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ATIVIDADE – DIREITO FLORESTAL

Prof. José Gustavo

Exercício de simulação de regularização ambiental de uma propriedade rural local


mediante sua inscrição no SICAR e adesão ao PRA, com justificativa legal das
opções adotadas, com os seguintes pontos:

- Com o auxílio de imagens do Google Earth, elaborar o diagnóstico geral da área,


com levantamento e indicação dos itens exigidos para cadastramento no CAR (Áreas
consolidadas; remanescentes de vegetação florestal; cursos d’água, nascentes e
respectivas APPs (e outras APPs caso incidentes); Reserva Legal, se couber; além
dos passivos ambientais (em relação ao Cód. Flor, Lei Mata Atlântica, etc.), etc

- Proceder a simulação de inscrição desta propriedade rural, no SICAR


documentando cada passo do cadastro;

- Elaborar justificativa jurídica acerca de cada um dos passos realizados apontando


o motivo e/ou dispositivo legal que exige ou permite cada uma das opções adotadas
no CAR, com adesão ao PRA. Proceder ainda análise de alternativas e exigências
jurídicas previstas no Código Florestal.

PASSO A PASSO DO CADASTRO

Primeiramente, é necessário acessar o website do CAR (www.car.gov.br) e


realizar o download do programa relativo a sigla do Estado em que o imóvel está
localizado:
Após, na aba “baixar imagens” procurar a cidade em que o imóvel rural está
localizado e realizar o download da cidade. Ato contínuo, ir na opção “cadastrar novo
imóvel”:
Será necessário informar os dados do cadastrante, como CPF, data de
nascimento, nome completo, nome da mãe e dados do representante (se houver).

Com a conclusão dos dados do cadastrante, inicia-se os dados do imóvel. Tais


como: nome da propriedade, unidade da federação de sua localização, município,
CEP, descrição de acesso ao imóvel, zona de localização, endereço de
correspondência:
Preenchidos os dados do imóvel, deve ser feito o cadastro de domínio a fim de
informar se é de pessoa física ou jurídica e, após, deve haver a inclusão dos dados
do proprietário:

Ainda, necessário preencher os campos relativos à documentação. Tal aba


solicita dados do domínio (propriedade ou posse), nome da propriedade, área do
imóvel, tipo do documento, número da matrícula, data da averbação, livro, folha,
unidade da federação do cartório, município do cartório, código no Sistema Nacional
de Cadastro Rural – SNCR, certificação do imóvel no INCRA, número de inscrição do
imóvel rural na secretaria da Receita Federal do Brasil (NIRF), informação sobre
existência de área de reserva legal. Ainda, há possibilidade de adicionar proprietários:

A próxima área é referente ao georrefenciamento do imóvel, aonde deve ser


informado a área do imóvel, a cobertura do solo, servidão administrativa, área de APP
ou uso restrito, área de reserva legal:

Devem ser inseridos arquivos em formato SHP ou kml/kmz.


Com a indicação das áreas, é necessário o preenchimento de informações tais
como: a) opção pelo Programa de Regularização Ambiental – PRA; b) se o imóvel
possui área com déficit de vegetação nativa para fins de reserva legal; c) se existe
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) aprovado referente à regularização da APP,
Reserva Legal ou área de uso restrito; d) se existe projeto de regularização de Áreas
Degradadas (PRAD) ou outro documento aprovado referente à regularização de APP,
Reserva Legal ou área de uso restrito; e) existência de infrações cometidas até
22.07.2008 relativas à supressão irregular de vegetação em APP, RL ou área de uso
restrito do imóvel; f) se o imóvel possui área de remanescente de vegetação nativa
excedente ao mínimo exigido para RL; g) se existe Reserva Particular do Patrimônio
Natural – RPPN no interior do imóvel; h) se o imóvel possui cota de RL; i) qual
legislação está submetida a Reserva Legal e, por fim, se houve alteração no tamanho
da área após 22.07.2008:
DIAGNÓSTICO DA ÁREA:

Antes de adentrar nas características específicas do imóvel, convém relatar


desde já as informações que irão balizar a análise do imóvel através da seguinte
legenda:

IMAGEM 01: Área total do imóvel


A propriedade em questão apresenta curso d’água em boa parte de sua
extensão, assim como 12 (doze) nascentes que desaguam no mencionado rio
(destaque em azul).

Ainda, é possível constatar que o imóvel possui área de preservação


permanente (APP), reserva legal (RL), vegetação nativa e área consolidada para uso
alternativo do solo.

Contudo, da análise da propriedade em questão é possível verificar que a


mesma deve ser regularizada através do Programa de Regularização Ambiental
(PRA), já que as áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL) são
menores do que determina a legislação.

O Programa de Regularização Ambiental (PRA) é o conjunto de ações ou


iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo
de adequar e promover a regularização ambiental com vistas ao cumprimento do
disposto no Capítulo XIII da Lei 12.651/2012 (Código Florestal), sendo a inscrição do
imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR) condição obrigatória para a adesão ao
PRA.

