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UNIVERSIDADE FUMEC

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA – FEA

Mestrado em Processos Construtivos

Diêgo Coelho de Queiroz

- ENSAIOS DE CARGA: DINÂMICO E ESTÁTICO (PROVAS DE CARGA)

- ENSAIOS DE INTEGRIDADE DE ESTACAS (PIT)

Professor: Me. Sérgio Maurício Pimenta Velloso Filho

Belo Horizonte
Outubro/2018
Diêgo Coelho de Queiroz

- ENSAIOS DE CARGA: DINÂMICO E ESTÁTICO (PROVAS DE CARGA)

- ENSAIOS DE INTEGRIDADE DE ESTACAS (PIT)

Trabalho apresentado à Faculdade de


Engenharia e Arquitetura da Universidade
Fumec, como requisito parcial para a conclusão
do Mestrado em Processos Construtivos.

Professor: Me. Sérgio Maurício Pimenta


Velloso Filho

Belo Horizonte
Outubro/2018
RESUMO - ENSAIOS DE CARGA: DINÂMICO E ESTÁTICO (PROVAS DE
CARGA)

O presente trabalho é um requisito parcial para a conclusão do Mestrado em Processos


Construtivos da Universidade Fumec e apresenta de acordo com a norma ABNT NBR
6122:2010, as fundações devem ser capazes de suportar cargas da superestrutura e
transmitir esses carregamentos para o solo. Para verificar a capacidade de carga, pode-
se realizar provas de carga estática (ABNT NBR 12131:2006) ou provas de carga
dinâmica (ABNT NBR 13208:2007). As Provas de Carga são atividades extremamente
importantes, pois servem para medir as características e resistências das fundações e da
estrutura de uma obra, bem como para avaliar se as mesmas estão adequadas ao
projeto. A realização de Provas de Carga significa mais segurança para a obra, evitando
riscos e prejuízos indesejáveis.

Palavras - chave: Ensaio de Carga, Dinâmico, Estático

RESUMO - - ENSAIOS DE INTEGRIDADE DE ESTACAS (PIT)

O presente trabalho é um requisito parcial para a conclusão do Mestrado em Processos


Construtivos da Universidade Fumec e apresenta o PIT que é um ensaio que visa
principalmente determinar a variação ao longo da profundidade das características do
concreto de estacas de fundação. A forma usual do ensaio consiste na colocação de um
acelerômetro de alta sensibilidade no topo da estaca sob teste, e na aplicação de golpes
com um martelo de mão. O acelerômetro é fixado por meio de um material viscoso,
geralmente cera de petróleo. Os golpes geram uma onda de tensão, que trafega ao longo
da estaca, e sofre reflexões ao encontrar qualquer variação nas características do
material (área de seção, peso específico ou módulo de elasticidade). Essas reflexões
causam variações na aceleração medida pelo sensor. É feito um registro da evolução
dessa aceleração com o tempo (na realidade é mais usual converter-se a aceleração para
velocidade, mediante integração do sinal). Como a onda trafega com uma velocidade
fixa, conhecendo-se a velocidade de propagação da onda e o tempo transcorrido entre a
aplicação do golpe e a chegada da reflexão correspondente à variação de características
pode-se determinar a exata localização dessa variação. É usual a aplicação de vários
golpes sequenciais, para que o equipamento PIT tire a média dos sinais correspondentes.
Isso permite a "filtragem" de interferências randômicas, sobressaindo no sinal apenas
as variações causadas pelas reflexões da onda.

Palavras - chave: Ensaio de Integridade, PIT, Estaca.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9
1.1. PROVA DE CARGA ESTÁTICA.................................................................................................................9
1.2. ENSAIO DE CARREGAMENTO DINÂMICO............................................................................................10
1.3. ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACA (PIT).........................................................................................11
2. ENSAIOS (DINÂMICO E ESTÁTICO).................................................................................................... 14
3. ENSAIO DINÂMICO.......................................................................................................................... 16
3.1. MATERIAL ULTILIZADO........................................................................................................................16
3.2. METODOLOGIA DO ENSAIO................................................................................................................18
3.3. RESULTADOS.......................................................................................................................................19
4. ENSAIO ESTÁTICO............................................................................................................................ 21
4.1. MATERIAL ULTILIZADO........................................................................................................................21
4.2. METODOLOGIA DO ENSAIO................................................................................................................22
4.3. RESULTADOS.......................................................................................................................................24
5. ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACA............................................................................................... 25
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................ 30
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1. INTRODUÇÃO
1.1. PROVA DE CARGA ESTÁTICA

