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Índice

1 INTRODUÇÃO AO CONCRETO ARMADO............................................................................... 4


1.1 INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................................................... 4
1.2 CONCRETO ...................................................................................................................................... 9
1.3 AÇO .............................................................................................................................................. 29
1.4 SEGURANÇA .................................................................................................................................. 34
Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar 1.5 REQUISITOS DE QUALIDADE DA ESTRUTURA ................................................................................. 51
1.6 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL ............................................................................................................ 55
Curso de Engenharia Civil 1.7 EXEMPLO DE LANÇAMENTO ESTRUTURAL..................................................................................... 68
2 DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO SIMPLES ......................................................................... 71
2.1 ESTÁDIOS DE FLEXÃO ................................................................................................................... 71
2.2 DIAGRAMA DE TENSÕES PARÁBOLA-RETÂNGULO ......................................................................... 73
2.3 HIPÓTESES DE CÁLCULO PARA SOLICITAÇÕES NORMAIS ............................................................... 75
2.4 DOMÍNIOS DE DEFORMAÇÃO ......................................................................................................... 75
2.5 VARIÁVEL ξ .................................................................................................................................. 78
2.6 POSIÇÃO LIMITE DA LINHA NEUTRA .............................................................................................. 79
2.7 DIMENSIONAMENTO DE SEÇÕES RETANGULARES .......................................................................... 82
2.8 VIGAS DE SEÇÕES T ...................................................................................................................... 92
2.9 MOMENTO DE SOLIDARIEDADE ENTRE VIGA E PILAR..................................................................... 99
2.10 ARREDONDAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES ............................................... 101
2.11 EXERCÍCIOS DE DIMENSIONAMENTO DE SEÇÃO RETANGULAR ................................................ 102
3 DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO CORTANTE ............................................................ 109

Estruturas de Concreto Armado I 3.1


3.2
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 109
TENSÕES PRINCIPAIS ................................................................................................................... 110
3.3 MODOS DE RUPTURA .................................................................................................................. 112
3.4 ANALOGIA DE TRELIÇA CLÁSSICA .............................................................................................. 115
3.5 A TRELIÇA GENERALIZADA ......................................................................................................... 116
3.6 DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO CORTANTE - ELU ................................................................... 118
3.7 REDUÇÃO DO ESFORÇO CORTANTE NO APOIO.............................................................................. 126
3.8 DISTRIBUIÇÃO LONGITUDINAL (COBERTURA DO DIAGRAMA) ..................................................... 128
3.9 DETALHAMENTO ......................................................................................................................... 129
3.10 DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR (DECALAGEM) .................................. 131
3.11 ARMADURA DE SUSPENSÃO .................................................................................................... 134
4 DIMENSIONAMENTO À TORÇÃO ......................................................................................... 137

Prof. Luiz Alberto Duarte Filho, MSc. 4.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 137
4.2 DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES ........................................................................... 139
4.3 ARMADURA MÍNIMA ................................................................................................................... 148
4.4 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS ...................................................................................................... 149
5 DETALHAMENTO LONGITUDINAL DE VIGAS ................................................................. 150
5.1 ADERÊNCIA ................................................................................................................................. 150
5.2 EMENDAS .................................................................................................................................... 157
5.3 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE O PROJETO DE VIGAS....................................................................... 163
5.4 EXEMPLO DE PROJETO DE VIGA ................................................................................................... 169
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................. 188

ANEXO 1: REAÇÕES E MOMENTOS EM VIGAS ......................................................................... 190


Itajaí, agosto de 2014 ANEXO 2: NÚMERO MÁXIMO DE BARRAS POR SEÇÃO ......................................................... 192

ANEXO 3: ALFABETO GREGO ......................................................................................................... 193

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ANEXO 4: TRANSFORMAÇÃO DE UNIDADES ............................................................................. 194

ANEXO 5: COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BÁSICO (llB) ..................................................... 194 1 Introdução ao Concreto Armado
ANEXO 6: ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL ................................................... 195

ANEXO 7: COMPRIMENTO DOS ESTRIBOS ................................................................................. 196 1.1 Introdução geral


ANEXO 8: REAÇÕES DE LAJES ....................................................................................................... 197 1.1.1 Definição
ANEXO 9: CARGAS PARA CÁLCULO DE ESTRUTURAS DE EDIFICAÇÕES ....................... 200
O concreto armado é um material composto, constituído por concreto simples e barras
ANEXO 10: PROVAS DE SEMESTRES ANTERIORES ................................................................. 204 de aço sem tensão prévia (armadura passiva ou frouxa). Seu emprego é conhecido em
todo mundo e, dado seu baixo preço, é utilizado em praticamente todos os tipos de
estrutura.

Segundo Süssekind (1984), a viabilidade do concreto armado se deve a três razões


básicas:

a) Trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os dois


materiais.

A aderência é responsável pela transmissão interna de esforços entre os dois materiais,


pois assegura a igualdade de deformações específicas das barras de aço e do concreto
que as envolve. Assim, nas regiões tracionadas, onde o concreto possui resistência
praticamente nula, ele sofre fissuração ao se deformar, o que, graças à aderência, arrasta
consigo as barras de aço, forçando-as a trabalhar e absorver os esforços de tração.
Conforme mostrado na Fig. 1.1, caso não existissem barras de aço o concreto romperia
de forma brusca sob cargas pequenas.

Então, o princípio básico das peças de concreto armado é combinar o concreto e o aço
de maneira tal que, em uma mesma peça, os esforços de tração sejam absorvidos pelo
aço e os esforços de compressão pelo concreto.

b) Os coeficientes de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente iguais

Para o concreto, o coeficiente de dilatação térmica α é aproximadamente 1,0×10-5/ºC, e


o aço possui α = 1,2×10-5/ºC. Esta diferença é irrisória para as variações de temperatura
a que estão submetidas as obras correntes, ainda mais pelo fato do aço estar protegido
pelo cobrimento de concreto.

c) O concreto protege o aço de oxidação, garantindo a durabilidade da estrutura. Esta


proteção ocorre de duas formas:

- Proteção física, por meio do cobrimento;


- Proteção química, pois no concreto se forma um ambiente alcalino (causado pela
presença de cal, formada durante o processo de hidratação do cimento Portland, que
se dissolve na água dos vazios) que gera uma camada inibidora em torno da
armadura.

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1.1.2.2 Desvantagens
P1 P1
- Peso próprio elevado: 25 kN/m3 (2500 kgf/m3);
- Fissuras inevitáveis na região tracionada;
- Mau aproveitamento da seção (a parte do concreto tracionado não é considerada na
resistência à flexão da peça, ver Fig. 1.1c);
- Impossibilidade de utilização de aços com maior resistência, pois para mobilizar
esforço de tração na armadura é necessário haver a fissuração do concreto
tracionado;
- Baixo isolamento térmico e acústico;
a) peça de concreto simples
- É necessário utilizar escoramentos (quando não se faz uso de pré-moldados) que,
geralmente, precisam permanecer no local até que o concreto alcance uma
P2>>P1 P2>>P1 resistência adequada;
- O concreto sofre variações volumétricas ao longo do tempo devido à retração e à
fluência.

1.1.3 Histórico
A utilização do concreto armado como elemento estrutural é razoavelmente recente,
iniciando-se no final do século XIX. Por outro lado, o emprego do cimento1 como
barras de aço fissuras na região aglomerante para a produção de argamassas e concretos simples é bastante antigo.
tracionada do concreto
b) peça de concreto armado O primeiro registro da utilização do concreto parece ter sido na Grécia, por volta de
1000 a.C, na construção de um tanque para estocagem de água. Entretanto, pode-se
afirmar que as primeiras evidências claras de sua utilização ocorreram durante a
Civilização Romana (753 a.C a 476 d.C).

A utilização do concreto propiciou a construção de grandes obras durante o Império


Romano (27 a.C a 476 d.C), como o Coliseu (80 d.C.) e o Panteão (Panthean) de Roma
Estádio I Estádio II (121 d.C.).
(trecho não fissurado) (seções fissuradas)
Os romanos também desenvolveram o cimento pozolânico, em referência à cidade
c) diagrama de tensões na peça de concreto armado em serviço Pozzuoli, localizada próxima ao Monte Vesúvio. Este cimento foi empregado para a
construção do Panteão e de grandes aquedutos.
FIGURA 1.1 – Peça de concreto simples e concreto armado sujeitas a cargas
concentradas. Para se ter uma idéia da tecnologia empregada nesta época, na construção do Panteão
foi utilizado concreto leve na abóbada de cobertura, que possui 43,3m de vão. No
1.1.2 Vantagens e desvantagens do concreto armado Coliseu, que foi a maior obra do Império Romano, empregou-se cerca de 24000 m3 de
concreto, em aproximadamente 10 anos de construção.
1.1.2.1 Vantagens
Durante a Idade Média (século V a XV), poucas foram as inovações expressivas no
- Economia; emprego de argamassas e concretos, pois os arquitetos medievais utilizavam pedras na
- Moldagem fácil; maioria de suas construções.
- Facilidade de se obter estruturas monolíticas (hiperestáticas);
- Manutenção e conservação simples e grande durabilidade; A retomada dos estudos sobre cimento ocorreu apenas no início da Idade
- Técnica de execução simples e conhecida em todos os países; Contemporânea, ou final da Idade Moderna (século XV a XVIII), principalmente na
- Resistência a efeitos térmicos, atmosféricos e a desgaste mecânico. Inglaterra, que foi o berço da Revolução Industrial.
- Rapidez de construção (no caso de pré-moldados);
- Aumento de resistência com o tempo.
1
A palavra cimento vem do termo em latim coementum, que significa uma espécie de
pedra natural de rochedos
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Em 1796, o inglês James Parker patentiou um cimento hidráulico natural, obtido da armados com barras circulares de aço dispostas ortogonalmente a perfis metálicos
calcinação de nódulos de calcário impuro contendo argila. Este cimento foi chamado (perfis I) imersos no concreto. A armadura das vigas era constituída por perfis metálicos
Cimento de Parker ou Romano. situados na sua porção inferior, resistindo os esforços de tração, formando um binário
com o concreto comprimido na parte superior da viga. As paredes foram construídas
O cimento Portland foi inventado somente em 1824, também na Inglaterra, por Joseph com dois painéis com 4cm de espessura cada um, espaçados entre si de 15 a 25cm,
Aspdin. Sua obtenção foi realizada a partir da queima de calcário e argila finamente acomodando em seu interior um inovador sistema de calefação por irradiação.
moídos e misturados a altas temperaturas até que o gás carbônico (CO2) fosse retirado.
O material obtido era então moído. Aspdin denominou este cimento como cimento Em 1877, na Inglaterra, o americano Thaddeus Hyatt publicou o artigo: “An Account of
Portland, em menção às jazidas de excelente pedra para construção existentes em Some Experiments with Portland Cement Concrete Combined with Iron as a Building
Portland, Inglaterra. Material”. Este estudo foi considerado a principal referência sobre o comportamento
das peças de concreto armado até o final do século XIX.
A definição moderna de cimento Portland não poderia ser aplicável ao produto que
Aspdin patenteou. O cimento Portland hoje em dia é feito a partir da queima a altas Entre as principais conclusões que Hyatt tirou de seus ensaios pode-se citar:
temperaturas – até a fusão incipiente do material – de uma mistura definida de rocha - O aço não resiste bem ao fogo;
calcária e argila finamente moídas, resultando o clínquer. É duvidoso que o cimento - O concreto deve ser considerado como um material de construção resistente ao
produzido sob a patente de Aspdin de 1824 tenha sido queimado a uma temperatura fogo;
suficiente para produzir clínquer e, além disso, sua patente não define as proporções dos - Envolvendo-se totalmente o aço com uma camada suficientemente espessa de
ingredientes empregados. Desta forma, em um primeiro momento Aspdin não produziu concreto obtém-se um material resistente ao fogo;
exatamente o cimento Portland conhecido atualmente. - A aderência entre aço e concreto é suficientemente forte para fazer com que a
armadura posicionada na parte inferior da viga trabalhe em conjunto com o
A primeira publicação sobre Cimento Armado (denominação do concreto armado até concreto comprimido da parte superior da viga
mais ou menos 1920) foi do francês Joseph Louis Lambot. Presume-se que em 1850 - O funcionamento em conjunto do concreto com o ferro chato ou redondo é
Lambot efetuou as primeiras experiências práticas do efeito da introdução de armaduras perfeito e constitui uma solução mais econômica do que com o uso de perfis
numa massa de concreto. como armadura.
- Os coeficientes de dilatação térmica dos dois materiais são suficientemente
Concentrado em estudos sobre o concreto e motivado por problemas com a manutenção iguais, garantindo a resistência da combinação aço-concreto quando submetida
de canoas de madeira utilizadas para lazer em um pequeno lago existente em sua ao fogo ou ao congelamento.
propriedade em Miraval, na França, Lambot teve a idéia de construir um barco de
concreto utilizando uma malha de barras finas de aço (ou arame). Hyatt foi efetivamente o grande precursor do concreto armado e possivelmente o
primeiro a compreender profundamente a necessidade de uma boa aderência entre os
Seu barco foi exposto na Exposição Mundial de Paris de 1855. O barco media cerca de dois materiais e do posicionamento correto (nas áreas tracionadas) das barras de aço
4m de comprimento por 1,30m de largura com paredes de aproximadamente 4cm de para que este material pudesse colaborar eficientemente na resistência do conjunto
espessura. No documento representativo do pedido de patente existe, além da placa que concreto-aço.
corresponde à armação do barco, também o desenho de algo parecido com um pilar de
seção retangular com quatro barras longitudinais de ferro. Em 1886, o alemão Matthias Koenen, baseado em ensaios experimentais, desenvolveu
um método empírico para o dimensionamento de alguns tipos de construção em
Apesar de ser considerado por muitos como o pai do concreto armado, os experimentos concreto armado.
de Lambot não tiveram muita repercussão por si só, mas serviu de inspiração para
Joseph Monier difundir sua utilização. Poucos anos mais tarde, no início do século XX, o pesquisador alemão Mörsch
desenvolveu a primeira teoria científica para o dimensionamento em concreto armado.
Joseph Monier era um jardineiro que fabricava vasos e tubos de concreto desde 1849. Nesta teoria, Mörsch propôs um modelo de funcionamento para a peça de concreto
Considerando seus vasos muito frágeis, Monier começou a mergulhar na massa de armado análogo a uma treliça, cujos elementos comprimidos são de concreto e os
concreto uma malha de aço. Em 1867, Monier havia avançado tanto em seu método que elementos tracionados são de aço.
decidiu patenteá-lo e exibí-lo na Exposição de Paris daquele ano. A primeira extensão
de sua patente parece ter sido para a construção de reservatórios de água. Entre 1868 e A teoria desenvolvida por Mörsch constituiu, ao longo de décadas e em quase todo o
1873, Monier executou um reservatório de 25m3 e outros dois com 180m3 e 200m3 mundo, o fundamento da teoria do concreto armado, sendo alguns conceitos
(suportado por colunas). empregados até hoje.

Entre 1873 e 1876 foi construída a primeira casa inteiramente feita em concreto armado.
A obra, de propriedade de William Ward e localizada em Nova Iorque, tinha pisos
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Na mesma época, mais precisamente em 1903, foi construído o primeiro arranha-céu em
concreto armado, o Ingalls Building, em Cincinnati, Estados Unidos. O edifício tinha 16 a) Argamassa armada: obtida por meio da associação da argamassa simples
andares e utilizava o sistema de lajes planas (cimento e areia) com a armadura de pequeno diâmetro e pouco espaçada,
distribuída uniformemente em toda a superfície e composta, principalmente, de
Neste período ocorreu uma enorme expansão do uso do concreto armado e proliferaram- fios e telas de aço.
se acidentes e falhas, cujas causas mais freqüentes eram divididas entre projeto
inadequado, emprego de materiais de baixa qualidade e falhas de execução. Tendo em b) Concreto armado: obtido por meio da associação do concreto simples com a
vista esta situação, as organizações profissionais e agências governamentais armadura convenientemente colocada (armadura passiva), de tal modo que
movimentaram-se para normalizar os procedimentos de cálculo e execução em concreto ambos resistam solidariamente aos esforços.
armado.
c) Concreto protendido: obtido pela associação entre o concreto simples e a
O primeiro país a iniciar a normalização foi a Alemanha, em 1904. Posteriormente foi a armadura ativa (é aplicada uma força na armadura antes da atuação do
vez da França, em 1906. Nos Estados Unidos, as primeiras normas foram publicadas em carregamento na estrutura).
1917, no final da Primeira Guerra Mundial (1914-1917).
Com relação ao cimento Portland, este resulta da moagem do clínquer, obtido pelo
No Brasil, a norma para execução e projeto de estruturas em concreto armado foi criada cozimento (até fusão incipiente) da mistura de calcário e argila. Existem diferentes tipos
em 1940 (durante a Segunda Guerra Mundial, 1939-1945). Esta foi a primeira que são classificados de acordo com a proporção de clínquer, silicatos, material
publicação da ABNT, sendo por isso denominada NB1. Posteriormente esta norma carbonático e de adições, tais como escórias, pozolanas e calcário. Podem diferir
sofreu revisão em 1960, 1978, 2003 e 2014. também em função de propriedades intrínsecas, como alta resistência inicial, a cor
branca, etc.
1.1.4 Normas técnicas
Os diferentes tipos de cimento e suas aplicações são:
Os projetos envolvem uma série de critérios. Para a uniformização do nível de qualidade
da obra, é altamente desejável que eles sejam padronizados. Estes critérios a) Cimento Portland Comum (CP I): É adequado para o uso em construções de concreto
normalizados constituem as diversas normas de projeto. em geral quando não há exposição a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas. Também
é oferecido ao mercado o Cimento Portland Comum com Adições (CP I-S), com 5% em
Para o projeto de estruturas de concreto, interessam diretamente as seguintes normas massa de material pozolânico, ou de escória granulada de alto-forno, ou de fíler
brasileiras: calcário.

- NBR-6118 (NB1, 2014): Projeto de Estruturas de Concreto; b) Cimento Portland Composto (CP II): Assim como o CP I, é usado em casos gerais
- NBR-14931 (2003) Execução de Estruturas de Concreto; quando não é necessária elevada resistência inicial. Dependendo do tipo de adição, o CP
- NBR-6120 (NB5, 1980): Cargas para Cálculo de Estruturas de Edificações; II pode ser classificado em:
- NBR-8681 (NB862, 1984): Ações e Segurança nas Estruturas;
- NBR-6122 (1996): Projeto e Execução de Fundações; - CP II-E - Cimento Portland Composto com Escória
- NBR-6123 (1988): Forças Devido ao Vento em Edificações; - CP II-Z - Cimento Portland Composto com Pozolana
- NBR-15200 (2004): Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio; - CP II-F - Cimento Portland Composto com Fíler
- NBR 12655 (1996): Concreto – Preparo, Controle e Recebimento;
- NBR 7212 (1984): Execução de Concreto Dosado em Central. Devido às adições, o CP II-E e o CP II-Z podem ser considerados composições
intermediárias entre CP III e CP IV. Assim, apresentam um menor desprendimento de
1.2 Concreto calor que o CPI.

O concreto convencional é um material de construção constituído de agregados e c) Cimento Portland de Alto Forno (CP III – com escória): O cimento CP III apresenta
cimento como aglomerante. É obtido pela mistura proporcionada de agregado miúdo maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de hidratação e alta
(areia) e graúdo (pedra britada) com cimento e água, podendo conter aditivos ou resistência à expansão devido à reação álcali-agregado (RAA), além de ser resistente a
adições, conforme a necessidade de se melhorar suas características. O concreto fresco é sulfatos. É indicado para obras em concreto-massa (que exige baixo calor de hidratação)
moldado em formas e adensado com vibradores. O endurecimento começa após poucas e quando se deseja elevada resistência final.
horas e, de acordo com o tipo de cimento, atinge cerca de 80 a 90% de sua resistência
aos 28 dias. d) Cimento Portland Pozolânico (CP IV): É indicado para obras expostas à ação de água
corrente e ambientes agressivos e em casos de grande volume de concreto, devido ao
Dependendo do tipo de associação entre a argamassa, o concreto e o aço, pode-se ter: baixo calor de hidratação (assim como o CP III). O concreto feito com este produto se
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torna mais impermeável, mais durável, apresentando resistências mecânicas à TABELA 1.1 – Diâmetros nominais do agregado.
compressão superiores às de concreto feitos com CP I em idades avançadas.
Diâmetro nominal Diâmetro máximo (dmax)
Brita
e) Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI): É adequado para (mm) (mm)
aplicações que necessitem de resistência inicial elevada e desforma rápida. O 0 4,8 a 9,5 9,5
desenvolvimento desta propriedade é conseguido pela utilização de uma dosagem 1 9,5 a 19 19
diferente de calcário e argila na produção do clínquer, e pela moagem mais fina do 2 19 a 25 25
cimento. 3 25 a 50 50
4 50 a 76 76
f) Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS): O cimento com designação RS oferece 5 76 a 100 100
resistência aos meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou
industriais, água do mar e em alguns tipos de solos. Cinco cimentos podem ser As propriedades do concreto que interessam ao estudo do concreto armado são a
resistentes aos sulfatos (CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI), desde que se resistência à ruptura e a deformabilidade, quer sob a ação de variações das condições
enquadrem em pelo menos uma das seguintes condições: ambientes, quer sob a ação de cargas externas.
- teor máximo de tricálcico (C3A) do clínquer e teores de adições carbonáticas de 1.2.1 Características mecânicas
no máximo 8% e 5% em massa, respectivamente;
- cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória 1.2.1.1 Resistência à compressão (fc)
granulada de alto-forno, em massa;
- cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material A resistência à compressão simples é a característica mais importante do concreto. Esta
pozolânico, em massa; característica é medida através de ensaios de corpos de prova, os quais dependem
- cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou basicamente do tamanho e forma dos corpos de prova e da duração do carregamento.
de obras que comprovem resistência aos sulfatos.
Com relação à forma, a solução consiste na adoção de dimensões normalizadas que, da
g) Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC): Este tipo de cimento tem a melhor maneira possível, reproduzam as condições de funcionamento real da estrutura.
propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de A norma brasileira, assim como a maioria das normas internacionais, especifica a
concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica. Os cimentos de baixo adoção de peças cilíndricas com 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura (ou 10cm×20cm)
calor de hidratação são designados pela sigla e classe, acrescida de BC. Por exemplo: a serem ensaiadas 28 dias após sua preparação.
CP III-32 (BC).
Com relação à duração do carregamento, este será sempre de curta duração em ensaios
h) Cimento Portland Branco (CPB): O Cimento Portland Branco se diferencia por sua com corpos de prova, devendo-se fazer correções para o projeto estrutural, já que a
coloração e pode ser classificado em estrutural ou não estrutural. maioria das cargas reais tem caráter permanente.
Com relação aos agregados, considera-se: A resistência do concreto não é uma grandeza determinística. Ela está sujeita a
dispersões cujas causas principais são variações aleatórias da composição, das
- Agregado miúdo: os grãos passam pela peneira com abertura 4,8mm (mais de 85%) condições de fabricação e da cura. Além destes fatores aleatórios, existem também
e ficam retidos na peneira com abertura de 0,075mm; influências sistemáticas como: influência atmosférica (verão/inverno), mudança da
- Agregado graúdo: os grãos passam pela peneira com abertura 15,2mm e ficam origem de fornecimento das matérias primas, equipes de trabalho, etc.
retidos na peneira com abertura de 4,8mm (mais de 85%).
Os resultados dos ensaios à compressão obedecem, muito aproximadamente, a uma
A pedra britada é classificada de acordo com a dimensão máxima característica (dmax), curva normal de distribuição de frequências (curva de Gauss), conforme indica a Fig.
que representa a abertura da peneira a qual corresponde uma percentagem retida 2.1.
acumulada igual ou imediatamente inferior a 5%, em massa (conforme Tab. 1.1).

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freqüência 1
s s
freqüência abcissa que mede a resistência de 2
maior freqüência

ponto de inflexão fci


fck2 fck1
fcm1 = fcm2
fci (MPa)
FIGURA 2.2 – Concretos com mesma resistência média e diferentes desvio padrão.
fcm
1.2.1.2 Resistência característica do concreto (fck)
FIGURA 2.1 – Representação das dispersões.
É uma medida estatística que leva em conta a dispersão de resultados para a resistência
à compressão de um lote de amostra. Define-se como resistência característica do
Para uma distribuição de resultados considerada normal, sendo n o número de corpos de concreto o valor mínimo estatístico acima do qual ficam situados 95% dos resultados
prova ensaiados, a resistência à compressão média fcm e o desvio padrão s do lote são experimentais (ver Fig. 2.3).
dados por:
Através do conhecimento matemático da curva de Gauss, tem-se:
1 n
f cm = ∑ f ci , (2.1) f ck = f cm − 1,645 s .
n i =1 (2.3)
n

∑ (f − f cm )
2
Esta expressão pode ser usada quando o número de corpos de prova for maior ou igual a
ci
(2.2)
s= i =1
. 30 (n≥30).
n −1

O problema prático que existe é, dado o diagrama de freqüências, determinar um valor freqüência
que seja representativo da resistência do concreto. A média aritmética (Eq. 2.1)
apresenta o inconveniente de não levar em conta a dispersão da série de valores.

Analisando dois concretos com mesma resistência média e diferente dispersão, não há
dúvidas de que o mais seguro é aquele de menor dispersão, pois possui menos pontos 5% 95%
com resistência menor que a média (ver concretos 1 e 2 na Fig. 2.2). Desta forma, caso fci
fosse adotada a resistência média como parâmetro de resistência, deveriam ser
utilizados coeficientes de segurança variáveis segundo a qualidade de execução do fck fcm
concreto.
FIGURA 2.3 – Resistência característica do concreto.

A resistência característica à compressão é considerada para a análise da dosagem dos


materiais componentes do concreto e para a determinação da resistência de dosagem. O
controle tecnológico do concreto fornecido ou fabricado na obra é feito considerando a
resistência característica estimada à compressão (fck,est). A resistência característica
estimada à compressão permite saber se o material com o qual se moldaram os
elementos estruturais em concreto armado estão seguros, pois se espera que fck,est ≥ fck.

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A norma NBR 6118:2014 estabelece uma resistência característica mínima de 20 MPa Para idades superiores a 28 dias, emprega-se o valor de fck para a resistência à
para concretos apenas com armadura passiva (sem protensão) e 25 MPa para concretos compressão característica. Porém, o fenômeno de hidratação do cimento continua
com armadura de protensão (para casos de agressividade ambiental fraca). A norma ocorrendo durante muitos anos no concreto, o que causa ainda um pequeno ganho de
também limita o valor máximo de resistência para o qual permanecem válidas as resistência que compensa, em parte, o efeito do carregamento de longa duração.
fórmulas e hipóteses estabelecidas em seu texto: 90 MPa.

Conforme será apresentado posteriormente, quando o risco de deterioração da estrutura 1.2


aumenta (ambientes industriais, marinhos, etc.), o valor da resistência característica 1.0
mínima exigida por norma aumenta. Por exemplo, para ambientes marinhos
(agressividade forte) deve-se utilizar concretos com fck ≥ 30 MPa. 0.8

β1 = fckj / fck
0.6
A partir da resistência característica, a NBR 6118:2014 define as classes de concreto, CP I e CP II
0.4
identificadas pela letra “C” e o número que representa a resistência característica à CP III e CP IV
compressão aos 28 dias (exemplo: C25 – concreto com fck = 25 MPa). 0.2
CPV (ARI)
0.0
A NBR 8953:1992 indica que os concretos são classificados em grupos de resistência,
0 5 10 15 20 25 30
grupo I e grupo II, conforme mostrado na Tabela 2.1.
tempo (dias)

TABELA 2.1 – Grupos de resistências conforme a NBR 8953:1992 FIGURA 2.4 – Variação da resistência à compressão com a idade

Grupos de
Classes de concreto
resistências 1.2.1.4 Carregamento de longa duração
Grupo I C10 C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
Grupo II C55 C60 C70 C80 C90 Entende-se como carregamento de longa duração as cargas que atuam de forma
permanente na estrutura, como o peso próprio, revestimentos, paredes, etc. Está
comprovado que a resistência à compressão do concreto para estas cargas é inferior
1.2.1.3 Variação da resistência à compressão no tempo àquela referente a carregamentos de curta duração.

A resistência à compressão do concreto sofre uma variação no tempo, em virtude das Desta forma, o diagrama σc×εc do concreto depende da velocidade de carregamento e,
reações químicas decorrentes da hidratação do cimento. Esta variação depende, obviamente, da idade do concreto. A Fig. 2.5 apresenta os resultados correspondentes à
principalmente, do tipo de cimento e das condições de cura (ARAÚJO, 2003). idade do concreto de 28 dias, no instante de aplicação da carga. No eixo das abcissas
têm-se as deformações de encurtamento e no eixo das ordenadas, as tensões de
No caso específico da resistência característica à compressão, quando se deseja compressão em valor relativo (divididas pela resistência fc obtida em ensaio rápido). As
conhecer a resistência em uma data j, inferior a 28 dias, a norma NBR 6118:2014 duas curvas representam diferentes durações de carregamento até a ruptura. Para
permite adotar a expressão: durações maiores, a tensão última cai assintoticamente para a resistência a longo prazo,
da ordem de 80% da de curto prazo. Este fenômeno é conhecido como efeito Rüsch.
fckj ≅ β1 fck, (2.4)
Por ser um material com comportamento viscoso, o concreto está sujeito à fluência, que
sendo o coeficiente β1 dado por: é o aumento de deformação ao longo do tempo sob carga constante (conforme será visto
no item 2.2.3). Assim, se o nível de tensão atingido for superior à resistência a longo
β1 = exp { s [ 1 - (28/t)1/2 ] }, (2.5) prazo (fc), como no ponto C da Fig. 2.5, poderá ocorrer a ruptura sobre a linha
correspondente ao limite de resistência (ponto D) após certo tempo. Caso contrário, se o
onde: nível de tensão for inferior à resistência a longo prazo, como no ponto A, não haverá
ruptura apesar do aumento (limitado) da deformação devido à fluência.
s = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IV;
s = 0,25 para concreto de cimento CPI e II;
s = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI;
t é a idade efetiva do concreto, em dias (menor que 28 dias).

Na Fig. 2.4 é mostrado a variação do coeficiente β1 = fckj / fck.

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relação σc/fc Estas duas possibilidades práticas são reais e constituem um erro conceitual em relação
1,2 à teoria básica das estruturas de concreto, pois representam uma perda real de segurança
e devem ser tratadas de forma adequada, impondo-se, onde for o caso, de coeficientes
limite de resistência
1,0
C D kmod menores que 0,85. Tais situações são adotadas, por exemplo, no caso de concretos
de alta resistência (fck>50 MPa), onde o crescimento após os 28 dias apresenta-se
0,8
A
prejudicado (GRAZIANO, 2005).
0,6 B limite de fluência
1.2.1.5 Módulo de elasticidade longitudinal
0,4 ensaio rápido
fc = resistência do concreto
O módulo de elasticidade é dado pela relação entre tensão × deformação, sendo esta
0,2 ensaio muito lento no ensaio rápido
sempre não-linear para qualquer tipo de concreto. Através da Fig. 2.6, observa-se que o
concreto apresenta uma ruptura frágil, sem apresentar um patamar de escoamento e sem
deformação um limite de proporcionalidade (limite do domínio elástico) definido.
FIGURA 2.5 – Efeito Rüsch.
O módulo de elasticidade tangente (Ect) de um material é a derivada da sua curva
Para idades maiores do concreto, têm-se resultados semelhantes ao gráfico da Fig. 2.5, tensão-deformação no ponto A considerado, ou seja,
porém com deformações menores pois o efeito da fluência é menor.
df c
Em uma estrutura de concreto armado, como uma parcela significativa das cargas é E ct = tg ϕ t = ε =ε ca . (2.6)

aplicada e mantida constante durante toda a vida da estrutura (cargas permanentes), o
projeto deve ser elaborado de forma a obter uma situação semelhante àquela fc
representada pelo ponto A. Ou seja, devem-se limitar as tensões de compressão em um
valor inferior ao obtido nos ensaios de curta duração.

Considerando que em uma estrutura real nem todas as cargas são aplicadas aos 28 dias, fcr
nem são todas de longa duração, e que existe ainda um pequeno ganho de resistência do A ϕt
fca
concreto com o tempo, as normas de projeto limitam a máxima tensão de compressão
no concreto em 85% de sua resistência obtida em ensaios de curta duração.

Segundo IBRACON (2004), este coeficiente de 0,85 leva em conta a superposição de ϕs


três fatores: S
fcs ≈ 0,4fcr

 perda de resistência sobre carga mantida (efeito Rüsch), da ordem de 0,72;


 ganho de resistência com o tempo entre 28 dias e o final de vida da estrutura
(para cimento tipo CP I), da ordem de 1,23; ϕo
 coeficiente que corrige a influência da forma do corpo de prova padrão
15×30cm com relação à resistência da estrutura, da ordem de 0,96. O εcs εca εcr εc

Assim, toma-se kmod = 0,72×1,22×0,96 = 0,85, também conhecido como coeficiente FIGURA 2.6 – Diagrama tensão-deformação do concreto.
Rüsch.

É importantíssimo, portanto, que se tenha em mente que toda a base de cálculo para Devido aos coeficientes de segurança impostos às cargas e à resistência do concreto, o
estruturas de concreto armado e protendido estabelece um crescimento, após os 28 dias, concreto estará sujeito a uma tensão de serviço (fcs) inferior a 40% daquela que
de 23% para o concreto. Podem-se ter duas situações temerárias em relação a esta caracteriza sua ruptura à compressão (fcr) em ensaio de curta duração. Nesta faixa de
realidade (GRAZIANO, 2005): trabalho a inclinação da curva muda pouco, então é interessante definir o módulo de
elasticidade tangente inicial (Eci):
 resistência do concreto tomada como referência em idade posterior aos 28 dias;
 concreto elaborado com traço de baixo crescimento de resistência após os 28 df c
E ci = tg ϕ o = ε =0 . (2.7)
dias. dε
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serviço). O módulo de elasticidade inicial (Eci) será usado apenas para a avaliação da
A partir de vários ensaios realizados, concluiu-se que o módulo de elasticidade na estabilidade global da estrutura (coeficientes de instabilidade).
origem (ou inicial) pode ser determinado em função da resistência característica à
compressão (fck), pela expressão: Segundo a NBR 6118:2014, na avaliação do comportamento de um elemento estrutural
ou seção transversal, pode ser adotado módulo de elasticidade único, à tração e à
E ci = α E . 5600 f ck ( MPa) , para fck de 20 a 50 MPa; (2.8) compressão, igual ao módulo de deformação secante Ecs. Já para os cálculos de perdas
1/ 3
de compressão, pode ser utilizado em projeto o módulo de elasticidade inicial Eci.
f 
E ci = 21,5 ⋅ 103 ⋅ α E ⋅  ck + 1,25  (MPa) , para fck de 55 a 90 MPa;
 10  (2.9) É muito difícil estabelecer um único modelo para o módulo de elasticidade, pois este
depende de vários fatores (IBRACON, 2004):
Sendo:
α E = 1,2 para basalto e diabásio  diferentes resistências à compressão do concreto;
 diferentes consistências do concreto fresco;
α E = 1,0 para granito e gnaisse
 diferentes volumes de pasta por metro cúbico de concreto;
α E = 0,9 para calcário  diferentes estados de umidade dos corpos de prova no momento do ensaio;
α E = 0,7 para arenito  diferentes velocidades de aplicação da carga ou da deformação;
 diferentes diâmetros nominais do agregado graúdo;
O módulo de elasticidade inicial (Eci) deve ser empregado para a avaliação do  diferentes dimensões dos corpos de prova;
comportamento global da estrutura por três razões principais (IBRACON, 2004):  diferentes temperaturas de ensaio;
 diferentes naturezas do agregado graúdo;
 para a estrutura toda é adequado avaliar a rigidez a partir de fcm;  diferentes idades.
 existem significativas regiões da estrutura onde as tensões são baixas, abaixo de
30% de fck; A tabela 2.2 apresenta valores estimados arredondados que podem ser usados no projeto
 nessas análises, uma parte das ações é usualmente dinâmica de curta duração estrutural.
(por exemplo o vento), para as quais o concreto tem uma resposta mais rígida.
TABELA 2.2 – Valores estimados de módulo de elasticidade em função da resistência
Para a determinação dos esforços solicitantes e verificação de estados limites, característica à compressão do concreto (considerando o uso de granito como agregado
especialmente a avaliação das flechas, emprega-se o módulo de elasticidade secante graúdo)
(Ecs), definido por: Classe de
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 C60 C70 C80 C90
resistência
fc Eci
25 28 31 33 35 38 40 42 43 45 47
E cs = tg ϕ s = ε = ε cm . (2.10) (GPa)
ε Ecs
21 24 27 29 32 34 37 40 42 45 47
(GPa)
Desta forma, trabalha-se com um valor mais conservador para a deformabilidade do αi 0,85 0,86 0,88 0,89 0,90 0,91 0,93 0,95 0,98 1,00 1,00
concreto em serviço.
O módulo de elasticidade em uma idade inferior à 28 dias, pode ser avaliado pelas
De forma simplificada, pode-se calcular o módulo de elasticidade secante em função do expressões dadas, substituindo fck por fcj:
módulo na origem pela expressão:
 f (t ) 
0,5

E ci (t ) =  c  ⋅ E ci (MPa) , para fck de 20 a 45 MPa; (2.13)


E cs = α i ⋅ E ci .  fc 
(2.11)
Sendo:  f (t ) 
0,3
(2.14)
f E ci (t ) =  c  ⋅ E ci (MPa) , para fck de 50 a 90 MPa;
α i = 0,8 + 0,2 ⋅ ck ≤ 1,0 .  fc 
80 (2.12)
Onde:
Eci(t) é a estimativa do módulo de elasticidade do concreto em uma idade de 7 e 28
Então, deve-se utilizar o módulo de elasticidade secante (Ecs) para determinar os dias;
esforços solicitantes e verificação das flechas e aberturas de fissuras (estados limites de fc(t) é a resistência à compressão do concreto na idade em que se pretende estimar o
módulo de elasticidade, em megapascal (MPa).

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1.2.1.6 Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal
Os valores a serem adotados para os parâmetros εc2 (deformação específica de
O coeficiente de Poisson “ν” é a relação entre a deformação lateral e a deformação encurtamento do concreto no início do patamar plástico) e εcu (deformação específica de
axial. encurtamento do concreto na ruptura) são definidos a seguir.

Para o concreto, observa-se uma variação para o coeficiente de Poisson entre 0,15 e - Para concretos de classes até C50:
0,25, não se podendo fazer qualquer relação consistente entre ele e a resistência à εc2 = 2,0‰
compressão, a granulometria do agregado, o fator a/c e o tempo de cura (Sánchez, εcu = 3,5‰
1999).
- Para concretos de classes C55 até C90:
O módulo de elasticidade transversal pode ser obtido através da relação entre o módulo εc2 = 2,0‰ + 0,085‰ · (fck – 50)0,53;
de elasticidade e o coeficiente de Poisson: εcu = 2,6‰ + 35‰ · [(90 - fck)/100]4.

E cs
Gc = . (2.15)
2 (1 + ν) Na Fig. 2.7, a tensão fcd representa a resistência de cálculo à compressão do concreto.
Conforme será visto no item 4, a resistência de cálculo é obtida dividindo-se a
De forma simplificada, a norma NBR 6118:2014 permite usar: resistência característica pelo coeficiente de minoração de resistência (coeficiente de
segurança).
G c = 0,4 E cs , (2.16)
1.2.1.8 Resistência à tração
o que significa assumir ν = 0,25. Como o concreto é um material que resiste mal à tração, essa resistência é desprezada
para o dimensionamento à flexão na ruptura. Entretanto, a resistência à tração está
1.2.1.7 Diagrama tensão-deformação simplificado indiretamente relacionada com os mecanismos complementares de resistência do
concreto ao esforço cortante e diretamente relacionada ao comportamento das peças em
Visando estabelecer um critério comum ao dimensionamento, busca-se um diagrama serviço (estados limites de deformação excessiva e de abertura de fissuras), pois neste
ideal, matematicamente definido, que seja válido para diferentes resistências à caso é importante considerar a contribuição do concreto tracionado entre fissuras.
compressão. Desta forma, para análise em estado limite último (análise na situação de
ruptura) utiliza-se o diagrama parábola-retângulo, ilustrado na Fig. 2.7. Existem três tipos de ensaio para obter a resistência à tração: por flexo-compressão,
compressão diametral e tração direta (ver Fig. 2.8).
Segundo este diagrama, o concreto atinge a tensão máxima com deformação específica
dependendo da classe do concreto e sua ruptura ocorre com determinada deformação
específica, também dependendo da classe do mesmo.
σc

0,85 fcd

(a) flexo-tração (b) compressão (c) tração pura


diametral

FIGURA 2.8 – Tipos de ensaio de resistência do concreto à tração.

εcu εc A resistência à tração direta fct (tração pura) pode ser considerada igual a 0,9 fct,sp
εc2
σc = 0,85 fcd [ 1 – (1- εc/εc2)n] (resistência obtida no ensaio diametral) ou 0,7 fct,f (resistência obtida no ensaio de flexo-
Para fck ≤ 50 MPa: n = 2 tração).
Para fck > 50 MPa:
n = 1,4 + 23,4 [(90 − fck /100]4
FIGURA 2.7 – Diagrama tensão-deformação simplificado.
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No entanto, como todo projeto é desenvolvido a partir da resistência característica à • condições ambientais (maior umidade relativa do ar → menor retração plástica e
compressão (fck), a NBR 6118:2014 estabelece as seguintes expressões para a hidráulica);
resistência à tração direta média (fct,m): • espessura da peça (maior espessura → menor retração hidráulica);
• fator água/cimento (maior a/c → maior retração plástica e hidráulica);
2/3
f ct,m = 0,3 f ck , em MPa, para concretos de classes até C50; (2.17) • consumo de cimento (maior consumo → maior retração autógena).
f ct,m = 2,12 ln (1 + 0,11 f ck ) , em MPa, para concretos de classes C55 até C90. (2.18)
A deformação de retração plástica e hidráulica (εcs) pode ser substancialmente reduzida
caso se faça uma eficiente cura (manutenção da umidade do concreto fresco evitando a
sendo que não se deve adotar valores inferiores a 0,7 fct,m e nem superiores a 1,3 fct,m: expulsão prematura da água quimicamente inerte). Quando esta diminuição não for
suficiente, será necessário reduzir a distância máxima (L) em relação ao centro de
f ctk,sup = 1,3 f ct,m , (2.19) dilatação (ver Fig. 2.11 e Eq. 2.21), utilizando-se juntas definitivas na estrutura (ou
f ctk,inf = 0,7 f ct,m . (2.20) juntas de concretagem).

Os sub-índices “inf” e “sup” significam, respectivamente, valor inferior e valor superior. ∆L A = ε cs L AC . (2.21)
Na maioria das vezes emprega-se o valor fctk,inf, que representa a resistência
característica inferior à tração. A resistência característica superior (fctk,sup) será usada
apenas na determinação da armadura mínima, pois nesta situação se deseja saber a LAC
separação definitiva
máxima resistência à tração do concreto, de forma a evitar a ruptura brusca. ∆LA
C

¢
1.2.2 Características Reológicas

Reologia é o ramo da mecânica que estuda a evolução de deformações de um material,


produzidas por causas tensionais ao longo do tempo.
FIGURA 2.11 – Junta de dilatação. Adaptado de Süssekind, 1984.
1.2.2.1 Retração

A retração do concreto (shrinkage) é uma deformação volumétrica independente do Os valores finais da deformação específica de retração εcs(t∞,t0) do concreto, submetido
carregamento. Existem 4 tipos de retração: a tensões menores que 0,5fc quando do primeiro carregamento, podem ser obtidos, por
interpolação linear, a partir da Tab. 2.3. A variável t∞ significa que deseja-se conhecer a
- retração plástica: variação do volume do concreto no estado fresco, devido à perda deformação no tempo infinito, enquanto t0 representa o número de dias de cura do
de água; concreto.
- retração autógena: diminuição de volume durante o processo de hidratação do
TABELA 2.3 - Valores característicos superiores da deformação por retração εcs(t∞,t0).
cimento (o volume dos compostos hidratados é menor que a soma dos compostos
anidros mais água);
Umidade
40 55 75 90
- retração hidráulica irreversível: variação do volume do concreto endurecido pela Ambiente (%)
saída da água (que não está quimicamente associada) através dos poros capilares; Espessura
Equivalente (cm) 20 60 20 60 20 60 20 60
- retração hidráulica reversível: variação de volume devido à entrada e saída de água 2Ac/u
pelos poros capilares, devido à mudança de umidade. 5 -0,53 -0,47 -0,48 -0,43 -0,36 -0,32 -0,18 -0,15
εcs(t∞,t0) t0
30 -0,44 -0,45 -0,41 -0,41 -0,33 -0,31 -0,17 -0,15
O fenômeno de retração cria condições de deformações diferenciais entre a periferia e o ‰ dias
60 -0,39 -0,43 -0,36 -0,40 -0,30 -0,31 -0,17 -0,15
miolo e gera tensões capazes de provocar fissuração no concreto (caso não se utilize
armadura para prevenir esta ocorrência). Essa tabela (Tab. 2.3) fornece o valor da deformação específica de retração εcs(t∞,to) em
função da umidade ambiente e da espessura equivalente 2Ac/u, onde Ac é a área da
Os fatores que influem na retração do concreto são: seção transversal e u é o perímetro da seção em contato com a atmosfera.

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Para avaliar as deformações específicas devidas à retração de forma mais precisa, deve- a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50cm, deve ser
se consultar o Anexo A da NBR 6118:2014. Quando não existirem maiores considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a 15ºC ;
informações, pode-se considerar, simplificadamente, εcs = -15×10-5 (esse valor admite
elementos estruturais de dimensões usuais, entre 10cm e 100cm, sujeitos a umidade b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios inteiramente
ambiente não inferior a 75%). fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70cm, admite-se que essa oscilação seja
reduzida, respectivamente, para 5ºC a 10ºC;
Como será visto no item seguinte, a ordem de grandeza das deformações por retração é
a mesma das deformações por variação de temperatura (10-5). Por isso, costuma-se c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50cm e 70cm, admite-se
relacionar o encurtamento devido à retração a uma variação (queda) de temperatura que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima indicados.
equivalente (por exemplo: εcs=-15×10-5 corresponde a uma variação de -15ºC).
A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50% da
No cálculo das estruturas, esta variação equivalente de temperatura deve ser adicionada diferença entre as temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.
à variação de temperatura propriamente dita. Em casos de queda de temperatura, pode-
se chegar a um efeito global da ordem de –30ºC. Para diminuir o efeito da variação de temperatura externa, podem-se adotar juntas de
dilatação. Normalmente esta medida é realizada quando a construção apresenta um
1.2.2.2 Efeito térmico comprimento maior que 30m em planta. Além disso, devem-se usar dispositivos para
isolamento térmico das lajes de cobertura.
Os efeitos da temperatura no concreto podem ter sua origem tanto externa como interna.
1.2.2.3 Deformação lenta (fluência)
O efeito térmico interno é causado pelo processo de hidratação do cimento, que resulta
em uma reação altamente exotérmica. Dependendo do tipo de cimento, pode-se ter um A fluência (creep) é uma deformação que depende do carregamento. Constata-se, na
aumento de 50ºC a 60ºC. Quando do esfriamento, ocorre uma contração conhecida prática, que a deformação de uma peça de concreto armado pode ser maior em um
como retração térmica, que pode causar fissuras no concreto, principalmente por estar tempo t do que aquela observada anteriormente, mantido o mesmo carregamento.
normalmente associada à retração hidráulica. Este efeito é mais importante em
estruturas com grande volume (maior dificuldade de dissipação do calor) e em concretos A fluência é dividida em fluência básica e fluência por secagem. A fluência básica é a
de alto desempenho (CAD), devido ao elevado consumo de cimento. acomodação interna do material submetido a uma tensão constante (fenômeno contrário
à relaxação). A fluência por secagem é análoga à retração hidráulica, ou seja, é a perda
Como medidas preventivas à retração térmica, podem-se usar cimentos de baixo calor de água para o ambiente potencializada devido às tensões de compressão.
de hidratação, substituir parte da água do concreto por escamas de gelo ou utilizar
materiais resfriados para a produção do concreto, reduzir o consumo de cimento, adotar Seja a peça de concreto da Fig. 2.12, carregada axialmente com pressão constante ao
juntas de concretagem, usar adições ou fibras no concreto e realizar a concretagem em longo do tempo e igual a σc. No instante de aplicação da carga, a peça sofre uma
horários com menor temperatura ambiental. deformação específica imediata dada por:

Do ponto de vista externo, as condições climáticas como calor e frio causam variação ∆L ci σ c
no comprimento das peças, o que pode gerar fissuras nos revestimentos, especialmente ε ci = = . (2.23)
L E ci
na interface entre o concreto e a alvenaria.
σc
Supõe-se que as variações da temperatura externa sejam uniformes ao longo da σc
estrutura, salvo quando existem grandes gradientes térmicos entre partes diferentes da
estrutura. Então, pode-se recorrer à fórmula da física: ∆Lcc ∆Lct
∆Lci σc
L
εct = α ∆T, (2.22)

onde α é o coeficiente de dilatação, εct é a deformação devida à variação de temperatura


∆T. A NBR 6118:2014 recomenda usar α = 10-5/ºC. esquema estático deformação imediata deformação final

De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valores para a variação de FIGURA 2.12 – Deformação lenta (fluência). Adaptado de Süssekind, 1984.
temperatura:
Devido a esta deformação imediata ∆Lci, ocorre uma redução de volume da peça,
provocando o deslocamento de água quimicamente inerte para regiões onde sua
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evaporação já tenha se processado. Isto desencadeia um processo ao longo do tempo
que é análogo à retração hidráulica irreversível (fluência por secagem). Além disso, com
o tempo ocorre uma acomodação interna das partículas do concreto (fluência básica). Então, pode-se concluir que a fluência depende dos seguintes fatores:
Assim, a deformação inicial ∆Lci continua crescendo até um máximo ∆Lct no tempo
infinito (mantido constante o carregamento). • condições ambientais (maior umidade relativa do ar → menor fluência);
• espessura da peça (maior espessura → menor fluência);
Da Fig. 2.13 tem-se: • fator água/cimento (maior a/c → maior fluência);
ε ct = ε ci + ε cc , (2.24) • idade do concreto quando do carregamento (idade menor → maior fluência).

sendo ε cc a deformação lenta e ε ct a deformação específica total. Na norma NBR 6118:2014 existem dois coeficientes que consideram o efeito da
fluência: ϕ e αf. O coeficiente ϕ é utilizado para determinar as deformações de fluência
Assim como a retração, a deformação lenta é mais rápida no início (ver Fig. 2.9), tendo em função das deformações imediatas:
tendência assintótica com o tempo, atingindo a deformação final após um período de 2 a
3 anos. εcc (t) = ϕ(t) εci. (2.25)

Conforme indica a Fig. 2.14, uma grande parcela da deformação lenta é irreversível e O coeficiente αf é empregado para o cálculo da parcela dos deslocamentos (flechas em
seu efeito será maior quanto mais novo for o concreto (quando mais cedo se aplicar o vigas e lajes) em função dos deslocamentos instantâneos (imediatos). Assim, a flecha
carregamento). total em uma viga, no tempo infinito, é dada por:
εct
δ(t→ ∞) = (1 + αf) . δ(t=0) (2.26)

A Fig. 2.15 mostra a relação entre os dois coeficientes. Nas vigas de concreto armado
εcc ∞ existe um acréscimo de deslocamentos devido ao encurtamento que ocorre na região
εcc (t) = ϕ(t) εci εct ∞ comprimida devido à fluência (ver Fig. 2.15).
εci
εci εct ∞ = (1+ϕ) εci
± 2 anos tempo

FIGURA 2.13 – Evolução da deformação com o tempo. Adaptado de Süssekind, 1984.

