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ramerrão
© 2011 Ismar Tirelli Neto
para M. B.,
o segundo ato são as cinzas
I have heard the mermaids singing, each to each.
I do not think that they will sing to me.
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r., junho 12
como se fosse possível, como se o expediente de fato não há nada de exato nisso
acabasse, já não se vê ninguém pelos corredores – ou gôndolas – (à laia de memória)
ou silvos, logo após a “paisagem”, dum par de guardas-noturnos acorda abre
sobre suas Taludas Térmicas – caminho despercebido até o atrasado
almoxarifado e me fecho, como sempre, para rezar. Ajoelho-me para uma palestra
junto aos primeiros elementos e ergo ao de leve a cabeça; para atrasado
a luz; começo; carrego a todo o tempo, (amor), tua carta de para o Ano Novo
junho 12, aquela que todas as gangues já foram para casa dormir, atrasado
mando fazer cópias em areia, barco e garrafa ––– para o próprio
apedrejamento
estou
a-oquêi correndo
com uma ártica fatia
de pizza & um bule de café
no tanque & uma apreciação
todanova dos feriados
municipais
no Salão Dourado
muitos cavalheiros
e damas se ocupam
de dizer sim e por
longo tempo não
lhes ponho em causa
os reais motivos
ponho-me
de emboscada
atrás dum auto-
(r)retrato, ele
ambula é mesmo
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um moleque registro
exuberante
como de resto
ele também
& a tarde é fria Algo tramitou, fez um bissexto. O dia
acende amarelo tem um rodeio justo, para do outro lado, faz uma leitura
para os táxis empanzinada. Haja, talvez, alguns búzios de arroz sobre
o céu azul-hitler o prato, como se acabasse de dobrar esquina a van
acorda abre Terror, o sangue cozido das feras, nem mesmo a extrema
play para parcialidade (sobrevivem) das flores que Anna comprou semana
a ordem do dia passada, quando as contas folgaram. Escrevo. Qualquer estupidez
servirá de futuro. É enunciado, ausente, algo que acaba
(pelo contrário) te trazendo mais para junto, você pensa ouvir
as dragas, a rotação tercina das pás, as braçadas que esclarecem
a água, turvam a continuidade dos atos.
Desengana. Não é esse o registro eleito
pelo coração quando está para se abater. Afinal, as hérnias não
lhe ensinaram nada? Você pensa nas pessoas que seguem quietas,
como lhes chega naturalmente, sem campanha ou quase. Lado a lado
com o silêncio delas, este aqui não passa de fantasmagoria. Urdo
para não ter problemas com os vizinhos.
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os arquivos agora é o momento em que imponho a mim
mesmo uma revelação de qualquer espécie.
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Pode ter ocorrido, também, à força de um objeto de todo a todo o tempo
banal.
Havia algo de monstruoso no zelo que as coisas
demandavam, e pode bem ter sido ali:
cinzento, ele guarda a mão a alguns centímetros do as coisas vêm
açucareiro, perguntando-se o que capitulará primeiro.
Não com estas palavras. Jamais com estas palavras. a um lume frio
zumbindo corredor fora
Recordará também, e com doçura suspeita, as primeiras
madrugadas, as primeiras campanhas de pássaros. aos tantos cinemas
desta estação balnear
De fato, este é o pior momento de todos. Aquele que
antecede imediatamente a transfiguração. ex machina
(as coisas vêm)
infalivelmente
aos fortes, torres
descosem nuvens
em franco exílio do quadro
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a distância entre dois sim, é nesta suspensão que acontecem
as coisas verdadeiras.
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qual
a igreja acavalada ao fim do largo
não foi
o enésimo advento
nossa
parece
surpresa
símile. Esqueço o que estive
quando
(prenda de corpo)
Você disse que estaria aqui às seis
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o amigo solteiro pai
− Três casas num só ano, e um idioma é a noite que cose todos os bolsos do paletó, são breves
em vias de sumir, você disse? discursos sobre a indiferença, o programático à-vontade
com que geralmente
Toda a minha vida eles trato dele, a quem não ouço em poesia ou pugilato, não o ouço.
costeiam. Cordata, Descrevê-lo, talvez, como um poço no centro da praça, o
a vista não deixa entrar. oposto ao Monumento, & aviões
Fiquei. Rendido às formas penduricalhos no céu
da delicadeza. Esgarço
as teias de aranha para
então bordar as minhas,
acerto pelo horizonte
o luto das molduras.
