2; x1 = 1,07
298  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

5. A aresta de um cubo tem 30 cm, com um possível erro de medi-


da de 0,1 cm. Use diferenciais para estimar o erro máximo pos-
sível em calcular o volume do cubo e a área de sua superfície.
6. O raio de um disco circular é 24 cm, com um possível erro de
0,2 cm. Use diferenciais para estimar o erro máximo na área do
disco. Qual o erro relativo?
7. Quando o sangue flui ao longo de um vaso sanguíneo, o fluxo F
(volume de sangue passando, por unidade de tempo, por um
ponto dado) é proporcional à quarta potência do raio R do vaso,
ou seja, F = kR4 (isso é conhecido como a Lei de Poiseuille).
Uma artéria parcialmente obstruída pode ser alargada por uma
operação chamada angioplastia, na qual um cateter do tipo ba-
lão é inflado dentro da artéria a fim de aumentá-la e restaurar o
fluxo normal do sangue. Mostre que a variação relativa em F é
cerca de quatro vezes a variação relativa em R. Como um au-
mento de 5% no raio afeta o fluxo de sangue?
8. A lei de atração gravitacional de Newton afirma que a força F
de atração de duas partículas de massas m1 e m2 é dada por
F = G m1 m2 / s2, onde G é uma constante e s é a distância entre
as partículas. Se s = 20 cm, use diferenciais para aproximar a
variação de s que aumente F em 10%.
9. Uma bactéria unicelular tem a forma de uma esfera de tal forma
que, se r micrômetros (μm) for seu raio e V μm3 for seu volume,
4
então V = π r 3 . Use diferencial para encontrar o aumento
3
aproximado no volume da célula quando o raio passa de 2,2
para 2,3 μm.
10. O talo de um determinado cogumelo tem a forma cilíndrica. Se
um talo está com 2 cm de altura e raio r, determine o aumento
aproximado no volume do talo, quando o raio passa de 0,4 para
0,5 cm.
INTEGRAÇÃO 299

A Integral Indefinida
O estudo das derivadas consistiu em medir o acréscimo (incre-
mento) unitário de uma grandeza. Por exemplo, para a grandeza
y = x2, o seu incremento unitário (derivada de x2) era medido por 2x.
Como um processo inverso, o cálculo integral consiste em, co-
nhecendo-se a derivada de uma função f(x), encontrar a função pri-
mitiva (ou antiderivada) da qual ela provém; ou seja, significa en-
contrar uma função F(x), tal que sua derivada F´(x)= f(x) para
qualquer x no domínio de f.
Suponha que se queira saber qual a função primitiva y = F(x)
que tem por derivada 2x. Sem muito esforço, podemos encontrar
uma função com esta propriedade, ou seja, F (x) = x2. Além dessa,
outras funções possuem esta mesma propriedade, como por exem-
plo: x2 + 1, x2 – 2 , x2 + π e, de uma maneira mais geral, x2 + C
onde C é uma constante qualquer.
A função y = x2 + C é denominada uma primitiva de f (x) = 2x .

F ( x ) = x2 + C , onde C é uma
constante arbitrária, é uma família
de primitivas (ou antiderivadas)
para f ( x ) = 2 x. .

Uma primitiva (ou antiderivada) de uma função y = f (x) será


denominada também de integral indefinida de f e representada por

∫ f ( x ) dx = F ( x ) + C.
de modo que F’(x) = f(x). A função f(x) a ser integrada é denomina-
da de integrando, x é a variável de integração e C é a constante de
integração.
300  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Integrais imediatas

∫ dx = ∫ 1dx = x + C
x n +1 1
∫ x n dx =
n +1
+ C ( n ≠ −1) ∫ x dx = ln x + C
∫ sen x dx = − cos x + C ∫ cos x dx = sen x + C
∫ sec x dx = tg x + C ∫ cossec x dx = −cotg x + C
2 2

∫ sec x ⋅ tg x dx = sec x + C ∫ cossec x ⋅ cotg x dx = −cossec x + C


1
∫ a dx = ln a a + C ( a > 0 e a ≠ 1) ∫ e dx = e
x x
x x
+C

1 1 x 1
∫a+x 2
dx =
a
arctg + C
a ∫ 1+ x 2
dx = arctg x + C

1 x 1
∫ a−x 2
dx = arcsen
a
+C ∫ 1 − x2
dx = arcsen x + C

1 1 ⎛ x⎞ 1
∫x dx = arcsec ⎜ ⎟ + C
2 a ⎝a⎠
2 ∫x x2 − 1
dx = arcsec x + C
x −a

Propriedades

1. ∫ a ⋅ f ( x ) dx = a ∫ f ( x ) dx onde a é uma constante.

2. ∫ ⎡⎣ f ( x ) ± g ( x )⎤⎦ dx = ∫ f ( x ) dx ± ∫ g ( x ) dx
CUIDADO: A integral do produto não é o produto das integrais,
assim como a integral do quociente também não é o quociente das
integrais, ou seja, em geral temos
INTEGRAÇÃO 301

∫ f (x) dx .
∫ f ( x) g (x) dx ≠ ∫ f ( x) dx × ∫ g ( x) dx ∫
f ( x)
e dx ≠

∫ g ( x) dx
g ( x)

EXEMPLO 1
x4
A primitiva de f (x) = x3 é a função F ( x ) = + C pois
4
F’(x) = f (x) = x3
A primitiva de f(x) = 3 é a função F(x) = 3x + C pois
F’(x) = f(x) = 2.

∫ (4x )
2
EXEMPLO 2 Calcule a integral indefinida + 3sen x dx .
Solução
Usando as propriedades e a tabela anterior, temos que

∫ (4x ) ∫ ∫ ∫ ∫
2
+ 3sen x dx = 4 x 2dx + 3sen xdx = 4 x 2 dx + 3 sen xdx

⎛ x3 ⎞
= 4 ⎜ + C1 ⎟ + 3 ( − cos x + C2 )
⎝ 3 ⎠
4 3
= x + 4C1 − 3cos x + 3C2
3
4
= x 3 − 3cos x + C
3
onde C = 4C1 + 3C2.

OBS.: No exemplo 2 somamos as constantes 4C1 e 3C2, para


obter uma constante arbitrária C. É desnecessário introduzir
uma constante para cada integração indefinida, uma vez que
sempre podemos manipular constantes arbitrárias, como no exem-
plo 1. Assim, se estamos integrando uma soma, integramos cada
termo da soma sem introduzir qualquer constante e, no final,
acrescentamos uma constante arbitrária.
302  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Calcule a integral indefinida ⎛⎜ 5t 4 − 2 t + 2 ⎞⎟ dt .


1
EXEMPLO 3 ∫⎝ t ⎠
Solução
Temos que:

⎛ 4 1⎞ 5t 5 2t 3/2 t −1 4 3 1
∫ ⎜ 5t − 2 t + 2 ⎟ dt =
⎝ t ⎠ 5

3
+
−1
+ C = t5 −
3
t − +C.
t
2
Observe que no exemplo 3, omitimos o passo

∫ a ⋅ f ( x ) dx = a ∫ f ( x ) dx , o que freqüentemente é feito no cálculo


de integrais.

1
EXEMPLO 4 Calcule ∫ cos u ⋅ cotg u du .
Solução
A integral não é nenhuma daquelas apresentadas na tabela de inte-
grais. Assim, primeiramente, utilizamos identidades trigonométricas
para modificar a forma do integrando, para depois calcularmos a
integral utilizando a tabela, ou seja,

1 1 1
∫ cos u ⋅ cot g u du = ∫ cos u ⋅ cos u du = ∫ sec u ⋅ tg u du = sec u + C.
senu

Os problemas aplicados geralmente contêm uma equação que envol-


ve derivadas de uma função desconhecida denominada de equação
diferencial. As integrais indefinidas são úteis para a resolução des-
ses problemas, como mostram os exemplos a seguir.

EXEMPLO 5 Sabendo-se que o coeficiente angular da reta tan-


gente à curva y = f (x) para cada valor de x é 1 – 2x3 e que o gráfico
da função passa pelo ponto (1,4), determine a expressão da função
y = f (x).
INTEGRAÇÃO 303

Solução
Temos que m = 1 – 2x3 é o coeficiente angular da reta tangente à
curva y = f (x) no ponto (x, f (x)). Procedemos então, do seguinte
modo: integrando f ’(x) = 1 – 2x3, obtemos:

x4
∫ f ' ( x ) dx = ∫ (1 − 2 x ) dx ⇒ f ( x) = x −
3
+C
2
para alguma constante C
1
Como f (1) = 4, segue que 4 = f (1) = 1 − + C ou C = 7/2 . Logo, a
2
solução da equação diferencial f ' ( x ) = 1 − 2 x3 , com a condição ini-
x4 7
cial f (1) = 4 , é f ( x ) = x − + .
2 2
A equação dada poderia ser escrita em termos das diferenciais de
y = f ( x ) , como segue:

dy
dx
(
= 1 − 2 x 3 ou dy = 1 − 2 x 3 dx . )
∫ ∫ (1 − 2 x ) dx e, portanto,
3
Integrando ambos os lados, obtemos dy =

x4
y= x− +C.
2
Obtemos a constante C = 7/2, fazendo x = 1 e y = 4 na expressão
acima.

EXEMPLO 6 Resolva a equação diferencial f '' ( x ) = x 2 + 3x + 1 ,


com as condições iniciais f ( 0 ) = 1 e f ' ( 0 ) = 2.
Solução
Devemos fazer duas integrações indefinidas sucessivas para achar
f(x). Procedemos então do seguinte modo:

x3 3 x 2
∫ f '' ( x )dx = ∫( )
x 2 + 3 x + 1 dx ⇒ f ' ( x ) =
3
+
2
+ x+C
304  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Fazemos x = 0 e f ’(0) = 2, obtendo assim C = 2. Assim,

x3 3 x 2
f '( x ) = + +x+2
3 2
Integrando novamente, obtemos

⎛ x3 3x 2 ⎞ x 4 x3 x 2
f ( x) = ∫ ∫
f ' ( x ) dx = ⎜⎜
⎝ 3
+
2
+ x + 2 ⎟⎟ dx =

+
12 2
+
2
+ 2x + D

Fazendo x = 0 e f (0) = 1, obtemos D = 1. Assim, a solução da equa-


ção diferencial dada, com as condições iniciais é

x 4 x3 x 2
f ( x) = + + + 2x + 1 .
12 2 2

EXEMPLO 7 Sabe-se da Física, que sobre um objeto na superfí-


cie da Terra ou próximo dela, atua uma força – a gravidade – que
produz uma aceleração constante, denotada por g, cujo valor apro-
ximado é de 9,8 m/s2. Uma pedra é jogada verticalmente para cima,
de um ponto situado a 45 m acima do solo e com velocidade inicial
de 30 m/s. Desprezando a resistência do ar, determine:
(a) a distância da pedra ao solo após t segundos.
(b) o intervalo de tempo durante o qual a pedra sobe.
(c) o instante em que a pedra atinge o solo, e a velocidade nesse
instante.
Solução
O movimento da pedra é representado por um ponto num eixo verti-
cal, com origem no solo e direção positiva para cima.
INTEGRAÇÃO 305

(a) A distância da pedra ao solo no


instante t é s(t) tal que s ( 0 ) = 45 m e
v ( 0 ) = 30 m/s . Como a velocidade é
decrescente, v ' ( t ) < 0 , segue que a
aceleração é negativa e, portanto,
a(t) = v’(t) = – 9,8 m/s2 .

∫ v ' ( t ) dt = ∫ −9,8 dt ⇒ v ( t ) = −9,8t + C

Substituindo t = 0 e usando o fato de v ( 0 ) = 30 , obtemos C = 30 e,


assim, v ( t ) = −9,8 t + 30

Como s’(t) = v(t) segue que

∫ s ' ( t ) dt = ∫ v ( t ) dt = ∫ ( −9,8t + 30 ) dt ⇒ s ( t ) = −4,9t 2 + 30t + D

Substituindo t = 0 e usando o fato de s(0) = 45, temos D = 45 e, as-


sim, a distância do solo à pedra no instante t é dada por

s ( t ) = −4,9t 2 + 30t + 45

(b) A pedra irá subir até v(t) = 0, ou seja, – 9,8t + 30 = 0 ou t ≅ 3 s.


(c) A pedra irá atingir o solo quando s(t) = 0, ou seja, quando

− 4, 9 t 2 + 30 t + 45 = 0

Resolvendo essa equação, obtemos t = –1,24 e t = 7,36, das quais


t = −1, 24 não é considerado pois é negativo. Assim, para t = 7,36s a
pedra atinge o solo e a velocidade neste instante é
v(7,36) = –9,8 (7,36) + 30 ≅ – 42,13 m/s.

EXERCÍCIOS 4.2

1. Calcule as integrais indefinidas.


a)
∫ (5 x + 2) dx ∫ (3x ∫ (3t
2 3
b) − 7 x + 2)dx c) − t 2 + 5t − 7) dt
306  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

1 3 2 4 u 3 − 5 + 3) du
d) ∫(x 3

x5
)dx e) ∫ (5 u−
u
) du f) ∫ (3 u2
2

g) (2 x − 3)2 dx ∫
h) ( − 3x)dx
x ∫
i) 3 x (5 x + 2) dx

3x 2 − x + 2 7x − 3 x 3 −8
j)
∫ x
dx k) ∫5x
dx l) ∫
x−2
dx , x ≠ 2

( x − 1) 2 1
m) ∫ y( y + 1)2 dy n)
∫ x
dx o) ( ∫ x
− 9 x 2 ) dx

2 x 4 1
p)
∫ (3 x

5
) dx q) ∫ 3 cos u du r) ∫ 5 (sen u − u )du

8 1
s) ∫ cossec x dx t) ∫ 5sec x dx u)
∫ sec u ⋅ cos u du
2. Encontre todas as funções com a propriedade:
a) f ’(t) = 0 b) f ’(x) = x e f(0) = –2
c) f ’(x) = x2 – x e f(4) = –1 d) f ’(x) = 4 e f(1) = 5

e) f ’(x) = sen x e f(0) = 1 f) f ’(x) = sec2 x e f(π) = –1

3. Sabendo que uma função f ( x ) satisfaz a igualdade


1
∫ f ( x)dx = cos x − x sen x − 3x
3
+C ,

determine f (π/2).

4. Um país tem 100 bilhões de metros cúbicos de reserva de gás


natural. Se A(t) denota o total de gás consumido após t anos, en-
tão dA/dt é a taxa de consumo. Se a taxa de consumo é prevista
em 5 + 0,01t bilhões de metros cúbicos por ano, qual o tempo
aproximado (em anos) em que as reservas estarão esgotadas?

5. Um objeto é lançado para cima com uma velocidade de 500m/s.


Desprezando a resistência do ar, determine:
a) sua distância no instante t.
b) a altura máxima atingida.
INTEGRAÇÃO 307

O método da substituição ou mudança de variáveis


Para a maioria das funções com as quais trabalharemos, não se-
rá possível calcular integrais indefinidas aplicando uma das fórmu-
las básicas de integração. Veremos a seguir um método que nos au-
xiliará no cálculo de tais integrais.

Suponha que precisamos calcular a integral ∫ (2 x + 1) dx .


100

100
Nosso primeiro impulso seria tentar desenvolver (2x+1) para de-
pois integrarmos como soma, o que no mínimo seria um trabalho
bastante tedioso, além do tempo que perderíamos neste processo.
Para resolver problemas desse tipo, existe um método cha-
mado integração por substituição, que simplifica em muito o
cálculo de integrais. O método consiste em mudar a variável de
integração de modo que a integral possa ser calculada por meio
das fórmulas básicas para integrais indefinidas.

No caso do cálculo da integral ∫ (2 x + 1) dx , os passos a se-


100

rem seguidos são os seguintes:

PASSO 1: Introduzimos uma outra letra, por exemplo a letra u, para


representar alguma expressão escolhida com o objetivo de simplificar
o integrando. Esta expressão geralmente é uma parte do integrando
cuja derivada, ou o produto dela por uma constante, também aparece
no integrando, multiplicando dx. No nosso caso, fazemos
u = 2x + 1,
uma vez que du = 2 dx, ou seja, uma constante multiplicando dx.

PASSO 2: Calculamos a diferencial de u em relação a x, e escreve-


mos dx como função de du. Neste caso,
du
du = 2dx ⇒ dx = .
2

PASSO 3: Reescrevemos a integral em termos de u e calculamos a


integral resultante, utilizando as fórmulas básicas de integração.
308  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

du 1 100 u 101 u 101


∫ (2 x + 1) ∫ ∫ +C.
100
dx = u 100 = u du = +C =
2 2 2 ⋅ 101 202

PASSO 4: Voltamos à variável x, ou seja, trocamos u por x na res-


posta obtida.
u101 ( 2 x + 1) 101

∫ ( 2 x + 1)
100
dx = +C = +C .
202 202

Nem sempre é fácil decidir qual a melhor substituição necessá-


ria para transformar uma integral indefinida em uma forma que pos-
sa ser facilmente integrável. Às vezes é preciso tentar várias possibi-
lidades diferentes, para encontrar uma substituição adequada.

