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EXAME 1

Em 22 de Fevereiro de 2006, a Assembleia da República aprovou uma lei sobre


igualdade de género, da qual consta uma norma que prevê a introdução de um
sistema geral de quotas para as mulheres que abrange todos os domínios,
nomeadamente, o emprego público e privado, a vida política e a educação.

Em 23 de Março de 2006, o decreto foi submetido a promulgação do


Presidente da República que o enviou para o Tribunal Constitucional por
desconfiar da sua inconstitucionalidade.

Em 26 de Abril de 2006, o Tribunal pronunciou-se pela não


inconstitucionalidade do diploma.

Apesar disso, o Presidente continua a ter dúvidas se o sistema de quotas para


mulheres é o meio mais adequado para atingir o objectivo da igualdade de
género, pelo que recusa a promulgação do diploma, remetendo-o de novo à
Assembleia da República, a qual o confirma por 125 votos a favor, 80 contra e
9 abstenções.

Tendo concorrido a um lugar de técnico de técnico superior de 2ª classe no


Ministério dos Negócios Estrangeiros, e tendo sido classificada em 2º lugar,
Marta acaba por ser provida no lugar, em detrimento de Joaquim, que foi
classificado em 1º lugar, por força da lei acima mencionada.

Joaquim recorre para o tribunal competente, com fundamento na violação de


várias normas constitucionais, designadamente, o princípio da igualdade
consagrado no art. 13º da Constituição da República Portuguesa e na violação
de uma convenção internacional de que Portugal faz parte, a qual afasta,
expressamente, o sistema de quotas para mulheres na área do emprego.

Marta, por seu turno, contrapõe à inconstitucionalidade da lei a anterior


pronúncia do Tribunal Constitucional em sentido contrário e alega que, no
ordenamento jurídico português, deve prevalecer a lei interna, sendo de afastar a
convenção internacional quando dispõe em sentido contrário.

Quid juris?
II
Responda sucinta, mas fundamentadamente, num máximo de 15 linhas, por

cada questão, às seguintes questões:

a) Distinga reserva de declaração interpretativa e explicite os respectivos


efeitos jurídicos.
b) Distinga direitos de personalidade de direitos fundamentais.
c) Diga o que entende por duplo veto no Conselho de Segurança das Nações
Unidas.

EXAME 2
IEm 12 de Abril de 2002, o Governo apresenta à Assembleia da República uma

proposta de lei sobre delimitação de espaços marinhos. Prevê-se a redução da


zona económica exclusiva para 100 milhas marítimas e o aumento do mar
territorial para 24 milhas. A proposta é votada no plenário, em 11 de Maio de
2002, por 70 votos a favor, 40 abstenções e 20 votos contra.

O diploma é submetido ao Presidente da República para promulgação, em 2 de


Junho de 2002, o qual resolve requerer a fiscalização preventiva da sua
constitucionalidade, com fundamento na falta de audição das Regiões
Autónomas e na violação da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do
Mar de que Portugal é parte, a qual impõe como limite máximo da largura do
mar territorial 12 milhas.

O Tribunal Constitucional pronuncia-se no sentido da inconstitucionalidade


orgânica do diploma, devido à falta de audição das Regiões Autónomas, mas
considera improcedente o segundo fundamento, pois, segundo ele, no
ordenamento jurídico português, os tratados internacionais não se encontram
numa posição hierárquica superior à lei ordinária.

Devolvido o diploma à Assembleia da República, esta decide confirmá-lo por


80 votos a favor, 30 votos contra e 50 abstenções.
Em 20 de Outubro de 2002, o Presidente da República, embora com dúvidas,
promulga o decreto como lei.

Inconformadas com o facto de não terem sido ouvidas, as Assembleias


Legislativas Regionais dos Açores e da Madeira aprovam em 25 de Novembro e
3 de Dezembro de 2002, respectivamente, um decreto legislativo regional
cada uma, no qual repõem a extensão de 200 milhas marítimas da zona
económica exclusiva que circunda os respectivos arquipélagos.

Os decretos legislativos regionais entram em vigor em 1 de Janeiro de 2003.

Em 5 de Março de 2003, a polícia marítima portuguesa detecta um barco


espanhol a pescar a 15 milhas da costa da Madeira, tendo procedido à
apreensão do navio, bem como à detenção de toda a tripulação.

