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Faculdade de Comunicação
Pós-Graduação Lato Sensu em Comunicação Estratégica &
Gestão de Marcas
Salvador
2021
ANA CLAUDIA DA GRAÇA FURTADO
Salvador
2021
Resumo
Exchanges programs represent moments to get to know new cultures, gaining new
experiences for development at personal, professional and academic levels,
expanding the vision and concepts in national, regional and global parameters. In this
research, the Ship for World Youth (SWY) program, created and developed by the
Cabinet Office, Government of Japan, takes place annually, providing scholarships for
young leaders in partnership with several countries. The edition required for the survey
is the 32nd of 2020, which included 230 participants from 11 countries: Bahrain, Brazil,
Egypt, France, United Kingdom, Japan, Kenya, Mexico, New Zealand, Peru and Sri
Lanka. During the two-month period, the exchange was divided into three spaces that
encompass activities in Japan, on a ship and in a selected country, Mexico being the
chosen one for this edition. This study object will be observed through communication
lenses, more specifically linked to branding whose conception represents brand
management with the aim of adding value, making it positive in the minds of its
audiences. The concept of brand management is also applicable to places, called
Place Branding, since localities have identities and develop actions to conquer a
positive imagination in their residents, visitors, potential tourists, institutions, entities,
among others. Thus, the analytical path, will be examined as applied during the period
of advanced categorization and enhance the identities of these countries, along with
the possible occurrence among the participants who aim to stand out among the
others.
Key-Words: Culture; Exchange Program; Place Branding.
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................8
REFERÊNCIAS .........................................................................................................81
8
1. INTRODUÇÃO
2.1 Cultura
A cultura é diretamente afetada pela noção de história única, pois cria-se uma
hierarquização de culturas inferiores e superiores, aquelas que devem servir de
exemplo, estabelecendo uma noção que dilacera identidades culturais de povos,
apaga histórias, reprime hábitos e costumes, roubando a individualidade e
coletividade de países, cidades, e entre outras territorialidades.
Anteriormente, o conceito era grafado como “Cultura”, letra maiúscula e no
singular, pois acreditava-se nela como algo singular e universal, um padrão elevado
que deveria ser alcançado e almejado pela humanidade. Entretanto, esta noção
passou a ser utilizada e, por vezes, ainda é, como método regulatório das demais
culturas, como justificativa para regimes segregacionistas e discriminatórios.
2.2 Identidade
Claude Budar (1997) sustenta esta tese afirmando que a identidade é construída
através do processo de socialização, incluindo a formação de relações e por
formações pessoais. O processo de relações afeta a construção identitária, pois as
ações do sujeito são analisadas pelo outro, estabelecendo que a identidade ocorre
através da relação entre igualdade e diferença com as demais identidades. Já as
formações pessoais incluem o processo histórico, experiências subjetivas, atividades
desenvolvidas e os projetos desse sujeito. Assim sendo, a “identidade nunca é dada,
é sempre construída e (re)construída, em uma incerteza maior ou menor e mais ou
menos durável” (DUBAR, 1997, p. 104).
escolhas contínuas. Logo, a identidade não é classificada como uma descoberta, mas
uma formação e construção composta por escolhas realizadas de forma contínua.
O mesmo é discorrido por Faria e Souza (2011, p.38) demonstrando como a pós-
modernidade apresenta um universo infinito de opções identitárias,
consequentemente, “o sujeito se confronta com inúmeras e cambiantes identidades,
19
Bauman (2005) continua sua análise afirmando que estudar sobre identidade
inclui compreender como as identidades individuais e coletivas passam a ser afetadas
pela era liquido-moderna, as mudanças constantes e o processo de fragmentação
ocorrem de forma fluida nas esferas do micro e no macro. Essa relação dessas esferas
é apresentada em seu questionamento sobre a formação de novas bandeiras, onde
atores sociais se unem em movimentos sociais identitários, reivindicando direitos e
reconhecimentos.
Para complementar esse pensamento, trago Joan Scott (2005) que debate como
esse processo de fragmentação faz com que os atores sociais reivindiquem cada vez
mais o reconhecimento de suas políticas identitárias. A autora grifa esse debate
através das lentes de gênero, onde é importante reconhecer que existem identidades
distintas e diversas, entretanto todas merecem ser respeitadas e ter acesso a direitos
em suas sociedades. E mesmo nesses movimentos existem divergências, percepções
ambíguas, elementos característicos de uma sociedade fragmentada.
