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Pisca-Pisca Eletrônico com SCR (ART1872)


Detalhes
Escrito por Newton C Braga

Este pisca-pisca eletrônico foi projetado para ser utilizado com lâmpadas incandescentes de até 100
Watts na rede de 110 Volts, e de até 200 Watts na rede de 220 Volts. Suas possibilidades de aplicações
práticas são muitas, e o projeto sendo bastante simples, permite sua execução mesmo por parte dos que
pouca ou nenhuma experiência tenham em montagens eletrônicas. Basta seguir à risca todas as
instruções e não haverá nenhum motivo que impeça a conclusão do aparelho.
 
Este artigo foi publicado originalmente no livro Experiências e Brincadeiras com Eletrônica – Volume 1,
que agora reeditamos em segunda edição atualizada e modificada para atender os montadores de nossos
dias. Nela, conforme as observações dadas neste artigo, trocamos alguns componentes por outros que
são mais fáceis de obter.
 
Como sugestões para aplicações práticas, podemos citar a sinalização de portas de garagens, a
obtenção de efeitos luminosos especiais em vitrinas, a sinalização de obstáculos em vias públicas, e até
mesmo como intermediário
para a alimentação de fieiras de lâmpadas de árvores de natal, em substituição aos pisca-piscas
convencionais de operação térmica.
O que torna bastante vantajoso este tipo de circuito é a possibilidade de se poder ajustar os intervalos
entre as piscadas numa faixa bastante ampla de valores, com o que se pode obter um ajuste de acordo
com a finalidade a que se destina o aparelho.
Os componentes usados na montagem deste pisca-pisca são todos comuns, podendo ser encontrados
nas boas casas de material eletrônico.
 
O CIRCUITO
A base deste circuito é um oscilador de relaxação, com lâmpada neon que comanda um SCR (diodo
controlado de silício), o qual por sua vez comanda uma ou mais lâmpadas incandescentes.
O SCR é um semicondutor que se caracteriza por conduzir intensamente a corrente, num único sentido,
quando recebe um sinal positivo no seu eletrodo de comporta (gate) e volta ao estado de não condução
quando da passagem
de um semiciclo para outro da tensão alternante de alimentação, quando então a tensão de anodo atinge
um valor nulo. Na figura 1 temos símbolo do SCR.
 
Figura 1 – Símbolo do SCR
 
O oscilador de relaxação consiste num circuito que gera pulsos em intervalos regulares, baseado na
propriedade de disparo das lâmpadas a gás neon. Podemos dizer que as lâmpadas neon se comportam
de modo bastante semelhante aos SCRs, pois disparam quando uma tensão entre seus eletrodos atinge
certo valor, normalmente compreendido entre 45 e 90 Volts, dependendo do tipo. Nestas condições elas
acendem, conduzindo intensamente a corrente. Na figura 2 temos um oscilador de relaxação com a forma
de onda do sinal gerado.
 

Figura 2 – O oscilador de relaxação


 
O que fazemos no caso do oscilador de relaxação é ligar a lâmpada neon em paralelo com um capacitor
que se carrega lentamente através de um resistor. À medida que o capacitor se carrega, a tensão em
suas armaduras cresce até atingir o valor em que a lâmpada neon dispara. Neste momento, esta lâmpada
coloca em curto-circuito as placas do capacitor, ou seja, cria um percurso para a corrente entre as placas
do capacitor que se descarrega rapidamente através da lâmpada, produzindo um pulso de curta duração.
A duração desse pulso é determinada pelo valor da resistência ligada em série com a lâmpada neon, pois
ela determina a velocidade de descarga do capacitor. Na figura 3 temos o aspecto e o símbolo da
lâmpada neon.
 

