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CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA
5..3.1 – Teste de
raciocínio
aritmético
Formulam se
questões para
avaliar o nível de
habilidade de
raciocínio do
examinado, que
variará conforme
o grau e natureza
da sua instrução
5..3.2 – Teste de
memórias para
números
Visa aferir o nível
de controle mental, atenção e habilidade para o exercício de certas tarefas
5..3.3 – Teste de semelhança
Apresentam-se palavras ao examinado, pedindo que aponte sua semelhança ou relação.
Ex. banana e laranja se relacionam/assemelham por ambas serem alimentos ou, mais
especificamente, frutas. Neste caso o examinador pode conferir maior valor à segunda
resposta
5.3.4 – Teste de arranjo de figuras
Apresenta-se ao examinado, de forma desordenada, uma série de gravuras que compõe
uma história, pedindo que as ordene. Ex. policial em perseguição a criminoso.
5.3.5 – Teste complementar figuras
Pede-se ao examinado que complete uma figura selecionando a opção que completa seu
sentido. Ex. Figura em que uma parte é mutilada
5.3.6 – Teste do desenho de cubos
Pede-se para o examinando indicar a sequência de partes desenhadas para a
recomposição da figura de um cubo. Permite identificar lesões no lobo central,
impulsividade e outros traços comportamentais e distúrbios mentais.
5.3.7 – Teste de números e símbolos
Pede-se ao examinado para associar determinados símbolos, a fim de aferir sua
habilidade intelectual. Para melhor resultado no teste importam a acuidade visual,
coordenação e velocidade motora. As pessoas mais velhas, neuróticos ou instáveis
tendem a apresentar pior desempenho.
5.3.8 - Teste de arranjo de objetos
Pede-se ao examinado que recomponha um objeto, decomposto em três - um boneco, um
perfil e uma mão - ou quatro peças - um boneco, um perfil, uma mão e um elefante.
5.3.9 – Teste do Vocabulário
Pede-se ao examinado que defina coisas, animais, homens etc. de forma a aferir sua
habilidade de raciocínio, definição e vocabulário.
6 – F ATORES SOCIAIS DA CRIMINALIDADE
Sabemos que muitos são os fatores sociais que interferem e projetam a criminalidade e
que o estudo ou listagem de todos esses fatores é impossível. Porém, isso não significa
que podemos dispensar o estudo sobre o tema, ao contrário, a abordagem sociológica
atinge altos níveis de influência na gênese delitiva, sendo imprescindível o estudo ao
menos dos principais fatores mesológicos que repercutem na criminalidade, dentre eles,
destacamos:
Nas palavras de Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann, podemos oferecer os seguintes
conceitos:
→ A POBREZA: Estatísticas criminais evidenciam que existe uma relação de proximidade
entre pobreza e criminalidade. Evidentemente, não se trata de fator determinista ou
condicionante extremo, caso contrário não existiria crimes do colarinho branco. Mas não
se pode negar que em certas categorias delitivas, a exemplo dos crimes contra o
patrimônio, a imensa maioria dos delinquentes é pobre e com formação deficiente. Nesse
sentido, a má distribuição de renda atua como fator potencializador da delinquência.
→ OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO: Em massa, sobretudo a TV, acabam por banalizar a
violência e ignorar função pedagógica que deveria exercer no sentido de reforçar os
preceitos éticos.
→ HABITAÇÃO: Condições desfavoráveis de moradia, com proliferação de favelas, em
nada contribuem para o controle da criminalidade.
→ MIGRAÇÃO: O movimento interno populacional pode ocasionar dificuldades de
adaptação em face da diferença de costumes, usos, hábitos, valores etc.
→ CRESCIMENTO POPULACIONAL: O Aumento desordenado da população não deve
ser ignorado, pois o aumento das taxas criminais por áreas geográficas é proporcional ao
crescimento da respectiva densidade demográfica.
→ PRECONCEITO: O Estereótipo negativo em ideia equivocada preconcebida sobre
raça, cor, etnia, religião e outros aspectos, acaba por fomentar animosidade e a
desarmonia, culminando na prática de crimes.
