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Bioquímica

Clínica
Dr. Bruno Eduardo Silva de Araujo

2023.1
01
Diabetes mellitus
Carboidratos e seu metabolismo

● Carboidratos
○ compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio
○ classificados em:
■ monossacarídeos
■ dissacarídeos
■ oligossacarídeos
■ polissacarídeos
Carboidratos e seu metabolismo

● Carboidratos
○ compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio
○ classificados em:
■ Monossacarídeos: uma cadeia de açúcar
● Exemplo: glicose, galactose, frutose, ribose.
Carboidratos e seu metabolismo

● Carboidratos
○ compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio
○ classificados em:
■ Dissacarídeos: duas cadeias de açúcares.
● Exemplo: maltose, sacarose e lactose
Carboidratos e seu metabolismo

● Carboidratos
○ compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio
○ classificados em:
■ Oligossacarídeos: dois a dez monossacarídeos.
● Exemplo: rafinose, maltotriose e gentianose

■ Polissacarídeos: mais de 10 monossacarídeos.


● Exemplo: amido, glicogênio
Carboidratos e seu metabolismo

● Carboidratos
○ Principal fonte de energia de vários organismos
■ Quando os níveis celulares de energia estão baixos:
● a glicose é degradada pela via glicolítica
■ Quando não é necessária a produção de energia:
● a glicose é armazenada como glicogênio no fígado e nos
músculos
● ou pode originar outras substâncias, como aminoácidos e
ácidos graxos
Carboidratos e seu metabolismo

● Carboidratos
○ A principal fonte de carboidratos é a dieta alimentar, principalmente a
partir da ingestão de amido, sacarose, lactose e frutose
○ Para que os carboidratos sejam absorvidos, é necessária a hidrólise e
transformação em monossacarídeos
Carboidratos e seu metabolismo

● Digestão do Amido
1. A alfa-amilase salivar (ptialina) cliva as ligações glicosídicas obtendo
maltose e oligossacarídeos
2. O Amido e glicogênio restante são hidrolisados pela amilase
pancreática no dudodeno produzindo maltose e dextrinas
3. Hidrolise de carboidratos em seus produtos finais através da ação de
diversas enzimas no intestino
Carboidratos e seu metabolismo

● Absorção dos carboidratos


○ Passivo (difusão facilitada)
■ A glicose se movimenta a favor do gradiente de concentração via
transporte sódio dependente (preferencialmente frutose)
○ Ativo
■ A glicose é captada via bomba sódio/potássio (preferencialmente
glicose e galactose)
Carboidratos e seu metabolismo

● Após a absorção pelas células intestinais, a glicose cai na corrente sanguínea


● Ao aumentar sua concentração plasmática, as células β das ilhotas
pancreáticas irão secretar insulina
○ Captação de glicose nos tecidos adiposo e muscular
Carboidratos e seu metabolismo

● Transportadores de Glicose
○ A glicose passa pelas membranas por diferentes transportadores
glicoproteicos que estão distribuídos de formas diferentes pelas células
do organismo
○ São uma família de 14 membros
○ Permitem a difusão facilitada de glicose por gradiente de concentração
de forma dependente ou não de insulina
Carboidratos e seu metabolismo

● Transportadores de Glicose
○ Receptor de GLUT-1
■ É largamente distribuído por muitos tecidos e é muito numeroso
nos capilares cerebrais que formam a barreira hematoencefálica
■ Não depende da ação de insulina
Carboidratos e seu metabolismo

● Transportadores de Glicose
○ Receptor de GLUT-2
■ Age em glicemias elevadas, como no período pós-prandial
■ No fígado, é importante para proporcionar a síntese de glicogênio
● no jejum, os níveis plasmáticos de glicose podem ser
mantidos
Carboidratos e seu metabolismo

● Transportadores de Glicose
○ Receptor de GLUT-2
■ Nas células β-pancreáticas, esse receptor serve como mediador da
liberação de insulina
■ No intestino, facilita a absorção de glicose da luz intestinal para a
corrente sanguínea
■ Nos túbulos renais, promove a sua absorção do filtrado
glomerular
Carboidratos e seu metabolismo

● Transportadores de Glicose
○ Receptor de GLUT-3
■ Atua em baixas concentrações de glicose, como no jejum
prolongado
■ Pode ser encontrado no Sistema Nervoso Central, cujo aporte de
glicose é imprescindível
Carboidratos e seu metabolismo

