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CORRÊA, Laura Guimarães; SILVEIRA, Fabrício José N. Representação.

In:
FRANÇA, Vera Veiga França; MARTINS, Bruno Guimarães; MENDES, André Melo.
Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade (GRIS): trajetória, conceitos e
pesquisa em comunicação. Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
- PPGCom - UFMG, 2014.
Em muitas áreas do conhecimento, notadamente a filosofia e a semiótica, o termo
representação liga-se à ideia de substituição. Diz-se, pois, de algo que está no lugar de
alguma coisa que não se faz presente, que se mostra distante no tempo e no espaço.
Sendo assim, é usado, na maioria das vezes, como sinônimo de signo. p. 208
a representação é também – e principalmente – uma operação de apropriação e de
invenção a partir de elementos daquilo que é representado. p. 208
Entretanto, enquanto vocábulo portador de ambiguidades, representação também se
refere, como o atesta Stuart Hall, ao processo pelo qual os membros de uma cultura
usam a linguagem para produzir sentido. p. 209
a) representar alguma coisa refere-se ao processo de descrevê-la, chamá-la à mente
pela descrição, retrato ou imaginação, como por exemplo: “esta pintura
representa o assassinato de Abel por Caim”; e b) representar também significa
simbolizar, substituir.
a representação consiste na redução de uma complexidade, ou seja, apresenta-se como
um modo de narrar/descrever o mundo. Como símbolo, trata-se de uma convenção
socialmente compartilhada e uma das muitas possibilidades de se ler um signo. p. 209
Roger Chartier: é preciso ter em mente que representar é também dar sentido ao
mundo por meio da linguagem, pois “[...] é por meio dos significados produzidos pelas
representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos”. p. 209
o conceito é utilizado pelo GRIS próximo às questões da linguagem que, por sua vez,
não deve ser vista como um sistema fechado, estático; isso porque, as representações
possuem, inevitavelmente, um caráter de indecidibilidade e de imprecisão, uma abertura
para diferentes campos de sentido. p. 210
Como bem destacou Michel Foucault, as representações estão diretamente conectadas
à produção do saber social historicizado e suas dimensões e consequências nas ideias de
verdade e na circulação do poder. p. 210
Não por acaso o conceito representação se aproxima da ideia de imagem, e também, não
por acaso, fala-se muito de ambos no interior das ciências humanas.
O olhar microssociológico irá pensar a representação como sinônimo de encenação – no
termo original, performance – no sentido de (re)criação de um papel para si: “a própria
vida é uma encenação dramática”. p. 211
para (Erving) Goffman, as representações se tornam capazes de ressaltar os valores
oficiais comuns da sociedade em que se processa. p. 211
As representações coletivas, para (Émile) Durkheim, apresentavam-se como instâncias
de valorização do simbólico coletivo tomadas enquanto princípio orientador da
realidade social. p. 211
Já na visada proposta por Serge Moscovici, as representações sociais ligar-se-iam a
formas de criações sociais imersas no domínio das injunções políticas, culturais e
históricas que caracterizam a modernidade. p. 211
Assim, as representações não devem ser tomadas como dados ou entidades explicativas
absolutas, mas como fenômenos que apresentam tensões e conflitos em suas estruturas e
mecanismos internos. Essa formulação nos permite apontar que elas estão o tempo todo
em movimento e em circulação na sociedade e são materializadas em imagens, textos,
objetos e práticas dos sujeitos. p. 212
o estudo das representações se apresenta como área de fundamental importância para o
campo da comunicação, uma vez que as instâncias midiáticas, sejam estas o jornalismo,
a publicidade, as narrativas ficcionais, estão constantemente oferecendo, reutilizando e
se apropriando de representações imagéticas e textuais para construir seus discursos e
promover a interação com seus públicos. p. 212
torna-se evidente que as representações da/na mídia falam da sociedade em que vivemos
e nos contam sobre nós, sobre o outro, sobre quem somos, sobre como agimos,
pensamos, sentimos. Esse não é um movimento unidirecional, mas marcado pela
reflexividade, posto que imagens e representações “são produzidas no bojo de processos
sociais, espelhando diferenças e movimentos da sociedade”. p. 213

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