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Grupo de Patologia Mamária

Considerações sobre
Radioterapia

Rui P Rodrigues
Unidade de Radioterapia
Hospital CUF Descobertas

http://ruirodrigues.pt

© 2007. Image copyright: Bryan Christie Design


A Radioterapia no Cancro da Mama
 A radioterapia é uma das modalidades basilares nesta estratégia, estando
incluida no tratamento de mais de dois terços de todos os casos de cancro e
mais de metade dos casos tratados com intenção curativa.

 A primeira aplicação terapêutica de radiações no tratamento de um cancro


da mama foi efectuada em 29 de Janeiro de 1896, em Chicago.

 Em meados da década de 30 a radioterapia começou a ser usada como


adjuvante da mastectomia radical.

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A Radioterapia no Cancro da Mama
 A radiação pode ser usada para destruir as células neoplásicas residuais na
mama ou na parede torácica após uma cirurgia, ou para reduzir o volume
de um tumor antes da cirurgia.

 A radiação também exerce a sua acção nas células normais, podendo


condicionar efeitos secundários mais ou menos graves.

 A capacidade de administrar radiações ionizantes com precisão aumentou


dramaticamente ao longo das últimas décadas, o que condicionou uma
redução marcada dos efeitos secundários.

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A Radioterapia no Cancro da Mama

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A Radioterapia no Cancro da Mama

2004 2005 2006 2007 2008 n

Totais (mama) 147 167 198 242 197 951

Todos os casos 535 571 699 802 684 3291

% 27,5% 29,2% 28,3% 30,2% 28,8% 28,9%

  2004 2005 2006 2007 2008 n %

Curativos 131 141 178 214 148 812 85.4%

Paliativos 5 8 2 8 8 31 3,3%

Metástases 11 18 18 20 41 108 11.4%

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A Radioterapia no Cancro da Mama
Metástases n %
Osso 55 69,6%

SNC 23 29,1%

Pulmão 1 1,3%
100%

2006+ 79 90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%
Curativos Paliativos Metástases
0%
2004 2005 2006 2007 2008

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A Radioterapia no Cancro da Mama
Distribuição etária
Distribuição etária Média (anos) 57
Máx 91

min 26
258
230
214
n %
<20 0 0,0%

138 20-29 10 1,1%

30-39 73 7,7%

40-49 214 22,5%


73 50-59 258 27,1%

60-69 230 24,2%


26 70-79 138 14,5%
10
0 2 80-89 26 2,7%

90+ 2 0,2%
<20 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80-89 90+
951

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A Radioterapia Adjuvante

 A radioterapia adjuvante após cirurgia conservadora reduz em 60%+ o risco


de recaida local, permitindo sobrevivências idênticas às obtidas com a
mastectomia.
 Early Breast Cancer Trialists' Collaborative Group. Effects of radiotherapy and surgery
in early breast cancer. An overview of the randomized trials (N Engl J Med 1995;
333(22): 1444-1455)

 Reanalysis and results after 12 years of follow-up in a randomized clinical trial


comparing total mastectomy with lumpectomy with or without irradiation in the
treatment of breast cancer. (N Engl J Med 1995;333:1456–61)

 Favourable and unfavourable effects on long-term survival of radiotherapy for early


breast cancer: an overview of the randomised trials. (Lancet 2000;355:1757–70)

 Radiotherapy omission after breast-conserving surgery is associated with reduced


breast cancer-specific survival in elderly women with breast cancer . (Am J Surg. 2006
Jun;191(6):749-55)

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A Radioterapia Adjuvante
 A radioterapia também está recomendada em casos seleccionados após
mastectomia, reduzindo o risco de recaida local e podendo melhorar a
sobrevivência (T>5cm; margem <1mm; +4 gânglios positivos (1-3?); ruptura cápsula)

 Ragaz et al. Locoregional Radiation Therapy in Patients With High-Risk Breast Cancer
Receiving Adjuvant Chemotherapy: 20-Year Results of the British Columbia
Randomized Trial (J Natl Cancer Inst 2005; 97: 116-126. )

 Danish Breast Cancer Cooperative Group DBCG 82c randomised trial . (Lancet
1999;353:1641–8)

 Danish Breast Cancer Cooperative Group 82b Trial (N Engl J Med 1997;337:949–55)

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A Radioterapia Paliativa
 Paliação local
 Hemorragia; ulceração

 Metastização óssea (dor)


 O alivio da dor ocorre com frequência.