∫ ( 3x )
2 3
EXEMPLO 1 Calcule a integral − 1 x dx .
Solução
Fazemos u = 3x2 – 1 porque parte de sua diferencial du = 6x dx apare-
ce no integrando. Observando o integrando, notamos a presença do
termo (x dx) e, assim, escrevemos (x dx) como função de du, ou seja,
du
xdx =
6
Reescrevemos a integral dada em termos de u, e calculamos a inte-
gral resultante.
du 1 u4
∫ ∫
(3 x 2 − 1) 3 x dx = u 3
6
=
6 ∫
u 3 du =
24
+C .

Voltando à variável x, obtemos


(3 x 2 − 1) 4
∫ (3 x 2 − 1) 3 x dx =
24
+C .

OBS.:
1. É necessário observar que o método da substituição de va-
riáveis não funciona para todo tipo de função, ou seja, exis-
tem integrais para as quais este método não resolve, como
por exemplo, a integral
INTEGRAÇÃO 309

∫ (x
2
− 1)3 dx

que parece ser mais simples que a do exemplo 1, mas é mui-


to mais complicada. Fazendo u = x2 – 1 e du = 2xdx rees-
creveríamos a integral como
du
∫ (x ∫
2
− 1) 3 dx = u 3
2x
e, neste caso, não existe nenhum método prático de se livrar
do x no denominador. Posteriormente, veremos como calcu-
lar uma integral desse tipo.

∫ (x
2
2. Às vezes somos tentados a calcular a integral − 1)3 dx
escrevendo
( x 2 − 1) 4
∫ (x
2
− 1) 3 dx = +C
4
o que está totalmente incorreto. Basta observar que a deriva-
da da função obtida não é igual ao integrando.

x dx .
EXEMPLO 2 Calcule a integral
∫x 2
−1
Solução
du
Fazemos u = x 2 − 1 e d u = 2 x d x . Escrevemos xdx = , rees-
2
crevemos a integral dada em termos de u, e calculamos a integral
resultante.
x dx du 1 du 1
∫x 2
−1
= ∫ 2u = 2 ∫ u
= ln u + C
2

x dx 1
Voltando à variável x, obtemos
∫x 2
= ln x 2 − 1 + C .
−1 2

(4 x + 8) dx
EXEMPLO 3 Calcule a integral
∫ x2 + 4x + 3
.
310  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
Fazemos u = x2 + 4x + 3 e du = 2(x + 2)dx. Escrevemos
du
( x + 2 ) dx = , reescrevemos a integral dada em termos de u e cal-
2
culamos a integral resultante.

( 4 x + 8 ) dx 4 ( x + 2 ) dx du −
1

∫ x2 + 4x + 3
=
∫ u
=4
∫ 2 u ∫
= 2 u 2 du = 4 u + C.

(4 x + 8) dx
Voltando à variável x, obtemos
∫ 2
x + 4x + 3
= 4 x2 + 4x + 3 + C .

Observe que se tivéssemos substituído u = x 2 + 4 x + 3 , nossa in-


tegral ficaria muito mais complicada.

x dx
EXEMPLO 4 Calcule a integral
∫ x +1 .
Solução
Neste caso, o problema é que o denominador é uma soma e, assim,
não podemos desmembrar o integrando em uma soma de funções
integráveis. Desta forma, fazemos uma substituição para que a soma
fique no numerador.
Fazemos então u = x + 1, du = dx e x = u – 1. Escrevemos a integral
dada em termos de u e calculamos a integral resultante.
xdx u −1 1
∫ x +1 = ∫ u
du = 1du −
∫u ∫
du = u − ln u + C.

x dx
Voltando à variável x, obtemos
∫ x + 1 = ( x + 1) − ln x + 1 + C .

∫ xe
x2
EXEMPLO 5 Calcule a integral dx.
Solução
Fazemos u = x2 e du = 2xdx. Escrevemos a integral dada em termos
de u e calculamos a integral resultante.
INTEGRAÇÃO 311

2 du 1 u eu
∫ xe dx = ∫ e = ∫ e du =
x u
+ C.
2 2 2
Voltando à variável x, obtemos:
2
x2 ex
∫ xe dx =
2
+ C.

EXEMPLO 6 Calcule a integral ∫ tg x dx .


Solução
Inicialmente escrevemos a função tangente em termos de seno e
coseno, o que nos permite visualizar que uma mudança de variável
facilita seu cálculo. Assim, a integral torna-se:
sen x
∫ tg x dx = ∫ cos x dx .
Fazendo u = cos x, obtemos du = – sen x dx e, portanto, sen x dx =
– du. Substituindo na integral, obtemos:
sen x 1
∫ tg x dx = ∫ cos x dx = ∫ − u du = − ln u + C = − ln cos x + C = ln sec x + C.
ln x
EXEMPLO 7 Calcule a integral ∫ x
dx .

Solução
1
Fazendo u = ln x, obtemos du = dx . Substituindo na integral, ob-
x
temos:
ln x u2 (ln x ) 2
∫ x dx = ∫ u du =
2
+ C =
2
+C.

EXERCÍCIOS 4.3

Calcule as integrais dadas.


dx
1) ∫ 3 x 2 + 1 xdx 2) ∫ (2x − 3) 2
3) ∫x
2
(1 − 4 x 3 )1/ 4 dx

xdx (1 + x )1/ 4 dx
4) ∫x
2/3
(2 − x 5/3 ) −5 dx 5) ∫ (5 − 4 x 2 1/ 2
)
6)
∫ x
312  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

dx
∫ 3x + 5 ∫e ∫ 3 xe
x2
7) 8) 9x
dx 9) dx

2 x 4 dx
∫ 2 xe ∫
x 2 −1 12) (3 x 2 − 1) e x 3 − x dx
10) dx 11)
3x5 − 2

dx x
ln 5x e
13)
∫ x
dx 14) ∫ x ln x
15) ∫ x
dx

xdx xdx
16)
∫ x−4 17)
∫x x − 2 dx 18) ∫ ( x − 7)4
19)
∫e 20)
∫ tg x 21)
∫ cos x sen x dx
x
cos(2 e x ) dx sec 2 x dx 4

∫ cos x dx ∫ sen (4θ − π ) dθ


sen x
22) 23) 24) ∫ x cos x dx
2
3

25) ∫ tg 2 x dx 26)
∫( )
2 x + sec 2 4 x dx

O Problema da Área
Quando definimos uma reta tangente a uma curva, aproxima-
mos essa tangente por retas secantes e então tomamos o limite des-
sas aproximações. No caso do cálculo de áreas iremos utilizar uma
idéia semelhante. Primeiramente fazemos uma aproximação da re-
gião R, em relação a qual iremos calcular a área, por retângulos e
então tomamos o limite das áreas desses retângulos conforme au-
mentamos o número de retângulos. Vejamos alguns exemplos para
ilustrar esse processo.

EXEMPLO 1 Faça uma estimativa da área sob a parábola y = x2,


de x = 0 até x = 10.
Solução
A figura abaixo mostra parte da curva y = x2. Iremos estimar a área
sob a curva entre os pontos x = 0 e x = 10 dividindo-a em retângulos,
pela facilidade que se tem em calcular a área de um retângulo. É
necessário observar que a desvantagem desse processo é o fato de
que a estimativa da área é somente uma aproximação do valor real.
INTEGRAÇÃO 313

Na figura (a), dividimos o intervalo de x = 0 a x = 10 em 5 partes


iguais e construímos retângulos que se ajustam à área abaixo da cur-
va. Nesse caso, a soma das áreas dos retângulos fornece-nos uma
aproximação para o valor real da área, porém um valor menor que o
exato. Na figura (b), usamos retângulos com a mesma base só que
todos eles acima da curva, e a soma das áreas desses retângulos nos
314  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

dá também uma estimativa da área, porém um valor maior que o


exato. Assim, o valor real deve ficar entre os dois valores estimados
encontrados.
As figuras (c) e (d) mostram o que acontece se aumentarmos o nú-
mero de retângulos, por exemplo, para 10, para estimar o valor da
área real. Outra vez, o valor real permanece entre os valores encon-
trados em (c) e (d). A tabela abaixo mostra os resultados desses cál-
culos e faz uma comparação com a área estimada usando um número
maior de retângulos.

Estimativas da área sob y = x2

No máximo de Menor Maior


Diferença
retângulos (n) estimativa estimativa

5 240 440 200

10 285 385 100

20 309 359 50

40 321 346 25

100 328 338 10

Observe que à medida que o número de retângulos n aumenta, a


diferença entre os dois valores estimados para a área real diminui.
Assim, quando n aumenta para um número muito grande, os dois
valores estimados convergem para um mesmo valor que é de apro-
ximadamente 333. Portanto, a área sobre a curva y = x2, entre os
limites de x = 0 e x = 10 é dada por 333.
Generalizando o processo desenvolvido no exemplo anterior,
vamos agora calcular a área sob a curva y = f (x) entre x = x0 e x = xn.
Inicialmente dividimos a área em um número de retângulos n de
mesma base dx = xi – xi-1 (ver figuras abaixo).
INTEGRAÇÃO 315

A área total será dada pela soma


n −1
Área A − = f (x0)dx + f (x1)dx + f (x2)dx + ... + f (xn-1)dx = ∑ f ( xi ) dx
i =0

ou pela soma
n
Área A+ = f (x1)dx + f (x2)dx + f (x3)dx + ... + f (xn)dx = ∑ f ( xi ) dx
i =1

Observe que:

n −1 n
∑ f ( xi ) dx < Área A < ∑ f ( xi ) dx
i =0 i =1

e quando n → ∞, cada soma converge para o limite A, a área sob a


curva. Portanto, temos que a área A sob a curva é dada por...
n
A = lim
n →∞
∑ f ( x ) dx ( dx → 0)
i =0
i

O Problema da Distância
Vamos agora determinar a distância percorrida por um objeto,
durante certo período de tempo, sendo conhecida a velocidade do
objeto em alguns instantes.
Se a velocidade do objeto permanece constante, então o pro-
blema de se encontrar a distância percorrida pode ser resolvido atra-
vés da fórmula
316  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Distância = velocidade × tempo


Agora, se a velocidade variar, é muito mais difícil encontrar a
distância percorrida em um determinado intervalo de tempo. Veja-
mos esse fato, através do próximo exemplo.

EXEMPLO 1 Faça uma estimativa da distância percorrida por um


carro durante um intervalo de tempo de 30 segundos, cujos valores
das velocidades estão descritos na tabela abaixo.

Tempo (segundos) 0 5 10 15 20 25 30
Velocidade (pés/seg) 25 31 35 43 47 46 41

Solução
O gráfico da função velocidade do carro está esboçado na figura
abaixo. Traçamos os retângulos cuja altura é a velocidade inicial
para cada intervalo de tempo. Observe que a área de cada retângulo
pode ser interpretada como uma distância, uma vez que a altura re-
presenta a velocidade e a largura representa o tempo.
A área do primeiro retângulo é dada por 25 ⫻ 5 = 125 que é uma
estimativa para a distância percorrida nos primeiros cinco segundos.
A área do segundo retângulo é dada por 31 ⫻ 5 = 155; a do terceiro
retângulo é 35 ⫻ 5 = 175 e assim por diante...
INTEGRAÇÃO 317

A soma das áreas dos retângulos na figura acima é S = 1135 que é


uma estimativa para a distância total percorrida. Para uma estimativa
mais precisa, podem-se tomar as leituras de velocidade a cada 2 se-
gundos ou a cada 1 segundo (por que?).
Nas seções posteriores desse capítulo, veremos que outras quan-
tidades de interesse nas ciências naturais, tais como o trabalho reali-
zado por uma força variável, podem ser interpretadas como sendo a
área sob uma curva.

EXERCÍCIOS 4.4

1. A velocidade de um corredor aumenta durante os primeiros se-


gundos de uma corrida. A tabela abaixo mostra a velocidade do
corredor durante os três segundos iniciais. Determine a estimati-
va inferior e superior, para a distância que o corredor percorreu
durante esses segundos iniciais.

tempo t (segundos) 0 0,5 11,0 1,5 12,0 12,5 13,0


Velocidade v (pés/s) 0 6,2 10,8 14,9 18,1 19,4 20,2

2. Na figura ao lado é
dado o gráfico da ve-
locidade de um carro
em aceleração a partir
do repouso até uma ve-
locidade de 120 km/h
em um intervalo de
tempo de 30 segundos.
Faça uma estimativa da distância percorrida durante esse interva-
lo de tempo.
318  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

A Integral Definida
A integral definida é o tipo de integração mais utilizado na prá-
tica. Ela é freqüentemente usada na Termodinâmica e em análises
cinéticas. Por exemplo, o trabalho envolvido na expansão de um gás
contra uma pressão externa P é dado por W = – PΔV.

(a) (b)

A figura (a) mostra um gráfico da pressão contra o volume para


esse processo, onde a pressão P é constante. Observe que o gás so-
mente irá se expandir se a pressão externa P for menor que a do gás
confinado. Nesse caso, o produto de P e ΔV é a área sob o gráfico.
Na figura (b), onde a pressão varia, a área é ainda equivalente ao
trabalho feito, mas a relação não é tão simples como a obtida em (a).
Nesse caso, não podemos calcular a área como simplesmente o
produto da pressão pela variação do volume. Através do processo de
integração definida conseguiremos calcular a área sob uma curva
exatamente como a deste caso. Não é nosso objetivo fazer uma pro-
va rigorosamente matemática do método de integração e, portanto,
usaremos o processo geométrico para desenvolver o conceito de
integral definida de uma função.
Vimos na seção anterior que a área A sob a curva é dada por um
limite da forma
n
lim
n →∞
∑ f ( x ) Δx ( Δx → 0 )
i =1
i
INTEGRAÇÃO 319

Foi visto também que esse limite aparece quando tentamos de-
terminar a distância percorrida por um objeto qualquer. Esse tipo de
limite ocorre em várias outras situações mesmo quando f não é ne-
cessariamente uma função positiva. Assim, vamos dar a esse limite
um nome e uma notação especial.
Utilizando a notação de Leibniz, este limite é escrito como
b n

∫ a
f ( x ) dx = lim
n →∞
∑ f ( x ) Δx
i =1
i

e será denominado de integral definida da função f(x) de x = a até


x = b.
OBS.:
b
1. Na notação ∫ a
f ( x ) dx, f(x) é denominado de integrando, a

e b são denominados de limites de integração, onde a é o


limite inferior e b é o limite superior. O processo de calcu-
lar uma integral é denominado de integração.
b
2. A integral definida ∫a
f ( x ) dx, é um número real. Observe

que em vez de x podemos utilizar qualquer outra letra sem


que isso altere o valor da integral, ou seja,
b b b
∫ a
f ( x ) dx = ∫a
f ( u ) du = ∫
a
f ( t ) dt

n
3. A soma ∑ f ( x ) Δx
i =1
i é denominada soma de Riemann,

como uma homenagem ao matemático Bernhard Riemann


(1826-1866).
Se f é positiva, então a soma de Riemann pode ser interpre-
tada como uma soma de áreas de retângulos (como foi visto
b
anteriormente). Assim, a integral definida ∫ a
f ( x ) dx, pode
320  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

ser interpretada como a área sob a curva y = f(x) de x = a até


x = b (ver figura abaixo).

b
f ( x) ≥ 0 ⇒ ∫a
f ( x ) dx é a área sob a curva y = f(x) de

a até b.

Se f assumir valores positivos e negativos, como na figura abai-


xo, então a área da região é a diferença das áreas A1 acima do eixo x
e abaixo do gráfico de f, e a área A2 da região abaixo do eixo x e
acima do gráfico de f.

b
∫a
f ( x ) dx = A1 − A2


EXEMPLO 1 Considere a integral ∫0
senx dx .

A figura ao lado mostra que o


integrando tem valores positivos
quando 0 < x < π , e valores ne-
A1
gativos quando π < x < 2 π .
Se calcularmos a área total A sob
A2
a curva fazendo a soma das inte-
grais sobre A1 e A2, obteremos

A= ∫0
senx dx = A1 + A 2
INTEGRAÇÃO 321

onde
π 2π
A1 = ∫
0
senx dx = +2 e A 2 = ∫π senx dx = −2


e, portanto, A = ∫0 sen x dx = 0 .

Este resultado é claramente incorreto (como mostra a figura). Neste


caso, para reverter o efeito da área negativa da segunda integral,
devemos subtraí-la. Assim, obtemos o seguinte resultado
π 2π
A = área total = ∫0
senx dx − ∫π senx dx = 2 − ( −2 ) = 4

O mesmo resultado pode ser obtido se observarmos o fato de que a


função é simétrica em relação ao ponto (π,0). Neste caso, a área total
é dada por:
π
A = área total = 2 ∫ 0
senx dx = 4 .