No dia seguinte, o Estado espanhol protesta, veementemente, pois, com base


nas normas internacionais aplicáveis, o navio espanhol encontrava-se fora do
mar territorial português, pelo que Portugal não poderia aí exercer
competência penal.
O Estado português contesta afirmando que, segundo a legislação interna, o
mar territorial português vai até às 24 milhas.
Quid juris?

II
Responda, sucintamente, no máximo de 15 linhas, a uma, e apenas uma, das
seguintes questões:
a) Distinga inconstitucionalidade superveniente de inconstitucionalidade
originária.
b) Distinga reconhecimento declarativo de reconhecimento constitutivo.
EXAME 3
IEm 21/4/2002, os Ministros dos Negócios Estrangeiros, reunidos no seio do

Conselho da Europa, assinam um acordo relativo à repressão do terrorismo


internacional, cuja entrada em vigor está dependente da vinculação
internacional de 15 Estados partes.
O acordo encontra-se aberto a todos os Estados europeus, mesmo que não
sejam membros do Conselho da Europa.
Desse acordo consta uma cláusula que permite a extradição de cidadãos
nacionais ou estrangeiros para qualquer dos Estados partes na convenção, com
fundamento na prática do crime de terrorismo internacional, à qual o Governo
português apôs uma reserva no decreto de aprovação, em 12/3/2003.
Na mesma data foi depositado o 15º instrumento de vinculação internacional
ao acordo junto do Conselho da Europa .
Recentemente, por ocasião do Euro, foram presos vários cidadãos,
portugueses e estrangeiros, tendo o Estado A, parte na convenção, solicitado
a extradição de um cidadão português, com fundamento na sua possível
implicação num atentado bombista ocorrido nesse país.
O Governo português recusa a extradição invocando a reserva ao acordo, bem
como sérias dúvidas quanto ao carácter justo e equitativo do processo a que
seria submetido esse cidadão nacional.
Em 18/6/2004, o Provedor de Justiça envia ao Tribunal Constitucional um
pedido de apreciação da constitucionalidade de algumas normas do acordo,
entre as quais se incluem a norma de extradição de cidadãos portugueses.
Quid juris?

II
Responda, sucintamente, no máximo de 15 linhas, às seguintes questões:
a) Distinga inconstitucionalidade pretérita de inconstitucionalidade originária.
b) Distinga o reconhecimento do Estado do reconhecimento de Governo.
c) Distinga o modelo de fiscalização da constitucionalidade político do modelo

de fiscalização jurisdicional.
EXAME 4
IO Ministro dos Negócios Estrangeiros do Estado português, em visita oficial às

Nações Unidas, assinou com os seus congéneres dos Estados membros da


Organização Mundial de Saúde, um acordo internacional sobre transporte
transfronteiriço de resíduos perigosos.

A convenção entrou em vigor a nível internacional em 12 de Maio de 2000.

Em 15 de Maio de 2000, a convenção foi aprovada, em Portugal, pelo Conselho


de Ministros, sob a forma de decreto-lei, tendo sido submetido a ratificação
do Presidente da República, que resolveu apor uma reserva à cláusula relativa
à responsabilidade solidária do transportador e do Estado que autoriza o
transporte desses resíduos, em caso de ocorrência de danos para o ambiente
derivados desse transporte.

O acordo foi publicado no Diário da República em 31 de Maio de 2000.

Em 25 de Novembro de 2000, a Assembleia da República aprovou por 79 votos a


favor, 70 abstenções e 9 votos contra um decreto destinado a ser publicado como
lei sobre resíduos, no qual se impõe o pagamento de uma taxa a todos os
transportadores de resíduos dentro do território nacional e se considera os
transportadores os únicos e exclusivos responsáveis pelos danos ambientais
eventualmente causados por tais transportes.

Em 30 de Novembro o decreto foi submetido ao Presidente da República para


promulgação, que o enviou ao Tribunal Constitucional, o qual se pronunciou pela
não inconstitucionalidade em 12 de Dezembro.

O Presidente resolve então vetar o diploma e remetê-lo à Assembleia da


República, que o confirma pelo mesmo número de votos com que o tinha
aprovado.