Além de gênero, como categoria política e identitária, Hall discorre sobre que
raça:
“Nome, termo, sinal, símbolo ou design, ou uma combinação de tudo isso, com a
intenção de identificar bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e
para diferenciá-los dos concorrentes”. Esse processo de identificação é uma forma de
tornar-se única, destacar-se dentre as outras marcas, ganhando espaço na mente dos
públicos desejados.
O que se entende por marca neste trabalho será a partir da visão da Semprini
(2006), que é composta por três dimensões, sentido semiótico que apresenta um
conjunto de significados; a unificação de discursos por parte dos sujeitos que definem
a marca a partir de aspectos singulares; e, por último, a dimensão de mutabilidade e
adaptabilidade constante das marcas pós de acordo com o ambiente. A marca é uma
interpretação complexa, múltipla e mutável, que permite relação com os cinco
sentidos, junto ao processo de experiência quer seja por vivência direta ou indireta.
possível compreender que esses elementos simbólicos como logotipo, design, estão
ligados aos significados, valores e discursos. As duas dimensões precisam trabalhar
em coesão para formação do posicionamento de uma marca forte, junto a isso é
importante refletir que esses parâmetros de uma marca não são fixos, eles podem ser
modificados relacionado a demanda, a realidade e o contexto espacial e temporal.
A relação das dimensões é desenvolvida por Andrea Semprini (2006) quando
afirma que asas marcas precisam desenvolver histórias unindo o tangível e o
intangível para se apresentar aos consumidores, relacionando o universo da ficção
com a realidade de cada um destes públicos desejados. Estes universos são
denominados de “mundos possíveis”, composto por discursos, sensações e
sentimentos, valores, significados e símbolos. Todos esses elementos interligados de
forma coesa, levando em consideração a complexidade de cada etapa, então assim
será possível a formação de um projeto estratégico, um processo de gestão da marca
para se tornar conhecida, conquistando a mente e o coração de locais.
O trabalho realizado de forma planejada e calculada, estudo de forma estratégica
de como criar e transmitir essa imagem, a gestão da marca são formas de definir o
branding, cuja palavra “brand” vêm do inglês “marca”. Este é um longo processo que
requer um conjunto de etapas que incluem o diagnóstico, pesquisa, criação, análise,
monitoramento e aperfeiçoamento. AMA (2007) também apresenta sua definição de
branding como o processo de “fazer com que um consumidor em potencial perceba a
marca como sendo a única solução para o que ele busca”.
2.4 Marca-lugar
socioculturais, o mesmo ocorre com a formação das marcas desses territórios, sendo
influenciado pelas individualidades e coletividades.
3. DIÁRIO DE BORDO
National Leader
Bahrein Formal On shore Tóquio Cultura
(NL)
Overseas
Brasil Informal Participating On board Honolulu Política
Youth (OPY)
Japanese
Baja
Egito - Participating Abroad Educação
California
Youth (JPY)
Reino
- Administradores - - -
Unido
Japão - - - - -
Quênia - - - - -
México - - - - -
Nova
- - - - -
Zelândia
Peru - - - - -
Sri Lanka - - - - -
4. SUBINDO A BORDO
Tendo como base Gil (2010, p. 118), o presente trabalho pode ser definido como
um estudo de caso único, ou seja, refere-se a uma organização, e é um estudo de
caso típico, que visa explorar ou descrever objetos, que em função de informação
prévia, pareça ser o tipo ideal para estudo. O estudo de caso apresentado se o
programa de intercâmbio Ship For World Youth, fundado em 1988 pelo Órgão do
Governo do Japão, Cabinet Office, com o objetivo de fomentar discussões
internacionais sobre múltiplas temáticas relacionadas a debates em esferas nacionais,
regionais e globais, através de sessões de treinamento em terra (Japão), a bordo do
navio Nippon Maru e no exterior (país selecionado pelo Governo japonês).
O histórico de parcerias diplomáticas e o fortalecimento da relação entre o Brasil
e Japão iniciou em 1895 através de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegações.
Este surgiu com o objetivo de unir e fortalecer relações diplomáticas entre esses dois
países que eram considerados como periféricos, que não eram parcerias priorizadas
pelos países da Europa, que naquele período era apontada como potência central.