OBS.:
1. Quando precisamos calcular a área de uma região R, que está
sob uma curva y = f(x) de x = a até x = b, dividimos o inter-
valo [a,b] em subintervalos, aproximamos a região R por re-
tângulos com alturas iguais aos valores da função f(x) nos
extremos direitos ou esquerdos desses subintervalos e to-
mamos o limite das áreas desses retângulos à medida que
aumentamos o número de retângulos. A opção de escolher-
mos os extremos direitos ou esquerdos dos subintervalos é,
simplesmente, devido ao fato dessa escolha ser mais conve-
niente para o cálculo do limite.
Contudo, do ponto de vista puramente algébrico, podemos es-
colher qualquer valor no intervalo e, mais ainda, podemos
escolher valores diferentes para intervalos diferentes.
322  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

No entanto, para a efetuação de cálculos numéricos, esco-


lhemos pontos que normalmente facilitam estes cálculos. A
Regra do Ponto Médio, por exemplo, consiste em escolher
os pontos médios dos subintervalos para determinar as altu-
ras dos retângulos.
2. Existem situações em que é impossível encontrar o valor exato
de uma integral definida. Por exemplo, quando uma função é
determinada por um experimento científico, através de leituras
de instrumentos ou dados coletados, pode não haver uma fór-
mula para esta função. Neste caso, você pode utilizar a Regra
do Ponto Médio ou a Regra do Trapézio que consiste em utili-
zar trapézios, ao invés de retângulos, na aproximação.

As regras do Trapézio e do Ponto Médio são bem mais precisas


do que as aproximações por extremos. Iremos ver também, futura-
mente, que o erro envolvido no uso da Regra do Ponto Médio, para
encontrar uma aproximação para uma integral, é bem menor que o
erro da Regra do Trapézio.
INTEGRAÇÃO 323

EXERCÍCIOS 4.5

1. Dado o gráfico de uma função g, faça uma estimativa para


3
∫ −3
g ( t ) dt com seis subintervalos.

2. O gráfico de uma função f é


dado ao lado. Calcule cada
uma das integrais interpre-
tando-as em termos das áreas.
2 5
a) ∫
0
f (t ) dt b) ∫
0
f (t )dt
7 9
c) ∫
5
f (t ) dt d) ∫
0
f (t ) dt

O Teorema Fundamental do Cálculo


O Teorema Fundamental do Cálculo, desenvolvido por Newton
e Leibniz, estabelece uma relação entre o cálculo diferencial e o
cálculo integral, provando que a diferenciação e a integração são
processos inversos. Esse Teorema capacitou-os a computar áreas e
integrais muito mais facilmente, sem que fosse necessário calculá-
las como limites de somas.
324  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

O Teorema Fundamental do Cálculo: Se f for uma função con-


tínua em [a,b], então:
x
a) A função g definida por g ( x ) = ∫a
f ( t ) dt , a ≤ x ≤ b é contí-
nua em [a,b] e diferenciável em (a,b) e g ' ( x ) = f ( x ) .
b
b) ∫a
f ( x ) dx = F ( b ) − F ( a ), onde F é qualquer primitiva
(antiderivada) de f, ou seja, F é qualquer função tal que
F '( x ) = f ( x ) .

Você poderá encontrar a demonstração desse resultado na maio-


ria dos livros de Cálculo Diferencial e Integral (ver bibliografia).
OBS.:
1. Não esqueça que o Teorema Fundamental do Cálculo é útil
ao cálculo de integrais definidas e não à determinação de an-
tiderivadas.
2. No cálculo de integrais definidas não é necessário colocar a
constante de integração C, pois
b x=b
∫ a
f ( x ) dx = ⎡⎣ F ( x ) + C ⎤⎦
x=a
= ⎡⎣ F ( b ) + C ⎤⎦ − ⎡⎣ F ( a ) + C ⎤⎦ =

= F (b ) − F ( a ) + C − C = F (b ) − F ( a ).

EXEMPLO 1 Se f (x) = (1 + x), calcule a área A da região sob o


gráfico de f de x = 1 até x = 2.
Solução
2 2 ⎛ x2 ⎞ 2

1
f ( x ) dx = ∫1 (1
+ x ) dx = ⎜⎜ x +

⎝
⎟ = F ( 2 ) − F (1) =
2 ⎟⎠ 1
F '( x )

F ( x)

⎛ 2 2 ⎞ ⎛ 1 2 ⎞ 3 5
= ⎜⎜ 2 + ⎟⎟ − ⎜⎜ 1 + 2 ⎟⎟ = 4 − 2 = 2 u.a.
⎝ 2 ⎠ ⎝ ⎠
INTEGRAÇÃO 325

EXEMPLO 2 Se f ( x ) = 1 , calcule a área A da região sob o


1+ x
gráfico de f de x = 1 até x = 2.
Solução
2 2 1 2

1
f ( x ) dx = ∫
1 +x
1N
dx = ln (1 + x ) = F ( 2 ) − F (1) =

1
F ( x)
F '( x )

= ln (1 + 2 ) − ln (1 + 1) = ln 3 − ln 2.

  

EXEMPLO 3 O que está errado no seguinte cálculo?

3 1 x −1 3 1 4
∫−1 x2
dx =
−1 −1
= − −1 = −
3 3
326  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Solução
Em primeiro lugar podemos
observar que o resultado é um
número negativo apesar de
1
f ( x) = ≥ 0 e sabemos que
x2
b
∫a
f ( x ) dx ≥ 0 quando f ≥ 0.

Além disso, o TFC não pode ser aplicado aqui, uma vez que
1
f ( x) = não é contínua em [–1,3] (ver figura acima). Portanto, a
x2
3 1
∫−1 x2
dx exige um outro procedimento para seu cálculo, o qual será

visto na seção Integrais Impróprias.

EXEMPLO 4 Expansão irreversível de um gás


O trabalho, w, envolvido na expansão de um gás, é dado por dw =
–P dV. Se o gás é expandido sobre uma pressão externa constante,
esta equação é resolvida escrevendo
V2 V2
w = −P ∫ V1
dV = − P[V ]
V1
= − P(V2 − V1 ) = − PΔV .

OBS.:
É importante compreender a diferença entre integral indefinida
b
e integral definida. Uma integral definida ∫ a
f ( x ) dx é um nú-

mero, enquanto uma integral indefinida ∫ f ( x) dx representa


uma família de funções. A relação entre elas se dá através do
Teorema Fundamental do Cálculo.
INTEGRAÇÃO 327

EXERCÍCIOS 4.6

1. Calcule a integral definida olhando-a como a área sob o gráfico


de uma função.
5 2 3
a) ∫
−1
6 dx b) ∫ −3
(2 x + 6) dx c) ∫0 x − 1 dx
2. Calcule a área de cada uma das regiões dadas
a) b)

3. Um gás levemente imperfeito obedece a equação de estado de


van der Waals
⎛ n2 a ⎞
⎜⎜ P + 2 ⎟⎟ (V − nb) = nRT
⎝ V ⎠
Ache expressões para o trabalho feito pelo gás em expansão re-
versível de um volume V1 para um volume V2, quando a tempe-
ratura é constante.
x
4. Considere g ( x) = ∫
1
f ( t ) dt ,

onde f é a função cujo gráfico


está descrito ao lado.
a) Calcule g(1), g(2), g(3) e g(6).
b) Em que intervalos g está cres-
cendo?
c) Onde g tem um valor máximo?
d) Faça um esboço do gráfico de g.
328  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

5. Use o TFC para calcular a derivada da função dada.


x x
a) g ( x ) = ∫
0
1 + 2tdt b) g ( x ) = ∫1
ln t dt

( )
2
c) F ( x ) = ∫ x
cos t 2 dt

6. Use o TFC para calcular as integrais dadas, ou explique por que


ela não existe.
3 2 8
a) ∫−1
x5 dx b) ∫1
x−2 dx c) ∫ 2
(4 x + 3) dx

1 3 4 1 π /3
d)
∫ −1 t 4
dt e)
∫1 x
dx f) ∫ π/4 sen t dt
2
7. Calcule a integral ∫
−1
x 3 dx e interprete-a como uma diferença de

áreas. Faça um esboço da situação.

8. A corrente de um fio elétrico é definida como a derivada da car-


b
ga: I ( t ) = Q ' ( t ) . O que representa ∫ a
I (t ) dt ?

9. Se vazar óleo de um tanque a uma taxa de r(t) galões por minuto


120
em um instante t, o que representa ∫
0
r (t )dt ?

10. Vaza água de um tanque a


uma taxa de r(t) litros por ho-
ra (ver gráfico de r ao lado).
Expresse a quantidade total
de água que vazou durante as
primeiras quatro horas como
uma integral definida e de-
pois faça uma estimativa para
o valor dessa quantidade de
água.
INTEGRAÇÃO 329

Aplicações
Foi visto anteriormente que se f for uma função contínua em um
intervalo [a,b], então
b
∫ a
f ( x ) dx = F ( b ) − F ( a )

onde F é qualquer primitiva (antiderivada) de f, ou seja,


F '( x ) = f ( x ) .

Como F ' ( x ) representa a taxa de variação de uma função y =


F(x) em relação a x e F(b) – F(a) é igual a variação de y quando x
varia de a para b, podemos escrever a integral de uma taxa de varia-
ção como sendo a variação total:
b
∫ a
F '( x ) dx = F ( b ) − F ( a )

Veremos a seguir alguns exemplos de como essa idéia pode ser


aplicada para algumas taxas de variação.

Considerando C(t) como a concentração do produto de uma rea-


ção química no instante t, temos que a taxa de reação é dada pela
derivada dC e a variação na concentração C entre os instantes t1
dt
e t2 é dada por:
t2 dC
∫t1 dt
dt = C ( t2 ) − C ( t1 )

Se um objeto se move ao longo de uma reta com função posição


s(t), então sua velocidade é dada por v ( t ) = ds e
dt
t2 t2 ds
∫ t1
v (t) dt = ∫ t1 dt
dt = s ( t 2 ) − s ( t1 )

é a mudança de posição (deslocamento) do objeto durante o in-


tervalo de tempo de t1 a t2.
330  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Para calcular a distância percorrida durante o intervalo de tempo


de t1 a t2, devemos considerar os intervalos quando v(t) ≥ 0 (o ob-
jeto move-se para a direita) e também os intervalos quando v(t)
≤ 0 (o objeto move-se para a esquerda). Nas duas situações, a
distância é calculada integrando-se |v(t)|, ou seja,
t2
∫ t1
v(t) dt = distância total percorrida

A figura apresentada a seguir mostra de que maneira a distância


percorrida e o deslocamento podem ser interpretados em termos
de áreas sob uma curva velocidade.
deslocamento
t2
s ( t 2 ) − s ( t1 ) = ∫ t1
v (t) dt = A 1 − A 2

distância
t2
∫ t1
v ( t ) dt = A 1 − ( − A 2 ) = A 1 + A 2

EXEMPLO 1 Um objeto move-se ao longo de uma reta de manei-


ra que sua velocidade, no instante t, é dada por v(t) = t2 – 2t –3 (me-
dida em metros por segundo).
(a) Determine o deslocamento do objeto durante o intervalo de tem-
po [1,4].
(b) Determine a distância percorrida durante esse mesmo período de
tempo.
Solução
(a) O deslocamento é dado por
⎡ t 3 2t 2 ⎤4
∫ (t )
4 4
s ( 4 ) − s (1) =
∫ v ( t ) dt = 2
− 2t − 3 dt = ⎢ − − 3t ⎥ = −3m.
1 1 ⎣3 2 ⎦1

(este resultado significa que o objeto se deslocou 3 metros para a


esquerda.)
INTEGRAÇÃO 331

(b) Fazendo um esboço do gráfico de


v como função de t (ver figura ao
lado), podemos observar que v(t)
≥ 0 no intervalo [3,4] e v(t) ≤ 0 no
intervalo [1,3]. Assim, a distância
percorrida pelo objeto é dada por:

t2 3 4
∫t1
v (t ) dt = − ∫
1
v (t )dt + ∫
3
v (t )dt =
3 4
=− ∫
1
(t 2 − 2t − 3)dt + ∫ 3
(t 2 − 2t − 3)dt =

⎡ t 3 2t 2 ⎤ 3 ⎡ t 3 2t 2 ⎤4
=- ⎢ − − 3t ⎥ + ⎢ − − 3t ⎥ = 29m
⎣3 2 ⎦1 ⎣ 3 2 ⎦3

(este resultado significa que o objeto percorreu a distância de 29


metros).  

  Outra aplicação de integrais definidas é o Teorema do Valor


Médio para Integrais, o qual é muito útil na prática. Vejamos
seu enunciado:
Se f é uma função contínua em [a,b], então existe z ∈ (a,b) tal
que
b
∫ a
f ( x ) dx = f ( z )( b − a ) ,

1 b
ou seja, existe z ∈ (a,b) tal que f ( z ) =
b−a ∫ a
f ( x ) dx .

Interpretação Geométrica: Se
f ( x ) ≥ 0, ∀ x ∈ [a , b ] ,

então a área sob o gráfico de f é


igual à área do retângulo de lados
(b – a) e f(z).
332  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

Observação: O valor médio de f em [a,b] é dado por


1 b
VM =
b−a ∫a
f ( x ) dx .

EXEMPLO 1 Um pesquisador estima que t horas depois da meia-


noite, em um período típico de 24 horas, a temperatura em certa
cidade é dada por
2
T (t ) = 3 − (t − 13) 2 , 0 ≤ t ≤ 24
3
graus Celsius. Qual é a temperatura média na cidade entre 6 da ma-
nhã e 4 da tarde?
Solução
Como 6 horas da manhã e 4 horas da tarde correspondem a t = 6 e
t = 16, respectivamente, estamos interessados em calcular a tempe-
ratura média, T(t), no intervalo 6 ≤ t ≤ 1 6 , o que corresponde à
integral:

1 16 ⎡ 2 2⎤ 1 ⎡ 2 3 ⎤ t = 16
TM = ∫ ⎢ 3 − ( t − 13) ⎥ dt = ⎢3t − ( t − 13) ⎥ =
16 − 6 6 ⎣ 3 ⎦ 10 ⎣ 9 ⎦ t=6
1 ⎡ 2 3⎤ 1 ⎡ 2 3⎤
= ⎢ 3 (16 ) − (16 − 13) ⎥ − ⎢3 ( 6 ) − ( 6 − 13) ⎥ = −5, 22.
10 ⎣ 9 ⎦ 10 ⎣ 9 ⎦

Assim, a temperatura média no período é – 5,22 oC.

EXEMPLO 2 Encontre o valor médio de f ( x ) = 3 x + 1 no in-


tervalo [–1,8] e determine o valor de x que corresponde ao valor
médio de f.
Solução
1 3 32 3 2
( )
8 9 u=9
VM =
8 − ( −1) ∫
−1
3 x + 1 dx =
9 ∫
0
u du =
93
u
u=0
=
9
729 − 0 =

2
= × 27 = 6
9
INTEGRAÇÃO 333

Portanto, o valor médio de f em [–1,8] é igual a 6. Pelo Teorema do


Valor Médio, ∃ z ∈ ] − 1,8[ tal que f ( z ) = VM = 6 , ou seja,

3 z + 1 = 6 ⇒ 9 ( z + 1) = 36 ⇒ 9 z = 27 ⇒ z = 3.

Portanto, f(3) coincide com o valor médio de f em [–1,8].

Área de Regiões entre Curvas Impróprias


Suponha que f e g sejam definidas e contínuas em [a,b] e tais
que f ( x ) ≥ g ( x ) , ∀x ∈ [ a , b ] . Então a área da região R limitada pe-

los gráficos de f e g e pelas retas x = a e x = b é dada por

b
A= ∫
a
⎡⎣ f ( x ) − g ( x ) ⎤⎦ dx, ,

independente de f e g serem positivas ou não. De fato, temos três


possibilidades:

1o caso:
f ( x ) ≥ 0, g ( x ) ≥ 0 e f ( x ) ≥ g ( x ), ∀ x ∈ [a , b] .
Neste caso,
b b b
A=
∫a
f ( x ) dx −
∫ a
g ( x ) dx =
∫ a
[ f ( x ) − g ( x )] dx

2o caso:
f ( x ) ≥ 0 e g ( x ) ≤ 0, ∀ x ∈ [a , b ] .