εct δ(t=0)

εct ∞ δ(t→∞) = (1+αf) δ(t=0)



Figura 2.15 – Consideração da fluência no cálculo da flecha em viga.
εcc3
εci2
εcc1 εci3 Os valores do coeficiente ϕ podem ser determinados de forma simplificada pela Tab.
εcc2
2.4 ou, de forma mais precisa, através do Anexo A da NBR 6118:2014. A variável t∞
significa que deseja-se conhecer a deformação no tempo infinito, enquanto t0 representa
o início do carregamento, em dias. Na Tab. 2.4, Ac é a área da seção transversal e u é o
εci1 perímetro da seção em contato com a atmosfera.

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FIGURA 2.14 – Ensaio de carga-descarga-recarga. Adaptado de Süssekind, 1984.


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TABELA 2.4 - Valores característicos superiores do coeficiente de fluência ϕ(t∞,t0). cada vez mais estreitos. O aço é então deixado esfriar lentamente e, posteriormente,
reaquecido em forno a gás até a temperatura de laminação à quente (Sánchez, 1999).
Umidade
40 55 75 90 Sua resistência é obtida apenas devido a sua composição química (ligas especiais). Em
Ambiente (%)
geral estes aços se caracterizam pela presença de um patamar de escoamento definido
Espessura no diagrama tensão-deformação, conforme o diagrama mostrado na Fig. 3.1. Os aços
Equivalente (cm) 20 60 20 60 20 60 20 60 laminados à quente não perdem suas propriedades de resistências quando aquecidos, por
2Ac/u isso podem ser soldados e apresentam melhor comportamento sob exposição ao fogo.
ϕ(t∞,t0) 5 4,6 3,8 3,9 3,3 2,8 2,4 2,0 1,9
Concreto O encruamento a frio é realizado após a laminação à quente. Através deste
30 3,4 3,0 2,9 2,6 2,2 2,0 1,6 1,5
das classes procedimento, aumentam-se a resistência à tração e a dureza do aço, por outro lado,
C20 a C45 t0 60 2,9 2,7 2,5 2,3 1,9 1,8 1,4 1,4
diminuem-se a dutilidade e o alongamento.
ϕ(t∞,t0) dias 5 2,7 2,4 2,4 2,1 1,9 1,8 1,6 1,5
Concreto O processo de trefilação (tração) é uma forma de encruamento a frio no qual há uma
30 2,0 1,8 1,7 1,6 1,4 1,3 1,1 1,1
das classes
60 1,7 1,6 1,5 1,4 1,2 1,2 1,0 1,0 compressão diametral do fio durante sua passagem pela fileira, cujo diâmetro é
C50 a C90
ligeiramente inferior ao da barra, e uma tração elevada. Desta forma, ocorre uma
mudança de textura e aumento de resistência do aço. O alongamento na ruptura diminui
de 20‰ para cerca de 6 a 8‰ (Sánchez, 1999).
O coeficiente αf será estudado em mais detalhe no capítulo sobre Estados Limites de
Serviço, na disciplina de Estruturas de Concreto II. Para peças com armadura simples σs
(sem armadura de compressão) e carregadas após 1 mês, tem-se αf = 1,32 (tabela 17.1 ruptura
da NBR 6118:2014), ou seja, a flecha final será igual à flecha imediata multiplicada por fu
2,32.
fy
escoamento
1.3 Aço
1.3.1 Tipos de aços
regime
1.3.1.1 Classificação quanto à protensão elástico

a) Aço de armadura passiva


εs
As armaduras passivas são aquelas colocadas livres de tensões no interior do concreto.
O concreto neste caso é chamado de concreto armado. O aço de armadura passiva é FIGURA 3.1 – Diagrama tensão-deformação para aços laminados à quente.
constituído de fios e barras. As especificações destes elementos são tratadas na
NBR7480/96 (Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto). Os aços trefilados não possuem um patamar de escoamento no diagrama tensão-
deformação. Adota-se uma tensão de escoamento convencional, obtida traçando-se, a
b) Aço de armadura ativa partir da deformação específica residual de 2‰, uma reta paralela ao trecho linear do
diagrama. A ordenada correspondente à interseção da referida reta com o gráfico será a
As armaduras que são colocadas dentro do concreto sob tensão denominam-se ativas. tensão de escoamento do aço, conforme ilustrado no diagrama da Fig. 3.2.
Cria-se um estado de tensões iniciais destinado a melhorar as condições de
funcionamento da peça. O concreto neste caso é chamado de concreto protendido.

1.3.1.2 Processo de fabricação

Os aços para concreto armado podem ser classificados em: aços de dureza natural
(laminado à quente) e os encruados a frio.

Os laminados à quente não sofrem qualquer tipo de tratamento após a laminação. Neste
processo, o metal é levado a rubro (cerca de 1200ºC) e forçado a passar entre cilindros
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As barras e fios utilizados como armaduras de peças de concreto armado são fornecidos
σs com comprimento de 12m, sendo comercialmente utilizados os seguintes diâmetros (em
ruptura milímetro):
fu
Fios (CA-60) → 3,4 4,2* 5,0* 6,0 7,0 8,0 9,5;
fy Barras (CA-25/CA-50) → 6,3* 8,0* 10,0* 12,5* 16,0* 20,0* 25,0* 32,0 40,0.
tensão
convencional
(*) fios e barras mais utilizados comercialmente, os quais serão empregados nos
exemplos (ver Tab. 3.1).

TABELA 3.1 – Bitolas comerciais mais utilizadas.

2‰ εs Fios / Barras Bitolas Massa linear Área da seção


Categoria
FIGURA 3.2 – Diagrama tensão-deformação para aços encruados a frio. Bitolas (mm) (em polegadas) (kg/m) (cm2)
4,2 - 0,11 0,139
CA-60
5,0 3/16” 0,16 0,2
1.3.1.3 Classificação em barras e fios 6,3 1/4” 0,25 0,315
8,0 5/16” 0,40 0,5
Barras são aços com diâmetro nominal igual ou superior a 6,3mm, obtidas por 10,0 3/8” 0,63 0,8
laminação à quente, sem posterior deformação a frio. Segundo o valor característico da CA-50 12,5 1/2” 1,00 1,25
tensão de escoamento, as barras podem ser CA-25 e CA-50. 16,0 5/8” 1,60 2,0
20,0 3/4” 2,50 3,15
Fios possuem diâmetro nominal igual ou inferior a 9,5mm e são obtidos por trefilação 25,0 1” 4,00 5,0
ou outro processo equivalente (estiramento). Os fios produzidos para o mercado
brasileiro são sempre CA-60.

1.3.1.4 Denominação
1.3.1.6 Características de aderência
Na designação das barras e fios é usado o prefixo CA, indicativo de seu emprego no
As primeiras barras de aço empregadas nas peças de concreto armado foram barras
concreto armado, seguido do valor característico da tensão de escoamento fy (em
redondas e lisas (CA-25). Estas funcionavam muito bem, porém exigiam grande
kN/cm2). Assim:
quantidade de barras. Desenvolveram-se então os aços de alta resistência (CA-50 e CA-
60), os quais exigiram a presença de nervuras ou mossas para aumentar a aderência e
• CA-25 → fyk = 25 kN/cm2 = 250 MPa (barras de baixa resistência, pouco usadas limitar a fissuração do concreto.
atualmente);
• CA-50 → fyk = 50 kN/cm2 = 500 MPa (barras empregadas, principalmente, para Esta rugosidade obtida através de nervuras ou entalhes é medida pelo coeficiente η1,
armadura longitudinal de lajes, vigas e pilares);
cujo valor está relacionado ao coeficiente de conformação superficial ηb, como
• CA-60 → fyk = 60 kN/cm2 = 600 MPa (fios empregados, principalmente, para estabelecido na Tab. 3.2.
estribos em vigas e pilares e armadura longitudinal de lajes).
Com relação ao coeficiente de conformação superficial, existem três classes:
1.3.1.5 Bitolas comerciais
- barras lisas com ηb = 1,0 (CA-25);
Nas peças de concreto armado, é proibido o emprego simultâneo de diferentes
- barras entalhadas com ηb = 1,2 (CA-60);
categorias, para evitar confusão no canteiro de obras. Entretanto, esse emprego é
permitido desde que uma das categorias seja empregada na armadura longitudinal - barras de alta aderência (nervuradas) com ηb = 1,5 (CA-50).
(geralmente CA-50) e a outra na armadura transversal de vigas e pilares (geralmente
CA-60).

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TABELA 3.2 – Relação entre η1 e ηb No regime elástico, o material obedece a lei de Hooke, ou seja, σsd = Es εsd (sendo Es =
Tipo de barra ηb η1 tg ϕ). Sabendo-se o valor do módulo de elasticidade do aço (Es=210 GPa), pode-se
determinar a deformação específica de escoamento de cálculo do aço (εyd = fyd / Es).
Lisa (CA-25) 1,0 1,0
Entalhada (CA-60) 1,2 1,4
Para deformações acima de εyd, o material atinge o regime plástico, ou seja, σsd = fyd. A
Nervurada (CA-50) ≥1,5 2,25 limitação em 10‰ para o alongamento de ruptura do aço visa apenas evitar deformação
excessiva da peça em um estágio próximo à ruptura. Este diagrama também é válido
para resistência à compressão, ou seja, f’y = fy, mas deve-se adotar limitação de εcu para
1.3.2 Características mecânicas compressão, pois este é o valor do encurtamento máximo permitido ao concreto.
1.3.2.1 Massa específica

Pode-se assumir para a massa específica do aço de concreto armado o valor de 78,5 1.4 Segurança
kN/m3 (7.850 kg/m3).
Existe a necessidade de utilizar coeficientes de segurança devido a fatores como:
1.3.2.2 Módulo de elasticidade (Es) incerteza dos valores das resistências dos materiais; erros na geometria das peças;
incerteza das cargas; simplificações dos métodos de cálculos, entre outros.
Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do
aço pode ser admitido igual a 210 GPa (210000 MPa). O dimensionamento em concreto armado é realizado através do método dos estados
limites últimos, que é um método probabilístico com coeficientes parciais de segurança.
1.3.2.3 Diagrama tensão-deformação Neste método, a segurança à ruptura é atingida determinando-se as solicitações
correspondentes às cargas de cálculo (majoradas por coeficientes parciais de segurança)
Para o dimensionamento utiliza-se o diagrama bilinear mostrado na Fig. 3.3. Como e comparando seus valores com as solicitações resistentes últimas (obtidas com as
simplificação, a norma NBR 6118:2003 permite que seja utilizado este diagrama tanto resistências minoradas pelos coeficientes parciais de segurança).
para os aços laminados à quente como para os aços encruados a frio.
Ou seja, majoram-se os valores das ações para obter os esforços de cálculo e minoram-
se as resistências para determinar os esforços resistentes.
σs
Assim, as condições de segurança estabelecem que as resistências não devem ser
fyd
menores que as solicitações, ou seja2:
encurtamento
de ruptura concreto
ϕ Rd ≥ Sd , (4.1)
3,5‰
εs onde Rd representa os valores de cálculo dos esforços resistentes (minorados) e Sd os
ϕ εyd 10‰
alongamento valores de cálculo dos esforços solicitantes (majorados). Para os esforços resistentes,
de ruptura utilizam-se as resistências fd minoradas, e para os esforços solicitantes, empregam-se as
fyd ações Fd majoradas (no caso de verificação à ruptura).

1.4.1 Estados limites


 0 ≤ ε sd ≤ ε yd → σ sd = E s ε sd
2 trechos:  Uma estrutura, ou parte dela, é considerada inadequada a sua finalidade quando ela
ε yd ≤ ε sd ≤ 10%0 → σ sd = f yd atinge um estado particular, dito estado limite, no qual ela não atende critérios
condicionantes ao seu comportamento ou ao seu uso. O objetivo do cálculo de uma
FIGURA 3.3 – Diagrama tensão-deformação simplificado. estrutura de concreto armado é o de garantir, a um só tempo, estabilidade, conforto e
durabilidade.
No trecho inicial, o aço apresenta comportamento linear, até atingir a resistência de
escoamento de cálculo (fyd). Conforme será visto no item 4, a resistência de cálculo é Estados limites podem ser classificados em estados limites últimos (ELU) e estados
obtida dividindo-se a resistência característica pelo coeficiente de minoração de limites de serviço (ELS).
resistência (coeficiente de segurança).
2
o sub-índice “d” representa valor de cálculo ou de projeto (design).
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Os estados limites últimos (ELU) são aqueles que correspondem ao esgotamento da Usualmente é de interesse a resistência característica inferior fk,inf., cujo valor é menor
capacidade portante da estrutura, em parte ou no todo. Nas estruturas de concreto que a resistência média fm, embora por vezes haja interesse na resistência característica
armado, devem ser verificados os seguintes estados limites: superior fk,sup, cujo valor é maior que fm.

a) estado limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo A resistência característica inferior é admitida como sendo o valor que tem apenas 5%
rígido; de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de material.

b) estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu 1.4.2.2 Valores de cálculo
todo ou em parte, devido às solicitações normais e tangenciais;
A resistência de cálculo fd é dada pela expressão:
c) estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu
todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem; fk
fd = , (4.2)
γm
d) estado limite último provocado por solicitações dinâmicas;

e) outros estados limites últimos que eventualmente possam ocorrer em casos onde fk é a resistência característica inferior e γm é o coeficiente de ponderação das
especiais. resistências.

Os estados limites de serviço (ELS) são aqueles relacionados à durabilidade das 1.4.2.3 Coeficientes de ponderação das resistências
estruturas, aparência, conforto ao usuário e a boa utilização funcional da mesma, seja
em relação aos usuários, seja às máquinas e aos equipamentos utilizados. Os estados As resistências devem ser minoradas pelo coeficiente γm. Para o estado limite último, os
limites de serviço que devem ser verificados nas estruturas de concreto armado são: valores dos coeficientes estão indicados na Tab.4.1.

a) estado limite de abertura de fissuras (ELS-W); TABELA 4.1 - Valores dos coeficientes γc e γs.

b) estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF); Concreto Aço


Combinações
γm = γc γm = γs
c) estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE). Normais 1,4 1,15
Especiais ou de construção 1,2 1,15
Na fase de dimensionamento, para os estados limites últimos, trabalha-se com as Excepcionais 1,2 1,0
solicitações majoradas por coeficientes de segurança, de modo a obter solicitações “na
ruptura”, comparando-as à capacidade portante da estrutura (com valores para a Para o estado limite de serviço, não é necessário usar coeficientes de minoração e,
resistência dos materiais minorados). Para os estados limites de serviço, empregam-se portanto, γm = 1,0.
as solicitações efetivamente atuantes (sem majorá-las de qualquer fator) e resistências
médias. 1.4.3 Ações

Primeiramente será estudado o ELU para o dimensionamento à flexão, ao esforço Denomina-se ação qualquer influência, ou conjunto de influências, capaz de produzir
cortante e à torção. Posteriormente será estudado detalhadamente o ELS para o caso de estados de tensão em uma estrutura.
deformação e vibrações excessivas e abertura de fissuras.
As ações classificam-se em:
1.4.2 Resistências
- Ações permanentes;
1.4.2.1 Valores característicos - Ações variáveis;
- Ações excepcionais.
Os valores característicos fk das resistências são os que, num lote de material, têm uma
determinada probabilidade de serem ultrapassados, no sentido desfavorável para a 1.4.3.1 Ações permanentes
segurança (item 12.2 NBR 6118:2014).
Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes durante
toda a vida da construção. Também são consideradas como permanentes as ações que
crescem no tempo tendendo a um valor limite constante.
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1.4.4 Valores de cálculo das ações
a) Ações permanentes diretas
Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores representativos,
As ações permanentes diretas são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação γf , dados por:
pesos dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes (peso próprio,
peso dos elementos construtivos fixos e de instalações permanentes, empuxos γf = γf1 γf2 γf3 , (4.3)
permanentes).
onde:
b) Ações permanentes indiretas γf1: considera a variabilidade das ações;
γf2: considera a simultaneidade de atuação das ações;
As ações permanentes indiretas são constituídas pelas deformações impostas por:
γf3: considera os desvios gerados nas construções, não explicitamente
retração e fluência do concreto, deslocamentos de apoio, imperfeições geométricas e
considerados, e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das solicitações.
protensão.
a) Coeficientes no estado limite último – ELU
1.4.3.2 Ações variáveis
Os valores base para verificação são os apresentados nas Tab. 4.2 e 4.3, para γf1.γf3 e γf2,
a) Ações variáveis diretas
respectivamente.
As ações variáveis diretas são constituídas pelas cargas acidentais previstas para o uso
da construção, pela ação do vento e da chuva, devendo-se respeitar as prescrições feitas TABELA 4.2 - Coeficiente γf = γf1.γf3
por normas brasileiras específicas. Ações
Combinações de Permanentes Variáveis Recalques de apoio e
As cargas acidentais previstas para o uso da construção referem-se a carregamentos ações (g) (q) retração
devido a pessoas, móveis, utensílios e veículos. Estas cargas são, na maioria dos casos, D1) F G T D F
supostas uniformemente distribuídas e seus valores mínimos estão fixados pela NBR-
6120 (Cargas para o cálculo de estruturas de edificações). Normais 1,4 1,0 1,4 1,2 1,2 0
Especiais ou de
1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0
A consideração da ação do vento é obrigatória e os esforços resultantes devem ser construção
determinados de acordo com o prescrito pela NBR 6123. Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 0 0
D = desfavorável, F = favorável, G = geral, T = temporária.
b) Ações variáveis indiretas 1)
Para as cargas permanentes de pequena variabilidade, como o peso próprio das
estruturas, especialmente as pré-moldadas, esse coeficiente pode ser reduzido para 1,3.
As ações variáveis indiretas são causadas por variações uniformes e não uniformes de
temperatura.

c) Ações dinâmicas

Quando a estrutura, pelas suas condições de uso, está sujeita a choques ou vibrações, os
respectivos efeitos devem ser considerados na determinação das solicitações e a
possibilidade de fadiga deve ser considerada no dimensionamento dos elementos
estruturais.

1.4.3.3 Ações excepcionais

No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento, cujos efeitos


não possam ser controlados por outros meios, devem ser consideradas ações
excepcionais com os valores definidos, em cada caso particular, por normas brasileiras
específicas.

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TABELA 4.3 - Valores do coeficiente γf2 Uma combinação última pode ser classificada em normal, especial ou de construção e
γf2 excepcional.
Ações
ψo ψ11) ψ2
Locais em que não há predominância de pesos a) Combinações últimas normais
de equipamentos que permanecem fixos por
longos períodos de tempo, nem de elevadas 0,5 0,4 0,3 Em cada combinação devem figurar: as ações permanentes (Fg) e a ação variável (Fq)
concentrações de pessoas 2) principal, com seus valores característicos, e as demais ações variáveis, consideradas
como secundárias, com seus valores reduzidos de combinação. Assim, pode-se escrever:
Locais em que há predominância de pesos de
Cargas equipamentos que permanecem fixos por Fd = γgFgk + γεgFεgk + γq (Fq1k + Σ ψojFqjk) + γεq ψoε Fqk , (4.5)
acidentais de longos períodos de tempo, ou de elevada 0,7 0,6 0,4
edifícios concentração de pessoas 3)
onde:
Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última;
0,8 0,7 0,6 Fgk representa as ações permanentes diretas;
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em Fεk representa as ações indiretas permanentes como a retração Fεgk e variáveis como a
Vento 0,6 0,3 0
geral temperatura Fεqk;
Temperatura
Variações uniformes de temperatura em relação
0,6 0,5 0,3 Fqk representa as ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida principal;
à média anual local γg, γεg, γq, γεq – ver Tab. 4.2;
1)
Para os valores de ψ1 relativos às pontes e principalmente aos problemas de fadiga, ψoj, ψoε - ver Tab. 4.3.
consultar a seção 23 da NBR 6118:2014.
2)
Edifícios residenciais.
3) Esta é a combinação utilizada na maioria dos casos para o dimensionamento no ELU.
Edifícios comerciais e de escritórios.
b) Combinações últimas especiais ou de construção
b) Coeficientes no estado limite de serviço – ELS
No caso das ações especiais ou de construção, vale a mesma combinação que para as
normais (a), tendo os termos o mesmo significado. A diferença é que ψ0 pode ser
Em geral, o coeficiente de ponderação das ações para estados limites de serviço é dado
pela expressão: substituído por ψ2 quando a atuação da ação principal (Fq1k) tiver duração muito curta.

γf = 1 γf2, (4.4) c) Combinações últimas excepcionais

onde γf2 tem valor variável conforme a verificação que se deseja fazer (Tab. 4.3): Em cada combinação devem figurar: as ações permanentes e a ação variável
excepcional, quando existir, com seus valores representativos, e as demais ações
γf2 = 1 para combinações raras; variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores
γf2 = ψ1 para combinações freqüentes; reduzidos de combinação (ver Tab. 4.5).
γf2 = ψ2 para combinações quase permanentes.
Para facilitar o entendimento, essas combinações estão dispostas na Tab. 4.5.
1.4.5 Combinação de ações

Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades não
desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período pré-
estabelecido.

A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser determinados os efeitos
mais desfavoráveis para a estrutura e a verificação da segurança em relação aos estados
limites últimos e aos estados limites de serviço deve ser realizada em função de
combinações últimas e combinações de serviço, respectivamente.

1.4.5.1 Combinações últimas

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TABELA 4.5 – Combinações últimas (NBR 6118:2014). gk = 5 kN/m

Combinações últimas
Cálculo das solicitações 6m 5m 6m
(ELU)
Normais Fd = γg Fgk + γεg Fεgk + γq (Fq1k + Σ ψoj Fqjk) + γεq ψoε Fqk 15,8 15,8

Especiais ou de
Fd = γg Fgk + γεg Fεgk + γq (Fq1k + Σ ψoj Fqjk) + γεq ψoε Fεqk Mgk (kN.m)
construção 0,2
Excepcionais Fd = γg Fgk + γεg Fεgk + Fq1exc + γq Σ ψoj Fqjk + γεq ψoε Fεqk
15,3 15,3
Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última
Fgk representa as ações permanentes diretas q1k = 5 kN/m
Fεk representa as ações indiretas permanentes como a retração Fεgk e variáveis como
a temperatura Fεqk
Fqk representa as ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida principal 12,9
γg, γεg, γq, γεq – ver Tab. 4.2
ψoj, ψoε - ver Tab. 4.3 Mq1k (kN.m)
2,9 1,3

No caso de estruturas usuais de edifícios, as combinações que consideram a redução do 16,5


efeito favorável das cargas permanentes (γg =1,0) não precisam ser consideradas. Nestes q2k = 5 kN/m
casos, deve-se apenas prestar atenção à distribuição das cargas acidentais, que podem
produzir efeitos favoráveis em alguns casos.

Uma vez que parte do carregamento é variável, deve-se determinar as envoltórias de 5,8 5,8
esforços solicitantes para efeito de dimensionamento. Para isto, é necessário pesquisar
as posições das cargas acidentais que levam aos máximos e aos mínimos valores de Mq2k (kN.m)
esforços solicitantes.

No caso de vigas de edifícios, essas envoltórias podem ser obtidas admitindo-se cada 9,8
tramo totalmente carregado ou totalmente descarregado das cargas acidentais. q3k = 5 kN/m

O exemplo da Fig. 4.1 ilustra um caso em que se deve selecionar as cargas acidentais de
forma a obter os maiores momentos na viga contínua. Este procedimento é importante
12,9
quando se tem cargas acidentais de mesma grandeza das cargas permanentes.
Mq3k (kN.m)
Neste exemplo (Fig. 4.1), os máximos momentos seriam calculados na forma: 1,3 2,9

- momento positivo do vão 1:


16,5
Md = 1,4Mgk + 1,4(Mq1k + Mq3k) = 1,4×15,3 + 1,4×(16,5 + 1,3) = 46,34 kN.m.
FIGURA 4.1 – Combinação de carregamento para o caso de viga contínua.
- momento positivo do vão 2:
Md = 1,4Mgk + 1,4Mq2k = 1,4×0,2 + 1,4×9,8 = 14,0 kN.m. Entretanto, na maioria dos edifícios residenciais e comerciais a carga acidental é muito
menor que as cargas permanentes. Nestes casos, não é fundamental verificar as posições
- momento negativo no apoio 2: mais desfavoráveis para a carga acidental em vigas contínuas, podendo-se calcular os
Md = 1,4Mgk + 1,4(Mq1k + Mq2k) = 1,4×15,8 + 1,4×(12,9 + 5,8) = 48,3 kN.m. esforços solicitantes uma única vez, considerando o carregamento total. Assim, pode-se
fazer, simplificadamente:
Este procedimento é fundamental quando a carga acidental é elevada, como ocorre nas
pontes e alguns edifícios industriais. Md = 1,4Mgk + 1,4(∑Mqik),
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TABELA 4.6 – Redução das cargas acidentais para os pilares e fundações.
ou seja, pode-se traçar um único diagrama considerando-se todas as cargas atuando ao
mesmo tempo. Número de pisos que atuam Redução das cargas
sobre o elemento acidentais (%)
Mas este procedimento não é aplicado para casos em que existam balanços com cargas 1, 2 e 3 0
acidentais consideráveis, como sacadas com grande comprimento e caixa d’água com 4 20
parte em balanço. 5 40
6 ou mais 60
Nos procedimentos de projeto, é usual separar a estrutura do edifício em duas
subestruturas com funções distintas. Uma subestrutura, composta de elementos de maior Deve-se ressaltar que a redução indicada na Tab. 4.6 se sobrepõe ao coeficiente ψ0
rigidez, tem por finalidade resistir às ações do vento. Esta é denominada subestrutura de quando a carga de uso não é a ação principal.
contraventamento. A outra subestrutura, denominada subestrutura contraventada, resiste
apenas ao carregamento vertical, devido às cargas permanentes e às cargas acidentais 1.4.5.2 Combinações de serviço
(ARAÚJO, 2003).
São classificadas de acordo com sua permanência na estrutura e devem ser verificadas
Em geral, para a subestrutura contraventada pode-se considerar apenas as cargas como estabelecido a seguir:
permanentes e a carga acidental. Nestes casos, a combinação normal última fica sendo:
a) Combinações quase-permanentes
Fd = γgFgk + γqFqk1
Podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura e sua consideração
onde Fgk representa as ações permanentes (peso próprio da estrutura, alvenarias, pode ser necessária na verificação do estado limite de deformações excessivas (ELS-
revestimentos, etc.) e Fqk1 representa as cargas acidentais de uso (definidas na NBR- DEF).
6120).
b) Combinações freqüentes
Os coeficientes parciais de segurança são γg =1,4 e γq =1,4. Sendo assim, quando os
cálculos forem feitos para os carregamentos totais (sem a separação das cargas Se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura e sua consideração pode
permanentes e acidentais), a carga de cálculo Fd é dada por: ser necessária na verificação dos estados limites de abertura de fissuras. Podem também
ser consideradas para verificações de estados limites de deformações excessivas
Fd = γf (Fgk + Fqk1) decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as vedações.

Deve ser salientado que, de modo geral, os coeficientes parciais de segurança (γf) devem c) Combinações raras
ser introduzidos para ponderar as ações características. Após a obtenção das ações de
cálculo é que são determinados os esforços solicitantes de cálculo, os quais são Ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua consideração pode
empregados no dimensionamento da estrutura (ARAÚJO, 2003). ser necessária na verificação do estado limite de vibrações excessivas.

Entretanto, se os esforços solicitantes foram obtidos através de uma análise linear, os Para facilitar a visualização, essas combinações estão dispostas na Tab. 4.7.
coeficientes γf podem ser aplicados diretamente aos esforços solicitantes característicos.
Quando a análise for não-linear, seja pela não-linearidade física, decorrente do
comportamento mecânico dos materiais, seja pela não-linearidade geométrica,
decorrente das alterações de geometria da estrutura, os coeficientes γf devem ser
aplicados diretamente sobre as ações (ARAÚJO, 2003).

No caso de edifícios residenciais, de escritórios e casas comerciais não destinadas a


depósitos, permite-se reduzir os efeitos da carga acidental vertical de uso nos pilares e
nas fundações para levar em conta a pequena probabilidade de todos os andares estarem
completamente carregados ao mesmo tempo. Isto pode ser feito reduzindo as cargas
acidentais de uso com os percentuais indicados na Tab. 4.6.

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TABELA 4.7 – Combinações de serviço
Resolução:
Combinações
de serviço
Descrição Cálculo das solicitações Combinação última normal (empregada no dimensionamento: ELU):
pd = γf (g + q) = 1,4×(15+8) = 32,2 kN/m.
Combinações
Nas combinações quase-permanentes de
quase- Obs.: como trata-se de uma peça contraventada, pode-se fazer a combinação
serviço, todas as ações variáveis são
permanentes
consideradas com seus valores quase- Fd, ser = Σ Fgi,k + Σ ψ2j Fqj,k diretamente sobre os esforços, ou seja,
de serviço Md = γf (Mg + Mq).
permanentes ψ2Fqk
(CQP)
Combinação quase-permanente (empregada no estado limite de deformação excessiva:
Nas combinações freqüentes de serviço, a ELS-DEF):
Combinações ação variável principal Fq1 é tomada com
pd,serv = g + ψ2 q = 15+0,3×8 = 17,4 kN/m.
freqüentes de seu valor freqüente ψ1Fq1k e todas as Fd,ser = Σ Fgik + ψ1 Fq1k + Σ ψ2j Fqjk
serviço (CF) demais ações variáveis são tomadas com
seus valores quase-permanentes ψ2Fqk
Combinação frequente (empregada no estado limite de abertura de fissuras: ELS-W):
pd,serv = g + ψ1 q = 15+0,4×8 = 18,2 kN/m.
Nas combinações raras de serviço, a ação
Combinações variável principal Fq1 é tomada com seu
Combinação rara (empregada no estado limite de vibração excessiva: ELS-VE):
raras de valor característico Fq1k e todas as demais Fd,ser = Σ Fgik + Fq1k + Σ ψ1j Fqjk pd,serv = g + q = 15+8 = 23 kN/m.
serviço (CR) ações são tomadas com seus valores
freqüentes ψ1 Fqk 1.4.6.2 Exemplo 2
Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço Determinar os máximos momentos fletores positivo e negativo para a viga indicada na
Fq1k é o valor característico das ações variáveis principais diretas
Fig. 4.3. Considere que existem apenas cargas variáveis verticais de utilização (estrutura
ψ1 é o fator de redução de combinação freqüente para ELS
contraventada) e que se trata de um edifício residencial.
ψ2 é o fator de redução de combinação quase-permanente para ELS

1.4.6 Exemplos de combinações de ações q = 5 kN/m


g = 10 kN/m
1.4.6.1 Exemplo 1

Considere a viga bi-apoiada com carga uniformemente distribuída ilustrada na Fig. 4.2. 5m 2m
Considerando que esta é uma viga contraventada, ou seja, não é considerado o efeito do
vento sobre a mesma, determine as combinações necessárias para o dimensionamento e Figura 4.3 – Viga do exemplo 2.
para as verificações em serviço.
Resolução:
Dados:
Tipo de edificação: edifício residencial; Para obter o máximo momento positivo, deve-se considerar a carga acidental apenas no
Carga variável ou acidental: q = 8 kN/m (parcela variável da reação da laje); vão da viga, já que as cargas no balanço aliviam o momento positivo. Assim, a
Carga permanente: g = 15 kN/m (peso-próprio + parede + parcela permanente da reação distribuição das cargas de cálculo deve ser a indicada na Fig 4.4.
da laje).
qd = 1,4×5 = 7 kN/m
q
g gd = 1,4×10 = 14 kN/m

L
Figura 4.4 – Distribuição de carga para o máximo momento positivo.
Figura 4.2 – Viga do exemplo 1. O que resulta em um momento máximo positivo de cálculo de M+d,max = 52,37 kN.m.

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Para a avaliação do momento máximo negativo, a distribuição de cargas no vão não
interessa, sendo apenas necessário considerar todas as cargas de cálculo sobre o
balanço, conforme a Fig. 4.5. N

qd = 7 kN/m Mg=-15 kN.m Mq=-8 kN.m Mw1=-5 kN.m Mw2=+10 kN.m


gd = 14 kN/m M

5m 2m
Le
Figura 4.5 – Distribuição de carga para o máximo momento negativo.

Nesta situação obtém-se o momento máximo negativo de cálculo de M-d,max = 42,0


kN.m.
M
Mg=+15 kN.m Mq=+8 kN.m Mw1=+5 kN.m Mw2=-10 kN.m
Observação 1:
Para estruturas contraventadas que possuem cargas variáveis pequenas em relação às
cargas acidentais, de forma simplificada podem-se determinar todos os esforços Figura 4.7 – Momentos aplicados no pilar.
considerando-se o carregamento total, conforme ilustrado na Fig. 4.5.
Resolução:
O que resulta em M+d,max = 46,31 kN.m e M-d,max = 42,0 kN.m. Como o pilar tem tem a menor dimensão maior que 19cm → γn = 1,0.

Observação 2: Esforço axial de cálculo:


Se fosse necessário determinar o máximo momento positivo de forma rigorosa, o que Nd = 1,4 Ng + 1,4 Nq = 560 kN.
não é necessário para edifícios residenciais nos quais as cargas acidentais são pequenas,
a carga permanente sobre o balanço não deveria ser majorada, como ilustra a Fig. 4.6. Momento negativo de cálculo na seção de topo:
1a hipótese (carga de uso como carga variável principal):
Md = 1,4 Mg + 1,4 (Mq + 0,6 Mw1) = 1,4×(-15) + 1,4×(-8 - 0,6×5) = -36,4 kN.m.
qd = 7 kN/m
gd = 14 kN/m gd = 1,0×10 = 10 kN/m 2a hipótese (vento na direção 1 como carga variável principal):
Md = 1,4 Mg + 1,4 (Mw1 + 0,5 Mq) = 1,4×(-15) + 1,4×(-5 - 0,5×8) = -33,6 kN.m.

Figura 4.6 – Distribuição para avaliação rigorosa do máximo momento positivo. Outra alternativa, para situações nas quais os efeitos de 2a ordem são desprezíveis, ao
invés de testar as duas hipóteses, pode-se simplesmente fazer (IBRACON, 2003):
Desta forma o momento máximo positivo de cálculo fica sendo M+d,max = 56,01 kN.m. Md = 1,4 Mg + 1,4 (Mq + 0,8 Mw1) = 1,4×(-15) + 1,4×(-8 - 0,8×5) = -37,8 kN.m.

1.4.6.3 Exemplo 3 Momento positivo de cálculo na seção de topo:


Md = 1,0 Mg + 1,4 Mw2 = 1,0×(-15) + 1,4×10 = -1,0 kN.m (não há possibilidade de
Determinar os esforço de cálculo para o dimensionamento da seção de extremidade do ocorrência de momento positivo no topo).
pilar de contraventamento indicado na Fig. 4.7. Considere que a menor dimensão do
pilar é superior a 19cm e que não é possível efetuar reduções da carga acidental vertical Observação:
(edifício com menos de 3 andares). Existe momento aplicado em apenas uma direção do Caso a menor dimensão do pilar fosse b=15cm, seria necessário majorar os esforços na
pilar (flexo-compressão normal). forma:
γn = 1,95 – 0,05 b = 1,20
Dados: Nd = γn .560 = 672 kN.
Carga vertical permanente: Ng = 300 kN; Md = γn . (-37,8) = -45,36 kN.m.
Carga vertical acidental de uso: Nq = 100 kN;
Carga vertical devido ao vento na direção (1) e (2): Nw1 = Nw2 =0 kN.

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1.4.6.4 Exemplo 4
q1
Determine a área da base da sapata mostrada na Fig. 4.8. Considere que existem 4 níveis
de piso na edificação residencial e que a pressão admissível (σadm) do solo é de 0,2 MPa g
(200 kN/m2). Utilize a redução permitida para as cargas de uso.
L
Obs. Para o cálculo da área da sapata trabalha-se com valores característicos, já que o q2
coeficiente de segurança está embutido na pressão admissível do solo. Entretanto,
multiplica-se a carga característica por 1,05 para levar em conta o peso próprio da Figura 4.9 – Laje unidirecional do exemplo 5.
sapata.
Resolução:
- Para o máximo momento positivo:
Nkq = 250 kN
pd = 1,4×(g + q1) = 8,4 kN/m2.
Nkg = 650 kN Md = pd L2/8 = 26,25 kN.m/m.

- Para o máximo momento negativo*:


pd = 1,0 g + 1,4 q2 = 3,0 – 1,4×5,0 = -4,0 kN/m2.
Md = pd L2/8 = -12,5 kN.m/m.
(*) para reservatórios, nos quais existe extravassador, pode-se considerar o coeficiente
Figura 4.8 – Cargas na sapata. de majoração da ação da água igual a γf = 1,2 (NBR 6118/2003).

Resolução: 1.4.6.6 Exemplo 6


Como existem 4 pisos, pode-se reduzir em 20% as cargas acidentais, já que a
probabilidade de todos estarem carregados ao mesmo tempo é muito pequena. Calcular os máximos momentos fletores de cálculo, positivo e negativo, para a seção de
Assim, a carga característica é: Nk = 650 + 0,8×250 = 850 kN. uma viga de contraventamento de um edifício residencial submetida aos esforços
listados abaixo:
Área da base da sapata: A ≥ 1,05 Nk /σadm = 1,05×850/200 = 4,46m2.
Então a área da sapata deve ser maior ou igual a 4,46m2. Mkg = 30 kN.m (momento característico devido às cargas permanentes);
Mkq = 15 kN.m (momento característico devido às cargas acidentais de uso);
Observação: Mkw1 = -40 kN.m (momento característico devido ao vento na direção 1);
Caso existisse outra carga acidental, o valor característico equivalente poderia ser Mkw2 = 25 kN.m (momento característico devido ao vento na direção 2).
calculado como: Nk = Nd/1,4.
Resolução:
1.4.6.5 Exemplo 5 O momento positivo de cálculo é o maior entre:
Md = 1,4 Mg + 1,4 (Mq + 0,6 Mw2) = 1,4×30 + 1,4×(15 + 0,6×25) = 84 kN.m.
Determinar os momentos de cálculo para a laje unidirecional simplesmente apoiada e
indicada na Fig. 4.9. Esta é uma laje de baldrame que está submetida aos esforços Md = 1,4 Mg + 1,4 (M w2 + 0,5 Mq) = 1,4×30 + 1,4×(25 + 0,5×15) = 87,5 kN.m.
gravitacionais mais o empuxo d’água no sentido contrário. Isto ocorre quando o lençol
d’água pode ficar acima do nível do baldrame e o mesmo não possui um sistema de Ou simplesmente fazendo (para estruturas de nós fixos):
alívio (bomba ou outro dispositivo). Md = 1,4 Mg + 1,4 (Mq + 0,8 Mw2) = 1,4×30 + 1,4×(15 + 0,8×25) = 91 kN.m.

Dados: Então:
L = 5m; M+d,max = 87,5 kN.m (ou 91 kN.m).
g = 3 kN/m2 (peso próprio e revestimento);
q1 = 3 kN/m2 (carga acidental em garagem); O momento negativo de cálculo é calculado como:
q2 = 5 kN/m2 (empuxo d’água, supondo lençol 50cm acima do baldrame). Md = 1,0 Mg + 1,4 Mw1 = 1,0×25 - 1,4×40 = -31 kN.m.

Então:
M-d,max = -31 kN.m.

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1.5 Requisitos de qualidade da estrutura
TABELA 5.1 - Classes de agressividade ambiental.

A NBR 6118:2014 apresenta muitas modificações em relação aos conceitos de Classe de Risco de
Classificação geral do tipo de
qualidade da estrutura. A qualidade do projeto deixa de ser uma visão apenas voltada agressividade Agressividade deterioração da
ambiente para efeito de projeto
para a segurança da estrutura e adquire uma preocupação clara com a durabilidade. ambiental estrutura
Rural
Os principais exemplos são o aumento do cobrimento das armaduras e a elevação do I Fraca Insignificante
consumo mínimo de cimento no concreto. Estes fatores, a curto prazo, geram o Submersa
encarecimento das estruturas, mas ao serem analisados a longo prazo, tendem a gerar II Moderada Urbana1) 2) Pequeno
uma redução do custo total da edificação (considerando custos de manutenção). 1)
Marinha
III Forte Grande
1.5.1 Exigências de durabilidade Industrial1) 2)
As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as Industrial1) 3)
condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
preconizado em projeto, conservem suas segurança, estabilidade e aptidão em serviço 1)
Pode-se admitir um micro-clima com classe de agressividade um nível mais brando para
durante o período correspondente à sua vida útil.
ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de
apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com
Por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se mantêm as argamassa e pintura).
características das estruturas de concreto sem exigir medidas extras de manutenção e 2)
Pode-se admitir uma classe de agressividade um nível mais branda em: obras em regiões de
reparo, isto é, é após esse período que começa a efetiva deterioração da estrutura, com o clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura protegidas
aparecimento de sinais visíveis como: produtos de corrosão da armadura, desagregação de chuvas em ambientes predominantemente secos ou regiões onde chove raramente.
3)
do concreto, fissuras, etc. Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em
industrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, industrias químicas.
1.5.2 Agressividade do ambiente

A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que Entretanto, para praticamente todas as CAA (exceto CAA IV – respingos de maré) a
atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das norma permite que se admita uma classe de agressividade um nível mais branda quando
variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no se tratar de ambientes internos secos revestidos com argamassa. No caso de ambientes
dimensionamento das estruturas de concreto. urbanos e industriais, uma redução em um nível na CAA também pode ser justificada se
a região apresentar clima seco.
Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental pode ser classificada de
acordo com o apresentado na Tab. 5.1. 1.5.3 Qualidade do concreto

A definição desta classe de agressividade ambiental (CAA) é fundamental na concepção A durabilidade das estruturas é altamente dependente das características do concreto e
do projeto estrutural, pois influenciará nos valores mínimos de resistências da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura.
características que devem ser respeitados, na relação a/c máxima permitida, no valor
mínimo do cobrimento de armadura e na máxima abertura de fissura permitida. Devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento ou
água/aglomerante, a resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, a NBR
Observa-se que a norma define as classes através do tipo de ambiente em que será 6118:2014 exige valeres máximos para a relação água/aglomerante, conforme indicado
construída a edificação (ver Tab. 5.1). Por exemplo, áreas urbanas são consideradas na Tab. 5.2.
CAA II, o que corresponde a uma agressividade moderada e pequeno risco de
deterioração. Cabe destacar que, em função da classe de agressividade, a norma fixa um valor mínimo
de fck a ser adotado. Quando se trata de concreto armado, o caso menos agressivo
(classe de agressividade I), exige o valor mínimo de 20MPa podendo chegar ao mínimo
de 40MPa, para agressividade IV.

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TABELA 5.2 - Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto. TABELA 5.3 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento
nominal para ∆c=10mm.
Classe de agressividade (Tab. 5.1)
Concreto Classe de agressividade ambiental (Tab. 5.1)
I II III IV Componente ou elemento I II III IV2)
Relação
Cobrimento nominal (mm)
água/aglomerante ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
em massa Laje1) 20 25 35 45

Classe de concreto ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 Viga/Pilar 25 30 40 50


Elementos estruturais em
30 40 50
contato com o solo3)
1)
1.5.4 Cobrimento Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso,
com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e
O cobrimento mínimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos, e
todo o elemento considerado. outros tantos, pode-se empregar um cobrimento nominal ≥ 15 mm.
2)
Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e
Para garantir o cobrimento mínimo (cmin) o projeto e a execução devem considerar o esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e
cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de intensamente agressivos a armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45mm.
execução (∆c). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os 3)
cobrimentos nominais, estabelecidos na Tab. 5.3 para ∆c=10 mm. No trecho dos pilares em contato com o sono junto aos elementos de fundação, a
armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45mm.
Segundo a NBR 6118:2014, nas obras correntes o valor de ∆c deve ser maior ou igual a
10 mm. Quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos limites de O cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre ser maior ou igual ao
tolerância da variabilidade das medidas durante a execução pode ser adotado o valor ∆c diâmetro da barra (φ), ou seja:
= 5 mm, mas a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de
projeto. cnom ≥ φ. (5.1)

O cobrimento está sempre referido à superfície da armadura externa, em geral à face Outra prescrição de norma refere-se à dimensão máxima característica do agregado
externa do estribo, conforme ilustrado na Fig. 5.1. graúdo utilizado no concreto. Esta dimensão máxima não pode superar em 20% a
espessura nominal do cobrimento, ou seja:

φt dmax ≤ 1,2 cnom, (5.2)


cnom
ou
cnom ≥ 0,83 dmax. (5.3)
estribo
φ

cnom
cnom
FIGURA 5.1 – Identificação dos cobrimentos nominais em uma seção de viga.

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1.6 Concepção estrutural (sem engrossamento da laje, ver Fig. 6.2) ou cogumelo (com capitéis aparentes, ver Fig.
6.3). Nas duas situações o fenômeno da punção é considerado o esforço predominante.
1.6.1 Introdução

A concepção da estrutura de um edifício consiste no estabelecimento de um arranjo


adequado dos vários elementos estruturais, de modo a assegurar que o mesmo possa
atender às finalidades para as quais ele foi projetado. A qualidade da solução adotada
deve considerar as condições arquitetônicas, funcionais, construtivas, estruturais, de
integração com os demais projetos (elétrico, hidráulico, ar condicionado, etc.) e
econômicas.

Os elementos básicos de uma estrutura convencional em concreto armado são (ver Fig.
6.1):

 laje: elemento estrutural bidimensional (laminar), geralmente horizontal, FIGURA 6.2 – Laje plana.
constituindo os pisos de compartimentos. A laje suporta diretamente as cargas
verticais do piso e as transfere para as vigas. É solicitada predominantemente à
flexão;

 viga: elemento unidimensional (linear), geralmente horizontal, que transfere para os


pilares as reações das lajes, as cargas de paredes e, eventualmente, as reações de
outras vigas. A viga é solicitada à flexão, ao esforço cortante e, às vezes, à torção e
ao esforço axial;

 pilar: elemento unidimensional (linear), geralmente vertical, que garante o vão


vertical dos compartimentos (pé direito), fornecendo apoio às vigas e transferindo as
cargas para a fundação. O pilar é solicitado, geralmente, à flexo-compressão
(compressão e flexão).
FIGURA 6.3 – Laje cogumelo.

Além dos elementos estruturais citados, existem os elementos de fundação e os


elementos complementares.

