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JOHN FLAVEL
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Sumário
Nota do Editor
O QUE É GUARDAR O CORAÇÃO?
O QUE IMPORTA E ESTÁ PRESSUPOSTO NA GUARDA DO
CORAÇÃO
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Nota do Editor: John Flavel [1628-1691] foi um puritano, ministro
presbiteriano inglês. A sua piedade, fruto da obra de Deus nele, é uma
de suas características mais ressaltadas por seus biógrafos. No Brasil, é
conhecido por sua excelente e edificadora obra acerca da Providência.
Como puritano que é, seus escritos têm profundida teológica, atrelado
a simplicidade e ao tato pastoral. O presente material é o primeiro
capítulo de um de seus clássicos de natureza pastoral: Guarde o seu
coração [Keeping the Heart], uma exposição minuciosa de Provérbios
4.23. O primeiro capítulo discorre acerca do que é guardar o coração.
O dever aqui trabalhado é essencial na vida do crente, por isso, essa
obra é extremamente útil e instrumento de bênção do Senhor.
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O QUE É GUARDAR O CORAÇÃO?
Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes
da vida.
(Provérbios 4:23)
O coração do homem é a sua pior parte, antes de ser regenerado, e a
sua melhor, depois. É o assento dos princípios e a fonte das ações. Os
olhos de Deus estão e os olhos do cristão também devem estar fixados,
principalmente, nele.
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1. O ASSUNTO DO DEVER: Guarda seu coração.
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[A palavra hebraica para guardar], no texto, é uma palavra tomada da
[imagem de] uma guarnição assediada por muitos inimigos externos e
em perigo de ser traída por cidadãos traiçoeiros internos; perigo que
os soldados, sob dor da morte, são ordenados a vigiar.
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homem mau, do tesouro maligno de seu coração, traz o que é mau: a
boca fala do que o coração está cheio” [Mt 12.35].
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primeiro lugar, eu vou perguntar o que importa e está pressuposto na
guarda do coração. Em segundo lugar, atribuir diversas razões pelas
quais os cristãos devem fazer deste o empreendimento principal de
suas vidas. Em terceiro lugar, salientar os períodos que, especialmente,
chamam para esta diligência em guardar o coração. Em quarto lugar,
aplicar o todo.
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O QUE IMPORTA E ESTÁ PRESSUPOSTO NA GUARDA DO
CORAÇÃO
Para guardar o coração, necessariamente, é pressuposto uma
obra anterior de regeneração, que estabeleceu o correto coração,
dando-lhe uma nova inclinação espiritual. Enquanto o coração não se
ajuste à graça como a uma moldura habitual, nenhum meio pode
endireitá-lo a Deus. O eu é a fonte do coração não renovado, o qual
avança e se move em todos os seus projetos e ações. Enquanto for
assim, é impossível que qualquer meio externo o mantenha com Deus.
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subjugado; o desejo rebelde, gradualmente, conquistado. Assim, a
alma, que o pecado havia universalmente depravado, é, pela graça,
restaurada.
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uma hora de conversa com seus próprios corações. É difícil fazer com
que um homem e ele mesmo se juntem em tal obra. Mas os santos
sabem que esses solilóquios são muito saudáveis. O pagão poderia
dizer: “a alma é sábia ao ficar quieta na quietude”. Embora os falantes
não se importam com as contas, os corações honestos saberão se
retrocedem ou se avançam. “Eu me comunico com meu próprio
coração”, diz Davi. O coração nunca pode ser guardado até que seu
caso seja examinado e compreendido.
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enchem a boca com argumentos, choram e fazem súplicas: "Ó, por um
coração melhor! Ó, por um coração amar mais a Deus e odiar mais o
pecado; por um caminhar mais uniformemente com Deus. Senhor!
Não me negue esse coração; pode me negar tudo, [mas] me dê um
coração para temer o Senhor, amá-lo e deleitar-se em Ti, se eu imploro
meu pão em lugares desolados. Observa-se um santo eminente, que
quando ele estava confessando o pecado, ele nunca cederia a confissão
até que ele sentisse algum quebrantamento de coração por aquele
pecado. Quando orava por qualquer misericórdia espiritual, jamais
cederia esse traje até que obtivesse algum prazer daquela
misericórdia.
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si mesmos da iniquidade. Aquele que guardará seu coração deve
comer e beber com temor, se alegrar com temor e passar o tempo
inteiro de sua permanência aqui com temor. Tudo isso é pouco para
guardar o coração do pecado.
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coração por pecado, enquanto você está confessando; derretido
com livre graça, enquanto você está exaltando a Deus por isso;
ser realmente envergonhado e humilhado pelas apreensões da
santidade infinita de Deus e para manter seu coração nesse
quadro, não só durante, como também depois do dever;
certamente, lhe custará alguns gemidos e dores de alma.
Reprimir os atos exteriores do pecado e compor a parte externa
da tua vida de uma maneira louvável, não é grande coisa –
mesmo as pessoas carnais, pela força de princípios comuns,
podem fazer isso. Mas, matar a raiz da corrupção interior,
estabelecer e manter um governo santo sobre o seu pensamento,
ter todas as coisas em linha reta e ordenada no coração – isso não
é fácil.
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dela como um presente. Mas se isso não lhe for dado, Ele não
considerará o que mais você trouxer a Ele. Há apenas muita
dignidade no que fazemos, quanto há de coração no que
fizermos. No que diz respeito aos ouvidos, Deus parece dizer,
como José de Benjamim: “Se você não trouxe Benjamim com
você, você não verá meu rosto”. Entre os pagãos, quando a besta
foi cortada para sacrifício, a primeira coisa que o sacerdote
considerava era o coração; e se ele fosse pobre e sem valor, o
sacrifício era rejeitado. Deus rejeita todos os deveres (quão
gloriosos seja em outros aspectos) que lhe são oferecidos sem o
coração. Aquele que executa o dever sem o coração, isto é, sem
cuidado, não é mais aceito com Deus do que aquele que o
executa com um coração doble, isto é, hipocritamente.
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