Neste caso
b ⎡ b ⎤
A=
∫a
f ( x )dx + ⎢ −
⎣ ∫ a
g ( x )dx ⎥ =

b b b

∫a
f ( x )dx −
∫ a
g ( x )dx =
∫ [ f ( x) − g ( x)]dx.
a
334  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

3o caso:
f ( x ) ≤ 0, g ( x ) ≤ 0 e f ( x ) ≥ g ( x ), ∀ x ∈ [a , b ]
Neste caso,
b ⎡ b ⎤
A=−
∫ a
g ( x )dx − ⎢ −
⎣ ∫a
f ( x )dx ⎥ =

b b b
=
∫a
f ( x )dx −

a
g ( x )dx =
∫ [ f ( x) − g( x)]dx.
a

EXEMPLO 1 Encontre a área da região limitada pelas curvas


f ( x) = − x2 + 4 x e g ( x) = x 2 .
Solução
As intersecções ocorrem em x = 0 e x = 2.
Portanto:
2
A=
∫0
( − x 2 + 4 x − x 2 )dx =

2 ⎡ x3 ⎤2 8
∫0
( −2 x 2 + 4 x )dx = ⎢ −2 + 2 x 2 ⎥ = = 2,6667
⎣ 3 ⎦0 3
EXEMPLO 2 Encontre a área da região limitada pelas curvas
y2 = 2x − 2 e y = x − 5 .
Solução
As intersecções ocorrem em x = 3 e x = 9. Portanto:
3 9
A=
∫[1
2 x − 2 − ( − 2 x − 2 )]dx +
∫3
[ 2 x − 2 − ( x − 5)]dx =
3 9
=2
∫ 1
2 x − 2 dx +
∫ 3
[ 2 x − 2 − x + 5]dx = 18
INTEGRAÇÃO 335

EXEMPLO 3 Encontre a área da região limitada pelas curvas


π 9π
f ( x ) = sen ( x ) , g ( x ) = cos ( x ) , ≤x≤ .
4 4
Solução
π 5π 9π
As intersecções ocorrem em: x = , x = e x= . Porém, ob-
4 4 4
⎛ π 5π ⎞
serve que para x ∈ ⎜ , ⎟ temos sen x > cos x , enquanto que
⎝4 4 ⎠
5π 9 π
para x ∈ ⎛⎜ , ⎞⎟ temos cos x > sen x . Assim,
⎝ 4 4 ⎠

5π /4 9π /4
A= ∫π /4
⎡⎣ sen ( x ) − cos ( x ) ⎤⎦ dx + ∫π
5 /4
⎡⎣ cos ( x ) − sen ( x ) ⎤⎦ dx = 4 2 ≈ 5,6569.

EXERCÍCIOS 4.7

1. Esboce a região limitada pelas curvas dadas e calcule as respecti-


vas áreas utilizando integrais definidas:

a) y = x + 1, y = 9 − x 2 b) y = x , y = x 2 − 2
c) y = x 3 − 6 x 2 + 8 x, y = x 2 − 4 x d) y 2 = x, x − 2 y = 3

2. Os registros mostram que t horas após a meia-noite, a temperatu-


ra em um certo aeroporto foi T ( t ) = −0, 3t 2 + 4t + 10 oC. Qual foi a
temperatura média no aeroporto entre 9h e meio-dia?

3. Com t meses de experiência um funcionário do correio é capaz


de separar Q ( t ) = 7 0 0 − 4 0 0 e − 0 ,5 t cartas por hora. Qual é a velocida-
336  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

de média com que um funcionário consegue separar a correspon-


dência durante os 3 primeiros meses de trabalho?

4. Em certo experimento, o número de bactérias presente em uma


cultura após t minutos foi Q ( t ) = 2 .0 0 0 e 0 ,0 5 t . Qual foi o núme-
ro médio de bactérias presentes na cultura durante os primeiros 5
minutos do experimento?

Integrais Impróprias
Até aqui trabalhamos com integrais definidas de funções restri-
tas a um intervalo fechado [a,b] finito. Nesta seção vamos trabalhar
com integrais que apresentem pelo menos um dos limites de integra-
ção infinito
∞ b ∞

∫a
f ( x)dx ,
∫ −∞
f ( x )dx e ∫
−∞
f ( x )dx

e integrais de funções que possuem pelo menos uma descontinuida-


de infinita em um intervalo [a,b]. Uma função f(x) apresenta uma
descontinuidade infinita quando tende para o infinito em pelo menos
um ponto do intervalo de integração, como mostra as integrais a
seguir

4 2 1 1
∫ 1 x −1
dx

−1 x2
dx  

Integrais com essas características são denominadas de inte-


grais impróprias.
INTEGRAÇÃO 337

Integrais impróprias com limites de


integração infinitos
  Se uma função f é contínua no intervalo [a,∞), então
∞ t

∫ a
f ( x )dx = lim
t →∞ a ∫ f ( x ) dx

desde que o limite exista.

Se uma função é contínua em (–∞, a], então


a a

∫−∞
f ( x )dx = lim
t →−∞ ∫ t
f ( x )dx

desde que o limite exista.

Dizemos que uma integral imprópria converge se o limite exis-


te. Se o limite não existe, a integral imprópria diverge.

EXEMPLO 1 Se a e b são as coordenadas de dois pontos A e B


em uma reta coordenada 艎

e se f (x) é a força que atua no ponto P com a coordenada x, então o


trabalho realizado quando P se move de A até B é dado por
b
W=

a
f ( x )dx . Quando P se move indefinidamente para a direita (se

move em direção ao infinito), então a integral imprópria ∫ a
f ( x )dx

pode ser usada para definir o trabalho realizado neste caso. Por
exemplo, se f(x) é a força de atração entre uma partícula fixa em A e

uma partícula (móvel) em P e se c > a, então ∫ c
f ( x )dx representa o

trabalho necessário para mover P do ponto com coordenada c até o


infinito.
338  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

∞ 1
EXEMPLO 2 Verifique se a integral ∫1 x
dx é convergente ou

divergente.
Solução
∞ 1 t 1 t
∫1 x
dx = lim
t→ ∞ ∫ 1 x
dx = lim ln x = lim (ln t − ln 1) = lim ln t = ∞ .
t → ∞ 1 t→ ∞ t→ ∞

Como o limite não existe como um número real, a integral imprópria


dada é divergente.

∞ 1
EXEMPLO 3 Verifique se a integral
∫1 x2
dx é convergente ou

divergente.
Solução
∞ 1 t 1 ⎡ 1⎤t ⎡1 ⎤ ⎡ 1⎤
∫1 x2
dx = lim
t→ ∞ ∫ 1 x2
dx = lim ⎢ − ⎥ = lim − ⎢ − 1⎥ = lim ⎢1 − ⎥ = 1
t→ ∞ ⎣ x ⎦ 1 t→ ∞ ⎣ t ⎦ t→ ∞ ⎣ t⎦

Como o limite existe como um número real, a integral imprópria


dada é convergente.
Observe que, embora as curvas
1 1
y = e y = 2 pareçam bastante
x x
semelhantes para x > 0, e tanto
1 1
2
quanto se aproximam de
x x
zero quando x → ∞, a função
INTEGRAÇÃO 339

1 1
y= 2
aproxima-se de zero mais rápido do que a função y = .
x x
1
Conseqüentemente a região sob y = 2 , à direita de x = 1, tem uma
x
1
área finita, enquanto a região sob y = , à direita de x = 1, tem uma
x
área infinita.

EXEMPLO 4 Uma função densidade de probabilidade é uma


função cujo domínio é \ e que satisfaz as duas seguintes condições:
+∞
(i) f ( x ) ≥ 0 , ∀ x ∈ R ; (ii) ∫ −∞
f ( x ) dx = 1 .

⎧⎪ce−c x se x ≥ 0 e c ≥ 0
Verifique que a função f ( x) = ⎨ é uma função
⎪⎩0 se x < 0
densidade de probabilidade.
Solução
(i) f ( x ) ≥ 0 , ∀ x ∈ R , pois é produto de uma função exponencial
por uma constante positiva.
(ii)
+∞ 0 +∞ 0 k

∫−∞
f ( x ) dx =

−∞
f ( x ) dx +
∫ 0
f ( x ) dx = lim
k →−∞ ∫
k
f ( x ) dx + lim
k →+∞ ∫
0
f ( x ) dx =

k
0 k ce − c x
∫ ∫
− cx
= lim 0dx + lim ce dx = 0 + lim = lim ( − e − c k + 1) = 1 .
k →−∞ k k →+∞ 0 k →+∞ − c k →+∞
0

Portanto, f é uma função densidade de probabilidade, chamada fun-


ção densidade exponencial.

Se f for uma função densidade de probabilidade de ocorrência


de um determinado evento, então a probabilidade de que este evento
ocorra no intervalo fechado [a,b], denotada por P ([a, b]) é dada por
b
P ([ a , b ]) = ∫ f ( x ) dx.
a
340  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXEMPLO 5 Para determinado tipo de bateria elétrica, a função


densidade de probabilidade de que x horas seja o tempo de vida útil
de uma bateria escolhida ao acaso é dada por
⎧ 1 −x
⎪ e 60 , x ≥ 0
f ( x ) = ⎨ 60
⎪0 , x < 0

Encontre a probabilidade de uma bateria que tenha sido escolhida ao


acaso ter vida útil:
(a) entre 15 e 25 horas; (b) pelo menos 50 horas.
Solução
(a)
25 25
1 − x 60 1 ⎛ −x
60 ⎞
− 25 − 15
P ([15, 25] ) =
∫15 60
e dx = − ⎜ 60 e
60 ⎝
⎟ = −e
⎠ 15
60 + e 60 = 0,12 .

Portanto, a probabilidade da bateria ter vida útil entre 15 e 25 horas


é de apenas 12%.
+∞
1 − x 60 k 1 −x
(b) P ([50, +∞ ]) = ∫50 60
e dx = lim
k →+∞ 50 60 ∫
e 60 dx =
.
⎛ −k −50 ⎞ −50
= lim ⎜ − e 60 +e 60
⎟=e
60 = 0, 435
k →+∞ ⎝ ⎠

Portanto, existe 43,5% de chance da bateria durar mais de 50 horas.

EXERCÍCIOS 4.8
1
1. Determine a área sob a curva y = de x = 1 a x = t e calcule o
x3
seu valor para t = 10, t = 100 e t = 1000. Depois encontre a área
total, abaixo dessa curva, para x ≥ 1.

2. Verifique se cada integral dada é convergente ou divergente.


∞ 1 0 −1
1
a)

1 (2 x + 1) 2
dx b) ∫ −∞ 3 x − 2
dx c) ∫
−∞
e −2 x dx

∞ ln x


d) ∫ −∞
x 3dx e)
1 x
dx
INTEGRAÇÃO 341

3. Faça um esboço da região S = {(x,y) : x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ ex} e encon-


tre sua área (se a área for finita).

4. Seja x a variável aleatória usada para medir a duração dos telefo-


nemas em certa cidade. A densidade de probabilidade de x é

⎪⎧0,5e
−0,5 x
, para x ≥ 0
f ( x) = ⎨
⎪⎩0, para x < 0

onde x é a duração, em minutos, de uma chamada escolhida ao


acaso.
a) Determine a probabilidade de que uma chamada escolhida ao
acaso tenha uma duração entre 2 e 3 minutos.
b) Determine a probabilidade de que uma chamada escolhida ao
acaso dure no máximo 2 minutos.
c) Determine a probabilidade de que uma chamada escolhida ao
acaso dure mais que 2 minutos.

5. O tempo x que um cliente passa esperando na fila em certo banco


é uma variável aleatória cuja densidade de probabilidade é
⎧1 −x
⎪ e 4 , para x ≥ 0
f ( x) = ⎨ 4
⎪ 0, para x < 0

onde x é o tempo (em minutos) que um cliente escolhido ao aca-
so passa na fila.
a) Calcule a probabilidade de que um cliente tenha que esperar no
máximo 8 minutos na fila.
b) As leis brasileiras determinam que um cliente não pode esperar
mais que 15 minutos na fila. Determine a probabilidade de que
um cliente tenha que esperar mais que 15 minutos na fila.

6. O volume de um sólido formado pela rotação, em torno do eixo


x, de uma curva que é gráfico de uma função f(x), para x variando
entre a e b, é dado por
342  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

b
V =π
∫ a
[ f ( x )]2 dx .

Sabendo disso, calcule o volume do sólido formado pela rotação,


1
em torno do eixo x, da curva dada por f ( x ) = , para x ≥ 1 .
x
Faça um esboço para visualizar o sólido.

Integrais impróprias com integrandos infinitos


  Se uma função f é contínua no intervalo [a,b) e tende ao infinito
no ponto b, então:
b t

∫a
f ( x ) dx = lim−
t→b ∫ a
f ( x ) dx

desde que o limite exista.

Se uma função é contínua em (a,b] e tende ao infinito no ponto a,


então
b b

∫ a
f ( x )dx = lim+
t →a ∫
t
f ( x )dx

desde que o limite exista.


Dizemos que uma integral imprópria converge se o limite existe.
Se o limite não existe, a integral imprópria diverge.

Se uma função é contínua em [a,b], exceto em um ponto c per-


tencente ao intervalo (a,b), onde f tende ao infinito, então
b c b

∫ a
f ( x )dx =
∫a
f ( x ) dx +
∫ c
f ( x ) dx

b
A integral ∫a
f ( x )dx diverge se pelo menos uma das inte-
c b
grais ∫
a
f ( x ) dx ou
∫ c
f ( x ) dx divergir.
INTEGRAÇÃO 343

3 2
EXEMPLO 1 Calcule

2 3 x−2
dx .

Solução
Primeiramente observamos que f é contínua no intervalo (2,3] e que
2
lim = ∞ . Assim, temos que:
x → 2+ 3 x−2

3 2 3 2
∫ 2 3 x−2
dx = lim+
a→2 ∫ a 3 x−2
dx Definição de integral imprópria

⎡ 2 ⎤x=3
= lim+ ⎢3( x − 2) 3 ⎥ Cálculo da antiderivada
a →2 ⎢⎣ ⎥⎦ x = a

⎡ 2⎤
= lim+ ⎢3 − 3(a − 2) 3 ⎥ Teorema Fundamental do Cálculo
a →2 ⎢⎣ ⎥⎦

=3–0=3 Cálculo do limite

Portanto, a integral converge


para o valor 3, ou seja, a região
descrita na figura ao lado pos-
sui uma área de 3 unidades
quadradas.

2 1
EXEMPLO 2 Calcule

1 ( x2 − 2 x)
dx .

Solução
Primeiramente observamos que f é contínua no intervalo [1,2) e que
1
lim− 2
= −∞ . Assim, temos que:
x→ 2 ( x − 2 x)
344  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

2
1 a
1 1 ⎡ a
⎛ 1 1⎞ ⎤
∫ (x
1 2
− 2x )
dx = lim
a →2 − ∫ (x
1 2
− 2x )
dx = lim ⎢
2 a →2 ⎣
− ∫1
⎜ x − 2 − x ⎟ dx ⎥ =
⎝ ⎠ ⎦

1 ⎡ a
1 a
1 ⎤ 1 ⎡ a a⎤
= lim ⎢
2 a →2 ⎣
− ∫ 1 x−2
dx −

1
dx ⎥ = lim ⎢( ln x − 2 ) − ( ln x ) ⎥ =
x ⎦ 2 a →2 ⎣
− 1 1⎦
1 ⎡ a−2 ⎤ 1 a−2 1
= lim ln = ln lim = ln
N0.
2 a →2− ⎢⎣ 2 ⎥⎦ 2 a →2− 2 2 ∃

Portanto, a integral diverge.


11
EXEMPLO 3 Calcule

−1 x
2
dx .

Solução
1
Primeiramente observamos que o integrando y = possui uma
x2
descontinuidade infinita em x = 0 e, portanto a integral é imprópria.
Assim, temos que:
1
1 01 1 1 a 1 1 1
∫−1 x 2
dx = ∫ −1 x 2
dx +
0 x2
dx = ∫
lim
a → 0 − −1 x
2
dx + lim+
a →0 ∫ ∫ a x2
dx =

⎡ 1⎤ x = a ⎡ 1⎤ x =1
= lim− ⎢ − ⎥ + lim+ ⎢ − ⎥ =
a → 0 ⎣ x ⎦ x = −1 a → 0 ⎣ x ⎦ x = a

⎡ 1 ⎤ ⎡ 1⎤
= lim− ⎢ − − 1⎥ + lim+ ⎢ −1 + ⎥ .
a →0 ⎣ a ⎦ a →0 ⎣ a⎦

Como as duas integrais do lado direito


da igualdade
1 1 0 1 1 1
∫ −1 x
2
dx =
∫ −1 x
2
dx +
∫ 0 x2
dx

são divergentes, segue que a integral


dada também diverge.

OBS.:
Observe que se não tivéssemos percebido que a integral
1 1
∫ −1 x 2
dx é imprópria, poderíamos ter cometido o erro de calcu-

lar a integral da seguinte maneira:


INTEGRAÇÃO 345

1
1 ⎡ −1 ⎤ x =1 −1 1
∫−1 x 2
dx = ⎢ ⎥ = − = −2
⎣ x ⎦ x =−1 1 1
obtendo assim um resultado errado. Assim, esteja atento para
quando trabalhar com integrais impróprias que apresentem uma
descontinuidade infinita entre os limites de integração.

EXERCÍCIOS 4.9
1
1. a) Faça um esboço dos gráficos das funções y = 12 e y = .
x x
∞ 1 ∞ 1
b) Calcule o valor das integrais impróprias
∫ 1 x2
dx e ∫
1 x
dx .

c) Qual a diferença entre as funções y = 12 e y = 1 que faz com


x x
que a área sobre o gráfico de y = 12 tenda a 1 quando x → ∞ ,
x
1
enquanto a área sob o gráfico de y = cresça sem limite?
x


2. Calcule o valor da integral imprópria ∫0
e −0,2 x dx e faça um esbo-

ço da área que ela representa.

