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26/10/2021 19:09 É hora de arregaçar as mangas!

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Texto da aula Aulas do curso

Direção Espiritual: a Jornada

É hora de arregaçar as mangas!


Muitos nos escrevem pedindo conselhos bem concretos. É para suprir essa lacuna que iniciamos esse curso,
uma “oficina de santidade” por ser um curso de princípios básicos de direção espiritual, no qual os alunos terão a
oportunidade de pôr em prática o que é proposto em cada aula.

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Iniciamos mais um curso, que, na realidade, não é um curso “mais”. É algo inédito no site. Até
agora, nossos cursos tinham por objetivo o conhecimento, por isso são todos “teóricos”, por
assim dizer. Sim, têm eles uma finalidade também prática porque, se iluminamos a
inteligência, é para convidar a vontade à mudança de vida. Afinal de contas, esse site é um
apostolado, o que quer dizer que sua finalidade é mudar vidas e aproximar as almas de Deus.

O curso que iniciamos hoje foi apelidado de “oficina de santidade” porque há nele algo bem
específico. Já fizemos dois cursos de Engenharia da Santidade, que para muitos foi uma
experiência quase de “revelação”. Muitos nos escreveram, dizendo: “Padre, agora sei o que é
preciso fazer e o que significa ser santo!” Está iluminada a inteligência. Agora, muitos outros
nos têm escrito para pedir conselhos práticos e concretos, próprios de uma direção espiritual.

É para suprir essa lacuna que iniciaremos esse curso, uma “oficina de santidade” por ser um
curso de princípios básicos de direção espiritual, no qual os alunos terão a possibilidade de
colocar em prática o que é proposto em cada aula. São conselhos práticos, para que o fiel
transforme sua vida e entre finalmente no caminho da santidade.

Para isso, precisamos antes recordar alguns princípios que, se não estiverem claros desde o
início, ficarão para trás. Primeiro: que é a santidade? 

Comecemos lembrando que somos chamados por Deus a participar de sua vida divina no céu.
Em outras palavras, fomos chamados a viver uma vida que não é a nossa, por mais que
tivéssemos um ideal “melhorado” de vida humana. 

Suporte

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As falsas religiões, quando falam de “vida eterna” de “céu” ou de “paraíso”, o que terminam
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pintando é este mundo “melhorado” — uma espécie de terra sem males, um lugar paradisíaco
onde todos estão muito bem, obrigado. A diferença é que esse novo “jardim do Éden” não
estaria aqui na terra, como o de Adão e Eva, mas “no andar de cima”, como às vezes dizem as
falsas doutrinas.

Para nós, católicos, isso não é salvação. O que Deus quer para nós não é que vivamos essa vida
melhorada, reformada, recauchutada. O que Ele quer é que vivamos a vida dele, ou seja, a vida
eterna. O projeto de Deus é que vivamos a vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

Mas isso não começa no céu. Deus quer que nós, criados à sua imagem e semelhança,
comecemos já aqui a agir divinamente. E é nisto que consiste a santidade. Trata-se de uma
transformação interior graças à qual, já neste mundo, a alma se deixa transformar pela graça e
começa a agir divinamente, isto é, com um princípio de vida que não é humano. 

Sim, os atos dos santos são divinos, e não estamos falando de milagres. Caminhar sobre as
águas, levitar, curar enfermos, ressuscitar mortos etc. não é, no sentido mais profundo, agir
divinamente. Nada disso, aliás, é sinal certo de santidade. São apenas carismas,
acontecimentos extraordinários, fora do comum. Quando falamos de um santo, estamos
falando, na verdade, de um ser humano que ama como Deus ama. 

Somos imagem e semelhança dele porque temos inteligência e vontade. Ora, ser santo é
começar a enxergar com luzes sobrenaturais a verdade de Deus, quer dizer, com uma forma de
enxergar da qual não somos capazes pela luz puramente natural da razão. Uma vez que a luz
sobrenatural nos iluminou, ela nos vai transformando pouco a pouco: inicialmente ela só
ilumina, depois aquece e, quanto mais abrasa a vontade, mais nos transforma a alma.