Os elementos estruturais de fundação são peças tridimensionais que transferem ao solo


laje as cargas provenientes dos pilares. As fundações podem ser classificadas em:

viga  diretas ou rasas, quando a carga é transmitida predominantemente pelas pressões


distribuídas sob a base do elemento de fundação, e em que a profundidade de
pilar assentamento é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. Exemplos:
sapata (Fig. 6.4a), bloco, radier, etc.

 profundas, quando o elemento de fundação transmite a carga ao terreno pela base


(resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma
FIGURA 6.1 – Exemplo simplificado de uma estrutura convencional. combinação das duas, e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua
menor dimensão em planta (mínimo de 3m). Exemplos: estacas, tubulão e caixão.
No caso de estacas, o elemento que transfere a carga do pilar para as estacas é
O sistema estrutural mostrado na Fig. 6.1 é considerado o sistema convencional de chamado bloco sobre estacas, ou bloco de coroamento (ver Fig. 6.4b).
construção. Uma variação cada vez mais comum é fazer as lajes se apoiarem
diretamente sobre os pilares (sem vigas internas). Nestes casos, tem-se as lajes planas

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 a construção está sujeita a ações que acarretam solicitações nos planos verticais da
estrutura (efeito do vento, por exemplo); estas solicitações são, normalmente,
resistidas por pórticos, os quais devem apresentar resistência e rigidez adequadas.
Para isso, é importante a orientação criteriosa das seções transversais dos pilares
(ver Fig. 6.5) e a imposição de rigidez mínima às seções transversais dos pilares ou
criação de peças com grande inércia (normalmente no poço de elevador).

a) sapata isolada b) bloco sobre duas estacas

FIGURA 6.4 – Elementos de fundação mais empregados.


a) posicionamento favorável
Os elementos estruturais complementares são aqueles que complementam a estrutura do
edifício e que, normalmente, são formados por uma combinação dos elementos
estruturais básicos. Exemplos comuns são:

 escada;
 reservatórios de água;
 muro de arrimo;
 paredes estruturais ou cortinas de contenção.

1.6.2 Diretrizes gerais

A concepção estrutural deve obedecer a algumas diretrizes gerais: b) posicionamento desfavorável


FIGURA 6.5 – Orientação dos pilares em planta para resistir ao efeito de vento.
 atender às condições estéticas definidas no projeto arquitetônico. Como, em geral,
nos edifícios a estrutura é revestida, procura-se embutir as vigas nas paredes de 1.6.3 Lajes
alvenaria e posicionar os pilares em pontos que não comprometam a funcionalidade
(pontos de janela, vagas de garagem, etc.); As lajes de concreto são placas horizontais monolíticas destinadas a suportar cargas
verticais e horizontais. Sob ação de cargas que agem perpendicularmente ao seu plano
 a transferência de cargas deve ser a mais direta possível. Desta forma, deve-se médio, as lajes têm comportamento de placa, e sob a ação de cargas atuantes em seu
evitar, na medida do possível, o apoio de pilares em vigas (chamadas de vigas de próprio plano, têm comportamento de chapa.
transição);
De modo geral, o comportamento de placa está associado à flexão, devida ao
 os elementos estruturais devem ser os mais uniformes possíveis quanto à geometria carregamento diretamente aplicado às lajes, e o comportamento de chapa, ao
e quanto às solicitações; desta forma, as vigas devem, em princípio, apresentar vãos contraventamento da estrutura global tridimensional e à transmissão das cargas
comparáveis entre si; horizontais do vento aos elementos a elas resistentes. Portanto, o dimensionamento que
em geral é realizado considera apenas cargas perpendiculares à superfície da laje, sendo
 as dimensões contínuas da estrutura, em planta, devem ser limitadas a cerca de 30m a função de contraventamento e transmissão de esforços apenas garantidas com
para minimizar os efeitos da variação de temperatura ambiente e da retração do adequada ancoragem nas vigas de apoio.
concreto. Em construções com dimensões em planta acima de 30m é desejável a
utilização de juntas estruturais que decompõem a estrutura original em um conjunto 1.6.3.1 Classificação de acordo com a sua natureza
de estruturas independentes entre si, para minimizar estes efeitos;
De acordo com sua natureza, as lajes podem ser classificadas em maciças, nervuradas,
em grelha, mistas e duplas.
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capa
a) Lajes maciças

As lajes maciças são constituídas unicamente por concreto e armadura e sua espessura é
basicamente constante (ver Fig.6.6).
enchimento nervura
Este tipo de laje não tem grande capacidade portante, devido a pequena relação
rigidez/peso. Os vãos variam, geralmente, entre 3 e 6 metros, podendo-se encontrar vãos FIGURA 6.7 – Laje nervurada.
até 8 metros. Esta solução estrutural apresenta uma grande quantidade de formas, porém
são importantes elementos de contraventamento (diafragmas rígidos nos pórticos
tridimensionais) e de enrijecimento (mesas de compressão das vigas).

FIGURA 6.6 – Laje maciça.

Nas lajes maciças, devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a espessura:

 7 cm para lajes de cobertura não em balanço;


 8 cm para lajes de piso não em balanço;
 10 cm para lajes em balanço; laje nervurada bidirecional laje nervurada unidirecional
 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN; FIGURA 6.8 – Classificação da laje nervurada quanto à direção das nervuras.
 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo;
 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, L/42 para lajes de piso Na prática, a altura mínima para a laje nervurada é 12cm. Esta situação ocorre para lajes
biapoiadas e L/50 para lajes de piso contínuas. pré-moldadas com enchimento de lajotas cerâmicas de 7cm de espessura.

Embora a norma permita, aconselha-se não usar espessura menor que 8cm, de forma a A espessura da mesa (ou capa), quando não houver tubulações horizontais embutidas,
evitar fissuras devido à passagem de eletrodutos na laje. Por questões econômicas, deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre nervuras e não menor que 4 cm.
geralmente não se emprega alturas maiores que 15 cm para lajes maciças em concreto Quando existirem tubulações embutidas de diâmetro máximo 10,0 mm, o valor mínimo
armado. Nestes caso a solução com lajes nervuradas é mais interessante. absoluto deve ser 5 cm. A largura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm.

b) Lajes nervuradas Deve-se procurar usar espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm,
pois neste caso pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa e a verificação do
As lajes nervuradas possuem a zona de tração constituída por nervuras, entre as quais cisalhamento nas nervuras pode ser feita com os critérios de laje, o que torna o processo
podem ser postos materiais inertes, de modo a tornar plana a superfície externa (ver Fig. de cálculo mais simples.
6.7), ou deixar vazios por meio de formas especiais. São empregadas quando se deseja
vencer grandes vãos e/ou grandes sobrecargas. O aumento do desempenho estrutural é Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm, exige-se a
obtido em decorrência da ausência de concreto entre as nervuras, que possibilita um verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento
alívio de peso e a utilização de maiores alturas. como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre eixos de
nervuras for menor que 90 cm e a espessura média das nervuras for maior que 12 cm.
Devido à alta relação entre rigidez e peso, apresentam elevadas freqüências naturais. Tal
fato permite a aplicação de cargas dinâmicas (equipamentos em operação, multidões e c) Lajes em grelha
veículos em circulação) sem causar vibrações sensíveis ao limite de percepção humano.
As lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110 cm são
Estas lajes podem ser divididas em unidirecionais e bidirecionais, conforme mostrado chamadas de lajes em grelha. Nestes casos, a mesa deve ser projetada como laje maciça,
na Fig. 6.8. As lajes nervuradas unidirecionais são, em geral, lajes pré-fabricadas. apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.
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d) Lajes mistas No sistema construtivo convencional, lajes apoiadas sobre vigas, as lajes descarregam
as cargas nas vigas, que, por sua vez, transmitem as cargas aos pilares. Eventualmente
As lajes mistas são semelhantes às lajes nervuradas, tendo como diferença a não podem ocorrer um ou mais bordos livres.
obrigatoriedade da utilização de mesa de concreto na região comprimida, bem como a
necessidade de preencher o espaço entre as nervuras com material cerâmico. Este Quando as lajes (maciças ou nervuradas) estiverem apoiadas diretamente sobre os
material cerâmico tem participação direta na resistência à flexão da laje, absorvendo pilares (sem vigas), estas são chamadas de lajes planas (sem engrossamento da laje, ver
esforços de compressão (CUNHA e SOUZA, 1998). Fig. 6.2) ou lajes cogumelo (com capitéis aparentes, ver Fig. 6.3).

e) Lajes duplas Segundo prescrições da norma NBR 6118:2014, a espessura mínima para as lajes lisas
(planas) é 16 cm e, para as lajes cogumelo, 14 cm (espessura fora do capitel).
A laje dupla também é um caso particular da laje nervurada, no qual as nervuras ficam
situadas entre dois painéis de lajes maciças (teto do pavimento inferior e piso do 1.6.3.4 Classificação em relação ao local onde são moldadas
pavimento superior), como ilustrado na Fig. 6.9. É conhecida também como laje do tipo
“caixão-perdido” devido a tradicional forma de execução empregada. Pode, entretanto, Outra classificação que pode existir para as lajes é em relação ao local onde são
ser executada com lajes que se apóiam em vigas invertidas, o que evita a perda da forma moldadas. Caso as lajes sejam moldadas (parcialmente ou totalmente) fora da posição
na região interna (PAPPALARDO, 2002). de concretagem final, estas serão denominadas de lajes pré-moldadas. Se esta primeira
vazio etapa for realizada em fábrica (fora do canteiro de obra), também pode-se usar o termo
pré-fabricadas.

As lajes pré-fabricadas podem ser constituídas por vigotas treliçadas ou armadas, que
funcionam como elementos resistentes, cujos vãos são preenchidos com blocos
cerâmicos ou de isopor, conforme indicado na Fig. 6.10, ou por painéis pré-fabricados
concreto
protendidos ou em concreto armado, apoiados diretamente sobre as vigas, mostrados na
FIGURA 6.9 – Laje dupla. Fig. 6.11, dispensando-se o elemento de enchimento.

1.6.3.2 Classificação de acordo com a armadura empregada No caso das lajes compostas por vigotas e blocos de enchimento, ao contrário dos
painéis pré-fabricados, deve ser feita a solidarização do conjunto com uma capa
De acordo com a armadura empregada, as lajes podem ser classificada em lajes de superior de concreto.
concreto armado e lajes protendidas.
A grande vantagem deste tipo de solução é a velocidade de execução e a dispensa de
Quando as lajes possuem armadura passiva, estas são denominadas lajes de concreto formas. Seus vãos variam de 4 a 8 metros, podendo-se chegar a 15 metros.
armado. As armaduras passivas são aquelas colocadas livres de tensões no interior do
concreto. O aço de armadura passiva é constituído de fios e barras.

Caso as lajes possuam armadura ativa, estas serão denominadas lajes protendidas. Este
sistema construtivo pode ser aplicado tanto em lajes maciças quanto em lajes
nervuradas. Nas lajes protendidas, as armaduras são colocadas sob tensão dentro do FIGURA 6.10 – Laje pré-fabricada treliçada com enchimento cerâmico.
concreto. Cria-se um estado de tensões iniciais destinado a melhorar as condições de
funcionamento da peça. A protensão pode ser com aderência incial (pré-tração), com
aderência posterior (pós-tração com injeção de nata de cimento) ou sem aderência em
pós-tração.

1.6.3.3 Classificação de acordo com os apoios

Com relação a forma de apoio, as lajes podem ser apoiadas sobre vigas ou apoiadas
diretamente sobre pilares. FIGURA 6.11 – Tipos de painéis pré-fabricados (laje alveolar protendida e painél tipo
π, ou duplo T).

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1.6.4 Vigas Em geral, não devem ser utilizados vãos superiores a 6m, face aos valores usuais de
distância de piso a piso (em torno de 2,8m) que permitem espaço disponível para a
A seção transversal de vigas não deve apresentar largura menor que 12 cm, e das vigas- altura da viga em torno de 60cm (ver Fig. 6.13), de forma a possibilitar a altura da porta
parede menor que 15 cm. Estes limites podem ser reduzidos, respeitando-se um mínimo de 2,1m, considerando ainda uma folga para a colocação do contramarco e contrapiso
absoluto de 10 cm em casos excepcionais, contanto que se respeite os valores mínimos (hvig<280-210-10=60cm). Deve-se ter atenção com relação às vigas do perímetro, pois
de espaçamentos entre barras e cobrimentos exigidos por norma. às vezes a altura das janelas é superior a 210cm, o que diminui a altura máxima
permitida.
Sempre que possível, procura-se definir a largura da viga (bw) de modo que ela fique
2,8m
embutida na parede e não seja visível (ver Fig. 6.12). Assim, tem-se a largura “bw”
descontando as espessuras dos revestimentos, da ordem de 1,5cm, da espessura da hmax ±60cm viga
parede acabada “eparede” (bw = eparede – 3cm).

A altura (h) da seção transversal da viga pode ser estimada em (Lv/10) a (Lv/12), onde janela
280cm
Lv é o vão da viga (normalmente, igual à distância entre os eixos dos pilares de apoio).
porta 210cm
Nas vigas continuas de vãos comparáveis (relação entre vãos adjacentes entre 2/3 e 3/2),
costuma-se adotar altura única estimada através do vão médio. No caso de vãos muito
diferentes entre si, pode-se adotar altura própria para cada vão como se fossem contrapiso
0,0
independentes.

No caso de apoios indiretos (viga apoiada em outra viga), recomenda-se que a viga FIGURA 6.13 – Detalhe do cálculo da altura máxima para a viga.
apoiada tenha altura menor ou igual ao da viga de apoio e que esteja no mesmo nível da
viga de apoio ou acima dessa, caso contrário será necessária uma armadura especial Com relação a posição da viga em relação à laje, elas podem ser normais ou invertidas,
chamada de armadura de suspensão. conforme a posição da sua alma em relação à laje (ver Fig. 6.14). Quando se opta pela
solução de viga invertida, devem-se utilizar os estribos também como armadura de
suspensão das cargas provenientes das lajes.

laje laje
laje viga hviga

tijolo
distância de
piso-a-piso pé direito
altura de a) viga normal b) viga invertida c) viga semi-invertida
eparede parede
sobre a
viga FIGURA 6.14 - Seção transversal das vigas.
reboco (±1,5cm)

contrapiso (±4cm) piso 1.6.5 Pilares

São normalmente de seção retangular, posicionados nos cruzamentos das vigas,


permitindo apoio direto das mesmas, e nos cantos da estrutura da edificação.
reboco (±1,5cm) bw
Os espaços entre os pilares constituem os vãos das vigas, resultando, em geral, em
valores entre 2,5 e 6 metros.

No posicionamento dos pilares, devem ser compatibilizados os diversos pisos,


FIGURA 6.12 – Detalhe da viga embutida na parede. procurando manter a continuidade vertical dos mesmos até a fundação de modo a se
evitar, o quanto possível, o uso de vigas de transição (pilar apoiado em viga, conforme
Fig. 6.15).
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vento vento
Nos pilares de seção retangular de dimensões (b×h) de edifícios, recomenda-se que o
menor lado seja maior ou igual a 19cm.

Em casos especiais, permite-se adotar também seção retangular com dimensões entre 19
cm e 12 cm (em geral nos pilares com poucos lances), desde que se multipliquem as
ações a serem consideradas no dimensionamento por um coeficiente γn, indicado na
Tab. 4.6. Em qualquer situação, não se permite pilar com área transversal inferior a
360cm2, ou seja, as menores seções retangulares permitidas são: 12×30cm; 15×24cm;
18×20cm; etc.

Outra opção é utilizar seções compostas de retângulos em forma de “L” ou “T’, etc.
Assim como nos pilares de seção retangular, a área da seção deve ser maior ou igual a
360cm2 e deve-se usar o coeficiente γn quando a menor dimensão estiver entre 19 e
12cm.

É importante lembrar que a estrutura deverá absorver solicitações horizontais, devidas


ao efeito do vento. Recomenda-se que sejam criados pilares com elevada inércia (núcleo FIGURA 6.16 – Pilares isolados e incorporados num pórtico plano.
rígido) ou pórticos de modo a conferir à estrutura uma rigidez satisfatória e garantir sua
estabilidade global. Estas partes da estrutura destinadas a resistir os esforços do vento
são denominadas peças de contraventamento. As demais partes da estrutura, que serão 1.6.6 Execução de desenhos para obras de concreto armado
dimensionadas apenas para as cargas verticais, são denominadas de contraventadas.
O produto final do projeto estrutural é constituído por desenhos, especificações e
A Fig. 6.16 mostra as deformações produzidas por efeito do vento em dois pilares critérios de projeto. As especificações e critérios de projeto podem constar nos próprios
isolados e num pórtico (formado por pilares ligados por vigas em cada nível de desenhos ou constituir documento separado.
pavimento). Pode-se notar que os deslocamentos horizontais produzidos na estrutura
composta por vigas e pilares, monoliticamente ligados, são muito menores devido ao Existem dois tipos de desenho: formas e detalhamento das armaduras.
efeito de pórtico.
1.6.6.1 Desenho de formas

Os desenhos de formas devem definir completamente as características geométricas da


estrutura. As diretrizes específicas para a elaboração destes desenhos são:

 locação da estrutura: a locação consiste na definição de eixos de referência,


principais e secundários, em relação aos quais a estrutura se posicionará observando,
pilar que nasce rigorosamente, as medidas prescritas no projeto arquitetônico;
viga de transição

 cortes característicos: na elaboração dos desenhos de formas, é importante que


sejam bem definidas as posições relativas das lajes e vigas. Nestas condições,
deverão constar nas pranchas de formas cortes capazes de elucidar qualquer dúvida
pilar que morre a respeito do citado posicionamento dos elementos. Lajes rebaixadas e vigas
invertidas devem estar devidamente apontadas.

 dimensões: deverão constar dos desenhos de formas todas as dimensões dos


elementos estruturais, assim como as distâncias (cotas) necessárias para a sua
localização.

A designação das peças é feita mediante os seguintes símbolos, seguidos do respectivo


acesso garagem número de ordem: lajes - L; vigas -V; pilares - P; sapatas - S; blocos - B.

FIGURA 6.15 – Viga de transição em estrutura de dois pavimentos.


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1.6.6.2 Desenhos de armação ou detalhamento das armaduras 1.6.7 Avaliação da conformidade do projeto

Os desenhos de armação devem definir de modo integral as armaduras a serem Dependendo do porte da obra, a norma recomenda que o contratante do projeto requeira
utilizadas nos elementos estruturais de concreto armado. As diretrizes gerais são: uma avaliação da conformidade do projeto estrutural. Neste caso, o contratante deve
contratar um profissional habilitado e registrar o procedimento em um documento
 identificação individual das barras que compõe as armaduras; específico, que deve acompanhar a documentação do projeto.

 definição das bitolas, formas e comprimentos das barras; A avaliação da conformidade deve ser realizada antes da fase de construção e, de
preferência, simultaneamente com a fase de projeto, como condição essencial para que
 definição do posicionamento das barras nas seções transversais dos elementos os seus resultados se tornem efetivos e conseqüentes. A seção 25 da norma NBR
estruturais. 6118:2014 estabelece os critérios de aceitação e os procedimentos corretivos, quando
necessários.
A representação das barras da armadura faz-se pelo seu eixo, com linha cheia, de acordo
com a conveniência do desenho, sendo que as medidas indicadas correspondem a cada 1.7 Exemplo de lançamento estrutural
trecho reto (ver Fig. 6.17).
As Figs. 7.1 e 7.2 ilustram as planta arquitetônicas de uma edificação que será utilizada
15 15 para explicar alguns itens do lançamento estrutural. A partir destas plantas é que é
185
montada a planta de formas. Neste exemplo será considerada apenas a planta de forma
2 N1 φ12,5mm C=209 do pavimento superior (piso do pavimento superior).

FIGURA 6.17 - Representação de uma barra de armadura. 10 110 18 347 15 547 18 240 18

18
Para a numeração das barras, cada tipo diferente de barra da armadura é designado por
um número cuja indicação se fará na representação isolada da barra, eventualmente na
peça (N1 na Fig. 6.17). SALA
QUARTO
Deve constar nos desenhos de armação uma tabela com as quantidades unitárias e totais 466
do aço necessário para a sua execução (ver Tab. 6.1).
477

TABELA 6.1 – Exemplo de tabela com quantitativos de aço.

Comprimento (cm)
Barra Bitola (mm) Quantidade
Unitário Total 15
18
N1 12,5 2 209 418
N2 16,0 1 280 280

É necessário haver sempre um resumo que indique o comprimento total e o peso de BWC COZINHA 277

cada bitola (ver Tab. 3.1) por categoria de aço adotado, conforme Tab. 6.2.
18
TABELA 6.2 – Exemplo de resumo de aço.
18 232 15 662 18
RESUMO DO AÇO
FIGURA 7.1 – Planta arquitetônica do pavimento superior.
Bitola φ Comprimento total Peso + 10%
(mm) (m) (kg) Considerando-se o piso superior, o lançamento das vigas é feito a partir das direções das
CA-60 paredes, desprezando-se todas as aberturas existentes (portas e janelas). A primeira idéia
5,0 28,60 5,0 é evitar, tanto quanto possível, paredes sobre as lajes. Isto deve ser feito principalmente
CA-50 para as lajes pré-moldadas unidirecionais. Cabe salientar que quando está sendo
6,3 52,8 14,5 realizado o lançamento das vigas de um determinado piso, sempre é importante verificar
8,0 82,0 36,1 a interferência no piso inferior (vigas aparentes no teto).
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À medida que as vigas são lançadas, deve-se pensar na posição dos pilares. Em
estruturas convencionais, devem-se evitar vãos de vigas superiores a 7 m (exceto em Observa-se que a numeração das lajes, vigas e pilares é realizada da esquerda para a
casos especiais). Assim, os pilares não devem ficar mais distantes de 7 m e também não direita, de cima para baixo (Figs. 7.3 e 7.4). Percebe-se também que os vãos livres nas
devem ficar a menos de 2,5 m de distância, para evitar problemas nas fundações (porém plantas de forma são diferentes das dimensões nas plantas arquitetônicas. Isto porque,
é comum nos projetos fazer fundações associadas para alguns pilares, principalmente no na planta de formas, são acrescidas as espessuras dos rebocos.
poço do elevador e nas escadas).
P1 P2
P3
No lançamento dos pilares, deve-se observar a posição das janelas, portas e posições das (15×50) (15×50) V1 (15×50) (15×50) P4
garagens. Em caso de interferência destes elementos, podem-se utilizar vigas de 15
(15×50)
transição. 2.70
L1 140
2.80
18

V2 (12×40)
150 V6 L2 L3 V10
240 18 (12×50) V9 L4 480
(15×50) V11
V7 (12×50) (15×50)
(15×50)

LOJA 1 LOJA 2 477 110 350 550 243


196 P6
V4 (12×50) (15×50) 12 P8
(15×50)
P5 P7 V3 (15×50)
(15×50) (15×50)
18 347 15 547 18 V8
120 L5 (12×50)
L6 280

15 18 237 664

P9
(15×50) P11
V5 (15×50) P10 15
LOJA 3 (15×50)
277 (15×50)

FIGURA 7.3 – Planta de forma para lajes pré-moldadas.

18 P1 P2 P3
(15×50) (15×50)
FIGURA 7.2 – Planta arquitetônica do pavimento inferior. V1 (15×50) 15 (15×50) P4
(15×50)
L2
Na solução mostrada na Fig. 7.3, têm-se lajes pré-moldadas e vigas sob todas as paredes maciça
140
L1
h=8 2.80 maciça
do pavimento superior. Entretanto, a viga V8, se colocada na elevação normal, ficará h=8

aparente no teto da loja 3 do pavimento inferior. Neste caso particular, existe a V2 (12×40)
alternativa de usar a viga V8 na forma invertida, como está mostrado na planta de forma
2.70
L3 L4 V8 V9
maciça maciça 480
(15×50)
da Fig. 7.3. Porém, isto só é possível porque não existe porta na parede do piso superior. V6 h=8 V7 h=8 (15×50)
(15×50) (12×50)

Para um projeto com lajes maciças ou com lajes nervuradas de maiores alturas, é
121,5
comum aplicar cargas sobre as paredes, diminuindo-se o número de vigas e, 15 350 12 550 15 243

conseqüentemente, o gasto com formas. A Fig. 7.4 ilustra esta outra opção de planta de V4 (12×50) 12
P8
(15×50)
formas. P5 P6 P7 V3 (15×50)
(15×50) (15×50) (15×50)
Para a consideração da sacada existem duas possibilidades: prolongar as vigas V1 e V4 L5 280
com uma parte em balanço e deixar a laje da sacada apoiada em vigas (conforme a Fig. maciça
h=8
7.3) ou fazer a laje L1 em balanço (conforme a Fig. 7.4). P10
P9 V5 (15×50) (15×50)
(15×50)
Neste projeto as larguras das vigas foram definidas em função das larguras das paredes, 15
P11
365 (15×50)
mas nem sempre isto é possível. Neste caso, todas as vigas ficarão embutidas na parede
acabada (considerando reboco de 1,5 cm de cada lado). FIGURA 7.4 – Planta de forma para lajes maciças e laje em balanço.
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2 Dimensionamento à Flexão Simples Ao analisar mais detalhadamente o comportamento da peça no estádio I, percebe-se que
pode-se dividir este estádio em dois: estádio Ia e estádio Ib. O estádio Ia é o primeiro
nível de carregamento, com as características citadas anteriormente. O estádio Ib difere
O cálculo da armadura necessária para resistir a um momento fletor é um dos pelo fato das tensões de tração no concreto não serem mais proporcionais às
procedimentos mais importantes no dimensionamento de peças de concreto armado. deformações na zona tracionada, embora o concreto ainda resista à tração e não esteja
fissurado.
Nas vigas, geralmente o esforço normal é desprezível (exceto em vigas protendidas),
por isso, será estudado inicialmente o caso de flexão simples (esforço normal nulo). Aumentando-se o valor das cargas concentradas, as tensões de tração na maioria dos
pontos abaixo da linha neutra (LN) terão valores superiores ao da resistência
Conforme será visto no capítulo 3, pode-se realizar o dimensionamento à flexão característica à tração (fctk). Neste caso, diz-se que a viga está no estádio II (estado de
desconsiderando-se o efeito do esforço cortante, mas o inverso não é válido. Desta fissuração). Este é o comportamento característico das peças em serviço, o qual é
forma, nesta unidade será ignorada a presença de tensões de cisalhamento, como se caracterizado por:
fosse um caso de flexão pura.
- considera-se que apenas o aço resiste aos esforços de tração;
A formulação apresentada permitirá dimensionar a armadura longitudinal de lajes e - admite-se que a tensão de compressão no concreto continue linear;
vigas submetidas à flexão normal, ou seja, em situações em que o plano de - as fissuras de tração na flexão no concreto são visíveis (ver Fig. 1.2).
carregamento é perpendicular à linha neutra.
P P
estádio II puro deformações tensões
εc σc
2.1 Estádios de flexão Rcc
fissuras de LN
Uma excelente maneira de estudar os estádio de flexão de uma peça de concreto é
flexão
através da observação do ensaio de Stuttgart, realizado por Leonhardt e Walther. Neste εs Rst
ensaio, dimensionou-se a viga através da teoria clássica de Mörsch e aplicaram-se
seção no estádio II puro
cargas concentradas de forma a obter flexão pura na parte central e flexão com estádio I
cisalhamento nos trechos próximos aos apoios. As cargas foram aumentadas
gradativamente até o colapso da peça. FIGURA 1.2 – Estádio I e II.
A seção transversal central da viga de concreto armado, submetida a um momento fletor
crescente, passa por três níveis de deformação, denominados de estádios. Ao aumentar as cargas concentradas até um valor próximo ao de ruína da peça, a peça
apresentará um comportamento característico do estádio III, no qual:
Quando a viga está submetida a cargas de pequena intensidade (pequeno momento
fletor), a tensão de tração no concreto não ultrapassa sua resistência característica à - o concreto apresenta comportamento não-linear na zona comprimida;
tração (fctk). Neste caso, diz-se que a viga está no estádio I (estado elástico), o qual é - a fibra mais comprimida do concreto começa a escoar e quase todas as fibras passam
caracterizado por: a trabalhar com sua tensão máxima;
- a armadura atinge a tensão de escoamento;
- o diagrama de tensão normal ao longo da seção é linear; - a peça fica bastante fissurada.
- as tensões nas fibras mais comprimidas são proporcionais às deformações;
- não há fissuras visíveis.
P P P P
fissuras de
deformações tensões
deformações tensões cisalhamento
εc σc
εc σc
Rcc
Rcc
LN
LN εs
εs Rst Rst
compressão seção no meio do vão
seção no meio do vão
tração FIGURA 1.3 – Estádio III.
FIGURA 1.1 – Estádio I.
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Outra forma de representação dos níveis de deformação é através do gráfico tensão- σcd
deformação do concreto, conforme indicado na Fig. 1.4. Na parte superior, estão εc2
plotadas as tensões e deformações na região comprimida, na parte inferior, as tensões e εcu
deformações na região tracionada. x
d
Para pequenos valores de tensões, o concreto se comporta de forma linear (estádio Ia). h
A partir do ponto B, o concreto apresenta comportamento não-linear na região
tracionada (estádio Ib). Aumentando-se a tensão normal, passa-se ao estádio II, no qual
o concreto não resiste mais à tração. A partir do ponto A, o concreto apresenta As εs
comportamento altamente não-linear na região comprimida (estádio III), até a situação d”
de ruína.
deformações tensões
σc
fck FIGURA 2.1 – Diagrama tensão-deformação simplificado.
ΙΙΙ
ΙΙ A Conforme estudado anteriormente, o diagrama é composto por uma parábola do 2º grau,
com o vértice na fibra correspondente à deformação de compressão de εc2, prolongada
Ιb por um segmento de reta limitado na fibra correspondente à deformação de compressão
de εcu. A ordenada máxima do diagrama corresponde a uma tensão igual a αc·fck/γc = αc·
Ιa fcd.
ε
εr De modo geral, é possível admitir uma substituição do diagrama parábola-retângulo por
B um retângulo de altura λx, em que x é a profundidade da linha neutra (ver Fig. 2.2).

fctk αcfcd 0,9αcf cd


εcu

x λx
FIGURA 1.4 – Representação dos estádios de deformação.

largura constante largura decrescente


Pode-se dizer, simplificadamente, que os estádios I e II correspondem às situações de ou crescente para a para a borda
serviço (quando atuam cargas reais) e o estádio III corresponde ao estado limite último, borda comprimida comprimida
que só ocorreria em situações extremas.

Por isso, o cálculo de dimensionamento das estruturas de concreto armado será feito deformações tensões
considerando-se a peça no estádio III (estado limite último), considerando-se as
solicitações majoradas e as resistências minoradas, de forma a alcançar um FIGURA 2.2 – Simplificação para dimensionamento.
dimensionamento econômico.
Observação: utiliza-se o coeficiente 0,9αc ao invés de αc em situações onde a zona
comprimida apresenta largura decrescente no sentido das fibras mais comprimidas, a
2.2 Diagrama de tensões parábola-retângulo partir da linha neutra.

Se f ck ≤ 50 MPa
Admite-se que, no estado limite último, as tensões de compressão na seção transversal α c = 0,85
das peças submetidas a solicitações normais tenham uma distribuição de acordo com o λ = 0,8
diagrama parábola-retângulo (ver Fig. 2.1):
Se f ck > 50 MPa
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 ( f ck − 50  (encurtamento)
α c = 0,85 1 − 0 εc2 εcu
 200  B εc
f − 50 x23
λ = 0,8 - ck
400 κh x34
3
2 C
2.3 Hipóteses de cálculo para solicitações normais d a
h 4
Tendo em vista as dificuldades de caracterização do esgotamento da capacidade b
resistente das peças submetidas a solicitações normais, considera-se um estado limite Sendo :
1
último convencional, designado por estado limite último de ruptura ou de deformação  ε c2 
5 κh = 1 - h
plástica excessiva.
εs As  ε cu 
A
4a
Este estado limite último é alcançado quando, na fibra mais comprimida de concreto, o εc
encurtamento é igual a um valor último convencional de εcu, ou quando na armadura 10‰ (alongamento) εyd 0
tracionada a barra de aço mais deformada tem alongamento igual ao valor último
convencional de 10‰. FIGURA 4.1 – Domínios de deformação.

O estudo do concreto armado nestas condições é feito com base nas seguintes hipóteses: A reta “a” e os domínios 1 e 2 correspondem ao estado limite último por deformação
plástica excessiva (ruptura por alongamento excessivo da armadura). A seguir são
- Manutenção das seções planas (hipótese de Bernoulli): as deformações normais definidos estes intervalos:
específicas são, em cada ponto da seção transversal, proporcionais a sua distância à
linha neutra (para l/d > 2); - Reta a: tração uniforme.

- Solidariedade perfeita entre os materiais (deformação da armadura é igual à - Domínio 1: tração não uniforme, sem compressão. O estado limite último é
deformação do concreto); caracterizado pelo escoamento do aço ( ε s = 10‰). A reta de deformação gira em
torno do ponto A e a linha neutra é externa à seção.
- A resistência do concreto à tração é desconsiderada.
- Domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto
( ε c ≤ εcu). Ruptura caracterizada pelo escoamento do aço ( ε s = 10‰). A linha
2.4 Domínios de deformação neutra corta a seção (a reta de deformação continua girando em torno do ponto A).
Fazendo-se compatibilidade de deformações, tem-se:

Para a determinação da resistência de cálculo de uma dada seção, é necessário x 23 d - x 23 (4.1)


determinar em qual domínio está situado o diagrama de deformações específicas. =
ε cu 10,0
Definem-se estes domínios de deformação conforme a natureza da ruptura da seção (ver
Portanto, para fck ≤ 50MPa:
Fig. 4.1).
x 23 = 0,2593 d . (4.2)

E para fck 50 MPa < fck ≤ 90 MPa:

ε cu ⋅ d
x 23 = . (4.3)
10,0 + ε cu
Sendo:
εcu = 2,6‰ + 35‰ · [(90 - fck)/100]4.

Os domínios 3, 4, 4a, 5 e reta “b” correspondem ao estado limite último por ruptura do
concreto comprimido (sem grandes deformações).
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torno do ponto C, distante κh da borda mais comprimida. Sendo que
- Domínio 3: flexão simples ou composta com ruptura à compressão do concreto (εcu) κh = (1 - ε c2 / ε cu ) ⋅ h .
e com escoamento do aço ( ε s ≥ ε yd ). A linha neutra corta a seção e a reta de
deformação gira em torno do ponto B. A ruptura do concreto ocorre - Reta b: compressão uniforme.
simultaneamente com o escoamento da armadura: situação ideal, pois os dois
materiais atingem sua capacidade resistente máxima (são aproveitados Os domínios de deformação também podem ser visualizados por meio do diagrama de
integralmente). Não há risco de ruptura brusca da peça (a ruína se dá com aviso, interação do esforço normal (N) com o momento fletor (M), mostrado na Fig. 4.2. A
pois existem grandes deformações). As peças que chegam ao estado último no linha pontilhada corresponde à combinação de todos os pares (Nd, Md) resistentes de
domínio 3 são ditas peças subarmadas. Fazendo-se compatibilidade de deformações, certa quantidade de armadura (GRAZIANO, 2005).
tem-se:
Md

x 34 d - x 34 (4.4)
=
ε cu ε yd
domínio 3 domínios 4 e 4a

Portanto, para fck ≤ 50MPa:


3,5 As ≠ 0
x 34 = d com ε yd em ‰. domínio 2
ε yd + 3,5 (4.5)
As = 0 domínio 5

E para fck 50 MPa < fck ≤ 90 MPa: domínio 1


ε cu
x 34 = d com ε yd em ‰. Nd
ε yd + ε cu
tração compressão
Sendo: (4.6)
εcu = 2,6‰ + 35‰ · [(90 - fck)/100]4. FIGURA 4.2 – Diagrama de interação entre esforço normal (N) e momento fletor (M),

- Domínio 4: flexão composta com armaduras comprimidas e ruptura à compressão


2.5 Variável ξ
do concreto (εcu) e sem escoamento do aço. A linha neutra corta a seção (a reta de
deformação continua girando em torno do ponto B). A ruptura da peça ocorre de
Nos diagramas de deformações correspondentes a estados limites últimos, considerando
forma frágil, sem aviso, pois o concreto rompe antes que a armadura tracionada se
a reta que forma a divisa entre os domínios 3 e 4, na borda superior tem-se o
deforme excessivamente. Peças dimensionadas neste domínio são chamadas
encurtamento relativo de ruptura convencional do concreto εcu. A armadura de tração
superamadas e devem ser evitadas pelo fator econômico (mal aproveitamento do
aço) e porque rompem sem apresentar fissuração. A altura da linha neutra limite sofre um alongamento relativo ε s = ε yd . Se a linha neutra descer um pouco mais, já
entre os domínios 4 e 4a é dada por: passa para o domínio 4.

x 44a = d . (4.7) Quando a linha neutra corresponde ao limite entre os domínios 3 e 4, a sua profundidade
é chamada x34 (ver Fig. 5.1). Define-se a variável ξ como sendo a relação entre a altura
- Domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas e ruptura à compressão da linha neutra (x) e a altura útil (d). Assim, tem-se:
do concreto (εcu). A linha neutra corta a seção na região de cobrimento da armadura
menos comprimida. A altura da linha neutra limite entre os domínios 4a e 5 é dada x 34
ξ 34 = . (5.1)
por: d

x 4a5 = h . (4.8)

- Domínio 5: compressão não uniforme, sem tração. A linha neutra não corta a seção.
Neste domínio, a deformação última do concreto é variável, sendo igual a εc2 na
compressão uniforme e εcu na flexo-compressão. A reta de deformação gira em

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εcu a) x/d ≤ (δ − 0,44)/ 1,25 para concretos com fck ≤ 50 MPa; ou
B
x34 b) x/d ≤ (δ − 0,56)/ 1,25 para concretos com 50 MPa < fck ≤ 90 MPa.

LN O coeficiente de redistribuição deve, ainda, obedecer aos seguintes limites:


d – x34
a) δ ≥ 0,90 para estruturas de nós móveis (esta situação será definida na Unidade IIX -
Pilares);
εyd
FIGURA 5.1 – Reta que separa os domínios 3 e 4. b) δ ≥ 0,75 em qualquer outro caso.
Além de anti-econômico, o domínio 4 é evitado para que não se tenha uma peça Pode ser adotada redistribuição fora destes limites desde que a estrutura seja calculada
superarmada, com ruptura frágil. mediante o emprego de análise não-linear ou de análise plástica, com verificação
explícita da capacidade de rotação de rótulas plásticas.
Conforme já demonstrado (Eq. 4.2), tem-se
Para vigas analisadas com redistribuição de esforços, devem-se respeitar ainda os
ε cu limites:
x 34 = d
ε yd + ε cu
logo, (δ − 0,44)
a) x ≤ d para concretos com fck ≤ 50 MPa; ou
ε cu 1,25
ξ 34 = com ε yd em ‰. (5.3)
ε cu + ε yd
(δ − 0,56)
b) x ≤ d para concretos com 50 MPa < fck ≤ 90 MPa.
1,25
2.6 Posição limite da linha neutra
2.6.1.1 Exemplo de limite de redistribuição de momentos
Conforme já foi salientado, no domínio 4 ocorre uma ruptura frágil que deve ser
evitada. A ruptura dos domínios 2 e 3 é do tipo dúctil, ou com aviso prévio, o que é A Fig. 6.1 ilustra um exemplo de viga contínua. Para análise linear sem distribuição
sempre desejável. obteve-se momento negativo de 90 kN.m e momentos positivos de 50,625 kN.m.
Adotando-se o maior coeficiente de redistribuição possível, δ=0,75, o momento
Entretanto, para garantir uma maior ductilidade das vigas, é conveniente limitar a negativo reduziu para 67,5 kN.m (0,75×90). Sabendo-se o valor do momento negativo,
profundidade da linha neutra, de modo a se obter uma ruptura distante do domínio 4. recalculam-se as reações e os momentos positivos, que aumentaram para 59,414 kN.m.
Isto é feito impondo-se a condição x ≤ xlim, onde a profundidade limite da linha neutra,
xlim. Para este exemplo, como foi usado o coeficiente de redistribuição de 0,75, a posição
limite da linha neutra na seção do momento negativo deve respeitar (supondo fck menor
Conforme item 14.6.4.3, para melhorar a dutilidade das estruturas, a posição da linha que 50 MPa):
neutra no ELU deve obedecer aos seguintes limites: δ ≥ 0,44 + 1,25 x/d

a) x/d ≤ 0,45 (ou ξ ≤ 0,45) para concretos com fck ≤ 50 MPa; ou 0,75 ≥ 0,44 + 1,25 x/d

b) x/d ≤ 0,35 (ou ξ ≤ 0,35) para concretos com 50 MPa < fck ≤ 90 MPa. x/d ≤ 0,248

Ou seja, para ser possível a redistribuição a posição da linha neutra não poderá superar
2.6.1 Limites para redistribuição de momentos 0,248 d, o que significa que a seção deve estar no domínio 2 (x23 = 0,259 d).

Quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento fletor de M para


δM, em uma determinada seção transversal, a relação entre o coeficiente de
redistribuição δ e a posição da linha neutra nessa seção x/d, para o momento reduzido
δM, devem ser dada por:
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2.7 Dimensionamento de seções retangulares
20 kN/m

O dimensionamento de seções retangulares submetidas à flexão normal simples


6m 6m constitui a operação mais rotineira do projetista de estruturas de concreto armado. Em
relação ao assunto, existem inúmeras formas de apresentar a formulação, as quais usam
-90 kN.m fórmulas ou tabelas e ábacos. Serão apresentadas as deduções das fórmulas e as tabelas
análise linear sem tipo k (Fusco, 1981; Carvalho e Figueiredo Filho, 2001).
redistribuição:

DMF e reações
2.7.1 Armadura simples

45 kN 50,625 kN.m 50,625 kN.m 45 kN


150 kN As expressões aqui deduzidas têm por finalidade apresentar o estudo do caso básico, o
qual permite as primeiras aplicações da teoria de flexão.
análise linear com
redistribuição (δ=0,75): 0,75×(-90) = -67,5 kN.m Considerando o caso de flexão simples de seções retangulares com armadura simples
(apenas armadura de tração), as equações de equilíbrio podem ser obtidas diretamente a
DMF e reações partir da Fig. 7.1 (supondo domínio de deformação 3).

48,75 kN
σcd = αc · fcd
59,414 kN.m 59,414 kN.m 48,75 kN
142,5 kN εc

FIGURA 6.1 – Exemplo de análise com redistribuição de momentos x λx Rcc

MSd d
h LN

As As
Rst
d” εs
bw

FIGURA 7.1 – Caso básico – Flexão simples – Armadura simples. Fonte: Fusco, 1981.
Sendo:
Se f ck ≤ 50 MPa
α c = 0,85
λ = 0,8

Se f ck > 50 MPa
 ( f ck − 50 
α c = 0,85 1 −
 200 
f − 50
λ = 0,8 - ck
400

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Da Fig. 7.1, tem-se:
I) Se x ≤ xlim → peça subarmada (domínio 2 ou 3). Neste caso, a armadura atinge a
- Momento solicitante de cálculo: tensão de escoamento, isto é, a hipótese admitida está correta σs = fyd.

MSd = γf M. ε cu ⋅ d
- Se x ≤ x23 = x 23 = → Domínio 2;
10,0 + ε cu
- Resultantes de tensões:
- Se x > x23 → Domínio 3;
Rcc = αc fcd bw λ x
Rsd = As fyd (supondo domínio 2 ou 3 → εs ≥ εyd). II) Se x > xlim → ou a seção é superarmada (x > x34) ou a seção não cumpre com o
critério de dutilidade mínima. Neste caso, existe duas alternativas:
- Equações de equilíbrio de força:
- Aumentar a seção de concreto (preferencialmente h);
Rcc = Rsd, - Utilizar armadura dupla (item 8.2).
ou
αc fcd bw λ x = As fyd. (7.1) Observações:
- O aumento da resistência característica do concreto (fck) também pode ser uma
- Equações de equilíbrio de momento: alternativa, embora não seja usual.
- Para utilizar a Eq. 8.4, deve-se arbitrar um valor para d, pois são se tem definida a
MSd = Rcc (d – 0,5λx), bitola e o número de camadas da armadura. Geralmente usa-se d ≅ 0,9h.
e
MSd = Rst (d – 0,5λx). Caso x ≤ xlim (I), utiliza-se armadura simples. A área de aço tracionada é calculada
isolando-se As da Eq. 8.1:
- Substituindo os valores das resultantes de tensão, tem-se:
α c f cd b w λ x
As = ,
MSd = αc fcd bw λ x (d – 0,5λx). (7.2) f yd
e
MSd = As fyd (d – 0,5λx). (7.3) Portanto, para concretos com fck ≤ 50 MPa:
Para o dimensionamento, primeiramente calcula-se a posição da linha neutra (x). Da Eq. 0,68 f cd b w x
As = , (7.6)
7.2, tem-se: f yd
M Sd
0,5λ x 2 - d x + = 0,
α c f cd b w λ 2.7.2 Armadura dupla
ou
2d x M Sd Quando se tem, além da armadura de tração As, outra armadura na região comprimida
x2 - + = 0,
λ 0,5 α c f cd b w λ2 A’s, diz-se que se tem seção com armadura dupla.

e A armadura dupla será usada para evitar o dimensionamento no domínio 4 ou para


aumentar a ductilidade da peça, sem precisar alterar as dimensões da seção transversal.
d  M Sd  Nestes casos, fixa-se a posição da linha neutra na altura limite (x = xlim).
x= 1− 1−  . (7.4)
λ  0,5α c f cd b w d 2 
A Fig. 7.2 indica a decomposição utilizada para dimensionamento da armadura dupla.

Portanto, para concretos com fck ≤ 50 MPa:


 M Sd 
x = 1,25 d  1 − 1− 2 
. (7.5)
 0,425 f cd b w d 

Calculado o valor de x, compara-se com o valor de xlim (item 7).

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σcd = αc · fcd 0,68 f cd b w x lim
A s,lim = . (7.11)
f yd
d’ Rcc
A’s λx lim
Md,lim Após calculado Md,lim, pode-se determinar ∆Md:
MSd d
h
= d - 0,5λxlim
+ ∆Md = MSd - Md,lim . (7.12)

As As,lim
Fazendo-se o equilíbrio de momentos em relação ao centro de gravidade da armadura
d” Rsd,lim comprimida, tem-se:

R’s ∆Rst (d - d’) = ∆Md ,


ou
A’s ∆As f yd (d - d’) = ∆Md ,
∆Md e
+ d – d’ ∆M d
∆A s = . (7.13)
f yd (d − d' )
∆As
∆Rst
Então, a armadura de tração total é dada por:

FIGURA 7.2 – Seção com armadura dupla (decomposição do momento). α c f cd b w λ x lim ∆M d


A s = A s,lim + ∆A s = + , (7.14)
f yd f yd (d − d' )
A interpretação da armadura dupla pode ser feita da seguinte forma: uma parte do
momento total aplicado (MSd) será absorvida pela capacidade limite da peça com ou
armadura simples (Md,lim) e, para absorver a parcela residual do momento (∆Md), cria-se M d,lim ∆M d (7.13)
um binário resistente com seções de armadura da região comprimida (A’s) e na região A s = A s,lim + ∆A s = + .
f yd (d − 0,5 λ x lim ) f yd (d − d' )
tracionada (∆Rst).
Para concretos com fck ≤ 50 MPa:
Observando-se a Fig. 7.2, pode-se escrever:
0,68 f cd b w x lim ∆M d
MSd = Md,lim + ∆Md . (7.8) A s = A s,lim + ∆A s = + (7.14)
f yd f yd (d − d' )
Como a posição da linha neutra é conhecida (xlim), para a primeira parcela tem-se:
Para determinar a armadura de compressão, faz-se o equilíbrio de momentos em relação
Md,lim = αc fcd bw λ xlim (d – 0,5λ xlim) ao centro de gravidade da armadura tracionada:
(7.9)
R’s (d - d’) = ∆Md ,
A parcela de armadura As,lim é então determinada pela fórmula de armadura simples Eq. ou
7.5: A’s σ’sd (d - d’) = ∆Md ,
e
α c f cd b w λ x lim ∆M d
A s,lim = . A's = . (7.15)
f yd σ' sd (d − d' )
(7.10)
Então, para concretos com fck ≤ 50 MPa: O cálculo de A’s requer a determinação da tensão σ’sd. A tensão σ’sd, por sua vez,
dependerá da deformação da armadura comprimida (ε’s), a qual pode ser obtida da Fig.
7.3:
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ε cu ε 's
= , - em uma mesma fila vertical:
x lim x lim − d'
logo, 2 cm

a v ≥ φ ,
(x lim − d' )
ε's = ε cu . (7.16) 0,5 d
x lim  max

onde dmax representa o diâmetro máximo do agregado do concreto (ver Tab. 1.1 da
Unidade 1) e φ é o diâmetro da barra de armadura.
εcu
d’ c φt
ε’s xlim
estribo
LN φ

ev
εyd
FIGURA 7.3 – Armadura dupla – deformações. eh
FIGURA 7.4 – Espaçamento mínimo entre barras.
2.7.3 Prescrições de norma
Para a armadura negativa, deve-se deixar espaço suficiente para a introdução do
As prescrições que seguem referem-se a vigas isostáticas com relação l/h ≥ 3,0 e a vigas vibrador: φvibrador + 1cm.
contínuas com relação l/h ≥ 2,0, em que l é o comprimento do vão teórico (ou o dobro
do comprimento teórico, no caso de balanço) e h a altura total da viga. Para feixes de barras deve-se considerar o diâmetro do feixe: φn = φ n , onde n é o
número de barras com diâmetro φ que compõe o feixe.
Vigas com relações l/h menores devem ser tratadas como vigas-parede, de acordo com
a seção 22 da NBR 6118:2014. Observação: estes valores se aplicam também às regiões de emendas por traspasse das
barras.

a) Largura das vigas (item 13.2.2 NBR 6118:2014)


c) Armadura longitudinal mínima (item 17.3.5.2.1 NBR 6118:2014)
A seção transversal de vigas não deve apresentar largura menor que 12 cm, e das vigas-
parede menor que 15 cm. Estes limites podem ser reduzidos, respeitando-se um mínimo Segundo a NBR 6118:2014, a ruptura frágil das seções transversais, quando da
absoluto de 10 cm em casos excepcionais, contanto que se respeite os valores mínimos formação da primeira fissura, deve ser evitada considerando-se um momento mínimo
de espaçamentos entre barras. dado pelo valor correspondente ao que produziria a ruptura da seção de concreto
simples (supondo que a resistência à tração do concreto seja dada por fctk,sup):
b) Distribuição transversal (item 18.3.2.2 NBR 6118:2014)
Md,mín = 0,8Wo fctk,sup
A norma prescreve distâncias mínimas entre as barras de armadura para garantir uma onde:
boa concretagem, isto é, sem ninhos de concretagem causados por grande concentração - Wo é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra
de armadura em determinadas regiões da peça. A Fig. 8.4 ilustra as distâncias verticais e mais tracionada:
horizontais, dadas por: bh 2
para seção retangular: Wo = ,
6
- em uma mesma camada horizontal: - fctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração.
2 cm
 O dimensionamento para Md,mín deve ser considerado atendido se forem respeitadas as
a h ≥ φ ,
1,2 d taxas mínimas de armadura obtidas através das fórmulas:
 max

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Os esforços nas armaduras podem ser considerados concentrados no centro de
f
2/3 gravidade correspondente se a distância deste centro ao ponto da seção de armadura
ρ min = 0,0667 ck ≥ 0,15% , se fck ≤ 50 MPa; mais afastada da linha neutra for menor que 10 % de h.
f yd
f) Armadura de pele (item 17.3.5.2.3 da NBR 6118:2014)
ln(1 + 0,11f ck )
ρ min = 0,47 ≥ 0,15% , se fck > 50 Mpa.
f yd Para vigas com altura superior a 60cm, a armadura lateral mínima deve ser 0,10% bwh
(área da alma) em cada face da alma da viga e com espaçamento não maior que 20 cm
Alternativamente, a NBR 6118:2014 apresenta esta consideração da taxa de armadura ou d/3, não sendo necessária uma armadura superior a 5 cm²/m. No caso da utilização
mínima através da Tab. 7.1. de barras com φ<8mm, que não tenha alta aderência (η1<2,25) deve-se dobrar esta
quantidade de armadura. A Fig. 7.5 ilustra o padrão de fissuração devido à falta de
A área mínima de aço é então calculada multiplicando-se a taxa mínima de armadura armadura de pele.
pela área da seção transversal. Nas seções tipo T, a área da seção a ser considerada deve
ser caracterizada pela alma acrescida da mesa colaborante.