 80-90% de respostas objectivas; 50-60% de remissões completas.

 Dos doentes que respondem 80% permanecem sem dor

 Metastização cerebral
 ~40% de respostas objectivas
Metástases n %
Osso 55 69,6%

SNC 23 29,1%

Pulmão 1 1,3%

2006+ 79

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Complicações da Radioterapia

 O risco de morte por patologia isquémica cardiaca pode ser aumentado


após tratamento com radiações nos casos localizados à esquerda.
 Tal como noutras localizações existe um risco, embora reduzido, de indução
de segundas neoplasias (sarcomas; +20 anos)

 A irradiação axilar após celulectomia aumenta o risco de linfedema, que


poderá ser minimizado usando técnicas de localização do gânglio sentinela.

 A plexopatia braquial é rara.


 A necrose cutânea é rara.
 A fractura de costela é rara.

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Complicações da Radioterapia
 Os efeitos cosméticos relacionados com a retração dos tecidos irradiados
depende também de outros factores:

 Volume relativo mama / tumor (critérios p/cir.conservadora)

 Orientação e localização da(s) cicatriz(es) (única vs. múltipla)

 Complicações locais pós-operatórias (seroma; infecção)

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A Radioterapia e o Risco Cardiaco
 O risco de morte por doença cardiaca isquémica associada à radioterapia
no cancro da mama diminuiu significativamente no últimos anos, o que
sugere que os avanços técnicos na administração dos tratamentos se
traduziram em beneficios substanciais para os doentes a eles submetidos.

 Estudos recentes não mostraram aumento do risco cardiaco relacionado


com o lado irradiado:

 O ensaio do Danish Breast Cancer Cooperative Group 82b and 82c, com 3000
doentes submetidas radioterapia após mastectomia entre 1982 e 1990, não
mostrou qualquer diferença no risco de doença cardiaca isquémica (Lancet
1999;354:1425–30)

 A incidência de enfarte de miocardio em 2128 mulheres tratadas com


radioterapia entre 1982 e 1988, após cirurgia conservadora, não difere com o
lado tratado (Vallis et al. J Clin Oncol 2002;20:1036–42)

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Risk of Cardiac Death After Adjuvant Radiotherapy for Breast Cancer
Sharon H. Giordano, Yong-Fang Kuo, Jean L. Freeman, Thomas A. Buchholz, Gabriel N. Hortobagyi, James S.
Goodwin

Journal of the National Cancer Institute 2005; 97 (6): 419-424


http://jncicancerspectrum.oxfordjournals.org/cgi/content/full/jnci;97/6/419

Dados do National Cancer Institute's Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER).
Mulheres diagnosticadas com cancro da mama entre 1973–1989 e submetidas a radioterapia adjuvante (n = 27.283)

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Evolução da Radioterapia

 A redução do risco tem a ver com alterações na tecnologia e técnicas


de radioterapia utilizadas com diferenças substanciais entre a década
de 70 e 80.

 Técnicas extintas (ou em vias de extinção):


 Radiação de ortovoltagem ou Cobalto-60
 Grandes doses por fracção
 Campos tangenciais profundos
 Campos directos anteriores com fotões

 Técnicas implementadas:
 Aceleradores lineares (hemicampos, MLC)
 Planeamento com TAC
 3DCRT / IMRT / IGRT / 4DCRT

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Evolução da Radioterapia
Passado

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Evolução da Radioterapia
Presente

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Processo de planeamento

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Imobilização: Dispositivos

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TAC de planeamento

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Simulação Virtual

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Dosimetria

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Dosimetria - II

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Verificação de tratamento

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Colimadores multilâminas e IMRT

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Conclusões
 Após excisão local completa é recomendável efectuar radioterapia, pois
esta permite uma redução significativa no número de recidivas locais e
um aumento da sobrevivência. A radioterapia não deverá ser omitida,
mesmo em casos seleccionados.

 Após mastectomia a radioterapia é recomendável nos casos de elevado


risco de recidiva loco-regional (T>5cm; +4N+; ruptura capsular).

 Mesmo no contexto de doença disseminada a radioterapia pode


contribuir na paliação de sintomas locais ou secundários à
metastização cerebral ou óssea.

 As melhorias tecnológicas e alterações na estratégia de administração


dos tratamentos permitiram reduzir a incidência de complicações.

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