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Departamento de Ciências Biológicas

Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Assis

Origem, Definição e Princípios

Docente: Dr. Bruno Henrique de Oliveira

Disciplina: Bioética e Legislação


Bioética e Legislação – FCL/CAs – Bruno Henrique de Oliveira – 19/03/2018
Objetivos

 Explicar os princípios e normas éticas que permeiam a


atuação do biólogo.
 Discutir dilemas éticos no contexto das relações entre
Ciência e sociedade.
 Conhecer a legislação que regulamenta a profissão de
biólogo.
 Fazer escolhas éticas relacionadas à prática
profissional.
 Trabalhar a bioética na sala de aula.

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Conteúdo

 1. Origem e fundamentos da Bioética;


 2. Ideologia, ética e Ciência;
 3. Bioética e Biodireito no Brasil;
 4. Desenvolvimento científico-tecnológico e Bioética.
 5. Dilemas bioéticos: diagnóstico genético, pesquisas com células-
tronco, engenharia genética, meio ambiente, biopirataria, patentes...;
 6. Ética em pesquisa e sua regulamentação;
 7.A pesquisa em seres humanos;
 8. Utilização de animais na pesquisa;
 9. Responsabilidade social, conduta ética e profissional;
 10. Legislação profissional da profissão do biólogo;
 11. Como trabalhar a bioética na sala de aula: conteúdos adequados
aos ensinos fundamental e médio.

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Cronograma
Datas TEÓRICA
Março
12 Introdução à disciplina

19 1. Origem e fundamentos da Bioética


26 2. Ideologia, ética e Ciência
Abril
02 3. Bioética e Biodireito no Brasil
09 4. Desenvolvimento científico-tecnológico e Bioética

16 FILME
23 PESQUISA
30 5. Dilemas bioéticos: diagnóstico genético, pesquisas com células-tronco,
engenharia genética, meio ambiente, biopirataria, patentes
Maio
07 6. Ética em pesquisa e sua regulamentação
14 7. A pesquisa em seres humanos

21 8. Utilização de animais na pesquisa


28 9. Responsabilidade social, conduta ética e profissional
Junho
04 10. Legislação profissional da profissão do biólogo

11 11. Como trabalhar a bioética na sala de aula: conteúdos adequados aos ensinos
fundamental e médio
18 AVALIAÇÃO

25 REC
Julho

Notas:
Leitura e discussão de textos (H)
Produção de texto (K)

Nota Final (NF) = (Média Hs) + K


2

Bibliografia:
ADAUTO, N. (Org) O Homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003. 370p.
AZEVÊDO, E. E. S. Ensino da Bioética: um desafio transdisciplinar. Interface, São Paulo.
v.2, p. 127-138, 1998.
MALUF, A.C.R.F.D. Curso de Bioética e Biodireito. 2ed. São Paulo: Atlas, 2013, 496p.
MAYR, E.; MARTINAZZO, I. (Trad.) Desenvolvimento do pensamento biológico:
diversidade, evolução e herança. Brasília: UnB, 1998, 1107 p.
PAULY, E. L. Ética, educação e cidadania: questões de fundamentação teológica e
filosófica da ética na educação. São Leopoldo: Sinodal, 2002. 176 p.
YAMAGUISHI TOMITA, N. Código de ética do profissional biólogo. Conscientiae Saúde,
São Paulo. v.3, p.115-119, 2004.

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Avaliação

 Instrumentos:
◦ Leitura e discussão de textos (H)
◦ Produção de texto (K)

◦ Nota Final (NF) = (Média Hs) + K


2

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Bioética

 O que é ética?
◦ “éthos”,“ήθος”  “costumes”
◦ “ethos”, “έθος”  “conduta” em sociedade, escolha de
princípios. Caráter.
◦ Conjunto de traços e modos de comportamento que
conformam o caráter ou a identidade de uma
coletividade.
◦ Regras de convivência a partir de conceitos
contemporâneos e históricos.
◦ É a teoria, o estudo da moral, busca explicar,
compreender, justificar e criticar a moral ou as morais
de uma sociedade.A ética é filosófica e científica.

