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DIREITO
CONSTITUCIONAL
Professor Deomar Adriano Gmach
Módulo II – Aula 3
Direitos individuais em espécie
DIREITO CONSTITUCIONAL: Módulo II – Aula 3
Direitos Individuais em Espécie
Prezados futuros colegas de trabalho, chegamos à nossa última aula do módulo II!
Nesta aula vamos estudar os dois últimos direitos basilares do Estado democrático de
direito: o direito à propriedade e o direito à segurança.
Sobre o direito à propriedade, eu preciso dizer que ele mudou muito desde a revolução
francesa, desde que o homem “conquistou” esse direito fundamental do Estado. Esse
direito já foi considerado um direito absoluto, um direito natural do homem... de tal
modo que, ao conquistar esse direito, o que o cidadão queria era que não houvesse
nenhum tipo de interferência do Estado na sua propriedade. Hoje essa noção mudou.
Se aceita, em alguma medida, a interferência do Estado em virtude da chamada “função
social da propriedade”. Vamos estudar isso um pouco melhor mais à frente.
Sobre o direito à segurança, o que precisa ficar claro na cabeça de vocês é que não
estamos falando aqui de segurança pública (polícia civil, polícia militar, guarda
municipal...). O pilar segurança no Estado democrático de direito, no contexto dos
direitos fundamentais, diz respeito à necessidade que o homem tem de saber que o
Estado irá respeitar certos direitos. Quando falamos de direito fundamental à
segurança, falamos em ferramentas que garantem (que dão segurança) que o cidadão
terá os seus direitos respeitados.
Aqui, assim como fizemos nos primeiros materiais, vamos aprofundar algumas coisinhas
e trazer outras não discutidas em sala de aula, ok?
DIREITO À PROPRIEDADE
O direito à propriedade é expressamente garantido pelo art. 5º, não apenas no caput,
como nos inciso XXII e seguintes da Constituição. Esse direito não é absoluto, devendo
a propriedade atender à sua função social. Há, portanto, limites a este direito, como a
possibilidade de desapropriação, a requisição...
Se a propriedade já fora considerada espécie de direito natural pela célebre Declaração
Universal dos Direitos do Homem de 1789 ou, ainda, direito absoluto pelo art. 436 do
Código Civil napoleônico, hoje há de cumprir sua função social. Dizer que a propriedade
precisa cumprir a sua função social, em termos bem simplistas, é dizer que o direito de
propriedade deve atender aos condicionamentos do bem-estar geral.
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Direitos Individuais em Espécie
Por exemplo: no centro da cidade X tem uma propriedade urbana, em que não há
construção, e o dono está há 30 anos especulando com aquela propriedade. Nunca
vende, nunca constrói, não aluga... Não faz nada! Essa propriedade está cumprindo a
sua função social? Está ajudando, de alguma forma, no desenvolvimento daquela
cidade?
DESAPROPRIAÇÃO
• Necessidade pública;
• Utilidade pública;
• Interesse social.
A Constituição afirma ainda que, se o Estado tiver que tomar a propriedade de alguém,
ele terá que indenizar previamente e em dinheiro essa pessoa. Contudo, a própria
Constituição traz algumas exceções a essas regras. Veremos essas exceções um pouco
mais à frente.
DIREITO DE HERANÇA
DIREITO À SEGURANÇA
Há duas maneiras de se formular/redigir as normas que cuidam dos direitos
fundamentais, quais sejam: 01) simplesmente se enunciar os próprios direitos
fundamentais; 02) escrevê-los com o objetivo de assegurar a defesa desses direitos
fundamentais, impondo limites à atuação de quem deva observá-los.
No primeiro caso, a disposição normativa faz menção ao tipo de direito fundamental
(direito à liberdade religiosa, de expressão etc.); no segundo, o constituinte utiliza outra
espécie de disposição pela qual se estabelecem garantias fundamentais, cujo objetivo
não é propriamente enunciar um direito, mas prevenir ou corrigir uma violação a certos
direitos fundamentais.
A essa segunda forma de escrever os direitos fundamentais nós damos o nome de
garantias fundamentais. São as garantias fundamentais que darão SEGURANÇA ao
cidadão de que seus direitos serão preservados. O exemplo clássico dessa relação entre
direito e garantia é o do direito de locomoção. Em tempos de paz o cidadão tem direito
de se locomover como quiser no território brasileiro, ressalvadas as situações que já
discutimos a respeito desse tema. Se o Estado tentar retirar o direito do cidadão se
locomover de forma contrária ao que diz a Constituição, o cidadão contará com o habeas
corpus para fazer cessar esse atentado ao seu direito fundamental.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade está previsto no artigo 5º, inciso II da CF/88. Pelo princípio da
legalidade, o cidadão pode fazer tudo que a lei não proíba. No contexto das garantias,
tal princípio dá a segurança de ação ao cidadão de que o Estado e seus agentes também
irão respeitar a sua autonomia privada.
Prezados, é importante deixar claro que os direitos e garantias expressos na CF/88 não
excluem outros de caráter constitucional decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, além da existência de outros de caráter infraconstitucional decorrentes dos
tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário (art. 5°, § 2°). Isso quer dizer
que nós aqui não esgotamos todas as garantias Constitucionais e nem a própria
Constituição fez isso. Mas sigamos firmes e confiantes de que aprendemos as mais
importantes e vamos agregando aos poucos mais conhecimento!
Art. 5º, XXVI da CF/88 - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento;
Art. 5º, XXX da CF/88 - é garantido o direito de herança;
Art. 5º, XXXI da CF/88 - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
Art. 5º, II da CF/88 - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
Art. 05º XXXV da CF/88 - A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;
Art. 05º, XXXVI CF/88 - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;
Art. 05º LIV da CF/88 - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
o devido processo legal;
Art. 05º LV da CF/88 - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;
Art. 184. da CF/88 Compete à União desapropriar por interesse social, para fins
de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Art. 185. da CF/88 São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma
agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e
fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
Art. 186. da CF/88 A função social é cumprida quando a propriedade rural
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos
em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
DIREITO CONSTITUCIONAL: Módulo II – Aula 3
Direitos Individuais em Espécie
Não chega a ser bem uma “pegadinha” no seu sentido mais CESPE de ser, mas
gostaria de compartilhar com vocês uma questão específica relacionada com um
tema que não tratamos ainda nesse material. Vejam o que a CESPE cobrou em
um concurso de 2011 para a PREVIC:
Art. 5º, XXVI da CF/88 - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.
Essa questão está correta e vai ao encontro de tudo o que já estudamos até
agora. Apesar de ser menos comum em provas, é possível que a banca
examinadora queira saber se vocês entenderam um pouco como se deu (como
está se dando) a construção não só dos direitos, mas também das garantias
fundamentais. Lá no nosso primeiro módulo, demos uma pincelada sobre a
construção histórica e as dimensões dos direitos fundamentais. Foram trazidas
para vocês 03 dimensões de direitos fundamentais. Mas elas não são as únicas.
Depois delas outras vieram. Aqui no Paraná, nós temos o professor Zulmar Fachin
que estuda uma sexta dimensão dos direitos fundamentais.
As outras dimensões dos direitos fundamentais para vocês não são importantes.
Mas é importante ficar bem claro que, a partir da perspectiva humana, quanto
mais o homem e a sociedade se desenvolvem, mais a necessidade de novos
direitos e garantias vão surgir e o ordenamento constitucional terá que dar
respostas a essas necessidades.
GABARITO
01 E
02 E
03 C
04 C
05 E
06 E
07 C
08 E
09 C