Aos domingos distribuo
ao povo visitas inesperadas.
Me acompanha?
Assino uma carta, atento
ao som rasteiro & tramador
executado por meu próprio nome.
(Lá as pessoas se perdem).
Aos domingos vou ao cinema.
Gargalha-se como incêndios
em grandes edifícios comerciais.
Volto e percebo
que sigo porejando muito fino
das paredes, desde sempre.
Estavam a bem pouco de inventar o telefone.
Fiquei porque o trem não me apanhou.
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nava apartamento
desconfio deus montando o espaço é parado e pulsa, inscrição num mar de silêncio
embaixada à porta do banheiro. Desconfio
deus uma pedra com eco, desconfio deus peça
um novelo de lã nos confins de sob a cama. Não estou morto. a passo de
Não das mãos desse sujeito. A carne sentreteço
do que se diz está bem longe, mas cumpre atentar: o apartamento
tampouco se trata duma mentira. Fazemos o que pensemos uns tantos
fazemos pelo elástico da coisa. Estes quartos, em nenhuma temporais depois
ordem particular. Nada deve permanecer nos é dado
que seja meu. A repentina evidência do hospital azul o lugar-comum de uma ilha
frente ao edifício. Meus passos estranguladamente lentos pequenas intromissões
antes de te deixar, fosse eu o assassino da cafeteira
gorgolejando
pouco muda (quase nada)
se um vizinho abre
uma janela ou deixa
de abrir
tijolos
argamassa de medo
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o mistério vasarely espiões, tampouco há filme nesta câmara. Podemos
supor com alguma segurança que algo de muito central
para Isabela Mota
acaba de nos acontecer, enquanto você se ocupa
de fazer as malas – algo de muito central, onde
quadro. Olho pela janela do quarto de Isabela acidentamos – para logo depois o telefone
& meu corpo é denso, deslocado de um pé ao outro. apitar sua uti, & uma voz metálica nos soa uma senha
Funda-se. A xícara de café sobre o parapeito. e um endereço nos arredores da cidade, sim, talvez
A meu lado, um violão de aspecto bronquítico seja esta a cena que venho descrevendo minha vida inteira
Isabela, ruiva
Logo após contar que em dias nublados a Jeune Femme En Chemise
à porta de seu quarto carrega-se de verdes, como um marimbondo.
Já em dias ensolarados, alça o canto oculto dos lábios,
sorri, talvez por ter recebido notícias alentadoras
de um médico barbudo e monoculado.
Isabela, ainda ruiva,
me faz presente de um pôster de Vasarely.
É quarto com novembro quente, calçada.
Café. Violão. Vamos sempre constatando que nada rufou.
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diário de estância canibalismo
dispositivo, cinema de deambulação: olá, Cláudio! olá, gato a Anna chega exausta, digo-lhe que o jantar está pronto,
gordo do Cantinella! os olhos, e a imundície que tramam as ghoulash de pai e mãe. É crença de certos canibais que a digestão
damas-da-noite quando do despenho, aqui (sou iluminado a não constitui processo meramente físico: metabolizam-se
toque de caixa). Faz um ano me mudei para o próprio coração igualmente os predicados morais, por assim dizer, do ente
de Nêmesis, onde divido apartamento com uma figurinista refeiçoado. A matrona do lar, esta cozinha está impraticável,
amiga minha, isto talvez dê conta do lameiro cor-de-rosa ao escrutando cheio de dedos (mais ou menos fictícios) as ofertas
fundo do tanque. Naquela época eu tinha um emprego, mas no Supermercado. Sai de casa na chuva para comprar incenso, a
minha educação sentimental ia de mal a pior. Deixei crescer praça de permeio, tomo meu café. Tornando já. Nossa sala cheira
uma cara que só se aluga por temporada: cara de vai-um, como a baunilha, as pequenas odisseias do dia pegam consistência de
quem se rasga em decimais. Esbraseada como nunca, penso um milk-shake. Pois bem, esta é minha prova de amor para você, ele
bocado no que que é próximo e circular. Verbete. As habitações observa, palitando os dentes. Como foi a entrevista de emprego
dão para um espaço comum. Estou na praça e atravesso o tédio segunda-feira?
