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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPACJF

MARIANA BARBOSA PEREIRA

A UNIVERSALIDADE ATRAVÉS DO TEMPO

Trabalho apresentado à professora

Margareth Marinho, da disciplina de

Leitura e Produção Textual, do

primeiro período do curso de

Biomedicina da Universidade

Presidente Antônio Carlos.

Juiz de Fora

2014
HUGO, Victor. Os Miseráveis. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2012.

O livro “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, teve sua primeira publicação em 1862
e desde essa época foi um sucesso. Traduzidos em várias línguas, o livro ainda foi
adaptado em filmes, minissérie, teatros e musicais.

O livro ganhou uma nova adaptação nas mãos de Walcyr Carrasco, na


primeira edição em 2002. Ele veio com uma performance mais clara e objetiva, além
de bem envolvente e cheio de surpresas.

A começar pelo título da obra, “Os Miseráveis”, hoje pode deixar o leitor um
pouco confuso quanto ao que será lido, visto que, a definição de miseráveis pode
receber uma conotação de xingamento, embora seu significado seja de pessoa
digna de compaixão, sofredora, que é a expressa no livro.

A história é cheia de dramas e suspenses, o que leva o leitor a começar a ler


e só parar quando terminar o livro. O romance se instaura em torno do protagonista,
Jean Valjean, que busca uma vida normal ao sair da prisão, mesmo sendo rejeitado
e julgado por muitos. Após erros cometidos, reconhece e se arrepende, aprendendo
a lição com o Monsenhor Benvindo, outro personagem.

É durante o desenrolar da história que conta a vida de Jean antes da prisão.


Ele era órfão e fora criado pela irmã mais velha, já casada e com sete filhos. Após
ela se tornar viúva, Jean passou a sustentar a família com muito trabalho, o que às
vezes era insuficiente e a miséria só aumentava. Jean, para nutrir as crianças,
roubou um pão, foi pego e preso. Sua pena aumentou mais após tentativas de fuga
e só depois de dezenove anos ele foi liberto.

De repente a história segue outro caminho, aparece outro personagem, o


Madeleine, homem pobre, misterioso quanto ao seu passado, de boa índole, simples
como um operário, mas que se tornou proprietário de uma grande fábrica e depois,
prefeito da cidade industrial de Montreuil-sur-Mer, na França. Ele exigia honestidade
e pureza de todos os seus funcionários, além de sempre ajudar os pobres e a
cidade. No decorrer do texto, o leitor consegue identificar quem realmente era o
prefeito e o interessante é que nesse momento pode-se perceber que o narrador
dialoga com o leitor, no trecho, “Sem dúvida, o leitor já adivinhou que Madeleine era,
de fato, Jean Valjean”.

Madeleine entra numa causa nobre, ajudar Fantine. Ela era solteira e com
uma filha para criar, vendeu tudo o que tinha para sobreviver e saiu em meio à
miséria em busca de melhoria de vida. No caminho encontrou uma família de
aparência simpática e deixou sua menina, Cosette, para eles cuidarem, pagando
com quase tudo o que tinha e seguiu viagem. Ela se comunicava com a família
através de cartas, mas, esta a pedia cada vez maior quantia para manter a menina.
Entretanto, a mãe não sabia que Cosette estava desnutrida, sendo maltratada e
mantida como escrava pela família.

Uma das partes mais emocionantes do livro é quando Fantine vendeu seus
lindos cabelos loiros e os dentes da frente para Cosette sobreviver ao frio rigoroso,
mas a família não utilizou para esse fim. Fantine fica muito doente e Madeleine
promete ajudá-la, trazendo sua filha de volta. No entanto, Fantine morre antes de ver
sua filha outra vez e Madeleine ao ser descoberto sobre sua verdadeira identidade,
por investigadores, chegou a ser preso novamente, mas fugiu. Madeleine, ou
melhor, Jean vai à busca de Cosette e consegue pegá-la da família. Agora, Jean e
Cosette passam a viver como pai e filha escondidos em Paris.

Cosette cresce aos cuidados de Jean e se apaixona por Marius, um homem


de família nobre, que estudava Direito, mas passou a ser um republicano,
abandonando sua família. Eles vivem um belo romance às escondidas, cheio de
suspenses e dificuldades, mas conseguiram superá-las e terminaram juntos.

Marius conseguiu se reconciliar com sua família e Jean aceitou o casamento


de Cosette com Marius. Embora o casal termine juntos e felizes, há uma quebra de
expectativas no texto, e é nessa hora que os leitores comovidos choram, pois o
protagonista Jean morre no final do livro, saindo do clichê.

O autor conseguiu fazer essa linda e enternecedora narrativa com alusões


históricas, como a Napoleão Bonaparte e em um contexto de Revolução Francesa,
associando o sofrimento dos operários da época, a pobreza e a busca por liberdade,
aos personagens. Outra questão importante é que o autor abordou temas que até
hoje são atuais e universais, como a fome, a pobreza, a honestidade, o amor, o
menor abandonado, maus-tratos de criança, dentre outros; e mostrou que mesmo
um ex-presidiário, com uma origem simples e difícil, cheio de erros, mudou de vida e
aprendeu várias lições com as oportunidades que encontrou, se tornando uma
pessoa melhor.

O leitor terá facilidade ao ler o texto, pois sua linguagem é simples e


acessível, podendo alcançar qualquer tipo de leitor. O autor utiliza citações de
jornais e cartas para dinamizar o texto e enriquece-o de detalhes, como estratégias
para aproximá-lo ao leitor. Vale a pena ler o livro e se envolver nessa brilhante
trama.

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