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VIVENCI´ART - Este Meu Tempo de Viver -

INDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5

2. DIAGNÓSTICO … ............................................................................................. 7

2.1.DETETAR AS NECESSIDADES ...................................................................... 7

2.2.ESTABELECCER PRIORIDADES ................................................................... 9

2.2.1.ANIMAÇÃO ESTIMULATIVA ................................................................. 9

2.2.2. ANIMAÇÃO CULTURAL DE INSTUIÇÃO- LAR DE IDOSOS OU


CENTROS DE DIA ....................................................................................................... 10

2.3. FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO ........................................................... 11

2.4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA. .............................................................. 12

2.5.SITUAR O PROJETO ..................................................................................... 14

2.6. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 15

2.7. PREVER A POPULAÇÃO ............................................................................ 15

2.8. PREVER OS RECURSOS ............................................................................. 17

2.8.1. RECUSROS HUMANOS ......................................................................... 17

2.8.2.RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS ......................................... 17

3. PLANIFICAÇÃO .................................................................................................... 19

3.1 OBJETIVOS ...................................................................................................... 21

3.2. CALENDARIZAÇÃO ..................................................................................... 22

4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 25

4.1 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS .................................................................... 26

4.2. ATIVIDADES .................................................................................................. 28

4.2.1. DIVULGAÇÃO DO PROJETO............................................................... 30

4.2.2.ESPIRITUALIDADE ............................................................................... 30

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4.2.3. AQUECIMENTO ..................................................................................... 32

4.2.4.ANIMAÇÃO FISICA E MOTORA ......................................................... 33

4.2.5. ANIMAÇÃO COGNITIVA ..................................................................... 37

4.2.6..ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO PLÁSTICA ...................... 39

4.2.7.ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO ESCRITA E DA


EXPRESSÃO CORPORAL ........................................................................................... 41

4.2.8.ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DRAMÁTICA.................. 44

4.2.9. ANIMAÇÃO ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL E


SOCIAL .......................................................................................................................... 47

4.3.ANIMAÇÃO COMUNITÁRIA ................................................................... 48

4.4. ANIMAÇÃO LÚDICA ............................................................................... 51

5..DEFENIR A POPULAÇÃO ...................................................................................... 52

6.RECOLHA DE DADOS ............................................................................................. 57

7. AVALIAÇÃO ............................................................................................................ 58

7.1.AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO ................................................................ 58

7.2. AVALIAÇÃO DO PROCESSO ..................................................................... 59

7.3. AVALIAÇÃO FINAL ..................................................................................... 59

8. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 64

ANEXOS ........................................................................................................................ 66

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INDICE DE QUADROS

QUADRO 1 – RECURSOS FINANCEIROS E ESTIMATIVAS DE CUSTOS ......... 18

QUADRO 2 - QUADRO SINÓTICO DO PROEJTO ................................................... 20

QUADRO 3 – 0BJETIVOS GERAIS E ESPECIFICOS .............................................. 21

QUADRO 4- CALENDARIZAÇÃO GERAL DA REALIZAÇÃO E DURAÇÃO DAS


ATIVIDADES ................................................................................................................ 22

QUADRO 5 – TÉCNICAS E INSTRUMENTOS ......................................................... 27

QUADRO 6 – ANIMAÇÃO FISICA E MOTORA ....................................................... 34

QUADRO 7 – ANIMAÇÃO COGNITIVA ................................................................... 38

QUADRO 8 – ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO PLÁSTICA .................... 43

QUADRO 9 – ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO ESCRITA E DA


EXPRESSÃO CORPORAL ........................................................................................... 41

QUADRO 10- ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DRAMÁTICA .............. 46

QUADRO 11 – ANIMAÇÃO ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E


PESSOAL ....................................................................................................................... 47

QUADRO 12- ANIMAÇÃO COMUNITÁRIA ............................................................ 49

QUADRO 13 – ANIMAÇÃO LÚDICA ........................................................................ 52

QUADRO 14 – CARATERISTICAS FISICAS DOS IDOSOS ................................... 53

QUADRO 15 – CARATERISTICAS MENTAIS ......................................................... 55

QUADRO 16 – RECOLHA DE DADOS ...................................................................... 57

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“Entre as finalidades e os objectivos de animação podem destacar-se os seguintes: promover o bem


estar individual, de grupo e comunitário das pessoas idosas; melhorar a sua qualidade de vida e de
saúde integral; (...) fornecer os meios para que continuem a viver muitos anos repletos de vida, de ilusão,
sentido, dignidade e felicidade; potenciar e desenvolver capacidades, habilidades e destreza das pessoas

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(...); motivá-las para que continuem activas, participativas, solidárias, críticas e úteis no meio
social (...).”
Agustín Osorio)

1. INTRODUÇÃO

Na Animação um dos conceitos fundamentais é a preservação, divulgação e


envolvência das vivências pessoais e os seus valores, tradições, costumes, constituindo
estes os elementos fundamentais num projeto de intervenção na 3ª idade, em que a
estratégia de aprendizagem, de relacionamento e de intervenção social é promover a
motivação dos saberes e experiências pessoais, com intuito de desenvolver um projeto
de intervenção que conduza a uma transformação real do grupo .
Este projeto é destinado às pessoas que como o nome indica, estão no período de
desenvolvimento, designado como terceira idade. As atividades de animação foram
planeadas com o intuito primordial de fazer feliz os idosos que se prontifiquem a
acolhê-lo.
Este projeto não foi planeado para ser desenvolvido num sitio especifico, é uma
espécie de projeto de animação “ ambulante” que visa ser aplicado em qualquer espaço
que disponibilize recursos materiais, físicos e participantes com vontade de o
experimentar.
A 3ª idade é uma mais-valia para Animação Cultural, uma vez que é o terminar
de um ciclo de vida profissional e o início de outro ciclo de vida, em que, do ponto de
vista social, as pessoas procuram melhorar a sua qualidade de vida, quer a nível físico,
educativo ou social e precisam de alguém que os ajude e planeie por eles estes
momentos de vivência, pois para eles a força de vontade já não é muito em confronto
com a desventuras e dificuldades de uma vida longa e de um corpo talvez cansado,
claro, que tendo sempre em conta que nem toda esta faixa etária se carateriza deste
modo, alguns idosos até são capazes de eles mesmo motivar a animadora e de darem
sugestões preciosas para o desenvolver do projeto.
As características mais generalizadas em qualquer grupo da terceira idade são as
seguintes: idade, aposentação – liberto de um determinado trabalho de forma
sistemática; situações diferentes de convivência – casal, viuvez, sós; situações de saúde
e condições físicas muito diferenciadas e um contexto residencial de acordo com
situações particulares – em habitação própria, com familiares, em instituições
específicas (lares da terceira idade, centros de dia).
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No entanto, existe uma característica transversal a todas estas situações,


a maioria dos idosos tem uma grande disponibilidade de tempo livre e uma
necessidade de ocupar esse mesmo tempo. Por tudo isto, e para abarcar toda a
diversidade de factores, os programas de Animação Cultural devem ser muito
diferenciados e adaptados às situações do grupo e respectivas necessidades.

Devido à vida que levaram, de trabalho, de preocupação, de desgaste físico, e


por vezes emocional, e com o fecho desse ciclo de vida, as pessoas procuram
potencializar as suas vivências sociais e afetivas, numa tentativa de não se
desvalorizarem.
A aprendizagem e a socialização são elementos preponderantes neste novo ciclo
de vida, aliadas a uma diversidade de actividades que os Animadores têm como
objectivo promover.
As pessoas na 3ª idade não podem ser vistas como pessoas em descida na linha
da vida, mas sim encaradas como indivíduos com uma experiência de vida e sabedoria,
capazes de transmitir os saberes e vivências pessoais e sociais; com capacidades de
aprendizagem educativas, culturais, físicas e sociais, tendo como principal característica
a motivação para a aprendizagem e pela melhoria da qualidade de vida, a nível social,
afectivo, educativo e física-motor.

“Entender a Animação como algo que se liga a processos de dinamização, mobilidade,


processo social, como um meio de superar as limitações ou constrangimentos da
realidade humana actual e elevar os padrões da qualidade de vida” (Lopes, Marcelino)

O Animador Sociocultural, para intervir com pessoas/grupos de 3ª idade, tem


que ter em atenção:
- Os objetivos, as necessidades e interesses do grupo;
- Fomentar o espírito de grupo;
- Promover os saberes culturais do grupo e da região;
- Promover e organizar as vivências pessoais;
- Promover a melhoria da qualidade de vida, a nível físico, emocional, cognitivo,
educativo e social;
- Planificar as atividades.

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Este projeto está traçado para ser aplicado em dois meses, quatro
semanas, em que cada uma inclui três sessões/encontros com a Animadora,
com a duração de 120min aproximadamente, seis horas por semana, quarenta e oito
horas num toal. Cada semana terá uma temática, com o objetivo de desenvolvimento,
físico, social, cognitivo, emocional e cultural do idoso.

A intencionalidade de ser aplicado a cada semana uma temática é a


sistematização e aprofundamento das temáticas. Existe sempre uma continuação, um
principio meio e fim.

Assim este projeto tem como objetivo incutir hábitos saudáveis de convivência e
de melhoria física e emocional. Metodizar alguns assuntos, a animação será mais do que
puro divertimento, afastar-se-á da simples definição lúdica, visa a compreensão, a
aprendizagem, a mudança. O intuito é que mesmo depois da finalização do projeto os
idosos por si só continuem e sentir-se motivados para tornarem o seus dias ativos com
base também no que experimentaram e aprenderam.

Como já referi este projeto poderá desenvolver-se em qualquer sitio, lares,


centros paroquiais, residências próprias, é para quem quiser dele participar e deixar-se
levar por uma animadora que de tudo fará para os animar e os fazer gostar da vida neste
tempo onde vivem, que é tanto meu como deles e precisa de ser enchido de beleza e de
sorrisos!!

2. DIAGNÓSTICO

2.1.DETETAR AS NECESSIDADES

Existem pequenos aspetos que por vezes não nos apercebermos do quanto são
importantes para o desenvolvimentos e bem-estar dos utentes:

- O espaço físico;
- A motivação do grupo para novas aprendizagens e para a sua participação;
- A criatividade do animador;
- A envolvência do grupo;

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- A diversidade de actividades ao nível físico, social e educativo, com intuito


de
promover uma maior participação por parte dos idosos, dando-lhes oportunidade de dar
a sua opinião, reforçando o seu autoestima, repercutindo-se tudo isto numa melhoria da
qualidade de vida dos idosos

O envelhecimento da população tende, de acordo com a s caraterísticas da


sociedade atual, a aumentar e, consequentemente, cresce a necessidade de se
programarem acções relacionadas com a Animação Cultual para a terceira idade. Daqui
resulta, igualmente, uma procura cada vez mais crescente de um perfil de Animador
preparado para intervir nesta faixa etária.

O envelhecimento da sociedade portuguesa é comprovado, quer pelo


considerável aumento de lares públicos e privados para idosos que se verificou na
última década, quer pelo incremento de ações formativas, de carácter técnico
profissional e até superior, no âmbito da Animação Cultural para a terceira idade, para
profissionais designados como Animadores geriátricos.

A gerontologia educativa começa a adquirir uma importância crescente no


campo das ciências da educação como estratégia de intervenção na prevenção e
compensação de situações de deterioração do corpo, provocada pelo avanço da idade. A
Animação Cultural na terceira idade funda-se, portanto, nos princípios de uma
gerontologia educativa, promotora de situações otimizastes e operativas, com vista a
auxiliar as pessoas idosas a programar a evolução natural do seu envelhecimento, a
promover-lhes novos interesses e novas actividades, que conduzam à manutenção da
sua vitalidade física e mental, de perspectivar a Animação do seu tempo, que é,
predominantemente, livre.