TABELA 7.1 - Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (NBR 6118:2014). As,pele

Valores de ρmin* (%)


Forma da seção
ωmín C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 C55 C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90
Retangular 0,035 0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
* Os valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h=0,8, γc=1,4 e γs=1,15. Caso esses fatores sejam
diferentes, ρmin deve ser recalculado com base no valor de ωmín dado.

FIGURA 7.5 - Padrão de fissuração devido à falta de armadura de pele.


Após alguns testes, verificou-se que a taxa de armadura obtida através do momento de
cálculo mínimo (Md,mín) é, na grande maioria das vezes, menor que a taxa de armadura g) Vãos efetivos de vigas
mínima (ρmin). Esta situação só não ocorre em lajes muito delgadas com grande
cobrimento e fck elevado (h<9cm; c>2cm e fck>30MPa), o que é uma situação pouco O vão efetivo pode ser calculado por (item 14.6.2.4):
comum.
Lef = L0 + a1 + a2,
Desta forma, em casos usuais não é necessária a verificação de Md,mín caso se respeite a
taxa de armadura mínima (ρmin). A única vantagem de se calcular Md,mín é que pode-se onde L0 é o valor do vão livre (distância de face a face dos apoios), a1 é o menor valor
interromper o processo de cálculo sempre que o momento de cálculo Md for menor que entre (t1/2 e 0,3h) e a2 também é o menor valor entre (t2/2 e 0,3h), conforme ilustra a
Md,mín. Neste caso (Md<Md,mín), adota-se armadura mínima (As min= ρmin.b.h). Fig. 7.6.

Em elementos estruturais superdimensionados (caso de vigas-parede), pode ser utilizada


armadura menor que a mínima, com valor obtido a partir de um momento fletor igual ao
dobro de Md. Neste caso, a determinação dos esforços solicitantes deve considerar de
forma rigorosa todas as combinações possíveis de carregamento, assim como os efeitos
de temperatura, deformações diferidas e recalques de apoio. Deve-se ter ainda especial h
cuidado com o diâmetro e espaçamento das armaduras de limitação de fissuração (item
17.3.5.2.1 da NBR 6118:2014).

d) Armadura longitudinal máxima (item 17.3.5.2.4 da NBR 6118:2014) t1 Lo t2

A soma das armaduras de tração e compressão não deve ser maior que 4% da área de
concreto: FIGURA 7.6 – Vão efetivo em vigas.
A s + A's ≤ 4,0% b w h .

e) Altura do centro de gravidade (item 17.2.4.1 NBR 6118:2014) h) Mísulas e variações bruscas de seções

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Na ocorrência de mísula ou variação brusca de seção transversal, só deve ser 2.8 Vigas de seções T
considerada como parte efetiva da seção aquela indicada na Fig. 7.7 (item 14.6.2.3).
2
1
Nas estruturas de concreto armado, as vigas de seção T são de uso corrente, pois de
modo geral, as nervuras das vigas estão ligadas às lajes, as quais fornecem a necessária
mesa de compressão (no caso de momentos positivos e lajes maciças). A Fig. 9.1 mostra
hef ou bef hef ou bef um caso usual de vigas contínuas de edifícios.

2 1
1 2

FIGURA 7.7 - Altura e largura efetivas de uma seção transversal.

i) Instabilidade lateral de vigas


DMF
A segurança à instabilidade lateral de vigas deve ser garantida através de procedimentos
apropriados. Como procedimento aproximado, pode-se adotar, para vigas de concreto
com armaduras passivas ou ativas sujeitas à flambagem lateral, as seguintes condições:
seção T seção T
seção retangular
b ≥ l0 /50, (7.17)

b ≥ βfl h, (7.18) mesa comprimida mesa tracionada


onde:
b é a largura da zona comprimida;
h é a altura total da viga; momento positivo momento negativo
l0 é o comprimento da flange comprimida, medido entre suportes que garantam o seção T seção retangular
contraventamento lateral;
β fl é o coeficiente que depende da forma da viga (ver Tab. 7.2). FIGURA 9.1 – Vigas contínuas de edifícios.

Tabela 7.2 – Valores de βfl.


Quando a viga sofre uma deformação, parte da laje adjacente a ela (em um ou em dois
lados) também se deforma, comportando-se como se fosse parte da viga, colaborando
Tipologia da viga Valores de β fl em sua resistência (no caso de lajes maciças ou lajes nervuradas com trechos maciços
b b b próximos dos apoios). Desta forma, a viga incorpora parte da laje e sua seção deixa de
ser retangular, passando a ter a forma de um T ou de um L invertido, no caso de vigas
0,40 de bordo.

É preciso salientar que uma viga composta por uma nervura e por abas somente será
considerada como de seção T quando a mesa estiver comprimida. Nos trechos de
b b momentos negativos, junto aos apoios, tem-se uma viga de seção retangular, pois as
abas estão tracionadas (ver Fig. 9.1).
0,20
A parte vertical da viga é chamada de alma (nervura) e a parte horizontal, de mesa, que
é composta por duas abas, conforme Fig. 9.2.

Zona comprimida

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bf bf bf

hf
c
b4
d h b1 b1 b1
b2
b3
c
bw bw bw

bf
FIGURA 9.2 – Notação usual.
b1 ≤ 0,5b2 b1 ≤ 0,1a

Nas vigas em que a mesa de compressão tem largura real sensivelmente maior que a b3 ≤ b4 b3 ≤ 0,1a
largura bw da alma, as tensões de compressão não têm distribuição uniforme (Fig. 10.3).
Por este motivo, em lugar da largura real, admite-se que a viga tenha largura bf,
usualmente menor que a largura verdadeira. Pretende-se que dessa forma fiquem b3 bw b3
corrigidos os efeitos da variação das tensões na mesa de compressão.
FIGURA 9.4 – Largura colaborante (NBR 6118:2014).

sendo:
bw = largura real da nervura;
ba = largura da nervura fictícia;
ou seja, ba = bw + soma dos menores catetos dos triângulos das mísulas correspondentes,
b2 = distância entre as faces das nervuras fictícias sucessivas;

0,10a 0,10a
bf b1 ≤  e b3 ≤  .
0,5b 2 b 4

onde:

- viga simplesmente apoiada a = 1,00 L


FIGURA 10.3 – Largura colaborante. - tramo com momento em uma só extremidade a = 0,75 L
- tramo com momentos nas duas extremidades a = 0,60 L
- viga em balanço a = 2,00 L
Como forma simplificada, a largura bf é determinada da seguinte maneira (ver Fig. 9.4):
e L é o vão da viga, tramo ou balanço.
- Para as vigas de extremidade (com mísula): bf = ba + b1 + b3.
Por questões de compatibilidade de deformações, a parte comprimida da nervura da
- Para as vigas internas: b f = b w + 2 b 1.
viga impõe à laje, na seção de contato, a mesma deformação que sofre devido a flexão.
- Para as vigas isoladas: bf = ba + 2 b3. Isto significa que existem tensões de cisalhamento τc na seção de contato laje-nervura
(Fig. 9.5). Estas tensões são responsáveis pela transmissão de uma parte da compressão
da nervura para a laje. Desta forma, fica claro que para existir a colaboração da laje no
trabalho à flexão da viga, é indispensável que a ligação laje-nervura seja capaz de
transmitir a tensão de cisalhamento τc , o que exige a colocação da armadura de costura.

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Para caracterização dos dois casos, inicialmente calcula-se x supondo seção retangular
com largura igual a bf:

τc d  M Sd 
x= 1− 1−  (9.1)
λ  0,5α c f cd b f d 2 

Para concretos com ≤ 50MPa:


 M Sd 
x = 1,25 d  1 − 1− 2 
. (9.2)
 0,425 f cd b f d 

- Se λx ≤ hf → Caso 1;

a) Armadura simples


- Se λx > hf → Caso 2  .
FIGURA 9.5 – Transmissão de compressão da viga para a laje. Fonte: Süssekind, 1984. b) Armadura dupla

Segundo a NBR 6118:2014 (item 18.3.7), esta armadura de costura deve apresentar
seção transversal de, no mínimo, 1,5 cm2/m (Fig. 9.6), sendo que as armaduras de flexão Caso 1: A região comprimida está toda na mesa da seção (λx< hf)
da laje, existentes no plano de ligação, podem ser consideradas como parte desta
armadura.
Neste caso, conforme ilustrado na Fig. 9.8, não importa a forma do restante da seção
bf transversal, podendo a seção T ser tratada como uma seção retangular de dimensões bf e
h.
hf bf

h hf λx
≥1,5cm2

bw As

FIGURA 9.6 – Armadura de costura. bw

FIGURA 9.8 – Região de compressão.


2.8.1 Dimensionamento de seções T

O processo usual de dimensionamento considera a transformação da seção T numa Caso 2: A região comprimida atinge a alma da seção (λx > hf)
seção retangular equivalente.

Existem dois casos possíveis: Admite-se a decomposição da seção da forma indicada na Fig. 9.9 para o caso de
armadura simples e na forma ilustrada na Fig. 9.10 para o caso de armadura dupla.
- Caso 1: A região comprimida está toda contida na mesa de compressão (λx ≤ hf);

- Caso 2: A região comprimida atinge a alma da seção (λx > hf),

onde x é a altura da linha neutra.

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(bf – bw)/2 M df
bf A sf = .
 hf  (9.4)
f yd  d - 
hf hf  2 
λx

Md Mdf A seção formada pelo concreto comprimido da nervura e pela armadura Asw absorve a
= + parcela de momento Mdw. Se esta seção (nervura) puder resistir ao momento Mdw com
As Asf
x≤xlim, a peça poderá ter armadura simples:
bw
M dw = M d − M df ,
(9.5)
λx α c f cd b w λ x
A sw = , (9.6)
f yd
+ Mdw
Asw A s = A sf + A s w . (9.7)

bw Quando a armadura simples levar a um valor x>xlim, desdobra-se o momento Mdw em


duas outras parcelas, como no caso da seção retangular. A parcela Mdw,lim é o valor
resistido pela seção retangular com armadura simples Asw,lim (com x=xlim), e a diferença
FIGURA 9.9 – Caso 2 com armadura simples.
∆Mdw é resistida por uma seção metálica composta pelas armaduras de áreas ∆Asw e A’s.
Então:
bf (bf – bw)/2
M dw = M dw, lim + ∆M dw , (9.8)
hf hf
A’s λxlim Mdw,lim = αc fcd bw λ xlim (d – 0,5 λ xlim), (9.9)
Md = Mdf + α c f cd b w λ x lim
As Asf A sw,lim = , (9.10)
f yd
bw ∆M dw
∆A sw = , (9.11)
f yd (d - d')

λxlim A’s A s = A sf + A s w,lim + ∆A s w , (9.12)


Mdw,lim + ∆Mdw
∆M dw
Asw,lim ∆Asw A's = , (9.13)
σ' s (d - d')
bw
sendo σ's função de ε's (ver caso de armadura dupla em seção retangular).
FIGURA 9.10 – Caso 2 com armadura dupla.
Segundo Fusco (1981), em geral não é recomendável o emprego de seções T com
armadura dupla. A necessidade de ser empregada uma armadura de compressão
A seção formada pelas abas salientes, de largura (bf - bw), e pela armadura Asf tem braço frequentemente indica uma deficiência de altura da viga, a qual pode acarretar
h problemas de flechas excessivas.
de alavanca interno igual a ( d - f ). Essa seção resiste à parcela de momento indicada
2
por Mdf e é igual para o caso de armadura simples e dupla:

 h 
M df = α c f cd (b f − b w ) h f  d − f  , (9.3)
 2 

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2.9 Momento de solidariedade entre viga e pilar
Segundo a NBR 6118:2014 (item 14.6.6.1), quando não for realizado o cálculo exato da
Lsup /2
influência da solidariedade dos pilares com a viga deve ser considerado, nos apoios
externos, momento fletor igual ao momento de engastamento perfeito (ver tabela em
anexo) multiplicado pelos coeficientes estabelecidos nas seguintes equações:

- na viga: Linf /2
rinf + rsup
M vig = k vig M eng = M eng ; (11.1)
rvig + rinf + rsup
Lvig

- no tramo superior do pilar:


rsup FIGURA 11.2 – Modelo empregado para determinação dos coeficientes de rigidez.
M sup = M eng ; (11.2)
rvig + rinf + rsup

- no tramo inferior do pilar: 6EI 6EI


rsup = rsup =
rinf L sup 4EI L sup 3EI
M inf = M eng . (11.3) rvig = rvig =
rvig + rinf + rsup L vig L vig

onde:
6EI 6EI
rinf = rinf =
kvig é grau de engastamento da viga no pilar e ri é a rigidez do elemento i no nó L inf L inf
considerado, indicada nas Figuras 11.1, 11.2 e 11.3.

FIGURA 11.3 – Resumo das fórmulas para determinação dos coeficientes de rigidez.
3EI
r=
L

4EI
r=
L
L Mvig

Minf
Msup
FIGURA 11.1 – Cálculo do coeficiente de rigidez em elementos com extremidades
opostas rotuladas (situação dos pilares) e engastadas (situação das vigas contínuas).

Alternativamente, pode-se melhorar o modelo de viga contínua considerando-se a


solidariedade dos pilares com a viga, mediante a introdução de molas de rigidez
rotacional.
FIGURA 11.4 – Momentos de solidariedade entre viga e pilar de extremidade.

A Fig. 11.4 ilustra o momento de solidariedade entre a viga e o pilar, para uma situação
com a extremidade oposta da viga rotulada (r=3EI/L) e carga concentrada no vão.

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Ainda conforme o item 14.6.6.1 da NBR 6118:2014, para utilização do modelo clássico 2.11 Exercícios de dimensionamento de seção
de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, deve-se também verificar as
seguintes correções adicionais: retangular

a) não devem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam 2.11.1 Exercício 1
se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
Dimensionar e detalhar a seção mais solicitada da viga com seção 15×60 indicada na
b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida Fig. 1. Considere classe de agressividade ambiental II (CAA II), c=2,5cm
na direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode (considerando-se ∆c=0,5cm), φt = 5mm (estribo), agregado brita 1 e altura dos
ser considerado momento negativo de valor absoluto menor do que o de pavimentos de 2,8m (piso a piso). Considere para o item a) fck = 30MPa (C30) e refaça
engastamento perfeito nesse apoio. os cálculos para fck = 70MPa (C70) no item b).

Considere a viga simplesmente apoiada. Esta hipótese é válida para o caso de apoio
sobre vigas ou sobre pilares de pequena inércia na direção da viga. Neste último caso,
2.10 Arredondamento do diagrama de momentos deve-se utilizar uma armadura mínima de solidariedade viga-pilar, conforme será
fletores estudado mais à frente.

Para levar em conta a largura dos apoios, a NBR 6118:2014 (item 14.6.3) permite O vão livre (Lo) da viga é 6m e os apoios b1 e b2 têm largura de 20cm (ver Fig. 1).
arredondar o diagrama de momentos fletores sobre os apoios internos, conforme
indicado na Fig. 12.1. O momento negativo (Xo) para o cálculo da armadura é dado por: Dados do carregamento na viga:

Rt - peso próprio: 0,15m×0,60m×25kN/m3=2,25kN/m* (g1);


Xo = X − , (12.1)
8 - parede: 0,15m×2,2m×13kN/cm3=4,29kN/m** (g2);
- reação acidental das lajes sobre a viga: 5,0kN/m (q1);
onde X é o momento máximo, R é a reação e t é a largura do apoio. - reação permanente das lajes sobre a viga: 10,0kN/m (g3);

Esta equação leva em conta que a reação de apoio é uma carga distribuída ao longo da * peso específico do concreto: 25kN/m3.
largura do pilar, e não uma carga concentrada. Dessa forma, o diagrama de momentos ** parede de tijolos furados (13kN/m3) com 15cm de espessura e 220cm de altura (280-
fletores sobre o apoio concordará com uma parábola do segundo grau, como mostrado 60=220, supondo viga de mesma altura no andar de cima).
na Fig. 12.1.
p

60cm

Lo 15cm
b1 b2

Figura 1 – Dados do exercício.

Resolução:

O vão efetivo da viga (L) é dado pelo vão livre (Lo) acrescido do menor valor entre as
∆M’ = R t / 8 semi-larguras dos apoios (20/2=10cm) e 0,3h=0,3×60=18cm.
FIGURA 12.1 - Arredondamento de diagrama de momentos fletores. Então: L = 600+10+10 = 620cm

Cargas:
- permanente: g = g1+g2+g3+q1 = 16,54kN/m.
- acidental (variável): q = q1 = 5kN/m.
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Espaçamento horizontal mínimo:
Momentos característicos: 2 cm
- momento devido às cargas permanentes: Mgk = gL2/8 = 
e h,min = φ = 1,6cm
- momento devido a carga acidental: Mqk = qL2/8 =
1,2 d
 max = 1, 2 × 1,9 = 2, 28cm

Momento de cálculo: eh,min = 2,28cm.


Md = γf Mgk + γf Mqk = 1,4×103,5 = 144,90kN.m = 14.490kN.cm.
Número máximo de barras por camada:
Momento mínimo de cálculo: b w − 2c − 2φ t + e h, min 15 − 2 × 2,5 − 2 × 0,5 + 2,28
Md,mín = 0,8Wo fctk,sup = kN.cm = kN.m < Md. n= = = 2,91
e h, min + φ 2,28 + 1,6
fctk,sup = 1,3 fctm = 1,3×0,3 f ck2/3 = MPa = kN/cm2.
Então, pode-se usar no máximo duas barras por camada.
Wo = bh2/6 =
Espaçamento transversal entre as barras:
d” = 6cm (arbitrado, geralmente 10%h, mas não menor que 4cm). b − 2c − 2φ t − n φ 15 − 2 × 2,5 − 2 × 0,5 − 2 × 1,6
d = h – d” = 60 – 6 = 54cm (altura útil) eh = w = = 5,8 cm
n −1 1
a) fck = 30MPa (C30)
Espaçamento vertical mínimo:
Posição da linha neutra 2 cm

d  M Sd  e v,min = φ = 1,6cm
x = 1− 1−  , sendo λ = 0,8 e αc = 0,85, tem-se: 0,5 d
λ  0,5α c f cd b w d 2   max = 0,5 × 1,9 = 0,95cm

    ev = ev,min = 2,0cm.
Md 14490
x = 1,25 d  1 − 1 −  = 1,25 × 54  1 − 1− 
 0,425 f cd b w d 2   0,425 × (3,0 / 1,4) × 15 × 54 2  Altura do centro de gravidade da armadura até o ponto mais tracionado das armaduras:
x = 13,66cm. n

∑y i
2 × 0,8 + 2 × 4,4
Altura limite da linha neutra: α" = i =1
=
n 4
xlim = 0,45.d
α” = 2,6cm < 10%h → Ok.
xlim = 24,3cm.
d”ef = c + φt + α” = 2,5 + 0,5 + 2,6 = 5,6cm < d”adotado → Ok.
Como x < xlim → armadura simples.
Armadura de pele (neste caso não é necessário, pois h=60cm, mas é usual):
As,pele = 0,10% bwh / face
Armadura de tração:
As,pele = 0,9cm2 / face → 3φ6,3mm / face
α f b λx
A s = c cd w , sendo λ = 0,8 e αc = 0,85, tem-se: Espaçamento entre as barras da armadura de pele:
f yd
20cm
0,68 f cd b w x 0,68 × (3,0 / 1,4) × 15 × 13,66 e ≈ 11cm ≤  → Ok
As = = = 6,86cm2. d/3 = 18cm
f yd (50,0 / 1,15)
Detalhamento da seção:
2φ6,3mm (armadura construtiva)
Armadura mínima:
As min = ρmin.b.h = 1,35cm2.
2/3
f
ρ min = 0,0667 ck ≥ 0,15% → ρmin = 0,15%.
f yd 3φ6,3mm
Então, pode-se usar 6φ12,5mm (As efet = 7,5cm2) ou 4φ16,0mm (As efet = 8,0cm2). (armadura de pele)

Para a continuação do exercício adota-se: 4φ16,0mm.

4φ16mm
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b) fck = 70MPa (C70) 2.11.2 Exercício 2

Posição da linha neutra Dimensionar e detalhar a seção transversal indicada abaixo considerando que esta pode
estar submetida aos momentos positivos:
d  M Sd 
x= 1− 1−  , sendo Mg = 100 kN.m (momento devido a cargas permanentes);
λ  0,5α c f cd b w d 2 
Mq1 = 84 kN.m (momento devido à carga acidental uso da edificação).
Mq2 = 60 kN.m (momento devido à ação do vento).
 ( f ck − 50   (70 − 50 
α c = 0,85 1 − = 0,85 1 − = 0,765
 200   200  Dados:
f − 50 70 − 50 bw = 15cm, h = 65cm; edifício residencial, CAA I (agressividade fraca), fck = 24MPa;
λ = 0,8 - ck = 0,8 - = 0,75 c=2cm (considerando-se ∆c=5mm); φt = 5mm (estribo); agregado brita 0.
400 400

Então:
d  M Sd  54  14990 
x= 1− 1−  = 1− 1−  φt
λ  0,5α c f cd b w d 2  0,75  0,5 ⋅ 0,765⋅ (7,0/1,4) ⋅15 ⋅ 54 2 
MSd
x = 6,77 cm h

c
Altura limite da linha neutra:
xlim = 0,45.d
xlim = 24,3cm.
bw
Como x < xlim → armadura simples.
Resolução
Armadura de tração:
α f b λx
A s = c cd w , sendo λ = 0,75 e αc = 0,765, tem-se: Combinação última normal:
f yd Considerando edifício residencial: ψo = 0,5 (para as cargas verticais) e ψo = 0,6 (para o
0,765 ⋅ (7,0/1,4) ⋅15 ⋅ 0,75 ⋅ 6,77 vento). Neste exemplo, não resta dúvida que a carga acidental vertical deve ser
As = = 6,70 cm² considerada como ação variável principal, já que o momento produzido pelo vento é
(50/1,15)
menor e ainda o coeficiente de ponderação é maior.
Armadura mínima:
Então:
As min = ρmin.b.h = 2,097cm2.
Md = 1,4×100 + 1,4×(84 + 0,6×60) = 308 kN.m
ln(1 + 0,11f ck )
ρ min = 0,47 ≥ 0,15% → ρmin = 0,233%. ou
f yd Mk = 100 + 84 + 0,6×60 = 220 kN.m
Então, pode-se usar 6φ12,5mm (As efet = 7,5cm2) ou 4φ16,0mm (As efet = 8,0cm2). Md = 1,4 Mk =308 kN.m = 30.800 kN.m

Verifica-se que a área de armadura de tração ficou bem parecida em ambos os casos, Momento mínimo de cálculo (verificação desnecessária):
portanto pode-se utilizar também 4φ16,0mm e ainda, manter os mesmos espaçamentos e fctk,sup = 1,3 fctm = 1,3×0,3× f ck2/3 = 3,24MPa = 0,324kN/cm2.
armadura de pele já calculados no item a).
bh 2
Md,mín = 0,8Wo fctk,sup = 0,8 fctk,sup = 2.737,8kN.cm = 27,38kN.m < Md.
6

Altura útil:
d” = 6cm (arbitrado, geralmente 10%h, mas não menor que 4cm).
d = h – d” = 65 – 6 = 59cm

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Detalhe da distribuição das barras:
Posição da linha neutra:
2φ8mm
 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 − 2 
= 41,57 cm
 0,425 f cd b w d 
Altura limite da linha neutra:
xlim = 0,45.d
xlim = 26,55cm.

Como x > xlim → armadura dupla ou redimensionar a seção.


Neste caso será empregada armadura dupla.
5φ20mm
Momento limite com armadura simples:
Md,lim = 0,68 fcd bw xlim (d – 0,4 xlim) = 22.460,21kN.cm Espaçamento mínimo permitido entre as barras longitudinais:
2 cm
Primeira parcela da armadura de tração: 
e h,min = φ = 2 cm
0,68 f cd b w x lim 1,2 d
A s,lim = = 10,68cm2  max = 1, 2 × 0,95 = 1,14 cm
f yd
Número máximo de barras de tração por camada:
Momento residual: b − 2c − 2φ t + e h, min 15 − 2 × 2 − 2 × 0,5 + 2,0
∆Md = MSd - Md,lim = 30800 - 22460,21 = 8339,79 kN.cm n= w = =3
e h, min + φ 2,0 + 2,0
Segunda parcela da armadura de tração (d’= 4cm, valor arbitrado): Então, utiliza-se 3φ na primeira camada e 2φ na segunda camada, o que fornece um
∆M d espaçamento entre as barras de:
∆A s = = 3,49cm2 b − 2c − 2φ t − n φ
f yd (d − d' ) eh = w = 2cm
n −1

Espaçamento vertical mínimo:


Então, a armadura de tração total é dada por: 2 cm
As = As,lim + ∆As = 14,17cm2 
e v ≥ φ = 2 cm
0,5 d
 max = 0,5 × 0,95 = 0,475 cm
Armadura mínima:
2/3 Então, usa-se ev = 2cm.
f
ρ min = 0,0667 ck ≥ 0,15% → ρmin = 0,15%.
f yd Distância do centro de gravidade das armaduras até o início da primeira camada:
As min = ρmin.b.h = 1,46cm2. α” = ∑yi/n = (2×5+3×1)/5 = 2,60cm < 10%h → Ok.

Então, pode-se usar 5φ20,0mm (As efet = 15,75cm2). Distância do centro de gravidade das armaduras até a fibra mais tracionada:
d”ef = c + φt + α” = 2 + 0,5 + 2,60 = 5,10cm < d”adotado → Ok.

Armadura comprimida: Armadura de pele


(x − d' ) As,pele = 0,10% bwh / face
ε's = 3,5 lim = 2,97‰ → σ’s = fyd = 43,5 kN/cm2 As,pele = 0,98cm2 / face → 4φ6,3mm / face
x lim
Espaçamento entre as barras (e):
∆M d
A's = = 0,91cm2 20cm
σ' sd (d − d' ) e = 10,6cm ≤  → Ok
d/3 = 18cm
Então, pode-se usar 2φ8,0mm (As efet = 1,0cm2).

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3 Dimensionamento ao Esforço Cortante (a) somente esforço cortante (estádio I):

3.1 Introdução
No capítulo anterior, analisou-se o comportamento de vigas de concreto armado V V
submetida a solicitações normais causadas apenas por momento fletor (flexão simples). τ=
A
As tensões internas provenientes da flexão foram calculadas imaginando-se que o
momento fletor agisse isoladamente na seção (flexão pura). Isto pôde ser feito porque a
existência de força cortante na seção não altera os valores, nem a distribuição, das tensões
tensões normais.
(b) esforço cortante e momento fletor (estádio I):
No entanto, o inverso não é válido, pois a existência de tensões normais altera a
distribuição de tensões de cisalhamento.

Quando o esforço cortante atua isoladamente na seção, as tensões de cisalhamento que M


V MS
aparecem para equilibrar a solicitação externa têm distribuição uniforme (caso a peça τ=
esteja no estádio I – concreto não fissurado), conforme ilustrado na Fig. 1.1a. bw I
V M
σ= y
Quando atuam momento fletor e cisalhamento na seção, as tensões de cisalhamento I
distribuem-se de forma totalmente diferente, apesar de sua resultante continuar sendo a tensões normais tensões tangenciais
mesma. Considerando a seção no estádio I, a tensão de cisalhamento terá distribuição
parabólica, conforme a Fig. 1.1b.
Figura 1.1 – Distribuição de tensões de cisalhamento no estádio I.
Por estes motivos, para o estudo do cisalhamento não se pode considerar o esforço
cortante agindo isoladamente, mas sim simultaneamente com o momento fletor. Além
disto, existem outros fatores que influem sobre a capacidade resistente à força cortante 3.2 Tensões principais
de uma viga como: forma da seção transversal; variação da seção transversal ao longo
da peça; esbeltez; disposição das armaduras; aderência aço/concreto; tipo de cargas e O princípio básico de funcionamento do material concreto armado é o de posicionar a
apoios; e outros. armadura de tal forma que ela seja capaz de absorver integralmente os esforços de
tração que aparecem na estrutura. Em uma viga, quando solicitada por esforço cortante,
Com relação à esbeltez, cabe salientar que o estudo de cisalhamento se limitará aos surgem tensões internas de cisalhamento (tensões tangenciais), para equilibrar a carga
casos de vigas usuais, em que a altura (h) é menor que um terço do vão (h<L/3). Em externa.
caso contrário, trata-se de viga-parede. O comportamento estrutural das vigas-parede
tem algumas características específicas, destacando-se a ineficiência, seja à flexão, seja Então, deve-se determinar os valores máximos dos esforços de tração e compressão e
ao cisalhamento, quando comparadas às vigas usuais. suas direções para definir a posição correta das armaduras e realizar as verificações de
esmagamento do concreto comprimido.
Salienta-se também que serão estudados apenas casos de elementos lineares com bw≤5d
(sendo d a altura útil da peça). Em caso contrário (bw>5d), a peça deve ser verificada de Com este intuito, calculam-se as tensões e as direções principais, que, para o estado
acordo com os critérios de laje. plano de tensões (ponto A da Fig. 2.1), são obtidas pelas expressões:

σ σ2
σ1,2 = ± + τ2 , (2.1)
2 4

tg 2α = . (2.2)
σ

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- as tensões principais de tração σ1 devem ser resistidas por uma armadura de
cisalhamento que atravesse as fissuras;
P P
- as tensões principais de compressão σ2 são resistidas pelo concreto comprimido
localizado entre as fissuras (bielas de compressão).
A
B
3.3 Modos de Ruptura
C
Uma viga de concreto armado pode ir à ruptura por diversos modos, dependendo do
compressão arranjo, da quantidade e da proporção relativa das armaduras longitudinal e transversal,
tração assim como do carregamento que é submetida (ISHITANI et al, 2000).
σ2
σ1 Os possíveis modos de ruptura são:
45º
τ LN
B
σ A σ a) Ruptura momento-compressão: característico de peças submetidas à flexão
σ1 σ2
τ simples. Ocorre o esmagamento do concreto e, em geral, escoamento da
armadura tracionada (ver Fig. 3.1). Em se tratando de peças subarmadas, a
σ1 C σ1 ruptura será sempre dútil (com aviso prévio).

P P
fissuras de
cisalhamento

Figura 3.1 – Ruptura momento-compressão.


fissuras de flexão
b) Ruptura momento-tração (ruptura por flexão da armadura longitudinal): decorre
de insuficiência ou de deficiências localizadas da armadura longitudinal de
tração. Normalmente a ruptura por flexão ocorre devido ao esmagamento do
Figura 2.1 –Estados de tensões em uma viga de concreto armado.
concreto (modo de ruptura “a”), pois o aço apresenta uma reserva de resistência
muito grande, a qual só pode ser mobilizada após grandes deformações.
Entretanto, se não forem atendidas as exigências de dimensionamento, a ruptura
Na linha neutra e abaixo, o concreto não contribui na resistência às tensões normais de
pode ocorrer na região tracionada. Para evitar as deficiências localizadas, as
tração, que são equilibradas apenas pela armadura longitudinal e, portanto, σ = 0. quais impedem o funcionamento como treliça, deve-se ter atenção aos critérios
Considerando as Eqs. 2.1 e 2.2, tem-se (ponto B na Fig. 2.1): de arranjo, principalmente no que se refere ao espaçamento e à ancoragem dos
estribos (SILVA E GIONGO, 2000).
σ1 = + τ 2 = + τ σ 2 = − τ 2 = −τ tg 2α = ∞ → α = 45º .
c) Ruptura cortante-tração: ocorre por causa da deficiência de armadura
Conclusões (Carvalho e Figueiredo Filho, 2001): transversal, o que causa a separação da viga em duas partes, conforme Fig. 3.2.
Neste caso, ocorrem grandes deformações na armadura transversal (armadura
- na linha neutra, nos trechos onde existe esforço cortante e momento fletor, as atinge o escoamento) e fissuração excessiva. Garante-se a segurança deste tipo
tensões principais σ1 (tração) e σ2 (compressão) estão inclinadas 45º em relação ao de ruptura pelo emprego de armadura transversal em quantidade suficiente.
eixo da viga e são iguais, em intensidade, às tensões tangenciais τ, que têm maiores
valores próximo aos apoios, onde a força cortante é maior;

- as fissuras no concreto são perpendiculares à direção da tensão principal de tração


(ver Fig. 2.1);
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Figura 3.2 – Ruptura cortante-tração. Figura 3.5 – Ruptura por escorregamento da armadura longitudinal.

d) Ruptura cortante-compressão: ocorre o esmagamento da diagonal comprimida


do concreto junto à alma da viga. Esta ruptura pode acontecer em vigas de alma Podem-se resumir os tipos de ruptura da seguinte forma:
muito fina, geralmente de seção “T” (ver Fig. 3.3). Neste modo de ruptura,
ocorre o esmagamento do concreto das bielas antes que a armadura transversal a) nas zonas de flexão pura ou com pequeno cisalhamento:
apresente grandes deformações (modo de ruptura “c”). A ruptura é, em geral,
frágil (sem aviso prévio). A segurança é garantida condicionando que o esforço - escoamento ou rompimento das armaduras tracionadas (modo “b”);
cortante de cálculo (VSd) não ultrapasse o esforço cortante correspondente ao - ruptura do concreto na zona comprimida (modo “a”).
esmagamento da biela comprimida (VRd2).
b) nas zonas de grandes esforços cortantes:

- escoamento ou rompimento da armadura transversal (modo “c”);


- ruptura do concreto da alma por compressão, numa direção inclinada (modo “d”).

c) nos pontos de aplicação de cargas concentradas (elevados momentos e cortantes):

Figura 3.3 – Ruptura cortante-compressão. - esmagamento do concreto (modo “e”).

e) Ruptura momento-cortante-compressão: a deficiência (ou arranjo inadequado) d) nas zonas de apoio:


de armadura transversal provoca o avanço exagerado das fissuras diagonais, o
que reduz a zona comprimida e leva a peça à ruptura (ver Fig. 3.4). A seção de - escorregamento das armaduras (modo “f”).
ruptura usualmente se localiza nas proximidades de forças concentradas
elevadas. A previsão das cargas de ruptura por flexão pode ser feita com melhor precisão que as
cargas de ruptura por cisalhamento. Além disso, em vigas com dimensionamento
adequado, o colapso da peça sob flexão é precedido de grandes deformações, que
constituem na prática um valioso sinal de alerta (PFEIL, 1988).

Por outro lado, os possíveis modos de ruptura decorrentes das forças cortantes podem
acarretar o colapso não avisado da estrutura (modos “d” e “e”).

Por estas razões, adotam-se as seguintes orientações no projeto de vigas de concreto


Figura 3.4 – Ruptura momento-cortante-compressão. armado (Pfeil, 1988):

f) Ruptura por escorregamento da armadura longitudinal junto aos apoios externos: a) dimensiona-se cada seção para o maior momento fletor ali atuante, procurando
ocorre devido à ancoragem insuficiente (ver Fig. 3.5). Isto pode acontecer garantir sempre que a ruptura seja do tipo dútil (peças subarmadas);
porque a fissuração diagonal provoca uma translação do diagrama de resultante
de tração na armadura longitudinal (decalagem). b) na verificação de esforços cortantes e solicitações junto aos apoios, procura-se obter
maior margem de segurança que na flexão, de modo que esta última constitua o elo
mais fraco do conjunto.

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3.4 Analogia de Treliça Clássica
Nos elementos em concreto armado com a fissuração desenvolvida, os modelos treliça clássica
resistentes oriundos da resistência dos materiais não são mais válidos, uma vez que as Vsw λ1 < λ2 < λ3 = 1 bf
trajetórias de tensões principais são interrompidas por fissuras. Deste modo, foi (esforço na
inicialmente proposto por Mörsch, em 1903, um modelo de funcionamento análogo a armadura)
uma treliça, cujos elementos comprimidos são de concreto e os elementos tracionados
são de aço (ver Fig. 4.1). Vc λi = bw/bf

A analogia clássica pressupõe uma treliça de banzos paralelos ao eixo da peça, resultado
diagonais comprimidas de concreto (bielas de compressão) inclinadas a 45º (θ) e experimental bw
diagonais tracionadas de aço com inclinação α, variável entre 45º e 90º (ver Fig. 4.1).
VSd
Nesse sistema estrutural (treliça clássica de Mörsch), não se considera qualquer (esforço cortante solicitante de cálculo)
contribuição de mecanismos internos à massa de concreto no equilíbrio das forças
Figura 4.2 – Comparação entre as tensões reais nos estribos e as tensões obtidas pela
verticais, de forma que a força cortante é resistida apenas pela armadura transversal.
teoria da treliça clássica de Mörsch.

banzo comprimido diagonal comprimida


(biela de compressão) 3.5 A treliça generalizada
A constatação experimental de que as tensões medidas sobre a armadura transversal são
menores que as previstas pelo cálculo segundo a treliça clássica (Fig. 4.2) e que as
θ α fissuras inclinadas nem sempre se apresentam a 45º tem conduzido à pesquisa de novos
modelos. Dentre esses, destaca-se a própria generalização do modelo de treliça, no qual
banzo tracionado diagonal tracionada as diagonais de compressão podem se adaptar a ângulos variáveis.
(armadura longitudinal) (armadura transversal)
O modelo de treliça generalizada comporta dois processos de cálculo, admitidos pela
Figura 4.1 – Treliça clássica de Mörsch. NBR 6118:2014:

Numerosos ensaios realizados por Leonhardt e Mönning (1977) mostraram que a treliça - Modelo I (treliça clássica modificada): trata-se de um modelo simplificado que
clássica conduz a uma armadura transversal um pouco exagerada, pois a tensão nela mantém as expressões da treliça clássica, com diagonais de compressão a 45º,
medida é menor que a calculada (ver Fig. 4.2). Os principais fatores que influem na porém atribuindo parte da resistência ao esforço cortante à massa de concreto
diferença entre os valores calculados teoricamente e aqueles observados (mecanismos complementares);
experimentalmente são:
- Modelo II (treliça generalizada): modelo mais elaborado, em que as diagonais
- o banzo comprimido é inclinado, o que possibilita a absorção direta de uma parcela podem apresentar inclinação variável dentro de limites impostos (30º ≤θ ≤ 45º),
da força cortante (não é horizontal como na treliça clássica), conforme indicado na atribuindo-se a colaboração do concreto apenas para solicitações relativamente
Fig. 5.1; baixas.

- as fissuras e, portanto, as bielas de compressão que ficam entre elas têm inclinação θ Com ângulos θ menores para a treliça generalizada, obtém-se taxas menores de
variável (30º a 45º), dependendo da forma da seção (ver Fig. 5.1); armadura transversal. Entretanto, deve-se tomar cuidado com a possibilidade de
esmagamento das bielas inclinadas, pois ocorre um aumento das tensões de compressão
- existe a contribuição dos mecanismos complementares ao de treliça na absorção de nessas bielas. Além disso, existe um aumento na área da armadura longitudinal de
parte do esforço cortante (engrenamento dos agregados, efeito de pino, efeito de tração (Silva e Giongo, 2000).
arco e resistência do concreto comprimido), conforme ilustrado na Fig. 5.2.
As inclinações das fissuras e do banzo comprimido são influenciadas pela largura da
Devido a estes fatores, surgiu uma nova teoria chamada “analogia de treliça alma e pela taxa de armadura transversal. Da análise de resultados experimentais de
generalizada”, a qual leva em consideração mecanismos complementares para corrigir Leonhardt e Mönning (1977), chega-se à conclusão de que, em função da espessura da
os fatores acima citados.
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alma, as bielas têm inclinação θ, em média, dentro das seguintes faixas (apud Silva e O engrenamento dos agregados é considerado como sendo uma das parcelas mais
Giongo, 2000): significativas, principalmente sob a ação favorável da prontesão. Este ocorre ao longo
das fissuras do concreto, possibilitando a transmissão de forças oblíquas por meio das
a) vigas T de alma espessa*: 30º ≤ θ ≤ 38º (ver Fig. 5.1); próprias fissuras (ver Fig. 5.2a).
b) vigas T de alma delgada**: 38º ≤ θ ≤ 45º (ver Fig. 5.1).
Devido à maior rigidez do aço em relação ao concreto, as barras das armaduras
(*) relação (bw / bf ) de 1/5 a 1/2; longitudinais funcionam como pinos de ligação que solidarizam as partes da viga de
(**) relação (bw / bf ) de 1/12 a 1/6. concreto separadas pelas fissuras (ver Fig. 5.2b).

O efeito de arco ocorre nas regiões próximas aos apoios, para onde as forças
bf (concentradas ou distribuídas) são conduzidas diretamente por meio de um campo de
tensões de compressão em forma de arco. Este efeito é bastante significativo em peças
altas, como vigas-parede.

θ A consideração do efeito do mecanismo interno resistente, refletida na parcela τc, alivia


a força cortante na armadura transversal, permitindo um cálculo mais econômico.
bw

alma espessa
1/5 ≤ (bw / bf ) ≤ 1/2
θ 30º ≤ θ ≤ 38º

alma fina
1/12 ≤ (bw / bf ) ≤ 1/6
θ 38º ≤ θ ≤ 45º

a) engrenamento dos agregados b) efeito de pino


Figura 5.1 – Treliça generalizada. Valores médios para θ em função da largura da alma.
Figura 5.2 – Esquemas alternativos de resistência à força cortante.
Fonte: Silva e Giongo, 2000.
Fonte: Bandeira, 2002.

Segundo Silva e Giongo (2000), isso ocorre porque há um certo engastamento na


ligação da biela com o banzo comprimido, além das bielas diagonais serem muito mais 3.6 Dimensionamento ao esforço cortante - ELU
rígida do que os montantes tracionados. Assim, a parcela do esforço cortante absorvida
pela armadura transversal será tanto menor (θ menor) quanto maior for a largura da A verificação e o dimensionamento de elementos lineares sob a ação de esforço cortante
alma (bielas mais rígidas). é feito com base em um modelo de treliça, associado a mecanismos resistentes
desenvolvidos no interior do elemento.
Nos elementos de concreto armado submetidos a forças cortantes, além do modelo de
treliça, outros mecanismos são capazes de transmitir os esforços de uma seção As prescrições da NBR 6118:2014 que se seguem (item 14.4.1 NBR 6118:2014)
transversal a outra. Nas vigas com armadura transversal, a participação destes esquemas aplicam-se a elementos lineares armados submetidos a forças cortantes, eventualmente
alternativos pode ser apenas secundária. Entretanto, nas lajes sem armadura de combinadas com outros esforços solicitantes.
cisalhamento, eles são responsáveis pela própria resistência da peça.
Não se aplicam a elementos de volume, lajes, vigas parede e consolos curtos, que são
Os esquemas alternativos principais são: o efeito de arco, o engrenamento dos tratados em outras seções da NBR 6118:2014.
agregados; o efeito de pino da armadura longitudinal e a resistência do concreto
comprimido. A NBR 6118:2014 admite dois modelos de cálculo que pressupõem a analogia com
modelo em treliça, de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
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complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por uma Decompondo-se o esforço cortante V na direção das bielas (Fig. 6.2), pode-se escrever:
componente adicional Vc.
V
3.6.1 Cálculo da resistência Rc = . (6.4)
sen θ
Logo:
A resistência do elemento estrutural, numa determinada seção transversal deve ser
V
considerada satisfatória, quando verificadas simultaneamente as seguintes condições: σc = . (6.5)
b z ( cotgθ + cotgα )sen 2 θ
VSd ≤ VRd2 , (6.1)
e V/sen θ
VSd ≤ VRd3 = Vc + Vsw . (6.2) V

onde:

VSd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção; θ

VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas
de concreto; Figura 6.2 – Decomposição do esforço cortante na seção (V) na direção da biela de
compressão.
VRd3 = Vc + Vsw, é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração
diagonal, onde Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos A diagonal comprimida encontra-se em estado de compressão-tração, sendo a tração
complementares ao de treliça e Vsw a parcela absorvida pela armadura transversal. provocada pela aderência com a armadura transversal. Então, a tensão máxima
admissível no concreto não é 0,85fcd (zona não-fissurada), e sim:
3.6.2 Resistência da diagonal de compressão
σ cd,max = 0,6 f cd α v , (6.6)
Considerando uma biela de compressão, com inclinação θ (ver Fig. 6.1) e resultante Rc,
observa-se que a seção transversal da biela é igual a: bz(cotg θ cotg α).  f 
onde αv = 1 − ck  com fck em MPa.
 250 
Este coeficiente αv é um fator de redução (adimensional) em razão das tensões não
z (cotg θ + cotg α) sen θ
serem uniformes
Rc
Considerando o Estado Limite Último (ELU), tem-se: σ c = σ cd,max , ou seja:

z σc VRd2  f 
= 0,6 f cd 1 − ck  , (6.7)
θ α b z ( cotgθ + cotg α )sen θ 2
 250 

sendo VRd2 o esforço cortante de cálculo relativo á ruína da diagonal comprimida.


z (cotg θ + cotg α)
Fazendo (z = 0,9d), tem-se:
Figura 6.1 – Detalhe da biela de compressão.
VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen2 θ (cotg α + cotg θ) , (6.8)

Então, a tensão na biela pode ser escrita como:  f 


sendo αv = 1 − ck  com fck em MPa.
 250 
Rc
σc = . (6.3)
b z ( cotgθ + cotgα )sen θ A hipótese z = 0,9d é aceitável pelo fato de corresponder ao limite do domínio 2 (para o
aço CA-50):

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Desta forma, tem-se:
z = d –0,4x23 = d – 0,4×0,259d = 0,8964d.
V z ( cotgθ + cotg α )
= A sw f ywd . (6.10)
sen α s
3.6.3 Contribuição da armadura transversal
Então, fazendo z = 0,9d, a parcela de esforço cortante absorvida pela armadura
Considerando agora um corte ao longo de uma fissura, conforme indicado na Fig. 6.3. A transversal (Vsw) vale:
armadura transversal é constituída por barras de área Asw, distantes entre si de “s”,
segundo o eixo da viga, de forma que o número de barras que atravessa a fissura é igual A sw
a: z(cotg θ cotg α)/s. Vsw = 0,9d f ywd ( cotgθ + cotgα )sen α . (6.11)
s
Rst
3.6.4 Modelo de cálculo I

s O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ = 45° em relação ao eixo


z Asw longitudinal do elemento estrutural e admite ainda que a parcela complementar Vc tenha
valor constante, independente de VSd.
α
θ
a) verificação da compressão diagonal do concreto

z (cotg θ + cotg α) Deve ser satisfeita a condição:


Figura 6.3 – Detalhe da resultante da armadura transversal, com inclinação α.
VSd,max ≤ VRd2, (6.12)

O esforço cortante VSd,max é o maior esforço solicitante de cálculo que ocorre no tramo
Então, a resultante da armadura Rst pode ser escrita como:
da peça, sem que seja permito reduções nos apoios diretos.
z ( cotg θ + cotg α )
R st = A sw f ywd , (6.9) O esforço cortante de ruína do concreto comprimido (VRd2) é obtido a partir da Eq. 6.8,
s fazendo-se θ = 45º e α = 90º:
onde fywd é a tensão na armadura transversal passiva.
VRd2 = 0,27 αv fcd bw d, (6.13)
Decompondo-se o esforço cortante V na direção da armadura transversal (Fig. 6.4),
pode-se escrever:  f 
sendo αv = 1 − ck  com fck em MPa.
 250 
V
R st = .
sen α Observa-se que a expressão para cálculo de VRd2 (Eq. 6.12) no Modelo I não depende
do ângulo de inclinação dos estribos (α). Isto ocorre porque este é um processo
simplificado da treliça generalizada, que não explicita o valor de θ (mas em que está
implícito ser menor do que 45º, pois a armadura é sempre reduzida). Assim, a adoção da
V/sen α V
Eq. 6.8 para valores diferentes de α poderia levar a resultados incoerentes (MANGINI,
2001).