3. A energia E necessária para separar duas partículas com carga,


originalmente a uma distância a uma da outra, para uma distância
b kq1q2
b, é dada pela integral E = ∫
a r2
dr onde q1 e q2 são os valores

absolutos das cargas e k = 9 ⋅ 109 se q1 e q2 estão em coulombs, a


e b estão em metros e E em Joules. Sabendo que um átomo de
hidrogênio consiste em um próton e um elétron com cargas opos-
tas de valor absoluto 1,6×10–19 coulombs, encontre a energia ne-
cessária para se desfazer o átomo de hidrogênio (ou seja, remover
o elétron de sua órbita para uma distância infinita do próton). Su-
ponha que a distância inicial entre o elétron e o próton é o raio de
Bohr, RB = 5,3×10–11.
346  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Calcule as integrais dadas

∫1 ( x ) ∫−2 ( 5 + x − 6 x ) dx ∫−2 (8 z )
4 3 3
1) 2
− 4 x − 3 dx 2) 2 3) 2
+ 3 z − 1 dz

∫0 ( z )
2 12 −1
∫7 ∫−6 8 dx
4
4) − 2 z 3 dz 5) dx 6)

2 5 4 9t −3
7) ∫1 x6
dx 8) ∫1 16x5 dx 9) ∫4 t
dt

10)
−1
∫−2
( 2t − 7 )
t3
dt 11) ∫−8 (
8 3
s 2 + 2 ds ) 12) ∫1 s ( s − s ) ds
0 2 3

∫1 ( 4 x )
0 2
x2 −1
∫−1 ( 2 x + 3)
2 −5
13) dx 14) − 5 x 4 dx 15) 2
∫3 x −1
dx

3 2
−1 x
3
+8 3 2x − 4 x2 + 5 −1 ⎛ 1⎞
16) ∫0 x+2
dx 17) ∫1 x2
dx 18)
∫−2 ⎜⎝ x − x ⎟⎠ dx
6 5 4
19) ∫−3 x − 4 dx 20) ∫−1 2 x − 3 dx 21) ∫1 5 − xdx

∫−1( v )
53 1 3
v2
22) ∫1 2 x − 1dx 23) 2
− 1 v dv 24)
0
∫−2 dv
( )
2
v3 − 2

1 1 4 x 4 1
25) ∫0 ( 3 − 2 x )2 dx 26) ∫0 dx 27) ∫1 dx
( )
3
x2 + 9 x x +1

∫ (3 − x )
4 3 π
1 3 π ⎛ x⎞ ⎛ x⎞
28)
0
x dx 29)
∫2
π cos ⎜ ⎟ dx
⎝3⎠
30) ∫02 3 sen ⎜⎝ 2 ⎟⎠ dx
2. Calcule as seguintes integrais pelo método da substituição ou
usando a tabela de integrais.
x

1) (2 x 2 + 2 x − 3)10 (2 x + 1) dx 2) ∫ 5 2
x −1
dx

e1/ x + 2
3) ∫ x 2 + 2 x 4 dx 4) ∫ x2
dx
INTEGRAÇÃO 347

2sen x − 5cos x 2sec2 x


5) ∫ dx 6) ∫ dx
cos x a + b tg x


7) x sen 5 x dx ∫
8) ( x + 1) cos 2 x dx


9) x3 1 − x2 dx ∫
10) ( x + 3) 2 e x dx

e1/ x
11) ∫ x3
dx ∫
12) ln( x 2 + 1) dx

sen x sen 2 x
13) ∫ x
dx 14) ∫ cos x
dx


15) cos x tg (sen x ) dx ∫
16) e2 x cos2 ( e2 x − 1)dx

3. Uma partícula move-se sobre um eixo de tal forma que a sua


velocidade no instante t é dada por v(t) = t2 – 2t m/s.
a) Ache o deslocamento da partícula no intervalo 0 ≤ t ≤ 3. Como
você entende o resultado obtido?
b) Ache a distância percorrida pela partícula no mesmo intervalo.

4. Nas figuras abaixo, é dada a curva velocidade versus tempo para


uma partícula movendo-se ao longo de uma reta. Use as figuras
para encontrar o deslocamento e a distância percorridas pela par-
tícula no intervalo de tempo 0 ≤ t ≤ 3.
348  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

5. Uma partícula move-se ao longo de um eixo s.


a) Dado v(t) = 1 + sen t e s(0) = –3, encontre a função-posição da
partícula.
b) Dado a(t) = t2 – 3t + 1; v(0) = 0 e s(0) = 0, encontre a função-
posição da partícula.

x
6. Seja F(x) = ∫
0
f ( t ) dt , onde f é a função descrita abaixo.

a) Ache F(0), F(3), F(5), F(7) e F(10).


b) Em quais subintervalos de [0,10] é F crescente e em quais subin-
tervalos F é decrescente?
c) Para que valor de x F tem o seu valor máximo e para que valor de
x F tem seu valor mínimo?
d) Esboce o gráfico de F.

x
7. Seja F ( x ) = ∫ 0
f ( t ) dt , onde f é a função descrita abaixo. Deter-

mine para que valores de x, F é côncava para cima e côncava pa-


ra baixo.
INTEGRAÇÃO 349

8. Segundo a Física, o trabalho realizado por uma força constante é


o produto da força pelo deslocamento do objeto, enquanto o tra-
balho realizado por uma força não constante pode ser calculado
b
através da integral W = ∫ F ( x ) dx . Ache o trabalho realizado
a
quando:
a) uma força constante de 30 libras, na direção positiva do eixo-x,
move um objeto de x = –2 a x = 5 pés.
1
b) uma força variável F ( x ) = libras, na direção positiva do eixo-
x2
x, move um objeto de x = 1 a x = 6 pés. Explique por que você
pode utilizar uma integral definida (como área abaixo de uma
curva) para o cálculo do trabalho nesse caso.

9. Uma força variável F(x) na direção positiva do eixo x tem o seu


gráfico descrito abaixo. Ache o trabalho realizado pela força so-
bre uma partícula a qual se move de x = 0 a x = 5.

10. Uma força constante de 10 libras na direção positiva do eixo x é


aplicada a uma partícula cuja curva da velocidade×tempo está
descrita na figura abaixo. Ache o trabalho realizado pela força
sobre a partícula do instante t = 0 até t = 5.
350  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

11. Se q coulombs for a carga de eletricidade recebida por um con-


densador de um circuito elétrico de i ampères em t segundos,
dq
então = 5 sen ( 60t ) e q = 0 quando t = π/2. Ache a carga po-
dt
sitiva máxima no condensador.

12. O volume de água em um tanque é V m3 quando a profundidade


é h metros. Se a taxa de variação de V em relação à h for dada
dV
= π ( 2h + 3) , ache o volume de água no tanque quando
2
por
dh
a profundidade for de 3 metros.

13. O volume e a pressão de certo gás variam de acordo com a lei


P V 1 , 2 = 1 1 5 , onde as unidades são polegadas e libras. Ache

o trabalho realizado ⎛⎜ W = ⎞
b

⎝ ∫
a
PdV ⎟ quando o gás se expande de

32 pol3 para 40 pol3.

14. Se a temperatura permanece constante, a pressão P e o volu-


me V de um gás em expansão, são relacionados pela equação
PV = k, para alguma constante k. Mostre que o trabalho realiza-
⎛V ⎞
do quando o gás se expande de V0 a V1 é dado por k ln ⎜ 1 ⎟ .
⎝ V0 ⎠

15. Em um circuito composto de uma bateria de 12 volts, um resis-


tor e um capacitor, a corrente I(t) no instante t é prevista em
I ( t ) = 10e−4t ampères. Se Q(t) é a carga (em coulombs) do ca-
INTEGRAÇÃO 351

pacitor, então I = dQ . a) Se Q ( 0 ) = 0 , determine Q(t). b) De-


dt
termine a carga no capacitor após um longo período de tempo.

16. Calcule as integrais dadas utilizando integração por partes, ou


uma tabela de integração.
1)∫ x ln xdx ∫
2) e − x senxdx

3) ∫ e cos2 x dx
3x
4) ∫ cos 3
x dx

cos 3 x

5) sen ( 4 x ) cos ( 3x ) dx 6) ∫ senx
dx

cos x dx
7) ∫ 2 − senx dx 8) ∫x 2
x 2 − 25
dx 3x − 5
9) ∫ 2
4 x − 25
10) ∫ 1 − x2
dx

x2 − x − 6

11) x x 2 − 9 dx 12) ∫ x+2
dx

x +1
13) ∫ x2 + 2 x
dx

17. Calcule a integral dada e verifique se sua resposta está correta,


derivando o resultado.


1) (2 x + 6)5 dx ∫
2) 3e−7 x −2dx 3) ∫ 5x − 1dx

2
∫ ∫
2
4) ∫ 2 x + 3 dx 5) xe x dx 6) x (2 x 2 − 1)5 dx
4

∫ ∫
5
7) 2 x x 2 + 4 dx 9) x 4e1− x dx

8) x 2 ( x 3 − 1) 3 dx

3x 4 x2 ln 3 x
10) ∫ x5 − 1
dx 11) ∫ ( x3 − 3)2
dx 12) ∫ 2x
dx
352  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 

ln x 2 1 2e x
13) ∫ x
dx 14) ∫ x (ln x ) 2
dx 15) ∫ 3 x
dx

ex x
16) ∫ 2
+ x x dx ∫
17) sen( ) dx
2 ∫
18) x cos(1 − 3 x 2 ) dx

sen x
19) ∫ 1 + cos x dx
18. A variação da entropia (ΔS) em relação à temperatura é gover-
nada pela equação d ( Δ S ) = Δ C P dT onde ΔCP é a capacidade
T
calorífica para a reação. Ache uma expressão para ΔS como
função da temperatura, assumindo que ΔCP é independente da
temperatura. Se ΔS = 90 J K-1mol-1 para 298 K e ΔCP = 10 JK-
1
mol-1, calcule o valor da constante de integração e então calcu-
le ΔS para T = 350 K.

19. Calcule a integral definida dada.


9⎛ 1 ⎞ ln 2 e2 (ln x ) 2
∫ln1/2 ( e − e − x ) dx
x
1) ∫1 2)
⎜ x−

⎟ dx
x⎠
3) ∫1 x
dx

20. Para uma reação de primeira ordem, a razão na qual a concen-


tração C do reagente varia em relação ao tempo é dada por
dC
= − kC . Determine uma expressão para C como função de t,
dt
assumindo que C = C0 inicialmente.

21. Esboce a região delimitada pelos gráficos das equações e calcu-


le sua área.
a) x + y = 3 e y + x 2 = 3
b) y = x2 – 1 e y = 1
c) y = 1/x 2 , y = – x 2 , x = 1 e x = 2
d) y = x3 – x e y = 0
e) x = y2 , y – x = 2, y = –2 e y = 3
INTEGRAÇÃO 353

22. Na forma mais simples de uma reação de segunda ordem, a con-


centração C do reagente obedece a equação dC = − kC 2 . Ache
dt
uma expressão para C sabendo que a concentração inicial é C0.
354  CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA 
Referências Bibliográficas

[1] AGUIAR, A. F. A.; XAVIER, A. F. S.; RODRIGUES, J. E. M.


Cálculo Para Ciências Médicas e Biológicas. Editora Harbra,
São Paulo, 1988.

[2] ANTON, H. Cálculo – um novo horizonte. Vol. 1, 8a edição,


2007.

[3] BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Vol. 1, Makron


Books, 1999.

[4] BOYER, C. B. História da Matemática. Ed. Edgard Blucher,


1986.

[5] BRADLEY, G. L.; HOFFMANN, L. D. Cálculo – Um curso


Moderno e suas Aplicações. 7a edição, LTC, 2002.

[6] DOGGETT, G. & SUTCLIFFE, B. T. Mathematics for


Chemistry. 1995.

[7] EVES, H. Introdução à História da Matemática. Editora da


Unicamp, 2004.

[8] GOLDSTEIN, LARRY J.; SCHNEIDER, DAVID I.; LAY,


DAVID C. Cálculo e suas Aplicações. Editora Hemus, 1a edi-
ção, 2007.

[9] GONÇALVES, M. B.; FLEMMING, D. M. Cálculo A. 6a edi-


ção, Pearson Education, 2007.
356 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

[10] HALLETT, HUGHES. Cálculo de uma Variável. 3a edição,


Editora LTC, 2004.

[11] HOFFMANN, Laurence D.; BRADLEY, Gerald L. Cálculo –


Um Curso Moderno e Suas Aplicações. 7a edição, LTC Edi-
tora, 2002.

[12] LARSON, Ron; HOSTETLER, Robert P.; EDWARDS, Bruce


H. Cálculo. Vol. 1, 8a edição, McGraw-Hill, 2006.

[13] LARSON, Ron; EDWARDS, Bruce H. Cálculo com Aplica-


ções. 6a edição, LTC Editora, 2005.

[14] LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. Vol. 1,


3a edição, Harbra, 1990.

[15] MORTIMER, R. G. Mathematics for Physical Chemistry.


1981.

[16] SALAS/HILLE. Cálculo. Vol. 1, 9a edição, Editora LTC,


2005.

[17] SCOTT, S. K. Beginning mathematics for Chemistry. 1995.

[18] STEWART, J. Cálculo. Vol. 1, 5a edição, Pioneira Thomson


Learning, São Paulo, 2005.

[19] SWOKOVSKI, E. W. Cálculo com Geometria Analítica.


Vol. 1, 2a edição, Makron Books, 1995.

[20] TABBUTT, P. Basic mathematics for Chemistry. 1994.

[21] THOMAS, G. B. Cálculo. Vol. 1, 10a edição, Pearson Education


do Brasil, São Paulo, 2002.

[22] www.calculo.iq.unesp.br (site de apoio as disciplinas de Cál-


culo Diferencial e Integral do Curso de Química da UNESP –
Araraquara – SP).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 357

[23] www.cepa.if.usp.br/e-calculo

[24] http://w3.unesp.br/unespfree/ (site da Unesp para download de


programas livres).

[25] www.graphmatica.com

[26] wwwp.fc.unesp.br/~mauri
358 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
Apêndice

Tabelas de Integração

Formas Básicas
1 n +1
∫u
n
1. du = u +C
n +1
du
2. ∫ u
du = ln u + C

∫e
u
3. du = e u + C

1 u
∫a
u
4. du = a +C
ln a
5. ∫ senu du = − cos u + C
6. ∫ cos u du = senu + C
∫ sec u du = tg u + C
2
7.

∫ cos s ec u du = − co tg u + C
2
8.