É o incremento deste tempo demasiado livre que, no contexto da Animação,


deve servir para uma valorização pessoal, tendo como aspiração central a autoestima e a
participação comprometida com um bem-estar individual e coletivo. Isto mesmo nos diz
Elizasu, através da noção da Animação Cultural no âmbito da terceira idade:

A Animação Cultural na terceira idade, projectada pelos princípios acima enunciados,


encontra-se, de facto, em franca expansão. Nesta medida este projeto visa emergir vária
modalidades de animação para idosos:

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·Animação estimulativa;

· Animação ao domicílio;

· Animação na instituição como lares e centros de dia;

· Animação turística para a terceira idade.

2.2.ESTABELECER PRIORIDADES

Este projeto foi orientado para a consciencialização por parte dos idosos,
oferecendo-lhes a opção de melhorar, dinamizando-se o seu ambiente e implicando-os
na acção.

As prioridades podiam resumir-se nestes termos :

2.2.1. ANIMAÇÃO ESTIMULATIVA:

A Animação estimulativa recorre a uma metodologia que visa a que os idosos


preservem a sua capacidade de interação, acedam à participação na vida comunitária e à
possibilidade de realização pessoal.

O número de pessoas que afluem às instituições, por sofrerem de incapacidades


físicas ou psíquicas, têm levado residências e centros hospitalares a reclamarem, cada
vez mais, não só um modelo de intervenção assistencial, mas também um modelo
educativo. Esta perspetiva promove o aparecimento de um modelo participativo que
responde às necessidades, que ajuda a reestruturar a vida diária do usuário o que implica
a utilização de procedimentos que configuram aquilo que se designa por:
A Animação estimulativa deve, assim, proporcionar à pessoa os meios e as ferramentas
para que se possa relacionar com o meio e para potenciar os processos de interacção
com outras pessoas. A designação “estimulativa,” que qualifica esta modalidade de
Animação Cultural, deriva do facto de se procurar utilizar os estímulos do meio, mas,
também, as capacidades próprias das pessoas para se readaptarem à sua nova situação.
A finalidade última da Animação estimulativa é conferir dignidade à pessoa, devolver-
lhe a capacidade e sentido relacional e meios para que possa participar, decidir, optar.

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Entendemos e defendemos a Animação estimulativa dentro de um quadro


técnico alargado e interdisciplinar que lhe permita agir, a partir dos seguintes
postulados gerais:

- Conceito de pessoa: a pessoa é um ser com capacidades, habilidades e aptidões, é


possuidora de uma história pessoal, de um projecto de vida que a torna singular e única.
A Animação estimulativa permite, entre outras possibilidades de intervenção, conhecer
os traços característicos da personalidade, os seus significados, as suas capacidades, as
suas habilidades;

- Conceito de meio: o espaço em que a pessoa vive, em que prossegue actividades com
que se auto-realiza. A Animação estimulativa tem como finalidade fazer uso desse
meio, isto é, incentivar a pessoa, utilizando os recursos já existentes para intervir;
- A participação: a partir da Animação estimulativa deve-se promover uma participação
voluntária, activa, que valorize, sempre que possível, as propostas e decisões da pessoa
idosa;
- A Animação Cultural e estimulativa: centra os seus objectivos no desenvolvimento de
capacidades de relacionamento das pessoas com o seu meio, potenciando os processos
de interacção com outros, na busca da superação de problemas e na tentativa de se
vencer o desânimo, estimulando o que há de positivo na vida.

2.2.2. ANIMAÇÃO CULTURAL DA INSTITUIÇÃO- LAR DE IDOSOS


OU CENTROS DE DIA

Os lares e os centros de dia constituem estruturas destinadas a promover, junto


da terceira idade, um conjunto de actividades e de acções de cariz cultural, recreativo,
social, educativo.

Continuamente vemos, ouvimos e lemos que, na sua esmagadora maioria, os


lares públicos e privados são autênticos depósitos de pessoas possuidoras de
sensibilidade, de memória, de experiências e vivências, que se vêem relegadas para
espaços que, em geral, não foram arquitectonicamente concebidos para o efeito e onde

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reina a frieza e a apatia. É aí que são, literalmente, despejados muitos idosos, e


no tempo que lhes resta de vida, é-lhes administrada a morte lenta, através
dessa coisa horrorosa que é matar o tempo (Lopes M. 2006)

Os lares e os centros de dia, tal como funcionam, maioritariamente, em Portugal,


parecem interpretar o convencional “merecido descanso” da terceira idade, como se este
se reduzisse a uma situação humana de seres paralisados e acamados. É uma situação
perfeitamente desadaptada das necessidades da terceira idade. Para inverter esta
situação é necessário promover programas de Animação Sociocultural que respondam, a
partir dos domínios:

- Social, não só através de relações interpares, mas, sobretudo, com o meio, porque a
terceira idade não se pode situar à margem da sociedade;
- Cultural, potenciando e estimulando a memória viva dos idosos, e que se pode reflectir
em actividades como teatro, dança, criação de cancioneiros, artesanato, histórias de
tradição oral, jogos e partilha de saberes;
- Educativo, no sentido de estimular a criação e a respectiva participação em
Universidades Seniores, que promovam um sistema de ensino bidimensional, assente na
aprendizagem e no ensino fruto de uma partilha de saberes entre formandos e
formadores.

2.3.FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO

Este projeto tem em vista compensar algumas carências, numa tentativa de


recuperar na pessoa idosa, a liberdade que se poderá alcançar durante o tempo livre,
sendo um prática social dinamizadora da sociedade, infundindo entusiasmo a todo o
tecido social.

Este conjunto de elementos compensatórios de algumas carências pode verificar-


se através de uma diversidade de funções atribuídas à animação sociocultural que
Besnard (1985) refere: a função de adaptação e de integração, que tem por finalidade
promover a socialização dos indivíduos, e a função recreativa, que está relacionada
com os tempos de lazer, em que a animadora organiza a sua ocupação encarregando-se
das actividades a realizar. (Canário, 1999:76)
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Com estas funções a animação cultural terá a potencialidade de assumir


um lugar central na procura de novos modelos de organização social, mais qualitativos,
adaptando ao mesmo tempo as pessoas idosas às rápidas mudanças sociais do mundo
exterior.

A existência da animação evidencia-se em diversos campos, mas qualquer que


seja o seu campo de aplicação, parece implicar três processos conjuntos:
desenvolvimento, colocar em relação e criatividade. (Quintana,1992:37)

Acredita-se que a animação dinamiza os lares, envolvendo as pessoas idosas


activamente, implicando um crescimento pessoal e social, tendo como objectivo
suscitar de melhoria e de progresso.
Os animadores tendem a agir em três direcções fundamentais:

- Valorização: propondo actividades que permitam mostrar a si mesmas/os e às/aos


outras/os que são capazes e úteis;

- Ultrapassar o isolamento: encorajando as pessoas idosas a participarem segundo os


seus desejos;

- Repouso: o animador tem de incluir no seu programa atividades que tenham em conta
o ritmo de cada pessoa idosa.

Torna-se, assim, de primordial importância desenvolver mecanismos para a


sensibilização e consciencialização das pessoas, os quais a animação sociocultural
pretende, desde logo, estimular na própria pessoa idosa. Há que promover e dinamizar
actividades de lazer e ocupação, tentando ir ao encontro das preferências do idoso,
valorizando-o e destruindo os estereótipos que possam inibir ações ou a sua própria
identidade, tão pouco estimada pela pessoa idosa e pelos outros.

2.4.DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

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O envelhecimento é um processo universal, inerente a todos os seres


vivos, e que tem o seu início a partir do momento em que se dá a conceção. Vários
autores dividiram o processo de envelhecimento em três componentes, que são o
envelhecimento biológico, o envelhecimento social, e o envelhecimento psicológico.

Ao longo do processo de envelhecimento, as capacidades de adaptação do ser


humano vão diminuindo, tornando-o cada vez mais sensível ao meio ambiente que,
consoante as restrições implícitas ao funcionamento do idoso, pode ser um elemento
facilitador ou um obstáculo para a sua vida. Com o declínio progressivo das suas
capacidades, principalmente a nível físico, e também devido ao impacto do
envelhecimento, o idoso vai alterando os seus hábitos e rotinas diárias, substituindo-as
por ocupações e actividades que exijam um menor grau de actividade. Esta diminuição
da actividade, ou mesmo inatividade, pode acarretar sérias consequências, tais como
redução da capacidade de concentração, coordenação e reacção, que por sua vez levam
ao surgimento de processos de auto desvalorização, diminuição da auto-estima, apatia,
desmotivação, solidão, isolamento social e depressão.

Sendo o grande objetivo com a animação de idosos a qualidade de vida, segundo os


diferentes estudos, as conclusões que se podem retirar são que a qualidade de vida do
idoso, institucionalizado ou não, depende em grande medida dos seguintes factores:
- Possuir autonomia para executar as actividades do dia-a-dia
- Manter uma relação familiar e/ou com o exterior regular
- Ter recursos económicos suficientes
- Realizar actividades lúdicas e recreativas constantemente
A qualidade de vida do idoso numa instituição ou fora dela depende destes
factores assim como de um acompanhamento decente, cuidado e eficiente por parte dos
trabalhadores das instituições que os acolhem. Acompanhamento este que só se
consegue através de uma formação cuidada e regular por parte dos trabalhadores
sociais.

Para compreender a importância que a animação cultural tem para os idosos, há


que primeiro tomar consciência do que é que motiva o ser humano.
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A motivação é aquilo que leva os indivíduos a fazer qualquer coisa com


esforço, dedicação, energia e prazer. A sua intensidade e natureza são
diferentes em cada um de nós, de acordo com diversas influências, em cada momento.
Se forem dadas condições ao indivíduo para que ele tenha um bom desempenho na
execução de uma determinada tarefa ou actividade e ele tiver as competências
necessárias, o seu grau de eficácia depende apenas da sua motivação.
Todo e qualquer comportamento humano tem uma motivação na sua base, ou seja, há
uma tensão que leva o indivíduo a comportar-se de determinada maneira, de forma a
satisfazer uma ou mais necessidades. As condições fornecidas pelo meio que envolve o
indivíduo mantém-se em equilíbrio psicológico até que um estímulo rompa esse
equilíbrio e crie uma necessidade, que vai gerar um estado de tensão.
Uma das principais teorias existentes sobre a motivação humana é a Pirâmide das
Necessidades de Maslow, que diz que as necessidades estão ordenadas segundo o seu
valor, e que uma determinada necessidade só se manifesta quando as necessidades do
nível imediatamente inferior estão totalmente satisfeitas. Segundo esta teoria, o ser
humano apresenta cinco níveis de necessidades – fisiológicas, de segurança, de afecto,
de estima e de auto-realização.
As necessidades fisiológicas e de segurança são primárias, enquanto que as restantes são
secundárias. A teoria de Maslow assenta em dois princípios, que são o da dominância e
o da emergência; o primeiro diz que enquanto uma necessidade básica não estiver
satisfeita, as restantes não têm força para dirigir o comportamento; o segundo diz que
quando uma necessidade é satisfeita, imediatamente surge uma nova necessidade.

2.5.SITUAR O PROJETO

Este projeto pode ser desenvolvido em qualquer sitio, que apresente condições
necessárias a nível de espaço físico e material para poder acolher os idosos e permitir o
desenvolvimento das atividades!
Se for desenvolvido num centro de dia, ou num lar, este terá de se
responsabilizar por todo o material e recursos necessários. Se for desenvolvido num
centro paroquial, ou numa casa própria os participantes serão encarregues também de
disponibilizar os recursos necessários para a animadora desenvolver as atividades.