→ EDUCAÇÃO: Educação e ensino são fatores inibitórios da criminalidade, de maneira
que assumem relevância especial tanto a educação formal quanto a educação informal.
→ MAL VIVÊNCIA: O estabelecimento de um grupo polimorfo de indivíduos à margem da
sociedade, em situação de parasitismo sem aptidão para o trabalho, representa um perigo
social e um fator a ser considerado pela Criminologia.
7 – MODELOS DE CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA
7.1 – CRIMINOLOGIA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Reparar o dano, ressocializar o delinquente e reprimir o crime são focos centrais do
conteúdo científico da Criminologia no cenário atual.
No estado democrático de direito, duas são as medidas a fim de prevenir o crime, são
elas:
1. Medidas indiretas: aquelas que atuam de maneira mediata sobre o crime, ao incidir em
relação às causas do delito. Ex. melhoria nas condições e na vida da população
2. Medidas diretas: aquelas que de forma imediata incidem sobre o próprio delito. Ex.
pena e regime prisional.
7.2 – CRIMINOLOGIA AMBIENTAL
O objetivo é identificar modos de gerenciar os atributos do espaço onde o crime
costumeiramente é praticado e criar técnicas para impedir que ele se alastre. Por esse
viés, percebe-se que o crime possui quatro condicionantes bem destacadas e que serão
exploradas de forma teórica, quais sejam, o direito (vontade ou não de cumprir o estatuído
em lei), os transgressores, os alvos e os lugares. As localizações, as características dos
lugares (becos sem saída e “favelas”) e os caminhos com bifurcações (esquinas de ruas
escuras e desvigiadas) que permitem o encontro de vítimas e criminosos estão nos
estudos da Criminologia Ambiental. No ponto em tela, os padrões de interação e as
atividades da vida cotidiana não são aleatórios. Pelo contrário, eles denotam que a rotina
diária merece a criação de teorias que auxiliem no combate e na prevenção do
surgimento do delito. Tendo em vista que a organização das atividades cotidianas é
previsível por pertencer ao tempo e ao espaço, as explicações dos padrões criminosos
podem ser identificadas, criando-se adequadamente os meios de impedir a vitimização de
pessoas nos mais variados espaços urbanos. Pelo que se descreveu acima, a
Criminologia Ambiental é uma espécie de mapeamento do crime, com vistas a auxiliar os
órgãos de segurança pública no enfrentamento da criminalidade.
7.2.1 – Classificação das teorias ambientais
Dentro do campo dos fatores condicionantes da criminalidade, surgem quatro teorias que
sistematizam a chamada Criminologia Ambiental, a saber teoria das atividades rotineiras,
teoria da escolha racional, teoria do padrão racional e teoria da oportunidade.
7.2.2 – Teorias das atividades rotineiras
Na teoria das atividades rotineiras, para que ocorra um crime, deve haver a existência de
um dos três elementos presentes em qualquer espaço urbano, consubstanciados no
provável agressor, alvo adequado e ausência de guardião. No que se refere ao primeiro
(agressor), ele pode ser um potencial delinquente quando possui uma das seguintes
características: patologia individual, maximização do lucro, subproduto de um sistema
social perverso ou deficiente, desorganização social e oportunidade
7.2.3 – Teoria da escolha racional
Por meio dela o criminoso sempre vai escolher cometer ou não o delito com base em
aspectos racionais, não tendo a emoção nenhuma influência na sua escolha. O criminoso
analisa a possibilidade ou não de beneficiar-se da prática criminosa, havendo uma
perspectiva meramente utilitarista. O delinquente é guiado pela relação risco/recompensa,
como se fosse um empresário do crime.
7.2.4 - Teoria do padrão racional
Por meio dessa abordagem, toma-se como base o padrão da criminalidade, levando-se
em consideração fatores como infratores, vítimas e lugares, havendo uma certa repetição
(padronização) entre eles. Importante ressaltar que também é analisado o tipo penal
praticado de forma reiterada, com o escopo de entender o porquê da escolha de aludida
infração penal. Como exemplo, cita-se o tráfico de drogas, que é reinante nas
comunidades carentes, motivado pela ausência de força estatal para o seu combate, bem
como pela inexistência de implementação de políticas públicas, o que estimula os
moradores de tais localidades a escolher o caminho do tráfico para conseguir ter o
mínimo existencial.
