Você está na página 1de 10

27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

Uma vida de consagração


A suprema importância da consagração é que nela reside nosso poder espiritual.
Luiz Fontes

«Pois eis que conceberás e darás a luz um filho; e navalha não passará sobre a sua cabeça,
porque o menino será nazireo para com Deus desde o seu nascimento, e ele começará a
salvar a Israel das mãos dos filisteus»(Jz. 13:5).

De todos os juízes de Israel, com exceção de Samuel, Sansão é aquele do qual a Bíblia nos dá
mais detalhes. Portanto, o Espírito Santo colocou a história de Sansão para lembrarmo-nos de
Israel acerca do seu chamado e de sua consagração.

Deus havia colocado Israel para que fosse Seu testemunho, a expressão de Sua glória e de Seu
governo entre as nações. Mas, ao estudar o livro de Juízes, descobrimos que 111 anos foram
perdidos. Foram anos de cativeiro, quase três gerações que não conheceram o propósito de
Deus, não conheceram o que era uma vida de consagração, nem puderam conhecer o poder
dessa consagração, o poder do testemunho. Isso é grave. Então, o Senhor deu a Sansão para
lembrar a Israel da sua vocação celestial.

Preste atenção nisto, porque o Senhor nos está falando hoje. A Bíblia não é um livro de história –
é a palavra escrita de Deus, cujo propósito é nos levar a palavra viva de Deus. Hoje, a história de
Sansão é uma palavra viva para nós. Que o Senhor nos ajude nesta hora a perceber nossa real
condição diante dele. Ele deseja nos levar a tocar especialmente aquelas áreas onde fomos
deficientes quanto a nossa consagração.

Sansão viveu no tempo do sacerdote Eli. Naquele tempo, o sacerdócio tinha perdido sua visão
espiritual, tinha perdido o significado do seu chamamento; era um sacerdócio corrupto. E agora
Deus chama um juiz nazireo. Isto é muito significativo para nós. Em Números capítulo 6 vemos
três requisitos para o nazireado. Mas, a diferença dos outros nazireos, cujo voto era por um
breve período de tempo, o nazireado de Sansão seria por toda a vida.

Deus levantou a Sansão para mostrar a Israel a sua vocação espiritual. Ele não só foi chamado
para destruir os seus inimigos, mas para recordar a Israel que eles tinham sido escolhidos de
entre todos os povos para ser uma nação consagrada a Deus perpetuamente.

Nosso chamado
https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 1/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

Sansão foi uma escola para Israel e, por meio dele, em nossos dias, o Espírito Santo nos fala de
nossa condição, do nosso chamamento. Nós fomos comprados por Deus, através da obra de Cristo
Jesus no Calvário. Somos um povo com um chamamento celestial. Não estamos aqui para viver a
nossa história, mas para viver o propósito de Deus. A maior tragédia da vida não é a morte, mas
viver e não conhecer o propósito eterno de Deus.

Para mostrar a sua vontade a o seu povo, Deus não levanta um sacerdote, mas a um juiz.
Notemos alguns requisitos importantes. O primeiro deles é que Sansão deveria abster-se de
beber vinho por toda a sua vida. Sabemos que, na tipologia cristã, alguns elementos da Bíblia
têm um aspecto positivo e outro negativo. Um destes exemplos é o vinho. No aspecto positivo,
ele nos fala da vida do Senhor, dessa vida que foi um resgate para nós.

Na mesa do Senhor, nós bebemos o vinho, porque participamos de Sua vida. A vida do Senhor é a
nossa vida, e nós somos parte da sua vida. Esse é o aspecto positivo. No entanto, no aspecto
negativo, o vinho nos fala do gozo deste mundo. Sansão não deveria beber vinho, ele não deveria
desfrutar do gozo deste mundo, porque seu gozo deveria ser o Senhor.

Três mulheres, três fracassos


Sansão se envolveu com três mulheres. Com uma delas, casou-se; esta mulher ímpia representa
o mundo. Depois, envolveu-se com uma prostituta; esta representa a sua carne. E logo se
envolveu com Dalila, uma mulher que representa o poder satânico. Aqui vemos o mundo, a carne
e o diabo na vida de Sansão.

 A vida de Sansão foi uma real contradição com respeito ao seu chamamento. Ele foi dotado com
habilidades espirituais para ser um vaso que contivesse a Deus. O Espírito Santo estava sobre ele,
o incitava e o capacitava; mas ele preferiu viver uma vida em completa oposição ao seu
chamado. Esta é uma lição para nós; porque, sabendo que devemos viver uma vida de
consagração, podemos estar vivendo uma vida como a de Sansão.