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Bioética

 O que é moral?
◦ “mos”,“mores”  “costumes”,“comportamento”.
◦ Moral é um conjunto de normas que regulam o
comportamento do homem em sociedade.
◦ Estas normas são adquiridas pela educação, pela
tradição e pelo cotidiano.
◦ “Ciência dos costumes”, anterior a própria
sociedade (Durkheim).
◦ A Moral tem caráter obrigatório.
 Valores, princípios, bem/mal, dever...  orientam o
comportamento humano na prática.

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Bioética

 O que é moral?
◦ “Ciência dos costumes” (Durkheim).

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Bioética

 O que é moral?
◦ “Ciência dos costumes” (Durkheim).

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Bioética

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Bioética

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Bioética

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Bioética

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Bioética

 ÉTICA X MORAL

 https://www.youtube.com/watch?v=Q-
CcfQXJJhc

 https://www.youtube.com/watch?v=wtqym2q
8I0c

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Bioética

 O que é Bioética?
◦ Deontologia
◦ “Deonta”,“δέον” (dever) e “Logos”,“λόγος” (razão).
◦ “Ética Profissional”.
◦ “Código de princípios e deveres que se impõem a
uma profissão e que ela se impõe a si própria,
inspirada nos seus valores fundamentais”

◦ Não podem ser distintos dos valores da sociedade,


nem dos valores universais.

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Bioética

 O que é Bioética?
◦ Fritz Jahr (1927) - Bio-Ethik
◦ Pastor protestante, teólogo, filósofo e educador
alemão.

◦ Kosmos: “Relação ética do ser humano com plantas


e animais”.

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Bioética

 Princípios da Bioética
 Década de 70
◦ Van Rensselaer Potter formulou sua definição que
trazia o sentido de ética da terra:
◦ “Nós temos uma grande necessidade de uma ética
da terra, uma ética para a vida selvagem, uma ética
de populações, uma ética do consumo, uma ética
urbana, uma ética internacional, uma ética geriátrica
e assim por diante (...) Todas elas envolvem a
bioética, (...)”.
 Potter VR. Bioethics, the science of survival. Perspectives in
biology and medicine. 1970;14:127- 53.

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Bioética

 Princípios da Bioética
◦ Década de 70
◦ Problemas éticos que emergiam da prática da
assistência à saúde.
◦ 1979: Beauchamp e Childress
 “Princípios da Bioética”: teoria fundamentada em
quatro princípios básicos:
 NÃO-MALEFICÊNCIA;
 BENEFICÊNCIA;
 AUTONOMIA;
 JUSTIÇA.

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Bioética

 Princípios da Bioética
◦ Década de 80
◦ 1988: Potter
◦ Nova definição para a bioética, sendo esta a
“bioética profunda”.

◦ “Bioética é uma nova ciência ética que combina


humildade, responsabilidade e uma competência
interdisciplinar, intercultural e que potencializa o
senso de humanidade”.

Potter VR. Global bioethics: building on the Leopold legacy. East Lansing: Michigan State University Press; 1988.
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Bioética

 Princípios da Bioética
◦ Brasil
◦ Déc. 1990.
◦ Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou o
primeiro periódico na área.

◦ 1995: Sociedade Brasileira de Bioética.

◦ A bioética é tratada de maneira multidisciplinar.


◦ Principais temas relacionados: Aborto; Clonagem;
Eutanásia; Ética médica; Transgênicos; Células
tronco; Consentimento informado.
Potter VR. Global bioethics: building on the Leopold legacy. East Lansing: Michigan State University Press; 1988.
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Biólogo

 “Juro pela minha fé e pela minha honra e de


acordo com os princípios éticos do
Biólogo, exercer as minhas atividades
profissionais com honestidade, em defesa
da vida estimulando o desenvolvimento
Científico, Tecnológico e Humanístico com
justiça e paz”
Juramento do Biólogo (Res. nº 3, de 2 de setembro de 1997).

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NÃO-MALEFICÊNCIA

 Obrigação de não infligir dano intencional.


