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Organização do Nervo
A unidade fundamental é o axônio, cada axônio é envolto por uma bainha, chamada
endoneuro. Um conjunto de axônios, formam um fascículo, que é recoberto por uma outra
camada, chamada perineuro. O conjunto de fascículos é que origina o tronco no nervo
periférico e é recoberto por uma camada chamada epineuro. Cada estrutura dessas,
formada pelo axônio e o endoneuro é chamada de túbulo neural, pois não há apenas o
axônio dentro dela, também apresenta proteínas tubulares, várias outras estruturas que
formam essa unidade básica de um nervo periférico, formando uma espécie de túnel. Esse
é um aspecto importante para entender a regeneração do nervo e degradação do nervo.
03- Victor - 00:08:00 a 00:12:00
...Essa unidade básica do nervo periférico, uma espécie de túnel. Isso é um
conceito importante para entender a regeneração e a degradação do nervo. Quando
ocorre uma lesão no nervo, vai ocorrer um processo de degeneração desse nervo -
a degeneração do Axônio recebe nome de degeneração valeriana. Distalmente, a
degeneração valeriana vai ocorrer até o final. Proximamente, ela vai ser limitada aos
nódulos de ranvier próximos. Então proximalmente o nervo vai manter uma
funcionalidade até o nível que houve a lesão. Distalmente ele vai desaparecer, pois
as estruturas nervosas vão desaparecer, o que vai ficar vai ser só o túbulo neural
vazio, sem fibra nervosa.
De novo: cada unidade do nervo periférico é formada por um túbulo neural.
Dentro desse túbulo tem um axônio, proteínas tubulares, células de manutenção,
células de Schwan. Tudo isso é recoberto por uma camada chamada endoNeuro.
Então cada tubo neural, cada axônio, didaticamente dizendo, é recoberto pelo
endoneuro.
O conjunto de axônios forma o fascículo. Cada fascículo é recoberto por uma
camada chamada perineuro. O conjunto de fascículos forma o nervo. Então o
conjunto de fascículos são envoltos por uma camada chamada epineuro.
Quando tem uma lesão do nervo, os axônios que estão transitando aqui vão
sofrer um processo chamado de degeneração valeriana. O que diz esse processo?
Faz de conta que aqui é próximal, lá é distal e eu tive uma lesão aqui. A
degeneração valeriana desse ponto para a distal vai destruir todo o axônio que está
ali dentro do túbulo neural. Desse ponto para a proximal, a degeneração, que tem
pra cá vai ser limitada a alguns nódulos de ranvier, e aí ela para. Significa que esse
nervo, que tem pra cá ainda, ele vai manter uma funcionalidade até o ponto da lesão
. Desse ponto para lá não vai ter funcionalidade nenhuma, ele vai ser degenerado (
degeneração valeriana).
O que é a dor do membro fantasma? Esse tronco de nervo que teve uma
lesão aqui, isso que está proximal está funcionando e o que é que está funcionando
...
... o coto do nervo dando pontos no epineuro. Entendeu como se faz? Vc pega um coto com
outro, vai dar ponto no epineuro. Isso a gente faz com fios, que talvez não enxergue ele a
olho nu, tem que ver no microscópio.
Quais são os padrões de lesão nervosa? Isso aqui é muito importante. Nós temos alguns
padrões que foram estabelecidos há muito tempo, em 1943. Essa classificação é a principal
a ser usada em padrão de lesão de nervo periférico. E essa classificação nos dá 3 tipos de
lesão de nervo periférico.
... existe um potencial de recuperação. Pior prognóstico, uma lesão mais grave, mas ainda com
manutenção da estrutura física do nervo.
Professor: Cirurgicamente o que é que a gente faz? Corta o neuroma, deixa um nervo com fascículos bons
e faz uma ponte, como um enxerto de nervo, tá? *Acho que Matheus pergunta: e clinicamente?*
Clinicamente tu não vai ter como distinguir no exame físico pura e simplesmente isso aí... Não tem como
distinguir, os dois vão dar um déficit neurológico de nervo periférico, vão dar a mesma síndrome, sintomas
muito semelhantes. Como é que você distingue isso? Através do exame de eletroneuromiografia, a história
clínica vai te mostrar muito por que a neurotmese geralmente é relacionada a traumas penetrantes, trauma
cortante, facada, tiro, fraturas, fratura de úmero com lesão do nervo radial... Se eu tenho uma fratura
exposta do úmero na topografia , próxima do nervo radial e o paciente apresenta paralisia nervo radial, a
chance de ser uma neurotmese é muito grande, e aí tu vai investigar, fazer uma eletroneuromiografia para
determinar o tipo de lesão.
