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ISSN

1514-3465
 
Gênero
e Educação Física escolar no município 
de
Rio Grande, RS. Um estudo exploratório
Gender
and School Physical Education in Rio Grande City, RS. An Exploratory Study
Género
y Educación Física escolar en la ciudad de Río Grande, RS. Un estudio
exploratorio
 
Thaís
Mortola Dias*
thais-mortola@hotmail.com
Billy
Graeff**
billygraeff@gmail.com
Giovanni
Frizzo***
gfrizzo2@gmail.com
 
*Licenciada
em Educação Física
pela
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Bacharela
em Educação Física
pelo
Centro Universitário Claretiano (2016)
Especialista
em Educação Física Escolar (2019)
Mestra
em Educação Física (2020)
pela
Universidade Federal de Pelotas
**Graduado
em Educação Física
pela
Universidade Federal de Santa Maria
Mestrado
em Ciências do Movimento Humano
pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutor
na Loughborough University em Sociologia do Esporte
Foi
professor temporário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Foi
docente da União de Ensino do Sudoeste do Paraná
Atualmente
é docente do Instituto de Educação
da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Curso de Educação Física
Nos
anos de 2014, 2015, 2016 e 2017 lecionou nas disciplinas Olympic Studies 
e
Introduction to Sociology of Sports na Loughborough University (Reino Unido)
E
entre 2016 e 2017, também lecionou na disciplina
Sports
Coaching Pedagogy na Nottingham Trent University (Reino Unido).
***Professor
Associado I da Escola Superior de Educação Física
da
Universidade Federal de Pelotas
Doutor
em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS
Formado
em Licenciatura Plena em Educação Física pela UFRGS
(Brasil)
 
Recepção:
02/10/2020 - Aceitação: 12/10/2021

Revisão: 28/05/2021 - 2ª Revisão: 05/10/2021
 

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trabalho está sob uma licença Creative Commons
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Citação
sugerida: Dias, T.M., Graeff, B., e
Frizzo, G. (2021). Gênero e Educação Física escolar no município de Rio
Grande,
RS. Um estudo exploratório. Lecturas: Educación Física y
Deportes, 26(283), 47-63. https://doi.org/10.46642/efd.v26i283.2620
 
Resumo
   
Este artigo objetiva analisar como as questões de gênero são tratadas nas
aulas de Educação Física de uma escola da rede
municipal de Rio Grande,
RS. Este é um estudo piloto/exploratório que utilizou como instrumentos de
coleta um questionário,
aplicado nos/as estudantes do 9º ano, que
concordaram em participar da pesquisa, e a entrevista semiestruturada,
realizada
com o professor de Educação Física. O lócus de investigação
foi uma escola de ensino fundamental da referida cidade,
localizada na zona
rural desta. Como resultado foi percebida que, por um lado temos sujeitos
que diferenciam os gêneros,
reforçando os papéis sociais e estereótipos,
e por outro temos indivíduos que tentam transformar a lógica social
existente,
manifestando ideais de uma sociedade mais igualitária. Sobre a
Educação Física da escola, constatamos que as questões de
gênero não
são frequentemente debatidas nas aulas, visto que algumas situações são
percebidas como naturais. Além disso,
algumas estratégias de ensino
utilizadas reforçam a caracterização de fragilidade feminina, sendo
colaboradoras para
manutenção do sistema binário e sexista. Como
conclusão do estudo, ponderamos que a escola sim, é um local onde
precisamos e devemos debater essas questões, pois ainda é um espaço que
segrega, diferencia e oprime os sujeitos, estando
assim, em sintonia com a
sociedade opressora da atualidade.
   
Unitermos: Gênero. Educação
Física. Escola. Opressões.
 
Abstract
   
This article aims to analyze how gender issues are dealt with in Physical
Education classes at a municipal school in Rio
Grande – RS. This is a
pilot/exploratory study that used a questionnaire as collection instruments,
applied to 9th grade students
who agreed to participate in the research, and
a semi-structured interview conducted with the Physical Education teacher.
The
locus of investigation was an elementary school in that city, located in
its rural area. As a result, it was noticed that, on the one
hand, we have
subjects who differentiate between genders, reinforcing social roles and
stereotypes, and on the other hand, we
have individuals who try to transform
the existing social logic, manifesting ideals of a more egalitarian society.
Regarding
Physical Education at school, we found that gender issues are not
frequently discussed in class, as some situations are
perceived as natural.
In addition, some teaching strategies used reinforce the characterization of
female frailty, contributing to
the maintenance of the binary and sexist
system. As a conclusion of the study, we consider that the school is indeed
a place
where we need and must debate these issues, as it is still a space
that segregates, differentiates and oppresses subjects, thus
being in tune
with today's oppressive society.
   