Daí a pureza com que viveram, por exemplo, um São Luís Gonzaga, um São Domingos Sávio,
uma Santa Maria Goretti ou uma Santa Teresinha. Neles se vê uma candura em que não há a
mínima mancha de impureza sexual. Daí a paciência extraordinária dos grandes mártires, em
quem não vemos nunca pessoas irritadas e raivosas, invocando maldições contra os algozes,
muito pelo contrário. Santo Estêvão, configurado a Cristo, vê os céus abertos e diz: “Senhor
Jesus, perdoai aos meus algozes” (cf. At 7, 60). São Lourenço, diante do fogo da grelha,
heroicamente vê ali uma ocasião de amar Jesus. Santo Inácio de Antioquia suplica aos
cristãos romanos que o deixem morrer por Cristo “porque, se as feras não me quiserem devorar,
eu mesmo irei obrigá-las a levar-me à morte por Cristo” [1]. 

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São atos heróicos e sublimes de quem quer viver a vida de Cristo, quer amar como Jesus amou!
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Se Ele morreu na Cruz, também eu quero morrer na cruz por Ele; se Ele se entregou por mim,
também eu quero me entregar por Ele. É amor, e amor sobrenatural, um amor de paciência, de
perdão, como o de Santa Rita, que perdoou ao assassino do marido e quis, com pleno desapego,
levar os filhos a viver o mesmo perdão! Eis os atos extraordinários dos santos, atos que um ser
humano não é capaz de fazer com suas próprias forças! Há neles algo mais, um outro princípio
de ação. 

Mas o que devemos fazer na prática para que Deus comece a realizar em nós essa
transformação? Por onde começar a tirar os empecilhos? Essa é a finalidade do curso: superar
as barreiras, para que Deus comece a agir cada vez mais em nós, transformando-nos nos
santos que somos chamados a ser.

O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, fala da vocação universal
dos fiéis à santidade. Em outras palavras, não existem “duas categorias” de cristãos: de um
lado, uma grande massa de predestinados por Deus à salvação através do purgatório, almas
que nunca serão santas neste mundo, mas somente no céu depois do purgatório; de outro, uma
categoria pequena, diminuta, privilegiada, dos chamados a ser santos já nesta vida. O Concílio
Vaticano II deu um basta nisso, trazendo para o Magistério o que há séculos já era pregado pela
Igreja e fora sempre a convicção de santos e Doutores como Santa Teresa d’Ávila, São
Francisco de Sales e São João Bosco, todos grandes místicos que entenderam a vocação
universal à santidade. 

Nesse curso, queremos tomar o aluno pela mão e conduzi-lo passo a passo, como um tutor que
orienta uma criança, dizendo-lhe: “Olhe, há essa tarefa aqui. Faça isso, depois iremos para o
segundo passo, depois para o terceiro” etc. Juntos, então, iremos trilhar o caminho que conduz
à santidade.

Talvez alguém esteja pensando: “Mas, Pe. Paulo, que pretensão é essa a do senhor! Que coisa
medonha… Como o senhor quer ‘ensinar’ santidade? Por acaso o senhor lá é santo para saber o
caminho da santidade? É o senhor mesmo quem está precisando se converter e ser santo,
antes de querer ajudar outros a trilhar o caminho!” 

Sim, com toda a razão, é verdade; mas Santa Teresa d’Ávila, ao dar um conselho às suas monjas
no Caminho de Perfeição, diz assim: “Se tiverdes de arranjar um confessor, um diretor
espiritual ou um conselheiro, preferi o douto ao santo” [2]. Por quê? Porque às vezes o diretor ou
o confessor pode até ser muito santo, mas também um pouco “ignorante”, incapaz de orientar
os dirigidos no caminho que devem trilhar. Por isso é melhor contar com alguém que, embora
não seja santo, é ao menos virtuoso, busca a santidade e sabe qual é o caminho. 

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Esse é o conselho de Santa Teresa d’Ávila. Mas como não temos a pretensão nem mesmo de
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ser “doutos”, queremos nos colocar como alunos ao lado dos outros alunos, deixando-nos guiar
juntos por um Doutor da Igreja, um diretor espiritual canonizado, santo de sétima morada,
proclamado pelos papas como um caminho seguro, uma doutrina firme, forte e fiel ao
ensinamento da Igreja. Quem será o nosso diretor espiritual, esse Doutor e santo que nos irá
tomar pela mão para nos guiar passo a passo? É São Francisco de Sales. 