mortal de dar à luz mais um bebê
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não tenho os papéis. como profissional autônomo reality roll
é dever manter-me aberto e espacioso
entre os quatro Cardeais desta espera. Que decidam:
minha vida. Por exemplo,
uma transferência faz o mundo girar Inclusive às quartas
(haja vista o desconcertante estado em que se encontram as coisas) -feiras, um nó irreticente Penha branca
parecia-lhes fora de questão. Ao fim e ao cabo. bem no meio da semana Ó, todas estas
Oferecem-me o último turno. E aceito, maravilhas imóveis sob Vésper dentro
não me sinto tão à mercê. Faz três de abril! Hoje vi seis pessoas minhas
madrugadas neste escritório branco, conhecidas andando pela rua
sinto medo pela primeira vez. não cumprimentei nenhuma
A estridência branca das luzes Não tenho me sentido muito mútuo Ultima
& os canos que continuam teto fora. Não tenho mente Pelas manhãs, todo enroscado
os belos chamamentos para fixar sobre o capacho frente à casa dos teus pais,
coisa alguma. Será com essa mesma impaciência. tiquetaqueando como uma colegial mal-intencionada
E tanto ódio haverá & todos esses velhos amuletos guiando
constelando que me presentearei minúsculos carros brancos pelas ruas da cidade
o trato com as mais velhas imagens. Andam dizendo coisas horríveis a meu respeito
Aquela sombra, por exemplo, fará durante a pausa do café Eu sei
metástase. Será com esse mesmo inverno. com os cheiros e as manchas e os furos na camiseta
Que tomo vistas ao céu Eu, que costumava ser tão bom com nomes O
quando alva carcera burro medo de perder o que, a rigor, já está Em tempo:
todas as fitas em pb nas tevês bom, um poema deve acontecer
da cidade – ao fim e ao cabo – o dia
a mesma. Pretenderei a ela
& quando tornar à razão
de meus amigos mais modelares
direi que o amor e o trabalho me renderam,
que nunca jogarei bombas no Ministério da Saúde,
que não vejo mais porquê em tantos die-ins.
Continuarei mentindo para os médicos
e adiando as segundas vias
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qual
minhas preces por um duplo foram atendidas
não foi
diligenciando todos os elementos a
seio com a piada.
Por seu turno,
rugiram um meio-dia os oceanos. O ar
tonteou ao de leve.
“Estou no ramo das relações”.
nossa
Rituais de magia para assassinar
ditadores, orações
navais, fumos délficos
deitados pelos dutos
de ventilação. E toda a maruja
surpresa
do escritório ficou em transe
semanas! ainda assim
ele não se deu por satisfeito, ergueu-se
& deu às coisas
coincidência, conforme prescrito
por Nabokov num romance
quando
que lera em dias,
em dias:
melhores.
À cama. Encontram-nos
uma idade parecida, a mesma
ausência daquilo que nossos Superiores
folgam chamar senso
de oportunidade.
A mesma diluição, o mesmo
motim horário, os mesmos
motivos fantasmáticos
nos pijamas.
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depois pombos-correio não carregam doença
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preciso antes terminar um livro, enquanto isso
romper com o diletantismo,
morrer.
& nada poderia estar mais distante
do seu “bolo-de-noiva”. i.