θ α b) cálculo da armadura transversal

Deve ser satisfeita a condição:


Figura 6.4 – Decomposição do esforço cortante na seção (V) na direção da armadura.
VSd ≤ Vc + Vsw, (6.14)

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A parcela do esforço cortante absorvida pela armadura transversal pode ser obtida a 3.6.5 Modelo de cálculo II
partir da Eq. 6.11, fazendo-se θ = 45º:
O modelo II admite diagonais de compressão inclinadas de θ em relação ao eixo
A  longitudinal do elemento estrutural, com θ variável livremente entre 30° e 45°. Admite
Vsw =  sw  0,9 d fywd (sen α + cos α) , (6.15) ainda que a parcela complementar Vc sofra redução com o aumento de VSd.
 s 
a) verificação da compressão diagonal do concreto
e a parcela absorvida pelos mecanismos complementares é dada por:
Deve ser satisfeita a condição:
Vc = Vc0 = 0,6 fctd bw d (caso de flexão simples), (6.16)
VSd,max ≤ VRd2,
onde:
sendo o esforço VRd2 dado pela Eq. 6.8:
bw é a menor largura da seção;
VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen2 θ (cotg α + cotg θ) ,
d é a altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade  f 
e αv = 1 − ck  com fck em MPa.
da armadura de tração;  250 

s é o espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw, medido segundo o eixo Para estribos verticais (α = 90º):
longitudinal do elemento estrutural;
VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen θ cos θ . (6.20)
fywd é a tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos
e a 70% desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, Para valores limites da inclinação das bielas de compressão, tem-se:
valores superiores a 435 MPa;
- para θ = 45º (e α = 90º)
α é o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do VRd2 = 0,27 αv fcd bw d (igual ao Modelo I).
elemento estrutural, podendo-se tomar 45° ≤ α ≤ 90°.
- para θ = 30º (e α = 90º)
fctd é a resistência de cálculo à tração do concreto, dada por: VRd2 = 0,234 αv fcd bw d.
f ctk, inf Observa-se, através das Eqs. 6.26 e 6.27, que quanto menor a inclinação das bielas de
f ctd = = 0,15 f ck2/3 , com fck em MPa. (6.17)
γc compressão, menor a capacidade resistente ao esmagamento na biela. Na verdade, este
valor limite diminui porque quando se adota inclinações menores, aumenta-se a tensão
Considerando VSd = Vc + Vsw e isolando-se Asw, tem-se: de compressão na biela (ou seja, maior a chance de esmagamento da mesma).

(VS d − Vc ) s w b) cálculo da armadura transversal


A sw = . (6.18)
0,9 d f ywd (sen α + cosα ) Deve ser satisfeita a condição:

Fazendo sw=100cm, obtém-se (Eq. 6.18) a área de aço transversal (Asw) necessária ao VSd ≤ Vc + Vsw,
longo de 1m (cm2/m).
A parcela do esforço cortante absorvida pela armadura transversal pode é dada pela Eq.
Para estribos verticais (α = 90º), tem-se: 6.11:
A 
(VS d − Vc ) s w Vsw =  sw  0,9 d fywd (cotg α + cotg θ) sen α ,
A sw = . (6.19)  s 
0,9 d f ywd
e a parcela absorvida pelos mecanismos complementares é dada por:

Vc = Vc1 (caso de flexão simples); (6.21)

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onde:
Nota-se que, quanto menor for θ, menor será a armadura transversal.
- Vc1 = Vc0 = 0,6 fctd bw d → quando VSd ≤ Vc0;
Observação: a Eq. 6.34 difere da Eq. 6.23 do Modelo I pelo fato de Vc não ser constante
- Vc1 = 0 → quando VSd = VRd2 (Eq. 6.8), interpolando-se linearmente para valores no Modelo II.
intermediários (ver Fig. 6.5).
3.7 Redução do esforço cortante no apoio
Vc
para VSd ≤ Vco → Vc = Vco
Nas proximidades dos apoios diretos, a quantidade de armadura de cisalhamento pode
ser menor do que aquela indicada pelo cálculo usual. Este fato ocorre porque parte da
para Vco < VSd ≤ VRd2: carga (próxima aos apoios) pode se dirigir diretamente aos apoios, portanto, sem
Vc0 (VRd2 − VSd ) solicitar a armadura transversal.
Vc = Vco
(VRd2 − Vco ) Então, para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio direto (se a carga e a
reação de apoio forem aplicadas em faces opostas do elemento estrutural, comprimindo-
VSd a), valem as seguintes prescrições:
Vc0 VRd2
- a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho entre o
Figura 6.5 – Interpolação para a parcela Vc. apoio e a seção situada à distância d/2 da face de apoio, constante e igual à desta
seção. Assim, a redução será:
Lembrando que fctd é a resistência de cálculo à tração do concreto, dada por:
∆Vdist = p
(t + d ) ,
(7.1)
f ctk, inf 2
f ctd = = 0,15 f ck2/3 , com fck em MPa.
γc
sendo “t” a largura do apoio direto, “p” a carga distribuída e “d” a altura útil da viga
(ver Fig. 7.1).
Fazendo VSd = Vc + Vsw e isolando Asw, tem-se:
p
(VS d − Vc ) s w
A sw = . (6.22)
0,9 d f ywd (cotgα + cotg θ ) senα d

Fazendo sw=100cm, obtém-se (Eq. 6.22) a área de aço transversal (Asw) necessária ao
d/2
longo de 1m (cm2/m). d/2

t1 Lo t2
Para estribos verticais (α = 90º), tem-se:
p
(VS d − Vc ) s w
A sw = . (6.23)
0,9 d f ywd cotg θ
V

Para valores limites da inclinação das bielas de compressão, tem-se: ∆V


Vred
- para θ = 45º
DEC
(VS d − Vc ) s w
A sw = . (6.24)
0,9 d f ywd

- para θ = 30º Figura 7.1 – Redução devido à carga distribuída.


(VS d − Vc ) s w
A sw = . (6.25)
1,56 d f ywd cotg θ
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- a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância x ≤ 2d do 3.8 Distribuição longitudinal (cobertura do diagrama)
eixo teórico do apoio pode, nesse trecho de comprimento x, ser reduzida
multiplicando-a por x/(2d). Normalmente, divide-se o vão da viga em trechos e adota-se estribos uniformes ao
longo desses trechos, para facilitar a execução. Desse modo, resulta uma cobertura em
Assim, por exemplo para um caso de viga com um tramo (Fig. 7.2), o esforço cortante degraus do diagrama de esforço cortante que garante a resistência ao cisalhamento.
poderá ser reduzido em:
Tem-se um só trecho quando a armadura mínima é suficiente como mostra a Fig. 8.1.
P (L − x )  x  Na Fig. 8.1, Vmin é o esforço cortante característico correspondente à Asw,min.
∆Vconc = 1 −  , (7.2)
L  2d 

sendo “L” o vão teórico do trecho da viga, “P” a carga concentrada e “x” a distância da V
carga concentrada até o centro do apoio (ver Fig. 7.2). Vmin

Observa-se que somente o esforço cortante devido à carga concentrada pode ser
reduzido. Assim, para o caso de viga em balanço com carga concentrada (P) próxima ao
apoio (x<2d), a redução será “P(x/2d)”. Vmin
V
Após o cálculo das reduções, obtém-se o esforço característico que será empregado no
dimensionamento: trecho com Asw,min

Vred = V - (∆Vdist + ∆Vconc ) , (7.3)


Figura 8.1 – Caso de armadura mínima em todo o tramo.
As reduções indicadas neste item da NBR 6118:2014 não se aplicam à verificação da
resistência à compressão diagonal do concreto. No caso de apoios indiretos, essas
Quando o esforço cortante característico V for maior que o esforço Vmin, tem-se mais de
reduções também não são permitidas.
um trecho de estribo, sendo cada trecho com um valor de espaçamento de estribo
diferente. A Fig. 8.2 mostra um caso de viga simétrica com três trechos de estribo,
t1/2 P
x < 2d sendo dois trechos iguais (os trechos de extremidade). Considera-se o maior esforço
cortante do trecho para o dimensionamento (como se fosse um gráfico linear).

d
V

t1 Lo t2 Vmin
P
x
Vmin

V L
V
∆V Asw trecho com Asw,min Asw
Vred
DEC
Figura 8.2 – Caso de armadura mínima na parte central.

Figura 7.2 – Redução devido à carga concentrada para viga de um tramo


O trecho a ser coberto pelo estribo maior que o mínimo pode ser subdivido em trechos,
que resultam em degraus no diagrama de esforço cortante. Desse modo, tem-se a
redução do consumo de aço. No exemplo da Fig. 8.3 usam-se cinco trechos (três
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espaçamentos diferentes). O número de divisões do diagrama depende do critério do - as nervuras de lajes nervuradas, quando espaçadas de menos de 60 cm, que também
projetista. Normalmente não se utilizam trechos menores que 1m. podem ser verificadas como lajes.

V b) Espaçamento entre estribos

O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento


estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom
Vmin adensamento da massa.

Vmin O espaçamento máximo deve atender às seguintes condições (ver Fig. 9.1):

0,6 d
- se VSd ≤ 0,67 VRd2, então s max ≤  ;
V 30 cm
Asw1 Asw2 trecho c/ Asw,min Asw2 Asw1 0,3 d
- se VSd > 0,67 VRd2, então s max ≤  .
20 cm

Figura 8.3 – Divisão dos trechos com armadura maior que a armadura mínima. O espaçamento transversal entre ramos sucessivos da armadura constituída por estribos
não deve exceder os seguintes valores:
3.9 Detalhamento
d
a) Armadura mínima - se VSd ≤ 0,20 VRd2, então s t,max ≤  ;
80 cm
Todos os elementos lineares submetidos a força cortante devem conter armadura 0,6 d
- se VSd > 0,20 VRd2, então s t,max ≤  .
transversal mínima constituída por estribos, com taxa geométrica: 35 cm

A sw f st (espaçamento transversal)
ρ sw = ≥ 0,2 ctm , (8.1)
b w .s.sen α f ywk
s (espaçamento longitudinal)
onde:
h
s
Asw é a área da seção transversal dos estribos;

s é o espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento


estrutural;

α é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural;

bw é a largura média da alma;


bw
fctm = 0,3.fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto);
Figura 9.1 – Detalhe dos espaçamentos longitudinais e transversais para estribos de
fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço). quatro ramos.
Fazem exceção ao parágrafo anterior: c) Diâmetro mínimo da armadura

- os elementos estruturais lineares com bw > 5 d (em que d é a altura útil seção), caso O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5 mm, sem
que deve ser tratado como laje; exceder 1/10 da largura da alma da viga.

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Quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode ser superior a 12 mm. No caso de
estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para 4,2 Verifica-se que a parcela da direita (Ra – P1(a1+a2) – P2 a2) é numericamente igual ao
mm, desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão dessa armadura. momento fletor de cálculo (Md) atuando na seção vertical que contêm o ponto “k”. Isto
porque está sendo considerada uma situação de ruptura (ELU).
d) Detalhes construtivos da armadura transversal
Logo, pode-se escrever:
A armadura transversal (Asw) pode ser constituída por estribos (fechados na região de
apoio das diagonais, envolvendo a armadura longitudinal) ou pela composição de Fs z = M d ,
estribos e barras dobradas, entretanto quando forem utilizadas barras dobradas, estas
não devem suportar mais do que 60% do esforço total resistido pela armadura. A s f yd z = M d ,
O ângulo de inclinação α das armaduras transversais em relação ao eixo longitudinal do
elemento estrutural deve estar situado no intervalo 45° ≤ α ≤ 90°. Md
As = . (10.2)
f yd z
Os estribos devem ser fechados através de um ramo horizontal, envolvendo as barras da
armadura longitudinal de tração, e ancorados na face oposta. Quando essa face também A Eq. 10.2 é a mesma fórmula apresentada na Unidade II (dimensionamento à flexão
puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo horizontal nessa região, ou simples), a qual é empregada para o dimensionamento à flexão. A diferença é que,
complementado por meio de barra adicional. naquela situação, Md era da seção que continha o ponto “j” (onde atua Fs), que está
defasada da seção que contém o ponto “k” da distância “a2”. Como Md na seção do
3.10 Deslocamento do diagrama de momento fletor ponto “j” é menor que Md na seção do ponto “k”, a área de aço obtida, empregando-se o
(decalagem) momento na seção, seria menor do que a área realmente necessária.

Seccionando a treliça de Mörsch indicada na Fig. 10.1 em uma seção SS e fazendo o Em outras palavras, isto significa que a área As, na seção “j”, foi calculada (na Unidade
II) considerando um momento de: R(a-a2) – P1a1, enquanto deveria ter sido utilizado o
equilíbrio de momentos em torno do ponto “k”, chega-se a:
momento na seção “k”: Ra – P1(a1+a2) – P2 a2.
Fs z = Ra – P1(a1 + a2) – P2 a2. (10.1)
A Fig. 10.2 mostra a comprovação experimental dessa conclusão. Este ensaio foi
realizado por Fernandes e Fusco, em 1992, na USP (apud Fusco, 1995). Apresentam-se
a1 a2 as tensões nas armaduras longitudinais. Observa-se que as tensões máximas ocorrem na
P1 P2 P3 P4 parte central (maior momento fletor – constante) e em também em seções deslocadas
em al da parte central.

Ou seja, devido a analogia de treliça, para se determinar o comprimento das barras


z longitudinais deve-se utilizar um diagrama de momentos obtido pelo deslocamento do
θ θ diagrama original, paralelamente ao eixo da peça e no sentido mais desfavorável, de
valor al (ver Fig. 10.3).
R a O valor de al depende do modelo utilizado para dimensionamento ao esforço cortante.
P1 P2 S
Fc k

M z
θ
Fsj
R S
FIGURA 10.1 – Treliça de Mörsch.

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F
3.10.1 Modelo de cálculo I
F
5 10 15 15 15 15 15 15 15 15 15 20 20 15 15 71/2 71/2 71/2 10 10 5
Para o Modelo I, o valor de al é dado por:
extensômetros

 VSd,máx 
al = d  (1 + cotg α ) − cotg α  ≤ d, (10.3)
15
L11 L9 L7 L5 L3 L4 L6 L8 L10 L12
15  2(VSd,máx − Vc ) 
F
300
F sendo:
al = d, para VSd, máx ≤ Vc ;

0
al ≥ 0,5d, no caso geral;
al ≥ 0,2d, para estribos inclinados a 45°.
200
400 Na Eq. 10.3, Vsd,máx é o maior esforço cortante no tramo da viga, d é a altura útil da
CA 50-A viga, α é a inclinação dos estribos e Vc é a parcela de esforço cortante absorvida pelos
600
fc ≅ 60MPa
σs (MPa) 2F=230 kN al=d mecanismos complementares.

3.10.2 Modelo de cálculo II


7,5
13,0 30cm 28cm Para o Modelo II, o deslocamento do diagrama de momentos fletores deve ser:
7,5
a l = 0,5d (cotgθ − cotg α) , (10.4)
30cm 3 φ 20mm sendo:

FIGURA 10.2 – Comprovação experimental da decalagem. al ≥ 0,5d, no caso geral;


Fonte: Fusco, 1995.
al ≥ 0,2d, para estribos inclinados a 45°.

Na Eq. 10.4, d é a altura útil da viga, α é a inclinação dos estribos e θ é a inclinação das
bielas comprimidas (30º ≤ θ ≤ 45º).
diagrama original
al al
3.11 Armadura de suspensão
B

A Nas proximidades de cargas concentradas transmitidas à viga por outras vigas ou


diagrama elementos discretos que nela se apoiem ao longo ou em parte de sua altura, ou fiquem
deslocado
al nela penduradas, deve ser colocada armadura de suspensão (item 18.3.6 NBR
al al 6118:2014).

A armadura de suspensão funciona como um tirante interno que levanta a força aplicada
FIGURA 10.3 – Deslocamento do diagrama de momento fletor (decalagem). pela viga suportada na parte inferior da viga suporte até a parte superior da mesma. Este
procedimento deve ser realizado porque as vigas são calculadas segundo a analogia de
treliça, que pressupõe forças aplicadas na face superior e reação na face inferior.

Assim, quando ocorre uma situação como a ilustrada na Fig. 11.1, na qual uma viga se
apóia em outra viga com mesma altura, deve-se prever a suspensão da reação, de forma
a ter uma carga na face superior da viga suporte (como idealizado na analogia de
treliça).

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Calcula-se a armadura de suspensão através da expressão:

1,4 R Embora teoricamente sempre seja necessário armadura de suspensão no caso de


A s,sup = , (11.1) encontro de vigas, é usual detalhar uma armadura especial de suspensão apenas no caso
f yd
de viga pendurada em outra viga (caso ilustrado na Fig. 11.3: a altura da viga suportada
é maior que a altura da viga suporte).
onde R é a reação da viga suportada
Nesta situação (ha<hb), recomenda-se posicionar a armadura de suspensão na posição
P/4 indicada na Fig. 11.3. Nos demais casos (ha>hb), pode-se realizar a suspensão através
P/2 P P/2 P/4 dos estribos colocados na zona de suspensão (região de cruzamento das viga e trecho,
na viga suporte, com comprimento ha), conforme mostra a Fig. 11.4.

viga de A
lb lb
apoio
suspensão da
carga P/2 viga apoiada
ha viga de
apoio ha
hb
P/4 P/4
P armadura de
P/4
P/4 suspensão
viga apoiada armadura de
suspensão
corte AA
A
FIGURA 11.3 – Detalhe da armadura de suspensão.

O número de barras para realizar a suspensão é determinado pela fórmula:

P/4 P/4 A s,sup


n barras = , (11.3)
FIGURA 11.1 – Necessidade de armadura de suspensão (apoio indireto). n as

onde as é a área da seção transversal de uma barra e n é o número de ramos verticais.


Quando a viga suporte tem altura maior que a viga a ser suportada (Fig. 11.2), permite-
se reduzir o valor da reação R para Rred através da expressão:
ba
h
R red = b R ≤ R, (11.2)
ha viga de apoio (ba×ha)

viga apoiada (bb×hb)


onde hb é a altura da viga suportada e ha é a altura da viga suporte (ver Fig. 11.2). ha/2

bb

ha/2 hb/2
viga suportada
hb ha zona de suspensão

viga suporte

Figura 11.4 – Detalhe da zona de suspensão (em planta).


FIGURA 11.2 – Redução permitida para casos em que a viga suporte tem maior altura.
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4 Dimensionamento à Torção A forma da treliça e a distribuição dos esforços nas barras mostram que a armadura
adequada a um elemento linear, submetido à torção, é formada por uma armadura
longitudinal e por uma armadura transversal. A ação conjunta destas armaduras produz
uma segurança adequada.
4.1 Introdução
Ensaios realizados em peças de concreto armado submetidas à torção mostram que 4.1.1 Torção de equilíbrio e torção de compatibilidade
apenas a camada externa da seção opõe resistência efetiva aos esforços de torção. Isto
pode ser observado através do gráfico mostrado na Fig. 1.1, no qual se relaciona o a) Torção de equilíbrio
momento torsor T com a deformação correspondente. Nesta figura, comparam-se os
comportamentos de duas seções com mesmos contornos, porém uma seção é maciça e a Sempre que a resistência à torção for necessária ao equilíbrio da estrutura, considera-se
outra é vazada. Observa-se que as duas seções apresentam momentos torsores últimos que a torção é de equilíbrio, devendo o elemento ser dimensionado para estes esforços.
praticamente iguais. A única diferença é que o momento torsor correspondente ao início
de fissuração é menor na seção vazada. Exemplos:
- vigas curvas, vigas balcão, viga suportando outra viga em balanço (Fig. 1.3), etc.
T - vigas com laje em balanço, sem laje do outro lado (marquise), ver Fig. 1.4;

b) Torção de compatibilidade

A torção de compatibilidade ocorre nas vigas dos pavimentos em concreto armado,


quando estas recebem, no mesmo trecho, cargas diferentes oriundas das lajes que tem a
viga como apoio em comum. A torção causada na ligação entre vigas do pavimento
também pode ser considerada torção de compatibilidade (caso em que a viga de apoio
sofre torção devido ao momento de solidariedade entre as vigas), conforme o exemplo
mostrado na Fig. 1.5.

φ/L Este tipo de torção pode ser desprezado. Isto é possível porque a rigidez à torção é
reduzida de 8 a 10 vezes devido à fissuração por flexão.
Figura 1.1 – Comportamento à torção de uma seção cheia e outra vazada.

A partir desta constatação experimental, criou-se um modelo treliça espacial para o


dimensionamento à torção, conforme ilustra a Fig. 1.2. L=a+b b
c
B
Nesta treliça (Fig. 1.2), as diagonais de compressão são elementos de concreto que a
podem ter inclinação θ em relação ao eixo da peça, variável entre 30º e 45º. Os quadros P
transversais e as barras longitudinais são tracionadas, sendo, portanto, de aço. A

P
T P.c

θ
TB=Pca/L

TA=Pcb/L
barras tracionadas
diagonais comprimidas (armadura longitudinal e
(concreto) transversal)
Figura 1.3 – Exemplo de torção de equilíbrio: viga suportando outra viga em balanço.
FIGURA 1.2 – Modelo de cálculo para torção: treliça espacial.
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TSd ≤ TRd,3 , (2.2)
B
c TSd ≤ TRd,4 , (2.3)
L
p
onde:

A
TSd = γf T representa o momento torsor de cálculo;

TRd,2 representa o limite dado pela resistência das diagonais comprimidas de concreto;
mT = pc2/2

TRd,3 representa o limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao eixo
do elemento estrutural;
TB= mTL/2
TRd,4 representa o limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais,
paralelas ao eixo do elemento estrutural.
TA= mTL/2
Figura 1.4 – Exemplo de torção de equilíbrio: viga suportando uma marquise. Os limites acima definidos permitem definir a seção transversal e dimensionar as
armaduras necessárias.

L=a+b b
4.2.2 Geometria da seção resistente
B
a
P a) Seções poligonais convexas cheias
A

TB=Ta/L he
TA=Tb/L
R
T
c1
T
P c1

R FIGURA 2.1 – Seção cheia.

Figura 1.5 – Exemplo de torção de compatibilidade.


Para o caso de seção cheia (Fig. 2.1), como o núcleo central praticamente não opõe
resistência à torção, admite-se uma seção vazada equivalente para o dimensionamento.
Esta seção vazada equivalente é definida a partir da seção cheia, com espessura da
4.2 Dimensionamento de elementos lineares parede equivalente (he) dada por:
4.2.1 Resistência do elemento estrutural - Torção pura
he ≤ Ac / µ , (2.4)

he ≥ 2 c1 , (2.5)
Admite-se satisfeita a resistência do elemento estrutural, numa dada seção, quando se
verificarem, simultaneamente, as seguintes condições:
onde:
TSd ≤ TRd,2 , (2.1)
Ac é a área da seção cheia;
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he
µ é o perímetro da seção cheia;

c1 é a distância entre o eixo da armadura longitudinal do canto e a face lateral do he


elemento estrutural.

Caso Ac / µ resulte menor que 2c1, pode-se adotar he = Ac / µ ≤ bw - 2c1 e a superfície


média da seção celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras do canto
(respeitando o cobrimento exigido nos estribos).
FIGURA 2.3 – Determinação de he para seções vazadas.
b) Seção composta de retângulos
4.2.3 Verificação da compressão diagonal do concreto
Para o caso de uma seção composta de retângulos (Fig. 2.2), o momento de torção total
deve ser distribuído entre os retângulos conforme sua rigidez elástica linear. Cada
retângulo deve ser verificado isoladamente com a seção equivalente definida no item
Considerando a peça de concreto submetida a um momento torsor T (ver Fig. 2.4), a
(a). Assim, o momento de torção que cabe ao retângulo i (TSdi) é dado por:
tensão de cisalhamento resultante (τ) pode ser obtida através da fórmula de Bredt, dada
a1 por:

T
he1 τ= , (2.7)
2 Ae he
b1 sendo:
he2 Ae é a área limitada pela linha média da parede da seção vazada, real ou equivalente,
incluindo a parte vazada (ver Fig 2.4);
a2
he é a espessura equivalente da parede da seção vazada, real ou equivalente, no ponto
b2 considerado.

FIGURA 2.2 – Seção composta de retângulos.


b

3
ai b i
TSdi = TSd , (2.6) Ae
Σ a 3i b i τ h
θ
onde a é o menor lado do retângulo e b é o maior lado do retângulo.
T
c) Seções vazadas he

No caso de seções vazadas (Fig. 2.3), deve ser considerada a menor espessura de parede
entre: Figura 2.4 – Tensões de cisalhamento devidas ao momento torsor.

- a espessura real da parede;


Considerando a biela de compressão, gerada pelo esforço de torção, com altura unitária
- a espessura equivalente calculada supondo a seção cheia de mesmo contorno (ver Fig. 2.5), observa-se que a resultante de compressão vale (σc he cos θ).
externo da seção vazada. Equilibrando-se as forças verticais, tem-se:

τ . 1,0 . he = (σc . he . cos θ) sen θ. (2.8)

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Logo: sendo:
 f 
τ αv = 1 − ck  com fck em MPa.
σc = . (2.9)  250 
cos θ sen θ
Assim, para o caso de torção pura, a resistência decorrente das diagonais comprimidas
Substituindo a Eq. 2.7 em 2.9, tem-se: de concreto deve ser verificada através das expressões:

T TSd ≤ TRd,2 ,
σc = . (2.10)
2 A e h e cos θ sen θ
TRd2 = 0,50 αv fcd Ae he sen 2θ ,
onde:
θ é o ângulo de inclinação das diagonais de concreto, arbitrado no intervalo
sen θ 30° ≤ θ ≤ 45° (deve ser usado o mesmo ângulo arbitrado no modelo para o cisalhamento
em casos de torção não-pura);
τ 1,0
T Ae é a área limitada pela linha média da parede da seção vazada, real ou equivalente,
σc θ
cos θ incluindo a parte vazada (ver Fig 2.6);

he é a espessura equivalente da parede da seção vazada, real ou equivalente, no ponto


σc he cos θ θ considerado.

Figura 2.5 – Diagonal comprimida devido ao momento torsor.


he

A diagonal comprimida encontra-se em estado de compressão-tração, sendo a tração


provocada pela aderência com a armadura transversal. Neste caso de torção, ao invés de Ae
adotar 0,6.fcd.αv para a tensão máxima admissível no concreto (como no esforço
cortante) a NBR 6118:2014 adota:
FIGURA 2.6 – Representação da área Ae.
σ cd,max = 0,5 f cd α v , (2.11)
Para os casos que existir combinação de torção com força cortante, o projeto deve
 f  prever ângulos de inclinação das bielas de concreto θ coincidentes para os dois esforços.
onde αv = 1 − ck  com fck em MPa.
 250  Quando for utilizado o modelo I para a força cortante, que subentende θ = 45º, esse
deve ser o valor considerado também para a torção.
Considerando o Estado Limite Último (ELU), tem-se: σ c = σ cd,max , ou seja:
Nestes casos (esforço cortante mais torção), a resistência à compressão diagonal do
concreto deve ser satisfeita atendendo à expressão:
TRd2  f 
= 0,5 f cd 1 − ck  , (2.12)
2 A e h e cos θ sen θ  250  VSd T
+ Sd ≤ 1 , (2.14)
VRd2 TRd2
sendo TRd2 o momento fletor de cálculo relativo á ruína da diagonal comprimida.
onde VSd e TSd são os esforços de cálculo que agem concomitantemente na seção.
Como 2.senθ.cosθ = sen2θ, pode-se escrever:
A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras calculadas
TRd2 = 0,50 αv fcd Ae he sen 2θ , (2.13) separadamente para VSd e TSd, respeitando-se o fato de ser considerando apenas um

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 143 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 144
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ramo do estribo para efeito da torção (para esforço cortante podem ser considerados fywd é a resistência de cálculo do aço da armadura passiva, limitada a 435 MPa;
todos os ramos verticais do estribo).
e A Tsw é a área de armadura transversal para torção.
4.2.4 Cálculo das armaduras
A resistência dos estribos verticais deve atender à expressão:
As armaduras consideradas efetivas à torção são aquelas contidas na área
correspondente à parede equivalente. Ou seja, para torção não podem ser considerados
os ramos dos estribos que estiverem no interior da seção (comum no caso de estribos de TSd ≤ TRd,3 .
quatro ramos). Quando for necessário aumentar a taxa de armadura transversal para T
torção deve ser usado estribo duplo (dois estribos colados) no perímetro externo. Isolando-se A sw tem-se:
a) Armadura transversal TSd s w
T
A sw = . (2.17)
2A e f ywd cotg θ
Fazendo um corte ao longo da diagonal comprimida (Fig. 2.7), pode-se determinar a
armadura transversal necessária pelo equilíbrio de forças na vertical. Assim, tem-se:
Fazendo sw=100cm na Eq. 2.17, obtém-se a área de aço transversal necessária ao longo
de 1m (cm2/m).
cotg θ
τ 1,0 he = Rst = Asw fywk, (2.15)
s Assim, A Tsw é a área de aço por metro correspondente a um ramo de estribo situado na
onde Asw é a área de um ramo do estribo vertical. espessura he. Por isso, ao se somar a parcela de armadura transversal devido ao esforço
cortante (Asw) com a parcela devido à torção ( A Tsw ) deve-se respeitar o fato de ser
considerando apenas um ramo do estribo para efeito da torção (para esforço cortante
Rst podem ser considerados todos os ramos verticais do estribo). Assim, pode-se fazer:
s
Asw Total
A sw = A sw + 2 A sw
T
.

b) Armadura longitudinal
τ 1,0
θ Fazendo novamente um corte ao longo da diagonal comprimida (Fig. 2.8), pode-se
determinar a armadura longitudinal necessária pelo equilíbrio de forças na horizontal.
Assim, tem-se:
cotg θ A
τ cotg θ he = Rsl = sl fyk, (2.18)
Figura 2.7 – Equilíbrio da seção fazendo-se um corte ao longo da diagonal. u
onde Asl é a área da barra longitudinal. Utilizando-se ue (perímetro da seção com área
Ae) ao invés de u, tem-se a área de aço longitudinal total.
Empregando-se novamente a fórmula de Bredt (Eq. 2.7):
Asl
T cotg θ
= Asw fywk, u
2 Ae s
τ 1,0
Rsl
Trabalhando-se no ELU, obtém-se: θ

 AT  τ
TRd3 =  sw  f ywd 2A e cotg θ ,
 (2.16)
 sw  cotg θ
onde:
Figura 2.8 – Equilíbrio da seção fazendo-se um corte ao longo da diagonal.
TRd,3 representa o limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao eixo do
elemento estrutural; Empregando-se novamente a fórmula de Bredt (Eq. 2.7):

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T A 4.2.5.2 Armadura longitudinal no banzo comprimido por flexão
cotg θ = sl fyk, (2.19)
2 Ae ue
No banzo comprimido pela flexão, a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida
em função dos esforços de compressão que atuam na espessura efetiva h e no trecho de
Trabalhando-se no ELU, obtém-se:
comprimento ∆u correspondente à barra ou feixe de barras consideradas. A favor da
segurança, geralmente despreza-se este alívio.
A 
TRd4 =  sl  f ywd 2A e tg θ (2.20)
 ue  4.2.5.3 Resistência de banzo comprimido
onde TRd,4 representa o limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais,
paralelas ao eixo do elemento estrutural. Nas seções em que a torção atua simultaneamente com solicitações normais intensas,
que reduzem excessivamente a profundidade da linha neutra, particularmente em vigas
Desta forma, a resistência decorrente das armaduras longitudinais deve atender à de seção celular, o valor de cálculo da tensão principal de compressão não deve superar
expressão: o valor 0,85 fcd .

TSd ≤ TRd,4 . Esta tensão principal deve ser calculada como em um estado plano de tensões, a partir
da tensão normal média que age no banzo comprimido de flexão e da tensão tangencial
Então, isolando-se Asl, tem-se: de torção calculada pela fórmula de Bredt:

TSd
TSd u e τ td = .
A sl = . (2.21) 2 Ae he
2A e f yd tg θ
4.2.6 Estado limite de fissuração inclinada da alma
onde:
Usualmente não é necessário verificar a fissuração diagonal da alma de elementos
Asl é a soma das áreas das seções das barras longitudinais; estruturais de concreto. Em casos especiais em que isso for considerado importante,
deve-se limitar o espaçamento da armadura transversal a 15 cm.
ue é o perímetro de Ae.
4.3 Armadura mínima
A armadura longitudinal de torção de área total Asl pode ter arranjo distribuído ou
concentrado, mantendo-se obrigatoriamente constante a relação ∆Asl /∆u, onde ∆u é o Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural deve existir
trecho de perímetro, da seção efetiva, correspondente a cada barra ou feixe de barras de armadura destinada a resistir aos esforços de tração oriundos da torção. Essa armadura
deve ser constituída por estribos verticais normais ao eixo do elemento estrutural e
área ∆Asl. barras longitudinais distribuídas ao longo do perímetro da seção resistente com taxa
geométrica mínima dada pela expressão:
Nas seções poligonais, em cada vértice dos estribos de torção deve ser colocada pelo
menos uma barra longitudinal.
f ctm
4.2.5 Flexão e torção ρ sl = ρ sw ≥ 0,2 ,
f ywk (3.1)
Nos elementos estruturais submetidos à torção e à flexão simples ou composta, as
verificações podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as solicitações onde
normais.
fctm = 0,3.fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto);
fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço).
4.2.5.1 Armadura longitudinal
Para a armadura transversal mínima, tem-se:
Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção deve ser acrescentada à armadura
necessária para solicitações normais, considerando-se em cada seção os esforços que A sw, min = ρ sw b w s w . (3.2)
agem concomitantemente.

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Para a armadura longitudinal mínima, pode-se considerar: 5 Detalhamento longitudinal de vigas
A sl ,min = ρ sl u e he . (3.3)
5.1 Aderência
Quando a torção não for necessária ao equilíbrio, caso da torção de compatibilidade, é
possível desprezá-la, desde que o elemento estrutural tenha a adequada capacidade de
adaptação plástica e que todos os outros esforços sejam calculados sem considerar os O trabalho conjunto do concreto e das armaduras se deve à transmissão de esforços
efeitos por ela provocados. Para garantir um nível razoável de capacidade de adaptação internos de um material a outro através das tensões de aderência.
plástica deve-se respeitar a armadura mínima de torção e a força cortante limitada, tal
que: VSd ≤ 0,7 VRd2. Então a aderência serve para impedir o escorregamento das armaduras nos segmentos
entre fissuras, limitar a abertura das fissuras e ancorar as armaduras nas extremidades,
4.4 Disposições construtivas ou nos pontos de emenda por traspasse.

Com relação ao detalhamento da armadura de torção, a NBR 6118:2014 estabelece que: 5.1.1 Tipos de Aderência

- A armadura destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção deve a) Aderência por adesão: ligação físico-química na interface aço/concreto durante a
ser constituída por estribos normais ao eixo da viga, combinados com barras pega (ver Fig. 1.1). É muito fraca e, uma vez vencida, se anula, sendo desprezada
longitudinais paralelas ao mesmo eixo. geralmente.

- Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras concreto


longitudinais contidos no interior da parede fictícia da seção vazada equivalente.

- Os estribos para torção devem ser fechados em todo o seu contorno, envolvendo as
barras das armaduras longitudinais de tração, e com as extremidades adequadamente
ancoradas por meio de ganchos em ângulo de 45º.
FIGURA 1.1 – Aderência por adesão.
- As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou
concentrado ao longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo de b) Aderência por atrito: função da rugosidade superficial da barra e da pressão
350 mm. transversal aplicada pelo concreto (ver Fig. 1.2).

- Deve-se respeitar a relação ∆Asl /∆u, onde ∆u é o trecho de perímetro da seção


efetiva correspondente a cada barra ou feixe de barras de área ∆Asl, exigida pelo
dimensionamento.

- As seções poligonais devem conter, em cada vértice dos estribos de torção, pelo
menos uma barra. FIGURA 1.2 – Aderência por atrito.

c) Aderência mecânica: nos aços de alta resistência, a aderência por adesão e a


aderência por atrito não são suficientes para garantir o aproveitamento adequado das
características dos materiais. Deste modo, estes tipos de aços são produzidos com
saliências, chamadas mossas, que mobilizam tensões de compressão no concreto
(ver Fig. 1.3). A aderência mecânica é a principal forma de garantia da
compatibilidade de deformações nos elementos de concreto armado.

FIGURA 1.3 – Aderência mecânica de barras nervuradas.


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5.1.2 Ensaio de arrancamento tiver mais que 60cm de profundidade, considera-se em região de má aderência apenas
os 30cm superficiais (ver Fig. 1.5).
Considerando o ensaio de arrancamento indicado na Fig. 1.4, a barra de aço está
mergulhada num bloco de concreto, tracionada por uma força cujo máximo valor de
cálculo, no estado limite último (barra sendo arrancada da massa de concreto), é Rst. zona de má aderência
zona de boa aderência
A tendência de deslizamento é combatida por tensões de aderência fbd que se distribuem
conforme indicado na Fig. 1.4. Embora esta não seja uniforme, supõe-se tensões
constantes ao longo do comprimento de ancoragem.
vigas com 30cm < h ≤ 60cm:
lajes e vigas com h ≤ 30cm:
h-30cm
concreto h ≤ 30cm
30cm
fbd φ Rst
pilares e peças inclinadas:

vigas com h > 60cm: vigas T:

30cm

fbd h-30cm
distribuição α > 45º
simplificada distribuição
real

FIGURA 1.4 – Ensaio de arrancamento. FIGURA 1.5 – Regiões de aderência.

As barras horizontais, ou pouco inclinadas (α<45º), situadas a menos de 30 cm do


5.1.3 Fatores que influenciam a qualidade da aderência fundo da viga ou de uma junta horizontal de concretagem, são consideradas em região
de boa aderência, pois até aquela espessura de concreto fresco, o efeito da sedimentação
Entre os fatores que influenciam a aderência, pode-se citar: do concreto é pouco significativo. Nas vigas “T”, as barras negativas situadas na mesa
têm melhor aderência que as colocadas sobre a alma.
- diâmetro da barra: o aumento do diâmetro reduz a tensão máxima de aderência;
Segundo a NBR 6118:2014 (item 9.3.1), quando forem utilizadas formas deslizantes
- tipo e disposição das nervuras; deve-se considerar em má situação quanto à aderência.

- fator água/cimento: quanto maior a resistência menor o comprimento de ancoragem; 5.1.4 Valores de tensão de aderência

- posição das barras durante a concretagem. Segundo a NBR 6118:2014 (item 9.3.2), as tensões de aderência de cálculo, entre
armadura e concreto, devem ser obtidas pela expressão:
Com relação à posição das barras durante a concretagem, as barras horizontais ou pouco
inclinadas (α<45º), situadas sobre uma camada espessa de concreto fresco, têm sua fbd = η1 η2 η3 fctd , (1.1)
aderência prejudicada pela sedimentação do concreto, que deixa um espaço vazio na sendo:
face inferior da barra.
fctd = fctk,inf / γc ;
Quando a camada de concreto fresco, subjacente à barra, é superior a 30cm, a barra
superior é considerada em região de má aderência, apresentando um valor reduzido de η1 = 1,0 para barras lisas (CA-25);
fbd , ou seja, um comprimento majorado de ancoragem por aderência. Porém, se a peça
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η1 = 1,4 para barras dentadas (CA-60); concreto

η1 = 2,25 para barras nervuradas (CA-50); fbd φ Rst

η2 = 1,0 para situações de boa aderência;

η2 = 0,7 para situações de má aderência; lb

η3 = 1,0 para φ ≤ 32 mm; FIGURA 1.6 – Comprimento de ancoragem retilíneo.

η3 = (132 − φ)/100 , para φ > 32 mm,


A condição de equilíbrio da barra na Fig. 1.6 permite escrever:
onde φ é o diâmetro da barra, em milímetros.
A s f yd = u l b f bd , (1.2)
π φ2
f yd = π φ l b f bd , (1.3)
4
5.1.5 Ancoragem por aderência
φ f yd
lb = ≥ 25φ, (1.4)
A ancoragem por aderência pode ser feita por meio de um comprimento reto ou com 4 f bd
grande raio de curvatura, de acordo com as seguintes condições:
onde u é o perímetro da seção da armadura, φ é o diâmetro da barra e lb é o
- nas barras lisas deve ser feita gancho, obrigatoriamente; comprimento de ancoragem básico.

- sem gancho nas barras comprimidas e naquelas em que houver alternância de tração 5.1.7 Comprimento de ancoragem necessário
e compressão;
O comprimento de ancoragem necessário é dado por:
- com ou sem gancho nos demais casos, não sendo recomendado o gancho para barras
de φ > 32 mm ou para feixes de barras. A s calc
l b,nec = α 1 l b ≥ l b,min , (1.5)
A s ef
À exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por aderência devem
ser confinadas por armaduras transversais ou pelo próprio concreto, considerando-se sendo:
este caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3φ e a distância
entre barras ancoradas for maior ou igual a 3φ (item 9.4.1.1 NBR 6118:2014). α1 = 1,0 para barras sem gancho;
α1 = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do
gancho ≥ 3φ;
0,3 l b
5.1.6 Comprimento de ancoragem básico 
l b,min ≥ 10 φ .
10 cm
Denomina-se comprimento de ancoragem de uma barra de armadura o comprimento 
necessário para transferir para o concreto, por aderência, o esforço de escoamento da
barra. 5.1.8 Condições relativas aos ganchos nas armaduras de tração

Assim, quando uma barra de armação da peça de concreto armado puder ser retirada de Os ganchos de extremidades das barras de tração podem ser:
trabalho a partir de uma determinada seção, basta assegurar para ela um comprimento
de ancoragem lb medido após a referida seção (Fig. 1.6). - semi-circulares (Fig. 1.7), com ponta reta não inferior a 2φ (obrigatório para barras
lisas);

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≥2φ - em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10φ, porém não
inferior a 7cm (não sendo permitidas barras e fios lisos);

r ≥10φ ou 7cm
φ 5φ ou 5cm
lb ≥10φ
FIGURA 1.7 – Gancho semi-circular. ou 7cm

- em ângulo de 45º (interno), com ponta reta não inferior a 4φ (Fig. 1.8);

≥4φ

r r
r
φ

lb estribo com estribo com gancho


gancho semi- reto
circular
FIGURA 1.8 – Gancho em ângulo de 45º. FIGURA 1.10 – Ganchos para os estribos.

- em ângulo reto (Fig. 1.9), com ponta reta não inferior a 8φ; O raio interno da curvatura deverá obedecer aos valores mínimos indicados na Tab. 1.2.

TABELA 1.2 – Raios mínimos (r) dos pinos de dobramento para estribos.
≥8φ
Bitola Tipo de aço
r mm CA-25 CA-50 CA-60
φ
≤ 10 1,5 φt 1,5 φt 1,5 φt
lb 10<φt< 20 2 φt 2,5 φt 3 φt
≥ 20 2,5 φt 4 φt -

FIGURA 1.9 – Gancho em ângulo reto.


5.1.9 Armadura transversal na ancoragem
O raio interno dos ganchos das armaduras de tração deve obedecer as condições
indicadas na Tab. 1.1. As disposições construtivas básicas das ancoragens retas para barras tracionadas e
comprimidas estão esquematizadas na Fig. 1.11. O equilíbrio dos esforços real é obtido
através de um efeito de arqueamento das tensões. A transmissão dos esforços é feita por
TABELA 1.1 – Raios mínimos (r) dos pinos de dobramento para as barras. meio de bielas diagonais comprimidas de concreto. Transversalmente a estas, surgem
tensões de tração que tendem a fissurar o concreto e, consequentemente, destruir a
Bitola Tipo de aço ligação existente entre os materiais.
mm CA-25 CA-50 CA-60
< 20 2φ 2,5 φ 3φ
≥ 20 2,5 φ 4φ -

Quando se trata de estribos, os ganchos poderão ser:

- semi-circulares, ou em ângulo de 45º (interno), com ponta reta de comprimento 5φ, barra tracionada barra comprimida
porém não inferior a 5cm (ver Fig. 1.10);
FIGURA 1.11 – Bielas comprimidas na ancoragem.

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Caso não exista armadura transversal suficiente para impedir esta fissuração, deve-se - emendas por traspasse: são as de execução mais corriqueira por serem as mais
dispor armadura ao longo do terço extremo da ancoragem, com capacidade para resistir simples de se realizar em obra;
a 25% do esforço ancorado por uma barra (para barras com φ < 32mm). Podem ser
consideradas como eficientes para este fim todas as barras que atravessem o plano de - emendas por solda: têm a vantagem de poderem ser executadas em pequenos
possível fissuração. comprimentos da barra, mas necessitam mão de obra especializada e controle
rigoroso de materiais e processo de execução;
Assim, para a ancoragem retilínea da viga indicada na Fig. 1.12 deve-se ter:
- emendas por luvas: são muito mais caras e só empregadas quando não se pode
R deixar ferros em espera.
A st ≥ st , (1.6)
4 f yd
Por sua simplicidade e por ser a mais empregada, será estudada em detalhes apenas a
emenda por traspasse.
contando-se, para tal, com todas as pernas verticais dos estribos no trecho da ancoragem
(normalmente os estribos existentes na viga necessários para o cisalhamento asseguram
esta condição, por isso esta verificação é pouco usada). 5.2.1 Emendas por solda

Ast As emendas por solda podem ser (item 9.5.4 NBR 6118:2014):

- de topo, por caldeamento, para bitola não menor que 10 mm;

- de topo, com eletrodo, para bitola não menor que 20 mm;


Rst
- por traspasse, com pelo menos dois cordões de solda longitudinais, cada um deles
com comprimento não inferior a 5φ, afastados no mínimo 5φ (ver Fig. 2.1);
lb/3
lb - com outras barras justapostas (cobrejuntas), com cordões de solda longitudinais,
fazendo-se coincidir o eixo baricêntrico do conjunto com o eixo longitudinal das
barras emendadas, devendo cada cordão ter comprimento de pelo menos 5φ (ver
FIGURA 1.12 – Armadura transversal na ancoragem. Fig. 2.1).

Segundo item 9.4.2.6.2 da NBR 6118:2014, quando se tratar de barras comprimidas, As soldas de topo podem ser por eletrofusão com pressão (caldeamento), ou por
pelo menos uma das barras constituintes da armadura transversal deve estar situada a deposição de eletrodo com chanfro em “X” nas extremidades, esta última apenas para
uma distância igual a quatro diâmetros (da barra ancorada) além da extremidade da φ>20mm.
barra.
As soldas por traspasse, ou por barras justapostas, empregam cordões de solda junto às
Para barras com φ ≥ 32mm, deve ser verificada a armadura em duas direções extremidades, com comprimento maior ou igual a 5φ. Em casos especiais, podem ser
transversais ao conjunto de barras ancoradas. Essas armaduras transversais devem empregadas emenda com cobrejuntas, conforme ilustrado na Fig. 2.2.
suportar os esforços de fendilhamento segundo os planos críticos, respeitando
espaçamento máximo de 5 φ (onde φ é o diâmetro da barra ancorada).

5.2 Emendas

Como as barras são fornecidas em comprimento de 12 m, quando o comprimento da


peça superar este valor é necessário realizar emendas nas barras. Existem três tipos de
emendas:

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solda de topo por caldeamento As luvas rosqueadas são utilizadas em casos em que não é possível a utilização de
prensa in-loco. São constituídas de luvas, cada uma com rosca interna em apenas uma
extremidade, e unidas por um pino de aço com rosca externa (ver Fig. 3.4). As
solda de topo com eletrodo extremidades sem rosca são prensadas nas barras. A montagem das barras é realizada
através do giro de uma barra contra a outra, com a luva prensada e o pino inserido.
solda por traspasse
φ

≥5φ ≥5φ ≥5φ

solda com barras justapostas FIGURA 2.4 – Luva rosqueada.


φ

5φ φ 5φ Existe ainda a emenda com rosca cônica (ver Fig. 3.5). Neste caso, tem-se a fabricação
antecipada da rosca. O equipamento de rosquear é semi-automático, de simples
FIGURA 2.1 - Emendas por solda. operação e pode ser facilmente instalado no canteiro da obra. A montagem da luva para
completar a emenda necessita apenas de uma chave de grifo.