A Prova de Carga Estática é a técnica mais tradicional de ensaio para a


determinação da capacidade de carga de estacas. Este ensaio consiste na
aplicação de esforços estáticoscrescentes à estaca e no registro das cargas
aplicadas e dos deslocamentos correspondentes.
Na Prova de Carga Estática, o carregamento da estaca é feito por um ou mais
macacos hidráulicos, empregando-se um sistema de reação estável. Para tanto, é
comum o uso de vigas metálicas e ancoragens embutidas no terreno.
É importante que a montagem desta estrutura assegure a aplicação da carga na
direção e sentido desejados. O tempo de ensaio varia principalmente devido ao
critério de descarregamento, podendo ser lento, misto ou rápido.
Monitoram-se durante o ensaio de carregamento, as medições de deslocamento
da estaca ao longo do tempo devido ao acréscimo de carga aplicada nos
diferentes estágios.
Atualmente para este monitoramento são utilizados dois tipos de sensores:
 Células de carga ou sensores de força: estes sensores medem a carga
exercida pelo macaco hidráulico e são instalados entre o macaco hidráulico
e a estaca. Pode ser usado um ou mais sensores, dependendo do
carregamento máximo desejado.
 Sensores de deslocamento: estes sensores medem o deslocamento durante
a aplicação da carga. São simetricamente posicionados em quatro pontos
do bloco notopo da estaca e são fixados entre este bloco e as vigas de
referência.
Estes sensores têm substituido, respectivamente, os antigos manômetros e
relógios comparadores, devido ao indiscutível aumento de precisão, bem como da
possibilidade de visualização em tempo real e do armazenamento dos dados de
medição, quando utilizados em conjunto com um sistema de medição.
A análise dos dados obtidos em campo traz informações importantes, tais como:
 Capacidade de carga da estaca;
 Curva carga versus deslocamento;
 Resistência de ponta e atrito lateral;
 Recalque associado à carga de trabalho;
 Coeficiente de segurança do estaqueamento.
Os procedimentos de preparação, início e execução do ensaio, bem como os
dispositivos de aplicação de carga e de medição são regidos pela NBR
12131:2006.
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1.2. ENSAIO DE CARREGAMENTO DINÂMICO

A Prova de Carga Dinâmica, também conhecida por Ensaio de Carregamento


Dinâmico(ECD), consiste na aplicação de um carregamento no topo da estaca
através de um martelo ou dispositivo similar, para determinar especificamente a
capacidade de carga. Este difere das tradicionais provas de carga estáticas pelo
fato do carregamento ser aplicado dinamicamente, através de golpes de um
sistema de percussão adequado.
A medição é feita através da instalação de sensores no fuste da estaca, em uma
seção situada, pelo menos, duas vezes o diâmetro abaixo do topo da mesma.
Estes sensores são conectados a um sistema de condicionamento e aquisição de
dados, também conhecido como PDA (Pile Driving Analyzer), onde, além
da visualização em tempo real das medições, é feito o armazenamento dos
dados das medições.
São usados dois tipos de sensores:
 Sensor de deformação: este sensor gera uma tensão proporcional
à deformação sofrida pelo material da estaca durante o golpe. Para a
obtenção da evolução da força em relação ao tempo, o sinal destes
sensores é multiplicado pelo módulo de elasticidade do material da estaca e
pela área da seção na região dos sensores. Por isso, esses sensores
também são chamados de sensores de força.
 Acelerômetro: este sensor gera uma tensão proporcional à aceleração das
partículas da estaca. O sinal de cada um dos acelerômetros é integrado para
a obtenção da evolução da velocidade de deslocamento da partícula com o
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tempo. Por isso, esses sensores também são chamados de sensores de