Esta a sua tarde de Junho, onde
praças & parques
à época você era curador-assistente no Museu do Sono & eu
rateiam insensivelmente
reprovava mais uma vez em Artes Divinatórias, & os meus
na direção do Sublime
começaram a regular o dinheiro dos selos, & foi preciso, por fim,
& pombos-correio não
abandonar a província de K., mesmo na estação, eu me dizia,
carregam doença
para sempre. Uma vez na capital, o silêncio se confunde
com os descampados que já tínhamos por hábito deixar
entre as cartas, & ninguém faz caso de nenhuma distância. Poucas
semanas depois comecei a me prostituir para o Maior Colecionador
de Autógrafos da América Latina, & com os contos angariados
foi possível alugar uma caixa-postal. Disse-lhe de passagem
que agora morava ali, era pequeno mas satisfazia minha curiosidade
pela vida monástica. Você me escreveu & me escrevia de volta
dizendo ser tudo bonito e igual, mas sobretudo uma palavra – como
colunata, cinemascópico: cauchemar. Ainda assim, em meu aposento
metálico, vinham-me malárias só de pensar em você, noite & dia
ladeado por todas aquelas miniaturas resinadas, polidas à tolice
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ii. cinelândia
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ameragem as chaves do dia
Idílio inox. Galpão frigorífico no céu. Eu conto o mundo trancado. Por dias
Por vinte e cinco anos estive falando um estranho idioma posso dar voltas à homilia, procurando
de dedicatórias. lugar para estacionar, uma cunha
Quantas vezes. não mais que a Graça, uma lição a coar
Não estive a pique de desencantar lá, como se pudesse reclamar por aqui (perto). Repetitivo, não
meu próprio corpo. há muito enduro em mim, o passaporte
é cabaço & retorce pelas respectivas
Agora estamos, finalmente, no saguão vias. Agora que nossas ausências começam
deste mesmo hotel, a cascatinha artificial blefando o Éden. a tomar impulso. O salto, a real distância
Olho para suas mãos. Figuro a lenta rotação do dimmer. quando saem de nós dá um leve
As mãos, meu Deus, as mãos. Não pacienta. desando dos labirintos. Me apoio na poltrona,
fixo, três ou quatro símbolos com tanta
*
pressa de desbotar. Tudo ia bem
Onde chegamos com maio? contanto que não se movesse
Um milagre terraplenado, milagre nenhum.
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qual
tropos
não foi
câmara contrátil / expansa, esquerda / teu coração uma cólica à
esquerda / teu coração uma capela com câimbra / quem o tem
suficiente /morre apenas uma vez
ii
nossa
sensorragia / o sangue às tontas / procurando figurar / linguagem
iii
surpresa
os recursos referidos humanos / música encontrada / madeira de
demolição
quando
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em revista preocupações épicas
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toda a extensão força admitir,
de maio, preservando nunca andei tão
as conotações longe, nem tão pouco
pertinentes a ambos familiar.
os hemisférios. And I “Em que
don’t know if I’m ever o autor se deixa
coming home. montar por uma
pracinha de bairro
ii como um triciclo”.
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sexta-feira, a primeira canção de elpenor
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da dureza de coisas primevas a história da riqueza dos homens
ou (uma balada)
como todo mundo
Elpenor também abandonou um mestrado em Kant
para seguir carreira de humorista bom,
não era exatamente um colírio cá estou eu,
mas se a luz lhe acertasse no passo exato
deste ou daquele golpe onde previa estar
podia parecer quase grego escrevendo
contava muitos amigos entre os esquetes humorísticas
mortais & todos o achavam de quinta
querido, se algo enfadonho para uma súcia
após sustentados períodos de tempo de desmiolados
constará dos autos. Sua história havendo-me
é causar imensos desvios quinzenalmente
de rota a outrem com a pálida fantochada
& mesmo que não queira do Financeiro,
quererá um enterro decente, com pagando – sempre
que lhe cantem as glórias em dia!
das quais nunca fez questão Dr A. para me espetar
a rigor, todos nós as agulhas &
dizer que as coisas
não vão assim
desesperadas,
tampouco eu
Dr. A.?
Antes
o senhor
me traduzisse
as coisas despertas
ou me mandasse
ler Drogaria
de Éter e de Sombra
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once more, with suma
feeling
homens como eu
não têm sonhos
ilegíveis, e como Arrebatado para fora &
se censuram de volta à
os homens como eu História, vejam-no
o não terem sonhos sentar-se estadistamente
ilegíveis na varanda, no trono
desdobrável, o rei
da sauna, 8 andares acima
dos viadutos em criss-cross
motor-caminhos, vários
uma queda telada
agora
lê-se como slogan, a
sua presença, & linda
como um poema
escrito num pônei. Roça
que dá sorte.
