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INFORMATIVO 945 STF

Revisado dia -
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Existe uma decisão proferida pelo TJ em processo coletivo que beneficia


diversos servidores do Poder Judiciário.
Esses servidores começam a ingressar com execuções individuais pedindo o
pagamento dos valores reconhecidos no acórdão do TJ. João é um deles e ajuíza
pedido de cumprimento de sentença. O TJ remete a execução individual de João
para o STF afirmando que mais da metade dos Desembargadores possui alguma
relação de parentesco com outros servidores beneficiados pela decisão. Logo,
para o TJ, a competência para julgar todas as execuções individuais seria do STF,
com base no art. 102, I, “n”, segunda parte, da CF/88.
O STF, contudo, não concordou com a decisão. O STF não é competente para
julgar originariamente a execução de João, pois não há impedimento dos
Desembargadores. Nenhum deles mantêm relação de parentesco com João,
servidor que figura especificamente no processo de execução individual.
STF. 1ª Turma. AO 2380 AgR/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 25/6/2019 (Info 945).

- Sindicato dos Servidores do Judiciario impetraram MS COLETIVO no Tribunal


de Justiça requerendo o pagamento de determinada gratificação.
- Um dos servidores ingressou com PEDIDO DE CUMPRIMENTO INDIVIDUAL
- TJ se negou de oficio, alegando ser incompetente para a EXECUÇÃO, porque
alguns dos SERVIDORES BENEFICIARIOS DOS TITULOS EXECUTIVOS SÃO
PARENTES DOS DESEMBARGADORES.
- TJ utilizou por argumento o artigo 102, I, n da CF
Artigo 102 (...) Compete o STF processar e julgar originariamente
N) a ação em que TODOS os membros da MAGISTRATURA sejam DIRETA
ou INDIRETAMENTE INTERESSADOS; E
MAIS DA METADE dos membros do TRIBUNAL de origem ESTEJAM
IMPEDIDOs, ou sejam, DIRETA OU INDIRETAMENTE INTERESSADOS.
- Lembrando que o servidor em questão não era parente de nenhum
desembargador e a EXECUÇÃO ERA INDIVIDUAL.
- O TJ enviou sua execução ao STF com base no artigo acima (não agindo
corretamente)
- OS DESEMBARGADORES NÃO SÃO IMPEDIDOS PARA JULGAR O PROCESSO DO
SERVIDOR EM QUESTÃO.
- Lembrando que o TJ não se declarou incompetente para julgar o mérito do MS
Coletivo, de modo que não há, a PRINCIPIO, óbice para apreciação das
execuções individuais.

DIREITO PENAL

Não é possível a fixação de regime de cumprimento de pena fechado ou


semiaberto para crime de tráfico privilegiado de drogas sem a devida
justificação. Não se admite a fixação automática do regime fechado ou
semiaberto pelo simples fato de ser tráfico de drogas. Não se admite, portanto,
que o regime semiaberto tenha sido fixado utilizando-se como único
fundamento o fato de ser crime de tráfico, não obstante se tratar de tráfico
privilegiado e ser o réu primário, com bons antecedentes. A gravidade em
abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do
regime mais gravoso. STF. 1ª Turma. HC 163231/SP, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/6/2019 (Info
945).

SUMULA VINCULANTE (NOVA) – É impositiva a fixação do regime aberto e a


substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito quando
reconhecida a figura do tráfico privilegiado e ausente vetores negativos na
primeira fase da dosimetria, observados os requisitos do artigo 33, §2, C e do
art. 44, ambos do CP
Resumido a Sumula.
É IMPOSITIVO – NO TRAFICO PRIVILEGIADO e AUSENTES O VETORES
NEGATIVOS DO ART. 59: regime aberto + substituição de privativa para
restritiva

- Não é possível a fixação de regime de cumprimento de pena fechado ou


semiaberto para crime de tráfico privilegiado de drogas SEM A DEVIDAS
JUSTIFICAÇÃO
- O QUE O JUIZ DEVE OBSERVAR NA FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL
- Se a pena é reclusão ou detenção
- O quantum da pena
- Se é reincidente ou não
- Art. 59
Regime inicial RECLUSÃO

FECHADO: Pena + 8 anos

SEMIABERTO: +4 ou -/=8 anos


Se tiver essa pena e for reincidente sobe para o fechado

ABERTO: Pena até 4 anos


Se reincidente e art. 59 favorável = semiaberto
Se reincidente e art. 59 desfavorável = fechado

Regime inicial DETENÇÃO

Fechado: NUNCA

SEMIABERTO: +4 anos

ABERTO: até 4 anos


Se reincidente vai para o semiaberto.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