Portanto, a “interação nipo‑brasileira teve de vencer as distâncias geográficas,
culturais e políticas para conseguir estabelecer a parceria robusta e multifacetada que
existe hoje” (VARGAS, João. 2017, p. 66).
O autor aponta que a principal característica dessa parceria é a relação bilateral
existente entre o Brasil e Japão, onde buscavam caminhar conjuntamente discorrendo
certos tópicos visando benefícios para o cenário global. Isto foi primordial, pois
reconheciam que sozinhos não seriam capazes de causar um impacto internacional.
Então, historicamente é possível visualizar essa construção a partir de três
dimensões: econômica; político-diplomática; e formação de laços humanitários.
A relação vem sinto tão prospera que a maior parcela da comunidade
nipodescendente é encontrada no Brasil. O mesmo ocorre com a comunidade
brasileira no Japão, que, mesmo sendo recente, apresenta um fluxo crescente a partir
de 1980. Este processo contribuiu para o fortalecimento da parceria populacional,
junto a uma série de políticas e projetos direcionados a inclusão destas comunidades.
Com o desenvolvimento do Japão, ocorreu um aumento da valorização do
processo “de internacionalização e as pressões geopolíticas impelem o país a buscar
um papel global cada vez mais ativo” (VARGAS, 2017, p. 79). Este é um dos fatores
que impulsionaram o país a desenvolver um conjunto de programas de intercâmbio,
aceitando estudantes e professores estrangeiros, buscando incentivar as parcerias
40
dialogam com os objetivos do SWY e com a ODS. O critério para seleção para 32ª
edição buscou focar num parâmetro de diversidade multidisciplinar, participantes com
experiências variadas, incluindo mestre em Estudos Ambientais, arquiteto, engenheiro
químico, professores de idiomas, graduandos em direito e relações internacionais,
bacharéis em comunicação e ciências sociais, dentre outros.
É importante salientar que o poder público japonês, que também representa um
Órgão Internacional, se torna agente socializador e fomentador de cultura e da marca-
lugar. O incentivo da cultura é um dos deveres dessa esfera, pois o programa aqui
analisado busca fornecer experiências inovadoras e transformadoras para os
japoneses e para a comunidade estrangeira. Por isso, retomo a fala de Vargas (2017)
quando demonstra que o Japão ao alcançar posições de destaque
internacionalmente, passa a ter responsabilidades para com a comunidade global. O
SWY expande suas pontes, correspondendo a uma incumbência cumprida por ser um
incentivador de relações interculturais, desde seus participantes representando
delegações distintas e também pelo itinerário percorrido.
A edição 32 realizou um trajeto de atividades iniciais no Japão (Tóquio e
Yohokama), em seguida embarcaram no navio seguindo percurso do oceano pacífico,
realizando parada no Havaí/EUA (Honolulu) para reabastecimento e seguindo para o
México (Baja California), classificado como Port of Call, o local onde foram realizadas
mais atividades de treinamento. Após esse percurso, retornaram ao Japão para que
os OPY conheçam outras prefeituras japonesas e assim realizar o encerramento do
programa. De acordo com Carniello (2009, p. 2), “os lugares são espaços de trocas
simbólicas viabilizadas pelos diversos fluxos de comunicação” e nesses lugares, é
possível que todo o processo de troca referente “a constituição socioespacial de uma
localidade é bilateral e passível de estudo sob diversas ópticas”. Assim, é interessante
analisar como o decorrer de compartilhamento e transição de experiências nestes
espaços tão divergentes proporciona um conjunto de estudos singulares.
O número de participantes comum é de 240 participantes, entretanto na edição
32 houve 230 integrantes devido a problemas pessoais ou dificuldades diplomáticas:
Bahrein com 12; Brasil com 12; Egito com 10; França com 12; Reino Unido com 12;
Japão com 118; Quênia com 10; México com 12; Nova Zelândia com 12; Peru com 12
e Sri Lanka com 8. Os países que enfrentaram dificuldades diplomáticas para
conseguir o visto estadunidense de permissão da entrada no Havaí foram o Egito,
Quênia e Sri Lanka, consequentemente os que não tiveram o visto aprovado ficaram
impossibilitados de participarem do programa.
43
1
Modo de convocar o público alvo para que realize alguma ação.