9. ∫ sec u tgu du = sec u + C


10. ∫ cos sec u cot g u du = − cos sec u + C
11. ∫ tgu du = ln sec u + C
12. ∫ cotgu du = ln se nu + C
13. ∫ sec u du = ln sec u + tg u + C
14. ∫ cos sec u du = ln cos sec u − cotg u + C
360 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

du u
15. ∫ 2
a −u 2
= sen −1
a
+C

du 1 −1 u
16. ∫ a2 + u2 =
a
tg
a
+C

du 1 u+a
17. ∫ a 2 − u 2 = 2 a ln u − a +C

du 1 u
18. ∫u u −a2 2
=
a
sec −1 + C
a

du 1 u−a
19. ∫ u 2 − a 2 = 2 a ln u + a +C

Formas Envolvendo a2 + u2 , a > 0

20. ∫ a 2 + u 2 du =
u
2
a2 + u2 +
a2
2 (
ln u + a 2 + u 2 + C )
21. ∫ u 2
a 2
+ u 2
du =
u 2
8
( a + 2u 2
) a 2
+ u 2

a4
8 (
ln u + a2 + u2 + C )
du 1 ⎛ a + a2 + u2 ⎞
22. ∫ u a 2 + u 2 a ln ⎜⎜
= −
u
⎟+C

⎝ ⎠

du a2 + u 2
23. ∫ u2 a2 + u 2
=−
a 2u
+C

du u
24. ∫ 3
=− +C
( )
2
2 2 2 a a2 + u 2
a +u

25. ∫ a 2 + u 2 du =
u
2
a2 + u2 +
a2
2 (
ln u + a 2 + u 2 + C )
a2 + u 2 ⎛ a + a2 + u2 ⎞
26. ∫ u
du = a 2 + u 2 − a ln ⎜
⎜ u
⎟+C

⎝ ⎠
APÊNDICE 361

27. ∫
a2 + u2
u2
du = −
a2 + u2
u
+ ln u + a 2 + u 2 + C ( )
28. ∫
du
2
a +u 2
= ln u +( )
a2 + u2 + C

29. ∫
u 2 du
a2 + u2
=
u 2
2
a2
(
a + u 2 − ln u + a 2 + u 2 + C
2
)
Formas Envolvendo a2 − u2 , a > 0

u a2 u
30. ∫ a 2 − u 2 du =
2
a2 − u2 +
2
sen −1 + C
a
u a4 u
∫ u a − u du = sen −1 + C
2 2 2
31. (2u 2 − a 2 ) a 2 − u 2 +
8 8 a

a2 − u 2 a + a2 − u 2
32. ∫ u
du = a 2 − u 2 − a ln
u
+C

a2 − u2 1 u
33. ∫ u 2
du = −
u
a 2 − u 2 − sen −1 + C
a
u2 u 2 a2 u
34. ∫ a2 − u 2
du = −
2
a − u 2 + sen −1 + C
2 a

du 1 a + a2 − u 2
35. ∫ u a 2 − u 2 a ln
= −
u
+C

du 1
36. ∫ u2 2
a −u 2
=−
a 2u
a2 − u2 + C

du u
37. ∫ 3
=
2
a2 − u2
+C
( a2 − u2 2 ) a

du u
38.
∫ 2
a −u 2
= sen −1
a
+C
362 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Formas Envolvendo u2 − a2 , a > 0

39. ∫ u 2 − a 2 du =
u 2
2
u − a2 −
a2
2 (
ln u + u 2 − a 2 + C )
40. ∫ u2
u2
− a2
du =
u 2 2 2 2 a4
8
(2u − a ) u − a − ln u + u2 − a2 + C
8 ( )
u2 − a2 a
∫ u
du = u 2 − a 2 − a cos −1 + C
u

u2 − a2 u2 − a2
41. ∫ u2
du = −
u
+ ln u + u 2 − a 2 + C

du
42. ∫ 2
u −a 2
= ln u + u 2 − a 2 + C

du u 2 − a2
43. ∫ u2 u 2 − a2
=
a 2u
+C

u 2 du u 2 a2
44. ∫ u2 − a2
=
2
u − a 2 + ln u + u 2 − a 2 + C
2

du u
45. ∫ 3
=−
2
u 2 − a2
+C
( u2 − a2 2 ) a

Formas Exponencial e Logarítmica


1
∫ ue
au
46. du = ( au − 1) e au + C
a2
1 n au n n −1 au
∫u u e − ∫ u e du + C
n au
47. e du =
a a
APÊNDICE 363

e au
∫e
au
48. sen (bu ) du = ( asenbu − b cos bu ) + C
a2 + b2
e au
∫ e cos(bu ) du =
au
49. ( a cos bu − bsenbu ) + C
a2 + b2
50. ∫ ln u du = u ln u − u + C

u n +1
∫ u ln u du =
n
51. [(n+1) ln u − 1] + C
( n + 1) 2
1
52. ∫ u ln u du = ln ln u + C

Formas Trigonométricas

1 1
∫ sen u du = 2 u − 4 sen 2u + C
2
53.

1 1
∫ cos
2
54. u du = u + sen 2u + C
2 4

∫ tg
2
55. u du = tg u − u + C

∫ cotg
2
56. u du = − cot gu − u + C

∫ sen u du = − 3 ( 2 + sen u ) cos u + C


3 1 2
57.

58. ∫ cos
3
u du =
1
3
(
2 + cos 2 u senu + C )
1
∫ tg u du = 2 tg
3 2
59. u + ln cos u + C

1
∫ cotg u du = − 2 cotg
3 2
60. u − ln senu + C

1 1
∫ sec
3
61. u du = sec utgu + ln sec u + tgu + C
2 2
1 1
∫cossec u du =− 2 cossecucotgu + 2 ln cossecu − cotgu + C
3
62.
364 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 n −1
∫ sen u du = − n sen n ∫
n −1
63. n
u cos u + sen n − 2 udu + C

1 n −1
∫ cos u du = cos n −1 usenu + ∫ cos n − 2 u du + C
n
64.
n n
1
∫ tg tg n −1u − ∫ tg n − 2 u du + C
n
65. u du =
n −1
sen ( a − b )u sen ( a + b )u
66. ∫ sen( au ) sen (bu ) du = 2( a − b )

2( a + b )
+C

sen ( a − b )u sen ( a + b )u
67. ∫ cos( au ) cos(bu ) du = 2( a − b )
+
2( a + b )
+C

cos( a − b )u cos( a + b )u
68. ∫ sen (au ) cos(bu )du = − 2( a − b )

2( a + b )
+C

69. ∫ u senu du = senu − u cos u + C


70. ∫ u cosu du = cos u + u senu + C

Formas Envolvendo (a 2
− u2 ) e (u 2
− a2 )
1 1 u+a
71. ∫ a 2 − u 2 du = 2a ln u − a +C

du 1 u−a
72. ∫u 2
−a 2
= ln
2a u + a
+C
Respostas dos Exercícios

Capítulo 1
EXERCÍCIOS 1.1

1. g(1) = 2; g(–1/3) = –2/27; g(a) = a + 2a2 – a3

a −1
2. h(1/2) = 2/3; h(0) = 0; h(a – 1) =
a (2 − a )

3. f(0) = 2; f(3) = 2; f(1) = 2; f(–2,1) = 2

⎧⎪t t , t ≥ 3 2
f (t − 1) = ⎨
3
; D=
⎪⎩2 , t < 3 2
*
4. a) ; b) ; c) (–∞, 2); d) [0, +∞)

−2
5. a) 0; b) 3; c) 1 – 2x – h; d)
x( x + h)

EXERCÍCIOS 1.2

1. use um programa gráfico para conferir sua resposta


C(5) ≈ 0,035 mol/l.

2. f (0) = 1; f (2) = 4; f (1) = 0


use um programa gráfico para conferir sua resposta.
366 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

⎧ x, 0 ≤ x <1

3. f ( x ) = ⎨ 2 − x , 1 ≤ x < 2
⎪0, 2≤ x≤5

4. a) f(–1) = –2; b) f(2) ≅ 2,9; c) x = 1 e x ≅ –2,8;
d) x ≅ 0,4 e x ≅ –2,3; e) D(f) = [–3, 3]; Im(f) = [–2, 3]

5. O peso aumenta de modo gradativo até os 10 anos; dos 10 aos 20


anos, aumenta fortemente e dos 20 aos 30, fica estabilizado. Exa-
tamente aos 30 anos, tem uma queda brusca, estabiliza até os 35
anos, quando volta a aumentar fortemente até os 40. A partir daí,
continua subindo, porém lentamente.

EXERCÍCIOS 1.3

1. a) (f o g) (x) = 12x2 – 10x + 2; D =


(g o f ) (x) = 6x2 – 2x + 1; D =
(f o f ) (x) = 27x4 – 18x3 + 2x2; D =
(g o g) (x) = 4x + 3/5; D =

b) (f o g) (x) = 1 − x 2 ; D = [–1, 1]
(g o f ) (x) = 1 – x ; D =

(f o f ) (x) = 1 − 1 − x ; D = [0, 1]
(g o g) (x) = x4 ; D =
1 *
c) (f o g) (x) = ; D=
x + 2x
3

1 2 *
(g o f ) (x) = + ;D=
x3 x
(f o f ) (x) = x; D =
(g o g) (x) = (x3 + 2x)3 +2x3 +4x ; D =
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 367

*
d) (f o g) (x) = cos(1 − x) ; D =

(g o f ) (x) = 1 − cos x ; D = ⎡ (2n + 1)π (2n + 3)π ⎤


∪ ⎢⎣
n∈Z 2
,
2 ⎥⎦

(f o f ) (x) = c os(c os x ) ; D =

(g g )( x ) = 1 − 1 − x ; D = [0, 1]

2. a) u (x) = 7 – x ; f(u) = u3 b) u(x) = x ; f(u) = cos u


1
c) u(x) = x – 2 ; f(u) = d) u(t) = sen t ; f(u) = u
u

3. a) Q ( t ) = 0,1t 2 + 23, 4

b) Q(3) ≅ 4,9
c) t = 4 anos

EXERCÍCIOS 1.4

y+2 3 y −1 2
2. a) x = b) x = −
3 3 3
c) x = ( y − 2) 2 + 1 d) x = (2 − y ) 3
2y − 2
e) x = 3 1 − y 2 f) x =
y−2
1 −1
3. a) f −1
( x) = +3 b) f ( x ) = ( 3 x − 2) 3
x2

c) f −1
( x) = 5
x−3+2 d) f −1 ( x ) = x2 − 1

− 2− y
e) f −1
( x) = f) f −1 ( x ) = 1 − x 2
2

4. Não, pois não é injetora.


368 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

5. a) Porque é decrescente em todo o domínio, logo é bijetora.


b) D(f −1) = [–2, 2]; Im (f −1) = [–3, 3]
c) f −1(1) ≅ –2
d) use um programa gráfico para conferir sua resposta.
9
6. F = C + 32; C ≥ − 273,15
5

7. a) x = 3 10 ; b) x = 1 32 ;

c) x = 10−4 ou x = 104; d) x = 1018

8. a) x = ± 2 ; b) x = – 2/3 ; c) x = ½ ;
d) x = 2; e) x = 0,93578; f) x = –2,32193;
g) x = –0,1; h) x = 2 ou x = 1; i) x = 1;
j) x = –15/16

9. N(6) = 8 N(0).

10. t = 20 anos.

EXERCÍCIOS 1.6

1. a) ≈ 35 min. b) ≈ 120 l c) Não


d) ≈ 7 min. e) ≈ 18 min. em diante

2. a) Entre t = 30 e t = 60 min.
b) 40 km/h; c) 80 km/h

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. a) f(0) = 5; b) f(–2) = –7/3;


4+ x
c) f ⎛⎜ 1 ⎞⎟ = x (52x − 1) ; d) f (1 − x ) = ;
⎝x⎠ x −1 x (2 − x )
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 369

5 − x2
e) f ( x 2 ) = ; f) D = { x ∈ R : x ≠ ± 1} 
1 − x4
−x
3. f ( x + 2) − f (2) =
2( x + 2)
5. a) f(2) = –1; f(–1/2) = –9/4; f(1/2) = –1/4
b) D = [–1,3]
c) use um programa gráfico para conferir sua resposta.
d) f(1– x) = – x2; D=

7. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

9. a) Sim b) q c) p

11. a) Basta substituir a expressão de Tk na fórmula de PV (a fim de


converter a temperatura para ºC) e dividir os dois lados da
equação por V.
b) Fazendo T = 0 e V = V0 em a), obtemos P = (17035,2 n)/V0.
Substituindo este valor de P na sua expressão do item a), ob-
temos o resultado desejado.
c) 806 torr
d) –64,7 ºC

13. a) h(1) = 75 m h(2) = 60 m


b) 4 seg.

15. a) 2,5 m b) 10 m
π h3
17. V =
27
19. a) K = 1/25 V = 1/50
b) eixo-x: x = –1/K; eixo-y: y = 1/V
370 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

21. a) v(t) = a/t


b) a = 600
c) 7,5 horas
2
⎛ Λ0 − Λm ⎞
23. C = ⎜ m ⎟ ; Pelo método de regressão linear.
⎝ k ⎠
⎛ n 2 a ⎞ ⎛ V − nb ⎞ ⎛ nRT ⎞ ⎛ n a ⎞
2
25. T = ⎜ P + ⎟⎜ ⎟; P=⎜ ⎟−⎜ 2 ⎟
⎝ V 2 ⎠ ⎝ nR ⎠ ⎝ V − nb ⎠ ⎝ V ⎠
27. Por meio de um ajuste (regressão linear).
29. a) x = 2, y = 1; b) x = 7/13, y = 4/13;
c) x = 1, y = 0

EXERCÍCIOS ADICIONAIS

1. a) f(–4) = –2 g(3) = 4
b) x = –2 e x = 2
c) f(x) = –1 ⇔ x = –3 ou x = 4
d) [0,4]
e) D(f) = [–4, 4]; Im(f) = [–2, 3]
D(g) = [–4, 3]; Im(g) = [1/2, 4]

3. f(x) = ax + (1 – 2a)
a = ½ → f(x) = x/2; a = 1 → f(x) = x – 1;
a = 2 → f(x) = 2x – 3
use um programa gráfico para conferir sua resposta.

5. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

9. a) g(2) = 3
b) Porque é uma função sempre crescente.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 371

c) g −1(2) ≈ 1/3
d) D(g −1) = [–1, 3,7]
e) use um programa gráfico para conferir sua resposta.

Capítulo 2
EXERCÍCIOS 2.1

1. a) 0 b) 0 c) 0 d) 2

2. a) 0 b) 0 c) 0

3. a) x = 0 é uma assíntota vertical


y = 1 é uma assíntota horizontal
b) x = 1 é uma assíntota vertical
y = 0 é uma assíntota horizontal
c) Não existe assíntota vertical
y = 2/3 é uma assíntota horizontal
d) Não existe assíntota vertical
y = 0 é uma assíntota horizontal
4. a) +∞ b) –∞ c) –∞ d) +∞ e) ¾
f) 0 g) –∞ h) + ∞ i) 5

5. a) x = 2 é uma assíntota vertical


y = –1 é uma assíntota horizontal
b) não existe assíntota vertical
y = 1 é uma assíntota horizontal
c) x = ±2 são assíntotas verticais
y = 0 é uma assíntota horizontal
d) x = 0 e x = 1 são assíntotas verticais
y = 0 é uma assíntota horizontal
e) x = 2 é uma assíntota vertical
Não existe assíntota horizontal
f) x = 1 é uma assíntota vertical
y = 1 é uma assíntota horizontal
372 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

6. lim α e = 1 Quando a pressão é muito pequena, próxima de zero, o


P→0

grau de dissociação tende a se aproximar do valor 1.


lim α e = 0 Quando a pressão aumenta muito, o grau de disso-
P → +∞
ciação tende a zero.
7. lim E = 0
T →0

EXERCÍCIOS 2.2

1. f não é contínua em x = – 1, pois lim f ( x ) = − 1 ≠ f ( − 1) = 3 .


x → −1

3± 5
2. a) k = 4 b) k =
2
3. use um programa gráfico para conferir sua resposta
a) f é contínua em x = 3
b) f não é contínua em x = 5
c) f não é contínua em x = –1

4. a) f é descontínua em x = 0
b) f é contínua para todo x real
y y

3 3

2 2

1
1

x
x
-6 -4 -2 0 2 4 6
-6 -4 -2 0 2 4 6

5. a) f é contínua para todo x real b) f é contínua para ∀ x ≥ 0


c) f é contínua para ∀ x > 0 d) f é contínua para ∀ x ≠1
e) f é contínua para ∀ x ∈
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 373

6. a) f é contínua para ∀ x ≠ 2/3 b) f é contínua para ∀ x ≠ 4

c) f é contínua para ∀ x ≠ kπ, k d) f é contínua para ∀ x ∈ \


c) ∈ Z
e) f é contínua para ∀ x ∈ \ f) f é contínua para ∀ x ≠ kπ,
f) k ∈ Z
g) f é contínua para ∀ x ≠ 0 h) f é contínua para ∀ x ∈ \
i) f é contínua para ∀ x ≠ 0 j) f é contínua para ∀ x ≠ 0

⎧ 0, se x < 1.313,70

7. a) F ( x ) = ⎨ x − 1.313,70, se 1.113,70 ≤ x ≤ 2.625,12
⎪196,71 + 0, 27 ⋅ ( x − 2.625,12 ) , se x > 2.625,12

b) f é contínua para todo x.

8. a) 9 minutos.
b) em t = 5 minutos a população de bactérias aumenta de 12 mi-
lhares para 32 milhares.

EXERCÍCIOS 2.3

1. a) (2, 5), (3,7), (0,2)


b) (3, –1), (4, –4), (1,5)
c) (0, –5/4), (1, –3/2), (–2, –3/4)
d) (–4, 7/3), (–2, 3), (–3, 8/3)

2. a) y = –4x + 11 b) y = 5 c) x = 3
d) y = –3x –2 e) y = (3x/4) – 3

3. a) y = 3 b) x = –2

4. (h) = 10000h use um programa gráfico para conferir sua resposta.

5. mc = 1,54 ms; 30,8 g de cloro


374 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 2.4

1. a) m = 2 b) y = 2x – 2

2. a) f ´−(4) = –1 e f ´+(4) = 1
b)
y

x
-2 0 2 4 6

-2

-4

c) x = 0 e x = 5
d) x = 0, x = 4 e x = 5
3. a) x > 2
b) x ≠ –4, pois existem infinitas retas tangentes nesse ponto.
c) x ≠ 0, pois nesse ponto a função é descontínua
d) x > 2

EXERCÍCIOS 2.5

1. A reta secante ao gráfico de f, passando pelos pontos (2, f(2)) e


(2+h, f(2+h)).
2. f(4) = 3 e f ´(4) = ¼
3. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

4. f ´(1) ≈ 3,4

5. a) f ( x ) = x b) f ( x ) = cos x
a =1 a = 2π
6. a) taxa de variação do consumo de combustível em relação à
variação da velocidade.
b) galões/milha.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 375

c) a partir de 20 milhas, para cada milha que aumentar na


velocidade, o consumo decresce de 0,05 galões/hora.