FIGURA 2.2 – Emenda com cobrejunta (caso especial). FIGURA 2.5 – Emenda com rosca cônica.
As emendas por solda podem ser realizadas na totalidade das barras em uma seção
transversal do elemento estrutural. A resistência de cada barra emendada deve ser A eficiência de todos estes tipos de emenda, quanto à resistência e deformações, deve
considerada sem redução. Em caso de barra tracionada e havendo preponderância de ser comprovada por meio de ensaios em laboratórios idôneos. Segundo o item 9.5.3 da
carga acidental, a resistência deve ser reduzida em 20%. NBR 6118:2014, as luvas devem ter resistência maior que as barras emendadas.

O emprego deste tipo de solução é particularmente útil quando se utilizam formas


5.2.2 Emendas por luvas deslizantes e na união de elementos pré-moldados.
Este tipo de emenda é obtido empregando-se luvas metálicas, as quais são fixadas às 5.2.3 Emendas por traspasse
extremidades das barras por prensagem (ver Fig. 2.3), no caso de barras nervuradas, ou
por meio de rosca (ver Figs. 2.4 e 2.5). As emendas por traspasse servem para transferir o esforço de uma barra para outra
através da ancoragem de ambas no concreto. Tudo se passa como se uma das barras se
A luva prensada é executada com a utilização de uma prensa hidráulica, acionada por ancorasse no concreto e este, também por aderência, transferisse para a outra barra o
uma bomba elétrica. A prensa deforma a luva, comprimindo-a sobre a barra. Este esforço que recebeu.
procedimento é simples e normalmente executado em 2 estágios: inicialmente é
prensada metade da luva na extremidade de uma barra solta, e, em seguida, encaixada a As emendas por traspasse de barras tracionadas são feitas pela justaposição de duas
outra metade numa barra já concretada, concluindo-se então a prensagem da luva in- barras ao longo do “comprimento de transmissão” l0t (ver Fig. 2.6). No caso de barras
loco. de alta aderência, a emenda pode ser reta, sendo facultativo o uso de ganchos. No caso
de barras lisas (CA-25) é obrigatório o emprego de ganchos nas extremidades.

As barras a serem emendadas podem ser colocadas bem próximas um das outras. No
caso de barras de alta resistência (com nervuras), as barras podem ser postas em contato
FIGURA 2.3 – Luva prensada. direto ou afastada de uma distância inferior a 4φ.

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b) Coeficiente α0t
≤ 4φ O coeficiente α0t é função da proporção de barras emendadas na mesma seção e é dado
l0t pela tabela 2.2 (item 9.5.2.2 NBR 6118:2014):

barras de alta aderência TABELA 2.2 – Valores do coeficiente α0t.

FIGURA 2.6 – Comprimento da emenda por traspasse (para barras de alta aderência) Barras emendadas na mesma seção
≤ 20 25 33 50 > 50
%
Valores de α0t 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
O comprimento de transmissão l0t é calculado como o comprimento de ancoragem
necessário, o que de fato seria verdadeiro desde que não existisse uma grande
quantidade de barras sendo emendadas próximas uma das outras, o que perturbaria a
condições de aderência. Por isso, para cálculo de l0t multiplica-se o comprimento lb,nec c) Comprimento por traspasse de barras comprimidas
pelo coeficiente α0t, o qual leva em conta a densidade de barras emendadas na mesma
seção. Quando se tratar de barras comprimidas, o comprimento de traspasse é dado por:

Então, para barras tracionadas, tem-se: l 0c = l b,nec ≥ l 0c,min , (2.2)

l 0t = α 0t l b,nec ≥ l 0t,min , (2.1) sendo l0c,min o maior valor entre 0,6lb, 15φ e 20 cm.

sendo l0t,min o maior valor entre 0,3 α0t lb, 15φ e 20 cm. d) Disposições complementares

- As emendas por traspasse não podem ser utilizadas para bitolas de armação
a) Percentual máximo de barras emendadas na mesma seção superiores a 32 mm e são explicitamente proibidas para tirantes e pendurais.

A proporção máxima de barras tracionadas emendadas por traspasse na mesma seção é - Consideram-se como na mesma seção transversal as emendas que se superpõem ou
dada pela tabela 2.1 (item 9.5 NBR 6118:2014). cujas extremidades mais próximas estejam afastadas de menos que 20% do
comprimento do trecho de traspasse. Quando as barras têm diâmetros diferentes, o
TABELA 2.1 – Proporção máxima de barras tracionadas emendadas. comprimento de traspasse deve ser calculado pela barra de maior diâmetro (ver Fig.
2.7).
Tipo de carregamento
Tipo de barra Situação lot1
Estático Dinâmico

em uma camada 100 % 100 %


Alta aderência bw
em mais de uma
50 % 50 % >0,2lot1
camada
φ < 16 mm 50 % 25 % lot2
Lisa
φ ≥ 16 mm 25 % 25 % FIGURA 2.7 – Distância mínima (0,2 l0t) para que as emendas não estejam na mesma
seção.

e) Armadura transversal para evitar fissuração


• Quando se tratar de barras permanentemente comprimidas ou armadura de
distribuição, todas as barras podem ser emendadas na mesma seção.
A fissuração excessiva no caso de traspasse é muito mais perigosa do que no caso de
ancoragem simples. Caso não exista suficiente armadura transversal para evitar esta
fissuração, deve-se dispor armadura transversal segundo os critérios do item 9.5.2.4 da
NBR 6118:2014:
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e.1) Emendas de barras tracionadas
- para φ<16mm e proporção de barras na mesma seção menor que 25%, a armadura Se o ponto A estiver na face do apoio, ou além dela, e a força Rst diminuir em direção
transversal deve ser capaz de resistir 25% do esforço de uma das barras ancoradas; ao centro de apoio, o trecho de ancoragem deve ser medido a partir dessa face (Fig. 3.9).

- para φ≥16mm ou quando a proporção de barras emendadas na mesma seção for Para as barras alojadas nas mesas ou lajes (item 18.3.2.3.2), e que façam parte da
maior ou igual a 25%, a armadura transversal deve: ser capaz de resistir a um força armadura da viga, o ponto de interrupção da barra é obtido pelo mesmo processo
igual a de uma barra emendada; ser constituída por barras fechadas se a distância anterior, considerando ainda um comprimento adicional igual à distância da barra à face
entre duas barras emendadas na mesma seção for menor que 10φ; concentrar-se nos mais próxima da alma.
terços extremos da emenda.

e.2) Emendas em barras comprimidas


- mantém os mesmos critérios anteriores, com pelo menos uma barra de armadura
transversal posicionada 4φ além da extremidade da emenda (ver Fig.2.8).
∑Ast/2 ∑Ast/2

≤15cm

lot/3 lot/3 ∑Ast/2 ∑Ast/2


lot
≤15cm
barras tracionadas

4φ loc/3 loc/3 4φ
loc

barras comprimidas
FIGURA 3.1 - Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo diagrama
FIGURA 2.8 – Disposição das armaduras transversais. resistente.

5.3.2 Armadura de tração nas seções de apoio


5.3 Disposições gerais sobre o projeto de vigas
Os esforços de tração junto aos apoios de vigas simples ou contínuas devem ser
5.3.1 Ancoragem das armaduras de tração na flexão simples resistidos por armaduras longitudinais que satisfaçam as seguintes condições (item
18.3.2.4):
Segundo item 18.3.2.3.1 da NBR 6118:2014, o trecho da extremidade da barra de
tração, considerado como de ancoragem, tem início na seção teórica onde sua tensão σs a) no caso de ocorrência de momentos positivos, as armaduras obtidas através do
começa a diminuir (o esforço da armadura começa a ser transferido para o concreto). A dimensionamento da seção;
barra deve prolongar-se pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão σs nula, não
podendo, em nenhum caso, ser inferior ao comprimento de ancoragem necessário b) em apoios extremos, para garantir ancoragem da diagonal de compressão, armaduras
(lb,nec). capazes de resistir a uma força de tração Rst = (al /d) ⋅ Vd + Nd , onde Vd é a força
cortante no apoio e Nd é a força de tração eventualmente existente;
Assim, na armadura longitudinal de tração dos elementos estruturais solicitados por
flexão simples, o trecho de ancoragem da barra deve ter início no ponto A (Fig. 3.1) do c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da armadura
diagrama de forças RSd = MSd / z decalado do comprimento al. de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo momento positivo do tramo (Mvão)
de modo que:
Se a barra não for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além de B, no
mínimo 10φ. Se a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o ponto - As,apoio ≥ 1/3 (As,vão) se Mapoio for nulo ou negativo e de valor
B (ver Fig. 3.1). absolutoMapoio≤ 0,5 Mvão ;
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- As,apoio ≥ 1/4 (As,vão) se Mapoio for negativo e de valor absoluto Mapoio>0,5Mvão.

d) em qualquer trecho da viga, devem-se ter, no mínimo, duas barras longitudinais nas ≥8φ
faces superior e inferior. r

5.3.3 Ancoragem da armadura de tração no apoio c r+5,5φ


≥6cm r=2,5φ para φ<20mm
Segundo recomendações da NBR 6118:2014 (item 18.3.2.4.1), quando se tratar do caso
(a) do item anterior, as ancoragens devem obedecer aos critérios usuais de r=4φ para φ≥20mm
detalhamento. t

Para os casos (b) e (c), em apoios extremos, as barras das armaduras devem ser
ancoradas, a partir da face do apoio, com comprimentos iguais ou superiores ao maior ≥7cm
dos seguintes valores (ver Fig. 3.2):
- lb,nec; bw
- (r + 5,5φ); ≥7cm
- 60 mm;
t

onde r é o raio de curvatura interno do gancho (r=2,5φ para φ<20mm e r=4φ para
φ≥20mm) e φ é o diâmetro da barra. FIGURA 3.3 – Ancoragem simplificada nos apoios extremos.

Para os casos (b) e (c), em apoios intermediários, o comprimento de ancoragem pode ser
igual a 10φ (ver Fig. 3.4), desde que não haja qualquer possibilidade da ocorrência de
momentos positivos nessa região, provocados por situações imprevistas,
particularmente, por efeitos de vento e eventuais recalques. Quando essa possibilidade
existir, as barras devem ser contínuas ou emendadas sobre o apoio.

≥10φ ≥10φ

FIGURA 3.2 – Ancoragem nos apoios extremos.

t
Quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao FIGURA 3.4 – Ancoragem nos apoios intermediários.
plano do gancho, de pelo menos 70 mm e as ações acidentais não ocorrerem com grande
freqüência com seu valor máximo, o primeiro dos três valores anteriores pode ser
desconsiderado, prevalecendo as duas condições restantes (Fig. 3.3). 5.3.4 Furos que atravessam as vigas em direção da altura

Conforme item 21.3.2 da NBR 6118:2014, as aberturas em vigas, contidas no seu plano
principal, como furos para passagem de tubulação vertical nas edificações (ver Fig. 3.5),
não devem ser superiores a 1/3 da largura dessas vigas nas regiões desses furos. Deve
ser verificada a redução da capacidade portante ao cisalhamento e à flexão na região da
abertura.

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A distância mínima de um furo à face mais próxima da viga deve ser no mínimo igual a 5.3.6 Mudanças de direção das armaduras
5 cm e duas vezes o cobrimento previsto nessa face. A seção remanescente nessa região,
tendo sido descontada a área ocupada pelo furo, deve ser capaz de resistir aos esforços Quando houver tendência à retificação de barra tracionada em regiões em que a
previstos no cálculo, além de permitir uma boa concretagem. resistência a esses deslocamentos seja proporcionada por cobrimento insuficiente de
concreto, a permanência da barra em sua posição deve ser garantida por meio de
No caso de ser necessário um conjunto de furos, os furos devem ser alinhados e a estribos ou grampos convenientemente distribuídos (item 18.2.3 NBR 6118:2014).
distância entre suas faces deve ser de no mínimo 5 cm ou o diâmetro do furo e cada Deve ser dada preferência à substituição da barra por outras duas prolongadas além do
intervalo deve conter pelo menos um estribo. seu cruzamento e ancoradas adequadamente (ver Fig. 3.6).

No caso de elementos estruturais submetidos à torção, esses limites devem ser ajustados
de forma a permitir um funcionamento adequado.

Figura 3.6 - Mudança de direção das armaduras.

FIGURA 3.5 - Abertura vertical em vigas.

5.3.5 Furos que atravessam vigas na direção de sua largura

Para furos que atravessam vigas na direção de sua largura, em qualquer caso, a distância
mínima de um furo à face mais próxima da viga deve ser no mínimo igual a 5 cm e duas
vezes o cobrimento previsto para essa face (item 13.2.5.1 NBR 6118:2014).

A seção remanescente nessa região, tendo sido descontada a área ocupada pelo furo,
deve ser capaz de resistir aos esforços previstos no cálculo, além de permitir uma boa
concretagem.

Devem ser respeitadas, simultaneamente, para dispensa da verificação, as seguintes


condições:

a) abertura em zona de tração e a uma distância da face do apoio de no mínimo 2h, onde
h é a altura da viga;

b) dimensão da abertura de no máximo 12 cm e h/3;

c) distância entre faces de aberturas, num mesmo tramo, de no mínimo 2h;

d) cobrimentos suficientes.
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5.4 Exemplo de projeto de viga kvig é grau de engastamento da viga no pilar, ri é a rigidez do elemento i no nó
considerado e Meng é o momento de engastamento perfeito.
O exercício que será apresentado refere-se ao projeto de uma viga considerando-se
apenas o Estado Limite Último (ELU), ou seja, não serão realizadas as verificações de pórtico
serviço necessárias para o projeto completo da viga (estado limite de deformação
excessiva, estado limite de abertura de fissura e o estado limite de vibração excessiva).

Lsup /2 Lsup
5.4.1 Dados do exercício p
análise isolada Linf
Dimensionar a viga V1 indicada na Fig. 1. Considere que a obra será construída em da viga
ambiente urbano (classe de agressividade ambiental II - CAA II), sendo esta uma viga
Linf /2
de fachada (não se trata de ambiente interno seco) com controle rigoroso dos
espaçamentos (∆c = 0,5cm). Assim, os dados que serão usados são: concreto C25 (fck =
25 MPa), brita 1 e c = 2,5cm. A altura dos pavimentos é de 2,8m (centro a centro das
Lvig
lajes). fundações

Dados do carregamento na viga V1:


- peso próprio: 2,25 kN/m* (g);
Figura 2 – Modelo de cálculo simplificado para determinação dos esforços na viga.
- parede: 4,29 kN/m** (g);
- reação da laje L1: 15,0 kN/m (g+q);
Este momento de solidariedade pode ser aplicado como um momento externo na viga
- total: 21,54 kN/m.
(Fig 3), o que permite calcular a viga de forma isolada, sem ser preciso processar o
pórtico.
* peso específico do concreto: 25kN/m3.
** parede de tijolos furados (13kN/m3) com 15cm de espessura e 220cm de altura (280- p
60=220, supondo viga de mesma altura no andar de cima). Mext Mext

L
L1
(h=10cm)
Figura 3 – Modelo de cálculo aproximado para consideração de momento de
V1 (15×60) solidariedade sem a análise do pórtico.

P1 (20×40) P2 (20×40) Como a viga não é contínua, deve-se usar o coeficiente de rigidez igual ao do pilar
600cm (3EI/l), conforme ilustra a Fig. 4 (os pilares e a viga têm extremidades opostas
rotuladas). Quando for o caso de viga contínua, usa-se (4EI/l).
Figura 1 – Dados do exercício (planta de forma sem escala).

5.4.2 Modelo estrutural empregado 3EI


r=
L
Para simular o efeito de pórtico da estrutura (Fig. 2), a norma NBR 6118:2014 permite
calcular o momento de solidariedade entre a viga e os pilares através da expressão: 4EI
r=
L
rinf + rsup L
M ext = k vig M eng = M eng . (1)
rvig + rinf + rsup
Figura 4 – Cálculo do coeficiente de rigidez em elementos com extremidades opostas
rotuladas (situação dos pilares e viga de um tramo) e engastadas (situação das vigas de
vigas contínuas).
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Como o modelo (Fig. 2) considera metade do vão dos pilares (l/2), a rigidez dos pilares
21,54 kN/m
fica sendo (6EI/l). Sendo o pilar de seção constante e mesmo comprimento nos tramos
57,57 kN.m 57,57 kN.m
superior e inferior: rinf = rsup = rpilar. Tem-se então:

6,40m
15 . 60 3
3E
3EI 12 = 1265,625 E ; (2) 68,93
rvig = =
L vig 640
DEC (kN)
20 . 40 3
6E
6EI 12 = 2285,71 E . (3)
rpilar = = 68,93
L pilar 280
57,57 57,57
2 rpilar
k vig = = 0,783 . (4) - - DMF (kN.m)
rvig + 2 rpilar
+
• Observação: utilizou-se a distância de centro a centro de pilar como vão efetivo da 52,71
viga (600+20+20=640cm). Entretanto, seguindo as prescrições de norma, não é
preciso considerar distâncias maiores que 0,3h=18cm em cada apoio. Assim, o vão Figura 5 – Diagramas de esforços obtidos utilizando-se a fórmula simplificada para o
efetivo seria 636cm (600+18+18). Usou-se a distância de centro a centro por ser momento de solidariedade.
mais simples para determinação dos comprimentos das barras e por ser um
procedimento bastante usado na prática.
Conforme a NBR 6118:2014, para utilização do modelo clássico de viga contínua,
O momento de engastamento perfeito, para vigas com apenas carga distribuída, vale: simplesmente apoiada nos pilares, deve-se também verificar as seguintes correções
adicionais:
p L2
M eng = = 73,52 kN.m , (5)
12 a) não devem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam
se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos.
logo:
Para uma situação de engastamento perfeito nas duas extremidades, o momento
M ext = k vig M eng = 0,783 × 73,52 = 57,57 kN.m . (6) positivo máximo seria:

Calculados os momentos de solidariedade, aplicam-se os valores como momentos p L2


max =
M pos = 36,76 kN.m < 52,71kN.m Ok. , (7)
externos na viga (Fig. 3) e obtém-se os diagramas de esforços indicados na Fig. 5. 24

b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio,


medida na direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar,
não pode ser considerado momento negativo de valor absoluto menor do que o de
engastamento perfeito nesse apoio.

Como neste exercício não existem pilares intermediários, não cabe esta verificação.

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5.4.3 Dimensionamento da armadura longitudinal 0,68 f cd b w x
As = = 3,67cm2.
f yd
a) Armadura positiva
As min = ρmin b h = 1,35cm2.
Md = γf M = 1,4×52,71 = 73,794 kN.m. Então, pode-se usar 3φ12,5mm (As efet = 3,75cm2) ou 2φ16mm (As efet = 4,0cm2).
bh 2
Md,mín = 0,8Wo fctk,sup = 0,8 fctk,sup = 2401 kN.cm = 24,01 kN.m < Md. Neste caso, para permitir maior espaçamento para a colocação do vibrador (já que é
6 uma armadura negativa), é preferível usar 2φ16mm .
fctk,sup = 1,3 fctm = 1,3×0,3 f ck2/3 = 3,33 MPa = 0,333 kN/cm2.

d” = 6 cm (arbitrado).
d = h – d” = 60 – 6 = 54cm

 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 −  = 7,97cm.
 0,425 f cd b w d 2 
xlim = 0,45 d = 24,3cm.
Como x ≤ xlim → armadura simples:
2 cm
0,68 f cd b w x  = 1,25cm
As = = 3,34cm2. φ
f yd e h = 5,80cm ≥  → Ok.
1,2 d max = 2,28cm
As min = ρmin b h = 1,35cm2. φ vib + 1 = 4cm
2/3
f
ρ min = 0,0667 ck ≥ 0,15% → ρmin = 0,15%.
f yd α” = ∑yi/n = φ/2 = 0,8cm < 10%h → Ok.
Então, pode-se usar 3φ12,5mm (As efet = 3,75cm2). d”ef = c + φt + α” = 2,5 + 0,5 + 0,8 = 3,8cm < d”adotado → Ok.

2 cm c) armadura de pele

e h = 2,625cm ≥ φ = 1,25cm → Ok.
1,2 d As,pele = 0,10% bwh / face
 max = 2, 28cm As,pele = 0,9cm2 / face → 3φ6,3mm / face
α” = φ/2 = 0,625cm < 10%h → Ok. Espaçamento entre as barras (e):
d”ef = c + φt + α” = 2,5 + 0,5 + 1,25/2 = 3,625cm < d”adotado → Ok. 20cm
e ≈ 13,12cm ≤  → Ok
d/3 = 18cm
b) Armadura negativa

Md = γf M = 1,4×57,57 = 80,60 kN.m.


Md,mín = 24,01 kN.m < Md. • Obs. A viga V1 poderia também ser considerada como viga T, contado-se com a laje
como mesa de compressão. Entretanto, isto só poderia ser realizado para o momento
d” = 6cm (arbitrado). positivo, que neste caso é o menor momento na viga. Além disso, para a
d = h – d” = 60 – 6 = 54cm consideração de viga T deve-se ter armadura negativa na laje L1, ao longo da viga
V1 (armadura de costura com área maior ou igual a 1,5cm2/m).
 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 −  = 8,76cm.
 0,425 f cd b w d 2 
xlim = 0,45 d = 24,3cm.
Como x ≤ xlim → armadura simples:

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5.4.4 Deslocamento do diagrama de momentos 5.4.6 Comprimentos de ancoragem

Considerando o Modelo II, o deslocamento do diagrama de momentos fletores é dado O comprimento de ancoragem necessário é dado por:
por: A s calc
l b,nec = α1 l b ≥ l b,min , (10)
A s ef
a l = 0,5d (cotgθ − cotg α) , (8)
sendo:
sendo:
α1 = 1,0 para barras sem gancho;
al ≥ 0,5d, no caso geral; α1 = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do
al ≥ 0,2d, para estribos inclinados a 45°. gancho ≥ 3φ;
0,3 l b
Usando θ=45º (inclinação das bielas comprimidas) e α=90º (inclinação dos estribos), 
tem-se: l b,min ≥ 10 φ .
10 cm
al = 0,5d = 0,5×54 = 27,0cm. 

O comprimento de ancoragem básico é dado por:


5.4.5 Número de barras positivas até os apoios φ f yd
lb = ≥ 25φ, (11)
Os esforços de tração junto aos apoios de vigas devem ser resistidos por armaduras 4 f bd
longitudinais que satisfaçam as seguintes condições: sendo
fbd = η1 η2 η3 fctd , (12)
a) no caso de ocorrência de momentos positivos, as armaduras obtidas através do
dimensionamento da seção (não é o caso); fctd = fctk,inf / γc = 0,15.fck2/3;
η1 = 2,25 para barras nervuradas (CA-50);
b) em apoios extremos, para garantir ancoragem da diagonal de compressão, armaduras η2 = 1,0 para situações de boa aderência;
capazes de resistir a uma força de tração Rst = (al /d) ⋅ Vd + Nd , onde Vd é a força η2 = 0,7 para situações de má aderência;
cortante no apoio e Nd é a força de tração eventualmente existente; η3 = 1,0 para φ < 32 mm;

Então, como Nd = 0: - para armadura positiva (região de boa aderência): lb = 38φ = 38×1,25 = 48cm.
a V
A s,apoio = l d . (9)
d f yd - para armadura negativa (região de má aderência): lb = 54φ = 54×1,6 = 87cm.

As,apoio = 0,5×1,4×68,93/43,5 = 1,11cm2.


5.4.7 Ancoragens no apoio
c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da armadura
de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo momento positivo do tramo Para apoios extremos, as barras das armaduras devem ser ancoradas, a partir da face do
(Mvão) de modo que: apoio, com comprimentos iguais ou superiores ao maior dos seguintes valores:
- As,apoio ≥ 1/3 (As,vão) se Mapoio for nulo ou negativo e de valor - lb,nec;
absolutoMapoio≤ 0,5 Mvão ; - (R + 5,5φ);
- As,apoio ≥ 1/4 (As,vão) se Mapoio for negativo e de valor absoluto Mapoio>0,5Mvão. - 60 mm;
onde R é o raio de curvatura interno do gancho (R=2,5φ para φ<20mm e R=4φ para
Neste exemplo tem-se: Mapoio>0,5Mvão (57,57 kN.m > 0,5×52,71 kN.m), então: φ≥20mm) e φ é o diâmetro da barra.
As,apoio ≥ 1/4 (As,vão) = 1/4 (3,34cm2) = 0,835cm2.
Quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao
Então, As,apoio = 1,11cm2 → 2φ12,5mm (As,ef = 2,5cm2). plano do gancho, de pelo menos 70 mm e as ações acidentais não ocorrerem com grande
freqüência com seu valor máximo, o primeiro dos três valores anteriores pode ser
d) em qualquer trecho da viga, deve-se ter, no mínimo, duas barras longitudinais nas desconsiderado, prevalecendo as duas condições restantes (Fig. 6).
faces superior e inferior.

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Então pode-se usar ancoragem reta com 22cm (Fig. 8).

≥8φ
r

c r+5,5φ
≥6cm r=2,5φ para φ<20mm 22
r=4φ para φ≥20mm

Figura 8 – Detalhe da ancoragem da armadura positiva.


≥7cm
b) armadura negativa
bw

≥7cm Para a armadura a armadura negativa, tem-se:


t
l b,nec = 0,7 × 54φ = 61cm (com gancho) *

l = 54φ = 87cm (sem gancho) *
m ≥  b,nec
Figura 6 – Detalhe da ancoragem no apoio quando os gancho estão confinados (c>7cm).  R + 5,5 φ = 8φ = 10cm (com gancho)
6cm (com gancho)

* Pode-se desprezar estas condições se for satisfeita a exigência indicada na Fig. 6.
Nos dois apoios do problema existe um comprimento máximo dentro do apoio (m) igual
a 37,5cm (40-2,5), conforme Fig. 7.
Como os gancho estarão em situação de confinamento, é necessário garantir apenas um
comprimento reto da ancoragem de 10cm, mais o comprimento do gancho. Entretanto, é
comum utilizar todo o comprimento disponível no apoio, conforme a Fig. 9.

c m

a
38

Figura 7 – Detalhe da ancoragem no apoio.


Figura 9 – Detalhe da ancoragem da armadura negativa.
a) armadura positiva

Para a armadura a armadura positiva, tem-se:


Quando se utiliza gancho em ângulo reto, deve-se respeitar um comprimento mínimo,
 1,11 no trecho reto, de 8φ (ver Fig. 6).
l b,nec = 0,7 × 38φ 2,5 = 15cm (com gancho) *

 1,11 Para os valores do exercício, tem-se o detalhamento indicado na Fig. 10, que
m ≥ l b,nec = 38φ = 22cm (sem gancho) * corresponde a um acréscimo de 51,5cm no comprimento da barra (contando da face do
 2,5
apoio). Considerando o centro do pilar, tem-se um acréscimo de 31,5cm.
R + 5,5 φ = 8φ = 10cm (com gancho)

6cm (com gancho)

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Na notação empregada, M +2 φ representa o momento positivo que será “absorvido” por
32
duas barras. Observe que o momento negativo foi dividido em 2 partes iguais (Fig. 11),
pois são empregadas 2 barras (2φ16mm), enquanto que o momento positivo foi dividido
r = 4cm em três trechos, pois usa-se 3φ12,5mm.
19
13
Com estas distâncias calculadas, pode-se facilmente determinar os comprimentos dos
2,5 37,5 trechos “dentro” do diagrama, indicados na Fig 11. Observe que estas distâncias
Comprimento total dentro do determinadas são os pontos onde tem-se as divisões das parcelas das barras.
apoio = 32+6,5+13=51,5cm
M=-57,57 kN.m M=-57,57 kN.m
40cm (2φ16mm) (2φ16mm)

Figura 10 – Detalhe do gancho da armadura negativa. 45 45

99 640-2×99=442 99
DMF
5.4.8 Determinação dos comprimentos das barras
640-2×139=362
Para determinar o comprimento dos trechos no diagrama de momentos fletores,
montam-se as equações de momentos ao longo do comprimento da viga. Neste caso, 640-2×192=256
tem-se apenas uma equação que descreve o momento ao longo do vão, dada por:
0
p x2 M=52,71 kN.m
M(x) = M ext +Rx− , (13) (3φ12,5mm)
2

onde Mext deve ser considerado com sinal negativo. Na Eq. 12, R é a reação vertical, p a Figura 11 – Distâncias dentro do diagrama de momentos fletores e distribuição em
carga distribuída e x a distância horizontal. Isolando-se a distância x, tem-se: faixas eqüidistantes proporcionais à quantidade de barras (medidas em cm).

R − R 2 − 2 p (M(x) - M ext ) Para calcular os comprimentos das barras, deve-se deslocar o diagrama de momentos
x= . (14)
p fletores, no sentido mais desfavorável, no valor de al = 27cm (Fig. 12).

Nesta equação (Eq. 13), deve-se ter atenção para a consideração dos sinais dos A numeração das barras está indicada na Fig. 13. Observe que as duas barras negativas
momentos (Mext deve ser negativo e o sinal de M(x) depende do trecho). e duas barras positivas apresentam a mesma numeração. Isto ocorre porque as duas
barras negativas devem ter comprimento iguais (sempre se usam no mínimo duas
Por meio da Eq. 13 obtém-se as distâncias correspondentes aos valores de momentos barras) e duas barras positivas devem percorrer toda a extensão da viga (de apoio a
fletores que representam as parcelas de cada barra (ver Fig. 11): apoio). Então não é necessário calcular o comprimento das barras N2 (positivas), pois já
se sabe que este vale 644cm (600+22+22).
M(x) = M −2φ = −57,57 kN.m → x −2 φ = 0,0m
1
M(x) = M 1−φ = −57,57 × = −28,785 kN.m → x 1−φ = 0,45m
2
M(x) = 0 → x = 0,99m
1
M(x) = M 1+φ = 52,71 × = 17,57 kN.m → x 1+φ = 1,39m
3
2
M(x) = M 2 φ = 52,71 × = 35,14 kN.m → x +2 φ = 1,92m
+

3
M(x) = M 3+φ = 52,71 kN.m → x 3+φ = 3,2m → no meio da viga.

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M=-57,57 kN.m M=-57,57 kN.m
27 27
(2φ16mm) (2φ16mm)

45+27=72 72

99+27=126 442+2×27=496 126

362+2×27=416 10φ=12,5cm B 310 B 10φ=12,5cm


diagrama
deslocado
256+2×27=310 54
lb=48cm lb=48cm
A A
54
M=52,71 kN.m Figura 14 – Indicação das medidas para cálculo do comprimento da barra N3.
(3φ12,5mm)

Figura 12 – Diagrama de momentos fletores deslocado (medidas em cm). Tabela 1 – Comprimento da barra positiva.

Comprimento medido pelo ponto


Comprimento final
Barra A B
adotado (cm)
N1 N1 ci + 2lb ci-1 + 2×(10φ)
N3 54+2×48 = 150 310+2×12,5 = 335 335
N1 N1

N2
72 A
N2 lb=87cm

N3 126 10φ=12,5cm
B
Figura 13 – Numeração das barras.

Para obter os comprimento das barras, deve-se locar, em cada faixa, os pontos A e B. A
partir do ponto A deve-se garantir o comprimento de ancoragem. A partir do ponto B
deve-se garantir o comprimento de 10φ. Figura 15 – Indicação das medidas para cálculo do comprimento da barra N1.

As indicações para o cálculo dos comprimentos de cada uma das barras são mostradas
nas Figs. 14 e 15. As Tabelas 1 e 2 mostram com são feitas as duas verificações Tabela 2 – Comprimento das barras negativas.
necessárias.
Comprimento medido pelo ponto
Comprimento final
Barra A B
adotado (cm)*
c i + lb ci+1 + 10φ
N1 72 + 87 = 159 126 + 12,5 = 138,5 159
* sem contar o gancho de 31,5cm (51,5-20=31,5cm), conforme Fig. 10.

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5.4.9 Dimensionamento da armadura transversal 0,6 d = 33cm
s max ≤  → Ok.
30 cm
Será empregado o modelo II da NBR 6118:2014 com θ=45°. 2
Asw,min,ef = 1,60cm /m.
c) verificação da compressão diagonal do concreto
e) Esforço cortante correspondente à armadura mínima (Vmin)
Deve ser satisfeita a condição:
Partindo-se da fórmula do dimensionamento:
Vd,max ≤ VRd2, (15)
sendo: (VS d − Vc ) s w
A sw =
VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen2 θ (cotg α + cotg θ) , (16) 0,9 d f ywd cotg θ
 f 
e αv = 1 − ck  com fck em MPa. Para o caso de armadura mínima tem-se:
 250 
(1,4Vmin − Vc ) s w
Para estribos verticais (α = 90º): A sw, min =
VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen θ cos θ . (17) 0,9 d f ywd cotg θ
Isolando Vmin:
Para θ = 45º (e α = 90º) 1  A sw, min 
VRd2 = 0,27 αv fcd bw d = 351,48 kN. (18) Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ + Vc 
1,4  s w 
O esforço cortante de cálculo vale:
Como o esforço cortante 1,4Vmin está sempre no trecho de interpolação de Vc, tem-se:
Vd,max = 1,4×68,93 =96,50 kN. (19)
(V − VSd ) (VRd2 − 1,4 Vmin )
Vc = Vco Rd2 =V
Como Vd,max < VRd2, não há esmagamento do concreto. (VRd2 − Vco ) co (VRd2 − Vco )
Substituindo-se Vc na fórmula anterior:
d) armadura mínima
1  A sw, min (V − 1,4 Vmin )
A sw, min = ρ sw b w s w sen α , Vmin =
 0,9 d f ywd cotg θ + Vco Rd2
(20) 1,4  s w (VRd2 − Vco ) 
f ctm Novamente isolando Vmin:
ρ sw = 0,2 , (21)
f ywk
 Vco  1  A sw, min Vco VRd2 
Vmin 1 + =  0,9 d f ywd cotg θ +
onde:
 (VRd2 − Vco )  1,4  s w (VRd2 − Vco )
Asw,min é a área mínima de estribos (cm2/m);
sw = 100cm;
α é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural; 1 1  A sw, min Vco VRd2 
Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ +
bw é a largura média da alma;  Vco  1,4  s w (VRd2 − Vco )
fctm = 0,3 fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto); 1 + 
 (VRd2 − Vco )
fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço).

Substituindo valores: (VRd2 − Vco )  A sw,min Vco VRd2 


Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ + 
f 1,4 VRd2
 ws (VRd2 − Vco ) 
ρ sw = 0,2 ctm = 0,103%
f ywk Fórmula para qualquer valor de α:
Asw,min = 1,55cm2/m. (V − Vco )  A sw,min Vco VRd2 
Vmin = Rd2  0,9 d f ywd (cotg α + cotg θ) sen α +
s=
100 n a s 100 × 2 × 0,2
= = 25,80cm → φ5mm c/25cm (estribo de dois ramos).
1,4 VRd2  s w (VRd2 − Vco ) 
A sw 1,55

Supondo Vd < 0,67 VRd2 para o trecho de armadura mínima:

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Substituindo valores: 5.4.10 Detalhamento

VRd2 = 351,48 kN. V1 (15×60)


fctd = 0,15 fck2/3 = 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
Vco = 0,6 fctd bw d = 0,6×0,128×15×54 = 62,32 kN.
2 N6 φ16,0 C=191 2 N6 φ16,0 C=191
159 2 N5 φ6,3 C=377
Vmin =
(351,48 − 62,32) 1,60 × 0,9 × 54 × 43,5 × 1,0 + 62,32 × 351,48  19 159
19
1,4 × 351,48  100 (351,48 − 62,32) A

2×3 N1 φ6,3
Vmin = 64,39 kN.
P1 A
P2
f) Redução do esforço cortante nos apoios diretos 40 600cm 40

Como os apoios da viga são apoios diretos (pilares), pode-se reduzir o valor do esforço 25 N2 φ5,0 c/25
cortante de cálculo por meio da fórmula:
132,5cm
1 N3 φ12,5 C=335
Vred = V - ∆Vdist , 18
(22)
2 N4 φ12,5 C=604
onde:
∆Vdist = p
(t + d ) ,
(23)
2
SEÇÃO AA
sendo “t” a largura do apoio direto, “p” a carga distribuída e “d” a altura útil da viga.

Substituindo valores:
∆Vdist = 21,54
(0,40 + 0,54) = 10,12 kN 60cm 55
2
Vred = 68,93 – 10,12 = 58,81 kN.
10
15cm
Como Vred é menor que Vmin, pode-se empregar armadura mínima em toda a extensão 25 N2 φ 5,0 C=144
da viga (φ5mm c/25cm - estribo de dois ramos).

5.4.11 Resumo de aço

RELAÇÃO DE AÇO

DIAM UNIT C. TOTAL


ELEMENTO AÇO N Q
(mm) (cm) (cm)
V1 CA-50 1 6,3 6 675 4050
CA-60 2 5,0 25 144 3600
CA-50 3 12,5 1 335 335
CA-50 4 12,5 2 604 1208
CA-50 5 6,3 2 377 754
CA-50 6 16,0 4 191 764

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RESUMO DO AÇO Referências bibliográficas
MASSA ARAÚJO, J. M., Curso de Concreto Armado. Rio Grande: Editora Dunas, vol. 1, 2003.
C. TOTAL PESO + 10%
AÇO DIAM LINEAR
(m) (kg)
(kg/m) ARAÚJO, J. M., Curso de Concreto Armado. Rio Grande: Editora Dunas, vol. 2, 2003.
CA-60 5,0 36,00 0,16 6,33
CA-50 6,3 48,04 0,25 13,21 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 6118 (NB1) – Projeto
CA-50 12,5 15,43 1,00 16,97 de estruturas de concreto. Rio de Janeiro, 2014.
CA-50 16,0 7,64 1,60 13,45
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 14931 – Execução de
PESO TOTAL (kg) estruturas de concreto. Rio de Janeiro, 2003.
CA-50 43,63
BANDEIRA, A. A., Notas de aula: Estruturas de Concreto Armado II. Escola de
CA-60 6,33
Engenharia da Universidade Mackenzie – Departamento de Engenharia Civil, São
Paulo, 2002.
Volume total de concreto = 0,54 m3
Concreto C20 (fck = 25 MPa) CAMPOS FILHO, A., Notas de aula: Estruturas de Concreto Armado II. UFRGS –
Classe de Agressividade Ambiental II (CCA II) Departamento de Engenharia Civil, Porto Alegre, 2002.
Exige-se controle rigoroso das medidas durante a execução (∆c=0,5cm).
Cobrimento nominal = 2,5cm CARVALHO, C. R. e FIGUEIREDO FILHO, J. R., Cálculo e detalhamento de
Relação a/c ≤ 0,6 estruturas usuais de concreto armado. São Carlos: Editora UFSCar, 2001.

CONCRETO: Ensino, pesquisa e realizações / ed. G. C. Isaia. São Paulo: IBRACON,


2005, vol 1.

CUNHA, A. J. P. e SOUZA, V. C. M., Lajes em concreto armado e protendido. Niterói:


Editora EDUFF, 1998.

FUSCO, P. B., Estruturas de Concreto - Solicitações Normais. Editora Guanabara Dois,


Rio de Janeiro, 1981.

FUSCO, P. B., Técnicas de armar estruturas de concreto. São Paulo: Editora PINI,
1994.

GRAZIANO, F. P., Projeto e execução de estruturas de concreto armado. São Paulo: O


Nome da Rosa Editora, 2005.

IBRACON. Prática Recomendada – Comentários Técnicos NB-1, 2004.

ISHITANI, H., MARTINS, A. R., PELLEGRINO NETO, J e BITTENCOURT T. N.,


Notas de aula – Estruturas de Concreto I - USP, São Paulo, 2000.

LEONHARDT, F e MÖNNING, E. Construções de concreto. Rio de Janeiro: Editora


Interciência, vol. 1, 1977.

MANGINI, S. A., Força cortante – Elementos lineares com armaduras transversais.


Os princípios diretivos da proposta ao texto de revisão da NB1. Porto Alegre: Simpósio
de revisão da NB1, 2001.

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Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
PAPPALARDO JÚNIOR, Notas de aula: Estruturas de Concreto Armado I. Escola de ANEXO 1: Reações e momentos em vigas
Engenharia da Universidade Mackenzie – Departamento de Engenharia Civil, São
Paulo, 2002.
TABELA A.1 – Reações e momentos em vigas (ou lajes armadas em uma direção).
PFEIL, W. Concreto Protendido. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos editora,
vol 1, 1988. (X = momento negativo; M = momento positivo)

PINHEIRO, L. M., Notas de aula: Concreto Armado. UFSCar – Departamento de


Engenharia Civil, São Carlos, 2005. VINCULAÇÃO REAÇÕES MOMENTOS
ROCHA, A. M., Curso prático de concreto armado. Editora Científica: Rio de Janeiro,
p
5a ed, vol 1, 1974.
pL pL2
R= M =
SÁNCHEZ, E., Nova normalização brasileira para o concreto estrutural. Rio de 2 8
L
Janeiro: Editora Interciência, , 1999.

SILVA, R. C. e GIONGO, J. S., Modelos de bielas e tirantes aplicados a estruturas de


concreto armado. São Carlos: Publicação EESC-USP, 2000. p
pL2
R = pL X =
SÜSSEKIND, J. C., Curso de concreto. Rio de Janeiro: Editora Globo, vol. 1, 1984. 2

p 5 pL2
RA = pL M =
8 14,22
A B
3 pL2
RB = pL X =
8 8

p pL2
M =
pL 24
R=
2 pL2
X =
12

p
RA =
pa
(
2 L3 − 2a 2 L + a 3 ) XA =
pa 2
(6 L2 − 8aL + 3a 2 )
12 L2
A B 2 L3
pa 3
a RB = 3 (2 L − a ) pa 3
2L XB = (4L − 3a )
12 L2

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TABELA A.2 – Reações e momentos em vigas (ou lajes armadas em uma direção). Anexo 2: Número máximo de barras por seção
(X = momento negativo; M = momento positivo)

Para cobrimento de 2,5cm; estribo 5mm e brita 0:


VINCULAÇÃO REAÇÕES MOMENTOS
bw 8mm 10mm 12,5mm 16mm 20mm
P Pb 10 2 2 1 1 1
RA = Pab
A B L M = 12 2 2 2 2 2
L 15 3 3 3 3 2
a b 18 5 4 4 3 3
Pa
RB = 20 5 5 4 4 4
L 22 6 6 5 5 4
L
25 7 7 6 5 5
28 8 8 7 6 6
P
30 9 8 8 7 6
32 10 9 8 7 7
R=P X = Pa
a 35 11 10 9 8 7
40 12 12 11 10 9

Pba 2
P RA = P − RB M = (2 L + b ) Para cobrimento de 2,5cm; estribo 5mm e brita 1:
2 L3
A B
Pa 2
a b RB = (2 L + b )  
X = Pa 1 − 2 (b + 2 L )
a
2 L3 bw 8mm 10mm 12,5mm 16mm 20mm
 2L 
10 2 1 1 1 1
12 2 2 2 2 1
Pb 2 a
Pb 2 M = (3a + b ) − X A 15 3 3 3 2 2
P R A = 3 (3a + b ) L3 18 4 4 4 3 3
L 20 5 4 4 4 3
Pab 2
A B XA = 2 22 5 5 5 4 4
a b Pa 2
L 25 6 6 6 5 4
RB = (3b + a ) Pa 2 b 28 7 7 6 6 5
L3 XB = 2
L 30 8 8 7 6 6
32 9 8 8 7 6
35 10 9 8 8 7
40 11 11 10 9 8

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Anexo 3: Alfabeto grego Anexo 4: Transformação de unidades

Grafia Unidades de força Unidades de tensão


Pronúncia
Minúsculas Maiúsculas 1 kgf = 10 N 1 Pa = 1 N/m2
alfa α Α 1 kN = 103 N = 0,1 tf = 100 kgf 1 MPa = 0,1 kN/cm2
beta β Β
1 MN = 106 N = 105 kgf = 100 tf 1 MPa = 1 N/mm2 = 10 kgf/cm2 = 100 tf/m2
gama γ Γ
delta δ ∆
Prefixos:
epsilon ε Ε
n = 10-9 (nano) µ = 10-6 (micro)
dzeta ζ Ζ
eta η Η m = 10-3 (mili) c = 10-2 (centi)
d = 10-1 (deci) da = 101 (deca)
teta θ Θ
h = 102 (hecto) k = 103 (quilo)
iota ι Ι
M = 106 (mega) G = 109 (giga)
capa κ Κ
lambda λ Λ
mi µ Μ
ni ν Ν
csi ξ Ξ
ômicron ο Ο Anexo 5: Comprimento de ancoragem básico (llb)
pi π Π
rô ρ Ρ
sigma σ Σ aço CA-50 aço CA-60
tau τ Τ
boa aderência má aderência boa aderência má aderência
úpsilon υ Υ
fi φ Φ fck (MPa) lb lb lb lb
chi χ Χ 20 44 Ø 63 Ø 71 Ø 101 Ø
psi ψ Ψ 25 38 Ø 54 Ø 61 Ø 87 Ø
ômega ω Ω 30 34 Ø 48 Ø 54 Ø 77 Ø
35 31 Ø 43 Ø 49 Ø 70 Ø
40 28 Ø 40 Ø 45 Ø 64 Ø
45 26 Ø 37 Ø 41 Ø 59 Ø
50 25 Ø 34 Ø 39 Ø 55 Ø

supondo φ<32mm

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Anexo 6: Ancoragem da armadura longitudinal Anexo 7: Comprimento dos estribos

Estribo com gancho em ângulo reto


≥10φ ou 7cm

∆L
r r ≥10φ φ ∆c
ou 7cm (mm) (cm)
5,0 12
b b 6,3 12
c Lmin ∆c Lmin
8,0 13
t 10,0 16
r 12,5 20
r = 2,5φ para φ<20mm (para CA-50); ∆c = 7,785φ + 0,57 r
a
r = 4φ para φ≥20mm (para CA-50); Lmin = r + 5,5φ ≥ 6cm a
r = 3φ (para CA-60) ∆c = 14 – 4,29φ → para φ ≤ 6,3mm
Ctotal = Lmin + ∆c
Ctotal = 2a + 2b + ∆c ∆c = 15,71φ → para 8,0 ≤ φ ≤ 10,0mm
∆L = 8φ + r + φ
∆c = 15,56φ → para φ≥12,5mm
sendo: sendo:
Ctotal = comprimento total a partir da face do apoio Ctotal = comprimento total do estribo
∆c = acréscimo de comprimento devido ao gancho ∆c = acréscimo de comprimento devido ao gancho
∆L = comprimento vertical do gancho a e b = largura e altura do estribo; r = raio do pino de dobramento; φ = diâmetro da barra
Lmin = largura útil mínima do apoio para ancoragem da armadura (descontado o
cobrimento)
t = largura do apoio; c = cobrimento; r = raio do pino de dobramento; φ = diâmetro da
barra
Estribo com gancho semi-circular
5φ ou 5cm
φ Lmin ∆L ∆c
(mm) (cm) (cm) (cm) φ ∆c
5,0 6 6 5 (mm) (cm)
6,3 6 8 6 5,0 10
8,0 6,5 10 8 b b 6,3 10
10,0 8 12 10 8,0 9
12,5 10 15 12 10,0 9
16,0 13 19 15 r 12,5 13
20,0 19 26 20
25,0 24 33 25 a
a
∆c = 10 – 1,15φ → para φ ≤ 10mm
Ctotal = 2a + 2b + ∆c ∆c = 9,73φ → para φ≥12,5mm

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Anexo 8: Reações de lajes Reações de lajes (2/3)
Rbe Rbe
Reações de lajes (1/3) Rbr

Rbe
Rbr Rbr Rar CASO 3 Rae Rae CASO 4A Rae Rar CASO 4B Rar

Rar CASO 1 Rar Rar CASO 2A Rae Rar CASO 2B Rar Rbr Rbr
Rbe

Rbr Rbr Rbr


CASO 3:
b≥a
CASO 1: a
b≥a Rbr = 0,366 p a (1 − )
2b
a a
Rbr = p ( 2 − ) Rbe = Rbr 3
4 b
a Rae = 0,317 p a
Rar = p R
4 Rar = ae
3
CASO 2A: (b ≥ a)
Para: b < 1,366 a CASO 4A: (b ≥ a)
b b Para: b < 1,732 a
Rae = p (2,733 − )
4,309 a b
Rae = 0,144 p b (3,464 − )
Rae a
Rar = Rbr = 0,144 p b
3
Rbr = 0,185 p b
Para: b ≥ 1,732 a
a
Para: b ≥ 1,366 a Rbr = 0,433 p a (1,155 − )
a a b
Rbr = p ( 4 − 2,732 ) Rae = 0,433 p a
8 b
Rae = 0,433 p a
a CASO 4B:
Rar = p
4 b≥a
a
Rbe = 0,144 p a (3,464 − )
CASO 2B: b
b≥a Rar = 0,144 p a
a a
Rbe = p (2,733 − )
4,309 b
Rbe
Rbr =
3
Rar = 0,185 p a

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Reações de lajes (3/3) Anexo 9: Cargas para Cálculo de Estruturas de
Edificações
Rbe Rbe Rbe

1. Objetivo:
Rae CASO 5A Rae Rar CASO 5B Rae Rae CASO 6 Rae
1.1 Esta Norma fixa as condições exigíveis para determinação dos valores das cargas
Rbr
que devem ser consideradas no projeto de estruturas e edificações, qualquer que
Rbe Rbe seja sua classe e destino, salvo os casos previstos em normas especiais.