47
Tabela 4 - Patrocinadores
Elementos de
Patrocinador Estado Produto
marca-lugar
Impressão de 400
cartões postais Visuais, pontos
R2LM São Paulo
coloridos (dupla turísticos
face)
1000 paçoquitas
tradicionais e 500
Santa Helena São Paulo Culinária
paçoquitas de
chocolate
Revistas e livros
Visuais, informativos
Secretaria do Turismo Bahia português/inglês
e pontos turísticos
sobre cultura baiana
Cocadinhas da Bahia Bahia 200 cocadas Culinária
24 manteigas
Natural Science Paraná veganas da linha Culinária
VeGhee
20L de cerveja e 2
Bastards Paraná Culinária
Kits de cerveja
Café gourmet em
Café Noir Paraná Culinária
grãos
12 potes grandes
Granola da Dinda Paraná (650g) de granola Culinária
doce e salgada
8 exemplares do
livro "Bel, a princesa
nordestina"; 60
Leo Rocha Ceara rapaduras; um Literatura; Culinária
cordel escrito
especialmente para
o SWY.
100 bombons de
Bombons Finos Amazonas Culinária
sabores
48
150 revistas
(italiano/inglês,
francês/inglês,
alemão/inglês); 200
folhetos sobre o
Visuais; Informativos;
EMBRATUR Distrito Federal Brasil
Pontos Turísticos.
(inglês/português);
100 bandeirinhas do
Brasil de mesa; 100
pastas de papel com
logo do Brasil
Fonte: Autora
As utilidades designadas para cada patrocinador e seus produtos será
desenvolvida no capítulo sobre o Place Branding durante o percurso no Navio e na
Prefeitura de Wakayama.
Fonte: Autora
2
Nome da comunidade fã de animes e mangás.
51
Fonte: Autora
52
Fonte: Autora
4.2 As 11 delegações
Data da
15:00 – 15:30 15:40 – 16:10 16:20 – 16:50 17:00 – 17:30
Apresentação
19 Jan Japão Bahrain França Reino Unido
20 Jan Nova Zelândia Egito Quênia Brasil
21 Jan Peru Sri Lanka México
Elaborado pela autora
taiko; o Mukkuri, uma harpa que utiliza a tensão da mandíbula do povo indígena Ainu
de Hokkaido;
As danças incluem a Kabuki, uma dança tradicional japonesa onde as
integrantes usam quimono e utilizam leques como uma extensão do corpo
acompanhando os movimentos; Yosakoi, uma dança tradicional dos festivais de
verão, que utiliza narukos, instrumento rítmico que simula palmas. Um dos momentos
que uniu dança e canto foi o Idol Group, um dos pilares da cultura popular japonesa,
onde o grupo de meninas e meninos utilizando uniformes escolares dançando e
cantando. Entregaram bastões luminosos para os OPYs, simulando as apresentações
desses grupos musicais. Já a performance de arte marcial foi o Kendo, surgiu a partir
dos combates dos Samurais.
O segmento que variou as temáticas da apresentação foi o Shodō, a arte da
caligrafia japonesa, buscando a perfeição e disciplina ao utilizar o pincel. Enquanto
um conjunto de JPYs faziam a performance de caligrafia, inserindo os Kanjis3 de cada
país, uma integrante cantava e tocava o Koto, instrumento musical de cordas.
Figura 7 - Shodō
Fonte: Autora
O encerramento da apresentação ocorreu com um Bon Odori, um festival
tradicional japonês onde se realizam danças em um grande círculo. Para esse
momento todos os PYs foram incentivados a participar, dançando coletivamente ao
som das músicas relacionadas a festividade.
3
Um dos sistemas de alfabetos composto por ideogramas chineses utilizado pelos japoneses.
60
Fonte: Autora
Fonte: Autora
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Ao som de “La vie un rosé”, famosa canção de Edith Piaf, a delegação francesa
realizou uma performance se apoiando no fator cômico, fazendo piadas junto as
características da França. Uma das primeiras dicas foi inserida como uma informação
primordial para todos, antes que visitem o país, saber sobre as saudações em partes
diferentes da França, onde se cumprimentam com um, dois ou três beijos.
O tópico a seguir foi sobre o idioma, afirmando ser a mais difícil do mundo,
apresentando exemplos de frases, palavras e termos complicados. Em seguir
demonstraram as ditas características obrigatórias para todo francês incluem beber
muito café, vinho, realizar greves constantes, fumar cigarros e compreender tudo de
moda. Também reencenaram a revolução francesa, a pintura de quadros famosos.