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2.6.REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

Foi consultada bibliografia geral sobre o papel do animador fase à intervenção


com a terceira idade, o que deve fazer, o que deve ter em conta. Foi feita uma revisão da
literatura acerca das dificuldades e necessidades desta faixa etária, tal como as
respetivas teorias do envelhecimento, de um período clássico, a teoria das tarefas de
desenvolvimento (Havighurst, 1953); Teoria da personalidade, da idade e do
envelhecimento (Thomae, 1970); de um período moderno, a teoria do desenvolvimento
e do envelhecimento (Baltes, 1987); Teorias da personalidade e do envelhecimento
segundo os modelos de estádios (Erickson, 1982,1986); de um período recente, a teoria
gerodinâmica ou teoria da bifurcação(Schroots, 1996).
Tendo em conta a perspetiva desenvolvimental do envelhecimento, o
desenvolvimento como um processo continuo, tarefas que se impõem ao adulto em
idade avançada, como : manter uma imagem do corpo e integridade física, aceitar a
morte dos outros e a preparar a própria. O desenvolvimento cognitivo, pensamento pós-
formal, modelo dialético, modelo relativista, memória e classes de memória.
Este projeto como todos os que me envolvo são sempre assentes no desenvolver
das emoções positivas e nos valores, a felicidade, a partilha, o perdão, a cooperação.
A pesquisa de exemplos de atividades de motivação foram uma pesquisa constante, tal
como a discussão e troca de ideias com uma animadora residente num lar.

2.7. PREVER A POPULAÇÃO

Antes de pensar num plano de actividades de animação para idosos em prática,


há que realizar uma avaliação psicológica, social e física de cada um dos indivíduos, no
sentido de perceber quais as capacidades e motivações reais de cada idoso em relação a
cada uma das actividades propostas. Deve-se também dar oportunidade aos idosos para
que eles próprios possam propor outras actividades que sejam do seu agrado, bem como
permitir que eles participem nas suas actividades diárias, por exemplo, fazendo as suas

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camas, limpando o pó dos seus quartos, colaborando na elaboração e confecção


das ementas, regando as plantas, etc., desde que tal seja do agrado deles.
Ao estabelecer uma relação com um idoso, deveremos ter em conta a nossa comunicação
não verbal e também a dele. Pois só mantendo uma boa atitude corporal é que
poderemos obter bons resultados na sua adesão às actividades propostas.
Assim teremos de ter em conta algumas regras:
- Manter uma certa distância
- Falar pausadamente
- Referir o que estamos a fazer
- Repetir quantas vezes forem necessárias
- Ajudar e apoiar
- Valorizar qualquer tipo de esforço motor
- Manter uma atitude de calma e passividade
-Ser paciente e compreensivo

Deve-se dividir os idosos em dois grupos, por mobilidade. O grupo A, constituído por
idosos autónomos. O grupo B, composto por idosos fisicamente dependentes e frágeis.

Recolheram-se dados gerais sobre a população portuguesa. Entre as características


mais relevantes dos idosos encontra-se :

Em 2005, as estimativas do INE apontam para a existência de 1,8 milhões de idosos (65
e mais anos) a residir em Portugal, um valor que representa 17.1% da população total.

Os problemas económicos e a solidão são identificados como os principais


problemas que atingem actualmente os idosos portugueses. Para 35.8% dos inquiridos
as questões económicas são as mais relevantes, enquanto 26.4% refere a solidão. A falta
de equipamentos de apoio (como apoio domiciliário, lares, etc...) é indicada por 12.7%
dos inquiridos, enquanto 14.4% identifica os aspectos relacionados com a saúde como
os mais preocupantes.

- Idosos residentes em lares tendem a sentir-se sós e insatisfeitos, afastados das suas
redes sociais num dia-a-dia monótono; em contrapartida, vivem menos agitados (Paúl,
1997)

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- Idosos residentes na comunidade vivem mais satisfeitos; os que


experimentam um reduzido bem estar, tal fica a dever-se ao “sentir-se só” e à
falta de apoio adequado mesmo para a realização de tarefas de rotina (Paúl, 1997)

2.8.PREVER OS RECURSOS

2.8.1. RECURSOS HUMANOS

A implementação das atividades do projeto VIVENCI´ART, têm como público-


alvo a população da terceira idade, autónomos, semiautónomos, que podem ser
residentes em lares, ou simplesmente ser um grupo de idosos que queira participar no
projeto, sendo o número máximo de participantes vinte idosos.

Na construção do projecto foi crucial ter já um feedback das necessidades do


público-alvo em geral de modo a que as atividades colmatassem as suas necessidades, e
a eles adaptadas, e fazer com que houvesse uma evolução, bem como responder às
necessidades da Animadora.

No caso de o projeto ser desenvolvido numa associação organizada, a


Animadora reunir-se-á com os recursos humanos existentes na mesma, como por
exemplo, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, psicólogos, auxiliares, e poderão
trabalhar todos em conjunto desde que isso seja feito de forma coordenada e
previamente planeada.

2.8.2. RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS

A implementação de um projeto, como é lógico, tem custos monetários.

Estes que irão variar em concordância com o local onde será desenvolvido. Se
for num lar, ou centro dia, num centro paroquial, ou num associação, muitos dos
materiais poderão ser cedidos pela instituição. Se assim não for, os materiais terão de
ser comprados pelos participantes ou também cedidos pelos mesmo.

17 Francisca Elias. Instituto Piaget


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Apresento de seguida uma previsão dos materiais necessários para o


desenvolver das atividades.

QUADRO 1- RECURSOS FINANCEIROS E ESTIMATIVAS DE CUSTO

Materiais Unidade Custo por unidade


Caixa de primeiros 1 (20 €) ou Cedido pelo Lar
socorros
CDs 2 (20 €) ou Cedido pelo Lar
Placares 2 (30 )ou Cedido pelo Lar
Máquina fotográfica 2 (80 €) ou Cedido pelo Lar
Computador portátil 1 Da animadora
Leitor de cds 1 (30 €) ou Cedido pelo Lar
Impressora 1 (70 €) ou Cedido pelo Lar
Caneta 1 (1€)ou Cedido pelo Lar
Resma de folhas A4 1 (5€) ou Cedido pelo Lar
Embalagem de
folhas de papel 2 7€
fotográfico para
impressora
Tinteiro de 4 (30€) ou Cedido pelo Lar
impressora
Bola 1 (0,50€) ou Cedido pelo Lar
Plasticina 1 1,36€
Cartolinas 2 0,20 €
Garrafa de plástico 6 (0,18€) ou Cedido pelo Lar
Corda 2 2,50€
Jornal 1 (5€) ou Cedido pelo Lar
Colher de pau 2 0,20 €
Prato 1 (1 €)ou Cedido pelo Lar
Jogo do dominó 1 (2,50€) ou Cedido pelo Lar
Balões 40 5,50€
Ervas aromáticas 4 5€
Pilhas (4 pilhas por 3 1€
embalagem)
Carrinha, carros 1 Cedidos pelo lar, carros próprios, ou
cedidos pela Camara Municipal
Combustível (por 5 Cedido pelo Lar
viagem)
Alimentação 14 (20€) Cedido pelo Lar

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Dinheiro (entradas 28 0,75 €


nos museus)
Produtos de limpeza 4 (5€) Cedido pelo Lar
Lápis 1 (0,20€) Cedido pelo Lar
Lápis de cor 1 (2,50€) Cedido pelo Lar
(embalagem)
Borracha 1 0,50 €
Cartolina 2 0,20 €
Tesoura 1 (0,50€) Cedido pelo Lar
Data show 1 (300€) ou Emprestado
TOTAL 685 Euros

HORAS VALOR/HORA
Honorário da Animadora 96 20

TOTAL 1920

3. PLANIFICAÇÃO

O desenvolver deste projeto incorpora várias fases. Desde uma análise da


organização, ou do espaço onde este vai ser desenvolvido, de uma análise das
necessidade e dos objetivos, da escolha das metodologias e a serem utilizadas,
seguida de um planeamento das atividades. Por fim, e não menos importante da
escolha da metodologia de avaliação, de diagnóstico, do processo e final.

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QUADRO 2 - QUADRO SINÓTICO DO PROJETO

Análise organizacional

Ponto de partida

Necessidades

Objetivos

Planeamento

Metodologias

Atividades

Avaliação:
Diagnóstico
Do processo
Final

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3.1.OBJETIVOS

QUADRO 3- OBJETIVOS GERAIS E ESPECIFICOS

OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Dinamizar um grupo, promover ou - Desenvolver as capacidades físicas


resgatar a autoestima
- Contrariar limitações físicas
-Proporcionar uma autorrealização,
- Recuperar a confiança e o domínio do
melhorando a sua qualidade de vida.
corpo
-Promover a felicidade e satisfação de se
estar vivo - Desenvolver a flexibilidade e o equilíbrio

- Fortalecer a motivação - Prevenir o envelhecimento cognitivo e


intelectual

- Desenvolver a atenção e a memória

- Exprimir-se através do movimento

- Desenvolver a criatividade e a
concentração

- Desenvolver a cooperação e o auto-estima

- Tornar o tempo de ócio em tempo de lazer

- Permitir a troca de experiências e o


intercâmbio

- Desenvolver um crescimento emocional e


afetivo

- Promover o saber-fazer dos utentes

- Desenvolver o raciocínio abstrato

- Relembrar hábitos, costumes , vivências e


experiências oriundos do meio sociocultural
em que os idosos estão inseridos

21 Francisca Elias. Instituto Piaget


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3.2. CALENDARIZAÇÃO

Um projeto para poder ser realizado passa por diferentes fases de planificação e de execução, como poderá ser observado no quadro que se seguem :

QUADRO 4- Calendarização geral da realização e da duração das atividades

Tempo

Atividades Diagnóstico 1º Semana 2ª semana 3ª Semana 4ª Semana 5ªSemana 6ªSemana 7ª Semana 8ª Semana

Análise contextual da área de


intervenção

Avaliação Diagnóstico

(Entrevista ao público-alvo e se possível


ao coordenador da instituição)

Análise do espaço de execução do


projeto e dos recursos a serem
disponíveis.

Definição de Intenções, finalidades,


obstáculos objectivos e prioridades

22 Francisca Elias. Instituto Piaget


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1- Divulgação do projeto

2- Espiritualidade ( Atividades
religiosas)

3- Aquecimento

4- Animação física ou motora

5- Animação cognitiva

6- Animação através da
expressão plástica

7- Animação Através da
Comunicação Escrita e da
Expressão Musical

8- Animação através da
Expressão Dramática

9- Animação associada ao
desenvolvimento pessoal e
social

23 Francisca Elias. Instituto Piaget


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10- Animação Através da


Culinária

11- Animação lúdica e exploração


da atualidade

12- Avaliação do Processo

13- Avaliação Final

24 Francisca Elias. Instituto Piaget


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4. METODOLOGIA

A metodologia a utilizar neste projeto é de natureza qualitativa, ativa e didática,


orientada para o grupo, para as suas necessidades e interesses de forma a atuar na
melhoria da sua realidade.
Neste projeto dá-se primazia à observação, ao diário de bordo, à entrevista, e
também à fotografia, ao vídeo e às gravações áudio.
A técnica da entrevista foi utilizada com os idosos no inicio do projeto e no final.

 As primeiras trataram-se de entrevistas exploratórias com o seguintes


objetivos:

- Conhecer os interesses e experiências dos idosos na área da animação artística;

- Sensibilização para o tema;

- Recolher dados sobre o “antes” do projeto;

- Conhecer um pouco mais os elementos do grupo.

 Recolher informações sobre o “depois” do projeto;

- Recolher mais dados para averiguar se a qualidade de vida dos idosos melhorou com a
aplicação do projeto;

- Fazer com que os idosos reflitam nas mais-valias da participação em atividades de


animação.

Além disso este projeto engloba a coordenação sistemática da equipa de


trabalho, estabelece as prioridades, recolhe e soluciona a informação durante o
desenvolvimento do projeto, reúne com os idosos para obter um feedback constante,
seleciona os recursos necessários dando sempre prioridade ás atividades dirigidas á
participação e à autorrealização dos idosos.

