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Proliferação celular e apoptose

MSc. Marcos G. S. Gouveia


Objetivos
• Entender a fisiopatologia relacionada com a proliferação
celular.
• Conhecer a dinâmica do desenvolvimento de novos fármacos.
• Descrever a proliferação celular e o ciclo celular.
• Conhecer a ação do importante papel regulador do Cálcio.
• Relatar as ações dos fatores de crescimento e das integrinas.
• Explicar o processo de apoptose.
• Descrever a ação das caspases.
• Compreender os princípios do bioensaio.
• Analisar o desenvolvimento de novos fármacos.
• Avaliar os ensaios clínicos.
Princípios gerais da fisiopatologia
relacionada com a proliferação celular
• Na angiogênese (desenvolvimento de novos
vasos sanguíneos) ocorre a proliferação celular.
• Todas as células precisam de suprimento
adequado e da retirada de resíduos tóxicos para
sobreviver.
• capilares sanguíneos que penetram os tecidos
e suprem as células mais próximas.
Angiogênese
Definição
• Proliferação celular – ocorre continuamente no
corpo humano.
• Bilhões de novas células são geradas
diariamente a partir das células existentes.
• São removidas por apoptose (morte celular
programada).
Fisiopatologia
• A proliferação celular está envolvida:
▫ Crescimento de tecidos e órgãos;
▫ Reposição das células (eritrócitos e leucócitos);
▫ Reparo e regeneração após lesão;
▫ Inflamação aguda e crônica;
▫ Hipertrofia e na hiperplasia;
Hipertrofia e Hiperplasia
• O tecido adiposo cresce de duas maneiras: com o
aumento do número de células (hiperplasia), ou
com o aumento do tamanho das células já
presentes (hipertrofia).
• O ganho de peso pode ser por hipertrofia,
hiperplasia, ou pela combinação dos dois.
Proliferação celular e ciclo celular
• As células em divisão passam por um ciclo
celular durante o qual todas as células
constituintes são duplicadas, originando duas
células filhas.
G0, G1, S e G2 fazem parte da intérfase,
enquanto M representa a mitose
Para que o ciclo seja iniciado, uma seqüência ordenada de
eventos necessita ocorrer, determinando o processo de
divisão:

