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MOURA, Almério de

*militar; comte. 1ª RM 1937-1938; min. STM 1940-1942.

Almério de Moura nasceu no Maranhão em 30 de maio de 1880, filho de Venceslau


Bernardino Freire de Moura.

Ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 1897, servindo no
2º Regimento de Artilharia de Campanha até 1899. No ano seguinte cursou a Escola Preparatória e
de Tática do Realengo e, entre 1900 e 1903, a Escola Militar do Brasil, situada na Praia Vermelha,
sempre no Rio. Em 1904 voltou ao 2º Regimento de Artilharia de Campanha, sendo transferido em
1905 do Distrito Federal para Santa Catarina, onde serviu no 3º Batalhão de Artilharia de Posição.
Retornando ao Rio de Janeiro em 1906, serviu na Fábrica de Cartuchos e Artifícios de Guerra, em
Realengo, cursando no ano seguinte a Escola de Artilharia e Engenharia.

Em janeiro de 1907 foi promovido a segundo-tenente e designado para o 9º Regimento de


Cavalaria. Tornou-se primeiro-tenente em 1910, ano em que viajou à Europa na qualidade de
comissário para a compra de armamento e material de guerra. Nos três anos seguintes serviu no
13º Regimento de Cavalaria, sendo promovido a capitão em junho de 1917.

Em 1920 exerceu a função de adido militar à legação brasileira no Paraguai. Promovido a


major em setembro de 1922, foi nomeado no ano seguinte adjunto à 14ª Subchefia do Estado-
Maior do Exército (EME). Em 1925 foi elevado ao posto de tenente-coronel, sendo designado chefe
do gabinete do EME (1926) e comandante da Escola Provisória de Cavalaria (1927). Foi promovido
a coronel em julho de 1928.

Depois da Revolução de 1930, foi indicado pela junta governativa para o comando militar
do palácio Guanabara, residência oficial do presidente da República. Na condição de general-de-
brigada desde maio de 1931, comandou a 6ª Região Militar, sediada em Salvador (1932), a 2ª
Brigada de Infantaria (1933) e a 2ª Região Militar (1934), ambas em São Paulo.

Foi promovido a general-de-divisão em maio de 1937 e no mês seguinte assumiu o


comando da 1ª Região Militar, no Rio de Janeiro, substituindo o general Valdomiro Castilho de
Lima, demissionário depois que as forças empenhadas na permanência de Getúlio Vargas no poder
o acusaram de participar de uma reunião conspiratória e de ser inimigo do regime.
Em 27 de setembro desse mesmo ano, Almério de Moura compareceu a uma reunião de
autoridades militares convocada pelo ministro da Guerra, general Eurico Dutra, com o objetivo de
tratar da repressão ao comunismo. Além do ministro estavam presentes os generais Pedro Aurélio
de Góis Monteiro (chefe do Estado-Maior do Exército), José Antônio Coelho Neto (diretor de
Aviação) e Newton de Andrade Cavalcanti (comandante da 1ª Brigada de Infantaria), além do
capitão Filinto Müller (chefe de polícia do Distrito Federal).

Nessa reunião, discutiu-se a situação política do país, conturbada por rumores de um golpe
comunista iminente. De acordo com a ata aprovada, os presentes foram unânimes, em seus
informes, na denúncia da ação comunista e na pregação da necessidade de um golpe militar
preventivo. Aparteando o ministro da Guerra, que alertava para a conveniência de se fortalecer o
governo na condução do golpe, Almério de Moura declarou-se favorável a “uma ação clara e leal,
que evite confusão e vacilações, principalmente por parte dos chefes que ignoram o que aqui se
passa, por estarem fora da capital federal”. Poucos dias depois desta reunião, a Casa Militar da
Presidência da República divulgou um pretenso plano insurrecional comunista, denominado Plano
Cohen, que contribuiu decisivamente para criar um clima propício ao golpe de Estado que em 10 de
novembro implantou o Estado Novo.

Em maio de 1938, durante a tentativa de golpe integralista, a residência de Almério de


Moura foi atacada, simultaneamente ao assalto ao palácio Guanabara. Em junho do mesmo ano,
foi exonerado da 1ª Região Militar, sendo então designado embaixador especial do Brasil no
Uruguai e depois inspetor-geral do 2º Grupo de Regiões Militares, exercendo essa última função
até novembro de 1940.

Foi então nomeado ministro do Supremo (depois Superior) Tribunal Militar, onde ficou até
novembro de 1942, sendo transferido para a reserva em 1944.

Faleceu no Rio de Janeiro em 14 de agosto de 1944.

Renato Lemos

FONTES: ARQ. GETÚLIO VARGAS; CARONE, E. República nova; CORRESP. SECRET. GER. EXÉRC.;
CORRESP. SUP. TRIB. MILITAR; Grande encic. Delta; LAGO, L. Conselheiros; LAGO, L. Generais; MIN.
GUERRA. Almanaque; NASSER, D. Revolução; SILVA, H. 1937; SILVA, H. 1938.
 

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