Então esse desenho mostra o que falamos, neuropraxia é uma alteração na bainha de mielina, mas com
continuidade do axônio. A axoniotmese é uma lesão do axônio com preservação do tubo endoneural(?) . A
neurotmese é a ruptura da continuidade anatômica do nervo, e essa aqui não vai ter degeneração
valeriana significativa, nessa aqui vai ter algum grau, nessa aqui é completa. Qual delas tem pior
prognóstico? Obviamente que é a neurotmese.
Bom, desses conceitos gerais, vamos chegar agora então na formação dos plexos dos nervos periféricos
. A gente vai ter o plexo de inervação dos membros superiores e inferiores, nos membros superiores o
plexo braquial, formado por raízes de C5, C6, C7, C8 e T1, e a gente vai ver como é que eles se
organizam. O plexo braquial vai ter origem a diversos nervos do membro superior, importante saber é o
território de cada raiz…
Nós temos que ter noção das estruturas que formam o plexo braquial. As raízes
nervosas de C5, C6, C7, C8, T1 vão se organizar primeiro em troncos.
Essas 5 raízes se organizam em 3 troncos: superior, médio e inferior.
Esses troncos trocam fibras uns com os outros e vão formar divisões ventrais e
dorsais. Distalmente, eles vão formar 3 fascículos: lateral, posterior e medial.
Desses fascículos, é que vão nascer os nervos que vão para o membro superior:
nervo radial (recebe fibras das raízes C5,C6,C7,C8, T1), nervo mediano (recebe fibras das
raízes C5,C6,C7,C8, T1), nervo ulnar (recebe raízes de C7, C8,T1). Esses são os 3
principais nervos do nervo superior porque são os que inervam a mão.
O território do nervo radial é a face lateral do antebraço e da mão; o território do
nervo mediano é a palma da mão, metade do indicador, metade do anular; e o território do
nervo ulnar é metade do dedo anular, e quinto dedo. Pode-se decorar isso pelo rádio, pois o
nervo radial é da face lateral por causa da antena do rádio que é o “dedão”.
Existe também o nervo músculo cutâneo, responsável pela sensibilidade da face
superior do braço; o nervo axilar tem inervação na região deltóidea; o nervo subescapular, o
nervo peitoral maior. Todos eles são raízes que se originam do plexo braquial mas os mais
importantes são o nervo radial, o nervo mediano e nervo ulnar porque são esses os que vão
dar 99% dos problemas de nervo periférico no membro superior.
A inervação do membros inferiores é formada a partir de raízes lombares e sacrais.
Existem dois plexos nessa região: plexo lombar e plexo sacral que na prática se juntam
recebendo o nome de plexo lombossacro que é uma estrutura extremamente complexa (...)
Ele tem origem T12 a L5. T12, L1, L2, L3, L4 e L5 dão raízes, dão contribuições para a
formação do plexo lombar. O plexo lombar vai dar origem ao grande nervo femoral. O nervo
femoral é o grande nervo sensitivo da coxa. Então, é muito importante porque é um
grande nervo e é sensitivo. O nervo cutâneo lateral da coxa é um nervo que vem para parte
lateral e que dá a sensibilidade da face lateral da coxa, ele tem um trajeto bem próximo da
espinha ilíaca anterossuperior. Então, quando você palpa a espinha ilíaca anterossuperior,
até dois centímetros dela, é o trajeto do nervo cutâneo lateral da coxa. Se você faz uma
lesão desse nervo... (toca o celular do professor).
Uma lesão do nervo cutâneo lateral da coxa: quadro típico de meralgia parestésica. É uma
dor na face lateral da coxa, quando encosta à roupa o paciente sente que está queimando e
é algo muito ruim de ser tratado. Quem é que lesiona com frequência esse nervo? Os
ortopedistas! Porque quando eles fazem a retirada do enxerto do osso ilíaco, e ele faz uma
retirada muito grande na cirurgia ortopédica, eles incisam muito próximo da espinha ilíaca e
incisam em cima do nervo causando a meralgia parestésica. Ou pode ser também por
compressão, a compressão de uma cinta apertada, ela pode apertar e lesionar esse nervo.