João foi denunciado por homicídio doloso. Foi condenado pelo Tribunal do Júri. Contra
esta sentença, a defesa interpôs apelação e o TJ deu provimento ao recurso,
absolvendo o réu por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária
à prova dos autos. Isso porque só havia uma única testemunha contra o réu e o TJ
entendeu que isso não seria suficiente para a condenação. Contra o acórdão do TJ, o
Ministério Público interpôs recurso extraordinário. O STF deu provimento ao recurso
do MP para restaurar o veredicto condenatório prolatado pelo Tribunal do Júri. Para o
STF, analisar se um único depoimento é suficiente ou não para a condenação é uma
matéria que cabe aos jurados no Tribunal do Júri e que não pode ser reformado pelo
TJ. Ocorre que, em revisão criminal, o TJ voltou a absolver o réu utilizando novamente
como fundamento o argumento de que a condenação é contrária à evidência dos
autos. Essa decisão do TJ na revisão criminal viola aquilo que o STF decidiu no recurso
extraordinário, razão pela qual deve ser julgada procedente reclamação contra o
acórdão do TJ. STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
25/6/2019 (Info 945).

- Para STF o acordão absolutório do TJ violou A SOBERANIA DOS VEREDICTOS


previsto no artigo 5 da CF.
- Após o transito em julgado a defesa ingressou com uma REVISÃO CRIMINAL e
novamente o TJ afirmou que uma única testemunha não seria suficiente para
condenar o réu
- O filho ajuizou RECLAMAÇÃO AO STF argumentando que a decisão do TJ
proferida na revisão criminal AFRONTOU A AUTORIDADE DO ACORDÃO SO STF
que condenou o réu, no RECURSO EXTRAORDINARIO.
- O STF entendeu procedente
- STF ANULOU o acordão do TJ + DETERMINOU QUE PROFIRA NOVO
JULGAMENTO a luz das demais caudas de pedir SEM USAR OS MESMOS
FUNDAMENTOS QUE JÁ FORAM AFASTADOS PELO STF no recurso
extraordinário (a alegação de que a condenação foi manifestadamente
contrária a prova dos autos).
- Segundo o STF: analisar se um único depoimento é suficiente ou não para a
condenação é uma matéria que cabe aos JURADOS no tribunal do júri e QUE
NÃO PODER SER REFORMADO PELO TJ.
STF entendeu que o TJ ao julgar a revisão criminal, reiterou os fundamentos já
utilizados no acordão que julgou na apelação ( que depois o STF DERRUBOU)
- Logo houve afronta ao STF.
- A reclamação por expressa determinação constitucional, DESTINA-SE A
PRESERVSAR A COMPETENCIA DO STF e garantir A AUTORIDADE DE SUAS
DECISÕES (art. 102)

QUAIS SÃO AS REGRAS DE COMPETENCIA PARA JULGAMENTO DE REVISÃO


CRIMINAL?
PRIMEIRA REGRA – A revisão criminal é SEMPRE julgada pelo Tribunal ou Tuma
Recursal.
- Não existe revisão criminal julgada por juiz singular.

SEGUNDA REGRA – Se a condenação foi proferida por juiz singular e não houver
recurso (mesmo vale se interpôs fora do prazo), a competência para julgar a
revisão criminal será do Tribunal (ou turma) ao qual qual estiver vinculado o
magistrado
Ex. João foi condenado pelo juiz de primeiro grau → NÃO INTERPOS RECURSO
(ou interpôs fora do prazo) → transitou em julgado → propõem revisão criminal
→ competente? Tribunal ou Turma Recursal.

TERCEIRA REGRA (parte 1) – Se a condenação foi mantida (em recurso) pelo


Tribunal (estadual ou federal) ou Turma Recursal e contra este acordão não foi
interposto Recurso Especial ou Extraordinário, a competência para julgar
Revisão criminal SERÁ DO PROPRIO TJ (federal ou estadual) ou turma recursal.
Ex. João foi condenado > interpôs recurso > tribunal manteve a condenação >
esse acordão NÃO FOI RECORRIDO por Resp. ou RE > transitou em julgado >
defesa propõem revisão criminal > RESPONSAVEL CONTINUA SENDO O TJ OU
TURMA RECURSAL

TERCEIRA REGRA (parte 2) – Se foi condenado em competência originaria pelo


TJ (estadual ou federal) ou turma recursal e contra esse acordão não foi
interposto RE ou Resp, a competência para julgar a revisão criminal sera do TJ
ou TRF ou da Turma Recursal.
Ex. João foi condenado por foro originário pelo TJ > não interpôs RE ou Resp
contra o acordão > transitou em julgado > defesa promoveu revisão criminal >
competência do TJ.