● Transportadores de Glicose
○ Receptor de GLUT-4
■ Encontrado no músculo e tecido adiposo e é insulinodependente
■ Encontram-se em pool intracelular e só são recrutados para a
membrana plasmática no período pós-prandial
● há liberação de insulina e necessidade de armazenamento de
glicose para utilização futura
Carboidratos e seu metabolismo

● Processos metabólicos com glicose


○ Glicólise
■ Quebra de glicose para obtenção de energia

○ Glicogênese
■ Síntese de glicogênio nos músculos e fígado
■ Quando os níveis de glicose estão altos, tal processo é modulado
pela insulina
Carboidratos e seu metabolismo

● Processos metabólicos com glicose


○ Glicogenólise
■ Quebra de glicogênio pra obter energia (Glucagon)
■ Ocorre quando os níveis de glicose estão baixos

○ Gliconeogênese
■ Processo de formação de glicose a partir de substâncias que não
são carboidratos quando há baixas quantidades de glicose
● aminoácidos, lactato e glicerol
Insulina e glucagon

● O metabolismo energético precisa ser muito bem orquestrado


● Não deve haver armazenamento e/ou quebra de glicose em momentos não
oportunos e sem necessidade
● Controle mediado principalmente pela ação de insulina e glucagon
● Agem em associação à adrenalina e noradrenalina de maneira coadjuvante
Insulina

● É um hormônio que favorece a síntese de glicogênio


● Síntese e liberação, pelas células β-pancreáticas
Insulina
Insulina

● Sob condições normais, a célula β está em constante reposição do estoque de


insulina
○ Em situações agudas como sobrecarga de glicose, há disponibilidade
imediata do hormônio
Insulina

● A insulina persiste armazenada até que algum estímulo promova sua exocitose,
sendo o principal a concentração de glicose no interstício
● Na célula β, a glicose atravessa a membrana plasmática por difusão facilitada,
através de seus transportadores GLUT-1 e 2
Insulina

● Uma vez dentro da célula, a glicose é fosforilada em glicose-6-fosfato, via ação


enzimática da glucoquinase
● Mutações no gene que codifica a glucoquinase resultam em isoformas hipoativas,
levando a um tipo de diabetes monogênico conhecido como MODY-2
Insulina

● A resposta secretória da insulina é maior após uma ingesta oral de glicose do que
após a sua infusão intravenosa, o que é conhecido como efeito incretínico

● Esse processo está relacionado a diversos hormônios gastrointestinais, como o


GLP-1 e GIP (peptídio inibidor gástrico)

○ Aumentam a percepção da célula β à presença de hiperglicemia


Insulina

● A síntese e liberação da insulina diminui quando há pouca disponibilidade de


glicose, escassez alimentar e/ou períodos de estresse,

○ momentos em que há maior liberação de adrenalina, que impede a liberação


da insulina
Insulina

● O efeito da insulina é tecido dependente, no fígado e nos músculos, sua atuação


tem como consequência a síntese de glicogênio

● Já no tecido adiposo, aumenta a quantidade de receptores que atuam no


transporte e na captação de glicose
Insulina

● Regulação do transporte de glicose


○ A glicose necessita de transportadores específicos, uma vez que é uma
molécula hidrofílica, não sendo capaz de atravessar a membrana
○ O GLUT 4 é expresso em tecidos sensíveis à insulina, principalmente no
músculo esquelético e adiposo
■ É responsável pela captação periférica de glicose nesses tecidos
■ Ao contrário dos outros GLUTs, está localizado em vesículas, no
citoplasma
Insulina

● Regulação do transporte de glicose


○ A insulina aumenta a exocitose de vesículas contendo o GLUT 4
○ No estado basal, há uma contínua reciclagem do transportador entre a
membrana celular e estruturas intra-celulares
Insulina
Insulina
Glucagon

● É produzido pelas células α-pancreáticas


● Associado a outros hormônios, como adrenalina e hormônio do crescimento,
desempenha papel muitas vezes antagônico ao da insulina

○ Sua função, basicamente, é manter os níveis plasmáticos de glicose através


da glicogenólise e da gliconeogênese hepática
Tipos de diabetes e sua fisiopatologia

● Diabetes mellitus

○ Não é uma doença, mas um grupo heterogêneo de diferentes síndromes


metabólicas multifatoriais

○ Tem como característica em comum os níveis aumentados de glicemia em


jejum em razão de defeitos de produção, secreção e/ou ação da insulina
Tipos de diabetes e sua fisiopatologia

