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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – UEPA CENTRO DE

CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO – CCSE CURSO DE


LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DA AMAZÔNIA III

RESENHA.

BELÉM-PA
2021
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – UEPA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO – CCSE CURSO
DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DA AMAZÔNIA III

RESENHA.

MARCELLE DAYANE DO NASCIMENTO VIANA

Trabalho referente à avaliação da disciplina


História da Amazônia III ministrada no
sétimo período do curso de Licenciatura
Plena em História da Universidade do Estado
do Pará, ministrada pela Profª Jerusa Barros
Miranda.

BELÉM-PA
2021
A presente resenha aborda a tese de doutorado de Thiago Mesquita “Uma estrela
revela o mundo”: o SNI e os conflitos pela posse da terra do Pará, especificamente o
segundo capítulo “uma estrada revela o mundo”: Belém-Brasília, as terras do Pará e a
“operação Amazônia” (1960-1966).
O segundo capítulo é dividido em quatro subtópicos, com o objetivo geral de
analisar o processo de abertura da rodovia Belém-Brasília do final da década de 50 ao
início dos anos 60, sublinhando o contexto nacional-desenvolvimentista brasileiro e os
seus impactos socio-econômicos na região paraense, e traçando a análise pelas
questões de terras em que medidas progressistas foram vetadas pela Ditadura militar de
1964 inserindo as áreas de Amazônia legal em seus projetos desenvolvimentistas.
O primeiro sub-tópico se chama “Uma estrada revela o mundo” Belém-Brasília, a
rodovia da integração nacional. A análise aqui é sobre o processo de colonização
definitiva da região amazônica pelo processo de integração. O isolamento da região e a
sua importância enquanto área estratégica para o Brasil foi sentida durante a 2ª Guerra
Mundial, quando a guerra submarina isolou a região, por ser a sua principal forma de
comunicação comercial, trazendo grandes danos à economia da região e do Brasil que
travava a “Batalha da Borracha”.
Tal momento, levou a pensar, pós 2ª Guerra, em planos de integração rodoviária
da região. Assim, Getúlio Vargas pensa “marcha para o Oeste” que mais tarde, a ideia
foi, essencialmente, retomada por Juscelino Kubitschek em seu plano de metas de 50
anos em 5, trazendo o plano de integração nacional, gerando profundas mudanças
fundiárias, econômicas e sociais para um país, e especificamente a região amazônica,
que era essencialmente agrícola às vésperas do governo Kubitschek.
O autor cita a reportagem de Arnaud em que se da perspectiva do projeto de
integração de que a região amazônica fosse como um sertão, no imaginário errôneo e
pejorativo, construído da Amazônia ser um vazio demográfico, e vista pelo Estado como
uma oportunidade de induzir projetos ao divulgar este “espaço desconhecido”. Assim, o
governo de Kubitschek compreendia esses investimentos apenas para a ideia de
zoneamento da região para sanar a condição, do seu imaginário, de isolamento.
Chegando na década de 60, as tendências demográficas e expansionistas para o
interior do território tiveram um grande crescimento, mudando a economia que até então
era baseada em extrativismo e atividades agropastoris de subsistência, uma vez que a
abertura das rodovias oportunizou a expansão da fronteira agrícola para essas regiões
apartadas do desenvolvimento nacional de interesse das oligarquias rurais. A postura
política de Juscelino Kubitschek foi de garantir o desenvolvimento industrial sem interferir
nos interesses ruralistas sem definir uma política nacional de terras.
O autor aponta também a criação de novas cidades como Paragominas, como as
novas sociedades de fronteiras e poderes locais com as novas problemáticas agrárias e
fundiárias, resultado da integração interna que as estradas trouxeram.
No segundo sub-tópico intitulado “Terras do Pará”: a Belém-Brasília e os
pioneiros de Paragominas, o autor descreve a formação do desenvolvimento da cidade
de Paragominas, terras as quais pertenciam ao município de São Domingos do Capim e
ao distrito de Camiranga, município de Viseu, partindo de 1960 quando a cidade ainda
era uma vila de pioneiros da abertura da rodovia Belém Brasília, agora sob os olhares