QUARTA TEMPORADA – Se a condenação foi mantida ou proferida


originariamente (conforme a terceira regra) mas nesse caso foi IMPRETRADO
RECURSO RE OU RESP, quem será a competência para julgar a revisão criminal?
- Se o RE ou Resp não forem conhecidos: competência mantida no TJ ou turma
recursal.
- Se o RE ou Resp forem conhecidos:
Caso a Revisão impugne uma questão que foi discutida no RE ou Resp –
COMPETENCIA SERA DO STF OU STJ
Caso a Revisão impugne uma questão que não foi discutida pelo RE ou
Resp: competência volta do TJ ou TRF.
(E aqui se enquadra o julgamento em comento pois a revisão criminal
impugnou QUESTÃO FÁTICA E ANALISE DO STF limitou a QUESTÃO
JURIDICA – logo a competência foi do TJ)
No caso o STF não adentrou no remiro, atento a questão jurídica de
NATUREZA CONSTITUCIONAL.

Observações:
Não poderão julgar a revisão criminal desembargadores ou ministros que
participaram do primeiro julgamento.
Competência originária do TRF para julgar prefeitos por crimes federais – ex.,
apropriar-se de verbas federais.

Em regra, é incabível, por ilegitimidade ativa ad causam, o manejo de reclamação por


quem não tenha sido parte no processo subjetivo que tramitou perante o STF. No
entanto, em um caso específico, o STF abriu uma exceção para esse entendimento. Um
dos filhos da vítima do homicídio figurou no processo criminal como assistente de
acusação. O acusado foi condenado. Ocorre que, em revisão criminal, o réu foi
absolvido pelo Tribunal de Justiça. Diante disso, um outro filho da vítima, com a mesma
advogada que assistiu a família durante o processo, ajuizou reclamação no STF contra
esse acórdão do TJ. O STF reconheceu a legitimidade do autor da reclamação afirmando
que se mostra inequívoco o interesse da família da vítima no deslinde do caso. Não se
pode, por excessivo apelo formal, afastar a relação de PERTINÊNCIA SUBJETIVA do
autor da reclamação que, como filho da vítima, atua também na qualidade de
representante dos interesses da família. Assim, o filho da vítima do homicídio, mesmo
que não tenha sido assistente de acusação no curso da ação penal, tem legitimidade
para ajuizar reclamação contra decisão do Tribunal de Justiça que absolveu o réu no
julgamento de revisão criminal, alegando que esta decisão violou a autoridade de
acórdão do STF. STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
25/6/2019 (Info 945).

PROCESSUAL PENAL MILITAR

Réu pode ser condenado por crime de violência contra inferior mesmo que, durante a
tramitação do processo, deixe de ser militar. Não se exige a manutenção do status de
militar como requisito de procedibilidade e de prosseguimento da ação penal que
apura a prática de crime de violência contra inferior (art. 15 do Código Penal Militar).
Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de violência contra inferior (art.
175 do CPM) Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de “violência
contra inferior” (art. 175 do CPM) porque os bens jurídicos tutelados por este tipo
penal são a autoridade e a disciplina militares. A proteção principal não é da vítima que
sofre a violência, e sim da própria Instituição Militar, que vê, nessa conduta, grave
afronta aos princípios basilares das Forças Armadas. Assim, tem-se por inaplicável a
insignificância em crime de importante grau de reprovabilidade no meio castrense.
STF. 1ª Turma.HC 137741 AgR e AgR-segundo/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
25/6/2019 (Info 945).

Réu pode ser condenado por crime de violência contra inferior mesmo que,
durante a tramitação do processo deixe de ser militar.
Não se aplica o principio da insignificância ao crime de violência contra inferior.
- Supondo que durante o processo por crime de violência contra inferior o réu
seja licenciado, o processo continua, pois, a manutenção do status de militar
não é CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE E PROSSEGUIMENTO da ação penal
militar.
Obs. Licenciamento é forma de extinção do vinculo do militar com a
administração
- Outras decisões nesse sentido
(...) não prospera a alegação do impetrante da incompetência da justiça
militar (...) no momento do delito ele ostentava a condição de militar
sendo irrelevante que posteriormente tenha se licenciado (...) –
julgamento não do mesmo crime em comento.
Exceção:
Manter na condição de militar para ser processado – deserção de praças (quem
não tem estabilidade). SE SAIU, TEM QUE SER READQUIRIDO PARA SER
PROCESSADO
O Superior Tribunal Militar editou a Súmula 12, versando que a praça sem
estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem ter readquirido o
status de militar, condição de procedibilidade para a persecutio criminis,
através da reinclusão.
Pelo texto da súmula, conclui-se que a condição de militar, no caso de
desertores sem estabilidade é condição de procedibilidade, sem a qual, o
Ministério Público não poderá oferecer denúncia

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