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Análise

da obra! Tema

Negar a fruição da literatura

é mutilar nossa humanidade.


ANTONIO CANDIDO
Análise
Tema
da obra! Diferente das outras quatro
obras infantis escritas por
Clarice Lispector, Como
nasceram às estrelas, doze
lendas brasileiras,
publicada no ano de 1987,
reúne as narrativas
herdadas da tradição, ou
seja, são lendas que sob o
olhar da autora, foram
reelaboradas e ganharam
novas roupagens e
sentidos.
Bom o que seria essa ressignificação?

A palavra Ressignificar é um verbo transitivo


que caracteriza a ação de atribuir um novo significado
a algo ou alguém e tal processo possibilita que as
pessoas possam chegar a diferentes concepções e
consequentemente, novos olhares e interpretações,
tudo a partir da sua mudança e “jeito” de ver o
mundo.
Um bom exemplo seria pensarmos em como Clarice
ressignifica quanto ao ambiente/cenário das
crianças/personagens, num primeiro momento nos passa uma
imagem de floresta, milharal, índias, os curumins, as tabas,
num contexto todo indígena na qual a lenda nos remete e em
seguida, já narra contando dos garotinhos que fogem com os
milhos, da avó que fez o bolo de milho, deles comendo e após
fugindo das mães com medo das broncas. Temos aí uma
ressignificação do contexto ambiente/cenário onde fica bem
claro na lenda como uma inovação na história, pois ela usa
dos mesmos personagens alterando o elemento espaço, o que
sem dúvidas acaba aproximando mais do mundo da criança
que vive essas “marotices”.
Surpresa no leitor:
“Quanto aos curumins,
como já não podiam
voltar para a terra,
ficaram no céu até
hoje, transformados
em gordas estrelas
brilhantes”.
Clarice parece chamara atenção quanto a atitudes e
comportamentos das crianças, mas, faz isso muito ao natural.
"Curumim dá sorte. (...) Os garotos pareciam adivinhar as
coisas". Além de conseguirem se comunicar com outros seres, como
os colibris "Aí então chamaram os colibris para que amarrassem um
cipó no topo do céu" (...), parceiros na tentativa de fuga.

“Era uma vez”, que dá início a narrativa e que é


tão comum no início das obras infantis como nesse
caso em que lidamos com uma lenda e folclore
brasileiro. (...) Era uma vez, no mês de janeiro,
muitos índios.
COMO NASCERAM constante interferência do
ÀS ESTRELAS narrador:
CLARICE LISPECTOR
“Podiam esconder numa caverna a
avó e o papagaio porque os dois
contariam tudo. Mas – se as mães
dessem falta da avó e do papagaio
tagarela?”
COMO NASCERAM Aconteceu uma coisa que só acontece
ÀS ESTRELAS quando a gente acredita: as mães caíram
CLARICE LISPECTOR no chão, transformando-se em onças.
Quanto aos curumins, como já não podiam
voltar para a terra, ficaram no céu até
hoje, transformados em gordas estrelas
brilhantes.
FRUIÇÃO

"Aconteceu uma coisa que só acontece


quando a gente acredita"
Temos ai, uma narrativa permeada de fantasia e fatos
inusitados, que levam o leitor a interagir com o enredo
divertido e curioso.
Instiga os leitores a reflexões acerca também, da existência
humana, criação das coisas no mundo (...) “Vou contar a
história singela do nascimento das estrelas”.
Temos essa ideia do “sempre”, de tempo como algo que é
infinito assim como a criação das estrelas.
"E, como se sabe, ‘sempre' não acaba nunca", que vai exigir
desse leitor o entendimento, o voltar para a obra buscando
essa interpretação e/ou esse novo significado.
Ao longo da narrativa,
fatos de histórias e
lendas que crescemos
ouvindo vão
ganhando nova vida
pela escrita da autora,
que dialoga com os
pequenos com muita
naturalidade.
Obrigado!

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