Você está na página 1de 4

O SIMBOLISMO DO MITO DE PERSEU E A MEDUSA

 O Mito de Perseu e a Medusa

O pai da virgem Dânae havia lhe trancado em uma alta torre de bronze
para impedir que se casasse. Porém Zeus, convertido em uma chuva de ouro,
desceu sobre ela fazendo-lhe conceber a Perseu.
Perseu foi educado pelos sacerdotes de Atenas na corte do rei
Polidecto, a quem ele prometeu levar a cabeça da Medusa (uma Górgona).
Este monstro tinha a aparência de mulher com centenas de serpentes no lugar dos cabelos. Seu olhar era
tão terrível que convertia em pedra aos que a contemplavam.
Perseu pediu ajuda aos deuses. Hades emprestou-lhe seu capacete, que tornava invisível a quem o
usasse. Atena emprestou-lhe seu escudo invulnerável. Hermes, por sua vez, forneceu-lhe suas sandálias
aladas e Hefestos, por fim, deu-lhe sua espada forjada nos vulcões.
Perseu voou até onde estava a Górgona e, utilizando o escudo de Atenas como um espelho sem vê-
la diretamente para não converter-se em pedra, aproximou-se da Medusa e com a espada lhe cortou a
cabeça. O sangue que fluía do pescoço decepado caiu sobre a terra e deu nascimento a Pégasus, o branco
cavalo alado, que de imediato voou ao Monte Helicon e chegou a ser o favorito das Musas.
Mais tarde Perseu encontrou a Andrômeda, uma bela donzela, desnuda, sobre tochas na costa da
Etiópia, posta ali como vítima para ser devorada por um monstro marinho (o Kraken, um dos Titãs, inimigos
dos Deuses do Olimpo). Perseu mostrou à besta a cabeça decepada da Medusa, convertendo-a em pedra e,
depois do triunfo, casou-se com Andrômeda.
Devolveu, então, suas armas aos deuses, agregando a cabeça da Medusa ao escudo de Atenas.

 Transposição Psicológica do Mito

Este relato grego é um dos mais conhecidos dentro e fora do mundo helênico. O romântico resgate
de Andrômeda pelo herói Perseu foi inspiração de múltiplas obras de arte até a atualidade.
Estátuas de Perseu sustentando a cabeça da Medusa, assim como de Minerva (nome romano de
Atena), deusa da sabedoria e da justiça que, armada com seu escudo com a cabeça do mostro incrustada,
são motivos de adorno em várias cidades do mundo sem que percebamos seu verdadeiro sentido.
A compreensão do profundo significado da impressionante imagem da Medusa é, sem dúvida, de
grande valor para nossa própria psique.

 Elementos de Representação Psíquica

DÂNAE: a virgem que, graças a uma “chuva” de ouro”, concebe o herói Perseu, é um aspecto da
Mãe Divina. É também representada, nas mais diversas culturas, pelo nome de Maria, Maya, Ísis, Stella
Maris, Devi Kundallini etc.

PERSEU: seu nome identifica-se com Perseis, “Deus da Luz”. É o “iluminador”, quem nos ilumina,
nossa Essência triunfante. É a Natureza Superior do ser humano. Possui origem divina, e por isso no mito
aparece como filho de Zeus (Júpiter romano), “Pai de todos os Deuses”.

MEDUSA: a mulher com serpentes em vez de cabelos é vívida alegoria do “eu


psicológico múltiplo”, sendo que cada serpente representa um “eu”. Retorcendo-se
frias e viscosas, parecem silvar clamando cada uma por sua própria satisfação e
exalando seu característico veneno. Diz-se que a Medusa convertia os homens em

1
pedra. Isto tem dois significados. O primeiro é que, cada vez que nos identificamos com algum evento em
nossa vida e ficamos fascinados, “petrificados”, perdendo o domínio sobre nós mesmos. O segundo refere-
se à involução da alma nos reinos minerais submersos.

O ESCUDO DE ATENA: Atena (grega) ou Minerva (romana) é a deusa da sabedoria.


Perseu utiliza seu escudo como um espelho. Mas para que serve um espelho? Para
vermos a nós mesmos, tal como somos. Portanto, representa o início do trabalho pelo
autoconhecimento. Como poderíamos lutar contra o que desconhecemos? A auto-
observação e a autorreflexão são vitais para o trabalho na eliminação dos “eus
psicológicos” (defeitos, vícios, manias, hábitos negativos etc.).