O diploma é publicado no Diário da República em 15 de Fevereiro de 2001.

X, empresa transportadora internacional de resíduos perigosos, requer ao Estado


português a autorização prevista no acordo internacional para um transporte que
pretende efectuar em 12 de Junho de 2001.

O Ministério do Ambiente defere o pedido em 1 de Junho de 2001.

O transporte efectuou-se, tendo o camião tido um desastre e derramado uma


parte do produto tóxico que transportava, o que causa danos graves às
populações e ao ambiente num raio de 30 quilómetros.

Um conjunto de cidadãos propôs no tribunal competente uma acção de


indemnização contra o transportador e contra Estado português, ao abrigo da
cláusula de responsabilidade solidária constante da convenção.
O Estado português alega que:
a) ao apor uma reserva a essa cláusula, ela não se aplica em Portugal;
b) existe uma lei portuguesa que considera os transportadores os únicos e
exclusivos responsáveis pelos danos ambientais provenientes dos transportes,
a qual se sobrepõe ao acordo internacional;
c) a falta de pagamento da taxa por parte da empresa tornou o transporte
ilícito.

Os cidadãos partes na acção contrapõem que:

a) a reserva é ilícita e não foi feita pelo órgão competente a nível nacional;
b) a lei portuguesa não pode contrariar a convenção, pelo que é
inconstitucional;
c) nada na convenção impõe o pagamento de qualquer taxa, pelo que a
exigência da mesma é ilícita.

O tribunal da causa decide em sentido favorável aos cidadãos partes no


processo, com fundamento na inconstitucionalidade da lei, por contrariar a
convenção.

O Estado português recorre para o Tribunal Constitucional.


Quid juris?
EXAME 5
IResolva a seguinte hipótese:

Com o objectivo de combater a onda de criminalidade que assolava o país há


já algum tempo, o Governo aprovou um decreto-lei, em que aumentava a
medida da pena de prisão prevista para o crime de homicídio qualificado para
um máximo de 50 anos.

Submetido ao Presidente da República, este recusa a promulgação do


mencionado decreto-lei, com fundamento na sua inconstitucionalidade,
tendo-o remetido ao Tribunal Constitucional, o qual lhe deu razão.

Perante esta decisão do Tribunal Constitucional, o Governo resolve


transformar o decreto-lei numa proposta de lei que apresenta à Assembleia da
República, a qual foi aprovada por larga maioria.

Além disso, nesse mesmo dia, a Assembleia da República aprova também uma
convenção internacional adoptada no âmbito do Conselho da Europa, que
regula a troca de prisioneiros por delitos comuns entre os Estados membros

dessa organização internacional.

O Presidente da República, ao ratificar a Convenção, apõe-lhe uma reserva,


segundo a qual Portugal não receberá nem enviará prisioneiros de
nacionalidade africana.
Ao abrigo desta Convenção, a Lituânia pretende trocar cidadãos portugueses e
angolanos presos nesse país por cidadãos lituanos a cumprir pena em Portugal.
O Governo português recusa essa troca com base na reserva. A Lituânia
considera a reserva inválida.

Moisés, cidadão estrangeiro, tendo sido condenado por um tribunal português


a 46 anos de prisão, com fundamento no Código Penal, em conjugação com a
lei recentemente aprovada pela Assembleia da República, recorre para o
Tribunal Constitucional, por considerar que a sentença viola a Constituição
portuguesa, dado que, tendo em conta a sua idade, equivale a decretar-lhe
prisão perpétua.

Quid juris?
EXAME 6

O Conselho de Ministros, reunido hoje, aprovou, ao abrigo da alínea c) do n.º 1


do art.º 200.º da Constituição, uma proposta de resolução que apresentou à
Assembleia da república no sentido de esta assumir poderes de revisão
extraordinária imediatamente.

Esta proposta foi agendada e discutida; votaram-na favoravelmente 190


dos 220 Deputados presentes.
Passados 10 dias, um grupo de 50 Deputados pertencentes ao partidoPelo
Centro é que vamos apresentou um projecto de revisão constitucional que
visava alterar a alínea e) do artigo 288.º suprimindo a expressão «direitos
dos trabalhadores».