25 Francisca Elias. Instituto Piaget


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4.1.TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

As técnicas utilizadas a serem empregues têm em conta a duração do programa,


e sem perder de vista a finalidade e os objetivos traçado. Todos o projeto será
desenvolvido com recurso a uma animadora permanente, com formação na área.
Serão utilizados técnicas e instrumentos diversificados, que envolverão
sobretudo sessões de informação, de troca de conhecimentos, de desenvolvimento
físicos, recorrendo constantemente a dinâmicas de grupo, trabalhos individuais e de
grupo, procurando adequar-se os mesmos aos conteúdos a desenvolver e às
especificidades do grupo. Sendo sempre pertinente recorrer-se-á ao debate e à troca de
experiências.
É através da intervenção em grupo que este projeto se desenvolve, é o espaço
privilegiado de aprendizagem, com base nas técnicas de animação de grupos e as
técnicas cognitivo-comportamentais.
É importante ressaltar que nas intervenções em grupo, algumas das vantagens
são o fato de a abrangência da transmissão de conhecimentos ser maior, tal como a
amplificação que resulta da multiplicação pelos elementos do grupo de fenômenos de
espelhamento, reconhecimentos, gratificações, enriquecimento de conteúdos e
diferentes perspetivas, constituindo-se uma rede de comunicação pela qual a
comunicação fluirá de forma mais livre possivel. Ao contrário do que muitas vezes se
pensa, a intervenção em grupo não é simplesmente uma forma de juntar várias pessoas
simultaneamente, economizando tempo e dinheiro (embora também contribua para isso)
O trabalho de mudança feito em grupo vai muito mais longe e tem características
impossíveis de serem obtidas no trabalho individual.
Por exemplo, o processo de identificação. Em cada encontro aquele que expõe
um problema , uma situação de vida, o grupo e trabalha e ajusta-se com as suas próprias
prespetivas, alargando o seu campo de visão, levando desta forma a uma troca sucessiva
e bidirecional de perspetivas, todo o grupo se trabalha e também reduz a possibilidade
de resistências, porque ninguém tem controle sobre o que será abordado no grupo.

Os objetivos que foram traçados e os conteúdos escolhidos refletem-se na


escolha das atividades selecionadas propostas a por em prática em cada encontro, que
representam a tarefa mais importante na realização deste projeto.

26 Francisca Elias. Instituto Piaget


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Cada atividade propõe uma estratégia acompanhada pela intervenção


sistemática da animadora, que formam cada encontro e visão compreender o
sucesso deste projeto.
Em cada encontro devem-se utilizar diferentes materiais e técnicas de modo:
- A estimular a atividade cognitiva através da observação direta, manipulação e
experimentação
- Reforçar a autonomia
- Recorrer-se a uma boa planificação das sessões (encontros), com a descrição das
atividade e dos materiais a utilizar
- Motivar, explicar o que os participante vão fazer e porquê
- Criar um ambiente sereno, descontraído e aberto ás novas experiências
- Despertar curiosidade e vontade

As atividades devem ser realizadas sempre no mesmo dia, não alterando muito as
rotinas .

Nas diferentes fases prevê-se a aplicação das seguintes técnicas e instrumentos


nas diferentes fases do projeto:

QUADRO 5- TÉCNCIAS E INSTRUMENTOS

TÉCNICAS E INSRUMENTOS

DIAGNÓSTICO - Entrevistas individuais semiestruturadas, para conhecer a disposição e


trajetória do idoso

PLANIFICAÇÃO
- Observação não participante de forma
- Registo das necessidades e anseios

APLICAÇÃO- - Técnicas de grupo, dinâmicas de grupo


EXECUÇÃO
AVALIAÇÃO - Análise qualitativa dos dados recolhidos durante o projeto que
permitam comprovar o grau de consecução dos objetivos

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Todas as técnicas utilizadas nestes projeto estão assentes o movimento


humanista da psicologia positiva, adotando uma visão mais aberta e apreciativa dos
potenciais, das motivações e das capacidades humanas.

4.2.ATIVIDADES

As atividades que a animação pode desenvolver passam por quatro linhas de


orientação:
- Difusão cultural (Incentivar o gosto pelas formas culturais, cientificas e do
conhecimento);
- Atividades artísticas não profissionais (Desenvolver os talentos e as capacidades
artísticas e criativas das pessoas através da sua pratica);
- Actividades Lúdicas (A animação por divertimento, lazer, desporto e convívio) ;
- Actividades Sociais (Promover a participação das pessoas nos movimentos cívicos,
sociais, políticos e económicos).

Uma componente importante da animação, no seu se sentido mais lúdico e puro,


é o jogo. Jogar, brincar, quando se é adulto, enquadra-se também naqueles mitos e
estereótipos que advogam que jogar, brincar é coisa de criança. Grande erro, o desejo de
brincar acompanha-nos toda a vida, mas os nossos diferentes papéis sociais assumidos
distraem-nos da prática regular de brincar, o que não eliminou, no entanto, o nosso
desejo de fazê-lo. O jogo, quer em crianças, em adultos ou em idosos é das melhores
formas de transmitirmos uma mensagem e de nos divertirmos.
Com o jogo conseguiremos (Lorda, 2001):
· Canalizar a nossa criatividade;
· Libertar tensões e emoções;
· Orientar positivamente as angústias quotidianas;
· Reflectir;
· Aumentar o número de amizades e relações
· Divertir-nos

28 Francisca Elias. Instituto Piaget


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· Aumentar o grau cultural e o compromisso colectivo;

Ter predisposição para realizar outros afazeres;


- Obter integração intergerações quando se possibilitam oportunidades.
O jogo concebe-se como um sistema fictício, com regras obrigatórias, porém aceitas
livremente por todos. A sua prática traz ao participante múltiplos sentimentos e
experiências diferentes das que está acostumado no dia-a-dia, e com uma clara função
de utilidade.
O homem, felizmente, nunca perde o desejo de brincar e esta manifestação
acompanha-o em toda a sua vida. Acontece que a modernidade com que o seu conforto
foi elaborado simplesmente faz com que esta qualidade se adapte às circunstâncias que
o mundo dos adultos vai impondo, e assim o percentual do tempo de brincar diminui,
porém, felizmente, nunca desaparece.
A animação incentiva-o a empreender certas actividades que contribuem para o
seu desenvolvimento, dando-lhe o sentimento de pertencer a uma sociedade, em cuja
evolução podem continuar a contribuir. Contrariando a ideia que a maior parte dos
idosos têm, de que já não servem para nada, que não interessam à família, muito menos
à sociedade.

Como referenciado antes no Cronograma geral, este projeto visa ser


desenvolvido em dois meses, oito semanas. Em que em cada uma delas existirá uma
temática que será explorada em três encontros semanais. O intuito desta divisão de
temáticas por semana, é mesmo a sistematização das temáticas, o poder aprofundar o
desenvolver…
O projeto Vivenci´art divide-se em oito partes:

1 - Animação física ou motora (Yoga, Piscina, jogos)


2 - Animação cognitiva (Jogos de concentração e de memória)
3 - Animação através da expressão plástica (moldagem de barro, plasticina, pasta de
papel, bordados, pintura, desenho, colagem)
4 – Animação através da comunicação Escrita e da Expressão Musical (Escrita Criativa,
musicoterapia, dança)
5 – Animação através da Expressão Dramática
6 - Animação associada ao desenvolvimento pessoal e social ( Inteligência Emocional)
29 Francisca Elias. Instituto Piaget
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7- Animação comunitária (Visitas Culturais, Intercâmbios, Voluntariado)


8 - Animação lúdica e exploração da atualidade (Sessões de cinema, culinária,
confeção de pratos doces/reginais e/ou típicos; recorte e recolha de receitas, leitura de
jornais e revistas e discussão dos mesmos)

Antes de aprofundar cada tipo de Animação, existem três atividades a ter em conta :

- A divulgação do projeto
- A questão permanente da adaptação das atividades de animação com as atividades
religiosas já pré-estabelecidas
- As atividades intituladas como aquecimento e prontificação para a acção antes de cada
sessão .

4.2.1. A DIVULGAÇÃO DO PROJETO

Este programa conta com divulgação. Que será feita em lares, centros de dia,
associações culturais e recreativas, centros culturais e pastorais. Além da divulgação por
cartazes na rua!
Visto que o projeto se pode desenvolver em qualquer sitio, desde que existam
participantes interessados e depois de se reunirem comigo e acordarmos os recursos
necessários e as datas.
A divulgação por cartaz inclui assim a informação estritamente necessária, com
o intuito de chamar atenção aos idosos e interessá-los pelo plano de atividades que se
oferecem.(ANEXO 8)

4.2.2. ESPIRITUALIDADE

A terceira idade está marcada por uma certeza que, para muitos, parece
assustadora: em breve a morte os encontrará. Muitos passam a não assimilar esta dura
realidade da vida mortal, e começam a rejeitar o pensamento de que um dia morrerão,

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ou caem num estado depressivo tal que os isola do convívio familiar e social,
levando-os a um aceleramento do processo de envelhecimento.
Porém, a terceira idade também é marcada por uma busca maior por religião,
como a solução para os dilemas que passam a surgir na mente do idoso. A religião passa
a ser uma fonte de autoestima e convívio social, que os ajuda a enfrentar com alegria e
confiança esta etapa final da vida.
Uma pesquisa realizada com americanos em idades que variaram de 55 a 80
anos, demonstrou que 58% das mulheres e 32% dos homens nesta faixa etária viam na
religião um apoio seguro para lidar com os piores eventos da vida. “O apoio social, a
percepção de uma medida de controle baseado numa vida de oração, e fé em Deus” são
meios relatados pelos idosos pesquisados para vencerem os infortúnios.
Outras pesquisas nesta área da religiosidade na vida do idoso, realizadas também
nos Estados Unidos, mostram que quanto mais ativo ele se mantém na religião, mais
satisfeito estará com a própria vida. Os envolvidos com uma “religião organizada”
tendem a ter uma auto-estima mais alta, considerando-se que esses idosos altamente
envolvidos em atividades espirituais passam a ter uma sensação bem mais forte de
controle sobre a vida e esperança no futuro.
Porém, alguns afirmam que a religiosidade tem forte poder sobre a auto-estima
apenas daqueles idosos que não tiveram uma educação bem estruturada e consistente,
ou seja, os que chegaram a níveis mais altos de educação e estudo não utilizam-se tão
freqüentemente da religião como meio de fortalecer sua auto-estima.Aparentemente, a
resposta está no fato de que os que alcançaram mais educação acadêmica encontram em
suas realizações pessoais e profissionais uma outra forma de superar a depressão e olhar
a vida como frutífera e feliz.
Uma vez que as pessoas tendem a pensar mais sobre a morte como o fim
inevitável de todos os seres vivos, a velhice passa a ser o momento em que este
pensamento aflora mais fortemente, levando a uma profunda introspeção sobre o real
sentido da vida e o que vem após ela. A religião, então, constitui uma forte ajuda a
superar esta crise com esperança e confiança num Deus que cria e restaura.

Por estes motivos as atividades serão sempre planeadas de forma a não irem de
encontro aos horários religiosos. Por outro lado será bom que sempre que oportuno se
desenvolvam atividades circundantes a esta temática.

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Tendo em conta que:


- Todos os dias de manhã ou à tarde há missa seguida do terço, por isso as
atividades de animação só podem começar disso.

- As atividades que são realizadas pelos idoso têm quase sempre um lado religioso: uma
missa, uma ida a Fátima etc.

- O que os idosos mais gostam de fazer são passeios religiosos.