A ESPADA DE VULCANO: Hefestos (grego) ou Vulcano (romano) é o deus


ferreiro esposo de Vênus (também chamada de Afrodite), a deusa do Amor, que em seu
fogo aceso produzia os raios de Zeus e as armaduras dos grandes guerreiros divinos ou
semidivinos. Perseu decapita a Medusa com a espada de Hefestos, relacionada com o
fogo mágico do deus dos vulcões. O Gênesis hebreu fusiona estas duas ideias (fogo-
espada), outorgando-lhes um caráter divino, e a coloca às portas do
paraíso nas mãos de um anjo: “Jogou, pois, fora ao homem e pôs ao
oriente do horto do Éden um Querubim e uma espada incendida que se revolvia para
todos os lados, para guardar o caminho da Árvore da Vida.” (Gênesis, 3:24). Este símbolo
mostra, portanto, a necessidade de retomar a espada ígnea, manejar o fogo sagrado
(transmutação das energias sexuais, alquimia sexual), para retornar ao paraíso perdido.

PÉGASUS: o branco cavalo alado nasce, imaculado, do sangue da


Medusa. Há figuras talhadas em pedra que comemoram este ato. Pégasus
associa duas ideias: o cavalo branco, um veículo puro em que podemos nos
transladar; e as asas, onde representa a ave sagrada, símbolo do Espírito. No
Cristianismo é comum vermos o Espírito Santo associado a uma branca pomba.
Em síntese, são os valores do Ser que ressurgem e podem nos elevar às regiões
superiores.

ANDRÔMEDA: emblema da Alma Divina e suas virtudes que o herói deve resgatar.

 A Medusa Pré-Inca
Uma extraordinária correlação ao símbolo grego da Medusa, a mulher com
serpentes por cabelos ou com tranças de serpentes – como dizem os hinos órficos –
encontra-se em um ponto tão distante e sem relação aparente, como é o antigo
Peru. Isso fortalece a ideia de que estes símbolos obedecem a realidades psíquicas,
a processos internos que efetivamente sucedem e cujo conhecimento a Consciência
nos transmite por meio de mitos. Desta forma, estes símbolos não dependem do
espaço nem do tempo para expressarem-se, pois já existem dentro do próprio
homem. A gravação em pedra da “Medusa Pré-Inca” foi descoberta nas ruínas da cidade de Chavin, no
Peru, e pertence à antiga cultura de mesmo nome.

2
 Princípios da Psicologia Gnóstica

O mito de Perseu e a Medusa trata-se de uma alegoria que apresenta princípios da Psicologia
Gnóstica, voltada ao Autodescobrimento ou Autoconhecimento.
Psicologia é uma palavra de origem grega, que significa “estudo da alma” (psique + logos). A
Psicologia Gnóstica é o estudo dos princípios, leis e atos intimamente relacionados com a transformação
radical e definitiva do indivíduo.
A Psicologia Gnóstica é Revolucionária. É um estudo objetivo e real dos aspectos psicológicos
conscientes e inconscientes do ser humano para que possamos eliminar os erros de nossa psique e
despertar a consciência.
De acordo com a Psicologia Gnóstica, verificamos que o ser humano possui três aspectos
fundamentais: Personalidade, Essência (Natureza Superior) e Ego (Natureza Inferior).

Personalidade
A Personalidade é um veículo de manifestação de estados interiores. A
palavra personalidade vem do grego “persona”, que significa máscara. É aquilo
que mostramos ao mundo e aos outros a cada momento. Assim como
passamos por diversas situações no dia a dia, utilizamos máscaras
diferenciadas. Por exemplo: um homem que utiliza sua “máscara” de médico
no trabalho; de pai e esposo no lar; etc.
Na Personalidade estão todas as coisas que nos foram “emprestadas”,
tais como: nome, costumes, tradições, cultura, língua, cargo social etc. Dizemos que isso nos foi
emprestado porque, por exemplo, se tivéssemos nascido em outro país ou outra época, teríamos outro
nome, falaríamos outra língua, e assim por diante.
A Personalidade se forma durante os primeiros sete anos de vida e se robustece com as
experiências, podendo ser modificada através de esforços conscientes, porém não ao acaso.

