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09/09/2020 Mensageiro da Paz: A Páscoa e os 4 cálices | davarelohim.com.

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Mensageiro da Paz: A Páscoa e os 4 cálices


abril 03, 2012 Marcello de Oliveira 11 Comments

Shalom!

Por infinita graça do Eterno, foi publicado mais um texto de minha autoria, no ótimo jornal – Mensageiro da Paz – orgão oficial da CGADB.
Meus sinceros agradecimentos ao amado amigo e pastor Silas Daniel, editor-chefe do jornalismo da CPAD. O artigo encontra-se na página
21 da edição de Abril.
Abaixo o texto na íntegra:
Numa primeira leitura sobre as dez pragas enviadas contra o Egito, nós deduzimos que a aparente razão para tais calamidades foi a obstinada
recusa do Faraó em obedecer à ordem do Eterno de libertar Israel. No entanto, se esse fosse o único propósito, um único golpe devastador teria
sido suficiente.

Agora surge a pergunta: Por que o Eterno optou por dez pragas? Porque, por intermédio das dez pragas, o Eterno demonstrou não apenas ser o
Criador do universo, mas Senhor único e absoluto dos céus e da terra, o Juiz supremo e o Regente da natureza. Segundo a cultura judaica,
cada praga que Deus manifestou no Egito serviu como castigo pela escravidão, tortura e a campanha de genocídio perpetrada pelos egípcios
contra o povo judeu.

O texto de Êxodo 5.1 diz: “[…} para que celebre uma festa no deserto”. Implicitamente esta era a festa da Páscoa. Somente depois que o faraó
ter “endurecido o coração” e repetidamente se recusado a liberar o povo judeu, as portas do arrependimento se fecharam. Maimônides, um dos
maiores rabinos da história de Israel, explica que a expressão “endurecerei o coração”, é o castigo que Deus impõe a quem cometeu um grave
pecado é privá-lo da possibilidade de se arrepender. Este é o significado desta expressão. Percebemos esta ideia no caso de Esaú, que buscou
o arrependimento e não encontrou (Hb 12.16,17).

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As razões naturais que levaram os judeus a incorporar em suas vidas a celebração da Páscoa, no hebraico Pesach (passagem, passar por
cima) são relevantes e todas de grande significado. Buscando descortinar os motivos que deram alegria aos judeus em comemorar a Páscoa,
devemos observar o capítulo 12 de Êxodo, onde vemos o Eterno não só instituindo tal festa, como também apontando os benefícios dela
advindos. Assim, ao celebrar a Páscoa, quer a primeira, quer as que seguiram, o judeu tinha por base quatro grandes bênçãos de Deus, como
veremos agora:

1) Ela representou o começo de uma nova contagem do tempo. A partir dessa data o povo deveria, e num certo sentido estava, reiniciando
a vida. Isso é magnífico, pois para os judeus a vida era somente opressão, humilhação e opróbrio. Deus queria lhes ensinar algo lindo: a partir
deste acontecimento, eles estavam voltando ao zero, e tendo a oportunidade de recomeçar suas vidas.

O versículo 2 diz: “este mês será o principio dos meses”. Isto queria dizer que o novo calendário vinha diretamente de Deus e que eles teriam
um novo começo. Definitivamente eles abandonariam o calendário da escravidão vivida sob o império egípcio e começariam a contar seus dias
a partir do mês da libertação! Nenhuma lembrança deveria acompanhá-los. Houve uma ruptura entre o calendário egípcio e o divino. Hoje pode
ser um novo tempo em sua vida. Não haverá lembrança dos tempos antigos. Deus estava dizendo ao povo judeu: chega de escravidão, hoje
faço uma ruptura no calendário antigo.

O profeta Isaías alça sua voz e diz: “Eis que faço uma coisa nova, agora sairá a luz” (Is 43.19).

2) De escravos, foram feitos em homens e mulheres livres. A segunda razão da alegria de celebrar a Páscoa estava no fato de que o povo
seria livre. Tente imaginar: os judeus estavam confinados aos estreitos limites da terra da escravidão, e sem nenhuma condição de se moverem
daquele território. Agora, por causa da Páscoa, seriam livres para andar sob a direção de Deus. A chance de ver-se livre das amarras do
escravizador era iminente.