EXERCÍCIOS 2.7

1.
1. 12 4 3 t 2
f '( x ) = − + 2. f ´( t ) = − 3
x3 x 2 2 3 t

1 4
3. g´( u ) = − 4. F ´( s ) = − 1 +
7 s5
2 u 33 u2 2

−1 4 9 6. dy 6 − x
5. f ´( x ) = + − =
x2 x3 x4 dx 4 x2

( ) (1 + e ) dy
dy 3 2
7.
2
= 8x e x + x2 x2 8. = 6te t
dx dt

9. dy
dt
= −5e1−t 10. dy
dx
1
(
= − e− x + e x
3
)
dy
x
⎛ −1 − x ⎞ dy 1 1
11. = e2 ⎜ ⎟ 12. = − 2 ln( x + 1) +
dx ⎝ 2 ⎠ dx x x ( x + 1)

dy 1 dy −1
13. = 14. =
dx 2 x ln x dx x

dy ln x − 3 dy 5e5 x
15. = 16. = 5x
dx ln 4 x dx e − 1

dy 1 dy ⎛1 ⎞
17. = 18. = e − x ⎜ − ln x ⎟
dx x ln x dx ⎝x ⎠

dy 4t 2 t2 − 1 dy 5x
19. = 4 + ln 2 20. =
dt t − 1 t +1 dx 5 x 2 − 3

dy −2 22. dy = 1 + 1
21. =
dx 1 − x 2 ds s 2
1 + s2

dy 3ln 2 x ln 3 −30
23. = 24. f ´( x ) =
dx x (5x + 3)3

dy
( )
3
25. = 18 x 2 sec 2 (6 x 3 ) 4 2 x −3
dx 26. f ´( x ) =
x
376 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

−4 x
27. f ´( u ) = 61
dy
28. =
6 u 5 dx ( x 2 − 1)2

29. dy −7 30. dy 5
= =
dx 2 (2 − 3 x )(5 x − 1) 3 dx 2 (2 x − 1)(3 x + 1) 3

31. dy e x + e− x 32. 3x
= f ´( x ) =
dx 2 e x − e − x 3x 2 + 1

dy dy
33. = 9sec3 ( x) tg x − 12sec2 (3x) tg(3x) 34. = −24cotg 3 (6 x ) cossec 2 (6 x )
dx dx

dy dy
35. = (sec 2 x ) e tg x 36. = 2 cossec(3 − 2x) cotg(3 − 2x)
dx dx

37. y´( x ) = 80 x cossec( −8 x 2 ) 38. y´( x ) = 3 ⎡⎣sec2 (3x ) + cossec2 (3x) ⎤⎦

39. y´( t ) = 4 sen t cos t −sen(ln x )


40. y´( x ) =
x

41. y´( x ) = − 3e 3 x sen( e 3 x ) 42. y´( x ) = tg x + x sec 2 ( x )

43. y´( x ) = − cos x sen(sen x ) 44. y´( x ) = 3cos x esen x

45. y´( x ) = e x [ln(sen x ) + cotg x ] 46. y´( x ) =


3 − 2 cos(2 x )
log e
3x − sen(2 x ) 2

47. y´( x) =
ab cos(bx) 48. y´(t ) = cos t sec2 (sen t )
2 sen bx

2cos u sec2 (2u) + sen u tg (2u) x 4sen x − 4 x3 (1 − cos x )


49. y´(u) = 50. y´( x ) =
cos2 u x8

cos x tg(3x ) − 3sen x sec2 (3x )


51. y´( x ) =
tg 2 (3x )

2. F ´(3) = 1216
9
3. f ´(2) = –18
4. y = x + 2
27
5. R ´(3) = 14
6. L´(1) = − 4
9
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 377

7. Para 0 ≤ t < 2 a velocidade é positiva.


Para 2 < t ≤ 4 a velocidade é negativa.
Para t = 2 a velocidade é zero.
8. a) vm = 50 km/min. b) v(2) = 5 km/min.
c) use um programa gráfico para conferir sua resposta.
9. a) –12 km/h para oeste.
b) 8 km a leste da parada.
10. y = 1
11. y = 1 – x

12. y = − x + ln 2 + 4
8 8
13. H´(2) = –15
14. u ´(1) = –9
15. f ´(2) = –72
16. f ´(1) = 24

17. a) dA = 60 b) dp = 4/15
dt dt
18. Falsa, pois não aplicou a regra da cadeia.

20. 20 libras / hora


3

EXERCÍCIOS 2.8

dI −100
1. a) = b) dI = − 25 A / Ω
dR R2 dR R=2

c) use um programa gráfico para conferir sua resposta.


2. a) [1; 1,2] → Vm = –4,6 cm/s
[1; 1,1] → Vm = –4,3 cm/s
[1; 1,01] → Vm = –4,03 cm/s
[1; 1,001] → Vm = –4,003 cm/s
378 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b) s ´(1) = – 4
c) A velocidade encontrada em (b) é o limite das velocidades
médias encontradas em (a), quando t → 1.

3. dP = −200
2
;
dP
= −2
dV V dV V =10

4. v(3) ≈ 15,1; a(3) ≈ 8,77

6. – 0,002 m3/KPa

EXERCÍCIOS 2.9

dy 1 − y2 dy 1
1. a) = 2 b) = 3
dx 3 y + 2 xy dx 4 y + 2

dy y2
c) =− 2
dx x
2. a) f(1) = –1; b) y = 0 é a reta tangente
5
3. y − 5 = − ( x − 1) reta tangente
38
38
3. y − 5 = ( x − 1) reta normal
5
dy x2 dy 4 x 3 − 2( x + y )
4. a) =− 2 b) =
dx y dx 2( x + y ) − 4 y 3

dy − y − 2 xy 3 dy − y
c) = d) =
dx x + 3 x 2 y 2 dx 2 ( y − x+ y )
dy y ( x − y ) + 2 y x − 2 y ( x − y ) x
2 2 3 2
e) =
2 x[ y 2 ( x − y ) + y3 − x ( x − y ) ]
2
dx

dy 6 y − 4 x 2 y 3
f) =
dx 3x3 y 2 − 3
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 379

5. y = 9/4
− 3PV 2 − a
6. dP = 2 RTV + 2bpV
3 2
dV V − bV

EXERCÍCIOS 2.10
dV
1. ≈ 615,7 cm 3 /cm
dr
dr
2. = −0,0095 m/min
dt
dP
3. = 1, 25 kg/cm 2 /s
dt
dP 1
4. = lb/pol2/min
dt 3
dz
5. = 78 mi/h
dt

EXERCÍCIOS 2.11
dy ⎡ sen 3 x ⎤
a) = x sen 3 x ⎢ 3(cos 3 x )(ln x ) +
dx ⎣ x ⎥⎦

dy 2 ⎡ x2 + 1⎤
b) = x x +1 ⎢ 2 x ln x + ⎥
dx ⎣ x ⎦

dy −t ⎡ t ⎤
c) = (1 + i ) ⎢ − ln(1 + i ) − 1 + i ⎥
dt ⎣ ⎦
dy
d) = π xπ −1 + π x ln π
dx
dy 1
e) = x
⋅ x x [1 + ln x ]
dx 1 + x
2x
f) g '( x) = 2 ⋅ 32 x +1 ln 3 +
( x + 1) ln 2
2
380 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. a) f '( 2 ) = − 1 2 b) g '(1) = 3 c) f '( 3) = 0

d) k '(1) = 3 e) P '( 0 ) = −1 / 2 f) u '( 4 ) = − 1 / 1 6

3. a) y = 2x + 5 b) y = –3x + 4

5. P(3/2, 9/4)
27 3 1
7. a) y = 27 x – 54 b) y = ( x − 1) c) y = x +
4 4 4
13. m = –1 use um programa gráfico para conferir sua resposta.
15. x = 0
−2
23. a) f '( x ) = 2 x − 3 b) f '( x ) = −7
x2
−2 6 12
c) f '( x ) = −1 + 1 d) f '( x ) = + −
2 x x2 x3 x4

e) f ' ( x ) = 1 − 3 x 2 − 2 x f) g '( u ) = 4 − 2 u
x 3
3 x 2u

g) h '( t ) = 4 t h) f '( a ) = 6 ( 2 a − 3 )2
2( x − 1)
i) f '( x ) =
x3
1 −4t
j) f '( x ) = k) f '( t ) =
30 x 29/30 ( t 2 − 1) 2
3
l) f '( x ) = −3(33 + 2 x2 )
( x − 3)

x 4
25. tangente: y = + ; normal: y = − 1 2 x + 9 8
12 3
27. k = –4
29. k '( 2 ) = 1
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 381

6
31. a) g '( x ) = b) h '(t ) = 4 − 4t − 12t 3
5 x 3/5
3 1
c) f '(t ) = 6 x 2 − d) g '( x ) = 5 x 4 −
4 x1/4 6 x 5/6

e) f '( r) = 224r 3 − 63r 2 − 48r + 9 f) f '(u) = 2(u2 − 3u + 7)(2u − 3)

g) g '( u ) = u ( u 2 + 6 u − 1 − 1 ) h) f '( x) = −40(8 x − 3)−6


2 u

i) k '( x ) = 2 x(3x 2 + 5)−2/3 j) f '( x) = 11(3x + 1)−2


−2 6 12
k) h '( x ) = ( 4 x − 2 ) / 3 l) f '( x ) = − −
x2 x3 x4
2 2
m) f '( x ) = 1 −2 5 x 3 n) f '( x ) = − 18 x − 12 2x + 1
( x + 1) (2 − 5 x )

o) g '( x ) = − 3(2 x + 3) p) h '( z ) = 8z2


2 2
x (3 + x ) ( z + 2) 2
3

q) g '( a ) = 3 a ( a − 2)
2
r) p '( z ) = −4 z
2(3a − 2) ( z + 3) 2
2

4 1
s) f '(v ) = 2v − t) h '( r ) = 2 −
v3 2r 2

5x4
u) F ' ( x ) =
(x )
5 2
3 − 12

33. a) 53,2 km/h b) 88,3 km/h


35. use um programa gráfico para conferir sua resposta

37. x = 1 e x = (1/5)3/2
39. use um programa gráfico para conferir sua resposta
41. use um programa gráfico para conferir sua resposta

43. a = –3 e b = 4
382 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

45. β =2

⎛ 2 89 ⎞ ⎛ 1 9 ⎞
47. ⎜ − , ⎟ ; ⎜ , − ⎟
⎝ 3 27 ⎠ ⎝ 2 4 ⎠

49. y = –2x

51. a) –4,2×10−4 dinas/cm


b) –0,002 dinas/cm

53. a) v(0) = 10 m/s


b) v(t) = 0 para t = 1
b) v(t) > 0 para t < 1
b) v(t) < 0 para t > 1
c) 20 metros

55. a) v(t) = 4t3 + 2t + 10


b) 38 m/s2
c) 50 m/s
d) 194 m/s2

dT 273
57. =
dV V0

59. ≈ 30,1 cm/s

61. ≈ 0,55 cm3/min

63. ≈ 5,97 cm3/s

65. ≈ –3,21 cm3/s

67. ≈ 5,2x10-3 m/s2


RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 383

dy 4 xy 2 − 15 x 2
69. a) =
dx 12 y 2 − 4 x 2 y

dy 6 xy 2 − y 4
b) =
dx 2 xy 3 + 1

dy −2
c) =
( )
2
dx x x −2

dy y − 4 xy
d) =
dx 4 y xy − x

71. y = (4x2 – 8x + 3)4 ; P(2,81)


x
a) y = − + 34.993
864
b) x = 1, x = ½, x = 3/2

75. f ’(3) = 26 ; f ’(–3) = –6

76. a) − 3
2
b) não existe

c) − 6
5
d) 0
e) 2
f) –∞
g) –1
h) +∞
77. 4

78. a) 9 b) 10 c) 1
7 8
384 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

79. a) f é descontínua em x = –2, pois lim f ( x ) = −4 ≠ f ( −2) = 1


x →−2

b) f é contínua em x = 1, pois lim f ( x ) = 1 = f (1)


x →1

81. a) k = 2 b) k = − 7
8
2
m0
82. v = c 1 − função que dá a velocidade de uma partícula em
m2
função de sua massa.
m → +∞
85. lim f ( x ) = +∞ os valores da função aumentam indefinidamen-
x → −1

te quando x se aproxima de –1.


lim f ( x ) = +∞ os valores da função diminuem indefinidamen-
x → 2+

te quando x se aproxima de 2 por valores maiores que 2.


87. lim L = 0
v→c−

– quanto mais próxima da velocidade da luz, menor é o com-


primento do objeto.
– é necessário o limite à esquerda, pois não existe velocidade
maior que a velocidade da luz.

EXERCÍCIOS ADICIONAIS

5. b) s = 65 km ; t ≈ 4,7h (móvel 2)
c) vmáxima ≈ 30,7 km/h (t = 7,7h ; s = 80km)
d) v(0) = 0
e) aproximadamente em t = 1h e em t = 6,3h
f) 130 km

9. use um programa gráfico para conferir sua resposta


RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 385

11. P = RT − a 2
vm − b vm
4 RH
13. n 2 =
RH − 4 v

15. a)
h(t)

400

300

200

100

t
-4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14

b) t = 10s
c) h(5) = 400 pés
d) t = 5s

16. a) C ⎛⎜ ⎞⎟ =
x 75.000 x
; b) 21,05%; c) ∞
⎝ 2 ⎠ 200 − x

17. a) q(t) = –4t + 248


b) 216 milhões de litros

18. a) Q ( t ) = 23, 4 + 0,1t 2

b) Q(3) ≈ 4,92 mil unidades


c) t = 4 anos

19. t ≈ 0,6667 anos


P(t) = 18 mil bactérias

dV
20. ≈ −1,9 m 3 /s
dt
V está diminuindo pois a taxa é negativa
386 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

⎛ k ⎞ E ⎡T − T ⎤
21. ln ⎜ 1 ⎟ = 0 ⎢ 2 1 ⎥
⎝ k2 ⎠ R ⎣ T1T2 ⎦
22. a) 0 m/s (observe que o fato da velocidade média ser nula, não
implica que o móvel esteja em repouso. Nesse caso é porque
o móvel ocupa a mesma posição nos instantes inicial e final).
b) t ≈ 2s e t ≈ 4s
c) Descartando o tempo em que o móvel está parado,
em t = 1 a velocidade é máxima
em t = 3 a velocidade é mínima
em t = 6 a velocidade é máxima
e) em t = 1 pois a inclinação da reta tangente é maior.
f) v(0) = 0
1
23. x= é um mínimo relativo.
c

27. E(x) é contínua para todo x > 0 com exceção de x = R.

q(T −T0 )
dK K0 q 2T0T
28. = e
dT 2T 2
Km 1
29. y = x+
Rm Rm
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 387

30.
f(t)

30

20

10

t
0 2 4 6 8 10

Depois de 9 minutos a colônia de bactérias morrerá.


dP 4 μ2
31. =− πN
dT 3 3kT 2
32. a) v = 0 para t = 1 e t = 3
s(1) = 8 ; s(3) = 4 ; a(1) = –6 ; a(3) = 6
b) a(t) = 0 para t = 2
s(2) = 6 ; v(2) = –3
c) s é crescente para 0 < t < 1 e t>3
d) v é crescente para t > 2

33. a) D(10) = 0,0012 gr/ml; D(50)=0,0011 gr/ml


b) D é decrescente

35. a) L(10) = 100,001cm


b) T = 100oC
dα −α 2
38. =
dC 2α C + K a

39. a)
dy
=
(
−3 6 x 2 − 3 )
dx
( )
2
2 3 2 x3 − 3x − 1
388 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

dt −3u 2
b) =
du 2 5 − u 3

dv 32t 3
c) =
( )
2
dt 5 − 2t 4

dy
d) = −9e −3 x − 4
dx

du
e) = 3sec 2 ( 3v )
dv

f)
dt
du
( ) (
= − 9u 2 − 2 sen 3u 3 − 2u )
dy 2 cos 2 x
g) = 2 ln ( sen 2 x )
dx sen 2 x

dp 6
h) =
du 3u − 2

dy 4 ( sen 2 x + cos x senx )


i) =−
dx cos 2 x + cos 2 x

dy
j) = sec 2 x cos ( 2 x ) − 2tg x sen ( 2 x )
dx

dy −4 x 4 + 12 x3 − 12
k) =
dx ( 4 x − 3) 2
dP 3 dP P −T
40. a) = b) =
dT 8 P 3 + 3 P 2 dT T ⎡⎣ ln ( PT ) + 1⎤⎦

42. D.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 389

Capítulo 3
EXERCÍCIOS 3.1

1.