O mundo controla nossa carne e tenta governar a nossa alma. A alma nos fala do que sinto, do
que penso e do que quero. Precisamos estar na luz do Senhor, e que essa luz penetre em nosso
coração e nos revele quanto existe do mundo hoje em nós. Podemos não estar percebendo, o
quanto temos tornado a nossa vida cristã em um entretenimento, apenas uma relação religiosa
ou utilitária com Deus?

A vida cristã não é isso. Esses são caminhos perigosos, sedutores e sutis do poder do mundo. Tal
como Sansão não deveria beber vinho, assim também o nosso gozo não deve estar neste mundo.

https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 2/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

O mundo é uma entidade espiritual. O mundo (como um sistema) não foi criado por Deus; ele se
desenvolveu a partir da geração de Caim. O mundo está em completa oposição a Deus. Nada do
que há nele agrada a Deus. Nós estamos no mundo, mas ele não pode estar em nós. O inimigo
usa o mundo para ganhar o nosso coração, e o aspecto mais trágico de sua obra é roubar de nós a
presença de Deus. Se quisermos ter uma vida de consagração, não podemos ser governados pelo
pensamento do mundo.

O contexto de Efésios 5
A primeira característica da nossa consagração é que a nossa alegria é o Senhor; a nossa alegria
está nele. Efésios 5:18 lança luz neste primeiro aspecto da consagração. «Não vos embriagueis
com vinho, no qual há dissolução; mas enchei-vos do Espírito». Todos nós conhecemos este
versículo, mas para conhecer toda a grandeza dele, é necessário conhecer todo o seu contexto.

Efésios 5:1 diz: «Sede, pois, imitadores de Deus como filhos amados». Há atributos de Deus que
ele não transmite aos homens. Mas nele há também atributos comunicáveis, dos quais ele nos
permite participar. Quando Paulo diz: «Sede, pois, imitadores de Deus», ele está se referindo a
esses atributos comunicáveis. Então, todo este capítulo gira em torno deste imperativo.

Como imitar a Deus? Ao olharmos de uma maneira panorâmica, ele usa outro imperativo: «E
andeis em amor» (V. 2). Andar em amor é imitar a Deus, porque Deus é amor. Mais adiante, diz o
versículo 6: «Ninguém vos engane com palavras vãs, porque por estas coisas vem a ira de Deus
sobre os filhos da desobediência». Há alguns paradoxos neste capítulo. Temos os filhos amados e
também os filhos da desobediência. Os filhos amados são aqueles que imitam a Deus e andam em
amor.

E quem são os filhos da desobediência? «Porque em outro tempo éreis trevas, mas agora sois luz
no Senhor; andeis como filhos da luz» (V. 8). «E não participeis das obras infrutuosas das trevas»
(V. 11). «Vede, pois, com diligência como andeis, não como néscios, mas como sábios» (V. 15). Os
filhos de desobediência são aqueles que andam em trevas, os néscios, que não podem imitar a
Deus. É muito importante observar cada detalhe do contexto, para poder entender o que é uma
vida cheia do Espírito Santo.

«Não vos embriagueis com vinho». À luz do contexto, embriagar-se com vinho, do ponto de vista
da revelação espiritual, é viver uma vida em total desobediência a Deus, andar em trevas, andar
como os néscios. Espiritualmente, um néscio não é uma pessoa que não crê em Deus, mas
alguém que vive como se Deus não existisse. O néscio é um ‘ateu prático’, alguém que vive como
se Deus não existisse. Não pensem em pessoas que estão fora da vida da igreja; há pessoas
dentro dela que são néscios.

https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 3/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

Sabem o que significa a vida cristã? Em seu sentido mais profundo, é ter os pés na terra e o
coração no céu. Nós temos perdido a visão da eternidade; por isso, o mundo ganhou espaço em
nós, e temos medo da morte. Mas Paulo diz que para ele «o viver é Cristo e o morrer é lucro».
Ele não tinha medo de morrer porque Cristo era a sua vida. Nós temos que viver uma vida em fé,
e para morrer, temos também que morrer na fé.