São Francisco de Sales é um milagre da Providência. Ele, santo e douto, foi criado bispo de uma
diocese em que a maior parte das pessoas eram protestantes. Ele, que não deixava ocioso o
Espírito Santo, começou a dirigir as almas à distância, dando-lhes várias orientações
espirituais no caminho da santidade. Começou a dirigir uma alma, à qual escrevia cartas: “Faz
isso, faz aquilo”; depois, a uma outra dirigida: “Faz isso aqui e aquilo outro”. Como visse que os
conselhos se repetiam por ser o caminho o mesmo para todos, São Francisco, seguindo o
conselho de alguns amigos, organizou suas cartas e conselhos num livro conhecido de todos, a
Filoteia, também chamada Introdução à Vida Devota.

Alguém já deve estar pensando: “Então é sobre isso o curso? É sobre a Filoteia?” Sim e não. Sim,
porque iremos seguir os passos de São Francisco de Sales, que traçou para nós um caminho
em seu livro. Ele é quem nos irá conduzir. E não, porque nós vamos fazer isso juntos. Há muita
gente que tem em casa uma edição da Filoteia largada na prateleira, e há muito mais gente que
acha que o livro é uma espécie de Imitação de Cristo, ou seja, um livro de meditação que se
pode abrir e ler a esmo… 

Com a Imitação de Cristo até se pode fazer isso porque não é um livro pensado ordenadamente.
A ordem interna da Imitação é um pouco frouxa, de modo que seus capítulos podem ser
tratados como fichas, fichas que podemos jogar para cima, escolher a que quisermos e lê-la.
Com a Filoteia não é assim. Nela, quem fala é realmente um sábio e santo diretor espiritual que
foi conduzindo passo a passo as almas para a santidade. 

São Francisco podia conduzi-las porque era santo, mas também porque era douto. Juntos,
queremos viver essa “aventura”, uma aventura prática que vai custar, sim, transformação de
vida; mas não é uma aventura “aventurosa” porque o caminho é seguro, já foi trilhado, está bem
marcado, é certo e foi vivido por um grande Doutor da Igreja, um homem que entende de almas
e da operação da graça de Deus. A Filoteia, portanto, será o manual dessa “oficina”. 

Vamos lê-la juntos. (O mestre é São Francisco de Sales, eu serei o tutor, o bedel, o repetidor, que
vai, junto com os alunos, ser também o primeiro a aprender. Como tenho um pouco mais de
experiência tanto na direção de almas como no estudo da ascética e mística, serei, digamos

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assim, o “leitor culto”, aquele que vai mostrar o sentido de cada capítulo, indicar como eles se
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organizam e concatenam, tudo passo a passo.)

Por isso, não queimemos etapas! Uma coisa depois da outra, e é importante colocá-las todas
em prática. Quem tem a Filoteia em casa como um livro mais na biblioteca poderá
desempoeirá-la e finalmente enxergar o tesouro escondido que ali estava.

Essa, aliás, foi minha própria experiência. Eu via esse livrinho na biblioteca desde os tempos
de seminarista, até que, na direção espiritual, comecei a me perguntar: “De onde as pessoas
estão aprendendo certas coisas?” De repente vinha um penitente fazer uma confissão geral, e
eu lhe perguntava: “De onde veio a ideia de fazer uma confissão geral?” “Ah”, respondia ele, “eu
vi na Filoteia”. A outro dirigido espiritual perguntei uma vez: “Como você começa a oração?”
Ele respondeu: “Primeiro eu me coloco na presença de Deus, que eu procuro de tal e qual
maneira…”. Tudo estava na Filoteia! Na própria experiência prática com os penitentes e os
dirigidos espirituais, comecei a ver que ali havia um tesouro, uma pérola deixada de lado por
mim e certamente por muitos. Queremos por isso seguir passo a passo esse santo Doutor,
experiente pastor de almas.