Passados mais 25 dias, um Deputado do partido Esquerda Poética apresentou um


outro projecto cujo único objectivo era acrescentar um novo n.º 4 ao art.º 59.º
com a seguinte redacção:

«As garantias constantes dos números anteriores aplicam-se também aos


funcionários públicos na medida das disponibilidades orçamentais anuais.»

A alteração constante do primeiro projecto foi aprovada por 154 Deputados com
os votos contra de 60; a alteração constante do segundo projecto foi aprovada em
Comissão de Assuntos Constitucionais.
Analise a situação descrita comentando, sem deixar de ter em conta a
jurisprudência constitucional, tudo o que lhe parecer relevante.
CASO PRÁTICO 3

O Tribunal Constitucional, através da 1ª secção, julgou inconstitucional a


norma Y do Decreto-Lei X se interpretada no sentido de não ser
contabilizável, para efeitos de antiguidade e progressão na carreira, o tempo
em que a funcionária se encontra a gozar a licença de maternidade.
Deste modo, Bertúcia viu o seu requerimento para lhe ser reconhecida a
mudança de escalão, no âmbito da carreira docente, deferido na sequência de
sentença judicial nesse sentido.
Carol, na mesma situação de Bertúcia, invocou aquela sentença junto do
tribunal administrativo onde impugnou a recusa de promoção mas o juiz
manifestou um entendimento diferente quanto à inconstitucionalidade da
norma e pretende dar razão à Administração.
Que pode Carol fazer?
Pode mais alguém intervir nesta situação?

Imagine agora que a situação Carol chegava ao Tribunal Constitucional mas a


2ª secção entendia que a norma em causa não era inconstitucional, não
havendo, por isso, lugar a reforma da sentença do tribunal administrativo.
Haveria algum meio de reacção?

CASO PRÁTICO 4

O juiz do Tribunal Judicial de Loures, chamado a aplicar uma norma do regime


do arrendamento (aprovado por Decreto-Lei) para resolver uma acção de
despejo, é confrontado com a invocação da desconformidade dessa norma
com a competente lei de autorização legislativa. Ciente dessa
desconformidade, ainda assim decide aplicar a norma com os seguintes
fundamentos:
– incompetência para fiscalizar a legalidade das leis;
– a desaplicação da norma conduziria a uma situação de ausência de direito, a
uma lacuna que deixaria o caso sem julgamento;
– a ocorrência de uma revisão constitucional, posterior àquele Decreto-Lei,
que revogou a alínea h) do art.º 165.º.
Comente.

CASO PRÁTICO 5
Revisão Constitucional – 3.º caso
A Assembleia da República (AR) assumiu poderes de revisão a 5 de Março de

2008 mediante a aprovação de uma moção por uma maioria de 190 Deputados
dos 200 que estavam presentes.
O primeiro projecto de revisão constitucional foi apresentado pelo partido da
Direita Unida a 7 de Maio de 2008.
Para além deste, só um Deputado do partido Esquerda com Todos apresentou
um outro projecto a 13 de Junho.
A discussão dos dois projectos iniciou-se a 20 de Setembro, tendo um
deputado do partido Não a Tudo declarado no Plenário que considerava que os
dois projectos tinham caducado.
De entre as alterações aprovadas constava uma alteração ao artigo 149.º no
sentido de a eleição dos Deputados se fazer por círculos uninominais e outra
que revogava a alínea h) do artigo 288.º Ambas foram votadas por 190
Deputados, dos quais 150 votaram a favor e 40 votaram contra, tendo as
alterações sido integradas na lei de revisão constitucional.
O Presidente da República vetou a lei por entender que a mesma era
materialmente inconstitucional, violando grosseiramente limites materiais de
revisão, e devolveu-a à Assembleia da República.
Esta confirmou-a pela mesma maioria que tinha aprovado as alterações ao
artigo 149.º e ao artigo 288.º, pelo que o Presidente se viu obrigado a
promulgar a lei de revisão constitucional.
Os Deputados do partido Centro é Virtude pretendem suscitar a fiscalização
desta lei.

Pronuncie-se sobre todos os aspectos que considerar pertinentes.