velocidade.
As principais informações obtidas através do processamento dos dados coletados
pelo sistema de medição são:
 Carga mobilizada na interface solo-estaca;
 Integridade estrutural;
 Tensões dinâmicas máximas compressivas e de tração;
 Deslocamento máximo (DMX);
 Máxima energia transferida (EMX).
Por meio dessa prática, é possível estimar a capacidade de carga e a integridade
da estaca, o que, além de evitar problemas futuros, pode gerar a otimização do
custo geral da obra.
Esse tipo de ensaio pode ser utilizado em quase todo o tipo de estaca. A norma
ABNT NBR 6122:2010 exige Prova de Carga Dinâmica para a determinação da real
carga de ruptura de estacas.

1.3. ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACA (PIT)


O uso mais comum do ensaio PIT é o de detectar falhas na concretagem de
estacas de concreto moldadas "in loco". No entanto, o ensaio pode também ser
usado para determinar ou confirmar o comprimento de estacas de concreto.  Ver
adiante considerações sobre a precisão dessas medidas. 
Quando uma estaca é atingida pelo impacto de um martelo, uma onda de tensão é
gerada. Esta onda se propaga ao longo do fuste com uma velocidade que é função
exclusivamente das características do material da estaca. A velocidade de
propagação c é dada por:
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onde E é o módulo de elasticidade, g é a aceleração da gravidade


e    
 é a densidade do material da estaca.
 

Para o concreto, a velocidade de onda varia conforme suas características, mas os


valores usuais de velocidade de propagação de onda para pequenas deformações
(como é o caso do PIT) estão entre 3700 m/s e 4300 m/s, podendo-se dizer que
4000 m/s é um valor médio. 

À medida que se propaga, a onda sofre reflexões em seu trajeto. Essas reflexões
podem ser provocadas por variações nas características do material da estaca,
pela presença de atrito lateral ou resistência de ponta, ou pela própria ponta da
estaca. Define-se como "impedância" da estaca ao termo: 

   onde Z é a impedância, e A é a área de seção da estaca. 

Qualquer variação de impedância ao longo da estaca provoca reflexões da onda.


Estas reflexões, ao atingirem o ponto onde está instalado o sensor, provocam uma
variação brusca na velocidade de deslocamento da partícula neste ponto. Um
aumento de impedância causa uma queda na velocidade, e uma diminuição de
impedância causa seu aumento. O final da estaca se comporta como uma grande
diminuição de impedância, portanto pode ser visto como um aumento de
velocidade.
Para que o ensaio PIT possa ser realizado, é necessário que a estaca tenha uma
área de seção que permita a colocação do sensor, a aplicação dos golpes e a
propagação da onda. Isso dificulta a aplicação deste método em estacas
metálicas. Nesse tipo de estaca, mesmo que se consiga posicionar os sensores e
aplicar os golpes, a pequena área de seção em relação ao comprimento implica
numa rápida dissipação da onda, tornando-se difícil detectar-se a reflexão da
ponta. No caso de estacas pré-moldadas de concreto, essas considerações muitas
vezes também se aplicam. Além disso, esse tipo de estaca costuma ter emendas.
Se o contato de dois elementos emendados for absolutamente perfeito, a onda
será capaz de passar pela emenda sem sofrer qualquer reflexão. No entanto, um
contato perfeito na prática é impossível. Quanto maior o percentual de superfície
em contato, menor a reflexão, e melhor deverá funcionar o ensaio. Em certos
casos, porém, principalmente se a emenda estiver numa região de forte atrito, a
parcela da onda que passa pela emenda poderá ser pequena demais para que o
equipamento seja capaz de detectar suas reflexões. Nestes casos, a estaca
parecerá interrompida na emenda, quando na realidade isso não ocorre. Outra
dificuldade está em estacas que apresentam várias variações de impedância ao
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longo do fuste. É o caso por exemplo de estacas tipo raiz. As reflexões


