Você está na página 1de 2

Prática 1 – Propriocepção: um sentido sempre presente, mas pouco conhecido

Dificilmente nos damos conta da sensibilidade que temos sobre o nosso próprio corpo, uma
vez que ela está sempre presente em nossas vidas. A propriocepção é a capacidade de
reconhecer a localização espacial do corpo, identificando a posição relativa de uma parte do
corpo em relação à outra. Essa percepção permite, por exemplo, que se toque os dedos do
pé e o calcanhar com os olhos fechados. Ela é também fundamental para atividades
importantes como andar, coordenar os movimentos responsáveis pela fala, segurar e
manipular objetos, manter-se em pé ou posicionar-se pare realizar alguma atividade. A
propriocepção é o sentido que faz com que o nosso cérebro desenvolva um mapa interno do
corpo de modo que possamos fazer atividades sem precisar monitorar tudo visualmente o
tempo todo.

Nos músculos esqueléticos, existem sensores que registram o seu comprimento, os fusos
musculares. Como o comprimento muscular está relacionado com o ângulo das
articulações, esses sensores indicam também a posição relativa das partes do corpo. Cada
fuso é formado por fibras musculares delgadas, chamadas fibras intrafusais. Elas estão
ligadas a terminações nervosas sensitivas que se incorporam aos nervos espinhais ou ao
ramo mandibular do trigêmeo, chegando até o bulbo. As porções periféricas contráteis das
fibras musculares intrafusais são inervadas por motoneurônios gama.

Normalmente, as fibras musculares intrafusais permanecem estendidas de modo que as


terminações sensitivas permanecem estiradas. Há despolarização dessas terminações e
desencadeamento de potenciais de ação nas fibras aferentes. Se o músculo é alongado, as
terminações sensitivas são mais estiradas, despolarizam-se mais e dão origem a potenciais
de ação com freqüência maior, além de poder ser recrutado um maior número de
terminações. A sensibilidade dos fusos musculares é controlada pelos motoneurônis gama
que promovem a contração da porção polar das fibras musculares intrafusais. Assim, a
freqüência de disparo das fibras aferentes de primeira ordem do fuso muscular depende do
comprimento do músculo esquelético e também do grau de atividade da via gama.

A percepção da posição relativa das diferentes partes do corpo entre si é dada, em grande
parte, pelos sinais gerados nos fusos musculares e nos receptores articulares que chegam ao
córtex parietal posterior. A coordenação das posturas e dos movimentos pelo sistema
nervoso central depende em grande parte dos sinais gerados nos fusos musculares que
atingem o cerebelo. As reações motoras somáticas à estimulação proprioceptiva muscular
resultam da mobilização direta ou indireta dos neurônios motores somáticos por esses
sinais.

Experimento:
Faremos um experimento para testar a hipótese de que os fusos do músculo bíceps podem
informar a posição do antebraço com relação ao braço, bem como produzir respostas
motoras evidentes.

Materiais e Métodos:
Precisaremos de um voluntário, de um ajudante, de um massageador manual (60 Hz), de
um pedaço de corda e de uma venda para os olhos.
Um voluntário deve, de olhos vendados, manter seus braços em posição semifletida sobre
uma mesa. O braço esquerdo será preso com uma corda, e o ajudante segura a outra ponta
da corda.
O voluntário deve tentar reproduzir com o braço livre qualquer movimento que ele sinta no
braço preso. O ajudante deverá avaliar qualquer alteração na força de tração na corda.
Devem ser produzidos microestiramentos repetidos do músculo bíceps do braço preso
vibrando o tendão com um massageador. Observe qualquer movimento realizado com o
braço livre.

Perguntas orientadoras:

O que o voluntário sentiu e o que estava acontecendo com o braço preso durante o período
de estimulação?

O ajudante sentiu alguma variação na força de tração da corda durante o período de


estimulação?

Como você explica a sensação do voluntário e a reação motora no braço preso?

Você também pode gostar