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Estudo dirigido: Introdução à Endocrinologia e Hipotálamo-Hipófise

1) Assim que uma substância com ações biológicas acaba de ser descoberta dá-se o nome
de fator, quais são as principais características funcionais a ela atribuída para que
possamos denominá-la de hormônio?

As principais características funcionais são: sua produção endócrina por glândulas ou


órgãos especializados, sua ação reguladora de secreção ou inibição via mensageiros
químicos que se ligam a receptores da célula alvo (especificidade). Pode estender seu
potencial de ação por um determinado tempo e tem diferentes propriedades físicas como
solubilidade. Além disso, existem hormônios classificados como trópicos que atuam na
regulação de outros hormônios e não de uma célula alvo.
2) A síndrome da interrupção da haste hipofisária (descrita em detalhes no Journal of
Neuroendocrinology, 2017, 29, 10.1111/jne.12451) é um defeito congênito raro onde
ocorre deficiência na secreção dos hormônios hipofisários. A extensão desta deficiência
dependerá do conjunto de genes afetados, os quais são responsáveis pelo
desenvolvimento do hipotálamo e da hipófise. O fenótipo no período neonatal incluí
micropenis, criptorquismo, hipoglicemia e icterícia. Na infância observa-se retardo no
crescimento e, em mais da metade dos casos, a altura e o peso estão abaixo do terceiro
percentil, com idade óssea atrasada. A puberdade é ausente na maioria dos meninos e,
nas meninas, com freqüência ocorre um desenvolvimento não favorável dos caracteres
sexuais femininos. Considerando a importância da conexão hipotálamo – hipófise para a
secreção dos hormônios hipofisários, como estariam as concentrações dos hormônios
hipofisários no sangue?

As concentrações estariam baixas em virtude da baixa secreção hipofisária. Isso ocorre,


pois o hipotálamo ao receber as respostas fisiológicas viscerais e integrar numa resposta,
teria a função regulada pela hipófise. Sendo assim, a reação neuroendócrina seria
desregulada na célula alvo por falta de regulação trópica da conexão entre essas
glândulas. Consequentemente, gera uma baixa secreção desses hormônios e um fenótipo
desequilibrado no sentindo de “hiposecreção”.
3) Adenomas hipofisários são tumores benignos não cancerígenos de células epiteliais da
glândula hipófise. Apesar de não cancerígenos podem ser perigosos porque afetam os
níveis normais dos hormônios secretados por esta glândula. Podem ocorrer na forma de
adenoma com células tumorais inativas, também chamados de adenomas não funcionais e
tendem a diminuir a secreção de um hormônio por fisicamente comprimir determinada
célula hipofisária, ou, mais frequentemente, ocorrer na forma de adenomas funcionais,
onde observa-se o aumento da secreção de um determinado hormônio.
Na tabela abaixo estão relacionados a freqüência de ocorrência de determinados adenomas, as
células epiteliais afetadas, principais fatores hipotalâmicos reguladores, e os principais sintomas
observados decorrentes da hipersecreção hormonal destes adenomas funcionais. Complete os
quadros em branco na tabela.
Freqüência Tipo celular Hormônio Fator Sintomas observados
hipersecretado hipotalâmico
A- 50% Lactotrofos Prolactina Dopamina (efeito Galactorréia, ciclos
inibitório) menstruais irregulares
Fator estimulatório e disfunção sexual
hipotalâmico ainda
não completamente
elucidado,
candidatos:
Ocitocina e TRH.
B- 30% Somatotrofos GH Somatotropina Gigantismo em
ST,IGF1 crianças ou
Secretado pela alargamento excessivo
adenoipófise dos ossos em adultos
Atua nos (acromegalia)
condrócitos da
cartilagem, fígado,
C- 20% Corticotrófico ACTH Liberação de CRH Síndrome de Cushing,
s Produção de obesidade, estrias
glicocorticoides roxas no abdômen e
atua na glândula face de meia lua
adrenal.

4) O artigo: A novel variation in the AVP gene resulting in familial neurohypophyseal diabetes
insipidus in a large Italian kindred, publicado na revista Pituitary (DOI 10.1007/s11102-012-
0392-x) descreve os aspectos clínicos de pacientes que apresentam uma variação do gene
AVP (arginina-vasopressina) resultando em produção inadequada de AVP. Nestes
pacientes é instalado um tipo de diabetes chamado de diabetes insipidus familiar (FNDI,
em inglês). A FNDI é uma disordem hereditária dominante autossomal, onde os portadores
apresentam severa polidipsia e poliuria já na primeira infância. Um dos sujeitos afetados,
indicados na tabela como V-1, foi admitida no hospital com 23 anos, apresentando intensa
poliúria e polidipsia, sintomas observados desde sua primeira infância. Esses sintomas se
exacerbaram durante a puberdade quando a diurese atingiu 12 L por dia. Ela não recebeu
tratamento e ajustou-se aos sintomas fazendo a ingestão de muita água. A tabela abaixo
mostra os resultados de osmololaridade, concentrações plasmáticas de sódio e de volume
urinário em situações de deprivação de água e administração de ADH.

a. Considerando o efeito do ADH sintético sobre os parâmetros acima, qual é a origem do


diabetes insipidus na FNDI?
A osmolaridade da urina é alterada pela alta concentração de insulina\glicose no sangue e na
urina pela sobrecarga renal, gerando o quadro de diabetes. Com a administração do ADH
sintético a regulaçao desse hormonio passa a ser exógena compensando assim a deficiencia
na retroalimentaçao negativa biológica que regularia a proporção de insulina e glicose na urina
e no sangue.
b. Por que o tratamento com ADH sintético foi capaz de exercer esse efeito? Explique o
mecanismo de ação desse hormônio ao nível renal.
A retroalimentação negativa do sistema ADH- hipófise seria modulada por esse hormonio
exogeno sintético ao invés da autoregulação biologica.
c. Por que o tratamento com ADH sintético foi capaz de exercer esse efeito? Explique o
mecanismo de ação desse hormônio sobre a concentração e diluição da urina.
Esse hormonio atua na reabsorção de agua no trato renal por meio de canais tipo aquaporinas
nos tubulos distais e proximais. Portanto, a concentração aumenta e volume de agua
eliminado diminui.

Estudo dirigido: Tireóide/Paratireóide

1) A falta de iodo na alimentação leva ao hipotireoidismo, podendo levar ao bócio. Já o excesso na


ingestão de iodo (>2 mg/dia) não acarreta grandes disfunções tireoidianas, porquê?

2) Por que no hipotireoidismo resultante de um quadro de pan-hipopituitarismo não há


desenvolvimento de bócio?

3) Como devem estar os níveis sanguíneos de hormônio paratireoideo (PTH), calcitonina e calcitriol
em uma criança que possui dieta com deficiência severa de cálcio? Quais as principais alterações
que se espera encontrar nesta criança?

4) Clinicamente, as principais causas de hipercalcemia são hiperparatireoidismo primário, causado


por tumor na paratireoide, e hipercalcemia associada à malignidade. Quais os principais efeitos
esperados na hipercalcemia por excesso de PTH?
5) Um importante efeito do PTH é aumentar a reabsorção renal de cálcio. Entretanto, em condições
de hiperparatireoidismo ocorre alta excreção de cálcio e AMP cíclico na urina. Por que isto
acontece?

6) Hipoparatireoidismo primário resulta de paratireoidectomia ou de mutações ativadoras do receptor


sensível ao cálcio (CaSR). Explique o que leva ao hipoparatireoidismo nestas 2 situações e quais
os principais sinais clínicos encontrados.

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