Os judeus celebravam a Páscoa sob a ótica da liberdade. Como uma autêntica carta de alforria, a Páscoa proclamava liberdade aos cativos.
Assim éramos nós, escravos do pecado, confinados nele, mas por meio do sangue de Jesus, somos livres!

Jesus disse: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). O apóstolo Paulo, em Romanos 6.18 diz: “E libertos do pecado,
fostes feitos servos da justiça”.

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3) Foram guardados diante do juízo de Deus. Sob o efeito protetor do sangue do Cordeiro pascal, o povo judeu foi preservado da morte que
atingiu todas as famílias egípcias. A morte que fez definhar o poderio egípcio, pois desde o rei ao mais simples cidadão, bem como os animais,
todos tiveram de chorar aquela noite a perda do seu primogênito, mas a família dos judeus não foi atingida.

Ao ver toda a família presente no banquete pascal, é possível imaginar a enorme alegria que tomou conta do coração do judeu. Assim, a Páscoa
não comunica somente o começo de um tempo novo e a liberdade, mas também a vida guardada diante da morte.

A cultura judaica é uma das mais fascinantes do mundo. Os judeus até hoje celebram a Páscoa com quatro cálices. Neste momento você deve
estar se perguntando: De onde veio a ideia dos quatro cálices? Os exegetas judeus observaram um detalhe interessante no livro do Êxodo 6.6,7
onde há quatro verbos que se destacam.

“Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu o Senhor, vos tirarei [1] de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei [2] da servidão, e
vosresgatarei com braço estendido [3] e com grandes juízos. Versículo 7: Eu vos tomarei [4] por meu povo […]” (Ex 6.6,7). Eles também
relacionam estes quatro verbos as quatro letras do nome inefável do Eterno, o tetragrama sagrado: Yod, Hei, Wav, Hei.

A Palavra de Deus é um livro incomparável e magnífico. No evangelho de Lucas 22, temos quatro cálices também!

Vejamos:

Lucas 22.17: E, tomando um cálice [1]


Lucas 22.20: Semelhantemente, tomou o cálice [2]
Lucas 22.42: “[…} passa de mim este cálice [3]
Lucas 22.18: “[…] não beberei do fruto da vide [4]

Perceba que os cálices no texto de Lucas não estão em uma ordem cronológica. O versículo 18 aponta para o cálice que “beberemos” por
ocasião das bodas do Cordeiro.

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Agora, o que desejo destacar, é o 3º cálice, em que encontramos o verbo: “resgatarei com braço estendido”. Esse foi o cálice que Jesus, o
Filho de Deus, pediu ao Pai para que ele não tomasse, quando orava no Getsemani. Todavia, sabemos que o Pai não ouviu sua oração. Jesus
teria que sorver toda a ira de Deus e levar sobre si os pecados do mundo. Surge a pergunta: “Onde Jesus tomou este cálice”? Na cruz, com o
braço estendido! Ele nos resgatou com braço estendido! Oh profundidade das riquezas! É por este motivo que devemos amar e estudar a
Bíblia. Ela é perfeita, bela, incomparável.

4) Eles tinham como destino uma terra abençoada. Para um povo que viveu tanto tempo sem uma pátria, a Páscoa prometia uma terra rica,
abençoada sob o governo redentor de Deus. O texto de Êxodo 12.25 diz: “E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos
dará…”. Mais tarde, Josué disse: “E eu vos dei a terra em que não trabalhaste, e cidade que não edificaste, e habitais nela e comeis das vinhas
dos olivais que não plantaste” (Js 24.13).

Assim, tendo reiniciado a contagem dos dias, experimentando a liberdade, guardados do poder destruidor da morte e indo em direção a uma
terra rica, não é de admirar que a Páscoa tinha um clima de festividade indizível. Contudo, há de se observar que a celebração da Páscoa não
tinha como objetivo centralizar a atenção do povo nas bênçãos que lhe foram outorgadas, mas no Deus Eterno, que era a fonte de tudo e os
abençoara.

Assim como o povo de Israel entrou na terra da promessa, nós, que conhecemos a Jesus, o Cordeiro de Deus, e reconhecemos seu senhorio,
entraremos na Jerusalém celestial, a cidade cujo arquiteto é o próprio Deus. Amém!

Pr Marcelo Oliveira – Teólogo. Pós graduado em AT. Conferencista. Hebraísta. Escritor. Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil.

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