1.2 Para fins desta Norma, as cargas são classificadas nas seguintes categorias:
CASO 5A: (b ≥ a)
a) carga permanente (g);
Para: b < 1,268 a b) carga acidental (q).
pb b
Rae = (2 − 0,789 )
4 a 2. Carga Permanente e Carga Acidental
b
Rbe = p 2.1 Carga permanente
4
Rbe 2.1.1 Este tipo de carga é constituído pelo peso próprio da estrutura e pelo peso de
Rbr =
3 todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes.

Para: b ≥ 1,268 a 2.1.2 Quando forem previstas paredes divisórias, cuja posição não esteja definida
a no projeto, o cálculo de pisos com suficiente capacidade de distribuição
Rbr = 0,232 p a (1,578 − ) transversal da carga, quando não for feito por processo exato, poderá ser feito
b admitindo, além dos demais carregamentos, uma carga uniformemente
Rbe = Rbr 3 distribuída por metro quadrado de piso não menos que um terço do peso por
metro linear da parede pronta, observado o valor mínimo de 1 kN/m3.
Rae = 0,317 p a
2.1.3 Na falta de determinação experimental, deve ser utilizada a tabela 2.1.3
seguinte para adotar os pesos específicos aparentes dos materiais de
CASO 5B: construção mais freqüentes.
b≥a
pa a Tabela 2.1.3 – Peso específico dos materiais de construção
Rbe = (2 − 0,789 )
4 b
Peso específico
a Materiais
Rae = p aparente [kN/m3]
4 Arenito 26
Rae Basalto 30
Rar = 1. Rochas Gnaisse 30
3 Granito 28
Mármore e calcário 28
Blocos de argamassa 22
CASO 6: Cimento amianto 20
b≥a 3. Blocos artificiais
Lajotas cerâmicas 18
Tijolos furados 13
a a
Rbe = p ( 2 − ) Tijolos maciços 18
4 b Tijolos sílico-calcários 20
a Argamassa de cal, cimento e areia 19
Rae = p Argamassa de cimento e areia 21
4 3. Revestimentos
Argamassa de gesso 12,5
e concretos
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Pinho,cedro 5
Louro, imbuia, pau-de-óleo 6,5
4. Madeiras
Guajuvira, guatambu, prápia 8
Angico, cabriúva, ipê-rosa 10
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 199 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 200
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Aço 78,5 9. Cozinhas não
A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo de 3
Alumínio e ligas 25 Residenciais
Bronze 85 A ser determinada em cada caso e, na falta de valores experimentais, --
10. Depósitos
Chumbo 114 conforme indicado em 2.2.1.3
5. Metais Cobre 89 11. Edifícios Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5
Ferro fundido 72,5 residenciais Despensa, áreas de serviço e lavanderia 2
Estanho 74 Com acesso ao público (ver 2.2.1.7) 3
Latão 85 12. Escadas
Sem acesso ao público (ver 2.2.1.7) 2,5
Zinco 72 Anfiteatro com assentos fixos, corredor e sala de aula 3
Alcatrão 12 13. Escolas
Outras salas 2
Asfalto 13 14. Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
Borracha 17 15. Forros Sem acesso a pessoas 0,5
6. Materiais diversos
Papel 15 16. Galerias de arte A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo de 3
Plástico em folhas 21 17. Galerias de lojas A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo de 3
Vidro plano 26 18. Garagens e Para veículos de passageiros ou semelhantes com carga máxima de
3
estacionamentos 25kN por veículo. Valores de ϕ indicados em 2.2.1.6
3.1 Carga Acidental 19. Ginásios de
5
esportes
É toda carga que pode atuar sobre a estrutura de edificações em função do seu Dormitórios, enfermarias, sala de recuperação, sala de cirurgia, sala de 2
uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). 20. Hospitais raios X e banheiro
Corredor 3
3.1.1 Condições peculiares Incluindo equipamentos, a ser determinada em cada caso, porém com o
21. Laboratórios 3
mínimo de
3.1.1.1 Nos compartimentos destinados a carregamentos especiais, como devidos a 22. Lavanderias Incluindo equipamentos 3
arquivos, depósitos de materiais, máquinas leves, caixas-fortes, etc., não é 23. Lojas 4
24. Restaurantes 3
necessária uma verificação exata destes carregamentos, desde que se
Palco 5
considere um acréscimo de 3 kN/m2 no valor da carga acidental. 25. Teatros
Demais dependências: cargas iguais às especificadas para cinemas --
Com acesso ao público 3
3.1.1.2 As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos de edificações, além Sem acesso ao público 2
das que se aplicam em caráter especial, referem-se a carregamentos devidos a 26. Terraços Inacessível a pessoas 0,5
pessoas, móveis, utensílios e veículos, e são supostas uniformemente Destinados helipontos elevados: as cargas deverão ser fornecidas pelo
distribuídas, com valores mínimos indicados na Tabela 2.2.1.2. órgão competente do Ministério da Aeronáutica --
Com acesso ao público 1,5
27. Vestíbulo
Sem acesso ao público 3
2
Tabela 2.2.1.2 – Valores mínimos das cargas verticais [kN/m ]
3.1.1.3 No caso de armazenagem em depósitos e na falta de valores experimentais, o
peso dos materiais armazenados pode ser obtido através dos pesos
Local Descrição Carga específicos aparentes que constam na Tabela 2.2.1.3.
1. Arquibancadas 4
2. Balcões
Mesma carga da peça com a qual se comunicam e as previstas em -- Tabela 2.2.1.3 – Características dos materiais de armazenagem
2.2.1.5
Escritórios e banheiros 2
3. Bancos Peso específico Ângulo de
Salas de diretoria e de gerência 1,5 Material
aparente - kN/m3 atrito interno
Sala de leitura 2,5
Sala para depósitos de livros 4 Areia com umidade natural 17 30°
4. Bibliotecas
Sala com estantes de livros a ser determinada em cada caso ou 2,5 Argila arenosa 18 25°
kN/m2 por metro de altura, observado, porém, o valor mínimo de 6 Cal em pó 10 25°
(incluindo o peso das máquinas) a ser determinada em cada caso, Cal em pedra 10 45°
5. Casas de máquinas 7,5 1. Materiais de
porém com o valor mínimo de Caliça 13 -
Platéia com assentos fixos 3 construção Cimento 14 25°
6. Cinemas Estúdio e platéia com assentos móveis 4 Clinker de cimento 15 30°
Banheiro 2 Pedra britada 18
40°
Salas de refeições e de assembléia com assentos fixos 3 Seixo 19
30°
Salas de assembléia com assentos móveis 4
7. Clubes Carvão mineral em pó 7 25°
Salão de danças e salão de esportes 5
Carvão vegetal 4 45°
Sala de bilhar e banheiro 2 2. Combustíveis Carvão em pedra 8,5 30°
Com acesso ao público 3
8. Corredores Lenha 5 45°
Sem acesso ao público 2
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 201 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 202
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Açúcar 7,5 35°
Arroz com casca 5,5 36°
Anexo 10: Provas de semestres anteriores
Aveia 5 30°
Batatas 7,5 30°
Café 3,5 --
Centeio 7 35°
Cevada 7 25°
3. Produtos agrícolas Farinha 5
45°
Feijão 7,5
31°
Feno prensado 1,7
--
Frutas 3,5
--
Fumo 3,5
Milho 7,5 35°
Soja 7 27°
Trigo 7,8 29°
27°

3.1.1.4 Todo elemento isolado de cobertura (ripas, terças e barras de banzo superior
de treliças) deve ser projetado para receber, na posição mais desfavorável,
uma carga vertical de 1 kN, além da carga permanente.

3.1.1.5 Ao longo dos parapeitos e balcões devem ser considerados aplicadas uma
carga horizontal de 0,8 kN/m na altura do corrimão e uma carga vertical mínima
de 2kN/m.

3.1.1.6 O valor do coeficiente ϕ de majoração das cargas acidentais a serem


consideradas no projeto de garagens e estacionamento para veículos dever ser
determinado do modo seguinte:
ϕ = 1,0 quando l ≥ lo;
ϕ = lo = 3,0 quando l < lo;
Sendo l o vão de uma viga ou o vão menor de uma laje;
Sendo l 0 = 3m para o caso de lajes e l 0= 5m para o caso de vigas;

O valor de ϕ não precisa ser considerado no cálculo das paredes e pilares.

3.1.1.7 Quando uma escada for constituída por degraus isolados, estes devem ser
calculados para suportarem uma carga concentrada de 2,5 kN, aplicada na
posição mais desfavorável. Esta não deve ser considerado na composição de
cargas das vigas que suportam os degraus, as quais deverão ser calculadas
para carga indicada na Tabela 2.2.1.2.

3.1.1.8 No cálculo de pilares e das fundações de edifícios para escritórios, residências


e casas comerciais não destinadas a depósitos, as cargas acidentais podem
ser reduzidas de acordo com valores indicados na Tabela 2.2.1.8.

Tabela 2.2.1.8 – Redução das cargas acidentais

No de pisos que atuam Redução percentual


sobre o elemento das cargas acidentais
1, 2 e 3 0
4 20
5 40
6 ou mais 60
Nota: Para efeito de aplicação destes valores, o forro deve ser considerado como piso.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 203 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 204
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 1 (peso 5 na M1) – Construções em Concreto Armado 24/08/2005 Cálculo das reações das lajes (as lajes são consideradas engastadas nos bordos que
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho existe continuidade):
Aluno: __________________________________________

Critérios de avaliação: clareza e objetividade nas respostas, organização da prova,


capacidade de interpretação e habilidade de resolver problemas em concreto armado. 3,56m L1 e L3 L2 e L4 3,56m

Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximos


momentos fletores positivos e máximo momento negativo. Após os cálculos e
verificações necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao 6,56m 5,06m
longo do comprimento longitudinal da viga.
P2 Fórmulas para o caso 3:
V1 (20×60) (20×80) Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m]; R em [kN/m].
P1 P3
(20×80) (20×80)
Rbe
V5 (20×70)
L1 L2 a Rar Rae
350

h=10 h=10
Rbr
V4 (20×70)

V6 (20×70)
V2 (20×50) b≥a
b
 a 
Rbr = 0,366 pa 1 − 
 2b 
L3 L4
Rbe = Rbr 3
350

h=10 h=10
Rae = 0,317 pa
650 500
P4 R
V3 (20×60) P6 Rar = ae
(20×80) (20×80) 3
P5
(20×80) Cálculo das reações na viga contínua:
Figura 1 – Planta de forma do pavimento (sem escala; dimensões em cm).
Dados: Observação: p em [kN/m]; L em [m]; R em [kN].
- fck = 20MPa (CCA I);
- aço CA-50; P2
p1
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm (CCA I e ∆c=10mm);
- agregado graúdo: brita 1; EI EI
1 2 3
- considere o vão efetivo da viga; L1 L2
- φ = 16mm (bitola da armadura de tração);
- d” = 6cm.

Cargas distribuídas na viga V2 [kN/m]: R1 R2 R3


- reações das lajes;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 15cm, altura 2,4m e peso específico p1 L1 + p 2 L 2 p1 L31 + p 2 L32  1 1 
R2 = +  + 
13kN/m3. 2 8 (L1 + L 2 )  L1 L 2 

Cargas distribuídas nas lajes [kN/m2]: Observação: como as cargas acidentais representam pequena parcela do carregamento
- peso próprio da laje: 0,10m×25 kN/m3 = 2,5 kN/m2; total, pode-se considerar todo o carregamento ocorrendo simultaneamente para a
- revestimentos (reboco no teto e contrapiso): 1,0 kN/m2; determinação dos momentos positivos.
- carga variável (acidental): q = 2,0 kN/m2.
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 205 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 206
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Resolução: Prova 1 (peso 5) – Construções em Concreto Armado 14/09/2004
Prova de 2a chamada
Carga nas lajes: g = 3,5 kN/m2 e q = 2,0 kN/m2 Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno: __________________________________________
Reações na viga V2:
L1 e L3: Rbe = 9,04 kN/m (parcela acidental = 3,29 kN/m) QUESTÃO 1 (7 pontos):
L2 e L4: Rbe = 8,05 kN/m (parcela acidental = 2,93 kN/m)
Considere a viga de transição em balanço mostrada na Fig. 1. Para economizar material
Cargas na viga V2: e tornar a estrutura mais interessante esteticamente, a viga foi projetada com uma mísula
Trecho 1: longitudinal. Desta forma, a seção de máximo momento fletor negativo apresenta a
- peso próprio da viga: 2,5 kN/m; maior seção (25×90), enquanto que a seção de extremidade, com momento nulo,
- parede: 4,68 kN/m; apresenta seção (25×40).
- parcela permanente da reação das lajes L1 e L3: 2×5,75 = 11,5 kN/m;
- parcela variável da reação das lajes L1 e L3: 2×3,29 = 6,58 kN/m; Para determinação dos momentos, considere que a carga no pilar que nasce sobre a viga
- total: g = 18,68 kN/m; q = 6,58 kN/m; p1 = g + q = 25,26 kN/m (P2) vale 400kN (já sendo consideradas as possíveis reduções das cargas variáveis de
uso) e a carga distribuída na viga é 15kN/m (acidental e permanente).
Trecho 2:
- peso próprio da viga: 2,5 kN/m; Com base nestes dados, dimensione e detalhe a seção para o momento máximo no
- parede: 4,68 kN/m; balanço.
- parcela permanente da reação das lajes L2 e L4: 2×5,12 = 10,24 kN/m;
- parcela variável da reação das lajes L2 e L4: 2×2,93 = 5,86 kN/m; Dados:
- total: g = 17,42 kN/m; q = 5,86 kN/m; p2 = g + q = 23,28 kN/m - fck = 30MPa ; aço CA-50;
- bw = 25cm (largura da viga);
Vãos efetivos: L1 = 6,7m e L2 = 5,20m - φ = 20mm (bitola da armadura tracionada);
- φ’ = 12,5mm (bitola da armadura comprimida);
p1 L1 + p 2 L 2 p1 L31 + p 2 L32  1 1  - φt = 5mm (bitola do estribo);
R2 = +  +  = 184,15 kN
2 8 (L1 + L 2 )  L1 L 2 
- c = 2,0cm (CCA I e ∆c=5mm);
- p = 15kN/m (carga distribuida)*;
R1 = 67,58 kN
- P = 400kN (carga concentrada);
R3 = 38,57 kN
- agregado: brita 1;
- d” = 7cm;
M-max = 114,19 kN.m
- considere o vão teórico como sendo a distância até o centro do apoio.
M+max,1 = 90,40 kN.m
M+max,2 = 31,95 kN.m
* Cargas:
- peso próprio: [0,25×(0,40+0,90)/2]m2×25kN/m3 = 4,06kN/m
Considerando-se a carga distribuída variável apenas no vão 1:
- parede sobre a viga + reação da laje (g+q) = 10,94kN/m
M+max,1 = 93,88 kN.m

Considerando-se a carga distribuída variável apenas no vão 2:


QUESTÃO 2 (1 ponto): Porque se emprega o coeficiente de 0,85 para a resistência à
M+max,2 = 38,92 kN.m
compressão do concreto?
Seção 1: M+max,1 = 90,40 kN.m
QUESTÃO 3 (1 ponto): Cite as principais características dos Estádios I, II e III.
As = 7,88 cm2 → 4φ16mm
QUESTÃO 4 (1 ponto): Qual a importância da definição da classe de agressividade
Seção 2: M-max = 114,19 kN.m ambienta (CAA)? O que implica esta escolha para o projeto estrutural?
As = 10,37 cm2 → 6φ16mm
A’s = 0,54 cm2 → 2φ8mm

Seção 3: M+max,2 = 31,95 kN.m


As = 2,46 cm2 → 2φ16mm (para usar a mesma bitola da seção 1)
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 207 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 208
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
0,68 f cd b w x lim
A s,lim = = 31,29cm2
f yd
P2

Momento residual:
∆Md = MSd - Md,lim = 17.588,28 kN.cm
40cm
Segunda parcela da armadura de tração (d’= 4cm, valor arbitrado):
90cm
∆M d
∆A s = = 5,12cm2
f yd (d − d' )
P1
Então, a armadura de tração total é dada por:
170cm As = As,lim + ∆As = 36,41cm2
40cm
Armadura mínima:
As min = ρmin.b.h = 3,375cm2.
Figura 1 –Vista longitudinal da viga em balanço (sem escala). 2/3
f
ρ min = 0,0667 ck ≥ 0,15% → ρmin = 0,15%.
Resolução: f yd
Então, pode-se usar 12φ20,0mm (As efet = 37,8cm2).
Vão efetivo para o cálculo:
170 + 40 / 2 = 190
L≤ Armadura comprimida:
170 + 0,3 × 90 = 197
L = 190cm (x − d' )
ε's = 3,5 lim = 3,13‰ → σ’s = fyd = 43,5 kN/cm2
Momento negativo sobre o apoio (valor característico): x lim
Mk = 400×1,9 + 15×1,9×1,9/2 = 760 + 27,08 = 787,08kN.m ∆M d
A's = = 5,12cm2
σ' sd (d − d' )
Momento de cálculo:
Md = γf Mk = 1,4×787,08 = 1.101,912kN.m = 110.191,20kN.cm. Então, pode-se usar 7φ10,0mm (As efet = 5,6cm2)**.

d” = 7cm (arbitrado). Espaçamento horizontal mínimo:


d = h – d” = 90 – 7 = 83cm (altura útil) 2 cm

e h,min = φ = 2,0cm
Posição da linha neutra 1,2 d
 max = 1, 2 × 1,9 = 2, 28cm
 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 − = 47,16cm. eh,min = 2,28cm.
2 
 0,425 f cd b w d 

Altura limite da linha neutra: Número máximo de barras por camada:


xlim = 0,45 d b w − 2c − 2φ t + e h,min 25 − 2 × 2,0 − 2 × 0,5 + 2,28
n= = = 5,2
xlim = 37,35cm. e h, min + φ 2,28 + 2,0

Como x > xlim → armadura dupla ou redimensionar a seção. Então, pode-se usar, no máximo, 5 barras por camada.
Neste caso será empregada armadura dupla. Desprezando-se o critério do espaçamento para o vibrador (solução usual na prática),
pode-se usar duas camadas com 5 barras e a terceira com 2 barras.
Momento limite com armadura simples:
Md,lim = 0,68 fcd bw xlim (d – 0,4 xlim) = 92.602,92kN.cm Espaçamento transversal entre as barras:
b − 2c − 2φ t − n φ 25 − 2 × 2,0 − 2 × 0,5 − 5 × 2,0
Primeira parcela da armadura de tração: eh = w = = 2,5 cm
n −1 4
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 209 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 210
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Espaçamento vertical mínimo: Geralmente, quando se usa mísula com relação 1:3 não existe problema que relação à
2 cm flexão (neste exemplo faz-se 1:3,4). Todavia, é interessante verificar mais seções ao
 longo do balanço (Tabela 1).
e v,min = φ = 2,0cm
0,5 d
 max = 0,5 × 1,9 = 0,95cm Tabela 1 – Resultados do dimensionamento para seções no balanço.
ev = ev,min = 2,0cm.
Seção 1 Seção 2 Seção 3 Seção 4
Altura do centro de gravidade da armadura até o ponto mais tracionado das armaduras: Distância da
0,0m 0,425m 0,85m 1,275m
n extremidade livre (x)
∑y 5 × 1,0 + 5 × 5,0 + 2 × 9
i Momento
α" = i =1
= 0,0 171 kN.m 345 kN.m 522 kN.m
(M = -Px - px2/2)
n 12
Altura
α” = 4,0cm < 10%h → Ok. 40cm 52,5cm 65cm 77,5cm
(h = 0,40 + 0,294x)
d”ef = c + φt + α” = 2,0 + 0,5 + 4,0 = 6,5cm < d”adotado → Ok. 2 2
As 0,0 13,4cm 13,4cm 13,4cm2
Armadura de pele (necessário, pois h>60cm): A’s 0,0 0,0 0,0 0,0
As,pele = 0,10% bwh / face
As,pele = 2,25cm2 / face → 5φ8,0mm / face
Espaçamento entre as barras da armadura de pele:
20cm
e ≈ 12cm ≤  → Ok
d/3 = 27cm

Verificação da distância arbitrada d’:


d’ef = c + φt + φ/2 = 2,0 + 0,5 + 1,0/2 = 3,0cm < d’adotado → Ok.

Detalhamento da seção:

12φ20mm (armadura tracionada) 12φ20mm (armadura tracionada)

5φ8,0mm 5φ8,0mm
(armadura de pele) (armadura de pele)

7φ10,0mm (armadura comprimida) 7φ10,0mm (armadura comprimida)

** Normalmente não se utiliza armadura inferior (positiva) menor que a armadura


mínima. Isto por que, durante a fase construtiva (escoramento), pode ocorrer inversão
de esforços na seção (momento positivo).
Entretanto, ressalta-se que apenas neste caso justifica-se utilizar armadura mínima para
a armadura de compressão calculada na armadura dupla.
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 211 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 212
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 1 (peso 10 na M1) – Construções em Concreto Armado 25/09/2006 Cálculo das reações nas lajes maciças:
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m].
Aluno: __________________________________________
Rbr

Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximo Rar CASO 2A Rae
momento fletor positivo e máximo momento negativo. Após os cálculos e verificações
necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao longo do Rbr
comprimento longitudinal da viga. CASO 2A: b é o maior lado (b≥a)
P2 P3
P1 (15×50) (15×50)
V1 (15×60) V1 (15×60)
(15×50) Para: b < 1,366 a Para: b ≥ 1,366 a
b b a a
Rae = p ( 2,733 − ) Rbr = p (4 − 2,732 )
4,309 a 8 b
L1 L2 Rae Rae = 0,433 p a
Rar =
V3 (15×50)

V4 (15×50)

V5 (15×50)
h=12cm h=12cm 3
500cm

a
Rar = p
Rbr = 0,185 p b 4
600cm 600cm

Cálculo das reações na viga contínua:


P4
Observação: p em [kN/m]; L em [m]; R em [kN].
(15×50) P2
V2 (15×60) P5 V2 (15×60) P6 p1
(15×50) (15×50)

EI EI
Figura 1 – Planta de forma do pavimento. 1 2 3
Dados: L1 L2
- fck = 20 MPa (CCA I);
- aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm (CCA I e ∆c=10mm); R1 R2 R3
- agregado graúdo: brita 1;
p1 L1 + p 2 L 2 p1 L + p 2 L
3 3
 1 1 
- considere o vão efetivo da viga. R2 = + 1 2
 + 
2 8 (L1 + L 2 ) L
 1 L 2 

Cargas distribuídas na viga V2:


- reações das lajes;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
13kN/m3.

Cargas distribuídas nas lajes maciças:


- peso próprio da laje: 3,0 kN/m2;
- revestimentos: 1,5 kN/m2;
- carga variável (acidental): 3,0 kN/m2 (garagem).

Observação: como as cargas acidentais representam pequena parcela do carregamento


total, pode-se considerar todo o carregamento ocorrendo simultaneamente para a
determinação dos momentos positivos.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 213 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 214
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 1 (peso 10 na M1) – Estruturas de Concreto Armado 12/04/2007 - parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho 13kN/m3.
Aluno: __________________________________________
Cargas distribuídas nas lajes:
Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximo - peso próprio da laje: 2,3 kN/m2;
momento fletor positivo e máximo momento negativo. Após os cálculos e verificações - revestimentos: 1,2 kN/m2;
necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao longo do - carga variável (acidental): 1,5 kN/m2.
comprimento longitudinal da viga.
P2 Observação: como as cargas acidentais representam pequena parcela do carregamento
P1
V1 (20×60) (20×50) total, pode-se considerar todo o carregamento ocorrendo simultaneamente para a
(20×50) determinação dos momentos positivos.

L2
h=12cm
L1
V4 (20×60)

V5 (20×60)

V6 (20×60)
h=12cm

500cm
600cm 190cm

P3 V2 (20×60) V2 (20×60)
(20×50) P4
(20×50)
500cm

L3
V5 (20×60)
V4 (20×60)

h=12cm

V3 (20×60) P6
P5 (20×50)
(20×50)
Figura 1 – Planta de forma do pavimento.

Considerar as lajes com comportamento unidirecional (lajes pré-moldadas),


descarregando apenas nas vigas perpendiculares ao menor vão (R=pL/2).

Dados:
- fck = 35 MPa (CCA II);
- aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm (CCA II e ∆c=5mm);
- agregado graúdo: brita 1;
- considere o vão efetivo da viga.
Cargas distribuídas nas vigas V2 e V6:
- reações das lajes;
- peso próprio da viga;

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 215 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 216
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Resolução: Prova 1 (peso 7 na M1) – Estruturas de Concreto Armado I 10/10/2008
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Carga nas lajes: p = 5,0 kN/m2 Aluno: __________________________________________

Reação na viga V2: Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximo
L1: R = 13,0 kN/m momento fletor positivo e máximo momento negativo. Após os cálculos e verificações
L3: R = 13,0 kN/m necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao longo do
comprimento longitudinal da viga.
Reação na viga V6: P2
L2: R = 5,25 kN/m P1
V1 (15×50) (15×50)
(15×50)
Cargas na viga V6:
- peso próprio da viga: 3,0 kN/m; L2
- parede: 5,85 kN/m; h=12cm
- reação da laje = 5,25 kN/m; L1

V3 (15×50)

V4 (15×50)

V5 (15×50)
h=12cm

500cm
Reação da viga V6 na viga V2:
R = 36,66 kN 600cm 185cm

Cargas na viga V2: P4


P3 (15×50)
Trecho 1: (15×50)
- peso próprio da viga: 3,0 kN/m;
- parede: 5,85 kN/m; V2 (15×50) V2 (15×50)
- reação da laje = 26,0 kN/m;
- total: p1 = g + q = 34,85 kN/m Figura 1 – Planta de forma do pavimento.

Trecho 2: Considerar as lajes com comportamento unidirecional (lajes pré-moldadas),


- peso próprio da viga: 3,0 kN/m; descarregando apenas nas vigas perpendiculares ao menor vão.
- parede: 5,85 kN/m;
- carga concentrada = 36,66 kN; Dados:
- total: p2 = g = 8,85 kN/m; P = 36,66 kN - fck = 25 MPa (CCA I);
- aço CA-50;
Vãos efetivos: L1 = 6,20m e L2 = 2,1m - φt = 5mm (bitola do estribo);
R1 = 92,475 kN - c = 2,5cm (CCA I e ∆c=10mm);
R2 = 178,84 kN - agregado graúdo: brita 1;
- considere o vão efetivo da viga.
M-max = 96,50 kN.m
M+max, = 122,70 kN.m Cargas distribuídas nas vigas V2 e V5:
- reações das lajes;
Seção 1: M+max = 122,70 kN.m - peso próprio da viga;
As = 7,90 cm2 → 4φ16mm - parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
13kN/m3.
Seção 2: M-max = 96,50 kN.m
As = 6,10 cm2 → 2φ20mm Cargas distribuídas nas lajes:
- peso próprio da laje: 2,4 kN/m2;
- revestimentos: 1,2 kN/m2;
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 217 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 218
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Resolução: Prova 1 (peso 10 na M1) – Estruturas de Concreto Armado I 24/04/2009
Carga nas lajes: g = 3,6 kN/m2 e q = 2,0 kN/m2 Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno: __________________________________________
Reação na viga V2:
L1: R = 14,0 kN/m (parcela acidental = 5,0 kN/m) QUESTÃO 1 (10,0 pontos): Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar
as seções de máximo momento fletor positivo e máximo momento negativo. Após os
Reação na viga V5: cálculos e verificações necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição
L2: R = 5,18 kN/m (parcela acidental = 1,85 kN/m) de barras ao longo do comprimento longitudinal da viga.
P2
Cargas na viga V5: P1
V1 (18×65)
(18×50)
- peso próprio da viga: 1,875 kN/m; (18×50)
- parede: 5,85 kN/m;
- parcela permanente da reação da laje = 3,33 kN/m;
- parcela variável da reação da laje = 1,85 kN/m;
L1

V3 (18×65)
h=12cm

500cm

V5 (18×65)
Reação da viga V5 na viga V2: 21,725 kN/m
R = 33,23 kN (parcela acidental = 4,76 kN)
7,725 kN/m
850cm
Cargas na viga V2:
Trecho 1: 6,15m 2m
- peso próprio da viga: 1,875 kN/m;
P4
- parede: 5,85 kN/m; (18×50)
P3 V2 (18×65)
- parcela permanente da reação da laje = 9,0 kN/m; (18×50)
- parcela variável da reação da laje = 5,0 kN/m;
- total: g = 16,725 kN/m; q = 5,0 kN/m; p1 = g + q = 21,725 kN/m 650 150
18 50 18
Trecho 2: Figura 1 – Planta de forma do pavimento.
- peso próprio da viga: 1,875 kN/m;
- parede: 5,85 kN/m; Considerar as lajes com comportamento unidirecional (lajes pré-moldadas),
- carga concentrada (reação permanente da V5: G) = 28,47 kN; descarregando apenas nas vigas perpendiculares ao menor vão.
- carga concentrada (reação variável da V5: Q) = 4,76 kN;
- total: p2 = g = 7,725 kN/m; P=G + Q = 33,23 kN Dados:
- fck = 40 MPa (CCA II);
Vãos efetivos: L1 = 6,15m e L2 = 2,0m - aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
R1 = 53,48 kN - c = 3cm;
R2 = 128,80 kN - agregado graúdo: brita 1;

M-max = 81,91 kN.m Cargas distribuídas nas vigas:


M+max, = 65,82 kN.m - reações das lajes;
- peso próprio da viga;
Obs. Considerando-se a carga distribuída variável apenas no vão: - parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
M+max = 69,71 kN.m 13kN/m3.

Seção 1: M+max = 65,82 kN.m Cargas distribuídas nas lajes:


As = 5,47 cm2 → 5φ12,5mm - peso próprio da laje: 3,0 kN/m2;
- revestimentos: 1,5 kN/m2;
Seção 2: M-max = 81,91 kN.m - carga variável (acidental): 3,0 kN/m2 (garagem).
As = 6,86 cm2 → 4φ16mm

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 219 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 220
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Cálculo das reações nas lajes maciças: Prova 2 (peso 7 na M1) – Estruturas de Concreto Armado I 03/05/2012
Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m]. Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno: __________________________________________
Rbr Dada a viga V5, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximos
momentos fletores. Considerar a viga rotulada no pilar P2. Após os cálculos e
Rar CASO 1 Rar verificações necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao
longo do comprimento longitudinal da viga.
Rbr
P2 P3
P1 (15×50)
CASO 1: b ≥ a (15×50)
V1 (15×80) (15×50)
a a a
Rbr = p ( 2 − ) Rar = p
4 b 4

L2

V6 (15×80)
L1

V4 (15×80)

V5 (20×80)
h=12cm

450cm
h=12cm

500cm 500cm

V2 (15×80)

P4 P5
(15×50)

450cm
L3 (15×50) L4 P6
(15×50)
h=12cm h=12cm

150cm
V3 (15×80)

Figura 1 – Planta de forma do pavimento.


Dados:
- fck = 35 MPa;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm;
- agregado graúdo: brita 0;
- considere o vão efetivo da viga.

Cargas distribuídas nas vigas:


- reações das lajes;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
13kN/m3.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 221 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 222
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Cargas distribuídas nas lajes: Prova 2 (peso 3 na M1) – Construções em Concreto Armado 10/09/2003
- peso próprio da laje maciça:; Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
- revestimentos: 1,5 kN/m2; Aluno: __________________________________________
- carga variável (acidental): 1,5 kN/m2.
QUESTÃO 1 (4 pontos):
Considere as lajes nervuradas unidirecionais indicadas na Fig. 1 (corte) e na Fig. 2
Cálculo das reações das lajes (as lajes são consideradas engastadas nos bordos que (planta). As lajes L1 e L3 são lajes em balanço e a laje L2 é uma laje interna, também
existe continuidade): unidirecional. Por serem lajes armadas em uma direção, o cálculo dos momentos é
realizado como se fosse uma viga (ver Fig. 2). Com base nos dados indicados abaixo,
Fórmulas para o caso 3: determine a armadura positiva no vão da laje L2 (representar no desenho da Fig. 3).
Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m]; R em [kN/m]. Considere a situação mais desfavorável de carregamento.

Dados:
Rbe - fck = 20 MPa ; aço CA-50;
a Rar Rae - c = 2,0cm;
Rbr - q = 1,5 kN/m2 (carga acidental de uso);
- g = 4,0 kN/m2 (carga permanente: peso próprio e revestimento);
b≥a
b
 a 
Rbr = 0,366 pa 1 − 
 2b 4cm
Rbe = Rbr 3
Rae = 0,317 pa 16cm
R
Rar = ae 50cm
3
9cm 9cm
Cálculo das reações na viga contínua: Figura 1 –Seção da laje nervurada (sem escala).
Observação: p em [kN/m]; L em [m]; R em [kN].

P2
p1
L1 L2 L3
EI EI
1 2 3
L1 L2

R1 R2 R3

p1 L1 + p 2 L 2 p1 L31 + p 2 L32  1 1 
R2 = +  + 
2 8 (L1 + L 2 )  L1 L 2 

Observação, para casos em que p1 = p2 = p e L1 = L2 = L:


2m 6m 2m
5 pL
R2 =
4 Figura 2 – Detalhe em planta e esquema de cálculo das lajes (sem escala).

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 223 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 224
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Respostas:
QUESTÃO 1:

____φ10mm / NERVURA
Momento positivo:
bf = 59cm = 0,59m
M = 16,75kN.m/m = 9,88kN.m/nervura
d = h – c – φ/2 = 17,5cm
x = 1,42cm – caso 1 (0,8x < hf = 4cm)
As = 1,87cm2/nervura - 3φ10mm
As,min = 0,57cm2/nervura

Figura 3 – Detalhamento da armadura positiva da laje L2 e das armaduras negativa. Momento negativo máximo: M = 5,5×2×1=11kN.m/m
M = 11,0kN.m/m = 6,49kN.m/nervura
bw = 9cm
d = h – c – φ/2 = 17,5cm
x = 7,08cm
As = 1,42cm2/nervura - 2φ10mm
As,min = 0,57cm2/nervura

1,5kN/m2
4,0kN/m2

6m
2m 2m
8,0kNm/m 8,0kNm/m
- -
+
16,75kNm/m

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 225 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 226
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 2 (peso 5 na M1) – Construções em Concreto Armado 07/09/2005 Observação: para as vigas assimétricas (por exemplo, seção L invertida), quando existir
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho impedimento à deformação transversal, através de laje horizontal ou transversinas, a
Aluno: __________________________________________ deformação será vertical e a linha neutra horizontal (flexão normal). Caso contrário a
linha neutra estará inclinada, o que caracteriza a flexão oblíqua.
QUESTÃO 1 (5 pontos):
Dimensionar a viga V1 indicada na Fig. 1. Considerar que a laje L1 (laje maciça) pode
funcionar como mesa de compressão para resistência à flexão da viga V1. Após os
cálculos, fazer um esboço do detalhamento longitudinal da viga. Md
Md
Dados: concreto C25 (fck = 25 MPa), brita 1, c = 2,5cm.

Carregamento na viga V1:


Viga assimétrica, com deformação Viga assimétrica,
- peso próprio: (g1); horizontal impedida horizontalmente livre
- parede de tijolos furados (13kN/m3) com 15cm de espessura e 220cm de altura (280- (flexão normal) (flexão oblíqua)
60=220, supondo viga de mesma altura no andar de cima): (g2);
- reação da laje L1: 15,0 kN/m (g3+q);
QUESTÃO 2 (5 pontos):
Dada a viga ilustrada na Fig. 3, determine qual a máxima carga distribuída que pode ser
aplicada na viga, considerando-se apenas a resistência à flexão (para a verificação
L1 completa deve-se verificar também o esforço cortante, a flecha e a abertura de fissura).
(h=10cm)
Dados:
V1 (15×60) - fck = 35 MPa ; aço CA-50;
- c = 2,0cm;
P1 (20×40) P2 (20×40) - φt = 6,3mm.
600cm
5 N1 φ 12,5mm
Figura 1 – Dados do exercício (planta de forma sem escala).

Considerar que a viga está parcialmente engastada nos pilares (grau de engastamento
kvig=0,783), conforme o modelo de cálculo mostrado na Fig. 2.
50cm
p
200cm 20
Mext Mext
15cm
2 N2 φ 8,0mm
L

Figura 3 – Detalhe da viga da questão 2


Figura 2 – Modelo de cálculo da viga

No modelo da Fig.2, o momento Mext é calcudo por:


M ext = k vig M eng
sendo Meng o momento de engastamento perfeito dado por:
p L2
M eng =
12

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 227 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 228
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Resolução: f ck
2/3

Questão 1 ρ min = 0,0667 ≥ 0,15% → ρmin = 0,15%.


f yd
Carregamento na viga V1: Então, pode-se usar 3φ12,5mm (As efet = 3,75cm2).
- peso próprio: 2,25 kN/m (g);
- parede: 4,29 kN/m (g); 2 cm
- reação da laje L1: 15,0 kN/m (g+q); 
e h = 2,625cm ≥ φ = 1,25cm → Ok.
- total: 21,54 kN/m. 1,2 d
 max = 2, 28cm
p L2 α” = φ/2 = 0,625cm < 10%h → Ok.
M eng = = 73,52 kN.m , d”ef = c + φt + α” = 2,5 + 0,5 + 1,25/2 = 3,625cm < d”adotado → Ok.
12
M ext = k vig M eng = 0,783 × 73,52 = 57,57 kN.m .
e) Armadura negativa (seção retangular)
Md = γf M = 1,4×57,57 = 80,60 kN.m.
21,54 kN/m
d” = 6cm (arbitrado).
d = h – d” = 60 – 6 = 54cm
57,57 kN.m 57,57 kN.m
 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 −  = 8,76cm.
 0,425 f cd b w d 2 
6,40m
xlim = 0,45 d = 24,3cm.
68,93 Como x ≤ xlim → armadura simples:
0,68 f cd b w x
As = = 3,67cm2.
DEC (kN) f yd
As min = ρmin b h = 1,35cm2.
68,93 Então, pode-se usar 3φ12,5mm (As efet = 3,75cm2) ou 2φ16mm (As efet = 4,0cm2).
57,57 57,57
Neste caso, para permitir maior espaçamento para a colocação do vibrador (já que é
- - DMF (kN.m) uma armadura negativa), é preferível usar 2φ16mm .
+
52,71 2 cm
 = 1,6cm
φ
e h = 5,80cm ≥  → Ok.
d) Armadura positiva (seção T) 1,2 d max = 2,28cm
bf = bw + b1 + b3 (seção de extremidade) φ vib + 1 = 4cm
L = 640cm
a = 0,6L = 384cm
b1 = min(0,5b2; 0,1a) = 38,4cm α” = ∑yi/n = φ/2 = 0,8cm < 10%h → Ok.
bf = 15 + 38,4 + 0,0 = 53,4cm d”ef = c + φt + α” = 2,5 + 0,5 + 0,8 = 3,8cm < d”adotado → Ok.

Md = γf M = 1,4×52,71 = 73,794 kN.m.


d” = 5 cm (arbitrado). f) armadura de pele
d = h – d” = 60 – 5 = 55cm
As,pele = 0,10% bwh / face
 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 −  = 2,10cm. As,pele = 0,9cm2 / face → 3φ6,3mm / face
 0,425 f cd b f d 2  Espaçamento entre as barras (e):
Como 0,8x ≤ hf → caso 1: 20cm
e ≈ 13,12cm ≤  → Ok
As =
0,68 f cd b f x
= 3,13cm2. d/3 = 18cm
f yd
As min = ρmin Ac = 1,93cm2.
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 229 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 230
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Exemplo de detalhamento: Prova 2 (peso 5 na M2) – Construções em Concreto Armado 07/04/2006
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
V1 (15×60) Aluno: __________________________________________

2 N6 φ16,0 C=191 2 N6 φ16,0 C=191 Critérios de avaliação: clareza e objetividade nas respostas, organização da prova,
159 2 N5 φ6,3 C=377 159 capacidade de interpretação e habilidade de resolver problemas em concreto armado.
19 19
A
QUESTÃO 1 (5 pontos):
2×3 N1 φ6,3
Considere a sapata associada indicada nas Fig. 1. A sapata serve de fundação para dois
P1 A pilares (P1 e P2), os quais têm cargas iguais a 600kN (cada um), e apresenta uma viga
P2
40 600cm 40 de rigidez de largura 30cm e altura 40cm.

25 N2 φ5,0 c/25 Com base nos dados indicados abaixo, pede-se para dimensionar a viga na seção de
máximo momento negativo.
132,5cm
1 N3 φ12,5 C=335
18
2 N4 φ12,5 C=604 20 20
65cm 230cm 65cm

SEÇÃO AA P1 P2 30cm

25cm
60cm 55 15cm

100cm
300kN/m
10
15cm
25 N2 φ 5,0 C=144
Figura 1 – Sapata associada (sem escala).
Questão 2:

d” = 4,56cm Dados:
d’ = 3,03 cm - fck = 20MPa ; aço CA-50;
d = 45,45cm - φt = 5mm (bitola do estribo);
As = 6,25cm2 - c = 2,5cm;
A’s = 1,0cm2 - psolo = 300kN/m2 (pressão admissível do solo);
- P = 600kN (carga concentrada em cada pilar);
x23 = 11,77cm - agregado: brita 1;
x34 = 28,54cm - d” = 5cm;
- considere o vão teórico como sendo a distância de centro a centro dos apoios.
x = 8,96cm → Domínio 2 → verificar ε’s
Como ε’s < εyd → recalcular x

x = 9,24cm
σ’s = 36,04 kN/cm2

MRk = 81,20 kN.m


MSk = pL2/2 → p ≤ 36,82 kN/m
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 231 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 232
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
QUESTÃO 2 (5 pontos): Prova 2 (peso 5,0 na M2) – Estruturas de Concreto Armado I 09/10/2006
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Dada a planta baixa da Fig. 2 e o detalhe das vigas V1 e V2 na Fig. 3, determine qual Aluno: __________________________________________
pode ser a máxima reação da laje L1 considerando-se apenas a resistência à flexão das
vigas V1 e V2 (para a verificação completa deve-se verificar também o esforço cortante, QUESTÃO 1 (7,0 pontos):
a flecha e a abertura de fissura). Considere as vigas V1 e V2 como vigas de seção Considere as lajes nervuradas unidirecionais indicadas na Fig. 1 (corte) e na Fig. 2
retangular (despreze a mesa de compressão da laje). (planta). A laje L2 é uma laje em balanço e a laje L1 é interna, também unidirecional.
Por serem lajes armadas em uma direção, o cálculo dos momentos é realizado como se
Dados: fosse uma viga (ver Fig. 2). Com base nos dados indicados abaixo, determine a
- fck = 35 MPa ; aço CA-50; c = 2,5cm; φt = 5mm. armadura positiva no vão da laje L2 e a armadura negativa entre as lajes. Desenhar uma
seção esquemática e representar no desenho da Fig. 3.
Cargas na viga (V1 e V3):
- parede com 15cm de espessura e 230cm de altura; Dados:
- peso próprio; - Concreto C30 (fck = 30 MPa); aço CA-50;
- reação da laje L1: ? - c = 2,0cm;
- q = 1,5 kN/m2 (carga acidental de uso);
- gpp = 1,67 kN/m2 (peso próprio da laje);
P1 (20×20) V1 (15×50) P2 (20×20) - grevest = 1,2 kN/m2 (carga permanente devido aos revestimentos).

4cm
V3 (15×40)

V4 (15×40)
L1 8cm

210cm
(h=8cm) 40cm
9cm 9cm
Figura 1 –Seção da laje nervurada (sem escala).
V2 (15×50)
P3 P4
(20×20) 610cm
(20×20)

Figura 2 – planta de forma.

2 N2 φ 8,0mm L1 L2
pré-fabricada pré-fabricada

50cm

15cm
5 N1 φ 12,5mm

Figura 3 – Armaduras longitudinais das vigas V1 e V2.


4m 1,2m
Observação: Neste exercício consideram-se as vigas V1 e V2 simplesmente apoiadas
sobre os pilares. Entretanto, a norma NBR 6118:2014 exige que seja considerado um
engastamento mínimo entre viga e pilar de extremidade (consideração que será estudada Figura 2 – Detalhe em planta e esquema de cálculo das lajes (sem escala).
posteriormente).
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Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 2 (peso 5 na M2) – Estruturas de Concreto Armado I 20/05/2008
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno: __________________________________________

QUESTÃO 1 (10,0 pontos):


____φ10mm / NERVURA
Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximos
momentos fletores. Quando possível, considerar seção T. Após os cálculos e
verificações necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao
____φ6,3mm / NERVURA longo do comprimento longitudinal da viga.
P2
P1 (20×50)
V1 (20×60)
(20×40)

Figura 3 – Detalhamento da armadura positiva da laje L1 e da armadura negativa.


L1

V4 (20×60)

V5 (20×60)
500cm
h=12cm
QUESTÃO 2 (1,0 pontos):
Qual a vantagem e a desvantagem de utilizar vigotes pré-fabricados em lajes em 600cm
balanço?

QUESTÃO 3 (2,0 pontos): P3 P4


Qual o momento resistente positivo da laje L1 se for utilizado 2φ8,0mm por nervura? (20×40) V2 (20×60) (20×50)

500cm
L2

V5 (20×60)
V4 (20×60)
h=12cm

V3 (20×60) P6
P5 (20×50)
(20×40)
Figura 1 – Planta de forma do pavimento.

Dados:
- fck = 30 MPa (CCA II);
- aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm (CCA II e ∆c=5mm);
- agregado graúdo: brita 1;
- distância entre os pisos = 2,88m (comprimento dos pilares);
- pavimento tipo (tramo superior e inferior igual dos pilares).

Cargas distribuídas na viga V2:


- reações das lajes;
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 235 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 236
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
- peso próprio da viga; Prova 2 (peso 5 na M2) – Estruturas de Concreto Armado I 15/05/2009
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
13kN/m3. Aluno: __________________________________________
Dada a viga V4, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximos
Cargas distribuídas nas lajes: momentos fletores. Quando possível, considerar seção T. Considerar o engastamento da
- peso próprio da laje: 3,0 kN/m2; viga no pilar P2. Após os cálculos e verificações necessárias, faça um esboço de como
- revestimentos: 1,25 kN/m2; poderia ser a distribuição de barras ao longo do comprimento longitudinal da viga.
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2. P3
P2
P1 (15×50)
V1 (15×65) (15×50)
(15×50)
Cálculo das reações nas lajes maciças:
Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m].
L1 L2

V5 (15×50)
V4 (15×60)
Rbe h=10cm h=10cm

V3 (15×50)

450cm
Rar CASO 2B Rar

450cm 450cm
Rbr

CASO 2B: P5
b≥a P4 V2 (15×65) V2 (15×65) (15×50)
a a (15×50)
Rbe = p (2,733 − )
4,309 b
450 250 150
Rbe 15 15 50 15
Rbr =
3 Figura 1 – Planta de forma do pavimento.
Rar = 0,185 p a Dados:
- fck = 35 MPa (CCA I);
- aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm (CCA I e ∆c=10mm);
- agregado graúdo: brita 0;
- considere o vão efetivo da viga.
- distância entre os pisos = 2,88m (comprimento dos pilares);
- pavimento tipo (tramo superior e inferior igual dos pilares).

Cargas distribuídas nas vigas:


- reações das lajes;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
13kN/m3.
Cargas distribuídas nas lajes:
- peso próprio da laje maciça: 2,5 kN/m2;
- revestimentos: 1,2 kN/m2;
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2.

Cálculo das reações nas lajes maciças:


Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m].
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Prova 2 (peso 5 na M2) – Estruturas de Concreto Armado I 13/05/2010
Rbe
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a): __________________________________________
Rar CASO 2B Rar
Dada a viga V5, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximos
momentos fletores. Quando possível, considerar seção T. Considerar o engastamento da
Rbr
viga no pilar P3. Após os cálculos e verificações necessárias, faça um esboço de como
CASO 2B: poderia ser a distribuição de barras ao longo do comprimento longitudinal da viga.
b≥a P3
P2
a a P1 (20×40)
Rbe = p (2,733 − ) V1 (20×55) (20×40)
(20×40)
4,309 b
Rbe
Rbr =
3 L1 L2

V5 (20×55)
V4 (20×55)
Rar = 0,185 p a h=12cm h=12cm

V3 (20×55)

550cm
550cm 550cm

Cálculo do momento de engastamento perfeito:


P5
P4 V2 (20×90) V2 (20×90) (20×40)
(20×40)
VINCULAÇÃO MOMENTO 550 300 200
15 15 50 15
p Figura 1 – Planta de forma do pavimento.
pL2 Dados:
A B M eng = - fck = 40 MPa;
8
- aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm;
- agregado graúdo: brita 0;
- considere o vão efetivo da viga.
- distância entre os pisos = 3,15m (comprimento dos pilares);
- pavimento tipo (tramo superior e inferior igual dos pilares).