4.2.3. AQUECIMENTO

Sem exceção em cada encontro antes de se iniciarem as atividades será feito um


aquecimento e no final um relaxamento.
Como aquecimento é previsto que cada idoso por si só ao som da música “whatever
lola wants lola gets”, dançe calmamente e descontraidamente, mexendo as partes do
corpo que mais lhes apetecer no momento, e de seguida farão a caminhada Botô e o
Jogo da Pinga (ANEXO 9).
Primeiro precisariamos de preparar o corpo para as actividades seguintes. Assim
mal entramos na atividade cada um por si faz o seu aquecimento, ao som da musica,
tenta aquecer bem todas as articulaçoes e esquecendo o mundo lá fora. Mal se
começem todas as atividades é pedido aos participantes que esqueçam o mundo lá fora,
não existe mais nada e só se pode pensar no que vamos fazer ali .

Este aquecimento além de passar pelo aquecimento do corpo, prevenindo


desconfortos ao longo das atividades e disponibilidade física também ajudam na
predisposição psicológica, concentração e motivação das ações seguintes a realizar.

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4.2.4. ANIMAÇÃO FISICA OU MOTORA

É aquela em que se pretende que o idoso faça algum tipo de movimento. A


terceira idade não é apenas o último período evolutivo, decadente e regressivo, da vida
do homem, mas antes uma outra fase de evolução, com formas diferentes de viver e de
existir, tanto no campo social como no pessoal.
O principal defice no idoso, no respeitante á realização de uma tarefa, incide
sobre o ritmo do seu trabalho. Uma certa lentidão nas respostas psico-motoras parece
verificar-se com o aumento progressivo da idade.
É através do corpo que vamos adquirindo a sensibilidade proprioceptiva ou seja
as noções de espaço que não são visíveis, (ex: quando nos sentamos, sabemos sem olhar
onde está a cadeira).
Com a idade estas capacidades vão-se perdendo, chegando ao ponto de se perder o
próprio esquema corporal. É possível ajudar o idoso a adquirir estas noções com
exercícios psicomotores. A capacidade de realizar o movimento real, em caso de
paralisia de um membro, utiliza-se o membro são como auxiliar do movimento.
A massagem suave nos membros ou no tronco também são um bom suporte para
a consciencialização das diferentes partes do corpo, pois as nossas mãos são um
estímulo táctil e sensitivo.
A colocação de pequenos sacos de areia ou de água quente, assim como pedir ao
idoso que levante até ao seu campo de visão, as diversas partes do corpo, servem como
elementos facilitadores para o reconhecimento e identificação do seu próprio corpo, em
especial quando o idoso está acamado.
Devemos ajudar o idoso aumentar as suas capacidades de representação mental
do corpo em movimento, mobilizando as extremidades (braços e pernas), perante o seu
olhar e referenciando os seus nomes, (ex: Sr.........., agora vou mexer no seu braço
direito e vou elevá-lo, e assim por diante....).

Alguns dos problemas do idoso relacionados com o seu corpo:


- Desinteresse pelo arranjo exterior e por vezes com a própria higiene.
- Dificuldades de adaptação, á imagem corporal.
- Lentidão motora, movimentos pouco harmoniosos e de pequenas
amplitudes.
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- Diminuição das sensações e da propriocepção.


- Medo das quedas e consequentemente as fracturas.
- Hipertonia e rigidez muscular.

QUADRO 6 - ANIMAÇÃO FISICA OU MOTORA

1ª SEMANA
ANIMAÇÃO FISICA OU
MOTORA
1ª Encontro 2º 3º

Encontro Encontro

1. YOGA (120min)

2. Jogos de
desenvolvimento da
psicomotricidade
(120min)

3. Piscina (120min)

OBJETIVOS :

- Desenvolver as capacidades físicas

- Contrariar limitações físicas

- Recuperar a confiança e o domínio do corpo

- Desenvolver a flexibilidade e o equilíbrio

34 Francisca Elias. Instituto Piaget


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1. YOGA

Esta valência física pode e deve ser treinada desde a infância até a terceira idade,
objetivando o contínuo controle do stress, que com o passar dos anos, com o acúmulo
da sobrecarga psico-emocional, principalmente pela somatização dos inúmeros
problemas do cotidiano, podem ser acentuados, tornando-se causas de inúmeras
enfermidades e doenças, podendo levar o idoso à morbidade e até mesmo à morte. Na
terceira idade, as alterações orgânicas podem desencadear vários desequilíbrios
psicofísicos, pois um idoso relaxado pode ter o mesmo comportamento hormonal de um
jovem estressado, pois com o avanço da idade, os níveis hormonais se alteram, por
exemplo: a produção de adrenalina é maior, os hormônios tireoidianos diminuem, a
produção de melatonina se reduz, refletindo na qualidade do sono e outros mais; estas
alterações são normais no processo do envelhecimento, que são aumentadas de acordo
com o perfil psicológico de cada um, que já vem desde a infância e a vida adulta, que
quando não tratada e/ou controlada tornam-se um fator significativo na redução da
saúde e qualidade de vida dos idosos.

As técnicas recorrentes de respiração do yoga acompanhadas de alongamento


específicos ajudam o idosos a sentir-se mais calmos, mais relaxados física e
psicologicamente, e consecutivamente mais disponíveis para toda a sua vida ativa.
Numa fase inicial o primeiro contato dos idosos com o yoga pode ser estranho.
Podem confundir esta prática como uma “traição” à religião católica, pois fala-se do
campo de energia que envolve o ser humano e de cristais. Por isso é com grande
cuidado que se introduzirá esta técnica, demonstrando aos idosos que não passa de uma
técnica de relaxamento, que está assente numa psicologia positiva, que desenvolve a paz
interior e exterior.

2. JOGOS (Desenvolver a psicomotricidade)

A psicomotricidade considera o movimento como uma acção relativa a um


sujeito, isto é, uma acção que só se pode compreender nas estruturas neuropsicológicas
que o integram, elaboram, regulam, controlam e executam. É um processo relacional

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inteligível entre a situação e a acção, entre o estímulo e a resposta, entre o


movimento global e a motricidade fina.
A psicomotricidade visa essencialmente:
-Mobilizar e reorganizar as funções mentais
-Aperfeiçoar a conduta consciente e o acto mental
-Elevar as sensações e percepções a níveis de consciencialização, simbolização e
conceptualização da acção aos símbolos, passando pela verbalização
-Maximizar o potencial motor, afectivo-relacional e cognitivo
-Fazer do corpo uma síntese integradora da personalidade Em psicomotricidade o corpo
é o meio através do qual a consciência se edifica e se manifesta. O nosso corpo é um
veículo de sensações.
Exemplos de jogos ( ANEXO 10)

3. PILATES E NATAÇÃO

Natação

Sabemos que a natação traz muitos benefícios,


mas quando se trata da prática na terceira idade
podemos dizer que á ainda mais benefícios. Entre os
mais conhecidos podemos citar o aumento da
disposição no dia-a-dia e a realização de atividades
simples que antes eram difíceis, como por exemplo,
varreu um cômodo da casa e a melhora da
musculatura do abdômen e do assoalho pélvico
diminuindo a incontinência urinária.

Pilates

Esse é mais um dos métodos que dá


resultado, como o aumento da força e controle
muscular, capacidade respiratória, flexibilidade
maior, correção de postura e fortalecimento dos
músculos, prevenção de lesões, aumenta a
autoestima e diminui as dores musculares tão

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decorrentes durante essa etapa da vida.

4.2.5. ANIMAÇÃO COGNITIVA

A Animação de Idosos é uma forma de actuar em todos os campos do


desenvolvimento da qualidade de vida duma comunidade idosa. Representa um
conjunto de passos com vista a facilitar o aceso a uma vida mais activa e mais criadora,
à melhoria nas relações e comunicação com outros, a que se faz parte, incentivando o
desenvolvimento da personalidade do indivíduo e da sua autonomia.
A Animação cognitiva tem como objetivo fomentar a retenção de
acontecimentos, atos e sensações, exercer a atividade mental e desenvolver as
capacidades mentais. Através da animação cognitiva os idoso têm oportunidade de
exercer as suas capacidades cognitivas. Os exercícios mentais podem aumentar a
atividade cerebral e retardar os efeitos da perda de memória .

Para a concretização destes efeitos promovem-se atividades cognitivas, que incluam:

- Ler/Escrever
- Jogos (Jogo da memória, palavras cruzadas, jogo do Stop, Sodoku, jogo do 24, sopa de
letras, puzzles
- Cantigas populares ´
- Atividades de orientação e coordenação
- Exercícios para trabalhar a linguagem, memória/cálculo/conhecimento.

Exemplos de atividades (ANEXO 11)

37 Francisca Elias. Instituto Piaget


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QUADRO 7- ANIMAÇÃO COGNITIVA

2ª SEMANA
ANIMAÇÃO COGNITIVA

1ª Encontro 2º 3º

Encontro Encontro

1. Jogos de concentração e
memória (120min)

2. Contar anedotas,
advinhas,lengalengas,
ditos
antigos (120min)

3. Palavras rimadas.
Puzzles. Poesia, leitura
de textos em voz alta.
(120min)

OBJETIVOS:

- Desenvolver a flexibilidade e o equilíbrio

- Prevenir o envelhecimento cognitivo e intelectual

- Desenvolver a atenção e a memória

38 Francisca Elias. Instituto Piaget


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4.2.6. ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO PLÁSTICA

Neste tipo de animação pretendemos que o idoso trabalhe a sua faceta artística e
através da moldagem (de barro, plasticina, pasta de papel ou outro material), bordados,
pintura, desenho, colagem, etc., conseguia exprimir algumas das suas emoções. A
animação plástica é simultaneamente motora e cognitiva também. A animação
expressiva plástica visa proporcionar ao idoso a possibilidade de se exprimir através das
artes plásticas e dos trabalhos manuais. Por requerer algum tipo de equipamento
específico, nem sempre é dado a possibilidade aos idosos de poderem experimentar
estas técnicas, no entanto é possível realizar quase todas as actividades recorrendo a
materiais simples e acessíveis

QUADRO 8- ANIMAÇÃO ATRAVÉ DA EXPRESSÃO PLÁSTICA

3ª SEMANA
ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA
EXPRESSÃO PLÁSTICA
1ª Encontro 2º 3º

Encontro Encontro

1. Pintura (em folha,


tecido, tela,
esculturas)
(120min)

2. Escultura
(modelagem de
barro, gesso, pasta
de papel e fimo)
(120min)

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3. Recortes e colagens
Construções de
objectos (120min)

OBJETIVOS:
- Desenvolver a criatividade e as capacidades artísticas e plásticas
- Estimular a destreza manual e a motricidade fina a precisão manual e a coordenação
psico-motora
- Fomentar o sentimento de pertença a um grupo.
- Comunicar, discutir, expressar, dar a vez, cooperar e empatizar
- Desenvolvimento e enriquecimento de qualidades grupais, coesão, partilha, trabalho
em equipa, confiança, sensibilidade, relações interpessoais, iniciativa, expressão e
autocontrolo;
- Desenvolver as aptidões técnico-manuais dos idosos;
- Desenvolver a capacidade lúdica;
- Realizar actividades criativas e recreativas; Incrementar a participação activa dos
idosos
- Promover o convívio e o bem-estar.

AS ATIVIDADES PLÁSTICAS INCLUEM:

- Escultura (barro, plasticina, gesso, madeira, pasta de papel, etc.).


- Pintura (tintas, papel, caneta, tela, vidro, madeira, plástico, etc.).
- Tapeçarias e Bordados (agulhas, lãs, tecidos, linhas, algodão, etc.).
- Colagens (recortes de revistas, livros, jornais, tecidos, lãs, massas e feijão, todo o tipo
de papel). Trabalhos Manuais (elaboração de pregadores com feltro; Quadro de
Aniversários; elaboração de molduras; Técnica do Guardanapo, etc.).
- TROCA DE SABERES

No planeamento de qualquer das atividades é necessário ter em conta as datas


importantes de forma a adequar a temática das sessões a esses dias festivos .(ANEXO 12)

40 Francisca Elias. Instituto Piaget


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4.2.7. ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO ESCRITA E DA


EXPRESSÃO CORPRAL

Neste tipo de animação o objetivo é que os idosos comuniquem uns com os


outros pela comunicação escrita, pela dança e pela música.
Neste tipo de na animação expressiva de comunicação eles transmitem os seus
sentimentos e emoções através da voz, do comportamento, da imaginação postura e do
movimento.