Keywords: Gender. Physical
Education. School. Oppressions.
 
Resumen
   
Este artículo tiene como objetivo analizar cómo se abordan las cuestiones
de género en las clases de Educación Física de
una escuela municipal de
Rio Grande, RS. Se trata de un estudio piloto/exploratorio que utilizó un
cuestionario como
instrumento de recolección, aplicado a estudiantes de 9º
grado que aceptaron participar en la investigación, y una entrevista
semiestructurada realizada con el docente de Educación Física. El lugar de
investigación fue una escuela primaria en esa
ciudad, ubicada en su área
rural. Como resultado, se notó que, por un lado, tenemos sujetos que
diferencian géneros,
reforzando roles y estereotipos sociales, y por otro
lado, tenemos individuos que intentan transformar la lógica social
existente,
manifestando ideales de un sociedad más igualitaria. En cuanto a
la Educación Física en la escuela, encontramos que las
cuestiones de
género no se discuten con frecuencia en clase, ya que algunas situaciones
se perciben como naturales. Además,
algunas estrategias didácticas
empleadas refuerzan la caracterización de la fragilidad femenina,
contribuyendo al
mantenimiento del sistema binario y sexista. Como
conclusión del estudio, consideramos que la escuela es efectivamente un
lugar donde necesitamos y debemos debatir estos temas, ya que sigue siendo
un espacio que segrega, diferencia y oprime a
los sujetos, sintonizando así
con la opresiva sociedad actual.
   
Palabras clave: Género. Educación
Física. Colegio. Opresiones.
 
Lecturas:
Educación Física y Deportes,
Vol. 26, Núm. 283, Dic. (2021)

 
Introdução 
 
   
Vivemos em um sistema social de dominação-exploração, sendo o sistema que
Cisne (2018, p. 213) apresenta como “patriarcal-racista-
capitalista”.
Tratando, primeiramente, do capitalismo, Catani (2017, p. 8) apresenta que para
que esse sistema exista é necessário que a
concentração da propriedade dos
meios de produção esteja em mãos de uma classe social, havendo a presença de
uma outra classe social para
a qual “a venda da força de trabalho seja a
única fonte de subsistência”. O patriarcado, por sua vez, designa uma “formação
social em que os
homens detêm o poder, ou ainda, mais simplesmente, o poder é
dos homens, sendo assim, quase sinônimo de ‘dominação masculina’ ou de
opressão das mulheres” (Delphy, 2009, p. 173). Já o racismo, enquanto um
problema estrutural, por toda a história, vem beneficiando a
população branca
(Ribeiro, 2019), fazendo parte de toda uma estrutura que não apenas produz
distribuições particulares de riqueza e poder, mas
também informa as
ideologias e práticas culturais. (Pulido, 2016)
 

Imagem
1. A escola é um local onde precisamos e devemos debater as questões
gênero

Fonte:
Pixabay.com. Foto: Stefan Schranz

 
   
À vista disso, Saffioti (2004) concorda com o pensamento de Cisne (2018), pois
reforça que a sociedade atual é composta pelo nó:
patriarcado, racismo e
capitalismo. Essas categorias são imbricadas umas as outras, pois como
apresenta a passagem a seguir:

   
“É preciso compreender que classe informa a raça. Mas raça, também,
informa a classe. E gênero informa a classe. Raça é a
maneira como a classe
é vivida. Da mesma forma que gênero é a maneira como a raça é vivida. A
gente precisa refletir
bastante para perceber as intersecções entre raça,
classe e gênero, de forma a perceber que entre essas categorias existem
relações que são mútuas e outras que são cruzadas. Ninguém pode assumir
a primazia de uma categoria sobre as outras”.
(Davis, 2016, p. 20)

   
Portanto, nesse forte sistema político e econômico, um sistema patriarcal,
capitalista e racista, que as relações sociais se desenvolvem e se
intensificam. A instituição escolar, refletindo a sociedade, traz conceitos,
problemáticas e naturalizações que existem para além dos muros da
escola,
sendo também nessa esfera social que as relações sociais e de poder são
construídas. Gomes (1996), corrobora nesse aspecto quando
apresenta que a
escola não é um campo neutro onde, após entrarmos, os conflitos sociais
permanecem do lado de fora, ela é um espaço
sociocultural onde os conflitos e
as contradições da sociedade ali são refletidos.
 