Paulo diz a Timóteo: «combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé». Quantos irmãos
combateram pelo Senhor, e terminaram a carreira com fé! Infelizmente, muitos têm terminado a
carreira sem combater o bom combate. Isto é sério. Só podemos combater o bom combate tendo
como base a vida de consagração.

«Não vos embriagueis com vinho». Este é um paradoxo, porque do outro lado vemos: «Sede
cheios do Espírito». Muitos cristãos hoje não são cheios do Espírito, porque estão embriagados,
intoxicados, com a vida deste mundo. Sua vida, seu tempo, seu trabalho, sua família, tudo, está
sob o governo do mundo.

Uma vida de oração


Geralmente dizemos que não temos tempo para oração; mas o tempo não tem nada haver com a
oração, porque a oração não é algo que eu faço de vez em quando. A oração tem que ser nossa
vida; ela é o nosso relacionamento com Deus. A oração é andar com Deus, é respirar a Deus. Não
é algo que eu faço, é algo que vivo.

Isso é difícil, mas é possível. É aí onde entra a bendita pessoa do Espírito Santo. «E de igual
maneira o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir
como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis» (Rom. 8:26).
Quando a sua vida em nós é cultivada em um relacionamento consciente, você passa a ser
ajudado por ele. A oração não só será parte das circunstâncias difíceis de sua vida. Você não
orará apenas porque está procurando algo de Deus. Você começará a falar com Deus, mas,
quando avançar, verá que existe outro lado da oração.

A esfera mais alta da oração não é o que falamos com Deus; é o que ele nos fala. «Clama a mim,
e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas que não sabes» (Jer. 33:3). Quando
você orar, e apresentar um problema a Deus, ele te mostrará algo muito mais elevado, e usará
aquele problema para te revelar o Seu coração, porque ele também tem situações gravíssimas
pelas quais está chamando a sua atenção, pois você é o vaso que ele quer usar, porque existe
oposições nesta terra.

https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 4/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

Há uma luta em curso nesta terra. Satanás tem feito uma grande oposição ao propósito de Deus.
Há muitas situações divinas, coisas espirituais implicadas, coisas que não somos humanamente
capazes de discernir. Mas o Senhor cria situações para nos mostrar coisas muito mais elevadas.

Quando você ora, verá que os assuntos do Senhor são muito mais elevados que os nossos. Quando
você compreende o que é orar, entende que orar é participar do coração de Deus. Deus
responderá. Mas, quando você ora, não o faz para realizar a sua própria vontade, mas a vontade
de Deus. Nós não oramos para mudar a Deus; quando oramos, nós somos transformados.

Momento crítico
Vivemos um momento crítico. O mundo tem tomado forma sutil dentro da vida da igreja. E nós
podemos seguir ao Senhor como Israel no tempo de Saul, quarenta anos sem a arca. Saul reinou
sem o testemunho da presença da glória de Deus. Esta é uma lição para nós. Podemos seguir,
dizendo que somos a igreja, que somos o corpo de Cristo, mas isso pode ser apenas teórico.

O que é o que existe de realidade como igreja à partir da minha vida, do meu casamento, dos
meus filhos, do meu trabalho? O que significa ser um membro do corpo de Cristo? É algo teórico
ou algo prático? O mundo pode deformar os nossos conceitos. «Não vos embriagueis com vinho».
A nossa alegria não está neste mundo. Fomos chamados para imitarmos a Deus, para andarmos
na luz.

Realidade espiritual
Deus está nos chamando para andar em realidade espiritual. Se nosso andar não tem realidade
espiritual, somos teóricos. Podemos cantar e pregar. Mas, qual é o testemunho disto? Será que,
em sua casa, em seu trabalho, na universidade, onde quer que esteja, os outros percebem a
fragrância de Cristo?

Estamos vivendo um tempo de estrema indiferença, onde ser cristão é uma moda, uma opção de
vida. Mas ser cristão é muito mais do que isso. Nós somos como aqueles pães da proposição. Na
tipologia do Antigo Testamento, no tabernáculo, em primeira instância, aqueles elementos
apontam para Cristo e a sua obra, porque ele é a grande proposta de Deus para este mundo. Mas
a proposta de Cristo para este mundo somos nós. Este mundo ainda não entrou em um real
colapso, porque nós ainda estamos aqui, e fomos chamados para preparar o caminho para a volta
do nosso Senhor Jesus Cristo.