Figura 3 – A lâmpada neon


 
Pois bem, no nosso caso, o resistor em série com o capacitor que determina sua velocidade de carga e,
portanto, a frequência das pulsações é variável, um potenciômetro que nos permite ajustar a velocidade
com que ocorrem os disparos da lâmpada neon que está conectada à comporta do SCR de modo que a
corrente de descarga do capacitor no momento de disparo da lâmpada neon serve justamente para
acionar o SCR quando então este conduz intensamente e a lâmpada incandescente de muito maior
potência acende.
Em outras palavras, o acendimento da lâmpada neon no oscilador de relaxação comanda o disparo do
SCR e portanto as pulsações da lâmpada maior.
Os demais componentes que não analisamos, como por exemplo os diodos D2 a D5,servem como
complementos do circuito de modo a melhorar seu desempenho. Tais diodos permitem a aplicação dos
dois semiciclos da tensão de alimentação ao SCR, já que sendo este um semicondutor unilateral
conduziria apenas metade da corrente disponível se fosse ligado diretamente à rede.
O diodo D1 tem por finalidade proteger o SCR evitando que pulsos negativos sejam aplicados a sua
comporta, o que em determinadas condições pode causar sua queima. O resistor R4 atua como limitador
da corrente de disparo, isolando praticamente o circuito do oscilador de relaxação do SCR.
 
OS COMPONENTES
Todos os componentes utilizados nesta montagem são de baixo custo e de fácil obtenção.
Começamos por analisar o SCR que é de um tipo bastante comum, contando com diversos tipos
equivalentes de substituição direta. A única precaução a ser tomada no momento da aquisição de um
equivalente é certificar-se dos terminais de ligação, se há ou não coincidência com o modelo original.
Também deve ser observada a tensão de operação do SCR, já que o mesmo tipo pode ser encontrado
para a operação na rede de 110 ou 220 Volts. Para a rede de 110 Volts, o SCR deve ter uma tensão
inversa de pico de 200 Volts, enquanto que para a tensão de 220 Volts deve ter uma tensão inversa de
pico de 400 Volts.
O segundo componente a ser analisado é a lâmpada neon. Praticamente,qualquer tipo de lâmpada neon
comum serve para a aplicação que desejamos, devendo apenas ser observado que as lâmpadas que já
possuem uma resistência interna de limitação de corrente não servem, a não ser que esta resistência seja
removida.
Os diodos semicondutores usados nesta montagem são do tipo com tensão inversa de pico de 200 Volts
para a rede de 110 Volts e 400 Volts para rede de 220 Volts. Os tipos 1N4004 ou BY127 servem para as
duas redes. A corrente de operação deve ser de, pelo menos, A. Com relação aos diodos deve ser
observada a identificação de seus terminais,o que normalmente é feita por uma faixa pintada no corpo do
componente ou através do seu próprio símbolo. Na figura 4 o símbolo e o aspecto dos diodos comuns.
 
Figura 4 – Símbolo e aspectos dos diodos
 
 
Obs.: Os diodos BY127 não são mais comuns no mercado. Devem ser usados os 1N4004 para a rede de
110 V e 1N4007 para a rede de 220 V.
 
Os outros componentes são todos comuns. Os resistores, por exemplo, podem ser de carvão de 1/4 ou
1/2 Watt com tolerância de 10 ou 20% e o capacitor deve ter uma tensão de isolamento de pelo menos
200 Volts. O tipo mais recomendado para esta aplicação, pelo seu volume reduzido, é o de poliéster
metalizado. Não há polaridade certa para a ligação deste componente.
Com relação à ponte de terminais onde é feita a montagem, esta pode ser adquirida em barras de
tamanho fixo, ou a metro, caso em que deverá ser cortada de modo a ter o número de terminais
necessários à montagem. O tipo miniatura, isto é, que possui terminais bem pequenos e separados por
uma distância da ordem de 4 mm,é o ideal para esta aplicação.
 
A MONTAGEM
Na figura 5 temos o diagrama completo do pisca-pisca.
 

Figura 5 – Diagrama do pisca-pisca


 
Na figura 6 temos a disposição dos componentes numa ponte de terminais.
 