   
Seguindo essa lógica, a Educação Física escolar também é um espaço dotado
de relações sociais, que, enquanto uma prática pedagógica,
“[...] tematiza
formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança,
ginástica, formas estas que configuram uma área de
conhecimento que podemos
chamar de cultura corporal”. (Castellani Filho et
al, 2014, p. 33)
Desse
modo, por mais que o objetivo, tanto do macro contexto (escola), como do micro
contexto (Educação Física), seja de aproximar os/as
estudantes da sua
realidade social, corroborando assim no processo de entendimento da sociedade em
que vivem, potencializando para que
os/as mesmos/as tenham uma visão mais
global e reflexiva (Castellani Filho et al., 2014), a escola ainda reforça
estereótipos de gênero
(Werneck, 1996) e a Educação Física escolar ainda
privilegia uma prática baseada na separação (física e simbólica) entre os
gêneros. (Lima, e
Dinis, 2008)
 
   
Nesse sentido, visto todas as adaptações e alinhamentos necessários para a
introdução de conteúdos no âmbito escolar, importante seria que
as
discussões e debates que estão em ocorrência na sociedade, principalmente os
relacionados a gênero, fossem abordados na escola a fim de
instigar o/a
estudante a refletir e problematizar o contexto.
 
   
No que concerne a gênero, esse é um fenômeno histórico que se define por
meio das relações sociais, sendo uma forma de compreender
determinadas
relações de poder (Martins, 1998). Saffioti (2004) ainda apresenta que esse
está longe de ser um conceito neutro, pois ele carrega
uma dose apreciável de
ideologia, ou seja, uma ideologia patriarcal, que mascara uma estrutura de poder
desigual entre mulheres e homens.
 
   
Assim, considerando o sistema social que vivemos e suas relações com as
questões que envolvem gênero no âmbito escolar e no âmbito da
Educação
Física, esse trabalho qualitativo, buscou através de uma pesquisa de campo,
investigar as questões de gênero nas aulas de Educação
Física, analisando
como que essas eram tratadas através de relatos dos/as participantes do estudo.
 
Metodologia 
 
   
Este artigo caracteriza-se como qualitativo, sendo um estudo piloto de cunho
exploratório e descritivo. Nessa metodologia, os dados recolhidos
são
designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos
relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo
tratamento
estatístico. (Bogdan, e Biklen, 1994)
 
   
Buscando pesquisar a menor escola em número de alunas e alunos dentre as
escolas já selecionadas1 para o estudo maior2, como lócus dessa
investigação piloto tivemos uma escola da rede municipal de ensino da cidade
de Rio Grande – RS. Essa escola está localizada na zona rural do
município,
sendo de ensino fundamental e contando com 120 estudantes em sua totalidade.
 
   
Os/as participantes desse estudo foram de dois grupos distintos: 1) professor de
Educação Física; 2) estudantes do 9° ano do ensino
fundamental, ambos da
escola apresentada anteriormente. A escolha desses dois grupos justifica-se pelo
fato de conseguirmos variados olhares
sobre a instituição escolar e as
questões de gênero. Ainda nessa lógica, o fato de ter optado por estudantes
do 9° ano do ensino fundamental,
ocorreu por conta de esses/as terem uma maior
vivência de aulas de Educação Física, tendo assim, possivelmente, maiores
subsídios para
responder os questionamentos.
 
   
Almejando assim a compreensão ampla do fenômeno que está sendo estudado
(Godoy, 1995), em visita realizada no dia 02 de abril de 2019,
o primeiro
contato com o lócus de investigação – escola – foi estabelecido, sendo
apresentada a pesquisa aos responsáveis por aquela
instituição. Com a
aprovação, iniciamos o contato com os/as participantes, apresentando a
pesquisa e como seria o procedimento de coleta,

assim como, a documentação


necessária3 para que os/as mesmos/as participassem desse estudo.
 
   
Primeiramente, realizamos a entrevista semiestruturada com o único professor de
Educação Física da escola, entrevista essa que era composta
por 8 questões
norteadoras e que foi construída exclusivamente pela pesquisadora para essa
pesquisa. Desse modo, esse método de coleta de
dados foi realizado em uma sala
reservada e de modo individual, sendo gravada com o aparelho de celular.
 
   
Em um segundo momento, na biblioteca da escola, os/as estudantes responderam um
questionário que, assim como a entrevista, foi

construído para fins dessa


pesquisa, dado que era composto por 10 questões dissertativas. Assim, da única
turma de 9° ano4 da escola, somente
três estudantes aceitaram participar da
pesquisa, respondendo ao questionário de modo individual, sendo que desses
três, dois eram meninos e
uma era menina.
 