Os juízos de Deus
https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 5/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

O Senhor julgará às nações, aos poderosos deste mundo, e ele não o fará à parte da igreja. Em
Gênesis 15:13-16, quando Deus dá a Abraão um resumo de toda a história dos seus descendentes
até a entrada em Canaã, diz-lhe que isso não aconteceria enquanto não enchesse a medida da
«iniquidade dos amorreus».

No livro de Números, Israel peregrinou 42 estações. No capítulo 21, eles chegaram à estação
número 38, que se chamava Ije-Abarim. Em hebreu, a raiz dessa palavra significa «a medida da
iniquidade». Esta era a medida, o tempo em que Deus julgaria os amorreus.

Canaã nos fala da plenitude de Cristo. Antes que Israel entrasse em Canaã, Deus usou a Israel
para julgar e destruir a essas nações ímpias, e não fez isto à parte de Israel. Apocalipse 8:1-5 diz
que as orações dos santos subiram até o trono de Deus, e quando elas tocaram o trono de Deus,
sete anjos tomaram suas trombetas para tocá-las. Ao estudar aquela passagem, uma parte
dessas trombetas nos fala do juízo das nações.

Deus não julgará a esta terra à parte da igreja. Por isso, ele deseja restaurar o lugar da oração
entre nós, e por isso nos fala acerca da importância da vida de consagração, porque nela reside
o nosso poder espiritual. Então, depois da oração dos santos, os anjos irão tocar as trombetas.
Antes que entremos na realidade do reino de Deus, na eternidade vindoura, Deus julgará a estas
nações, por meio da igreja. Deus está nos falando isto hoje. Não somos um povo qualquer.

Cheios do Espírito
«Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução». Imaginem quanto libertinagem existe
no mundo. Estas coisas são perversas; elas existem com o propósito de roubar de dentro de nós a
presença de Deus. Mas, por outro lado, Paulo diz: «Sede cheios do Espírito».

Sansão não podia viver uma vida conforme ao padrão deste mundo. Romanos 12:1 diz: «Rogo-vos,
pois… que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus». Dia após
dia, temos que nos negar, temos que desejar viver uma vida consagrada. Esse é o nosso
chamamento. Como vamos experimentar o poder espiritual sem a consagração?

O contrário disso é viver a vida que Sansão viveu, é banalizar o espiritual. Então vamos banalizar
a adoração, a oração, a palavra, as reuniões, a comunhão. Todas as coisas santas se tornam
mecânicas. Isso não é o que Deus quer para nós. Fomos chamados para viver a vida cristã além
do véu, em um plano muito mais elevado.

«Não vos embriagueis com vinho… antes enchei-vos do Espírito». É um imperativo. Nós somos
filhos da luz, ou somos filhos da desobediência? Fomos chamados para ser filhos amados, para
ser homens e mulheres cheios do Espírito Santo.
https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 6/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

«Sede cheios do Espírito» é uma ordem de Deus. Se amanhecermos um dia sem estarmos cheio
do Espírito Santo, estamos em desobediência. Se não estamos cheios do Espírito, de maneira
natural, estaremos cheios da alegria deste mundo. Isso é uma tragédia. A igreja não pode viver
assim, porque se não vivermos uma vida cheia do Espírito, perderemos a nossa consagração. Este
é o primeiro requisito de uma vida consagrada.

Paulo continua segue falando a respeito de uma vida cheia do Espírito Santo. Ele dirá às
mulheres que estejam sujeitas, e aos maridos que amem a suas esposas como Cristo amou à
igreja. As mulheres jamais conseguirão viver uma vida de submissão aos seus maridos se não
forem cheias do Espírito.

Irmã, se você tem dificuldade com respeito à submissão, seu problema não é a falta de
submissão, mas o fato de estar vazia do Espírito Santo. Não ore pedindo submissão. O seu
problema mais grave é que está em desobediência, não só a seu marido, mas a Deus. A falta de
submissão é uma consequência. Peça ao Senhor que te encha do seu Espírito Santo. É dele que
você precisa. A sua submissão vai fluir da vida cheia do Espírito.

E quanto aos maridos, quantos deles têm dificuldade para amar as suas esposas! Alguns dizem
que as ama, mas amam eroticamente ou de maneira emocional. É um amor que está ligado a
aquilo que a mulher pode dar. Mas a Bíblia fala de um amor que o homem natural não é capaz de
dar, porque diz que temos que amar as nossas esposas «como Cristo amou a igreja».