Cargas distribuídas nas vigas:


- reações das lajes;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 20cm, altura 2,6m e peso específico
13kN/m3.
Cargas distribuídas nas lajes:
- peso próprio da laje maciça: 3,0 kN/m2;
- revestimentos: 1,5 kN/m2;
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 239 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 240
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Cálculo das reações nas lajes maciças: Prova 2 (peso 6 na M2) – Estruturas de Concreto Armado I 16/05/2012
Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m]. Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a): __________________________________________
Rbe
QUESTÃO 1 (10,0 pontos):
Rar CASO 2B Rar
Dada a viga V2, indicada na Fig. 1, dimensionar e detalhar as seções de máximos
momentos fletores. Quando possível, considerar seção T. Após os cálculos e
Rbr
verificações necessárias, faça um esboço de como poderia ser a distribuição de barras ao
CASO 2B: longo do comprimento longitudinal da viga.
b≥a P2
P1
a a V1 (18×65) (18×50)
Rbe = p (2,733 − ) (18×50)
4,309 b
Rbe
Rbr =
3
Rar = 0,185 p a L1

500cm
h=12cm

Cálculo do momento de engastamento perfeito:


P4
P3 (18×50)
V2 (18×65)
(18×50)

VINCULAÇÃO MOMENTO

p
pL2 L2
A B M eng = h=12cm
8

V4 (18×65)

V5 (18×65)
500cm
832cm
P5 P6
(18×50) V3 (18×65) (18×50)

50 600 50 150 18

Figura 1 – Planta de forma do pavimento.


Dados:
- fck = 25 MPa;
- c = 2,5cm;
- distância entre os pisos = 3,06m (comprimento dos pilares);
- pavimento cobertura.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 241 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 242
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Cargas distribuídas na viga V2: Curso: Engenharia Civil Período: 8º Turno: Vespertino
- reações das lajes; Prova 3 (peso 4,0 na M2) - Construções em Concreto Armado Data: 27/05/04
- peso próprio da viga; Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
- platibanda 15cm, altura 1,2m e peso específico 13kN/m3.
Aluno(a):______________________________________________________________
Cargas distribuídas nas lajes:
- peso próprio da laje; Dada a viga indicada na Fig. 1:
- revestimentos: 1,5 kN/m2; (reboco + telhado)
- carga variável (acidental): 0,5 kN/m2. (sem acesso) a) determinar o comprimento das barras N1, indicadas na Fig. 2. Utilizar o modelo
II com θ = 30º e α = 90º. Após o cálculo, indicar o comprimento das barras N1
Cálculo das reações nas lajes maciças: na Fig. 2, mostrando também a distância até a face do apoio (6 pontos);
Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m].
b) verificar o estado limite de fissura (ELS-W). Considerar que a viga faz parte de
Rbe
um edifício residencial localizado em uma região com CAA II (4 pontos).
p
Rar CASO 2B Rar

Rbr
CASO 2B: 60cm
a a R
b≥a Rbe = p (2,733 − ) Rbr = be Rar = 0,185 p a
4,309 b 3
Cálculo do momento de engastamento perfeito: Lo
20cm
b1 b2
VINCULAÇÃO MOMENTO Figura 1 – Detalhe da viga analisada.
Dados:
p - fck = 30 MPa;
pL2 - b1 = b2 = 20cm (largura dos apoios);
M eng = - Lo = 610cm (vão livre);
12
- bw = 20cm, h = 60cm, d” = 5cm, c = 2,5cm e φt = 5mm.

Cargas distribuídas na viga:


Cálculo das reações na viga contínua: - reação permanente da laje (g) = 7,5kN/m;
Observação: p em [kN/m]; L em [m]; R em [kN]. - reação variável da laje (q) = 7,5kN/m;
- peso próprio da viga (g) = 3kN/m;
P - parede sobre a viga (espessura 15cm, altura 2,4m) (g) = 4,68kN/m;
- carga total (p) = 22,68kN/m.
2 N3 φ 6,3mm
EI EI
1 2 3
L L

R1 R2 R3
2 N1 φ 16mm C = ___
5 pL
R2 =
4 2 N2 φ 16mm

Figura 2 – Detalhamento da viga.

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Questão a) Número mínimo de barras até o apoio (NÃO É NECESSÁRIO):

L = 630cm  a l Vd
 d f = 2cm
2
M = pL2 /8 = 112,52 kN.m

A s,apoio ≥  yd

Dimensionamento à flexão (NÃO É NECESSÁRIO): 1 A 1


 3 s, vao = 3 × 7,14 = 2,38cm
2

Md = γf M = 1,4×100×112,52 = 15752 kN.cm. As,apoio = 2,38cm2 → 2φ16mm (As,ef = 4cm2).


d” = 5cm (arbitrado).
d = h – d” = 60 – 5 = 55cm
Comprimento de ancoragem reto (região de boa aderência):
 Md 
x = 1,25 d  1 − 1 − 2 
= 10,65cm. lb = 34φ = 54,4cm = 55cm.
 0,425 f cd b w d 
xlim = 0,45 d = 24,75cm
como x ≤ xlim → armadura simples: Determinação do comprimento da barra positiva N1:

0,68 f cd b w x Equação de momento fletor da viga:


As = = 7,14cm2.
f yd p x2
2
M(x) = R x −
,
As min = ρmin.b.h = 1,8cm . 2
f
2/3 onde R é a reação vertical, p a carga distribuída e x a distância horizontal. Isolando-se a
ρ min = 0,0667 ck ≥ 0,15% → ρmin = 0,15%. distância x, tem-se:
f yd
R − R 2 − 2 p M(x)
Então, pode-se usar 4φ16mm (As efet = 8cm2). x= .
p
2 cm Por meio desta equação obtêm-se as distâncias correspondentes aos valores de
 momentos fletores que representam as parcelas de cada barra:
e h = 2,53cm ≥ φ = 1,25cm → Ok.
1,2 d
 max = 2,28cm Para M(x) =0 → x = 0m
α” = φ/2 = 0,8cm < 10%h → Ok. Para M(x) = M2φ = M/2 = 112,52/2 = 52,26 kN.m → x2φ = 0,92m
d”ef = c + φt + α” = 2,5 + 0,5 + 1,6/2 = 3,8cm < d”adotado → Ok. Para M(x) = M4φ = M = 112,52 kN.m → x4φ = 3,15m (centro da viga)

Deslocamento do diagrama de momentos:

Considerando o Modelo II, o deslocamento do diagrama de momentos fletores é dado al diagrama original al
por: 630cm
a l = 0,5d (cotgθ − cotg α) ,
M/2 diagram
sendo: 630-2×92 = 446cm
B a
al ≥ 0,5d, no caso geral; M
al ≥ 0,2d, para estribos inclinados a 45°. x2φ
A 48cm
Usando θ=30º (inclinação das bielas comprimidas) e α=90º (inclinação dos estribos), 92cm 48cm 48cm
x4φ
tem-se:

al = 47,63cm = 48cm.

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Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Tabela – Comprimento da barra positiva. Curso: Engenharia Civil Período: 8º Turno: Vespertino
Prova 4 (peso 5,0 na M2) - Construções em Concreto Armado Data: 29/10/04
Comprimento medido pelo ponto Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
Comprimento final
barra A B
adotado (cm) Aluno(a):______________________________________________________________
ci +2al + 2lb ci-1 +2al + 2×(10φ)
N1 0+2×48+2×55 = 206 446+2×48+2×16= 574 574
Dada a viga indicada na Fig. 1, determinar o comprimento das barras negativas. Após os
cálculos, faça um esboço do detalhamento das armaduras longitudinais negativas.
Detalhamento:

2 N3 φ 6,3mm 20 kN/m 3φ16mm

2,5m 6m 50cm

18cm
2 N1 φ 16mm C = 574 62,5 kN.m
15cm
2 N2 φ 16mm -
DMF
+
3,54m
61,46 kN.m

Figura 1 – Detalhe da viga analisada.


Dados:
- fck = 25 MPa;
- considerar que duas barras vão até a extremidade livre da viga;
- d” = 5cm, c = 2,5cm e φt = 5mm;
- Modelo II (θ = 45º)

Observação: o apoio da direita é sobre viga (apoio simples).

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 247 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 248
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RESOLUÇÃO: Deslocamento do diagrama de momentos:

20 kN/m Considerando o Modelo II, tem-se: al = 0,5 d (cotg θ – cotg α) ≥ 0,5d


3φ16mm
Usando θ=45º (inclinação das bielas comprimidas) e α=90º (inclinação dos estribos),
A B tem-se:
2,5m 6m 50cm
al = 0,5d = 22,5cm.
x Comprimento de ancoragem reta: armadura negativa (região de má aderência):
62,5 kN.m
M2 15cm
M1
- Considerando lb,nec = lb (sem gancho), tem-se: lb,nec = 54φ = 87cm (ver tabela anexo).
DMF
+
3,54m Comprimento da barra N1 (barra negativa mais curta):
61,46 kN.m
- comprimento para o lado esquerdo:
Reações:
Comprimento medido pelo ponto
RA = 120,42 kN Comprimento lado
barra A B
RB = 49,58 kN esquerdo (cm)
ci +al + lb ci+1 +al + 10φ
Momentos máximos: N1 0+22,5+87 = 109,5 84+22,5+16 = 122,5 123
M- = 62,5 kN.m
M+ = 61,46 kN.m (distante 2,48m do apoio B) - comprimento para o lado direito:

Equações de momento: Comprimento medido pelo ponto


Comprimento lado
M1 = 49,58x – 10x2 barra A B
direito (cm)
M2 = 49,58x – 10x2 + 120,42 (x-2,5) ci +al + lb ci+1 +al + 10φ
N1 0+22,5+87 = 109,5 35+22,5+16 = 73,5 110
Ponto de momento nulo:
M1 = 49,58x – 10x2 = 0
x = 4,96m (distância do apoio B) Comprimento das barras N2 (as duas barras negativas que vão até a extremidade): estas
distância da extremidade livre = 3,54m são calculadas considerando-se o comprimento da maior barra.

Para facilitar o cálculo dos comprimentos das barras, pode-se considerar o diagrama de - comprimento para o lado esquerdo: até a extremidade.
momentos negativos como sendo um triângulo (solução a favor da segurança, já que
aumenta a área do diagrama). Calculando-se as distâncias por semelhança de triângulos - comprimento para o lado direito:
retângulos tem-se:
Comprimento medido pelo ponto
Comprimento lado
barra A B
direito (cm)
ci +al + lb ci+1 +al + 10φ
20,8 kN.m N2 70+22,5+87 = 179,5 104+22,5+16 = 142,5 180
41,67 kN.m
84 35 62,5 kN.m
167 70

250 104

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 249 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 250
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Detalhamento: Curso: Engenharia Civil Período: 8º Turno: Vespertino
Prova 4 (peso 5,0 na M2) - Construções em Concreto Armado Data: 05/11/04
Prova de 2a chamada
1 N1 φ16mm C=233 Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
110
Aluno(a):______________________________________________________________
2 N2 φ16mm C=473
45 180 QUESTÃO 1: (5 pontos)

Dada a viga indicada na Fig. 1, determinar o comprimento da barra positiva que não
segue até os dois apoios (barra N1). Após os cálculos, complete a Fig. 1 (detalhamento
das armaduras longitudinais positivas).
240cm 580cm
20cm 20cm 15cm

50cm

240cm 580cm
20cm 20cm 3φ16mm
1 N1 φ16mm C=____

2 N2 φ16mm

20 kN/m

2,5m 6m

62,5 kN.m

-
DMF
+
3,54m
61,46 kN.m

Figura 1 – Detalhe da viga analisada.

Dados:
- fck = 25 MPa;
- considerar que duas barras vão até os apoios da viga;
- d” = 5cm, c = 2,5cm e φt = 5mm;
- Modelo II (θ = 45º)

Observação: o apoio da direita é sobre viga (apoio simples – sem momento).

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Prova 4 (peso 10 na M3) – Estruturas de Concreto Armado 07/07/2010 Prova 5 (peso 10 na M3) – Estruturas de Concreto Armado 13/07/2011
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a): __________________________________________ Aluno(a): __________________________________________

Dada a viga indicada na Fig. 1, determinar os comprimentos das barras positivas e Dada a viga V2 indicada na figura abaixo, calcular o comprimento das barras
negativas. Após os cálculos, complete a Fig. 1. longitudinais e realizar o detalhamento completo.

1 N1 φ20mm C=____
P2
P1 (20×50)
V1 (20×65)
(20×80)
2 N2 φ20mm C=_____

____ _____
_ 3φ20mm
L1

V3 (20×65)

V4 (20×65)
550cm
h=14cm

750cm
200cm 650cm
20cm 20cm 3φ16mm
1 N1 φ16mm C=____
P3 P4
_____ ____ (20×80) V2 (20×65) (20×50)
_
2 N2 φ16mm C= _____

40 kN
Dados:
30 kN/m - fck = 25 MPa;
- d” = 5cm, c = 2,5cm e φt = 5mm.

Cargas distribuídas na viga V2:


- reação da laje = 12,47 kN/m;
- peso próprio da viga = 3,25 kN/m;
150,15 kN.m - parede sobre a viga = 8,07 kN/m;
- carga total (p) = 23,79 kN/m.
-
DMF Momento de solidariedade com o pilar P3: Mvig = 156,32 kN.m
+

101,63 kN.m

- seção da viga: 20×70cm;


- fck = 35 MPa;
- d” = 5cm, c = 2,5cm e φt = 5mm;
- Modelo II (θ = 45º)
- M = 150,15 kN.m → As = 7,93 cm2
- M = 101,63 kN.m → As = 5,23 cm2

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 253 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 254
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Reações: Exercício - Construções em Concreto Armado Data: 04/05/05
L = 7,40 m Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
R1 = 109,15 kN Aluno(a):______________________________________________________________
R2 = 66,90 kN

Momento positivo: x = 2,81m - M = 94,06 kN.m Dimensionar a armadura transversal (estribos) para a viga V1 indicada na Fig. 1 através
do MODELO II com θ = 45º. Indicar o detalhamento longitudinal (apenas mostrar
Armadura Negativa: espaçamento, bitola dos estribos em cada trecho e comprimento dos trechos).
x = 16,9 cm
As = 9,46 cm2
65cm
As,min = 1,95 cm2 Seção da V1
3 φ 20 mm
V2 (apoiada) 50cm
Armadura Positiva:
x = 9,65 cm
12cm
As = 5,39 cm2
As,min = 1,95 cm2 30 475cm 20
5 φ 12,5 mm

Comprimentos das barras: Figura 1 – Detalhe da viga V1.


al = 30 cm (modelo II)
lb = 108 cm (negativa) Dados:
lb = 48 cm (positiva) - fck = 30 MPa (Concreto C30);
comprimento trecho momento negativo = 1,77 m - d” = 5cm;
- c = 2,5cm;
para M = 75,25 kN.m → x = 1,55 m - considerar apoios diretos.
para M = 56,44 kN.m → x = 1,04 m
para M = 37,62 kN.m → x = 0,64 m Cargas na viga V1:
- reação da laje (g+q) = 17,65 kN/m;
Armadura negativa: - reação da viga V2 = 120,0 kN;
Barra menor: - peso próprio da viga = 1,5 kN/m;
L = maior (30+108; 59+30+20) - parede sobre a viga com espessura 15cm, altura 3m e peso específico
L = 138 cm 13kN/m3.

Duas barras maiores: Observações:


L = maior (118+30+108; 177+30+20) - Empregar MODELO II da NBR6118/03 com θ = 45º;
L = 256 cm - Não é necessário calcular comprimento e número de estribos;
- Adotar vãos efetivos de acordo com os critérios de norma.
Armadura positiva:
Barra menor:
L = maior (30+48; 126+30+12,5)
L = 168,5×2 = 337 cm

Barra intermediária:
L = maior (126+30+48; 177+30+12,5)
L = 219,5×2 = 439 cm

Barra maior:
L = maior (177+30+48; 217+30+12,5)
L = 261,5×2 = 523 cm
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 255 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 256
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
sw = 100cm;
Resolução: fctm = 0,3 fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto);
0,8m fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço).
120 kN
25 kN/m Substituindo valores:
f
ρ sw = 0,2 ctm = 0,116%
f ywk
Asw,min = 1,39cm2/m.
5,0m
100 n a s 100 × 2 × 0,2
s= = = 28,77cm → φ5mm c/28cm (estribo de dois ramos).
163,3 143,3 A sw 1,39

23,3 Supondo Vd < 0,67 VRd2 para o trecho de armadura mínima:


DEC (kN)
0,6 d = 27cm
s max ≤  → Então, deve-se usar: φ5mm c/27cm
81,7 30 cm
Então, Asw,min,ef = 1,48cm2/m.

Será empregado o modelo II da NBR 6118:2014 com θ=45°. - Esforço cortante correspondente à armadura mínima (Vmin)
d = h - d” = 45cm
Partindo-se da fórmula do dimensionamento:
- verificação da compressão diagonal do concreto (VS d − Vc ) s w
A sw =
0,9 d f ywd cotg θ
Deve ser satisfeita a condição:
Vd,max ≤ VRd2, Para o caso de armadura mínima tem-se:
sendo: (1,4Vmin − Vc ) s w
VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen2 θ (cotg α + cotg θ) , A sw, min =
0,9 d f ywd cotg θ
 f 
e αv = 1 − ck  com fck em MPa. Isolando Vmin:
 250 
1  A sw, min 
Para θ = 45º (e α = 90º) Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ + Vc 
VRd2 = 0,27 αv fcd bw d 1,4  s w 

αv = 1 – 30/250 = 0,88 Como o esforço cortante 1,4Vmin está sempre no trecho de interpolação de Vc, tem-se:
VRd2 = 0,27 αv fcd bw d = 0,27×0,88×(3,0/1,4)×12×45 = 274,94 kN (V − VSd ) (VRd2 − 1,4 Vmin )
Vc = Vco Rd2 =V
(VRd2 − Vco ) co (VRd2 − Vco )
O esforço cortante de cálculo vale:
Vd,max = 1,4×163,3 = 228,62 kN. Substituindo-se Vc na fórmula anterior:

Como Vd,max < VRd2, não há esmagamento do concreto. (V − 1,4 Vmin )


1  A sw, min
Vmin =
 0,9 d f ywd cotg θ + Vco Rd2
- armadura mínima 1,4  s w (VRd2 − Vco ) 
Novamente isolando Vmin:
A sw, min = ρ sw b w s w sen α ,
f ctm  Vco  1  A sw, min Vco VRd2 
ρ sw = 0,2 , Vmin 1 + =  0,9 d f ywd cotg θ + 
f ywk  (VRd2 − V )
co  1, 4 s
 w (VRd2 − Vco ) 

onde:
Asw,min é a área mínima de estribos (cm2/m);
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1 1  A sw, min Vco VRd2  - Definição dos trechos de armaduras:
Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ +
 Vco  1,4  s w (VRd2 − Vco ) 163,3
1 +  ω1=1,31m
 (VRd2 − Vco ) 142,72 φ5 c/27
Asw,min
DEC (kN)
(VRd2 − Vco )  A sw,min Vco VRd2 
Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ +
1,4 VRd2
 sw (VRd2 − Vco ) 48,97 73,57
81,7
Fórmula para qualquer valor de α:
(V − Vco )  A sw,min Vco VRd2  ω = (V-Vmin)/p = 1,31m
Vmin = Rd2  0,9 d f ywd (cotg α + cotg θ) sen α +
1,4 VRd2  s w (VRd2 − Vco ) 
- Dimensionamento do trecho com Vred = 142,72 kN
Substituindo valores:
Vd = 1,4×142,72 = 199,8 kN
VRd2 = 274,94 kN.
VRd2 = 274,94 kN.
fctd = 0,15 fck2/3 = 1,45 MPa = 0,145 kN/cm2
Vco = 0,6 fctd bw d = 46,92 kN.
Vco = 0,6 fctd bw d = 0,6×0,145×12×45 = 46,92 kN.
(V − VSd ) (274,94 − 199,8) = 15,46 kN
Como Vd > Vco: Vc = Vco Rd2 = 46,92
(274,94 − 46,92) 1,48 × 0,9 × 45 × 43,5 × 1,0 + 46,92 × 274,94  (VRd2 − Vco ) (274,94 − 46,92)
Vmin =  100
1,4 × 274,94  (274,94 − 46,92) Para α=90º:
(Vd − Vc ) s w (199,8 − 15,46) 100 = 10,46cm2/m
A sw = =
Vmin = 48,97 kN. 0,9 d f ywd cotg θ 0,9 × 45 × 43,5 × cotg 45
100 n a s 100 × 2 × 0,5
- Redução do esforço cortante nos apoios diretos s= = = 9,55cm → φ8mm c/9cm (estribo de dois ramos).
A sw 10,46
Como os apoios da viga são apoios diretos (pilares), pode-se reduzir o valor do esforço 0,3 d = 13,5cm
Como Vd = 199,8 kN > 0,67 VRd2 = 184,21 kN: s max ≤  → smax = 13cm
cortante: 20 cm
Apoio da esquerda: como a distância da carga concentrada é menor que 2d=90, pode- - Dimensionamento do trecho com Vred = 73,57 kN
se reduzir o esforço cortante devido a carga concentrada.
Vd = 1,4×73,57 = 103,0 kN
∆Vdist = p
(t + d ) = 25×(0,3+0,45)/2 = 9,375 kN VRd2 = 274,94 kN.
2 Vco = 46,92 kN.
P (L − x )  x  120 (5,0 − 0,8)  0,8  (V − VSd ) (274,94 − 103,0) = 35,38 kN
∆Vconc = 1 −  = 1 −  = 11,2 kN Como Vd > Vco: Vc = Vco Rd2 = 46,92
L  2d  5,0  2 × 0,45 
(VRd2 − Vco ) (274,94 − 46,92)
Vred = 163,3 – 9,375 – 11,2 = 142,72 kN Para α=90º:
(Vd − Vc ) s w (103,0 − 35,38) 100 = 3,84cm2/m
A sw = =
0,9 d f ywd cotg θ 0,9 × 45 × 43,5 × cotg 45
Apoio da direita:
100 n a s 100 × 2 × 0,315
∆Vdist = p
(t + d ) = 25×(0,2+0,45)/2 = 8,125 kN s= = = 16,4cm → φ6,3mm c/16cm (estribo de dois ramos).
A sw 3,84
2
Vred = 81,7 – 8,125 = 73,57 kN 0,6 d = 27cm
Como Vd = 103,0 kN < 0,67 VRd2 = 184,21 kN: s max ≤  → smax = 27cm
30 cm

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 259 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 260
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
- Detalhamento: Prova 3 (peso 1,75 na M2) - Construções em Concreto Armado Data: 22/09/05
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
65cm
Seção da V1 Aluno(a):______________________________________________________________

V2 (apoiada) 50cm
Dimensionar a armadura transversal (estribos) para a viga V1 indicada na Fig. 1 através
do MODELO II com θ = 30º. Indicar o detalhamento longitudinal (apenas mostrar
12cm
espaçamento, bitola dos estribos em cada trecho e comprimento dos trechos).
30 475cm 20

8 N1 φ8 c/9 9 N3 φ6,3 c/16 45 P3 (nasce)


10 N2 φ5 c/27
65cm 280cm 130cm Seção V1
7
8 N1 φ8 C = 118
10 N2 φ5 C = 118 80cm
20cm
9 N3 φ6,3 C = 118
P1 35cm
P2
30 570cm (morre 30 155cm

Figura 1 – Detalhe da viga V1.

Dados:
- fck = 30 MPa (Concreto C30);
- d” = 7cm.

Cargas na viga V1:


- reação da laje (g+q) = 10,25 kN/m;
- carga do pilar P3 = 450,0 kN;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 15cm, altura 2,2m e peso específico
13kN/m3.

Observações:
- Empregar MODELO II da NBR 6118:2014 com θ = 30º;
- Não é necessário calcular comprimento e número de estribos;
- Adotar vãos efetivos de acordo com os critérios de norma.

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 261 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 262
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Resolução: 0,6 d = 43,8cm
450 kN s max ≤  → Ok, pode-se usar: φ6,3mm c/15cm
21,54 kN/m
30 cm
Então, Asw,min,ef = 4,2cm2/m.

- Esforço cortante correspondente à armadura mínima (Vmin)


6,0m 1,6m
(VRd2 − Vco )  A sw,min Vco VRd2 
Vmin =  0,9 d f ywd (cotg α + cotg θ) sen α +
484,46
450 1,4 VRd2  sw (VRd2 − Vco ) 
Para α=90º:
DEC (kN) (VRd2 − Vco )  A sw,min Vco VRd2 
Vmin =  0,9 d f ywd cotg θ +
60,0 1,4 VRd2  sw (VRd2 − Vco )
189,2

VRd2 = = 1126,57 kN
fctd = 0,15 fck2/3 = 1,45 MPa = 0,145 kN/cm2
Será empregado o modelo II da NBR 6118:2014 com θ=30° e α=90º. Vco = 0,6 fctd bw d = 0,6×0,145×35×73 = 222,28 kN.
d = h - d” = 73cm
Substituindo valores:
- verificação da compressão diagonal do concreto Vmin = 277,76 kN.

Vd,max ≤ VRd2, - Redução do esforço cortante nos apoios diretos


VRd2 = 0,54 αv fcd bw d sen2 θ (cotg α + cotg θ) ,
Como os apoios da viga são apoios diretos (pilares), pode-se reduzir o valor do esforço
αv = 1 – 30/250 = 0,88 cortante:
VRd2 = 0,54×0,88×(3,0/1,4)×35×73×sen2 30º×(0+cotg 30º) = 1126,57 kN
Vd,max = 1,4×484,46 = 678,24 kN. Apoio da direita:
∆Vdist = p
(t + d ) = 21,54×(0,3+0,73)/2 = 11,09 kN
Como Vd,max < VRd2, não há esmagamento do concreto. 2
Vred = 484,46 – 11,09 = 473,37 kN
- armadura mínima

A sw, min = ρ sw b w s w sen α , - Definição dos trechos de armaduras:


onde:
Asw,min é a área mínima de estribos (cm2/m);
484,46
sw = 100cm; 450

Taxa mínima de armadura: DEC (kN)


f
ρ sw = 0,2 ctm = 0,116% 60,0
f ywk 189,2
fctm = 0,3 fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto);
fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço).

Asw,min = 4,06cm2/m.
100 n a s
s= =15,5 → φ6,3mm c/15cm (estribo de dois ramos).
A sw

Supondo Vd < 0,67 VRd2 para o trecho de armadura mínima:

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 263 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 264
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
- Dimensionamento do trecho com Vred = 473,37 kN Prova 3 (peso 1,75 na M2) – Construções em Concreto Armado 20/09/2006
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Vd = 1,4×473,37 = 662,72 kN Aluno: __________________________________________
VRd2 = = 1126,57 kN
Vco = 243,6 kN. QUESTÃO 1 (8,5 pontos):
(V − VSd ) = 127,97 kN
Como Vd > Vco: Vc = Vco Rd2
(VRd2 − Vco ) Dimensionar a armadura transversal (estribos) para a viga V1 indicada abaixo através
do MODELO II com θ = 45º. Indicar o detalhamento longitudinal (apenas mostrar
Para α=90º:
espaçamento, bitola dos estribos em cada trecho e comprimento dos trechos).
Asw =
(Vd − Vc ) s w = 10,80cm2/m
0,9 d f ywd cotg θ
P5 (15×40)
100 n a s 100 × 4 × 0,315 NASCE V1 (15×75)
s= = = 11,67cm → φ6,3mm c/11cm (estribo de 4 ramos). P1 (15×50)
P2
A sw 10,8 (15×50)
MORRE
0,6 d
Como Vd < 0,67 VRd2 : s max ≤  → smax = 30cm 100cm
30 cm

V3 (15×50)

V4 (15×50)
L1

450cm
0,6 d h=10cm
Como Vd > 0,2 VRd2 : s t, max ≤ → st,max = 35cm → Ok (pode-se usar estribo de 2
35 cm
ramos). 600cm

100cm

P3 (15×50)
MORRE P6 (15×40) P4
V2 (15×75)
NASCE (15×50)
Figura 1 – Planta de forma do pavimento.
Dados:
- fck = 30 MPa (CCA II);
- aço CA-50;
- φt = 5mm (bitola do estribo);
- c = 2,5cm (CCA II e ∆c=5mm);
- agregado graúdo: brita 1;
- considere o vão efetivo da viga.

Cargas na viga de transição V1:


- carga distribuída devido às reação da laje maciça (g+q);
- peso próprio da viga (g);
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,3m e peso específico
13kN/m3 (g);
- carga concentrada do pilar que nasce: P = 300 kN = 30 tf (parcela
permanente e variável juntas: G+Q).

Cargas distribuídas nas lajes maciças com 10cm de espessura:


- peso próprio da laje: 2,5 kN/m2;
- revestimentos: 1,2 kN/m2;
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2 (edifício comercial).

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 265 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 266
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Observação: como as cargas acidentais representam pequena parcela do carregamento Prova 3 (peso 5,0 na M2) – Estruturas de Concreto Armado II Data: 13/11/07
total, pode-se considerar todo o carregamento ocorrendo simultaneamente para a Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
determinação dos momentos positivos. Aluno(a):______________________________________________________________

Cálculo das reações nas lajes maciças:


Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m]. Dimensionar a armadura transversal (estribos) para a viga V2 indicada abaixo através
do MODELO I. Indicar o detalhamento longitudinal (apenas mostrar espaçamento,
Rbr
bitola dos estribos em cada trecho e comprimento dos trechos).
Rar CASO 1 Rar
P2
P1 (15×50)
V1 (15×50)
Rbr (15×50)

CASO 1: b é o maior lado (b≥a) L2


a a h=12cm
Rbr = p ( 2 − )
4 L1

V3 (15×50)

V4 (15×50)
b

V5 (15×50)
500cm
a h=12cm
Rar = p
4
600cm 185cm
P4
P3 (15×50)
(15×50)

V2 (15×50) V2 (15×50)

Figura 1 – Planta de forma do pavimento.

Considerar as lajes com comportamento unidirecional (lajes pré-moldadas),


descarregando apenas nas vigas perpendiculares ao menor vão (R=pL/2).

Dados:
- fck = 25 MPa;
- aço CA-50;
- c = 2,5cm (CCA II e ∆c=5mm);
- agregado graúdo: brita 1;
- considere o vão efetivo da viga.

Cargas distribuídas nas vigas V2 e V5:


- reações das lajes;
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
13kN/m3.

Cargas distribuídas nas lajes:


- peso próprio da laje: 2,4 kN/m2;
- revestimentos: 1,2 kN/m2;
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2.

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Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Resolução: Prova 3 (peso 5,0 na M2) – Estruturas de Concreto Armado II Data: 04/11/09
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
Carga nas lajes: g = 3,6 kN/m2 e q = 2,0 kN/m2 Aluno(a):______________________________________________________________

Reação na viga V2: Dimensionar a armadura transversal (estribos) para a viga V2 indicada abaixo através
L1: R = 14,0 kN/m (parcela acidental = 5,0 kN/m) do MODELO I. Indicar o detalhamento longitudinal (apenas mostrar espaçamento,
bitola dos estribos em cada trecho e comprimento dos trechos).
Reação na viga V5:
L2: R = 5,18 kN/m (parcela acidental = 1,85 kN/m) P2
P1 (18×50)
V1 (18×60)
Cargas na viga V5: (18×50)
- peso próprio da viga: 1,875 kN/m;
- parede: 5,85 kN/m;
- parcela permanente da reação da laje = 3,33 kN/m;
- parcela variável da reação da laje = 1,85 kN/m; L1

V3 (18×60)
h=14cm

600cm

V5 (18×60)
Reação da viga V5 na viga V2:
R = 33,23 kN (parcela acidental = 4,76 kN)
950cm

Cargas na viga V2:


Trecho 1:
P4
- peso próprio da viga: 1,875 kN/m; (18×50)
P3 V2 (18×60)
- parede: 5,85 kN/m; (18×50)
- parcela permanente da reação da laje = 9,0 kN/m;
- parcela variável da reação da laje = 5,0 kN/m; 750 150
- total: g = 16,725 kN/m; q = 5,0 kN/m; p1 = g + q = 21,725 kN/m Dados: 18 50 18
- fck = 20 MPa;
Trecho 2: - aço CA-50;
- peso próprio da viga: 1,875 kN/m; - φt = 5mm (bitola do estribo);
- parede: 5,85 kN/m; - c = 3cm;
- carga concentrada (reação permanente da V5: G) = 28,47 kN; - agregado graúdo: brita 1;
- carga concentrada (reação variável da V5: Q) = 4,76 kN;
- total: p2 = g = 7,725 kN/m; P=G + Q = 33,23 kN Cargas distribuídas nas vigas:
- reações das lajes;
Vãos efetivos: L1 = 6,15m e L2 = 2,0m - peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico
13kN/m3.

Cargas distribuídas nas lajes:


- peso próprio da laje: 3,5 kN/m2;
- revestimentos: 1,5 kN/m2;
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2 (escritório).

Cálculo das reações nas lajes maciças:


Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m].
Rbr
CASO 1: b é o maior lado (b≥a)
a a
Rar CASO 1 Rar Rbr = p ( 2 − )
4 b
a
Rbr Rar = p
4
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 269 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 270
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Prova 3 (peso 5 na M2) – Estruturas de Concreto Armado 29/06/2011 Resolução:
Prof: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a): __________________________________________ Laje: p = 8,25 kN/m2
Rbr = 11,68 kN/m
Dada a viga V1 indicada abaixo, dimensionar a armadura transversal (estribos) através
do MODELO I. Indicar o detalhamento longitudinal. Viga V1: p = 19,78 kN/m
P2 P3 R2 = 189,15 kN
P1 (15×50) V1 (15×60) (15×50) R1 = R3 = 56,74 kN
V1 (15×60)
(15×50)
- verificação da compressão diagonal do concreto

Deve ser satisfeita a condição:


L1 L2 Vd,max ≤ VRd2,
V3 (15×60)

V4 (15×60)

V5 (15×60)
h=15cm h=15cm
600cm
sendo:
VRd2 = 0,27 αv fcd bw d,
750cm 750cm  f ck 
e αv = 1 −  com fck em MPa.
 250 
αv = 1 – 20/250 = 0,92
P4 VRd2 = 0,27 αv fcd bw d = 0,27×0,92×(2,0/1,4)×15×54 = 287,43 kN
(15×50)
V2 (15×60) P5 V2 (15×60) P6
(15×50) (15×50) O esforço cortante de cálculo vale:
Dados: Vd,max = 1,4×94,58 = 132,41 kN.
- fck = 20 MPa; c = 2,5cm;
Como Vd,max < VRd2, não há esmagamento do concreto.
Cargas distribuídas na viga V2:
- reações das lajes; - armadura mínima
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 18cm, altura 2,5m e peso específico A sw, min = ρ sw b w s w sen α ,
13kN/m3. f ctm
ρ sw = 0,2 ,
Cargas distribuídas nas lajes maciças: f ywk
- peso próprio da laje:
- revestimentos: 1,5 kN/m2; onde:
- carga variável (acidental): 3,0 kN/m2. Asw,min é a área mínima de estribos (cm2/m);
P2 sw = 100cm;
p1
fctm = 0,3 fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto);
fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço).
EI EI
1 2 3
L1 L2 Substituindo valores:
f
ρ sw = 0,2 ctm = 0,088%
f ywk
R1 R2 R3 Asw,min = 1,32 cm2/m.
100 n a s 100 × 2 × 0,2
s= = = 30,3 cm → φ5mm c/ 30cm (estribo de dois ramos).
p1 L1 + p 2 L 2 p1 L31 + p 2 L32  1 1  A sw 1,32
R2 = +  + 
2 8 (L1 + L 2 ) L
 1 L 2 
Supondo Vd < 0,67 VRd2 para o trecho de armadura mínima:
0,6 d = 32,4 cm
s max ≤  → Então, deve-se usar: φ5mm c/30cm
30 cm
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 271 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 272
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Então, Asw,min,ef = 1,33 cm2/m. 100 n a s 100 × 2 × 0,2
s= = = 12,27cm → φ5mm c/ 12cm (estribo de dois ramos).
A sw 3,26
- Esforço cortante correspondente à armadura mínima (Vmin)

Partindo-se da fórmula do dimensionamento: 0,6 d


Como Vd = 122,74 kN > 0,67 VRd2 = 192,58 kN: s max ≤  → smax = 30cm
(V − Vc ) s w 30 cm
A sw = S d
0,9 d f ywd

Para o caso de armadura mínima tem-se:


(Vd, min − Vc ) s w
A sw, min =
0,9 d f ywd
Isolando Vmin:
A sw,min
Vd, min = 0,9 d f ywd + Vc
sw

fctd = 0,15 fck2/3 = 1,11 MPa = 0,111 kN/cm2


Vc = 0,6 fctd bw d = 0,6×0,111×15×54 = 53,95 kN.
Vd,min = 82,07 kN.
Vmin = 58,62 kN.

Como o esforço cortante correspondente à armadura mínima é maior que o esforço


característico nos apoios de extremidade, deve-se calcular armadura apenas para o
trecho central da viga.

- Redução do esforço cortante nos apoios diretos

Como os apoios da viga são apoios diretos (pilares), pode-se reduzir o valor do esforço
cortante:

Apoio central:
∆Vdist = p
(t + d ) = 19,78×(0,15+0,54)/2 = 6,82 kN
2
Vred = 94,58 – 6,82 = 87,76 kN

- Comprimento do trecho com armadura maior que a mínima:


ω = (V-Vmin)/p = (94,58 - 58,62) / 19,78 = 1,82m

- Dimensionamento do trecho com Vred = 87,76 kN

Vd = 1,4×87,76 = 122,86 kN
Vc = 53,95 kN.

(Vd − Vc ) s w (122,86 − 53,95) 100 = 3,26cm2/m


A sw = =
0,9 d f ywd 0,9 × 54 × 43,5

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 273 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 274
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 5 (peso 10,0 na M3) – Estruturas de Concreto Armado II Data: 07/12/11 Resolução:
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a):______________________________________________________________ Laje: p = 7,25 kN/m2
Rar = 11,20 kN/m
Dimensionar a armadura transversal (estribos) para a viga V2 indicada abaixo através Rbr = 16,48 kN/m
do MODELO I. Indicar o detalhamento longitudinal (apenas mostrar espaçamento,
bitola dos estribos em cada trecho e comprimento dos trechos). Viga V3: p = 20,24 kN/m
R1 = R2 = 62,23 kN
P1 P2
(18×50) V1 (18×60)
(18×50) Viga V2: p = 25,42 kN/m; P = 62,23 kN
R1 = R2 = 210,68 kN

V1 = 62,23 kN
V2 = 109,00 kN
L1 V3 = 101,68 kN
h=15cm
600cm
V3 (18×60)

V4 (18×60)
- verificação da compressão diagonal do concreto
1150cm
Deve ser satisfeita a condição:
Vd,max ≤ VRd2,
P3 P4
sendo:
(18×50) V2 (18×60) (18×50) VRd2 = 0,27 αv fcd bw d,
 f ck 
e αv = 1 −  com fck em MPa.
 250 
18 150 750 150
18 αv = 1 – 20/250 = 0,92
Dados: VRd2 = 0,27 αv fcd bw d = 0,27×0,92×(2,0/1,4)×18×54 = 344,92 kN
- fck = 20 MPa;
- d” = 6cm; O esforço cortante de cálculo vale:
Vd,max = 1,4×109,00 = 152,60 kN.
Cargas distribuídas nas vigas:
- reações das lajes; Como Vd,max < VRd2, não há esmagamento do concreto.
- peso próprio da viga;
- parede sobre a viga com espessura 20cm, altura 2,4m e peso específico - armadura mínima
13kN/m3.
A sw, min = ρ sw b w s w sen α ,
Cargas distribuídas nas lajes: f ctm
- peso próprio da laje; ρ sw = 0,2 ,
- revestimentos: 1,5 kN/m2; f ywk
- carga variável (acidental): 2,0 kN/m2 (escritório).
onde:
Cálculo das reações nas lajes maciças: Asw,min é a área mínima de estribos (cm2/m);
Observação: p em [kN/m2]; a e b em [m], sendo b≥a; R em [kN/m]. sw = 100cm;
fctm = 0,3 fck2/3 em MPa (resistência média à tração do concreto);
Rbr CASO 1: b é o maior lado (b≥a) fywk ≤ 500MPa (resistência característica do aço).
a a
Rbr = p ( 2 − )
Rar CASO 1 Rar 4 b Substituindo valores:
a f
Rar = p ρ sw = 0,2 ctm = 0,088%
Rbr 4 f ywk
Asw,min = 1,59 cm2/m.
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 275 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 276
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
100 n a s 100 × 2 × 0,2 Vc = 64,46 kN.
s= = = 25,13 cm → φ5mm c/ 25cm (estribo de dois ramos).
A sw 1,59
(Vd − Vc ) s w (134,09 − 64,46) 100 = 3,30 cm2/m
A sw = =
Supondo Vd < 0,67 VRd2 para o trecho de armadura mínima: 0,9 d f ywd 0,9 × 54 × 43,5
0,6 d = 32,4 cm
s max ≤  → Então, deve-se usar: φ5mm c/25cm
30 cm
100 n a s 100 × 2 × 0,2
Então, Asw,min,ef = 1,60 cm2/m. s= = = 12,14cm → φ5mm c/ 12cm (estribo de dois ramos).
A sw 3,30
- Esforço cortante correspondente à armadura mínima (Vmin)
0,6 d
Partindo-se da fórmula do dimensionamento: Como Vd = 134,09 kN > 0,67 VRd2 = 231,09 kN: s max ≤  → smax = 30cm
30 cm
(V − Vc ) s w
A sw = S d
0,9 d f ywd - Dimensionamento do trecho com Vred = 88,46 kN

Para o caso de armadura mínima tem-se: Vd = 1,4×88,46 = 123,84 kN


(Vd, min − Vc ) s w Vc = 64,46 kN.
A sw, min =
0,9 d f ywd
(Vd − Vc ) s w (123,84 − 64,46) 100 = 2,81 cm2/m
Isolando Vmin: A sw = =
A sw,min 0,9 d f ywd 0,9 × 54 × 43,5
Vd, min = 0,9 d f ywd + Vc
sw
100 n a s 100 × 2 × 0,2
fctd = 0,15 fck2/3 = 1,11 MPa = 0,111 kN/cm2 s= = = 14,23cm → φ5mm c/ 14 cm (estribo de dois ramos).
Vc = 0,6 fctd bw d = 0,6×0,111×18×54 = 64,46 kN. A sw 2,81
Vd,min = 98,26 kN.
Vmin = 70,19 kN. 0,6 d
Como Vd = 123,84 kN > 0,67 VRd2 = 231,09 kN: s max ≤  → smax = 30cm
30 cm
Como o esforço cortante correspondente à armadura mínima é maior que o esforço
característico nos apoios de extremidade, deve-se calcular armadura apenas para o
trecho central da viga.

- Redução do esforço cortante nos apoios diretos

Como os apoios da viga são apoios diretos (pilares), pode-se reduzir o valor do esforço
cortante:

Apoio central:
∆Vdist = p
(t + d ) = 25,42×(0,5+0,54)/2 = 13,22 kN
2

- Comprimento dos trechos com armadura maior que a mínima:


ω1 = (V-Vmin)/p = (109 – 70,19) / 25,42 = 1,53m
ω2 = (V-Vmin)/p = (101,68 – 70,19) / 25,42 = 1,24m

- Dimensionamento do trecho com Vred = 95,78 kN

Vd = 1,4×95,78 = 134,09 kN
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 277 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 278
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 4 (peso 1,75 na M2) - Construções em Concreto Armado Data: 29/09/05 Resolução:
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a):______________________________________________________________ Tk,max = 11,375 kN.m
Vk,max = 62,44 kN
θ = 45º
Calcular a armadura transversal (apenas os estribos) da viga V1 indicada abaixo.
Representar um esquema longitudinal e indicar o espaçamento dos estribos. Observe he > 8,20cm
que a viga V3 e a viga V4 estão “engastadas” na viga V1. he < 9,38cm → he = 9,38cm

Dados: Ae = 837,58cm2
- fck = 25 MPa; ue = 122,48cm
- d = 45cm; d = 45cm
- c = 2,5cm;
- φt = 8,0mm; Vd = 87,42 kN
- φl = 16mm. VRd2 = 585,80 kN
Td = 15,93 kN.m
Observações: TRd2 = 63,13 kN.m
- Empregar o MODELO I para o esforço cortante;
- As medidas apresentadas já são os vãos teóricos; Vd/VRd2 + Td/TRd2 = 0,40 → Ok.
- Não é necessário calcular comprimento e número de estribos;
- Não é necessário calcular a armadura longitudinal. Armadura transversal de torção (próximo aos apoios):
AswT = 2,19 cm2/m
Cargas distribuídas na viga V1:
- peso próprio = 3,75 kN/m; Armadura transversal devido ao esforço cortante:
- parede = 5 kN/m; Asw = 0,0 cm2/m
- reação da laje L1 = 12,5 kN/m. Asw,min = 3,08 cm2/m

Cargas distribuídas nas vigas V2, V3 e V4: Armadura transversal total (próximo aos apoios):
- peso próprio = 1,5 kN/m; AswTOTAL = Asw + 2AswT = 3,08 + 4,37 = 7,45 cm2/m
- parede = 5 kN/m; φ 8mm c/ 13cm

Armadura transversal total (centro):


AswTOTAL = Asw + 2AswT = 3,08 cm2/m
φ 8mm c/ 27cm
Laje L1

V1 (30×50)
V4 (15×40)
V3 (15×40)

P1 (30×50) P2 (30×50)
1m

V2 (15×40)

1m 2,5m 1m

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 279 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 280
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Exercício (peso 1,75 na M2) - Construções em Concreto Armado Data: 27/09/06 Observação:
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho - Empregar MODELO I da NBR 6118:2014 para o esforço cortante.
Aluno(a):______________________________________________________________
Cargas distribuídas na viga V1:
- peso próprio;
Dimensionar a viga V1 indicadas na Fig. 1 (planta baixa). Apresentar um esboço do - parede com altura 2,5m e espessura 18cm (desprezar a abertura da porta na
detalhamento. Observe que a laje L1 está “engastada” na viga V1 (ver detalhe na Fig. parede);
2). - reação da laje L1.

Dados: Cargas distribuídas na laje em balaço:


- Concreto C30 (fck =30 MPa); - peso próprio = 3,0 kN/m2 (h=12cm);
- d” = 6cm; - carga variável = 1,5 kN/m2;
- c = 2,5cm; - revestimentos = 1,2 kN/m2;
- distância de piso a piso = 3,0m. - carga total na laje = 5,7 kN/m2.

Cargas lineares no bordo da laje em balaço:


- peso próprio do guarda-corpo = 1,0 kN/m;
- carga variável = 2,0 kN/m.

V1 (30×60)
40

P1 (30×40) P1 (30×40)

L1 130cm
h=12cm

30 100 350cm 100 30

Figura 1 – Planta baixa (sem escala).

L1 (h=12cm)

V1 (30×60)

Figura 2 – Corte (sem escala).

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 281 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 282
Prof. Luiz Alberto Duarte Filho Prof. Luiz Alberto Duarte Filho
Prova 4 (peso 4 na M3) – Estruturas em Concreto Armado I Data: 05/07/07 - Pode-se considerar a carga do trecho inclinado constante no
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho comprimento da viga.
Aluno(a):______________________________________________________________
Cargas distribuídas nos degraus (para projeto de vigas)*:
- peso próprio;
Calcular a viga VE1 que suporta a escada indicada na Fig. 1 (planta baixa). Representar - revestimentos = 1,5 kN/m2;
um esquema longitudinal e indicar o espaçamento dos estribos. Observe que os degraus - acidental = 3,0 kN/m2.
estão engastados na viga (ver detalhe na Fig. 2).
* para projeto dos degraus deve ser considerada uma carga concentrada de 2,5 kN na
Dados: extremidade do balanço.
- fck = 25 MPa;
- d” = 5cm;
- c = 2,5cm.

450 136.5

2.88 SUPERIOR

16
15
8
10

30 12 13.3 V4 15x50
11
10
18
07
06
05 A
04
03 SUPERIOR
02 V4 15x50
0.00 TERREO
01
65 65

V7 15x60 121.5
VE1 20x50

16

15

14

SEÇÃO A-A 13

12
30
11

8 10

09
A 450
18 08

A 13.3 07

06

05

04
65 20 65 30 03
30 02

01

V7 15x60
TERREO

A
Observações:
- Empregar MODELO I da NBR6118:2003 para o esforço cortante;
- Não é necessário calcular comprimento dos estribos;
- Usar o comprimento em projeção para a viga, com peso próprio maior;
UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 283 UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 284
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Prova (peso 4 na M3) – Estruturas de Concreto Armado I Data: 11/12/07
Professor: Luiz Alberto Duarte Filho
Aluno(a):______________________________________________________________

Calcular a armadura transversal e longitudinal da viga V1 indicada abaixo. Considere


que a viga V3 está engastada na viga V1. Não é necessário calcular o momento de
engastamento da viga V1 nos pilares. Para facilitar os cálculos considere a viga
simplesmente apoiada.

Dados:
- fck = 30 MPa;
- d = 45cm;
- c = 2,5cm;
- φt = 8,0mm;
- φl = 16mm.

Observações:
- Empregar o MODELO I para o esforço cortante;
- As medidas apresentadas já são os vãos teóricos;

Cargas distribuídas na viga V1:


- peso próprio;
- parede = 5 kN/m (trecho sem sacada); 2 kN/m (trecho sacada);
- reação da laje L1 = 10,0 kN/m;
- reação da laje L2 = 3 kN/m.

Cargas distribuídas nas vigas V2, V3 e V4:


- peso próprio;
- guarda-corpo = 3 kN/m;
- reação L2 (3 kN/m para a viga V2 e 1 kN/m para as vigas V3 e V4).

Laje L1

V1 (30×50)
P2 (30×50)
V4 (15×50)
V3 (15×50)

P1 (30×50)
1,5m Laje L2

V2 (15×50)
2,0m 2,0m

UNIVALI – Estruturas de Concreto Armado I 285


Prof. Luiz Alberto Duarte Filho

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