   
Posteriormente à coleta, a entrevista foi transcrita, e todos os dados foram
analisados. Tomando como base a Análise Textual Discursiva,
alguns elementos
dessa metodologia de análise foram utilizados com a finalidade de auxiliar na
compreensão dos fatos da realidade. Os quatro
focos distintos que compõem esse
método foram ferramentas-base para a análise, sendo eles: 1) desmontagem dos
dados, unitarização do
corpus da pesquisa; 2) relação dos elementos,
categorizando, o começo da sistematização; 3) nova compreensão de
determinada realidade e 4)
formação de um todo, um sistema auto –
organizado. (Neves Pedruzzi et al., 2015)
 
   
Importante salientar que essa pesquisa, e todos os itens que a compõem, foi
submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa – CEP da Universidade
Federal de
Pelotas - UFPEL, através da Plataforma Brasil e aprovada pelo parecer nº
3.098.884 de 20/12/2018. Além disso, esse estudo respeita
a Resolução 466/12
e os princípios éticos da pesquisa envolvendo seres humanos (Brasil, 2012),
visto que os/as participantes foram
convidados/as a colaborar voluntariamente,
assinando os termos correspondentes, e não sendo esses/as identificados/as no
decorrer da escrita,
utilizando para isso pseudônimos.
 
Resultados
e discussão 
 
Achando
que lugar de mulher é na cozinha; se colocando à “altura dos guris”: as
opressões na sociedade “patriarcal-racista-
capitalista” 
 
   
Na lógica do sistema de dominação-exploração que é o “patriarcal-racista-capitalista”
(Cisne, 2018, p. 213), que as relações sociais
acontecem, e que as relações
de poder se intensificam. Em meio a essas relações, casos de opressões de
gênero ocorrem, opressões essas que
são realizadas por sujeitos que acreditam
e consentem com esse sistema instaurado.
 
   
Nesse sentido, sendo de interesse da sociedade, é necessário que as opressões
de um determinado segmento social sejam mantidas, para
que assim o sistema
opressor seja preservado. Nessa perspectiva, sendo as mulheres um segmento
social oprimido (Delphy, 2009), necessitam
estar/continuar oprimidas para
sustentar o sistema patriarcal estabelecido.
 
   
Visto isso, quando indagados sobre possíveis preconceitos/opressões que as
mulheres sofrem na sociedade atual, os/as estudantes
participantes do estudo
foram unânimes em suas respostas:
 

Com
certeza, mesmo no século que estamos que já aprendemos tanto, há
muita desigualdade simplesmente pelos fatos de
terem sexo diferente
(Roberto, 02/04/2019).

Acho
que sim, pelo fato de muitas vezes as mulheres não poderem fazer as
mesmas coisas que os homens por sermos
“sexo frágil” como muitos
dizem (Maria, 02/04/2019).

Sim,
porque muita gente acha que lugar de mulher é na cozinha e
cuidando da casa e acho errado (Marcelo,
02/04/2019 – grifo nosso).

 
   
Um forte reconhecimento do sistema opressor em que vivemos é apresentado nas
falas das/os estudantes. Os/as mesmos/as reconhecem as
declarações que são
propagadas pelos mais diversos indivíduos, exemplificando falas e expressões
recorrentes na sociedade. Essa sociedade que
ainda é sexista e binária,
discrimina homens e mulheres, reforçando os estereótipos e as diferenciações
frente os papéis já estabelecidos.
 
   
A instituição escolar, por sua vez, reflete essas diferenciações, pois,
conforme apresenta Gomes (1996) essa não é um campo neutro, visto
que ali
também estão os conflitos e as contradições sociais existentes. Esse fato
pode ser constatado nesta fala proliferada pelo professor
participante da
pesquisa:
 


que sempre tem um cuidado maior com relação a jogos, quando as gurias
tão participando, né... porque os guris são
mais ativos, e elas, na
verdade, algum impacto maior, alguma coisa assim, né.... a maioria,
porque tem umas gurias que
elas jogam muito, e se botam bem à altura
dos guris... (Prof. João, 02/04/2019 – grifo nosso).

 
   
No trecho anterior, o entrevistado apresenta sua posição quando perguntado
sobre aulas de Educação Física mistas ou separadas entre
meninos e meninas.
Nota-se a clara comparação que o mesmo faz entre meninas e meninos,
diferenciando-os no momento de seu ensino. Essa
diferenciação auxilia no
sustento do patriarcado, pois oprime as mulheres, considerando-as frágeis e
mais inferiores, conservando a estrutura de
uma ordem social necessária na
manutenção do sistema opressor capitalista.
 