secundárias provocadas pela primeira grande variação de área de seção que a
onda encontrar podem tornar muito difícil o diagnóstico da estaca abaixo desse
ponto.
Em resumo, o ensaio PIT é ideal para estacas moldadas "in loco" em geral,
excetuando-se estacas raiz. Como regra geral, o ensaio tem funcionamento ótimo
se a relação entre o comprimento e o diâmetro da estaca não for muito superior a
30. Se a estaca for vazada, deve-se tomar como diâmetro o de uma seção com
área equivalente. Para o comprimento, pode-se deduzir trechos em água ou que
atravessem regiões de solo sem atrito lateral. Isso não significa que o ensaio não
possa ser feito em estacas que não atendam a esses critérios. Entretanto, nesses
casos o diagnóstico poderá se limitar a um certo comprimento de estaca, ou terá
que ser aceita a possibilidade do resultado não vir a ser conclusivo.
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2. ENSAIOS (DINÂMICO E ESTÁTICO)

Acelerômetros e medidores de deformação foram instalados em uma haste AW


que era colocada logo acima do amostrador padrão. O ensaio SPT foi executado
até a profundidade desejada, sempre fazendo a leitura dos sinais dos sensores
através de um aquisitor de dados. O aquisitor de dados utilizou estes sinais para
calcular os valores da energia cinética TA para cada golpe do martelo. Com este
valor, através da equação abaixo, foi possível calcular a eficiência η* do ensaio
para o último golpe antes da realização da prova de carga estática sobre o
amostrador padrão.

Mediu-se então qual foi a penetração do amostrador para este último golpe.
Montados o macaco hidráulico, os relógios comparadores e a célula de carga, a
prova de carga estática foi executada sobre o conjunto cabeça-de-bater-hastes-
amostrador. Com a curva obtida na prova de carga estática, o trabalho Wp,s foi
obtido calculando-se a área sob a curva, para a mesma penetração do último
golpe dinâmico do SPT. Com este valor, através da equação abaixo, foi possível se
calcular a eficiência. As eficiências obtidas através do SPT Analyzer e da prova de
carga estática foram então comparadas. Os ensaios deste trabalho foram
divididos em 5 campanhas de sondagem, cada uma com seus respectivos ensaios
realizados.
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Nas três primeiras campanhas, aproveitaram-se sondagens de obras que estavam


sendo executadas para serem feitos os ensaios. Os furos de sondagem da
primeira campanha (Porto Ferreira) fazem parte da obra de uma cerâmica que
estava sendo instalada na cidade de Porto Ferreira-SP, terreno
predominantemente de areia fina pouco argilosa, de fofa a medianamente
compacta, até uma profundidade de mais ou menos 10 m. Depois entrando em
uma camada de areia siltosa de medianamente compacta a compacta até o final do
furo de
sondagem. O nível da água não foi encontrado. Na campanha “Araras 2”, foram
feitos 6 furos de sondagem para a instalação de um ginásio poliesportivo para um
clube da cidade de Araras-SP. Terreno predominantemente de areia pouco
argilosa, de fofa a pouco compacta, até 7 m. Depois, entrando em uma camada de
areia siltosa, de pouco compacta a compacta de mais ou menos 6 m de espessura.
A partir daí, uma camada de silte argiloso duro que se estende até o final do furo
de sondagem. O nível do lençol freático se apresenta na interface das duas
primeiras camadas. A terceira campanha (Araras 2) faz parte da instalação de uma
loja de departamentos no centro na cidade de Araras. Cinco furos de sondagem
foram feitos para a obra mas não foi possível executar nenhum ensaio estático
sobre o amostrador SPT pois, antes de se atingir a resistência desejada para ser
executada a primeira prova de carga estática, as sondagens encontravam o nível
do lençol freático. Para não comprometer a integridade da aparelhagem, nenhum
ensaio foi executado abaixo do nível da água.Terreno predominantemente de areia
fina pouco argilosa, de fofa a pouco compacta, até 8 m de profundidade. Depois, já
abaixo do nível do lençol freático, uma camada de areia fina siltosa, de pouco
compacta a compacta que se estende até a cota - 14,0 m da boca do furo. A partir
daí, uma camada de silte pouco argiloso duro até o final do furo de sondagem. Da
quarta e da quinta campanhas (Araras 3 e Araras 4) fazem parte furos de
sondagem feitos especialmente para este trabalho, não se estendendo até o nível
do lençol freático. Ensaios executados em um bairro afastado do centro da cidade
de
Araras, de terreno predominantemente de areia siltosa, de fofa a pouco compacta,
até a profundidade de 8 m. Depois se inicia uma camada de silte arenoso de pouco
compacto a compacto que se estende até o final dos furos de sondagem.
Todos os furos de sondagem SPT foram executados pela mesma empresa de
geotecnia, com sede na cidade de Araras, obedecendo à risca a norma brasileira
vigente.
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3. ENSAIO DINÂMICO