7.2.5 – Teoria da oportunidade
Por meio dela, investiga-se apenas o aspecto da interação do indivíduo com o ambiente
social. O criminoso irá observar o melhor momento para a realização do delito, valendo-se
da oportunidade existente num dado local ou horário para obter o ganho almejado. Deve
ser ressaltado que o elemento oportunidade pode ser diferente para cada tipo penal,
como exemplo num crime de furto de veículo automotor, em o que se visualiza é a
inexistência de algum guardião e se o local é de difícil acesso e pouco iluminado. Já para
o crime de estupro, o autor escolhe a vítima pela sua fragilidade corporal e também pela
local ermo onde será executado o delito, como terrenos baldios ou imóveis abandonados.
7.3 – CRIMINOLOGIA CULTURAL
Parte da premissa que a noção da cultura é fluída, e que a todo momento passa por
transformações. Propõe que o crime a sua repressão são processos culturais, com
significados e consequências inevitavelmente construídos a partir de uma interpretação
coletiva.
7.4 – CRIMINOLOGIA FEMINISTA
O feminismo pode ser compreendido como uma visão de mundo e também um fenômeno
como um movimento social. Abarca conjeturas e crenças sobre as origens e
consequências a organização social pautada no gênero, bem como fomenta ações e traça
estratégias para a mudança social. Desse modo, pode-se dizer que o feminismo é, ao
mesmo tempo, empírico e analítico Inicialmente, tinha por foco unicamente a condição
das mulheres. Contudo, com o seu amadurecimento, o feminismo tornou-se mais
inclusivo, e passou a levar em consideração outros aspectos da cultura dos
relacionamentos humanos.
7.5 – CRIMINOLOGIA QUEER
A expressão de origem inglesa queer chama a atenção por vários aspectos, entre eles, o
de significar algo perverso, anormal ou diferente. Contudo, a expressão também
representa uma busca pela releitura do fenômeno queer como algo diferente e que
precisa de mais proteção, até pelo fato de ser diferente e representar a minoria nos meios
sociais.
O pensamento criminológico deve sempre ser o mais aberto possível e atento a todas as
diversidades, não podendo centrar-se nos estudos estáticos de uma sociedade tida como
hegemônica e heterossexista, que gera a violenta forma de reação homofóbica, devendo
esse fenômeno ser evitado, sendo, inclusive, a Criminologia útil nesse sentido. O ser
queer é estar disposto a pensar na ambiguidade, nas diferenças, na fluidez das questões
sexuais, estimulando-se, outrossim, novas formas de cultura, afastando-se de
preconceitos equivocados de uma sociedade perfeita e pura.
7.6 – CRIMINOLOGIA E O CRIME ORGANIZADO
O surgimento da criminalidade organizada não só pode, como deve ser devidamente
estudado no contexto da Criminologia, pois se trata de uma associação diferencial.
Como se trata de uma criminalidade organizada e voltada para a prática de infrações
penais com o escopo de lucro, o seu método profissional de intimidação difusa é de
extrema gravidade e coloca em xeque a segurança pública, decorrendo disso a
necessidade de combater eficazmente esse tipo de associação. Atualmente, pode-se
dizer que é o tipo de criminalidade mais difícil de combater, pois está estruturalmente
voltada para a consecução de benefícios para os seus integrantes, a qualquer custo. Em
se tratando de criminalidade organizada, importante ressaltar a classificação que existe
entre dois grupos distintos, a depender da forma como praticam as suas condutas
delituosas e da sua interação social.
Ao chamarmos para a realidade brasileira essas duas classificações, podemos dizer que
ambas são contempladas com exemplos práticos: Comando Vermelho, Primeiro
Comando da Capital e Família do Norte consideradas de criminalidade organizada do tipo
mafiosa.
Noutro giro, a modalidade chamada de criminalidade organizada do tipo empresarial, ao
menos no Brasil dos dias de hoje, também pode ser facilmente identificável, como por
exemplo:
→ Nas associações de empreiteiros ou
→ Empresários que se reuniram para saquear os cofres públicos, por meio de corrupção
ativa, fraude em licitações, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas,
tudo isso identificado por meio da famosa operação “Lava-Jato”.