QUADRO 9- ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO ESCRITA E DA


EXPRESSÃO MUSICAL

4ª SEMANA
ANIMAÇÃO ATRAVÉS
DA COMUNICAÇÃO
1ª Encontro 2º 3º
ESCRITA
Encontro Encontro

1. Escrita (120min)

2. Dança 120min)

3. Expressão Musical
(120min)

OBJETIVOS:

- Desenvolver o vocabulário, a organização de pensamento e a destreza verbal dos


utentes;
- Incentivar à participação nas actividades por parte dos idosos.

41 Francisca Elias. Instituto Piaget


VIVENCI´ART - Este Meu Tempo de Viver -

- Criar o gosto pela escrita, pela mdança, pelo movimento e pela expressão
corporal; Desenvolver e estimular as
capacidades físicas e artísticas dos idosos.
- Exprimir-se através do movimento;
- Explorar ritmos corporais diferentes;
- Explorar o espaço envolvente;
- Obter noção do corpo, das suas capacidades e limitações;
- Desenvolver a
concentração e a criatividade;
- Favorecer a amplitude de movimentos.
- Contribuir para uma
elevação geral das capacidades e habilidades motoras do participante, auxiliando-o a
desenvolver a cooperação e a autoestima.
Animar um crescimento emocional, afectivo, relacional e social do idoso através da
utilização de sons, movimentos e expressão escrita, corporal como meio de
comunicação e de expressão;
- Reactivar os processos afectivos por meio dos sons e animar a catarse ou expressão
dos mesmos através de canais motores ou expressivos; Ajudar o idoso a vivenciar,
perceber e integrar a sua realidade interna e a poder manejá-la de forma mais adequada
no que diz respeito às suas necessidades, desejos e metas.
- Contribuir para a reorganização cognitiva, afectiva e corporal do idoso.

1.ESCRITA CRIATIVA

Criar é sempre uma felicidade. Para algumas pessoas é também uma


necessidade. E, hoje em dia, criar é cada vez mais imprescindível em todas as
actividades.
A criatividade é uma competência complexa que envolve a capacidade de ousar fazer
diferente – de partir para o desconhecido; de lidar bem com a ambiguidade – de suportar
bem o incerto, o imprevisível; e de conseguir exprimir a identidade – o modo de pensar
e sentir de cada um – através de um meio, de uma forma.

42 Francisca Elias. Instituto Piaget


VIVENCI´ART - Este Meu Tempo de Viver -

A escrita é um meio indirecto (requer um instrumento) mas muito acessível.


Aproxima-se também do seu contraponto – a leitura de obras de ficção
– com espaço assegurado nos programas escolares. Não há melhor forma de
compreender uma obra literária do que ensaiando-a, experimentando as possibilidades e
os constrangimentos do género. Se para bem escrever, convém ler muito e bom, para
bem ler (para bem compreender e apreciar o que se lê), convém escrever – muito!
Por outro lado, espera-se que, ao desenvolver a criatividade numa forma de expressão,
se esteja a desenvolvê-la em geral. Peter Brook diz: “A imaginação é um músculo,
treina-se”. E logo José Gil e Isabel Bellmann o parafraseiam: “A escrita é um músculo,
treina-se”. Através da escrita criativa espera-se estar a desenvolver a capacidade de
engendrar novas ideias, novas questões, novas maneiras de encarar os problemas e de
procurar diferentes soluções.

Exercícios criativos, que requerem imaginação, alguma concentração e técnica


de escrita.(ANEXO 13)

2.DANÇA
Estas atividades visam criar o gosto pela dança e pelo movimento, estimular as
relações interpessoais e o trabalho em grupo, desenvolver as capacidades físicas e
artísticas do idoso; incentivar a estimulação da memória e da criatividade.
Serão executadas coreografias, danças sincronizadas, dança livres.
Nesta atividade mais uma vez cada idosos poderá oferecer ao grupo os seus
dotes de dançarino e até poderão ser convidados professores de modalidades de dança
especificas.

3.EXPRESSÃO MUSICAL

Estas atividades incluem o uso de sons, harmonias, instrumentos musicais e


ritmos como modo de terapia para combater várias patologias que envolvem o
desenvolvimento, a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização,
expressão e a organização física, mental ou social. Construção de instrumentos musicais
a partir de diferentes materiais e laboração e execução de melodias.(ANEXO 14)

43 Francisca Elias. Instituto Piaget


VIVENCI´ART - Este Meu Tempo de Viver -

De forma a desenvolver o ouvido musical, o sentido rítmico e o


reconhecimento e reprodução de frases musicais.

4.2.8. ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DRAMÁTICA

A expressão dramática é uma prática que põe em ação o desenvolvimento do


indivíduo aferido na sua totalidade. Favorecendo, através de atividades lúdicas, o
desenvolvimento de uma aprendizagem global (cognitiva, afectiva, sensorial, motora e
estética).

É uma área artística que abrange quase todos os aspectos importantes do


desenvolvimento. A grande diversificação de formas que pode tomar [podendo ser
regulada conforme os objectivos, as idades e os meios que se dispõe], tornam-na, por
excelência, num importante instrumento de trabalho, uma vez que visa processos de
experimentação que ampliam o potencial cognitivo, fazendo com que o idoso seja capaz
de expressar, com autonomia, uma visão crítica do mundo.

Nesta fase do projeto será apresentada uma pequena peça no final da semana, o
teatro do oprimido, que irei explicar de seguida, forma de teatro esta, que como outra
qualquer, só é construída através dos recursos de expressão dramática.

O treino das personagens e o reconhecimento verídico de sentimento só é


atingido em palco através do treino da expressão dramática.

São realizados:

- Exercícios de expressão corporal (equilíbrio, leveza, exactidão, rapidez dos


reflexos, senso de ritmo, mobilidade/imobilidade);

- Exercícios de conhecimento da voz (como respirar, projectar a voz, timbres de


voz, percepção da extensão vocal);

- Leitura expressiva, em voz alta;

44 Francisca Elias. Instituto Piaget


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- Exercícios de coordenação de formas (improvisação através de


linguagem gestual e corporal);

- Jogo Dramático (interpretação) – dramatização individual e colectiva.

Teatro do oprimido

O teatro do oprimido é um teatro de carácter social, nele são retratadas historias


reais em que existe sempre um opressor e um oprimido, e que o mais engraçado nas
apresentações deste teatro é que o publico pode intervir indo assim ate ao palco e fazer
de opressor ou de oprimido de modo a arranjar uma melhor solução para o problema da
opressão, pode contornar a historia e assim mostrar a quem vê que aquele situação pode
não ser tão dramática e tem uma resolução. (ANEXO 15)

“ Em si, o Teatro do Oprimido é um teatro sem dogmas e realizado por meio de


um conjunto de exercícios que ensinam o ser humano a utilizar uma ferramenta que ele
já possui e não sabe. O homem traz esta característica teatral dentro de si. O que este
tipo de teatro faz é liberar esta capacidade e ensinar à pessoa como dominá-la. Este é
possível de ser realizado em qualquer parte do planeta visto que em toda parte há seres
humanos e também há opressão. Por isso, o Teatro do Oprimido, assim como a
pedagogia, filosofia, psicoterapia e a política, pode ser praticado em culturas totalmente
diferentes, tanto no Brasil como na África. Já existem grupos que o praticam na África,
no Japão, em Hong Kong, na Coréia e em praticamente todos os países da Europa. A
própria cultura brasileira é especialmente promissora para esta prática, já que não pode
ser caracterizada como uma, mas na verdade milhares de culturas.

O teatro do oprimido não tem uma mensagem específica. Nunca dizemos faça
assim ou faça assado. É um método de descoberta do desejo e de ensaio de realização
deste desejo.”

Augusto Boal

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QUADRO 10- ANIMAÇÃO ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DRAMÁTICA

5ª SEMANA
ANIMAÇÃO ATRAVÉS
DA EXPRESSÃO
1ª Encontro 2º 3º
DRAMÁTICA
Encontro Encontro

1. Teatro do Oprimido
(120min)

2. Teatro do Oprimido
(120min)

3. Teatro do Oprimido
(120min)

OBJETIVOS:

- Exprimir emoções e sentimentos de forma verbal e não verbal;


- Fomentar a criatividade e a imaginação
- Possibilitar a relação de todos com todos, criando uma corrente afectiva;
- Exprimir, individualmente ou em grupo, sentimentos e emoções quer de forma verbal
como não verbal; - Evitar as barreiras que inibem a expressão pessoal;
- Fomentar a criatividade, a motivação, a imaginação, a improvisação, a descontracção e
o relaxamento; - - Estimular a comunicação não verbal.

46 Francisca Elias. Instituto Piaget


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4.2.9. ANIMAÇÃO ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E


PESSOAL

Aqui a intenção é desenvolver o “eu” do idoso, as suas experiencias de vida, as


suas emoções e sentimentos. Esta animação tem por objetivo desenvolver as
competências pessoais e sociais da pessoa e, principalmente, da pessoa como elemento
de um grupo. Com esta animação estimula-se o autoconhecimento, a interação entre a
pessoa e o grupo e a dinâmica de grupo.
É de real importância que no desenvolver destas atividades se privilegie a troca
de experiências passadas, de forma a revivê-la de forma positiva. No caso das
lembranças negativas é também muito importante que o grupo se apoie e que juntos
consigamos tirar sempre uma atitude resolutiva e positiva.

QUADRO 11- ANIMAÇÃO ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E


PESSOAL

ANIMAÇÃO ATRAVÉS 6ª SEMANA


DO
DESENVOLVIMENTO 1ª Encontro 2º 3º
SOCIAL E PESSOAL
Encontro Encontro

1. Exploração das
emoções (120min)

2. Dinâmicas de Grupo
(Treino emocional)
(120min)

47 Francisca Elias. Instituto Piaget


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3. Dinâmicas de Grupo
(Expressão
emocional)
(120min)

OBJETIVOS:

- Desenvolvimento de capacidades, ao nível do equilíbrio sócio emocional, das relações


interpessoais e inserção no meio sociocultural;
- Formar os idosos ao nível do desenvolvimento pessoal e social;
- Fomentar o reviver de vivências do passado.

1.EXPLORAÇÃO DAS EMOÇÕES

O equilíbrio emocional é extremamente importante para tomarmos decisões


acertadas na nossa vida. O nosso equilíbrio emocional está dependente do conhecimento
que temos dos nossos estados internos e da influência que estes têm sobre o nosso
pensamento, comportamento e atitudes.
Nesta fase do projeto será feita uma sensibilização para a importância da gestão
dos nosso sentimentos, que irá ser trabalhada também através de dinâmicas. (ANEXO 16)

4.3.ANIMAÇÃO COMUNITÁRIA

A animação comunitária é aquela em que o idoso participa activamente no seio


da comunidade como elemento válido, activo e útil. Esta animação destina-se
essencialmente a idosos autónomos que ainda querem e podem ter uma voz activa na
comunidade onde vivem. Nesta área o voluntariado assume um papel principal, visto
que a grande maioria das actividades executadas pelos idosos na comunidade é
embutida de um espírito voluntário.
Dentro desta modalidade também serão incluídas as visitas culturais e passeios.

48 Francisca Elias. Instituto Piaget


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Exemplos: Universidades Seniores, dirigentes de associações, guias em


museus e monumentos, consultores seniores, voluntariado etc.