investidores de Célio Rezende Miranda, que qualificava a região economicamente com o
gado e pelo seu potencial madeireiro, e a ele se atribui o marco fundador da cidade. Por
ter proximidade com o então presidente Juscelino Kubitschek, consegue a aprovação
para investir nestas terras, visto que esta doação de terras não estava sendo aprovada
pelo Governo do estado.
O Governo do Estado não se agradou com o processo de ocupação de
Paragominas, atendendo apenas ao pedido do presidente Juscelino Kubitschek. Para o
secretário de obras, terras e águas, a atuação de Célio Miranda na vila de Paragominas
era um exemplo do processo de ocupação desordenada de terras no estado, que
implicava a chegada de migrantes que, em busca de terras e fortunas, não se
importavam com o devido processo legal, a preservação da natureza, e com o fato de
que o processo de ocupação de terras no Pará deveria ser processado a partir de um
estudo rigoroso das áreas, em especial aquelas localizadas às margens de rodovias.
Dando segmento, o terceiro sub-tópico com o título de “As terras do Pará e uma
reforma agrária que não foi” trata das relações fundiárias em meio ao governo de
Juscelino Kubitschek que costurava interesses conflitantes entre ruralismo,
conservadorismo e autoritarismo e do outro lado nacionalismo econômico, reformismo e
populismo, sem ter uma política fundiária. Neste contexto, a reflexão sobre a questão da
reforma agrária era um assunto de relevância (que nascia com maior fervor nos anos
40), com a rodovia aberta na região amazônica o avanço de latifundiários e de
trabalhadores rurais em busca de suas pequenas e médias propriedades de terra, faziam
o antagonismo do governo se dilatar.
O autor atenta para como o tema da reforma agrária era visto majoritariamente de
forma pejorativa pelo governo, os que defendiam esta reforma eram acusados de
subversivos, comunistas, incendiários, etc. Quando na realidade o que estava em jogo
era a entrada definitiva de operários e camponeses na agenda de decisão nacional,
afrontando a lógica colonialista da terra. Houve uma PL proposta pelo deputado estadual
Benedito Monteiro em 1962 que propunha a criação do Instituto de Reforma Agrária do
Pará (IPRA), no entanto a PL não chegou a ser discutida no plenário, visto que houve o
golpe militar em 1964 e a cassação do mandato de Benedito Monteiro.
No quarto e último sub tópico o autor traça uma análise das grandes
transformações no Pará entre o fim dos anos 50 e início dos anos 60. Assim, frisa que os
projetos de desenvolvimento existentes na amazônia pela integração rodoviária se
tornaram mais latentes no período da ditadura militar, agora pelo eixo de atuação da
segurança nacional e intervencionismo interno, abrindo espaço para intervenções de
exploração e centralizando as ações pelo poder central.
O tópico aborda o relatório “operação Amazônia”, projeto executado em
dezembro de 1966, pelo governo de Castelo Branco, para encaminhar as ações para
serem tomadas para sanar o atraso da amazônia e da sua administração federal e
estadual, na lógica da região ser um vazio demográfico, reproduz a lógica exploratória,
latifundiária e o padrão de desigualdade que estava no cenário de muitas regiões do
Brasil, beneficiando a mesma burguesia nacional e a ao poder do corpo da ditadura
militar. Esses projeto tornariam a Amazônia legal em um lugar de fronteiras de conflitos
entre a população nativa e os imigrantes, assim, priorizando o latifúndio e a lógica
colonial, para conter a latente ideia de reforma agrária.
Destarte, este capítulo debate sobre este período histórico de integração nacional
dando enfoque nas relações e consequências na região do Pará., todas as
reverberações sociais, econômicas, políticas, culturais pela negligência das questões da
legislação de terras da amazônia e seus habitantes, através de seus projetos de
incentivo imigratório e exploratórios. Possibilitando a abordagem de debate as questões
fundiárias e agrárias do Brasil também pela ótica das relações de Estado e poder.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
MESQUITA, Thiago. Uma estrada revela o mundo: o SNI e os conflitos pela posse te
terra no Pará. 2018. Tese (doutorado) – História, UFRJ, RJ, RJ.

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