Em resumo, a melhor forma de frear esses dois tipos de criminalidade é por meio de
políticas públicas estatais, em que o Estado terá de prover as necessidades básicas de
todo ser humano, porque com isso estará dificultando sobremaneira que referidas
organizações criminosas façam a cooptação de pessoas querendo o ganho fácil que o
crime permite e que não estão sendo devidamente amparadas pelo corpo estatal.
8 - OUTROS TEMAS CONTEMPORÂNEOS
8.1 – BULLYING
Bullying é uma palavra de origem inglesa, e tem sido comumente utilizada para descrever
comportamentos agressivos de meninas e meninos no âmbito escolar. As agressões
físicas, assédios, ofensas verbais praticadas com frequência contra colegas sem
motivação específica, apenas no intuito de humilhar, intimidar, e maltratar caracterizam
essa espécie de violência que produz incomensuráveis sofrimentos as suas vítimas e
pode deixar sequelas gravíssimas por toda a existência.
8.1.1 – Legislação de combate à intimidação sistemática – Bullying
Em 2005 foi implementada a Lei no 13.185/2005. Instituindo o programa de Combate a
intimidação sistemática – Bullying. A lei definiu o Termo em inglês em intimidação
sistemática, conceituando-o como: todo ato de violência física ou psicológica, intencional
e repetitivo que ocorra sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, conta
uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor angústia
em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
8.1.2 – Classificação da Intimidação sistemática – Bullying
A intimidação do Bullying pode ser classificada, conforme as ações praticadas em:
→ Verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;
→ Moral: difamar, caluniar, disseminar rumores;
→ Sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
→ Social: ignorar, isolar e excluir;
→ Psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular,
chantagear e infernizar;
→ Físico: socar, chutar, bater;
→ Material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem;
→ Virtual ou Ciberbullying: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar
ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar
meios de constrangimento psicológico e social.
8.1.3 – Cyberbullying
Com advento da sociedade globalizada e o surgimento de novas formas de comunicação,
através dos meios eletrônicos, a pratica do bullying passou também a ocorrer no âmbito
virtual, com a transmissão ou publicação de mensagens de cunho intimidatório e vexatório
por e-mails, redes sociais, sites e blogs, ao que se denomina de Cyberbullying.
8.2 – ASSÉDIO MORAL
O Assédio moral, também conhecido como manipulação perversa ou terrorismo
psicológico, consiste no comportamento abusivo, reiterado e sistematizado, externalizado
por palavras, gestos, ações comissivas ou omissivas, que pode acarretar debilidade física
ou psíquica da vítima. (SUMARIVA, 2017, p. 195)
Evidentemente, essa prática pode ocorrer em vários ambientes, como por exemplo,
familiar, escolar, de trabalho (mobbing) etc.
8.2.1 – Mobbing
No âmbito das relações trabalhistas, tem-se o termo denominado mobbing, de origem
alemã, que designa o comportamento de continua e ostensiva perseguição perpetrado por
empregadores, gerentes, administradores, superiores hierárquicos ou companheiro de
trabalho, que possa lesionar a integridade física, psíquica e moral da vítima
8.3 – STALKING
O termo stalking, também é conhecido como perseguição persistente, teve origem nos
Estados Unidos e designa uma forma de violência na qual há a invasão reiterada da
esfera de privacidade da vítima, mediante emprego de táticas de perseguição e meios
diversos, tais como ligações telefônicas, envio de mensagens, publicação de fatos, boatos
em seus meios sociais ou em sites internet (cyberstalking), envio de presentes, espera de
sua passagem nos lugares que frequenta etc. resultando em danos à integridade
psicológica e emocional, restrição à sua liberdade de locomoção ou lesão a sua
reputação. Dessa forma, é considerado uma modalidade de assédio moral.
Vale lembrar que na legislação tais condutas são consideradas ilícitas, configurando
contravenção penal e perturbação da tranquilidade. Em tempo, também é válido destacar
que a Lei Maria da Penha, Lei no 11.340/2006 prevê expressamente a perseguição
contumaz como uma espécie de violência psicológica.