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09/07/2019 – 12/07/2019
mclarapaivac@outlook.com
oliviacperez@yahoo.com.br
RESUMO
O Brasil acumulou, nas últimas três décadas, variadas experiências e estudos sobre
participação social. Hoje, a participação é uma característica distintiva da gestão das
políticas públicas no país, referência internacional, e constitui um campo de estudos
consolidado nas ciências sociais brasileiras.
Os estudos sobre participação no Brasil ganharam destaque com a ação dos
movimentos sociais no processo de redemocratização brasileira, que culminou com a
Constituição de 1988. Estudos como o famoso livro de Eder Sader, "Quando novos
personagens entraram em cena" (1988), apostavam na ação dos novos movimentos sociais
para a ampliação da participação dos cidadãos nas decisões públicas.
De fato, a Constituição de 1988 garantiu mecanismos de participação semidireta
(plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei) além da previsão da participação da
sociedade civil nas políticas públicas. Para consolidar tais diretrizes, inúmeras experiências
participativas multiplicaram-se pelo país, tais como Conselhos Gestores, Fóruns e
Orçamentos Participativos.
Diante da novidade e posterior multiplicação de experiências de participação no país,
a primeira geração de estudos sobre o tema voltou-se à reflexão sobre a potencialidade
dessas experiências inovadoras em incluir novos atores e demandas populares nas
decisões sobre a coisa pública, democratizando o Estado e estabelecendo novas formas de
governar (BAIERLE, 2000; AVRITZER e NAVARRO, 2003). Tais estudos também passaram
a analisar com maior profundidade o desenho institucional das diferentes experiências de
participação, bem como a qualidade da deliberação, levantando desafios de caráter técnico
e político para a efetiva participação da sociedade civil e democratização do Estado. Um
outro grupo de estudos passou a olhar mais de perto as Instituições Participativas (IP)
apontando, por exemplo, o seu caráter representativo, a despeito da participação ampla e
direta dos cidadãos que se esperava com tais experiências (PEREZ, 2011).
A disponibilidade e acúmulo de dados permitiu a confecção de pesquisas
quantitativas e comparativas, ampliando a compreensão do que efetivamente fazem as IPs
em seus "ciclos de vida", e permitindo mais generalizações sobre o tema (LAVALLE, VOIGT
e SERAFIM, 2016). Reflexões mais recentes destacam a inter-relação e mútua constituição
entre Estado e sociedade civil (ABERS e VON BÜLOW, 2011; ABERS, SERAFIM e
TATAGIBA, 2014). Tais estudos apontam para uma agenda de pesquisa sobre a relação
entre movimentos sociais e Estado, focando, por exemplo, nos impactos do ativismo estatal
sobre a formulação de políticas públicas.
A despeito desse acúmulo, novos flancos podem e devem se abrir nos estudos sobre
participação. Clivagens sociais tais como gênero, raça-cor-etnia, escolaridade e região
dificultam o acesso de grupos a direitos, inclusive o direito de participar. A ciência política e
os estudos sobre participação já vem incorporando esse olhar ao focar, por exemplo, o
gênero dos participantes dos Conselhos ou a ação de movimentos com pautas antirracistas.
Esse é um campo de estudo que se abre acompanhando a ascensão de tais temas nas
universidades, movimentos sociais, e mesmo dentro do Estado.
Outra limitação nos estudos sobre participação está relacionada aos objetos de
análise: os estudos são feitos principalmente a partir instituições e atores das regiões Sul e
Sudeste do país. Porto Alegre e Belo Horizonte são tomados como exemplos de
Orçamentos Participativos, assim como os Conselhos Gestores da Saúde de São Paulo são
exemplos de sucesso (BAIERLE, 2000; AVRITZER e NAVARRO, 2003; PEREZ, 2011).
Falta na área uma sistematização e construção de uma agenda de pesquisa sobre a
participação em contextos regionais mais diversos.
Nos poucos estudos existentes, há a predominância de análises das grandes
metrópoles nordestinas (Recife, Salvador e Fortaleza) e ausência de capitais como João
Pessoa, Alagoas, Teresina, Natal, São Luís, Maceió; quiçá estudos comparativos destas
capitais, ou ainda experiências de pequenos municípios e contextos rurais. As grandes
variações entre sub-regiões nordestinas foram pouco exploradas na seleção de casos de
estudos sobre o tema.
Logo, faz-se urgente e necessário aprofundar este debate em um contexto de
insegurança e instabilidade nas arenas tradicionais de representação e de retrocesso no
plano dos direitos de cidadania. O enfrentamento das desigualdades regionais e do
subdesenvolvimento também devem receber a atenção, integrando debates que até hoje
correm em paralelo.
A presente proposta tem como objetivo sistematizar a reflexão sobre a participação
no Nordeste analisando o quanto os atores sociais e instituições incidem de fato nas
políticas públicas na região, e quais os desafios para a democratização das relações entre
Estado e sociedade no contexto nordestino, em suas realidades sub-regionais. Essa
sistematização não será feito apartado dos estudos desenvolvidos em outras regiões:
propõem-se pensar o Nordeste em estreita relação com os estudos mais recentes na área.
REVISÃO DA LITERATURA
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
Com a análise dos trabalhos, majoritariamente foi-se percebidos mais problemas do que
êxitos com relação ao processo participativo. Entretanto isso ocorre em decorrência de que tal
processo foi adotado recentemente na região Nordeste e ainda são necessário muitos ajustes para
que tal participação ocorra de modo a beneficiar tanto a sociedade quanto o poder público, visto que
é um espaço constituído de forma plural, visando o crescimento político desses atores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVRITER, L. A Participação Social no Nordeste. In: Participação e Distribuição nas Políticas
Públicas do Nordeste. Belo horizonte, p. 9-44, mar. 2007.
TRANJAN, J. A sociedade Civil Brasileira Pela Lente da Participação Cidadã. In: Brasil: 25 anos
de democracia – Participação, Sociedade civil e cultura política Rio de Janeiro: Fundação Konrad
Adenauer, 2016.