   
Importante enfatizar essa relação entre opressão de gênero e sociedade
capitalista, dado que, o que as mulheres sofrem, “está fundada nas
relações
sócio-materiais intrínsecas ao capitalismo” (Ferguson, e Mcnally, 2017, p.
27). Uma questão que corrobora com isso é sobre o trabalho
doméstico, espaço
determinado as mulheres, visto que esse tem uma grande importância social para
o capital (Ferguson, e Macnally, 2017).
 
   
Assim, nesse contexto do capital, ainda encontramos uma desenfreada corrente de
normalização dos atos, onde os sujeitos tendem a
normalizar atos de
preconceito, sustentando seus argumentos na cultura consolidada. Ainda nesse
sentido, interessante ressaltar que algumas
relações de
dominação-exploração estão tão elevadas que são definidas como naturais.
Souza Ferreira (2015, p. 10), tratando das opressões de
gênero contra as
mulheres, expõe que esta está em um nível em “[...] que as próprias
mulheres reproduzem ou se tornam cúmplices de seus
agressores”. Saffioti
(2001), ainda complementa acrescentando que isso ocorre por ser naturalizado a
partir dos primórdios da civilização até a
contemporaneidade.
 
Os
papéis sociais de gênero 
 

[...]
negócio de gênero..., mas são seres diferentes, com objetivos
diferentes, formações, com ideias, com funções
diferentes, que é
muito importante, isso é muito importante, se nós não tivermos
função diferente, eu e tu, agente não se
eleva, nós vamos ter
função igual, vamos fazer o que... (Prof. João, 02/04/2019).

 
   
Tratar sobre as incumbências de cada ser percorre pela esfera da produção e
reprodução de papéis sociais. Kergoaf (2002) reflete que os
papéis sociais
de homens e mulheres não são produto de um destino biológico, mas eles são
antes de tudo constructos sociais,que têm como
bases materiais, o trabalho e a
reprodução. Ainda nesse aspecto, Saffioti (1987) colabora quando explica que:

   
“[...] a identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída
através da atribuição de distintos papéis, que a
sociedade espera ver
cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedade delimita, com
bastante precisão, os campos
em que pode operar a mulher, da mesma
forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem”. (p. 8)

   
Para a manutenção da ordem social da lógica do sistema de
dominação-exploração é necessária essa divisão entre os gêneros, assim
como, as
relações desiguais, hierarquizadas e contraditórias, seja pela
exploração da relação capital/trabalho, seja pela dominação masculina
sobre o
feminino (Nogueira, 2010). Nesse aspecto,a divisão sócio-sexual do
trabalho é um fenômeno histórico que expressa uma hierarquia de gênero,
sendo que:

   
“[...] percorrer sobre esta é articular a descrição do real com uma
análise dos processos pelos quais a sociedade se utiliza
dessa dinâmica de
diferenciação com o intuito de precarizar e hierarquizar as atividades”.
(Nogueira, 2010, p. 61)

   
Incorporadas à essa divisão sócio-sexual do trabalho, as tarefas foram
historicamente construídas, tendo cada sujeito uma função a seguir.
Portanto,
ao longo dos séculos, determinou-se que as mulheres fossem o sexo frágil, que
serviriam para procriar, cuidar dos filhos e do marido,
tornando-se clara, por
parte da sociedade, a atribuição do espaço doméstico à mulher. (Saffioti,
1987)
 
   
Já ao homem foi determinado que fosse o detentor do poder, o dominador de
mulheres e também de outros homens (Saffioti, 1987). Nesse
sentido, no
exercício da função patriarcal, os homens detêm o poder de determinar a
conduta das categorias sociais nomeadas, recebendo
autorização ou, pelo menos,
tolerância da sociedade para punir o que se lhes apresenta como desvio.
(Saffioti, 2001)
 
   
Em um processo de resistência contra esse sistema, uma fala preconizou uma
manifestação de igualdade. Quando perguntado sobre aula
mista ou separada, o
estudante enfatizou a equidade entre os gêneros:
 

Mista,
por que somos todos iguais (Marcelo, 02/04/2019).

 
   
Ainda nesse aspecto e respondendo a mesma questão, outra estudante pondera que
o gênero não difere nas escolhas e preferências, pois,
mesmo percebendo que
os/as sujeitos podem ter distintos interesses, ela confirma que as normas,
condutas e papéis socialmente determinados
a homens e mulheres, não fazem
interferem nas preferências:
 

[...]
todos gostamos basicamente das mesmas coisas independente do gênero
oposto (Maria, 02/04/2019).

