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SER-Jéssica Ramos Baptista
SER-Jéssica Ramos Baptista
Introdução
A presente pesquisa tem por objetivo analisar a relação entre gestão territorial e
intersetorialidade na proteção social especial de média complexidade, seus principais
desafios e perspectivas para o trabalho profissional das equipes nas unidades
descentralizadas nos territórios. Trata-se de um esforço para a compreensão da inter-
relação entre esses elementos que atravessam a gestão pública da Assistência Social em
um contexto neoliberal. Este trabalho retoma algumas produções, porém, totalmente
aberto a novos subsídios para o debate.
A outra CDS que foi observada foi o CREAS João Manoel Monteiro, situado em
Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Este CREAS é responsável por
atender uma área de abrangência composta pelos bairros de Guaratiba e Paciência.
Conforme imagem abaixo.
Departamento de Serviço Social
[...]. Esse pólo veio para cá por conta dos conflitos que tinham lá na
comunidade e não atendia...a população aqui desse território. [...] a
gente fez uma outra estratégia, né. A gente conseguiu... um espaço
dentro [...] do CRAS Helenice, após de nós ficávamos dentro de uma
clínica da família na... na pista, mas aí a clínica pediu para que a gente
saísse, que eles iam utilizar a sala. E a gente foi para dentro do CRAS
Helenice que a gente atende o território de Paciência... o técnico, tem
um técnico que fica, que faz plantão no CRAS Jacira que atende a
população do CRAS, mas lá pra Palmares, Manguariba (Pedagoga –
CREAS J.M.).
Esse prédio, [...] ele era uma unidade de atendimento da LBA, quando
a LBA existia. Depois ele passou a ser uma escola de ensino
fundamental, que durou a pouco tempo [...]. Depois [...] virou o que
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Para atender essa ampla área de abrangência a técnica do CREAS João Manuel
informa que é necessário se utilizar de estratégias para atender as demandas, muitas
delas advindas dos órgãos de garantias de direitos. Além das demandas assistenciais
eles atendem demandas dos usuários do CAPS 52 e CAPS 53. E para atender os
usuários da proteção social especial de média complexidade realizam atendimento no
CRAS Helenice Nunes em Paciência, unidade esta de proteção social básica, por
identificar que os usuários dessa área teriam dificuldades para acessar o CREAS em
Guaratiba.
Quando perguntada sobre se os técnicos do CREAS João Manoel conseguem
cobrir todos os bairros de abrangência a assistente social 2 responde que “Com muita
dificuldade. [...]. Porque é... [...] a área de abrangência ela é grande e nós temos uma
equipe que nem sempre da conta pela quantidade de trabalho que vem.” Assim, um dos
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fatores que dificulta cobrir todo o território de referencia também se encontra no grande
quantitativo de trabalho para a equipe dar conta.
Os profissionais do CREAS Maria Lina também apontam que precisam se
deslocar para outras partes do território para melhor atender aos usuários que possuem
dificuldades de acessar este CREAS.
Claro! (Risos) que não. Se há uma demanda na Glória nós vamos até
lá, se a demanda for no Vidigal nós vamos até lá, se ela for na
Rocinha, na Gávea... [...]. As demandas são organizadas pelo
território, por especificidade dessa demanda, por vulnerabilidade, por
emergencial, se pode esperar mais um pouco... (Assistente Social –
CREAS M.L.).
Apesar dos esforços da equipe técnica, para atendimento das demandas nas
localidades afins são considerados os casos de emergência, todavia, os que não são
considerados tão “graves” ficam em espera, o que é muito complexo, pois ambos os
casos por estarem sendo atendidos por esta unidade de proteção social significa que já
se encontram em situação de risco. Assim, torna-se extremamente arriscado caracterizar
o que é emergência do que “não é emergência.
Assim podemos afirmar que apesar de todos os esforços das equipes dessas duas
unidades de referências essas áreas de abrangência são cobertas parcialmente e não
integralmente. A proteção integral dos sujeitos de direitos fica comprometida. É
importante ressaltar que essa proteção integral não será realizada somente pelos
profissionais dos CREAS e sim com a participação do Nível Central e uma rede de
serviço integrada.