Para a obtenção da energia cinética TA que chegava no amostrador padrão, foram


instalados acelerômetros e medidores de deformação na haste imediatamente
acima do amostrador. A aquisição dos dados destes instrumentos foi feita através
de um SPT Analyzer que mostra em seu visor de cristal líquido, em tempo real, o
valor de TA para cada golpe do martelo.

3.1. MATERIAL ULTILIZADO


Haste Instrumentada: Haste AW, de 60 cm de comprimento, instrumentada pela
PDI (Pile Dynamic Corporation) nos Estados Unidos com dois medidores de
deformação e dois acelerômetros. O sistema de hastes AW foi escolhido, pois este
é o sistema utilizado pelo equipamento automático de sondagem. É importante
frisar que não importa o tipo de haste utilizada no ensaio, desde que este meça a
energia cinética TA com certa acurácia. Constantes foram aferidas pela PDI (Pile
Dynamic Corporation) para que a haste pudesse ser utilizada pelo aquisitor de
dados.

Acelerômetros: Dois acelerômetros piezelétricos colocados na haste em posições


diretamente opostas . Protegidos por uma cobertura de alumínio, suportam
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acelerações de até 5000g. Todos os acelerômetros foram calibrados pela PDI e


receberam constantes de calibração que devem ser inseridas no aquisitor de
dados antes do início dos ensaios.

Medidores de Deformação: Dois medidores de deformação também colocados em


lados opostos da haste . Assim como os acelerômetros, os medidores de
deformação foram calibrados pela PDI e receberam constantes de calibração.

Aquisitor de Dados: SPT Analyzer adquirido junto à PDI pela Fundação José
Bonifácio (FUJB) ligada a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) . Este
mesmo aparelho foi utilizado por CAVALCANTE (2002) para o estudo da energia
em ensaios SPT com tripés. Seu visor de cristal líquido apresenta, em tempo real,
os gráficos de velocidade x tempo, força x tempo e o valor da energia cinética TA
na seção instrumentada.
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O aquisitor de dados é alimentado por uma bateria de 12V, que pode ser
recarregada em tomada de 110-220V. Memória: Cartão PCMCIA de 40 MB com
capacidade de armazenar até 1024 registros. Com o software PDA-W (Pile Driving
Analyzer) foi possível se retirar os dados registrados no cartão e passá-los para
uma planilha de dados para serem tratados. Equipamento de Sondagem:
Caminhão de sondagem de simples reconhecimento. As dimensões das hastes e
do amostrador com que o equipamento trabalha são do sistema AW, mesmo
sistema da haste instrumentada. Um caminhão de sondagem foi utilizado no lugar
do tripé para que seu peso próprio servisse de reação para a prova de carga
estática. O sistema é equipado com um martelo automático que permite uma
repetição de golpes rápida e altura de queda precisa. O equipamento de sondagem
também é equipado com contador automático de golpes, o que evita erros
grosseiros quanto à determinação dos valores de NSPT.

3.2. METODOLOGIA DO ENSAIO


Os ensaios SPT foram executados de acordo com a norma brasileira NBR 6484:
Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT – que é a norma vigente
que padroniza a execução deste ensaio no Brasil. Nenhuma aquisição eletrônica
de dados foi feita abaixo do nível do lençol freático, evitando-se assim quaisquer
danos aos aparelhos instalados na haste instrumentada.
A cada coleta de amostras o conjunto de hastes era cuidadosamente retirado para
que os conectores rápidos e os acelerômetros não sofressem danos ao rasparem
na parede do pré-furo.
Cuidados adicionais eram tomados como:
 Proteção do SPT Analyzer em caso de sol muito forte ou tempo úmido;
 Limpeza de todos os cabos e conectores rápidos após cada dia de ensaios;
 Acomodação apropriada dos acelerômetros em caixas forradas com papel
bolha;
 Teste dos acelerômetros antes de cada ensaio (procedimento demonstrado por
técnico representante da PDI no Rio de Janeiro);
 Verificação das constantes dos acelerômetros e dos medidores de deformação
com seus respectivos números de série.