Será que nossas esposas se sentem amadas por seus maridos assim como nos sentimos amados
por Cristo? Na verdade, isto é impossível; por isso é que o Espírito Santo veio morar em ti. O seu
problema não é a falta de amor, é falta de enchimento. Senhor, encha-me do teu Espírito, para
que eu possa amar a minha esposa, e para que ela se sinta amada, assim como a igreja se sente
amada por ti!

Tudo tem haver com uma vida de consagração. Isto acontece com todos nós, porque existem
situações que não podemos ver por nós mesmos. Mas Deus envia a sua palavra, e ela tira todos os
véus que cobrem os nossos erros e os nossos pecados. Agora, ao ver-nos na luz do Senhor, temos
que clamar: «Senhor tem misericórdia de mim!», porque ele quer ter uma igreja consagrada,
comprometida, envolvida, com ele.

Um problema de obediência
Esta é uma ordem, e não é uma ordem que temos que obedecer amanhã, mas agora. Se
prosseguir com a sua vida vazia do Espírito Santo, o seu problema não é o estar vazio, mas a

https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 7/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

desobediência a Deus. A Bíblia diz que a desobediência é como o pecado de feitiçaria. Isto é
muito sério. Temos que ir aos pés do Senhor e pedir que sejamos cheios do Espírito.

O que representa a sua vida diante de Deus? Qual é o seu chamamento e a sua consagração? O
Senhor está nos falando contigo e a mim hoje. Que você permita que a sua palavra seja como
uma cunha abrindo o seu coração. «Sede cheios do Espírito». A frase está no presente do
indicativo. Se o imperativo estiver no presente do indicativo, indica que a ação do verbo está em
continuação. Significa que esta é uma experiência contínua e ascendente; tem que crescer cada
dia mais e mais.

Se você não busca o enchimento do Espírito de maneira crescente, também isso é desobediência.
Temos que cultivar uma vida com Deus todos os dias. Precisamos andar no Espírito todos os dias.
No entanto, não necessitamos do Espírito Santo apenas para nos encher; necessitamos também
que o sangue de Cristo nos lave dos pecados e que o Espírito nos convença de pecado e nos leve
a um genuíno arrependimento, não a um arrependimento emocional, aquele onde só nos
arrependemos para pecarmos de novo.

«Sede cheios do Espírito». Nos fala no plural; não é apenas uma experiência pessoal, mas um
mandamento para toda a igreja. Todos devemos viver uma vida gradualmente cheia do Espírito.
O arrependimento que precisamos ter é aquele em que chegamos a sentir a dor de Deus pelos
nossos pecados. Isso é o que o Senhor quer fazer, porque a situação é muito mais grave.
Necessitamos que o sangue nos lave de todas as nossas iniquidades e que o Espírito Santo se
derrame em nossa vida e restaure a nossa condição, para que possamos viver uma vida de
consagração a Deus.

Sacrifício vivo
Voltemos para Romanos 12:1: «Rogo-vos…que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo,
santo, agradável a Deus». A palavra principal aqui é sacrifício. Como tem que ser este sacrifício?
Vivo. Quando as pessoas olharem para você, elas têm que ver a marca da cruz, a realidade do
caminho da cruz. É algo visível. Um sacrifício vivo é uma vida completamente oposta à vida
deste mundo.

Não só vivo, mas «santo, agradável a Deus, que é o vosso culto racional». Tem que ser com
entendimento. Devemos saber o que isso significa, o que isso realmente representa em nossa
vida neste mundo. E em seguida diz: «Não vos conformeis a este mundo…». Não entre na forma
deste mundo. Uma vida à parte deste mundo é uma vida consagrada a Deus, é ser um sacrifício
vivo neste mundo, uma vida que agrade a Deus, em completa oposição à vida mundana.

https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 8/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

«Não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento»
(V. 2). Nossa mente precisa ser renovada. E ela é renovada quando nossa vida é um culto
racional. Se tivermos uma vida cujo culto é com consciência, teremos uma mente renovada. A
mente renovada nos dá consciência do que significa uma vida consagrada. Aí experimentaremos
«qual seja a boa vontade de Deus, agradável e perfeita».

Quanto mais o Senhor nos dá, mais o inimigo investirá contra nós. Sabe qual tem sido o maior
erro do povo de Deus na história? Desprezar a palavra de Deus. É quando a palavra de Deus se
torna apenas conhecimento ou informação, quando perde seu valor e seu caráter espiritual.