Essa foi a delegação que divergiu dentre as outras apresentações, apoiando o
roteiro em piadas baseadas em estereótipos sem desconstrui-los introduzindo novas
informações. Enquanto isso, os demais voltavam para apresentações performáticas e
apresentar informações e curiosidades socioculturais do país.
A última apresentação do dia foi a do Reino Unido, que buscou rebater com um
teor cômico estereótipos, iniciando com o costume de beber chá. Cada integrante
mencionou o seu tipo de chá preferido, utilizando o humor para apresentar a vasta
quantidade de sabores e métodos para o tomar.
Fonte: Autora
Escócia e Irlanda do Norte. Neste momento a rainha questiona qual identidade eles
querem passar para o mundo como um conjunto de nações unidas. Assim dialogaram
sobre os esportes diversos, tal como o futebol, arremessos, corrida e rugby; as
músicas cantarolando One Direction, Beatles, Queen. Ao mencionar música uma das
integrantes menciona inicia uma performance de rap, demonstrando a variedade
musical indo além do convencional. Seguindo o tema musical, duas integrantes tocam
no violão musicas folclóricas da Irlanda.
Ademais, mencionaram sobre as contribuições para o entretenimento literário,
desde William Shakespeare, Charles Dickens à J.K. Rwoling e J. R. R. Tolkien. Eles
concluem a apresentação afirmam que é impossível definir a característica de uma
população através de uma palavra, de um elemento. Para finalizar, uma das
intrigantes da delegação do Reino Unido recita uma prosa questionando medidas
politicas de exclusão e imperialismo, afirmando a importância do multiculturalismo de
países que rompem fronteiras. Em harmonia os integrantes utilizam um trocadilho
para encerrar a questão sobre identidade do Reino unido, esta foi a frase que muitos
comentaram pelo Nippon Maru “Our diversi-tea is our identi-tea”4.
É possível traçar um paralelo sobre essa multiculturalidade e diversidade
agarrada como símbolo da marca-lugar:
4
“A nossa diversidade é a nossa identidade” realizando um trocadilho inserindo a palavra “tea” do
inglês “chá”.
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Fonte: Autora
Fonte: Autora
Fonte: Autora
A delegação designada para concluir a noite foi a Brasileira. Para iniciar a análise
das apresentações pela delegação brasileira acredito ser significativamente
importante trazer o fato de que:
A apresentação Brasileira iniciou com uma das integrantes tocando flauta doce
para introduzir a musicalidade do país, em seguida de uma nuvem de palavras (Figura
5) foi disposta no telão, construída através de uma pesquisa com o tema “Principais
palavras ligadas ao Brasil”. As palavras com maior destaque foram: Futebol, Samba,
Carnaval, Rio de Janeiro, Amazônia/Floresta Amazônica, Capoeira, Dança.
Fonte: Autora
dividido nas regiões norte, nordeste, centro-oeste, sudeste, sul, cada um composto
por um conjunto de singularidades culturais.
Em seguida, o foco nos biomas que compõem o Brasil, trazendo um diálogo
paralelo ao Curso Temático “Meio Ambiente e Mudança Climática” sobre a
importância da preservação da fauna e flora. Mencionaram as diferenças entre
Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa e Caatinga, junto com os
animais específicos dessas áreas. O tópico de culinária buscou trazer ao menos duas
comidas típicas de cada região, desde doces a salgadas, junto com a descrição delas.
Para concluir a divisão temática, foi demonstrado as principais características de
algumas festividades brasileiras: Carnaval, São João, Lavagem da Escadaria do
Bonfim, Oktoberfest e Festival Folclórico de Parintins.
Durante as transições temáticas, alguns integrantes se apresentavam no palco
realizando algumas performances. Dentre elas temos a capoeira, onde foi realizada
uma pequena roda onde os integrantes faziam o ginga, benção, aú, meia-lua ao som
da cantoria de Paranuê, os instrumentos apresentados foram o pandeiro e o agogô.
As performances de danças incluíam forró, samba, e duas coreografias, “Ariga Tchan”
por É o Tchan e “Vamos para gaiola” do Kevin o Chris. A última performance (Figura
6) foi realizada para o encerramento da apresentação, convidando os demais PYs
para subirem ao palco e dançarem coletivamente.
