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Direito das Obrigações

1-Estabeleça a diferença entre a consequência da falta de pagamento da renda em


um Contrato de Arrendamento e a consequência da falta de pagamento da
prestação de gás em uma Venda à Prestações.
Antes mesmo de elencar a diferença existente entre as figuras, é mister dizer que o
pagamento da renda em um contrato de arrendamento assume-se como prestação
periódica, que é a prestação duradoura cuja execução é sucessivamente repetida em
certos períodos de tempo, ou seja, há uma pluralidade de obrigações distintas
emergentes de um único vínculo fundamental que sucessivamente as origina, o decurso
do tempo determinará o número de prestações, não podendo haver qualquer definição
inicial do seu montante global. Já o pagamento da prestação de gás em uma venda à
prestações se assume como prestação fraccionadas, que são as prestações instantâneas
em que o montante global é dividido em várias fracções, a realizar sucessivamente, ou
seja, há uma única obrigação cujo objecto é dividido em fracções, havendo definição
prévia do montante global e o decurso do tempo não influi no conteúdo e extensão da
prestação, apenas no modo de realização.
Nesta senda, e indo para o que nos interessa, a diferença entre a consequência da falta
de pagamento nas duas vertentes apresentadas reside no regime de resolução do
contrato, a citar:
- Na falta de pagamento da renda em um Contrato de Arrendamento o incumprimento
não determina o vencimento das demais prestações, ou seja, a resolução não afecta as
prestações já executadas, a prestação se prolonga de tal forma que o tempo em cada
momento forma uma prestação com fundamento no n.º2, do artigo 434.º, do Código
Civil Angolano.
- Na falta de pagamento da prestação de gás em uma Venda a Prestações havendo
incumprimento de uma prestação dá lugar ao vencimento das prestações anteriormente
realizadas, ou seja, a resolução produz efeitos retroactivamente, isto quer dizer que
afecta até as prestações anteriormente realizadas, conforme refere o n.º1 do artigo 434.º
do Código Civil.
O pagamento da renda pelo locatório (artigo 1038.º do Código Civil) segue o regime
apresentado por uma razão de ordem prática, porquanto a obrigação faz corresponder a
outra parte um benefício que caso seja utilizado é difícil de reverter, por isso, o Ilustre
Prof. Santos Júnior refere que “ ressolvido o contrato de arrendamento por não
pagamento da renda, a resolução não opera retroactivamente, o que significa que o
locador não tem que devolver as rendas anteriormente recebidas, do mesmo modo, que
o locatário não devolve o gozo anterior”.
Por conseguinte, apraz-nos dizer que a diferença entre a consequência da falta de
pagamento da renda em um Contrato de Arrendamento e a consequência da falta de
pagamento da prestação de gás em uma Venda à Prestações reside no tratamento legal
diferenciado no âmbito da resolução do contrato.

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