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CAPÍTULO 2

INFORMAÇÕES DE ENGENHARIA

2-1. GENERALIDADES
As informações de engenharia constituem os conhecimentos específicos
de que dispõe o comandante de uma determinada tropa, que pode ou não ser
de engenharia. Esses conhecimentos, quando convenientemente utilizados,
facilitarão o próprio movimento, dificultando o do inimigo. Poderá, também, ser
utilizado para aumentar o poder combativo dessa força, ampliando sua
capacidade defensiva e melhorando as condições de bem-estar de seus
integrantes.

2-2. INFORMAÇÃO DE ENGENHARIA


a. A informação de engenharia, como qualquer informação, é todo conhe-
cimento obtido e devidamente comprovado sobre quaisquer fatos ou circuns-
tâncias que possam interessar a uma decisão de comando. Esse conhecimento
é o resultado de um ciclo de quatro fases:
(1) Planejamento do esforço de busca e preparação das ordens;
(2) Reunião de informes (particularmente a busca);
(3) Processamento de informes recebidos;
(4) Difusão e utilização da informação de engenharia resultante.
b. A informação de engenharia trata, de alguma forma (oral, escrita, gráfica
ou eletromagnética), do terreno, fortificações, tropas de engenharia, processos
de combate, material e possibilidades do inimigo.
c. O trabalho de produção de informações de engenharia constitui um
processo contínuo e permanente. Tem início mesmo antes da deflagração de
um conflito e deverá ser uma preocupação constante em todos os escalões de
comando das Armas, Quadros e Serviços.

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2-3. CLASSES DE INFORMAÇÕES DE ENGENHARIA


a. As informações de engenharia podem ser classificadas como de
combate ou estratégicas.
b. As informações de combate e estratégicas possuem várias categorias
funcionais de informações das quais se originaram. Dentre elas destacam-se:
(1) Informações técnicas de engenharia; e
(2) Informações sobre o terreno.
c. Informações sobre a região de operações
(1) Dizem respeito às características físicas de uma provável ou atual
área de operações. São produzidas pela análise do terreno.
(2) Elementos de informações
(a) Acidentes naturais, tais como: relevo, forma de drenagem do solo,
materiais de superfície, condições do solo, vegetação, lavoura, cursos de água,
costas e regiões de desembarque.
(b) Acidentes artificiais, tais como: vias de transportes, áreas urba-
nas, fortificações e represas.
(c) Possibilidades de exploração de recursos locais tais como: mão-
de-obra, instalações, cascalheiras, madeira.
(d) Interpretação militar, inclusive observação, campos de tiro, cober-
tas e abrigos, acidentes capitais, condições de trafegabilidade através campo
ou vias de transportes.
(3) As informações sobre as condições climáticas e meteorológicas,
apesar de constituirem-se em uma categoria a parte, deverão ser levadas em
consideração no estudo das informações sobre a região de operações.
d. Informações técnicas de engenharia
(1) Essas informações dizem respeito ao projeto, operação, nomencla-
tura, características, possibilidades e limitações operacionais de materiais e
instalações utilizados em apoio ou empregados pelas forças militares.
(2) As informações técnicas têm os seguintes objetivos:
(a) Pronto desenvolvimento de contramedidas face às táticas e ar-
mas inimigas;
(b) Desenvolvimento da doutrina; e
(c) Utilização mais eficiente dos meios à disposição de nossas forças
ou que venham a ser capturados do inimigo.

2-4. RESPONSABILIDADES PELAS INFORMAÇÕES DE ENGENHARIA


a. O engenheiro tem uma dupla responsabilidade nas informações: primei-
ro, produz informações de engenharia para as necessidades operacionais e de
planejamento de seu comandante; segundo, produz informações técnicas e
informações sobre o terreno em proveito de todas as Armas, Quadros e
Serviços.
b. Comandante e estado-maior - Em todos os escalões, a informação é

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uma responsabilidade do comandante. Caberá à 2ª seção dos batalhões e


companhias independentes a elaboração das ordens de reconhecimentos e
levantamento dos elementos essenciais de informações que deverão constar
das ordens de operações. Cabe ressaltar que toda operação poderá constituir-
se em uma provável fonte de informes.
c. Informações de engenharia na divisão de exército - Caberá à
engenharia divisionária acionar as suas unidades diretamente subordinadas
para obtenção de informes e informações de engenharia. O produto dessa
busca deverá ser transmitido às demais unidades.

2-5. FONTES DE INFORMES E INFORMAÇÕES DE ENGENHARIA


a. Reconhecimento de engenharia - Ver capítulo 3.
b. Cartas e fotografias - As cartas e fotografias constituem fontes vitais de
informações de engenharia. As cartas militares, as de transitabilidade de
blindados e as temáticas hidrográficas são fundamentais para o planejamento
do movimento por estradas e através campo. As fotografias revelarão onde e
em que dimensões o inimigo realizou trabalhos de organização do terreno.
c. Civis e prisioneiros de guerra
(1) Os prisioneiros de guerra são interrogados, em cada escalão,
somente com vistas aos informes necessários ao comando respectivo, a não
ser que o comando superior tenha expedido norma específica para interroga-
tório.
(2) As unidades de engenharia, normalmente, só interrogam os prisionei-
ros de guerra que capturam. Para complementar seus informes e em virtude da
natureza técnica dos mesmos, cada escalão não deverá se limitar a somente
emitir pedidos ao comando superior e sim participar do interrogatório de PG
capturados por outras unidades, quando julgar conveniente e desde que não
contrarie ordens superiores.
(3) Material inimigo capturado - Esse material poderá proporcionar
valiosos informes técnicos.
d. Atividades do inimigo - Constitui-se em uma das mais importantes
fontes de informes de engenharia. Deve-se ter em mente que todo trabalho de
organização do terreno demandará, por parte da força inimiga, um aumento do
tráfego de viaturas, equipamentos, helicópteros ou aeronaves.
e. Outras fontes - Compreendem livros, revistas, disquetes de computa-
dor, panfletos, filmes, fitas de vídeocassete, relatórios e materiais diversos,
quer do conhecimento interno do nosso país ou aliados, quer os capturados do
inimigo.

2-6. REGISTRO DAS INFORMAÇÕES DE ENGENHARIA


Em virtude da gama de informações de engenharia necessárias em uma

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operação militar, as 2ª seções das unidades de engenharia deverão manter,


desde o tempo de paz, cadernos de trabalho, em especial aqueles que tratam
sobre:
a. Itinerário para o provável local de emprego da unidade;
b. Principais equipamentos de engenharia em uso no país e no exterior;
c. Principais minas e explosivos ou quaisquer outros itens utilizados em
trabalhos de organização do terreno;
d. Características das principais equipagens de pontes empregadas no
país e no exterior.

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