Figura 6 – A montagem usando uma ponte de terminais isolados


 
A ponte de terminais,onde são soldados os componentes e feitas as conexões,é fixada por meio de
parafusos com porcas numa base de material isolante como, por exemplo, a madeira ou acrílico. Para
melhor aparência, pés de plástico ou borracha podem ser colocados nesta base.
Para a realização da parte elétrica, algumas ferramentas específicas serão necessárias. A mais
importante é o soldador elétrico,que deve ser do tipo de pequena potência (máximo de 30 Watts), já que
os componentes são sensíveis ao calor excessivo de um ferro de maior potência.
Além do soldador precisamos, evidentemente, de solda, que deve ser de boa qualidade (60/40). Um
alicate de corte, um de ponta e uma chave de fenda pequena completam o quadro de ferramentas
necessárias.
Comece a montagem fixando a ponte na base de material isolante. Aqueça bem o soldador e inicie
soldando o SCR e os diodos nas posições correspondentes. Como se trata de componentes polarizados
o máximo de atenção deve ser tomada com relação à posição desses componentes, já
que qualquer inversão pode causar a sua queima, assim como a de outros. Guie-se pela figura, se tiver
dúvidas.
Em seguida, solde os outros componentes, observando que seus terminais só podem fazer contacto nos
locais em que estão soldados. Não deixe que eles encostem nos terminais de outros componentes
próximos.
Complete a montagem fixando o potenciômetro num “L" de metal ou qualquer outro material, e faça as
interconexões entre os componentes usando fio rígido de capa plástica (fio de ligação).
O cabo de alimentação e o cabo que vai a lâmpada incandescente devem ter um comprimento de acordo
com o tipo de aplicação que se deseja dar ao pisca-pisca.
Se o leitor quiser poderá alojar todo o conjunto numa caixa, tendo como controle o potenciômetro. Com
relação a este potenciômetro, pode ser do tipo com interruptor, caso em que a unidade poderá ser ligada
ou desligada no próprio controle de freqüência.
 
FUNCIONAMENTO E AJUSTES
Completada a montagem, confira todas as ligações e a colocação dos componentes, verificando se não
existem soldas "frias" (mal feitas), ligações erradas, componentes invertidos, ou ligações a menos.
Se tudo estiver em ordem, coloque uma lâmpada incandescente de até 100 Watts no soquete (200 se sua
rede for de 220 Volts) e ligue a unidade à tomada.
Girando o potenciômetro, a lâmpada deverá mudar o ritmo de suas piscadas. Haverá pontos do giro do
potenciômetro em que a lâmpada parará de piscar.
 
Este circuito só pode funcionar com lâmpadas incandescentes, ou seja, lâmpadas de "filamento". Não use
outro tipo de lâmpada, pois o circuito não só não poderá funcionar como também seus componentes
poderão ser danificados.
 
SCR - Diodo controlado de silício para 4A - C106, MCR106 ou TIC106 com tensão
de operação de acordo com a rede local.
D1 a D5 - 1N4001 ou BY127 - diodos retificadores para 400 V x 1A
N1 - lâmpada neon NE-2H ou equivalente
C1 - 1 µF x 200 Volts - poliéster metalizado, capacitor
R1 – 50 k Ω x 0,5 Watt - resistor (verde, preto, laranja)
R2 - 1M Ω- potenciômetro linear
R3 - 1K Ω x 0,5 Watt - resistor (marrom, preto, vermelho)
R4 - 100 k Ω x 0,5 Watt - resistor (marrom, preto, amarelo)
L1 - lâmpada incandescente (ver texto)
Diversos:
Pontes de terminais, cabo de alimentação, fios de ligação, base de montagem,
parafusos etc.
 
Observações sobre os componentes: R1 pode ser de 47 k Ω, que é o valor
padronizado atual, e o SCR mais comum atualmente é o TIC106B (110 V) ou o
TIC106D (220 V). O diodo BY127 também não é mais comum, atualmente.

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