1) Ligação de um fator de crescimento a um receptor


específico na membrana plasmática;
2) Ativação deste receptor (proteína transmembrana), que
ativa proteínas transdutoras de sinais presentes no
citoplasma através do domínio interno do receptor;
3) Transmissão do sinal, por estas proteínas transdutoras,
até o núcleo;
4) Ativação de proteínas regulatórias nucleares;
5) Iniciação e progressão do ciclo celular.
Fisiopatologia
• A Apoptose está envolvida:
▫ Na embriogênese (eliminação de células
redundantes);
▫ Desenvolvimento da autotolerância no sistema
imunológico;
▫ Regressão das células da glândula mamária após a
lactação;
▫ Renovação do revestimento intestinal;
▫ Morte dos neutrófilos (função na inflamação);
Fisiopatologia
▫ Fisiopatologia do câncer: age como defesa contra
mutações, eliminando as células com DNA
anormal que poderiam tornar-se malignas.
▫ Fisiopatologia das doenças autoimunes,
neurodesgenerativas , cardiovasculares e AIDS;
Desenvolvimento de novos fármacos
• Diversas abordagens moleculares estão em fase
de investigação.
▫ Há atualmente 209 novas drogas sendo
investigadas, inclusive em Fase de estudo III. A
maioria delas, baseadas nos progressos realizados
no conhecimento da biologia da célula cancerosa,
se refere ao uso de alvos seletivos para atuação dos
agentes antitumorais.
• Ler texto Abordagem molecular no desenvolvimento de
fármacos anti-tumorais.
Ação dos fatores de crescimento e das
integrinas
• Os fatores de crescimento podem ser divididos
em duas grandes classes:
▫ Ampla especificidade - atuam sobre muitos
receptores e conseqüentemente sobre muitas
classes de células (ex: PDGF – fator de
crescimento derivado das plaquetas, EGF – fator
de crescimento epidérmico, VEGF – fator de
crescimento vascular endotelial, FGF – fator de
crescimento fibroblástico);
▫ Estreita especificidade - atuam sobre células
específicas.
Controladores Positivos do Ciclo
Celular
• Estimulam a progressão da célula no ciclo celular, a fim
de que ocorra a divisão normal em duas células-filhas.
CDKs (Cinases Dependentes de Ciclina)
• Estão presentes durante todo o ciclo celular, mas só são
ativadas em determinadas fases, quando ligadas às
ciclinas.
• Este complexo CDK-ciclina fosforila proteínas
específicas.
• Ex: A proteína Rb é fosforilada pelo complexo CDK-
ciclina, tornando-se inativa e liberando proteínas de
regulação gênica, o que permite a progressão do ciclo.
Ciclinas
• São assim chamadas porque suas quantidades
variam periodicamente durante o ciclo celular.
São sintetizadas somente em fases específicas,
de acordo com a necessidade, e destruídas após
a sua utilização.
• Ligam-se às CDKs para que possam juntas
exercer suas funções.
Controladores Negativos do Ciclo
Celular
• Atuam inativando as funções dos controladores positivos, o
que leva a célula à parada no ciclo celular e à apoptose (morte
programada).
• CKIs (Inibidores de Cinase dependente de Ciclina)
• São proteínas que interagem com CDKs ou complexos ciclina-
CDK, bloqueando sua atividade de cinase. As cinases não mais
fosforilam proteínas, o que determina parada do ciclo.
• As CKIs podem ser de dois tipos:
- específicas (ex: p15, p16, p18, p19): são seletivas
sobre os complexos ciclina D-CDK4 e ciclina D-CDK6,
que atuam em G1.
- inespecíficas (ex: p21, p27, p53, p57): atuam sobre
diversos tipos de complexos ciclina-CDK.
• Complexo ubiquitina
• Degrada ciclinas e outras proteínas, impedindo a
progressão do ciclo celular.
• Fosfatases
• Atuam na desfosforilação de CDKs e complexos
ciclina-CDKs, tornando-os inativos.
Apoptose e ação das caspases.

• Apoptose -"morte celular programada" (a definição


correta é "morte celular não seguida de autólise") é
um tipo de "auto-destruição celular" que ocorre de
forma ordenada e demanda energia para a sua
execução (diferentemente da necrose).
• Está relacionada com a manutenção da homeostase
e com a regulação fisiológica do tamanho dos
tecidos, mas pode também ser causada por um
estímulo patológico (como a lesão ao DNA celular).
• A apoptose é um mecanismo útil para manter o equilíbrio
interno dos organismos multicelulares, e pode ocorrer
fisiologicamente em humanos nos seguintes casos:
• No desenvolvimento embrionário.
• Em casos de corte no suprimento de hormonas
estimulatórias. Ex. Ôvários na menopausa.
• Renovação de células lábeis, isto é, em tecidos cujas
células se renovam constantemente. Ex. epitélio que reveste a
pele.
• Apoptose estimulada pelo linfócito T citotóxico. Nestes
casos a apoptose ocorre quando uma célula do organismo é
infectada por um vírus e passa a apresentar antígenos deste
vírus em sua membrana. As células T citotóxicas reconhecerão
este antígeno e induzirão a apoptose na célula infectada.
• Após uma resposta imunológica do indivíduo a um
agente biológico, é preciso que haja eliminação da
superpopulação de leucócitos que foram usados na defesa do
organismo. O mecanismo para essa eliminação é a apoptose.
Apoptose por Causas Patológicas
• Indução à apoptose por lesão do material
genético celular. Isto pode ser causado por
estímulos radioativos, químicos ou virais. Quando a
lesão causada é maior que a capacidade da célula de
revertê-la, é mais seguro para o organismo que o
programa de morte celular seja ativado, já que a
multiplicação de uma célula mutante pode dar
origem a tumores.
• Lesão por isquemia ou hipóxia moderadas
podem levar as células de determinado tecido tanto
à necrose quanto à apoptose. Muitos estímulos à
morte celular por necrose também desencadeiam a
morte celular por apoptose.
Fenômenos que culminam com a
morte celular programada são:
• Diminuição da célula com agregação dos
componentes celulares, o que deixa a célula bastante
eosinofílica.
• O núcleo celular muda de aspecto, a cromatina se
prende à carioteca e toma um aspecto mais denso,
além disso pode ocorrer a fragmentação do núcleo
(cariorréxis).
• Formam-se bolhas de citoplasma partindo da
membrana plasmática celular que se desprendem e
formam corpos apoptóticos. Eles serão então
reconhecidos e fagocitados por leucócitos. Alguns
destes corpos apoptóticos podem conter fragmentos
de material genético.
Vias apoptóticas
• Via mitocondrial – ativada pelos receptores de
morte celular e por lesão do DNA.
• Via dos receptores de morte – receptores de
morte + caspases iniciadoras (caspase 8) e
efetuadoras (caspase 3).
• Via mitocondrial – após lesão DNA –
estimula a mitocôndria a liberar citocromo.
Ativa a ação das caspase 9 iniciadora e caspase
3 efetuadora. Alteram a funcionalidade
mitocondrial, fechando esta via.
Caspases
• São um grupo de proteases baseadas em cisteína,
enzimas com um resíduo de cisteína capazes de clivar
outras proteínas depois de um resíduo de ácido
aspártico, uma especifidade incomum entre proteases.
• Caspases são essenciais na apoptose celular.
• Algumas caspases também são necessárias no sistema
imune, para a maturação das citocinas.
• Falhas na apoptose são uma das contribuições principais
para o desenvolvimento de tumores e doenças auto-
imunes; somando-se isto à apoptose indesejada que
ocorre na isquemia ou mal de Alzheimer, despertou-se
rapidamente interesse nas caspases como alvos
terapêuticos desde que foram descobertas em meados da
década de 90.
Tipos de proteínas caspase