Peçamos, portanto, a graça de Deus. Afinal, não se trata de pelagianismo, como iremos insistir
muito durante o curso todo. Que é pelagianismo? A ideia de que é possível ser santo por pura
ação e esforço humanos. Não, trata-se de colocar-se generosamente à disposição da ação da
graça. É isso que São Francisco de Sales ensina e é nisso que ele é mestre.

Quando São João Bosco quis iniciar sua Congregação, ele a intitulou de Salesiana por várias
razões. São Francisco de Sales, de onde vem a palavra “salesiano”, foi inspiração para Dom
Bosco, primeiro, porque era venerado como padroeiro do clero na região do Piemonte que fazia
fronteira com a parte da França em que São Francisco exercera seu ministério; segundo,
porque foi um grande pedagogo, de uma doçura, candura, mansidão e humildade capazes de
cativar qualquer um. Ele não enfrentava os adversários com raiva, mas os transformava pela
doçura, atraindo-os com uma gota de mel, e não com um barril de azeite. 

O que inspirou São João Bosco foi a capacidade pedagógica com que São Francisco de Sales
sabia atrair as almas para a santidade. Foi dele que herdou a noção de que a santidade é, sim,
para todos, não para um pequeno grupo de eleitos. Foi na escola de São Francisco de Sales,
seguindo seu diretor espiritual, São José Cafasso, que Dom Bosco começou sua obra de
santificação dos jovens. Esperamos que esse curso — na verdade, uma “oficina de santidade” —
seja para todos uma ocasião de transformação, especialmente para os mais jovens. 

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Que São João Bosco e São Francisco de Sales nos coloquem a todos no caminho da santidade!
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Que possamos descobrir a grandeza e a preciosidade desse Doutor da Igreja! Em 2021, iremos
iniciar em dezembro um ano salesiano em comemoração dos 400 anos da morte de São
Francisco de Sales. Será um ano de preparação. Vamos esquentando os motores e deixando
que esse grande mestre nos conduza. Veremos a diferença no dia a dia, mas só descobriremos
de verdade o que foi esse curso no céu, quando virmos plenamente a transformação que a
graça de Deus operou em nós. Arregacemos as mangas. É oficina: mãos à obra!

Nota

1. Condenado às feras durante o governo de Trajano, Santo Inácio de Antioquia foi enviado a Roma em 110 (ou 108) e,
uma vez aprisionado, à espera de receber a palma do martírio, escreveu um conjunto de sete cartas endereçadas
às igrejas da Ásia. Uma delas está dirigida especialmente aos romanos, cuja igreja “preside às demais na caridade”.
Nela, Inácio roga aos fiéis de Roma que não intervenham em seu processo, deixando-o ser entregue às feras, já que
é morrendo em suas presas que ele espera chegar ao Deus da vida: “Sou o trigo de Cristo”, escreve, “e oxalá venha
a ser moído nos dentes das feras para me tornar pão imaculado. Que eu possa imitar a Paixão do meu Senhor. Só
agora sinto que começo a ser verdadeiro discípulo”. E acrescenta: “Permiti que eu receba a luz pura. Quando eu aí
chegar”, para ser morto e triturado, “então serei homem de verdade. […] Desejo o pão de Deus, que é a carne de
Cristo; e por bebida o seu Sangue, que é amor incorruptível”.

2. A Santa Madre fala em mais de um lugar a esse respeito. No Caminho de Perfeição, aconselha, “a quem for priora”,
“que procure sempre [...] a autorização para que ela e todas possam tratar, comunicando o que lhes vai na alma,
com pessoas letradas, não se restringindo aos confessores, em especial se estes últimos, embora muito bons, não
forem instruídos. O conhecimento é muito importante para tudo esclarecer” (V 2). Em seu Livro da Vida, diz: “Há
quem pense que os letrados não servem para pessoas de oração se não seguirem o espírito. Já falei que o mestre
espiritual é necessário; se, contudo, este não for instruído, há aí um grande inconveniente. Ajuda muito relacionar-
se com pessoas instruídas; se forem virtuosas, mesmo que não sejam espirituais, trazem proveito, e Deus fará com
que entendam o que precisam ensinar e até as tornará espirituais para que nos ajudem” (XIII 19).

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