CASO PRÁTICO 6

Foi publicado um Decreto-Lei através do qual o Governo define novos ilícitos


contra-ordenacionais, e ajusta o respectivo valor das coimas, relativos à
condução com excesso de álcool ou sob efeito de estupefacientes,
introduzindo, deste modo, alterações ao Código da Estrada.
Assim, no âmbito de uma política de “tolerância zero”, passa a ser proibido
conduzir com álcool no sangue, independentemente da quantidade. Quanto
ao valor das coimas, variará entre €150 e €15000 para a condução sob efeito
de álcool e entre €200 e €20 000 para a condução sob efeito de
estupefacientes (art.º 4.º do mencionado diploma).
O Decreto-lei entrou em vigor a 6 de Janeiro de 2006.
Xaneca e Zacarias foram apanhados numa operação STOP e conduziam,
respectivamente, com 0,2g/l e com 2,4g/l de álcool no sangue.
Presente ao juiz, Xaneca foi condenado a pagar uma coima de €200.
Zacarias – que foi assistido no seu julgamento por um advogado que havia
feito, com evidente distinção, a cadeira de Direito Constitucional – invocou a
ilegalidade da norma do Decreto-Lei que definia o montante da coima
aplicável naquele caso, por o mesmo ser superior ao montante máximo
previsto no regime geral das contra-ordenações (€2500), definido por lei da
Assembleia da República. Ainda assim, o juiz condenou-o ao pagamento de
uma coima no valor de €3500. Zacarias pretende recorrer da decisão.
O presidente da república suscitou, a 20 de Novembro de 2006, a fiscalização
da legalidade da norma do art.º 4.º do Decreto-Lei, sem apresentar qualquer
fundamento.
O Tribunal Constitucional declarou no final do mês de Dezembro a
inconstitucionalidade total daquela norma mas, ao abrigo do n.º 4 do art.º

282.º da Constituição, decidiu que os efeitos dessa incosntitucionalidade só


tivessem lugar a partir do dia 1 de Janeiro de 2007 a fim de garantir a
saudável execução orçamental, que sairia defraudada se tivessem de ser
repostas todas as coimas cobradas no ano de 2006 ao abrigo daquele artigo.
1 – Comente a decisão do Tribunal Constitucional tendo, nomeadamente, em
atenção os seguintes aspectos:
- qualificação da desconformidade imputada ao art.º 4.º do Decreto-Lei;
- âmbito do princípio do pedido; e
- limites às sentenças manipulatórias.
2 – Diga se Xaneca ainda poderia, de algum modo, beneficiar da decisão do
Tribunal Constitucional e o que aconselharia Zacarias a fazer.

CASO PRÁTICO 7

Domingos e Cipriano estão desavindos e propuseram um contra o outro uma


acção no Tribunal Judicial de Leiria.
Durante o julgamento, Cipriano invocou a inconstitucionalidade da norma cuja
aplicação resolveria o litígio, fundamentando-a na violação do princípio da
igualdade por a mesma conduzir a um tratamento diferenciado de realidades
idênticas. Essa norma constava de uma resolução do Conselho de Ministros.
Na sentença, o juiz veio a desaplicar aquela norma decidindo a acção a favor
de Cipriano. Todavia, não considerou que tivesse havido violação do princípio
da igualdade mas antes uma inconstitucionalidade formal que invalidaria a
norma.
Domingos renunciou expressamente ao recurso para o Tribunal Constitucional
e pretende ver a sua questão reapreciada numa segunda instância.
Cipriano está muito descontente pois esperava poder ver a questão apreciada
pelo Tribunal Constitucional. Acha até que tem interesse nisso na medida em
que tem outras acções a correr com objecto idêntico, contra outras pessoas, e
seria uma grande ajuda poder invocar um julgamento já levado a cabo pelo
Tribunal Constitucional.
Para além disso, estranha muito que o Ministério Público não tenha interposto
recurso daquela decisão já que estaria obrigado a fazê-lo pois se a
desaplicação de qualquer decreto regulamentar cria essa obrigação que dizer
quando se trata de uma resolução do Conselho de Ministros.
E com estes fundamentos, Cipriano interpôs recurso para o Tribunal
Constitucional.

Enquadre e comente as atitudes/omissões processuais dos três sujeitos


mencionados no caso (Cipriano, Domingos e Ministério Público).

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