• Existem dois tipos de caspases: caspases


iniciadoras e caspases efetoras.
• Caspases iniciadoras (por exemplo caspase-8,
caspase-9) clivam pro-formas inativas de caspases
efetoras, ativando-as;
• caspases efetoras (por exemplo caspase-3, caspase-
7) por sua vez clivam outros substratos protéicos da
célula resultando no processo apoptótico.
• A iniciação da reação em cascata é regulada por
inibidores de caspases. Onze caspases já foram
identificadas em humanos.
A cascata das caspases
• Caspases são reguladas num nível pós-
traducional, assegurando que possam ser
rapidamente ativadas.
• A clivagem e a inativação por uma
caspase possibilita que CAD (caspase
ativada) entre no núcleo e fragmente o
DNA, causando a característica 'escada
de DNA' vista nas células apoptóticas.
Princípios do bioensaio
• Medir a ação dos fármacos;
• Novos fármacos (experimental) são testados,
comparados com a ação dos já existentes
(controle).
• Resposta do fármacos: gradual e tudo ou nada.
Resposta gradual
• Dois agentes atuam no mesmo receptor, com a
mesma atividade intrínseca – as curvas dose
resposta serão paralelas e suas potência
relativas.
Resposta Tudo ou Nada
• A resposta é expressa na porcentagem de
indivíduos que apresentam a resposta.
• Quando observado no gráfico, as curvas não
serão paralelas por não possuírem mecanismos
de ação parecidos.
• Bioensaio comparativo – comparar a atividade
biológica de fármacos diferentes.
Desenvolvimento de novos fármacos
• Antes de obter a licença do novo fármacos para a
comercializ~ção:
▫ Testado – eficácia e toxicidade
▫ Testes pré-clínicos – seres humanos
 Ética em pesquisa
Testes Clínicos em Seres Humanos
• Fase 1 – medida da atividade farmacológica,
farmacocinética e efeitos colaterais em
voluntários sadios.
• Fase II – estudo piloto – em grupos pequenos de
pacientes.
• Fase III – Ensaios formais com grande números
de pacientes para verificar a eficácia e os
possíveis efeitos colaterais.
• Fase IV – seguimento pós-comercialização.
Ensaios clínicos
• Objetivo de obter uma avaliação objetiva de dois
ou mais métodos de tratamento.
• Princípios dos ensaios clínicos:
▫ Alocação aleatória dos pacientes para os grupos
teste e controle;
▫ Um desenho duplo-cego
FIM

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