Permitam-me encerrar dando um exemplo. Em Jeremias capítulo 35, está escrita a história dos
recabitas. Conhecemos o ministério de Jeremias. Ele pregou quarenta anos, e o povo resistiu
quarenta anos. Você poderia sobreviver pregando a palavra sem ninguém te escutar?

O Senhor disse a Jeremias: «Vá até os recabitas, toma-os, leva-os ao templo, e ofereça-lhes
vinho». Assim o fez Jeremias, e eles disseram: «Não beberemos, porque nosso pai Jonadabe nos
disse que jamais bebêssemos vinho, e não podemos desobedecer o mandamento do nosso pai».
Em seguida, o Senhor disse: «Está vendo, Jeremias? Estes obedecem a palavra de seu pai, mas
meu povo não me quer ouvir».

Sabem qual é a explicação para o cativeiro da Babilônia? Não foi simplesmente pecado sobre
pecado. O pecado sobre pecado foi a consequência do desprezo à palavra de Deus.

Sabe o que o inimigo tem tratado de fazer? Depreciar a palavra de Deus. Por um lado, ele
desvaloriza a palavra; e, por outro lado, vai diluindo ela. E vamos acostumando a mensagens
comuns, sem vida, intelectuais. O intelectualismo tem roubado o lugar da revelação.

Aqui está o destino e a espiritualidade da igreja. A sua visão e a sua vocação deve ter esta
palavra como fundamento: consagração. Mas o inimigo não vai descansar; ele fará tudo para
mudar o curso da sua vida. Então, presta atenção. O Senhor está nos falando aqui. Os recabitas
guardaram a palavra, por isso eles não bebiam vinho.

Vigiando sua Palavra


Esta é a explicação para o cativeiro. Deus disse a Jeremias: «O que vês, Jeremias?». Ele disse:
«Vejo uma vara de amendoeira». O Senhor disse assim: «Viste bem, porque eu velo por minha
palavra» (Jeremias 1:11-12). Este texto parece muito simples, mas não é. No original hebraico,
quando o Senhor disse: «O que vês, Jeremias?», ele disse: «Eu vejo uma vara de amendoeira». A
palavra aqui é shaked. E quando o Senhor disse: «Eu velo (vigio) por minha palavra», velo é
shakad. É uma pequena mudança.
https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 9/10
27/10/2021 19:11 Uma vida de consagração

Quando se traduz esse texto, «eu velo», significa estar olhando constantemente. O Senhor está
dizendo: «Eu não tiro os meus olhos da minha palavra». A amendoeira é a primeira das árvores
que floresce na primavera. Isto nos fala da frutificação, de algo novo que está por vir. É como se
o Senhor estivesse dizendo a Jeremias o que vai viver em seu ministério. «Será muito difícil, mas
nunca esqueça, eu não tiro os meus olhos da minha palavra. Minha palavra é algo muito
importante para mim. Algo novo vai fluir, algo vai surgir. Olhe para a amendoeira, e eu vou olhar
para a minha palavra».

Um horror
Sabem como termina a história de Jeremias? Os eruditos dizem que, no final da destruição de
Jerusalém, ele subiu para um monte e ali, em uma caverna, escreveu o livro de Lamentações. No
original hebraico, esse livro não se chama Lamentações, mas Horror ou Espanto.

Imagine um pai que ao final do dia chega a sua casa, e quando abre a porta, encontra toda a sua
família despedaçada. Um bandido entrou e matou toda a sua família, e jogou seus membros por
toda parte. Quando o pai olha aquilo, entra em um estado de espanto indescritível. Isso significa
o nome do livro de Lamentações – espanto, horror. No entanto, os editores da Bíblia acharam que
era mais suave chamá-lo Lamentações.

Sabem o que isso significa? É o resultado de não ouvir a palavra. O que se descreve neste livro é
o espanto, o horror do coração de Deus, porque o seu povo não guardou a sua palavra. Ele
mantém os seus olhos sobre a sua palavra, e ele nos convida hoje a guarda-la, a abraçar a sua
palavra em nossos corações.

Mesmo que nossas forças sejam tão poucas, o Espírito Santo está aqui. Ele pode nos ajudar. Não
perca esta vida de consagração. Que o Senhor nos ajude, em sua infinita misericórdia.

Síntese de uma mensagem compartilhada em El Trébol, Chile, em Janeiro de 2013.

https://www.aguasvivas.ws/revista/71/05.htm 10/10

Você também pode gostar