[...] a gente tem hoje uma no nível central muito qualificado, [...] a
gente tem diálogos com esse nível central, né, numa perspectiva eles
ouvem a ponta, eles consultam[...]. Então, outro ponto [...] é que [...]
agente tem uma rede porque, veja bem, a média ela precisa se
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[...] quando é, o nível central [...] quando eles articulam com as outras
políticas, né, é serviços, né é... [...]. Quando eles fazem parceria, [...],
isso vai ecoar aqui na ponta. [....] E eles facilitam o trabalho de quem
tá na, na ponta. [...] Então quando eles se articulam com essas
políticas intersetoriais a nível Central, [...] eles estão sendo
facilitadores (Assistente Social 2 – CREAS J.M.).
Para a outra profissional do CREAS Maria Lina têm ocorrido algumas reuniões
com o Nível Central.
[...] a gente tem tido algumas reuniões com o nível central... [...]. Esse
CREAS que tem a mesma gestão há mais de 7 anos, [...] esse é o
CREAS que menos teve rotatividade na gestão e de técnicos também.
[...] então isso para mim é um ponto facilitador na execução dos
serviços. [...]. [...] às vezes misturavam proteção especial e básica,
enfim e os níveis de média e alta complexidade isso era um facilitador
porque era ali que a gente podia afinar, alinhar um pouco a forma de
execução. Depois a gente passa um longo período, só executando as
decisões, cada um adaptando para sua realidade [...] (Assistente Social
– CREAS M.L.).
Para a mesma, a proteção especial busca superar as violações e para isso trabalha
acionando a rede. Conforme Junqueira (1998) a intersetorialidade
[...]. O que a gente tem que pontuar é que o CREAS não vai ser
substituto da ação de um juiz ou de um promotor e nem da família.
Mas a relação de serviço do CREAS com a rede socioassistencial e
intersetorial, ela, eu avalio não como ruim, tá, porém, com a
segurança, com as delegacias, eu já acho um pouco mais, [...]. [...].
Então a relação com o serviço é boa, existe limitações sim, que tem
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Essa profissional avalia como boa a relação entre o CREAS com a rede
assistencial e intersetorial, todavia, a relação com a segurança pública ela já considera
como mais complicada. A intersetorialidade pode ser considerada como um processo
político, logo, conflituoso. Isso se dar por essa envolver jogo de interesses. Muita das
vezes ocorre à manutenção de individualidade institucional ao manterem status
intelectuais, corporações, linguagem incompreensível, entre outros. Intersetorializar as
políticas sociais não é tarefa simples, contudo, tornasse possível quando as instituições
estão dispostas a se articularem em prol do interesse público compreendendo a
necessidade desse processo (PEREIRA, 2014, p.37). Conforme a entrevistada, existem
questões que precisão estar sempre sendo colocadas em pauta, ou seja, discutidas e
informa que essa relação pode incidir de forma positiva e negativa no atendimento do
público- alvo.
Para a assistente social 3 quando se tem uma rede forte e unida a qualidade no
atendimento é melhor. Já ao contrário, quando os profissionais da ponta têm que buscar
os parceiros o atendimento se torna mais demorado.
[...]. Quando você tem uma rede forte, atuante e unida você tem uma
qualidade melhor no atendimento do usuário. Quando você tem uma
rede muito frágil, que você tem que buscar o parceiro um a um, o
atendimento ele é mais demorado [...] (Assistente Social 3 – CREAS
J. M.).
Olha eu acho que a gente... a gente... pede mais do que a gente do que
a gente dá (risos). Até por conta di... questão mermo di... de estrutura
mesmo. [...]. Mas a gente sempre qui... eles solicitam é... a gente se
disponibiliza. Mas assim, a gente busca mais, né. [...] (Pedagoga –
CREAS J.M.).
Metodologia
Esta pesquisa tem caráter qualitativo, pois
objetivo de realizar a análise dos dados. Para análise do material, foi utilizada a técnica
de análise de conteúdo qualitativa. A partir de uma aproximação com todo o material
coletado e leituras preliminares, as respostas foram separadas e trechos foram recortados
e resumidos em uma tabela, de acordo com as categorias elaboradas, para então serem
analisados e interpretados à luz da teoria. Estamos na fase de análise dos dados e
fechamento do relatório final.
Considerações finais
Referências