QUADRO 12- ANIMAÇÃO COMUNITÁRIA

ANIMAÇÃO 7ª SEMANA
COMUNITÁRIA
1ª Encontro 2º 3º

Encontro Encontro

1. Atividades
Turisticas e
Culturais (120min)

2. Voluntariado
(120min)

3. Programas
intergeracionais:
(120min)

OBJETIVOS:

- Alargar os horizontes da imaginação dos idosos;


- Permitir novas descobertas;
- Intercâmbio sociocultural;
- Favorecer o convívio e a troca de experiências e vivências.
- Permitir o intercâmbio sociocultural;-
- Favorecer o convívio, a troca de experiências e vivências, conhecimento de novos
espaços e pessoas;

49 Francisca Elias. Instituto Piaget


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- Evitar o isolamento e a depressão;


- Promover a comunicação e a interacção grupal

1.ATIVIDADES TURISTICAS E CULTURAIS

A atividade turística também pode oferecer benefícios para a saúde física e


psicológica das pessoas de terceira idade, um aspeto até então pouco enfatizado. O
interesse do Ministério do Turismo em incentivar ações voltadas a esse público destaca
o potencial que esses milhões de consumidores representam, e mais, como relatado na
construção deste artigo, é um público que tende a crescer ano a ano, representando o
segmento etário que mais cresce e que possui tempo e dinheiro para viajar.(ANEXO 17)

2. VOLUNTARIADO

A Animadora deverá reunir conforme o local onde for desenvolvido o projeto,


instituições, hospitais, ou até casas de famílias carenciadas onde os idosos que assim
mostrarem interesse possam ajudar e desta forma sentirem-se uteis.

3.PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

Os programas Intergeracionais cuja designação se apresenta bem clara, são


programas que envolvem várias gerações, cujos objectivos serão apresentados mais à
frente e que se pode adiantar que têm que ser de interesse a todos os envolvidos e
também à própria sociedade. O Consorcio Internacional para os Programas
Intergeracionais (ICIP) [1999], acordou na seguinte definição do que é um programa
intergeracional: “ Los programas intergeracionales son vehículos para el intercambio
determinado y continuado de recursos y aprendizage entre las geraciones mayores y las
más jóvenes con el fin de conseguir benefícios individuales y sociales” citado por
Sánchez Martínez, M. y Díaz Conde, P. (2005, p. 393).

50 Francisca Elias. Instituto Piaget


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Para se perceber melhor esta designação entenderam os autores que tinham que
ter um conjunto de características essenciais e que se passam a descrever:
- Demonstrar benefícios mútuos para os participantes;
- Estabelecer novos papéis sociais e /ou novas perspectivas para as crianças,
jovens e idosos implicados;
- Envolver várias gerações, incluindo pelo menos duas gerações, não
adjacentes e sem laços familiares;
- Promover maior conhecimento e compreensão entre as gerações mais jovens
e as mais idosas, bem como o aumento da auto-estima para ambas as
gerações;
- Ocupar-se dos problemas sociais e das políticas mais apropriadas para as
gerações implicadas;
- Incluir os elementos necessários para uma boa planificação do programa;
- Proporcionar o desenvolvimento de relações intergeracionais.

4.4. ANIMAÇÃO LÚDICA

A animação lúdica, como o seu nome indica, é a animação que tem porobjectivo
divertir as pessoas e o grupo, ocupar o tempo, promover o convívio e
É vocacionada principalmente para a essência da animação: O lazer, o entretenimento e
a brincadeira.
Por vezes pode parecer um pouco redutor intitular a Animação como sendo um
atividade puramente lúdica, pois a maior parte das vezes as pessoas a brincar e a
divertirem-se também estão a aprender, quando mais não seja a serem felizes!
Este tipo de Animação pode incluir também o turismo sénior, os jogos, as idas a
teatros, cinemas, os jornais de paredes, as festas, a gastronomia, ver televisão, consultar
a internet, etc.

51 Francisca Elias. Instituto Piaget


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QUADRO 13- ANIMAÇÃO LÚDICA

ANIMAÇÃO LÚDICA 8ª SEMANA

1ª Encontro 2º 3º

Encontro Encontro

1. Cinema (120min)

2. Jogos tradicionais
(120min)

3. Festa de
Despedida
(Almoço):
(120min)

OBJETIVOS:

- Promover o bem estar


- Desenvolver a descontração
- Afastamento psicológico da rotina

No primeiro encontro desta semana será visualizado um filme da lista á escolha


e discussão do mesmo.
No segundo encontro a descontração será total com os jogos e canções tradicionais.
Já no último encontro, na despedida será feito um almoço convívio, em que serão os
idosos a decidir a ementa.
Exemplo de atividades (ANEXO 18)

52 Francisca Elias. Instituto Piaget


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5. DEFENIR A POPULAÇÃO

A população será diversificada, conforme o grupo que aderir ao projeto, a característica


geral é ser um grupo da terceira idade.

O termo “terceira idade” foi criado pelo gerontologista francês Huet, e surge
“para expressar novos padrões de comportamento de uma geração que se aposenta e
envelhece ativamente”.
Atualmente, o número de idosos em todo o mundo tem crescido de forma constante e
progressiva. As últimas pesquisas demonstram que, pela primeira vez na história da
humanidade, haverá nos países desenvolvidos mais avós e bisavós do que netos e
bisnetos. Essa transformação já começou a ocorrer a partir de 2000, e alcançará o
mundo inteiro algum dia.

CARATERISTICAS FISICAS

Não está muito claro para os estudiosos como realmente o corpo humano envelhece.
Porém, o processo de envelhecimento difere de pessoa para pessoa. Os seis principais
fatores que influenciam no processo de envelhecimento do corpo são: Tempo;
hereditariedade; meio ambiente; dieta; estilo de vida; nível de atividade física.
Segundo a American Geriatrics Society, o nível de atividade do idoso pode ser
classificado da seguinte forma:

QUADRO 14- CARATERISTICAS FISICAS DO IDOSO

Nível Classificação Características

I Fisicamente incapaz Não realiza nenhuma AVD e tem


total dependência dos outros.

Fisicamente dependente Realiza alguma ABVD: caminha


II pouco, banha-se, veste-se,
alimenta-se, transfere-se de um
lugar para outro; necessita de

53 Francisca Elias. Instituto Piaget


VIVENCI´ART - Este Meu Tempo de Viver -

cuidados de terceiros

III Fisicamente frágil Faz tarefas domésticas leves:


prepara comida, faz compras
leves,
pode realizar algumas AIVD e
todas as ABVD, pode fazer
atividades domésticas.

IV Fisicamente independente É capaz de realizar todas as


até aqueles AIVD. Realiza trabalhos físicos
muito leves; é capaz de cuidar da casa
ativos, mas e ter “hobbies” e atividades que
sedentários demandam baixo consumo de
energia. Aqui estão incluídos
idosos que vão desde os que
mantém um estilo de vida que
demanda muito pouco da
condição física
V Fisicamente apto/ativo Realiza trabalho físico
seus pares da moderado, esportes de
mesma idade. resistência e jogos.
É capaz de fazer todas as AAVD
e a maioria dos hobbies.

VI Atleta Realiza atividades competitivas,


1 Ibid. podendo competir em nível
2 Granato, 69- internacional e praticar esportes
70. de alto risco.
3 Luiz
Fernando M.
Kruel,
“Necessidades
e Restrições
do Idoso”,.

CARATERISTICAS MENTAIS

A personalidade “compreende características individuais, maneiras de ser,


estilo de vida, tudo que se possa resumir numa única pessoa”. Ana Oliveira,
pesquisadora da UFU, declara que os estudos ora disponíveis sobre a personalidade e o
envelhecimento, demonstram que há uma tendência à estabilidade da personalidade na
terceira idade. Segundo ela, “nos idosos que apresentam nível de educação elevado, que

54 Francisca Elias. Instituto Piaget


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se mantêm ativos, com responsabilidades, com plena aptidão funcional e boa


saúde, geralmente não se observam grandes alterações da personalidade”.
Porém, “o indivíduo que não conseguiu uma situação estável na sua juventude e na
idade adulta, sente-se irrealizado e infeliz. Suas aspirações não foram satisfeitas e ele
corre o risco de ter problemas psicológicos agora”.
O primeiro estudo da personalidade dos idosos identificou cinco tipos diferentes:

QUADRO 15- CARATERISTICAS MENTAIS

Grupo Tipo Características

Adaptaram-se ao Construtivo Bem integrado, respeitado, estável,


envelhecimento que desfruta daquilo que a vida lhe
proporciona

Dependente É passivo, voluntariamente


desengajado e satisfeito, senhor
da cadeira de balanço, pois enfim
pode descansar

Defensivo Ativo, rígido, disciplinado,


individualista, se dedica a muitas
atividades por não conseguir ficar
parado
Colérico Culpa o mundo e as pessoas pelos
seus insucessos pessoais,
tem pouca ambição quanto ao
futuro, vida social instável e
Não se adaptaram ao padrões econômicos precários, luta
envelhecimento contra as manifestações
do envelhecimento
Pessimista Apresenta constante decréscimo de
nível sócio-econômico e
sem história de vida, odeia a si
mesmo, é deprimido, isolado
e geralmente exagera sua falta de
capacitação física e
psicológica, se fazendo de vítima.
Aceita a triste velhice,
mas tem a morte como a sua
libertação desta existência
insatisfatória

55 Francisca Elias. Instituto Piaget


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A depressão é um problema de saúde de grande importância na terceira


idade,4 principalmente porque o suicídio, uma das mais sérias conseqüências
da depressão, está entre as 10 causas de mortes de idosos.A solidão, a inatividade, as
perdas de entes queridos estão entre as principais causas de depressão na terceira idade.
Um exame clínico completo, associado à avaliação psiquiátrica e neurológica são
indispensáveis àqueles que começam a apresentar os primeiros sinais de um quadro
depressivo. Já entre as manifestações neuróticas na terceira idade, algumas das
principais são a ansiedade, o nervosismo e as fobias. São geralmente transtornos
mentais transitórios, e são apontados como uma das principais causas que levam à
aposentadoria por invalidez.
A melhor maneira de continuar ativo e feliz ao chegar à terceira idade é continuar, ou
iniciar, um programa regular de atividades físicas, mentais e sociais, que não permitam
ao idoso ficar isolado do mundo que o cerca.

CARATERISTICAS PSICOSSOCIAIS

Para Erik Erikson, esta etapa da vida está marcada pela oitava e última idade do
desenvolvimento psicossocial do ser humano: a integridade do ego ou o desespero.2
Nesta fase, os adultos mais velhos (segundo Erikson, a partir dos 60 anos) precisam
avaliar suas vidas, resumi-las e aceitá-las, para aceitar a aproximação com a morte.
Aqueles que, ao fazerem esta análise, não encontram grandes motivos para orgulho
pessoal e satisfação, tenderão ao desespero, por verem que o tempo já passou e não há
mais condições de engajarem-se em novos projetos e metas. O tempo passou, a morte
está chegando, e nada mais de duradouro poderá ser iniciado. Erikson argumenta que a
pessoa não deve chegar a esta fase com o tormento de que “deveria ter feito” mais ou
“poderia ter sido” melhor.
A certeza de que viveu uma vida produtiva trará uma maior aceitação da hora da
morte, que se avizinha. Todavia, Erikson defende que um pouco de desespero quanto à
vida que se está acabando é inevitável. Ele diz que as pessoas precisam “lamentar” –
não apenas pelos próprios infortúnios e oportunidades pessoais perdidas, mas lamentar
também pela “vulnerabilidade e transição da vida humana”.

56 Francisca Elias. Instituto Piaget


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6. RECOLHA DE DADOS

A recolha de dados será efetuada durante o projeto com o objetivo de possibilitar


adaptações e imprevistos, retificando outros aspetos quando oportuno .