Fonte: Autora
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Fonte: Autora
Fonte: Autora
No segundo ato da apresentação, a “Folk Dance”, alguns membros da delegação
da França e da Nova Zelândia participaram da dança tradicional do Sri Lanka. Isto
ocorreu por ser uma dança realizada com pares, entretanto metade dos integrantes
da delegação ficaram impossibilitados de participar do programa.
A performance encerro com o Sanni Yakuma, uma dança performática também
chamada da Dança do demônio, pois busca afastar maus espíritos e demônios. Para
isso os membros da delegação dançaram utilizando mascaras. Mascarás de papel,
similares as da performance, foram entregues para todos os PYs usarem.
Para encerrar as atividades, a delegação do México realizou sua apresentação
decorando o Salão com bandeiras tradicionais de festividades do país. Com a
decoração pronta, iniciaram a apresentação com um rap contando a história de
formação do México, relembrando movimentos políticos e dando destaque ao
Massacre de Tlatelolco em 1968. Outra performance musical foi o grupo de mariachis
cantando e com violas de mão.
Após essa introdução “Concheros”, uma dança indígena que inclui pinturas
corporais e adereços com penas na cabeça. Dança Folclórica mexicana denominada
de “La Bruja” onde as mulheres dançam usando vestidos brancos e velas em suas
cabeças. “Chinelos” é uma dança que satiriza os jeitos dos Espanhóis através de
roupas coloridas e mascaras. Essa performance foi realizada inteiramente por
japoneses convidados pela delegação mexicana. Para finalizar as performances de
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Fonte: Autora
Para encerrar oficialmente todas as atividades das apresentações nacionais, a
delegação mexicana preparou uma pinhata, pegaram um objeto com formato de burro,
os PYs tiveram que o atingir com um bastão e os olhos vendados, até conseguir soltar
todos os doces no Salão. Foi um momento de muita alegria, mas pelo conversatório
analisado a delegação Peruana teve maior impacto unido os contos e as danças.
Trago aqui a reflexão que “o binômio semelhança/diferença é essencial para a
construção do posicionamento de marcas”, entretanto nas apresentações
Enquanto as apresentações nacionais eram uma obrigatoriedade apresentada
pelo planejamento oficial, as festas da delegação eram uma atividade voluntária.
Observando que essa atividade é impactante para a construção de um imaginário
positivo dentre os PYs irei analisar a festa da Delegação Brasileira. A decoração
incluiu bandeiras do brasil e bandeirinhas de São João. As musicas escolhidas para
manter a energia da festa foi o funk e o pop brasileiro. Uma estratégia adotada para
trazer os PYs para participar ativamente do evento é criando coreografias, muitos
acabavam por cantar as músicas.
Seguindo os pontos desta festividade estabeleceram barracas de jogos, os
vencedores teriam direito a cocadas e aos bombons finos (Figura 19). Os jogos
incluíam acertar a argola na garrafa e o jogo da pesca. Após algumas rodadas, os
participantes eram convidados para passar no bar que estava proporcionando as
bebidas brasileiras, caipirinha, cerveja e cachaça.
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Fonte: Autora
As opções para alimentação eram inúmeras, brigadeiros, beijinhos, pães com
as manteigas veganas, as paçoquitas (Figura 20) dentre outros. Esse foi um dos
principais usos dos itens angariados por patrocínios, buscando estabelecer um dos
pilares da marca do Brasil com esses produtos.
As apresentações nacionais e as festas das delegações acabam por se
complementar, influenciando no nível dos sentidos, otimizando uma interpretação da
marca-lugar englobando diversos elementos de dimensões distintas.
Figura 20 - Paçoquitas
Fonte: Autora
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Fonte: Autora
As estratégias de branding incluem os cinco sentidos, e mascotes World
Academy of Science, Engineering and Technology (WASET) desenvolveu uma
pesquisa sobre o impacto histórico das mascotes numa perspectiva global.
Inicialmente apontou que o conceito surgiu do francês mascotte, traduzindo para
amuleto de sorte e a partir dos anos 2000, mascotes ganharam potência e passaram
a ser utilizados por milhares de marcas como um talismã visual, influenciando na
decisão e intenção de adquirir determinado produto e/ou serviço. Eles passam a ter
um efeito significativo no comportamento de compra do consumidor, estabelecendo
uma visão positiva em relação às marcas, além de aumentar as possibilidades de
adquirir o produto
Essa é uma forma de humanizar a marca, criando uma relação de proximidade
e conectividade com os diversos públicos alvo. A mascote Kii-chan é apresentado com
o objetivo de ser carismático, incluindo características fofos similares a um animal de
estimação.