3. – em x = b e em x = e existe um máximo local


– em x = d e em x = s existe um mínimo loca
– em x = c e em x = r existe um ponto de inflexão
– em x = d existe um mínimo absoluto
– em x = b existe um máximo absoluto
5. a)

b)
390 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

c)

f(x) = x, 0 < x < 2; (x-2)2 + 1, x > 2

6. a) y = –57 é o valor mínimo absoluto


y = 55 é o valor máximo absoluto
b) y = –1 é o valor mínimo absoluto
y = 19 é o valor máximo absoluto

EXERCÍCIOS 3.2

1. a) f crescente para todo x


b) f decrescente para todo x
c) x > 2/3 ou x < –2 ⇒ f crescente
–2 < x < 2/3 ⇒ f decrescente
d) x > 1 ou x < –1 ⇒ f crescente
–1 < x < 1 ⇒ f decrescente
e) f é crescente para todo x
f) x > 1 ⇒ f decrescente
x < 1 ⇒ f crescente

2. a) Mínimo local: x = 1; y = 5,333


Máximo local: x = –7; y = 90,666
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 391

b) Mínimo local: x = 0; y = 0
Máximo local: não existe
c) Mínimo local: não existe
Máximo local: não existe
d) Mínimo local: t = 1; y = 2
Máximo local: t = –1; y = –2
e) Mínimo local: x = 1/3; y = 0
Máximo local: não existe
f) Máximo local: não existe
Máximo local: não existe
3. a = 3 e b = –3

EXERCÍCIOS 3.3

1.

2.

3. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

5. a) x = 1 é uma assíntota vertical


y = 0 é uma assíntota horizontal
392 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b) f é crescente para –1 < x < 1


f é decrescente para x > 1 ou x < –1
c) em x = –1 temos um mínimo local
d) para x > –2, f tem concavidade para cima
para x < –2, f tem concavidade para baixo
em x = –2, f tem um ponto de inflexão
e) – f)

6. a) (0,6); b) (6,8); c) (2,4) ∩ (7,9);


d) (4,7); e) (2;3); (4; 4,5); (7,4)

7. a) f cresce para x < 0 e x > 3 e decresce para 0 < x < 3.


b) em x = 0 f tem um máximo local e em x = 3 f tem um mínimo
local.

9. a) f é crescente para x > 4 ou x < –2


f é decrescente para –2 < x < 4
b) para x < 1, f tem concavidade para baixo
para x > 1 f tem concavidade para cima
c) em x = 1 existe um ponto de inflexão
em x = –2 existe um ponto de máximo relativo.
em x = 4 existe um ponto de mínimo relativo.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 393

d)

10. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

EXERCÍCIOS 3.4

1. T ≈ 4,16°C
2. R = r

3. a) x = 2 B
3

b) x = B
3
4. J = 3 (aproximadamente).

EXERCÍCIOS 3.5
7
1. a) –4 b) c) 1 d) ln3 – ln5
3

e) +∞ f) 0 g) 1 h) 0
i) 0 j) +∞

mg
2. a) b) tg
c

2
3. y =
3
394 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Depois de vários dias, o número de bactérias tende a se estabili-


zar em 25.000.000.

3. a) (1,22) e (3,70) são pontos de inflexão.


Para x < 1 e x > 3 f tem concavidade para cima.
Para 1 < x < 3 f tem concavidade para baixo.
b) (–1,0) é ponto de inflexão.
Para x < –1, f tem concavidade para baixo.
Para x > –1, f tem concavidade para cima.

5. a) Para x < 1, f tem concavidade para baixo.


Para x > 1, f tem concavidade para cima.
b) Para x < k, f tem concavidade para baixo.
Para x > k, f tem concavidade para cima.

7. a)

b)
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 395

c)

9. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

10. Como a derivada segunda existe para todo x e é igual a zero


apenas para x = –b/3a, segue que não é possível o gráfico de f
ter mais do que um ponto de inflexão.

11. use um programa gráfico para conferir sua resposta.

12. Deve ser utilizada a fórmula do item b), pois lim P( I ) = 0 .


I →∞

13. Em t = 5,48; o valor máximo de x é 77,38.

15. r = 5 cm ; h = 15 cm.

16. R = r

17. Para D = C/2 a sensibilidade é máxima.

Capítulo 4
EXERCÍCIOS 4.1

1.
a)
y ( x ) = 2 x − 3;
f (1, 02) = − 0, 9570697; y (1, 02) = − 0, 96 ⇒ f (1, 02) − y (1, 02) = 0, 00293
396 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b)
y ( x ) = 512 x − 1536
f (3, 96) = 491, 82516; y (3, 96) = 491, 52 ⇒ f (3, 96) − y (3, 96) = 0, 305

c)
y ( θ) = 1, 232051 θ + 1, 220925
⎛ 27 π ⎞ ⎛ 27 π ⎞ ⎛ 27 π ⎞ ⎛ 27 π ⎞
f⎜ ⎟ = 1, 798988; y⎜ ⎟ = 1,801515 ⇒ f ⎜ ⎟− y⎜ ⎟ = 0, 002527
⎝ 180 ⎠ ⎝ 180 ⎠ ⎝ 180 ⎠ ⎝ 180 ⎠

d)
y (ϕ) = 3, 464102 ϕ − 1, 6275987
⎛ 62 π ⎞ ⎛ 62 π ⎞ ⎛ 62 π ⎞ ⎛ 62 π ⎞
f⎜ ⎟ = 2,1300545; y⎜ ⎟ = 2,1257589 ⇒ f ⎜ ⎟− y⎜ ⎟ = 0, 004296
⎝ 180 ⎠ ⎝ 180 ⎠ ⎝ 180 ⎠ ⎝ 180 ⎠

2. a) dCp = (b + 2 cT) dT;


b) dCp = 0,03046; ΔCp = 0,03062

3. a) 2,5237×10−10 m e 2,5671×10−10 m
b) −h ;
2( mkT 3 )1/2
c) d λ = 4, 23 × 10 − 12 m e Δ λ = 4, 34 × 10 − 12 m

4. a) d f (1) = 0 , 0 3; Δ f = 0, 03 0301 ⇒ Δ f − df = 0, 000301

b) d f (1) = 0 , 0 2 ; Δ f = 0, 0198026 ⇒ Δ f − df = − 0, 0001974

c) d f (1) = 0 , 0 0 5 4 1 3 4 ; Δ f = 0, 0 055 231 ⇒ Δ f − df = 0, 000 109 7

d) d f ( − 8 ) = − 0 , 0 0 0 8 3 3 3; Δ f = − 0, 0008329 ⇒ Δ f − df = 0, 0000004

e) d f ( − 2 ) = 0 , 0 1 2 5; Δ f = 0, 0121951 ⇒ Δ f − df = − 0, 0003048

f) d f ( 2 ) = − 0 , 9 3; Δ f = − 0, 0651 ⇒ Δ f − d f = 0, 86 49

5. dV = 270 cm3; dA = 36 cm2


6. erro máximo: 9,6π cm2; erro relativo: 16,66%.
7. Um aumento de 5% no raio provoca um aumento de 20% no
fluxo de sangue.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 397

8. Para aumentar F em 10% é necessário diminuir s em 5%.

9. dV = 1,936 π μm3

10. dV = 0,16 π cm3

EXERCÍCIOS 4.2

5x2
1. a) + 2x + C
2
7 x2
b) x3 − + 2x + C
2
3t 4 t 3 5t 2
c) − + − 7t + C
4 3 2
−1 3
d) 2
+ 4 +C
2x 4x
10 3
e) u −4 u +C
3
7
f) 12 u 4 + 5 + 3u + C
7 u

g)
( 2 x − 3) 3
+C
6
3x 2
h) 2ln x − +C
2
i) 5 x 3 + 3 x 2 + C
5 3 1
j) 6 x 2 − 2 x 2 + 4 x 2 + C
5 3
9 −4
k) 35 x5 −
15
x 5 +C
9 4
x3
l) + x2 + 4 x + C
3
3 2 5
m) y + 4 y 2 + y + C
3 5 2
398 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3
1
2x 2
n) − 2x + 2x 2 + C
3
o) 2 x − 3x3 + C
4 2
p) x− x3 + C
3 15
4
q) sen ( u ) + C
3
1 2
r) − cos ( u ) − u3 + C
5 15
s) −8cos ( x ) + C − 8 c o s ( x ) + C

1
t) sen ( x ) + C
5
u) u + C
x2
2) a) f ( t ) = c, c = constante b) f ( x ) = −2
2
x3 2 3
c) f ( x ) = − x − 17 d) f ( x ) = 4 x + 1
3 3
e) f ( x ) = − cos x + 2 f) f ( x ) = tg x − 1

3) f ⎛⎜ π ⎞⎟ = − 2 − π
2

⎝2⎠ 4

4) 20 anos

5) a) s(t) = −4, 9 t 2 + 500t ; b) altura máxima: 12755,1 m

EXERCÍCIOS 4.3

(3x + 1)
2 3
−1
1. +C 2. +C
9 2 ( 2 x − 3)
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 399

3. −
( 1 − 4 x3 ) 4
+C 4.
3
+C
4
15 ⎛ 5⎞
20 ⎜ 2 − x 3 ⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠

( )
1/2
− 5 − 4x2 8
( )
5/4
5. +C 6. 1+ x +C
4 5

1 e9 x
7. ln 3 x + 5 + C 8. +C
3 9
2
3e x 2
−1
9. +C 10. e x +C
2
2 3
−x
11. ln 3 x5 − 2 + C 12. e x +C
15

13.
( ln 5 x )
2
+C 14. ln ln x + C
2

x x2
15. 2e +C 16. ln x − 4 + C
2

2 4 − x2
17. ( x − 2 )5/2 + ( x − 2 )3/2 + C 18. +C
6( x − 7)
3
5 3

( tg x )2
( )
19. sen 2e x + C 20.
2
+C

21.
( sen x )5 +C 22.
−1
+C
2 ( cos x )
2
5

23.
− cos ( 4θ − π )
+C 24.
sen x 2 ( ) +C
4 2
1 tg ( 4 x )
25. ln sec 2 x + C 26. x 2 + +C
2 4
400 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 4.4

1. Estimativa inferior: 34,7 pés


Estimativa superior: 44,8 pés
2. d ≈ 2590 km

EXERCÍCIOS 4.5

1. ≈ –1,5
2. a) 4; b) 10; c) 3; d) 18

EXERCÍCIOS 4.6

1. a) 36; b) 25; c) 2,5

2. a) 7,5; b) ≈ 33

⎡ V − nb ⎛ 1 1 ⎞⎤
3. − ⎢ nRT ln 2 + an 2 ⎜ − ⎟ ⎥
⎢⎣ V1 − nb ⎝ V2 V1 ⎠ ⎥⎦

4. a) g(1) = 0; g(2) = 3; g(3) = 5; g(6) = 1


b) ]1,3[ e ]3,7[
c) t = 2
d) use um programa gráfico para conferir sua resposta.

5. a) g ' ( x ) = 1 + 2 x
b) g '( x ) = ln x

c) g '( x ) = − cos( x 2 )
1
6. a) 121,33; ;b) c) 138
2
d) não existe, pois é descontínua no intervalo considerado;
e) 2; f) ≈ 0,207

7. 3,75
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 401

b
8. ∫a
I ( t ) dt = Q ( b ) − Q ( a ) , ou seja, representa a diferença de car-
gas quando t = b e t = a.
120
9. ∫
0
r ( t ) dt : quantos galões vazaram nos primeiros 120 min.

4
10. ∫
0
r ( t ) dt = 19 l

EXERCÍCIOS 4.7

1. a) 31,6; b) 6,68; c) 11,8 d) 10,667


o
2. 18,7 C
3. ≈ 493 cartas/hora
4. 2272 bactérias

EXERCÍCIOS 4.8

1. A ( t ) = ⎛⎜ 1 − 2 ⎞⎟
1 1
2 ⎝ t ⎠
A(10) = 0,495; A(100) = 0,4995;
A(1000) = 0,4999995;
AT = lim A ( t ) = 0,5
t →∞

2. a) converge para 1/6;


b) diverge; c) diverge
d) diverge; e) diverge

3. Área = e ≈ 2,718 ...

4. a) 14,5%; b) 63,2%; c) 36,8%

5. a) 86,5%; b) 2,35%

6. V = π
402 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 4.9

1. a) use um programa gráfico para conferir sua resposta.


+∞
1 +∞ 1
b)
1∫ x 2
dx = 1;
1 x ∫
dx = +∞

1 1
c) f ( x ) = 2 tende a zero mais rapidamente que f ( x ) = ,
x x
quando x → +∞ .
+∞
2. ∫0
e −0,2 x dx = 5 use um programa gráfico para conferir sua

resposta.

3. ≈ 4,35 × 10-18 Joules

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. 1) –18 3) 95,83; 5) 5; 7) 0,969;


9) 6,66; 11) 0; 13) 4,333; 15) –3,5
17) 3,333; 19) 26,5; 21) 4,6667; 23) 0
25) 0,333; 27) 0,13889; 29) 1,098

3. Deslocamento = 0 (neste intervalo de tempo, a partícula saiu e


retornou ao s eu ponto de partida).
Distância = 2,66 m.

5. a) s(t) = t – cos t – 2
t 4 t3 t 2
b) s ( t ) = − +
12 2 2

7. (0, ½) ∪ (2,4) : côncava para cima


(½, 2) ∪ (4, +∞) : côncava para baixo

9. W = 140 Joules
11. q máxima = 1/12
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 403

13. 12,55 pol3

(
15. a) Q ( t ) = 2,5 1 − e −4t ; ) b) t → ∞ ⇒ Q ( t ) → 2,5

( 2 x + 6 )6 2 ( 5x − 1)3 x 2

17. 1) +C 3) +C 5) e + C
12 15 2

(x )
2 3
2 +4 1− x 5
−1
7) +C 9) − e +C 11) +C ;
3 5 (
3 x3 − 3 )
13)
( ln x )3 +C; 15)
4e x
+C
x
17) −2cos + C ;
3 3 2
19) − ln (1 + cos x ) + C

19. 1) 40/3; 2) 0; 3) 8/3

20. C (t ) = C0 e − k t

21. a) 1/6; b) ≈ 3,77; c) 17/6


e) 1/2; e) ≈ 19,2.
C0
22. C (t ) =
C0 k t + 1
404 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
Sobre as Autoras

Maria Helena S. S. Bizelli


Fez graduação em Licenciatura em Matemática na Universidade
Federal de São Carlos – UFSCAR; mestrado em Matemática no
Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (ICMC-
USP) – São Carlos (SP), na área de Análise Matemática; e doutora-
do em Educação Matemática no Instituto de Geociências e Ciências
Exatas da UNESP (IGCE) – Rio Claro (SP), área de concentração
em ensino e aprendizagem da matemática e seus fundamentos filo-
sófico-científicos. É docente do Departamento de Físico-Química do
Instituto de Química da UNESP – Câmpus de Araraquara (SP), des-
de 1988, onde ministra aulas de Cálculo Diferencial e Integral e
trabalha com Matemática Aplicada e Educação Matemática. Atua
junto ao Grupo de Pesquisa em Informática no Ensino de Química
(GPIEQ) e ao Projeto de Ensino em Ciências (PROENC), com a
produção de material didático (livros, vídeos, animações em Flash,
applets, vídeos-aulas) – relacionado ao Cálculo Diferencial Integral,
Terceira Idade, Informática – e com Ensino à Distância. Coordena-
dora do Projeto Inclusão Digital para a Terceira Idade (desde
2003) – onde atua também como docente do curso Informática Bá-
sica para a Terceira Idade – projeto este vinculado a Universidade
Aberta para a Terceira Idade (UNATI) com o apoio da PROEX e da
Fundunesp.
406 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Sidinéia Barrozo
Fez graduação em Matemática no Instituto de Biociências, Letras e
Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câm-
pus de São José do Rio Preto (1987); mestrado em Matemática na
Universidade de Brasília – UnB (1990), na área de Geometria Dife-
rencial, com ênfase em Superfícies Mínimas; e doutorado em Ma-
temática Aplicada na Universidade Estadual de Campinas – UNI-
CAMP (2000), na área de Biomatemática, onde trabalhou com
Modelagem Matemática em Epidemiologia e Fisiologia Humanas.
Ministra aulas de Cálculo Diferencial e Integral desde 1990, quando
iniciou sua carreira de Professora Universitária na Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC, Câmpus de Joinville. É profes-
sora da UNESP desde 1992, tendo trabalhado no Departamento de
Matemática da Faculdade de Ciências, Câmpus de Bauru, de 1992 a
2005, e desta em diante, no Departamento de Físico-Química do
Instituto de Química, Câmpus de Araraquara. Trabalha com mode-
lagem matemática – desenvolvimento e análise de modelos matemá-
ticos aplicados às áreas biológicas e à Química; com implementação
de métodos numéricos e computacionais para análise matemática de
experimentos em Físico-Química e com produção de materiais didá-
ticos relacionados às disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral.
Supervisiona a área de Matemática do Centro de Ciências da UNESP
de Araraquara e atua como colaboradora no projeto Informática
para a Terceira Idade, também desenvolvido no Instituto de Química
de Araraquara.
PRÓ REITORIA
DE GRADUAÇÃO

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