 
   
Discorrer sobre os papéis sociais e as incumbências construídas
historicamente no âmbito escolar é de grande valia, pois auxilia no processo
de problematização e de transformação social. Por mais que a sociedade
patriarcal, racista e capitalista esteja consolidada, vivemos um momento
desafiador e importante, com um progressivo movimento que exige igualdade de
gênero, assim como normas que promovam saúde e bem-estar
para todos/as,
incluindo as minorias de gênero. (Gupta et al., 2019)
 
Gênero
e opressões: a Educação Física escolar 
 
   
Castellani Filho et al. (2014) expressa que a Educação Física:

   
“[...] é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas
de atividades expressivas corporais como: jogo,
esporte, dança, ginástica,
formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de
cultura corporal”.
(p. 33)

   
Nesse sentido, tendo como base a cultura corporal, a Educação Física tem como
finalidade introduzir e integrar o/a estudante ao contexto
social, formando o/a
cidadão/ã que vai produzi-lo, reproduzi-lo e também transformá-lo (Darido,
2004). Para isso, os conteúdos por ela
abordados devem ser bem
instrumentalizados pelos/as seus/as professores/as, aproximando com fatos da
realidade em que a escola está
inserida, trazendo problematizações do
contexto social, transformando o “jogar pelo jogar”, instigando assim a
criticidade no momento da aula.
 

Agente
tá formando gente, formando cidadão... (Prof. João, 02/04/2019).

 
   
Como ressaltou o professor entrevistado, os/as professores/as têm um papel
protagonista, pois esses/as podem auxiliar ou dificultar a
formação crítica
dos/as estudantes. A formação acadêmica, ideais e concepções de vida e
sociedade, são fatores fundamentais no
comportamento e postura durante as
aulas, seleção de conteúdos e nível de instrumentalização dos/as docentes
perante seus/as estudantes.
 
   
No entanto, mesmo com a amplitude de temas da cultura corporal e de conteúdos
pertinentes de serem trabalhados, encontramos um quadro
de esportivização da
Educação Física na escola pesquisada, sendo que essa disciplina está sendo
resumida à prática desportiva, principalmente
aos esportes coletivos como
voleibol, basquetebol, handebol e futebol (Araújo, e Gueriero, 2004). Isso pode
ser constatado nas respostas de
alguns/as dos/as estudantes participantes do
estudo, quando os/as mesmos/as foram indagados/as sobre o que aprendem, o que
mais gostam e
o que menos gostam de praticar nas aulas de Educação Física:
 

Aprendo
a jogar bola, basquete, handebol e a fazer exercícios físicos para
desenvolver nosso corpo (Marcelo, 02/04/2019).

Eu
gosto de jogar futebol e não gosto de basquete. Porque eu acho futebol
um jogo mais simples e bom, já basquete é
complicado (Maria,
02/04/2019).

 
   
As experiências relatadas podem corroborar coma minimização da Educação
Física, difundindo a concepção de uma única forma de
entendimento da
Educação Física, visto que pode ser apenas considerada como uma disciplina
esportiva (Araújo, e Gueriero, 2004). Essa
situação pode acarretar prejuízos
para o entendimento de mundo dos/as estudantes, pois esses/as, não trabalhando
com os outros temas da
cultura corporal, não conhecem temas que expressam um
sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente, a
intencionalidade/objetivos
do homem/da mulher e as intenções objetivas da
sociedade (Castellani Filho et al., 2014). Dessa forma, tratar desse
sentido/significado:

   
“[...] abrange a compreensão das relações de interdependência que jogo,
esporte, ginástica e dança, ou outros temas que
venham a compor um programa
de Educação Física, têm com os grandes problemas sócio-políticos atuais
como: ecologia,
papéis sexuais, saúde pública, relações sociais do
trabalho, preconceitos sociais, raciais, da deficiência, da velhice,
distribuição
do solo urbano, distribuição da renda, dívida externa e
outros”. (Castellani Filho et al., 2014, p. 42)

   
Tratando dos grandes problemas sociopolíticos atuais, estão as questões de
gênero. Essas se tornam conteúdo fundamental de ser trabalhado
no âmbito da
escola e a Educação Física tem relevante função no desenvolvimento desse
conteúdo em suas aulas. Isso porque essa é uma
disciplina que trabalha
diretamente com o corpo, sendo através desse que o gênero se expressa:

   
“Ainda que a preocupação com as identidades de gênero esteja presente em
todas as situações escolares, afirmamos que
talvez ela se torne
particularmente explícita numa área que está, constantemente, voltada para
o domínio do corpo”. (Santos,
2010, p. 843)

   
Nessa circunstância, notamos que na Educação Física da escola investigada
há uma diferenciação entre os gêneros. Nos trechos apresentados
a seguir, o
professor emoldura um ser mulher, colocando-as como indivíduos frágeis e, até
mesmo, sem habilidade:
 

[...]
a maioria, porque tem umas gurias que elas jogam muito, e se botam bem a
altura dos guris, assim [...] (Prof. João,
02/04/2019).