Cuidados referentes ao ensaio SPT também eram tomados pela empresa que
executou os ensaios, tais como:
 Verticalidade (prumo) da torre do caminhão de sondagem a cada segmento de 1
m do ensaio;
 Integridade das roscas AW dos segmentos de haste ;
 Integridade do amostrador padrão ;
 Caracterização táctil-visual das amostras tanto no campo como posteriormente
em laboratório por técnicos especializados.
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3.3. RESULTADOS
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4. ENSAIO ESTÁTICO
Para a obtenção da eficiência do último golpe do ensaio SPT através de um ensaio
estático, executou-se uma prova de carga estática sobre o conjunto cabeça-
debater-hastes-amostrador e, obtida a curva carga-recalque, calculou-se a área
sob esta curva para o mesmo deslocamento obtido no golpe dinâmico do SPT.
Com a área representando o trabalho gerado pelas forças resistentes não
conservativas mobilizadas ao longo do amostrador durante sua penetração
(Wp,s), através da equação abaixo obtivesse esta eficiência ( ns).

4.1. MATERIAL ULTILIZADO


Célula de Carga: Célula de carga com visor de cristal liquido, com sensibilidade de
0,1 kN e capacidade máxima de 100 kN. Fabricada pela empresa italiana Pagani
Geotechnical, é a mesma célula de carga utilizada no ensaio do Cone de
Begemann. Sua vantagem é que ela já vem adaptada para o encaixe das hastes do
cone de Begemann. Confeccionando uma simples peça adaptadora, ela pôde ser
utilizada com as hastes AW.

Macaco Hidráulico: Macaco hidráulico para a aplicação estática da carga sobre o


sistema amostrador-solo acionado por bomba manual.
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Rótula: Esfera metálica entre dois pequenos discos metálicos que evita a
excentricidade da carga aplicada sobre o conjunto cabeça-de-bater-hastes-
amostrador. Além de tornar o ensaio impreciso, a não utilização da rótula é
perigosa uma vez que acomodações bruscas das peças podem acontecer quando
a carga aplicada atingir níveis elevados.

Relógios Comparadores: Dois relógios comparadores encaixados no conjunto de


hastes, em posições contrárias, através de bases magnéticas especiais. A
utilização de dois relógios evita que algum movimento de rotação do conjunto de
hastes prejudique a leitura de deslocamento do conjunto.

Placas de Acrílico: Placas de dimensão 10x10 cm colocadas sob as pontas dos


relógios comparadores.

4.2. METODOLOGIA DO ENSAIO


Antes de se iniciar a prova de carga estática sobre o amostrador SPT, calculou-se
a resistência mobilizada aproximada Rs, . O módulo de Wp é praticamente igual ao
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módulo de Wp,s, utilizou-se a eficiência n* medida pelo SPT Analyzer para último
golpe da penetração de 30 cm do amostrador.

Para se obter um resultado mais preciso de Rs, não foi utilizado o valor de NSPT
calculado para os últimos 30 cm penetrados dinamicamente pelo amostrador.
Utilizouse um valor de NSPT equivalente à penetração do último golpe do martelo
(pp).

Após a montagem do equipamento para a execução da prova de carga


estática, como mostrado na figura abaixo, uma carga inicial de mais ou menos
40 N foi aplicada para que o conjunto se firmasse entre as hastes e a reação. A
utilização do caminhão como reação para a prova de carga estática foi uma
solução econômica encontrada para a realização dos ensaios. No entanto,
qualquer sistema de reação pode ser utilizado.