Mestre,
eles me condenaram
à vida rarefeita. Estou
no gráfico sem crista,
imodulado: vox populi,
vox Dei. Minha mãe
secou & não posso mais
voltar. A que devo
voltar-me, então?
Quatro meses numa cela
estudando opções
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de norte. Tirania uma anfitriã
de objetos, imagens,
canções. Dores
constantes
na nuca & nos i
quadris
Ela acha que devo explicações, diz
ao pé do ouvido é a Lei
e se quebra
ora me distraio
de movimentos decisivos
vejo-a voltando do banheiro
a passos talvez obstinados
demais
pode ser que o marcialismo
da anfitriã não
seja para tanto, mesmo
no amor
parece documental, diagrama
hostil. Talvez por ser amada
talvez
não goste de situações delicadas
pense que o caso todo é duma falta
de objetividade
abominável
ii
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ajuizado lua cheia; enxaqueca
desde menina
a eliminar o intruso
e talvez porque me tenham
ajuizado Em algum lugar talvez, em sonho
desde menino você canta as vezes de um portão.
a ser caudaloso e banal É inevitável.
fazendo sala na alma É um parque ou passeio & seus cotovelos
tenta emboscar um instante dobram-se para fora, contrarradiando
de desguardo: o sol. O que foi há muito
retomemos: quem tempo? Enfim, será tempo ainda maior
dizia o quê? até contarmos vinte anos outra vez, glissandi
enfim, é curioso entre os ossos & um punhado de renúncias
que eu tenha sugerido tolas & inadiáveis. Mesmo que haja,
este restaurante mexicano será bastante tempo até a dobra. Tampouco
onde não ponho saberemos o quão antigo nos é este lugar.
os garfos desde Mas é assim que nos despachamos do sono.
os dezenove anos de idade, e Desaviso se pega na vista da janela.
é curioso que as noites sejam O olho embaixo da dor isca a lua cheia.
tão praticáveis quanto eram
então. Esses anos
todos que não
conchavaram,
estou muito feliz
em revê-los
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qual
a novíssima ceia
para Daniel Jablonski
não foi
haviam tornado impossíveis e os poetas cumulavam plataformas
de metrô, nenhum de nós o grande salto. Havia muita volição
de colaborar, certo, mas ninguém que se prontificasse a descer
suas escadas numa manhã de sábado, vera imagem do langor,
blue jeans e Lomo no pescoço, ou. Teria sido apenas eu – o
anfitrião irrequieto dos provérbios? Falou-se infatigavelmente
nossa
sobre as novas mitologias, respostas cada vez mais radicais
à problemática do suporte, os “em-jogos” da autobiografia
precoce. Mas, naquele verão – particularmente cruento para
você e sua enérgica namorada romena – havia apenas uma
certeza em todo o território brasileiro: os romancistas.
surpresa
quando
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dez aproximações, ou homossexualidade iv
enquanto nação
processo da voz: encorpa em torno das mãos, mínguas,
ainda tratam de blocos. Mas agora desesperado de (não, as
calças de veludo de seu avô jamais abrigaram uma ereção tão
i malapropos)
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viii cena contínua num restaurante
de beira de estrada
escreve alguma coisa a quente que ver com essa longa tradição
oral, o amor. Como dimensão épica, ou não conseguimos
suportar a solidão das coisas, domingo é uma baforada e dedos Nesta ficção, eles multiplicam sua correspondência por um
contusos do pernoite em seu corpo número escuso, decididos que se haviam conhecido desde
sempre. Na frente do cinema Gemini, sob signo ainda sem
ix nome. Inventaram nascer um baque impossível de horas,
concomitantes por conveniência
é cidadela conquistada de caminhos largos, fumegantes,
nenhuma alma em seu mais gentil. É bem longe que se assina O mundo se acabara em confissões &
a paz
sundae para o jantar, trapaças de pequena montra. Mas algo
x de luz se engasta nas frestas. Veja através. Diga, o medo é
uma emoção inculta, você vai na quarta xícara de café, sou eu
o meu é o trabalho do espanto. O nosso é o trabalho do mesmo o homem que te escreveu aquelas cartas. Não adianta.
espanto Já estamos doces.
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& the heartbreakers ele pensa em fazer a cama