[...]
e eu sempre procuro deixar as gurias atrás, até pra tipo de
exercício, elas ficarem mais resguardadas... (Prof. João,
02/04/2019).

 
   
Ainda nesse contexto, quando perguntado sobre aulas mistas ou separadas entre
meninos e meninas, a resposta foi enfática:
 

[...]
se eu pudesse, eu daria sim aula separada... tu trabalhas, é... com
mais tranquilidade... Tu especificas mais o
desenvolvimento, o
exercício e até os jogos... (Prof. João, 02/04/2019).

 
   
Neste contexto, Dornelles, e Fraga (2009) colocam que a separação de meninos e
meninas nos momentos destinados aos exercícios físicos na
escola, se dá em
função de objetivos sociais diferenciados para esses/as sujeitos. Essencial
perceber que essa separação auxilia no aumento da
divisão sexista existente
em nossa sociedade, dado que as aulas mistas, por sua vez, podem conceder
oportunidades para que os/as estudantes:

   
“[...] convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser
tolerantes, a não discriminar e a compreender as
diferenças, de forma a não
reproduzir, de forma estereotipada, relações sociais autoritárias”.
(Brasil, 1997, p. 30 e 1998, p. 42)

   
Quando indagado sobre alguma possível separação entre meninos e meninas
durante as atividades nas aulas de Educação Física, o professor
conta sobre
estratégias que utiliza durante suas atividades. Essas estratégias reforçam a
caracterização de fragilidade feminina, distinguindo-as
ainda mais dos
sujeitos do gênero oposto:
 

[...]
e eu sempre procuro deixar as gurias atrás, até pra tipo de
exercício, elas ficarem mais resguardadas... (Prof. João,
02/04/2019).

 
   
Nesse caso, percebe-se que o forte sistema patriarcal instaurado reflete nas
aulas, sendo que esse apresenta o homem como ser mais “forte”
(que pode
praticar esportes de forte contato e rispidez, como o futebol), logo, digno de
posições de prestígio e maior importância (escolhem os
times e determinam
quem joga) e a mulher como mais “fraca” (que pode praticar esportes sem
contato e que sejam mais delicados e menos
ríspidos, como voleibol ou
brincadeiras), logo, impossibilitada para determinadas práticas e ocupando
papéis secundários da vida em sociedade
(não tomam decisões, sendo
submissas) (Oliveira, 2009). Embasadas nisso, as aulas são desenvolvidas, de
forma que, na maioria dos casos, os
sujeitos envolvidos sequer contestam essa
situação, devido a sua naturalização perante esses fatos.
 
   
Sobre os conteúdos trabalhados nas aulas, constatou-se, através das falas
dos/as participantes, que o futebol é uma ferramenta primordial na
separação
e opressão de gênero: “[...] eles passam pouco a bola para as gurias...”
(Prof. João, 02/04/2019). Os/as estudantes, quando
perguntados/as sobre
preconceito e sobre a diferença de participação de meninos e meninas nas
aulas de Educação Física, reforçaram essa
situação de protagonismo do
futebol:
 

Eu
acho que às vezes ocorre, pelo fato dos meninos algumas vezes não
deixarem jogar por sermos do sexo oposto ao
deles (Maria, 02/04/2019).

Não
vejo diferença. Pelo menos no momento não, mas algum tempo atrás,
podia haver com a questão do futebol
(Roberto, 02/04/2019).

 
   
Corroborando com isso, Sousa (2020) em sua pesquisa percebeu, através do relato
de um dos participantes, a concepção cultural de que
meninas não entendem de
futebol, chamada mascaradamente de “diferença no jogo”. Não podemos negar
que há uma defasagem gigantesca
entre meninos e meninas quando se trata de
vivenciar o futebol desde a infância, quando o menino já é estimulado a essa
prática e a menina
não, algo que necessita ser desconstruído urgentemente.
 
   
Visto isso, percebe-se que esse quadro esportivizado pode auxiliar na
separação entre gêneros e no processo de exclusão de gênero. Os/as
estudantes formam grupos para realizar “os esportes do dia”, sendo que na
maior parte dos contextos escolares há uma ordem nos critérios de
seleção,
sendo: 1) gênero; 2) classes sociais, 3) interesses comuns e, ainda
acrescentaria 4) habilidade (Oliveira, 2009). Como resultado disso,
os/as mais
fortes e habilidosos/as são escolhidos/as, os/as menos/as habilidosos/as
excluídos/as e as ditas mais frágeis, nem são cogitadas.
 