Estágios de incremento de carga variados foram aplicados até se atingir 2/3 de


Rs. A partir desta carga, todos os estágios tiveram incrementos de 100 N, que
é a sensibilidade da célula de carga utilizada. Em cada estágio, leituras de
deslocamento foram feitas a cada minuto, até que a diferença entre duas
leituras consecutivas fosse menor que 0,5 mm, passando então para o
próximo estágio. Devido às características muito peculiares da prova de carga
estática executada sobre o amostrador, nenhuma norma de prova de carga
estática foi seguida. Chegou-se ao valor de 0,5 mm para se considerar o
estágio de carga como estabilizado através de experimentação. Valores
menores tornariam a prova de carga muito lenta, enquanto valores maiores a
tornariam pouco acurada.
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Para que o valor de Wp,s pudesse ser calculado através da curva carga-
recalque da prova de carga estática, os ensaios foram levados até, pelo
menos, uma penetração estática total do amostrador igual à penetração
dinâmica conseguida através do último golpe do martelo para a penetração
dos 30 cm.
Após alcançar o deslocamento mínimo desejado, foi executada a descarga do
sistema para se calcular a energia potencial elástica Ves,s . A simplicidade da
bomba de óleo que alimentava o macaco hidráulico não permitia uma descarga
lenta e constante do sistema, mas era acurada o suficiente para se alcançar
resultados satisfatórios.

4.3. RESULTADOS
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5. ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACA


O ensaio de integridade P.I.T., consiste na aplicação de golpes de martelo
instrumental sobre a estrutura, gerando ondas acústica longitudinais de baixo
nível de vibração. Essas ondas de compressão propagam-se pelo fuste,
sofrendo reflexão na ponta, e retornando novamente ao topo da estaca. Os
sinais de vibração da onda são captados por um acelerômetro instalado no
topo da estaca e, conseguinte convertidos em sinais elétricos. Este sinal
amplificado, é enviado a um centro de condicionamento e tratamento e em
seguida a um microcomputador, que através de um software permite visualizar
analiticamente e graficamente os resultados dos ensaios efetuados. É usual a
aplicação de vários golpes sequenciais, para que o equipamento faça uma
média dos sinais correspondentes, proporcionando maior precisão nos dados.

Para verificar irregularidades na estaca, basta analisar os sinais de vibração da


onda. A onda de tensão trafega ao longo da estaca, e ao encontrar qualquer
variação na característica do material, sejam fissuras, falhas de concretagem,
rupturas, área de seção, peso específico ou módulo de elasticidade, sofrem
reflexão antes de chegar ao termino da estaca. Esta reflexão causa variação na
aceleração medida pelo sensor. Posteriormente é feito um registro dessa
aceleração com o tempo. Como a onda propaga-se com uma velocidade
contínua, conhecendo-se a velocidade de tráfego da onda e o tempo
transcorrido entre a aplicação do golpe e a chegada da reflexão, pode-se
determinar a localização dessa variação.

As características do material da estaca, definem, entre outros elementos, a


velocidade de propagação das ondas, que, é diretamente proporcional aos
parâmetros elásticos e inversamente proporcional à densidade do material. Os
parâmetros elásticos fornecem as forças restauradoras das regiões
deslocadas e a densidade fornece a inércia do sistema. Assim sendo, a
velocidade de propagação c é demonstrada por:
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Onde:
c = Velocidade de propagação da onda (m/s)
E = Módulo de elasticidade (Pascal)
g = Aceleração da gravidade(m/s)
Y = Densidade do material da estaca
Para o concreto, a velocidade da onda varia entre 3.700 m/s e 4.300 m/s, onde
4.000 m/s é considerado um valor médio.

O tempo transcorrido entra a aplicação do golpe e a chegada da reflexão é


expresso pela equação:
Onde:
t = Tempo de propagação da onda(s)
l = Distância do topo da estaca até a ponta, ou, comprimento da estaca (m)
c = Velocidade de propagação da onda (m/s)

Caso exista algum defeito entre a cabeça e o pé da estaca, ocorrerá uma


reflexão antes da reflexão correspondente ao final da estaca. Para saber
exatamente onde encontra-se a anomalia, utiliza-se a seguinte equação:
Onde:
l’= Distância da anomalia encontrada na estaca até o topo da mesma (m)
c = Velocidade de propagação da onda (m/s)
t = Tempo de propagação da onda (t)