Isto posto, vejamos a descrição da área, suas irregularidades e medidas a


serem tomadas através do Programa de Regularização Ambiental do imóvel.
Das Áreas de Preservação Permanente (APP)

O Código Florestal (Lei 12.651/2012) definiu como áreas de preservação


permanente para efeito legal as florestas e demais formas de vegetação nativas
localizadas nas zonas rurais ou urbanas, nos seguintes termos:

“Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para


os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os
efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei
nº 12.727, de 2012).
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta)
metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600
(seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares
de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do
empreendimento; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42) (Vide
ADIN Nº 4.903)
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua
situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº
12.727, de 2012). (Vide ADIN Nº 4.903)
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º , equivalente a 100% (cem
por cento) na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca
inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros
e inclinação média maior que 25º , as áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base,
sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50
(cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. (Redação
dada pela Lei nº 12.727, de 2012).”

O imóvel em questão contém 12 (doze) nascentes e respeita, na maioria delas,


a área de entorno estabelecida como área de preservação permanente de 50m
(cinquenta metros) na forma do inciso IV do art. 4º da Lei 12.651/2012, a saber:
Embora a nascente acima possua área de preservação permanente de acordo
com a legislação ambiental, ainda é possível verificar que outras nascentes da
propriedade não atendem ao comando legal, tal como se vê das imagens abaixo
aonde a área de preservação permanente não chega nos 30 (trinta) metros, senão
vejamos:
As áreas de preservação permanente no entorno das nascentes que não
atendem a metragem definida em lei deverão ser recuperadas, recompostas ou
regeneradas, não sendo passível de compensação já que esta última é exclusiva para
áreas de Reserva Legal.

Também é possível verificar que as áreas de preservação permanente


relativas ao rio no qual as nascentes desaguam encontram-se irregulares, na medida
em que ao longo do curso d’água diversos pontos ultrapassam 10m (dez metros) de
largura, sendo, portanto, necessária área de preservação permanente de 50m
(cinquenta metros) conforme determina a alínea ‘b’ do inciso I do art. 4º da Lei
12.651/2012.

As imagens abaixo demonstram a faixa de APP irregular com 30,37 metros:


Da área de reserva legal

Luís Paulo Sirvinskas1, define Reserva Florestal Legal como sendo “a


preservação de parte de uma área maior de determinada propriedade particular com
o objetivo da preservação da vegetação ali existente. Entende-se por reserva legal a
área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a
conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e
da flora nativa (art. 3º, III da Lei 12.651/2012)”

Por sua vez, o art. 12 da mencionada Lei define os limites das áreas de
Reserva Florestal, senão vejamos:

“Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação
Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel,
excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012).
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).”

1
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito ambiental. 19. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
O presente imóvel não se encontra localizado em área de floresta, cerrado ou
campos gerais, incidindo, portanto, o percentual de 20% da propriedade como de
reserva legal.

No caso, a propriedade conta com área total de 613 hectares, sendo


necessário preservar a título de reserva legal 20% da área, ou seja, 122,06 hectares;
contudo, verificamos que o imóvel se encontra irregular na medida em que foi
contabilizado tão somente 29,91 hectares, senão vejamos:

Importante mencionar, que é possível o cômputo da Área de Preservação


Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal, em três situações, ex vi do
art. 15, I, II e III da Lei 12.651/2012, a saber:

a) o benefício previsto no art. 15 da Lei 12.651/2012 não implique a conversão


de novas áreas para o uso alternativo do solo;

b) a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação,


conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do SISNAMA;

c) o proprietário ou possuidor tenha requerido a inclusão do imóvel no CAR.


DA ÁREA CONSOLIDADA PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO E ÁREA DE
VEGETAÇÃO NATIVA

O presente imóvel também conta com área consolidada para uso alternativo
do solo, bem como com área de vegetação nativa, senão vejamos:

Área consolidada (sem vegetação):

Área de vegetação nativa:


POLÍGONO AMBIENTAL – RECOMENDAÇÃO DE ALOCAÇÃO DE RESERVA
LEGAL E ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE A FIM DE EVITAR
FRAGMENTAÇÃO DE ÁREAS E CRIAÇÃO DE MACIÇO AMBIENTAL

Analisando o imóvel e suas características, é possível sugerir através de


polígonos as áreas de vegetação nativa que devem ser integradas a fim de criar
maciços ambientais, a saber:

CONCLUSÃO

O imóvel em questão possui irregularidades que devem ser sanadas através


do cadastramento do imóvel rural no Cadastro Ambiental Rural (CAR) com adesão
ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), sob pena de cometimento de
infração administrativa ambiental.

Alunos:
Matheus Castanheira Costa
Isadora Palhano
Karla Marcella Bobato
Luana Santos Lopes

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