● Diabetes mellitus

○ O metabolismo diabético é semelhante ao metabolismo de uma pessoa em


jejum prolongado

■ embora ela possua muita glicose, esta não é processada pela ausência
ou deficiência da insulina, ou problema nos receptores

○ Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a expansão do diabetes


mellitus pelo mundo pode ser considerada uma epidemia
Tipos de diabetes e sua fisiopatologia
Tipos de diabetes e sua fisiopatologia

● Diabetes mellitus

○ é classificado de acordo com sua etiologia, em:

■ diabetes tipo 1

■ diabetes tipo 2

■ diabetes gestacional

■ outras diabetes
Diabetes tipo 1

● Destruição das células β-pancreáticas gerando a deficiência absoluta de insulina,


comprovada por exames laboratoriais
● Mediado pelo sistema imunológico (idiopático)
● A causa exata da diabetes tipo 1 ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja
uma combinação de fatores genéticos e ambientais
Diabetes tipo 1

● Pessoas com um histórico familiar de diabetes tipo 1 têm um risco aumentado de


desenvolver a doença
● A exposição a vírus ou outras infecções também pode desencadear a resposta
autoimune que leva à destruição das células beta
Diabetes tipo 1

● Geralmente ocorre durante a infância ou a puberdade


● No inicio da doença estão geralmente desnutridos
● Esta forma representa 10 a 20 % dos casos de diabetes

● Necessita-se do uso exógeno do hormônio de forma definitiva


Diabetes tipo 1

● Sintomatologia

○ polidipsia crônica

○ poliúria

○ perda de peso com hiperglicemia

○ cetoanemia (apresentação clássica) ou cetoacidose diabética


Diabetes tipo 2

● Normalmente produzem insulina, mas suas células não conseguem utilizá-la


adequadamente devido à diminuição da sua ação, quadro caracterizado como
resistência à insulina

● Está relacionado a alguma alteração nos receptores celulares de insulina, seja por
questões quantitativas ou qualitativas
● Como consequência, não há captação de glicose pelas células e o paciente
apresenta hiperglicemia, porém a dosagem de insulina pode estar com níveis
normais ou até mesmo aumentados, não necessitando de intervenção insulínica
Diabetes tipo 2

● Frequentemente após os 35 anos, sintomas desenvolvem-se gradualmente


● No início a obesidade é geralmente presente
● Muito fortemente relacionado à herença genética

● 90% dos casos de Diabetes


● O tratemento inclui dieta, exercícios e fármacos
Diabetes gestacional

● Diagnosticado durante a gravidez


● Pode persistir ou não após o parto
● O quadro de diabetes se dá em razão de intolerância aos carboidratos de maneira
geral e normalmente ocorre no terceiro trimestre da gestação
Diabetes gestacional

● Fatores de Risco

○ histórico familiar

○ obesidade,

○ idade avançada da gestante

○ macrossomia em gestações anteriores


Outras diabetes

● Causas

○ Defeitos genéticos da ação da insulina

○ Doenças no pâncreas

○ Endocrinopatias (acromegalia, síndrome de Cushing)

○ Infecções e síndromes genéticas


Fisiopatologia do diabetes mellitus

● Níveis plasmáticos aumentam devido ao acúmulo de glicose, gerando a


hiperglicemia (> 100mg/dL)
● Concomitante à hiperglicemia, o quantitativo de glicose extrapola o limiar renal
(aproximadamente 160mg/dL) e acontece a glicosúria (excreção de glicose pela
urina)

○ Poliúria por osmose que leva a polidipisia


Fisiopatologia do diabetes mellitus

● O organismo não entende que o baixo nível de glicose intracelular não está
proporcional à oferta de glicose plasmática

○ aciona seus recursos para produzir glicose com o intuito de que o


metabolismo intracelular não cesse

● Aumento da neoglicogênese no figado e produção de energia a partir de ácido


graxos no tecido adiposo

○ o paciente pode começar a emagrecer e sentir fraqueza, aumentando a busca


por alimentos devido à polifagia (fome intensa)
Fisiopatologia do diabetes mellitus

● Após o período de emagrecimento, com a cronicidade da doença, pode haver um


efeito rebote e o paciente iniciar um processo de engorda (polifagia e do aumento
da síntese de ácidos graxos)
Fisiopatologia do diabetes mellitus

● Sintomas iniciais da diabetes tipo 1 e 2

○ Fadiga excessiva

○ Formigamento e dormência dos dedos

○ Polidipsia crônica

○ Poliúria

○ Perda de peso com hiperglicemia

○ Cetoanemia (apresentação clássica) ou cetoacidose diabética


Obrigado!!!!

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