O preparo da estaca, pode ser considerado o procedimento mais importante


para a qualidade do ensaio P.I.T. Primeiramente, deve-se eliminar todo o
concreto de má qualidade em seu topo e, em seguida, alisar a superfície com
uma lixadeira, até que a superfície fique lisa e seca. Com isso, a superfície
estará acessível para receber o acelerômetro e o martelo.
O P.I.T. pode ser inconclusivo em alguns casos. Para fornecer dados
satisfatórios, é necessário conhecer o comprimento da estaca ensaiada com
exatidão. Através do comprimento, pode-se determinar a velocidade de
propagação da onda no interior estaca, tornando, os resultados satisfatórios,
com ótima precisão. Caso se desconheça o comprimento, utiliza-se uma
velocidade média para todas as estacas da obra, o que diminui a precisão.
Algumas limitações importantes devem ser consideradas. À medida que a
onda se propaga ao longo da estaca, a energia e intensidade de sinal pode
diminuir. Isto significa que, para estacas muito longas (relação profundidade
versus diâmetro maior que 30), a ponta da estaca e anomalias que ocorrem em
uma grande profundidade, podem não ser detectadas. Isto justifica a indicação
do ensaio de integridade somente para estacas rasas. O conteúdo da figura 03,
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ilustra este conceito. A estaca (A) tem um reflexo fraco de sua ponta, devido ao
fato de ser muito longa. A estaca (B), possui uma forte reflexão de sua ponta,
que é facilmente detectada. A estaca (C), ilustra uma fundação de grande
profundidade, mas possui um defeito em uma profundidade rasa, que é
detectada.
28
29

Segundo Norma Americana ASTM D-5882:


O teste de integridade pode não identificar todas as imperfeições, mas pode
ser uma ferramenta útil para identificar grandes defeitos dentro do
comprimento efetivo. Também, o teste pode identificar pequenas variações
de impedância que talvez não afetam a capacidade de carga da estaca. Para
estacas que têm pequenas variações de impedância, o engenheiro deve usar
seu julgamento quanto à aceitabilidade das mesmas, considerando outros
fatores como redistribuição de carga para estacas adjacentes, transferência
de carga ao solo acima do defeito, fatores de segurança aplicados e
requisitos de carga estrutural [...] (ASTM D-5882, 2000).

Macroscopicamente, após a concretagem, atualmente é impossível saber


quais as condições que se encontram no interior da estrutura. O ensaio de
integridade P.I.T. pode ser usado em fundações profundas para avaliar,
qualitativamente, as estacas em relação a possíveis problemas de execução.
Este ensaio destaca-se pela sua fácil execução, aliada a um baixo custo. No
entanto, deve-se atentar as suas limitações, pois as ondas de frequência só
poderão ser interpretadas se, a relação entre o comprimento e diâmetro da
peça forem respeitados. Sendo assim, conclui-se que o ensaio de integridade
apresenta-se como uma ferramenta importante na avaliação da qualidade das
fundações.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 - Projeto e


execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010.

ASTM D 5882, 2000. Standars test method for low strain integrity testing of
piles. American Soc. For Testing and Materials.

CUNHA, R.P., Camapum de Carvalho, J. e Silva, C.M. 2002. Controle de qualidade


e aceitação de estacas moldadas in loco via utilização de ensaios de
integridade de estacas (PIT). XII COBRAMSEG, SP, Vol.3, pp. 1569- 1579.

NBR 12131 (1991). Estacas-Prova de Carga Estática – Método de Ensaio. ABNT.

Pile Dynamics, Inc. Garantia de Qualidade para Fundações Profundas. 2005.


Disponível em Acesso em: 10 jul. 2013.

Rincent BTP Brasil. PIT - PILE INTEGRITY TEST. Disponível em <


http://www.rincent.com.br/Folders%20site/Folder%20PIT.pdf> Acesso em: 10 jul.
2013.

NEVES, Luiz Fernando de Seixas.2004.


Metodologia para a determinação da eficiência do ensaio SPT através de prova
de carga estática sobre o amostrador padrão.
São Carlos, 2004.

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