Os dados serão recolhidos em quatro fases :

QUADRO 16- RECOLHA DE DADOS

Diagnóstico -Nível de satisfação dos idosos referente


ás atividades diárias desenvolvidas
-Nível de motivação
- Clima das relações interpessoais
- Necessidades culturais e recreativas não
atendidas
Planeamento - História pessoal de cada idoso para
conhecer o seu estado psíquico e físico
- Informação concreta sobre as
características do grupo: nível económico,
habilitações escolares, nível cultural
Aplicação-Execução -Grau de participação dos idosos nas
atividades desenvolvidas
- Interesse em aprender coisas novas
- Motivação, interesse e espirito critico
Avaliação - Melhoria do estado físico e psíquico
- Melhoria da meteorização mental e física
- Grau de participação nas atividades
- Satisfação geral em relação ao projeto
- Mudanças reais de hábitos

57 Francisca Elias. Instituto Piaget


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7. AVALIAÇÃO

Neste projecto dá-se primazia à observação, ao diário de bordo, à entrevista e


questionários de avaliação de diagnóstico e de satisfação, e foram ainda utilizados a
fotografia, o vídeo e as gravações áudio.

7.1.AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

Numa fase inicial de diagnóstico serão aplicados os questionários WHOQOL-


BREF e WHOQOL-OLD, são instrumentos de avaliação de qualidade de vida criados
pelo grupo World Health Organization Quality of Life da Organização Mundial de
Saúde. O primeiro trata-se de um inquérito global e o segundo dirige-se especificamente
aos idosos. ( VER ANEXO 1 e 2)

Foram também feitas entrevistas. A entrevista é “(…) um acto de conversação


intencional e orientado, que implica uma relação pessoal, durante a qual os participantes
desempenham papéis fixos: o entrevistador pergunta e o entrevistado responde. É
utilizada quando se pretende conhecer o ponto de vista do outro” (Máximo-Esteves
2008).
Existem diferentes tipos de entrevistas, sendo a entrevista semi estruturada aqui elegida
como a que melhor se enquadra neste estudo. Segundo Máximo-Esteves (2008): )

Para realizar as entrevistas exploratórias foi criado um guião. O primeiro é


referente aos dados pessoais dos idosos, onde se pretende introduzir a conversa,
conhecê-los um pouco melhor, saber a instrução que têm, e algumas das suas limitações
a nível de saúde. No segundo campo aspira-se conhecer o seu dia-a-dia, saber qual o
estado de atividade e como é que se costumam ocupar para assim se poder estabelecer
um ponto de situação e tentar evoluir a partir daí. ( VER ANEXO 3 )
Como avaliação diagnóstico também será feita uma observação do espaço
privilegiado para o desenvolver do projeto e dos recursos existentes e se assim for
possível entrevistando a coordenadora do lar ( VER ANEXO 5).

Será também utilizada uma tabela de codificação e identificação dos idosos ( ANEXO 4).

58 Francisca Elias. Instituto Piaget


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7.2. AVALIAÇÃO DO PROCESSO

“A observação permite o conhecimento directo dos fenómenos tal como eles


acontecem num determinado contexto” (Máximo-Esteves 2008) e isto é conseguido
através de uma observação atenta e reflexiva, ou seja, um olhar rotineiro não é o
suficiente para entendermos a realidade. A observação tem a vantagem de permitir que
se veja o que as pessoas realmente fazem e não o que dizem fazer; esta técnica
possibilita que se chegue mais perto da perspectiva dos indivíduos. O Diário de Bordo
prima, neste projecto, como método de registo dos dados recolhidos. A observação tem
a vantagem de permitir que se veja o que as pessoas realmente fazem e não o que dizem
fazer; esta técnica possibilita que se chegue mais perto da perspectiva dos indivíduos.

O Diário de Bordo prima, neste projecto, como método de registo dos dados
recolhidos. No decorrer do projecto e à medida que iam sendo feitas as observações
estas eram transcritas como notas de campo ou directamente para o Diário de Bordo.
Neste diário consta detalhes de todos os passos dados e as respectivas reflexões:
reacções dos participantes às actividades; dúvidas e anseios que tivemos; pontos a
melhorar; pontos bons a repetir, entre outros. “O diário é, pois um dos recursos
metodológicos mais recomendado, pela sua potencial riqueza descritiva, interpretativa e
reflexiva” (Máximo-Esteves 2008:89). (ANEXO 6)

7.3. AVALIAÇÃO FINAL

É através da avaliação que se poderá determinar o valor do objeto avaliado .


Assim a avaliação deste programa será feita de forma observável, continua e qualitativa
avaliando não os formandos mas sim o grau de satisfação relativamente à formação .
Sendo também esta formação de caráter voluntario o que se pretende avaliar é
principalmente o grau de satisfação dos participantes e a prestação da animadora.

De forma a avaliar a satisfação dos idosos face ao projeto será feita uma
entrevista individual a cada um dos participantes (ANEXO 7), pois na entrevista será a

59 Francisca Elias. Instituto Piaget


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forma mais clara de me aperceber realmente da satisfação destes fase ao


projeto. Os idosos podem ter alguma dificuldade em perceber as questões de
um questionário, e até alguns não saberem ler. As entrevistas realizadas têm como
objectivo
- Recolher informações sobre o “depois” do projecto;

- Recolher mais dados para averiguar se a qualidade de vida dos idosos melhorou com a
aplicação do projecto;

- Fazer com que os idosos reflictam nas mais-valias da participação em actividades de


animação.

As entrevistas feitas no final do projecto ficaram dividida em quatro partes:


nível psicológico; nível físico; relações pessoais, e prestação da animadora. A primeira
parte pretende avaliar a influência que este projecto de animação teve no bem-estar
psicológico do idoso. Se ele se sente mais feliz e com mais vontade de viver. Com as
questões relacionadas com o nível físico quer-se saber se o idoso tem consciência e/ou
sentiu que estas actividades favoreceram a sua mobilidade e bem-estar físico. A nível da
relação pessoal pretende-se averiguar até que ponto a animação desenvolvida promoveu
a boa comunicação e interacção entre as pessoas directas ou indirectamente envolvidas
no projecto. Com o último tema deseja-se avaliar a perceção e opinião que os idosos
depreenderam do trabalho da animadora

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8. CONCLUSÃO

A animação cultural define-se, de uma forma geral, na maneira de actuar em


todos os campos do desenvolvimento da qualidade de vida de uma determinada
comunidade.
Representa um conjunto de passos com vista a facilitar o acesso a uma vida mais activa
e mais criadora, à melhoria nas relações e comunicação com os outros, para uma melhor
participação na vida da comunidade de que se faz parte, desenvolvendo a personalidade
do indivíduo e a sua autonomia.
A animação cultural apresenta-se assim, como uma perspectiva ampla de
mudança/transformação social e como um espaço novo de educação e de recreação
cultural.
Quanto à animação especificamente de idosos, esta define-se como um estímulo da vida
mental, física e afectiva da pessoa idosa. A animação incentiva-a a empreender certas
actividades que contribuem para o seu desenvolvimento, dando-lhe o sentimento de
pertencer a uma sociedade, em cuja evolução podem continuar a contribuir.
Contrariando a ideia que a maior parte dos idosos têm, de que já não servem para nada,
que não interessam à família, muito menos à sociedade.
Nesta questão da sociedade, ela exclui os idosos ou outras vezes são os próprios idosos
que se autoexcluem, já devido as estas ideias pré-concebidas de que já não prestam para
nada e que apenas lhes resta a morte.
É uma das funções do animador – no contexto da animação de idosos – fazer com que
estas ideias e preconceitos desapareçam ou noutros casos, que nunca surjam.
Para isso, ao animador compete-lhe criar movimento, vida e actividades. É necessário
que apresente propostas e sugestões, que seduza, que imagine, que desperte, que suscite
e que influencie o idoso, sem exercer qualquer tipo de obrigação ou obrigatoriedade.
Este tipo de projeto além de ser destinado a um público voluntarioso é ainda mais
importante se for acolhido nos lares de 3ª idade e centros de dia para idosos.
Vários estudos comprovam que os idosos utentes de lares têm uma auto-estima
mais baixa do que aqueles que vivem em casa própria. Uma das razões para esta
situação poderá ser a pouca actividade que têm nos lares, em comparação com os que
vivem em casa.

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Com a animação de idosos, a pessoa idosa pode enquadrar-se num


programa entre várias actividades recreativas, culturais e desportivas,
permitindo um estímulo constante às suas capacidades cognitivas e físicas.
A minha experiência na animação de idosos é um pouco limitada, mas do
contato que tenho com os mesmos, e do que me é exposto por colegas Animadoras, sei
que é preciso muito mais que tudo aquilo que vem escrito nos livros. De facto, só quem
trabalha todos os dias no terreno com idosos, se apercebe do que é exigido ao animador
(pelos próprios idosos) muito mais que actividades.
O animador é muitas vezes o confidente, o conselheiro, o amigo e com o tempo,
alguém da família muito próximo do idoso. É necessário de facto, o animador ter uma
grande estabilidade afetiva e emocional para conseguir desempenhar as nossas funções.
Somos muitas vezes, as pessoas que estamos mais disponíveis e presentes na vida do
idoso e que lhes damos atenção e carinho. E só depois, aí sim, proporcionar-lhe algo
que lhe dê prazer, que lhe arranque um sorriso.
Desde uma actividade muito simples até outras mais elaboradas. Isto consoante
a necessidade de cada idoso.
Na animação num aspecto geral, fala-se muito em grupo. Na animação de
idosos, claro que se dá importância ao grupo e se trabalha em grupo, mas não é de
menor importância o idoso em si, enquanto pessoa individual. Também acontece, e não
poucas vezes, a necessidade de trabalhar individualmente com cada idoso. Depende
muito de situação para situação. Logo, cabe ao animador identificar o melhor método de
trabalho, tendo em conta o grupo e o indivíduo com o qual trabalha. Se por exemplo
existir um único idoso numa instituição que goste muito de ler, há que lhe proporcionar
e apoiar nessa actividade. Não é por ser apenas uma pessoa que goste, que não se vai
proporcionar a leitura.
Ainda tendo em conta a nossa experiência, acho muito sinceramente que os objectivos
da animação de idosos só serão atingidos se o animador gostar muito do que faz, se tiver
muita disponibilidade de tempo, amor e carinho, e acima de tudo paixão por fazer os
outros felizes.
Considero que seja muito mais difícil trabalhar com idosos, mas também muito mais
compensador. Claro que não falo em termos monetários, mas sim no aspecto de
aprendizagem e cultura. Os idosos, ao contrário daquilo que a maior parte da sociedade

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pensa, são uma grande fonte de sabedoria. Sabedoria esta adquirida pelas suas
vivencias e trabalho ao longo das suas vidas.
Os idosos – pelo menos na realidade portuguesa – não têm quase nada ou mesmo nada.
A nível estatal são pouco apoiados, as pensões são muito baixas, as condições
físicas e humanas da maioria dos lares de 3ª idade são muito deficientes e até nos
cuidados de saúde a atenção dada ao idoso é menor do que por exemplo a atenção que
se dá a uma criança. Se não, veja-se os corredores dos nossos hospitais ou serviços de
atendimento permanentes dos centros de saúde, onde se encontra sem dificuldade
alguma, idosos “abandonados” em camas, alheios a quem passa, à espera que alguém
lhes dê a atenção e o tratamento necessário.
A animação de idosos, esta deve estar incluída na vida do idoso. A animação de
idosos deve estar em pé de igualdade com a alimentação, cuidados de saúde e higiene,
vestuário, conforto. Deverá ser considerada como um serviço indispensável à qualidade
de vida do idoso. E daqui a alguns anos teremos uma nova geração de idosos. Menos
depressivos, menos solitários, menos dependentes de medicação e claro com uma
velhice mais bem disposta e mais activa.
Reforça-se a implicação politico social, citando George Minois (1999) que afirma “
Cada sociedade tem os velhos que merece, como a história antiga e a medieval
amplamente demonstra. Cada tipo de organização socioeconómica e cultural é
responsável pelo papel e imagem dos seus velhos. Cada sociedade segrega um modelo
de homem ideal e é desse modelo que depende a imagem da velhice, a sua
desvalorização ou valorização”.

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