Conceitualmente as mascotes têm história, têm memória, constroem
discursos e relacionamentos, ou seja, historicamente, as mascotes e as
personagens constituem - se como uma expressão marcaria
diferenciada na medida em que incorporam elementos figurativos
humanos ou animais e, nesse sentido, passam a ter “vida” pelo recurso
da antropomorfização. (SANTOS, 2017, p. 4)
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Fonte: Autora
Fonte: Autora
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Fonte: Autora
Assim, cada família foi responsável por desenvolver o planejamento para dois
dias apresentando os principais pontos turísticos da prefeitura. É possível observar
que as host families aturaram ativamente como agentes formadores de marca lugar,
afinal cada família optou por escolher quais seriam os principais elementos culturais
a serem apresentados para os PYs.
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Fonte: Autora
A escolha por elementos visuais e que incluem o tato são estratégicos por criar
a memória afetiva e o registro, quer seja por foto ou vídeo. Criar momentos
significantes e marcantes para que assim os consumidores dessa marca-cultura se
tornem agentes propagadores e defensores da marca.
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5. DESFECHO DA JORNADA
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SAMPAIO, Adriano Oliveira. O mundo se encontra aqui?: Uma sondagem de opinião
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85
APÊNDICE
24
Desembarque no Hawaii para abastecimento e água
Jan
25
Tempo Livre
Jan
Atividade
Seminário de Planejamento
26 Matinal Atividade
Olimpíada/ Pós Atividades de Clube B
Jan do Voluntária
Paraolimpíada Programa 1
Grupo D
Atividade
Aula 3 do
27 Matinal Seminário de Aprendizado
Curso Atividade Voluntária
Jan do Grupal 2
temático
Grupo E
28 Encontro do Sessão Fotográfica de Atividade
Atividades de Clube A
Jan Comitê Delegação Voluntária
Atividade
29 Matinal Seminário dos Orientação do Port of Call: Encontro da
Jan do PY 2 Ensenada, Mexico Delegação
Grupo F
30
Jan
31
Jan Atividades do Port of Call: Ensenada, México.
Orientação:
1
mudança
Fev
de Cabines
Combinação
2 Avaliação do Limpeza da Checagem
Tempo Livre das Novas
Fev Port of Call Cabine da Cabine
Cabines
3 Encontro de Encontro de Check in
Mudança da Cabine
Fev Comitê Letter Group novas Cabines
4
Atividades de Clube B Aula 4 do Curso temático Atividade Voluntária
Fev
Atividade
Seminário de
5 Matinal Seminário de Aprendizado Atividade
Olimpíada/ Encontro do
Fev do Grupal 3 Comitê Voluntária
Paraolimpíada
Grupo G
88
Atividade
Orientação do
6 Matinal Esportes e Atividade
Atividades de Clube A Port of Call:
Fev do Recriação 2 Voluntária
Hawaii
Grupo H
7
Desembarque no Hawaii para abastecimento e água
Fev
8
Tempo Livre
Fev
9 Encontro do Atividade
Aula 5 do Curso temático Atividades de Clube B
Fev Comitê Voluntária
Atividade Planejamento
10 Matinal Seminário dos Pós Seminário de Aprendizado Atividade
Fev do PY 2 Programa Grupal 4 Voluntária
Grupo I com NL
Atividade
Ensaio de
12 Matinal Atividade
apresentação Apresentação do Sumário do Curso
Fev do Voluntária
do Curso
Grupo J
Seminário de
13 Planejamento Pós Encontro do Encontro da Olimpíada/ Atividade
Fev Programa 2 Comitê Delegação Paraolimpíada Voluntária
por NL
Atividade Treinamento
14 Matinal de Atividade
Apresentação do Clube de Atividades
Fev do Apresentação Voluntária
Grupo K do Clube
Orientações
15 Reflexão com Cerimônia e Jantar de
Tempo Livre de
Fev NL Despedida
Desembarque
16
Preparação para desembarque
Fev
17 Transferência Check in Orientação de
Desembarque no Japão
Fev para NYC no NYC Treinamento
Elaborado pela autora