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INDÚSTRIA DO PETRÓLEO PÓS PANDEMIA

Um estudo feito por analistas do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo) a respeito


da retomada do setor de óleo e gás pós-pandemia indica três possíveis cenários
de movimentação da demanda, porém em nenhum deles as perspectivas são
muito animadoras.

A primeira situação coloca como condição de retorno que as medidas de


isolamento funcionem e a pandemia seja contida, e que um acordo para corte de
produção compense a queda da demanda. Assim, teríamos uma ligeira redução
de demanda por energia e petróleo ( -5%) e recuperação do patamar de 2019 no
segundo semestre de 2020.

O segundo cenário marca a dependência de testes em massa e tratamento


eficaz para controle da pandemia, o que levaria a uma queda na demanda por
energia ( -6%) e petróleo ( -9%) em 2020. No segundo semestre, o mercado
começaria a se recuperar, retornando aos níveis de 2019 em 2021. Os cortes
realizados na produção minimizariam o excesso de oferta.

Já o terceiro cenário coloca o surgimento da vacina como única forma de conter


o COVID-19, o que gera grandes modificações no comportamento do
consumidor, com um fracasso na articulação dos cortes de produção. Teríamos
então uma queda expressiva da demanda no longo prazo ( -10%), com mudança
no perfil de consumo de petróleo e derivados.

E, segundo análise feita pela Firjan, organização que reúne as indústrias do Rio
de Janeiro, a menor atividade econômica significa menor demanda por produtos
derivados do petróleo, como os combustíveis essenciais para o transporte de
carga e de passageiros, ou como insumo para geração de energia, que suporta
a atividade produtiva, ou como insumo para outros derivados, e muitas outras
coisas.

Vale também destacar que “o cenário é devidamente incerto e turbulento. As


ações necessárias para conter um colapso mundial do sistema de saúde geram
um custo necessário para a economia e o impacto para o mercado de petróleo
ainda é de difícil mensuração”.

Pode-se fazer algumas perguntas, tais como: existe preparo para o


enfrentamento desses desafios, existe como garantir a continuidade e a
confiabilidade das suas operações, sem precisar fazer paradas de maneira
programada, simultaneamente ao acompanhamento das variações do mercado?

De acordo com agências de notícias, a pandemia de Corona vírus está atrasando


a manutenção programada nas indústrias de petróleo e gás natural na Europa e
na América do Norte. As restrições em cima do número de contratados em
plataformas, dutos e locais de produção estão forçando as empresas a atrasar o
trabalho que foi planejado durante anos. Para os refinadores, mudanças de
última hora estão sendo feitas a fim de reduzir as chamadas paradas
programadas, visando atender demandas de trabalho mais urgentes.

E as instalações de petróleo precisam estar sujeitas a inspeções de rotina por


conta da ampla gama de riscos para os trabalhadores e o meio ambiente nos
locais onde são processados hidrocarbonetos.

Na área de óleo e gás, bem como em outras verticais que têm as suas principais
operações localizadas em ambientes adversos, a segurança, controle e
produtividade necessitam caminhar juntas, sempre orientadas a otimizar a
eficiência operacional e os resultados do negócio. As tecnologias de automação
e análise de dados impulsionadas pela Indústria 4.0 oferecem recursos
alinhados às principais demandas: monitoramento em tempo real do status dos
ativos, predição consistente para eliminar falhas inesperadas e ações corretivas,
e confiabilidade para planejamento de processos e programação de serviços.

Com o advento das soluções inovadoras de Internet das Coisas (Internet of


Things – IoT), embarcadas em veículos robóticos controlados de forma remota
ou mesmo em equipamentos que operam nas plataformas, existe a possibilidade
de aplicação de inteligência de dados e, por exemplo, o gerenciamento dos
riscos de corrosão com insights em tempo real sobre a situação de cada ativo.

A manutenção que tem fundamento na análise da condição do ativo entrega aos


gestores de manutenção uma maior visibilidade de toda a cadeia, aumentando
a confiabilidade, disponibilidade e o volume produzido dos equipamentos. Com
uma eficiente estratégia de manutenção, existe a possibilidade do
prolongamento da vida útil do maquinário, o qual possui um custo de aquisição
e operação altíssimo, além de reduzir os custos gerados por paradas não
programadas, bem como os gerados por falhas que possam colocar a operação
e até a mesmo a sobrevivência da empresa em risco.

A utilização de soluções digitais para a gestão de ativos permite monitorar a sua


condição; fazer o planejamento, a programação e o gerenciamento da execução
da manutenção, gerenciando riscos e permitindo implantar uma estratégia
eficiente de manutenção preditiva.

Empresas líderes serão aquelas que redobrarem seus esforços neste momento,
protegendo ou mesmo ampliando os investimentos em gestão de ativos, com
tecnologia, digitalização, eficiência e inteligência. É necessário ter em mente que
manutenção não significa despesa, e sim um investimento em ativos
fundamentais para a continuidade e longevidade do negócio. Isso pode gerar um
aumento de dez vezes no retorno do investimento e uma redução de 25% a 30%
nos custos de manutenção.

Mesmo quando o mundo retomar ao “novo normal”, o básico dos negócios irá se
refletir no legado da pandemia de 2020. E ainda mais, um segundo surto de covid-
19 poderia arrasar a economia por muitos meses.
Muitas pessoas que duvidavam a respeito do impacto da pandemia na indústria
do petróleo perceberam que aquele era de fato um divisor de águas, que era um
indício muito forte de que o futuro seria algo bastante diferente.

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