Natureza Superior - Essência


É o conjunto de nossos Valores e Virtudes, nossa Real Existência. A Essência
é nossa Chispa Divina que nos confere beleza íntima, e de tal beleza emanam a
felicidade perfeita e o verdadeiro Amor.
A Essência é o que realmente somos.
Na Essência está tudo que nos é próprio e na Personalidade tudo que nos é
emprestado, aprendido dos demais.
Basta imaginarmos uma criança pequena, um bebê. Ele expressa apenas a
Essência, ele vive o instante, o momento. Não se preocupa (sofre) com o amanhã,
nem guarda rancor do ontem. Ele apenas vive o aqui e agora, com a consciência desperta, pois não possui
os conceitos e travas psicológicas do Ego e que expressará através da Personalidade com o passar dos anos.
Uma pessoa que desenvolva sua Essência torna-se mais lúcida e coerente com a vida. Aprende a
dominar a si própria, deixando de ser reacionária frente aos eventos do cotidiano. Torna-se mais feliz e
consegue viver sabiamente sua vida. Desenvolver a Essência é o mesmo que desenvolver os princípios
divinos dentro de si mesmo.
Perseu representa nossa Essência, visto que é de origem divina (filho de Zeus, pai dos deuses, e
Dânae, Mãe Divina). É o herói que vence a Medusa (o Ego).

Natureza Inferior - Ego


Nos estudos gnósticos, é importante não confundir o Ego com a concepção
que tem na Psicologia Acadêmica ou na Psicanálise de Freud.
Na Psicologia Gnóstica, o Ego é o conjunto de defeitos psicológicos,
3
debilidades, fraquezas, vícios, maus hábitos etc.
Cada um de nossos defeitos psicológicos está personificado em tal ou qual “eu”. O Ego está
constituído pela soma de muitos “eus” psicológicos, cada um com suas ideias, critérios e atividades.
Essa é a doutrina dos muitos eus que foi ensinada no Tibet Oriental pelos verdadeiros clarividentes,
pelos autênticos iluminados.
O Ego, então, é o conjunto de milhares de eus psicológicos, representados pelos Sete Pecados
Capitais, e suas ramificações: Lúxuria, Ira, Orgulho, Cobiça, Preguiça, Inveja e Gula. Essas sete “cabeças”
também são representadas pela Hidra de Lerna e por vários monstros
mitológicos, como a Medusa, Minotauro, Demônios Vermelhos de Seth
(Egito), o gigante Golias (Judaísmo), entre outros.
O que somos em realidade é a Essência, porém atualmente a
humanidade possui apenas 3% de Essência Livre. O restante (97%)
permanece preso no Ego, ou seja, nos nossos defeitos, debilidades, medos,
comportamentos automáticos etc.

 O Simbolismo do Mito de Perseu e a Medusa


A luta de Perseu contra a Medusa era a forma de os sábios gregos ensinarem a Morte Psicológica
(eliminação do ego).
A Medusa era um monstro com corpo de mulher e na cabeça possuía serpentes, como se fossem
seus cabelos. Vemos nisso a representação dos vários eus psicológicos.
Toda pessoa que olhava diretamente nos olhos da Medusa era petrificada.
Ou seja, somos nós que ficamos paralisados e identificados com nosso próprio Ego.
O herói, Perseu (ou nossa Essência), utiliza um escudo para poder observar a
Medusa através do reflexo no mesmo. Isto representa o uso de nossa Consciência
para conhecermos nossos defeitos psicológicos.
Após observar atentamente os movimentos da Medusa (Como esse defeito
atua? Porque atua assim? Desde quando?), Perseu lhe cortou a cabeça utilizando
uma Espada, símbolo da Vontade. Um defeito psicológico não é eliminado ao acaso,
necessitamos exercer nossa Vontade sobre ele e eliminá-lo com uma energia
específica do nosso organismo, o “fogo sexual transcendente”, que remete ao
símbolo da espada flamígera.

LEITURAS RECOMENDADAS
(DISPONÍVEIS EM WWW.GNOSISBRASIL.COM/LIVROSGNOSTICOS)

 Samael Aun Weor. A Grande Rebelião


 Samael Aun Weor. A Revolução da Dialética
 Samael Aun Weor. Tratado de Psicologia Revolucionária

Você também pode gostar