   
Mesmo com todo esse contexto social apresentado, um contexto opressor e que
segrega os sujeitos, ainda encontramos posicionamentos que
naturalizam os fatos,
posicionamentos que afirmam a criação das opressões:
 

Tu
crias isso, tu crias umas divisões dentro da sala de aula, se tu
começar com preconceito, com isso e com aquilo, tu cria
umas divisões,
quanto mais tu fomentas, isso... (Prof. João, 02/04/2019).

 
   
Diante dessa perspectiva, as questões de gênero no âmbito escolar são, na
maioria das vezes, ignoradas, deixadas de lado, como se não
precisassem ser
discutidas nesse espaço. Fato que corrobora com isso é a retirada das
menções de gênero dos documentos norteadores da
educação brasileira.
Entendemos que a escola sim é um local onde precisamos e devemos debater essas
questões, pois ainda é um espaço que
segrega, diferencia e oprime os
sujeitos, estando assim, em sintonia com a sociedade opressora da atualidade.
 
Conclusões 
 
   
Não tendo como finalidade esgotar a temática, esse estudo se propôs a
analisar como as questões de gênero são tratadas nas aulas de
Educação
Física de uma escola da rede municipal de Rio Grande – RS. Nesse sentido, os
resultados através dele obtidos, são de um delimitado
contexto, expostos pela
ótica do/as participantes da pesquisa.
 
   
Assim,sobre as opressões, os/as estudantes reconhecem o sistema opressor que
vivem, destacando falas proliferadas pelos sujeitos da
sociedade. A
instituição escolar, por sua vez, sendo um componente que faz parte desse
sistema, reflete as opressões, dado que constatamos
uma diferenciação entre
os gêneros no momento do ensino. Essa diferenciação auxilia no sustento do
patriarcado, pois oprime as mulheres,
conservando a estrutura de uma ordem
social necessária para a manutenção do sistema opressor capitalista.
 
   
A respeito dos papéis sociais de gênero, foi constatado, por parte dos/as
participantes, um reforço dos estereótipos, sendo demarcada as
funções e os
espaços em que homens e mulheres podem atuar. Por outro lado, temos os/as
participantes que apresentam os seus argumentos
contra esses papéis,
manifestando ideias de uma sociedade mais igualitária.
 
   
Sobre a Educação Física da escola investigada, percebeu-se que ela é
esportivizada, priorizando modalidades como o futebol, voleibol,
basquetebol e
handebol. Com relação às aulas mistas ou separadas, a opinião do professor
é enfática quando prefere aulas separadas, pois
acredita que trabalharia com
maior tranquilidade. Nesse sentido, identificou-se que há uma distinção entre
meninas e meninos durante a prática,
sendo algo naturalizado dentro daquele
contexto.
 
   
Verificou-se que as questões de gênero, assim como as opressões, não são
muito debatidas nas aulas de Educação Física da escola
pesquisada, visto que
algumas situações são percebidas como naturais. Uma questão que colabora com
isso é a retirada das menções de gênero
dos documentos norteadores da
educação brasileira. Importante destacar que a escola, sim, é um local onde
precisamos e devemos debater
essas questões, pois é um espaço que segrega,
diferencia e oprime os sujeitos, estando assim, em sintonia com a sociedade
opressora da
atualidade.
 
   
Por fim, algumas implicações para a pesquisa futura foram constatadas.
Torna-se relevante de perceber que, por mais que o debate que
envolve as
questões de gênero esteja mais amplo, ainda encontramos sujeitos e espaços
enraizados na cultura machista e opressora instaurada.
Nessa lógica, percebe-se
que essa temática é pertinente de ser problematizada nas instituições
escolares, pois essas, da mesma forma que
inscrevem marcas, determinando formas
de ser e estar, refletindo a sociedade, podem também abrir espaços para o
diálogo sobre as diferenças,
espaços que possibilitem um diálogo
transformador.
 
Notas 

1. De
acordo com a distribuição em distritos da cidade de Rio Grande – RS, as
maiores escolas municipais em número de alunas e alunos
foram as
selecionadas (juntamente a Secretaria de Educação da cidade), sendo uma
instituição de cada distrito, totalizando 5 escolas a
serem pesquisadas.
2. Dissertação
de mestrado da pesquisadora.

3. O
professor de Educação Física assinou o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e os/as estudantes o Termo de Assentimento do
Menor.
4. Composta
por somente 6 estudantes.

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