 Evitar intervenções que determinem desrespeito
à dignidade do paciente ou como pessoa.
 Se uma pessoa já se encontra em um mal estado
(dores, enfermidades, depressão, etc) é sensato
que se evite ao máximo mais um dano, seja ele
qual for.
 Assegura que sejam minorados ou evitados
danos físicos aos sujeitos da pesquisa ou
pacientes.

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NÃO-MALEFICÊNCIA

 Riscos da pesquisa são as possibilidades de


danos de dimensão física, psíquica, moral,
intelectual, social, cultural ou espiritual do ser
humano, em qualquer fase de uma pesquisa e
dela decorrente.
 Dano associado ou decorrente da pesquisa é
o agravo imediato ou tardio, ao indivíduo ou à
coletividade, com nexo causal comprovado,
direto ou indireto, decorrente do estudo
científico.

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BENEFICÊNCIA

 Fazer o bem é um dever.


 É obrigação ética de maximizar benefícios e minimizar
danos ou prejuízos.
 Reconhecimento do bem supremo que é a vida humana e
do reconhecimento de sua dignidade, que transcende seus
aspectos materiais, qualquer que seja a situação biológica
econômica ou cultural em que o indivíduo se encontre.
 Evitar submeter o paciente a intervenções cujo
sofrimento resultante seja muito maior do que o benefício
eventualmente conseguido.
 Assegura o bem-estar das pessoas, evitando danos e
garantindo que sejam atendidos seus interesses.

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AUTONOMIA

 O ser humano tem o direito de usufruir do


seu livre-arbítrio.
 Deve-se respeitar a vontade, os valores
morais e as crenças, a historicidade, as
idiossincrasias de cada pessoa ou, em caso de
ausência de sua consciência, de seu
representante legal.
 Qualquer imposição tornar-se-á uma postura
ditatorial e, por isso, agressão à intimidade do
ser humano.

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AUTONOMIA

 O princípio do respeito à pessoa é ponto central


nas discussões bioéticas.
 Requer do profissional: respeito à vontade, à
crença, aos valores morais do sujeito, do
paciente, reconhecendo o domínio do paciente
sobre sua vida e o respeito à sua intimidade.
 Em pesquisa:
◦ Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a ser
feito pelo pesquisador e preenchido pelos sujeitos da
pesquisa ou seus representantes legais, quando os
sujeitos estiverem com sua capacidade.

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AUTONOMIA

 Circunstâncias especiais:
◦ Incapacidade: de crianças, adolescentes ou adultos, por
diminuição da capacidade de raciocínio e decisão, e nas
patologias neurológicas e psiquiátricas severas.
 Animais???

 Situações de urgência:
◦ Quando se necessita agir e não se pode obter o
consentimento.
◦ Obrigação legal de declaração das doenças de
notificação compulsória.
◦ Risco grave para a saúde de outras pessoas: obrigação
de informar mesmo sem a autorização do paciente.

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JUSTIÇA

 Justa distribuição dos bens e serviços implica que o acesso


a eles deve ser sempre universal.
 Deve-se avaliar quem necessita mais e preceder a atenção
igualitária.
 Equidade na distribuição de bens e benefícios.
 Igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas
do Estado para a saúde, a pesquisa etc.
 É preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada
um.
 Não seria ética uma decisão que levasse um dos
personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se
prejudicar.

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CONFLITOS

 Autonomia x Beneficência
◦ Nem sempre o paciente tem condições de avaliar
qual o melhor tratamento para ele (afinal ele é
leigo, não tem o conhecimento técnico necessário
para isso).
◦ Imaginemos um paciente que tem uma doença que
exige a prescrição de medicamentos.
 “O paciente é adulto, sua autonomia deve ser respeitada e
por isso ele faz o que ele quiser”.

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CONFLITOS

 Autonomia x Beneficência
◦ Nem sempre o paciente tem condições de avaliar
qual o melhor tratamento para ele (afinal ele é
leigo, não tem o conhecimento técnico necessário
para isso).
◦ Imaginemos um paciente que tem uma doença que
exige a prescrição de medicamentos.
 “O paciente é adulto, sua autonomia deve ser respeitada e
por isso ele faz o que ele quiser”.

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