O plexo sacral
O plexo sacral tem origem em uma contribuição de L4, L5, S1, S2, S3, S4 e S5. Na prática,
esses plexos se juntam, mas é dividido didaticamente em lombar e sacral porque:
● O lombar dá origem ao grande nervo femoral que é um nervo sensitivo da perna
(dos membros inferiores;
● O sacral dá origem ao grande nervo ciático que é o grande nervo motor da perna
e do pé (membros inferiores).
Então, o nervo ciático terá as duas porções: nervo tibial e nervo fibular comum. Eles se
dividem em tibial e nervo fibular comum na altura da fossa poplítea. O nervo ciático vem
pela face posterior da coxa, entre a musculatura do bíceps da coxa...
11- Luana - 00:40:00 a 00:44:00
Então, o nervo ciático vem pela parte posterior da coxa, entre a musculatura do bíceps
da coxa na altura da face poplítea. O ciático se divide em nervo tibial e nervo fibular comum. O
nervo fibular comum vai se dividir em superficial e profundo e o nervo tibial também vai se
dividir em superficial e profundo, mas o grande nervo ciático é o que vem ali por isso que nos
quadros de hérnia de disco lombar, comprometem as raízes de L4, L5 e S1, o paciente sente
dor na coxa que irradia para perna. Isso diferencia muito a lesão do nervo ciático da lesão do
nervo femoral. A lesão do nervo femoral pega raiz de L1, L2 e L3, vai dar um quadro de dor que
irradia para porção anterior do abdome da região inguinal e da coxa na porção interna. Lesões
de L4, L5 e S1 vão dar uma dor irradiada pela porção posterior da coxa descendo abaixo do
joelho pegando a perna e o pé, dependendo da raiz, dependendo do dermátomo afetado, do
músculo afetado.
O nervo ciático é o grande nervo do membro inferior, é o mais importante e é o de menor
potencial de regeneração, isso porque nós estamos falando de um nervo que tem a grossura de
um polegar. Mas o ciático não é o único, nós temos outros importantes. Exemplos disso são os
nervos glúteos superior e inferior, nervo do piriforme, todos para músculos da região glútea.
Nós temos também um importante que é nervo pudendo. O nervo pudendo recebe raiz de S2,
S3 e S4, raízes sacrais bem baixas.
O nervo pudendo é o nervo que vem para sensibilidade perineal, ou seja, da região da
vagina, da bolsa escrotal, do pênis, região perianal. É o nervo que vem para inervação da
porção parassimpática da ereção, da ejaculação e da lubrificação vaginal. Assim, é um nervo
muito relacionado com a função sexual, então todos esses ramos nervosos eles são ramos do
plexo sacral importantes para inervação da região perineal e das estruturas vegetativas
relacionadas a função sexual, função urinária e função intestinal.
(Professor começa mostrar um slide com os dermátomos do corpo)
A distribuição da região da pele inervada por causa da raiz sensitiva então vejam que nosso
corpo...
O nosso corpo tem aspecto de metâmeros. Ele é todo segmentado. Esses segmentos são
claramente definidos na teoria, mas na prática não são tão claros, porque ás vezes eles se
sobrepõem um pouco. Uma lesão ao nível de T3, por exemplo, dará uma anestesia na
altura dos mamilos.
A lesão neurológica se apresenta com padrões diferentes quando há acometimento da raiz
do que quando há acometimento do nervo periférico. É isso que eu quero que vocês
entendam, como diferenciar uma coisa da outra. Uma lesão de raiz nervosa, por exemplo,
uma lesão da raiz de L5, você tem uma perda sensitiva que vai se manifestar no território de
L5, mais ou menos na face anterior da coxa, da perna e no dorso do pé, além da face
plantar do pé. Não significa que terá uma anestesia total com essas exatas separações. A
perda de sensibilidade será predominante nessa região. O paciente dirá que o
acometimento será maior nessa região, apontando o território. Ou então, quando você testa
a sensibilidade, ela é claramente reduzida no território, apontando a região menos sensível,
mas ele não perde totalmente a sensibilidade.
A mesma coisa acontece com a motricidade. A parte motora do plexo lombar, por exemplo,
a raiz de L4, faz a inervação da musculatura anterior da perna que faz o movimento de
extensão da perna. A raiz de L5 vai fazer o movimento de flexão do pé e principalmente a
flexão dorsal do hálux. A L4 faz a flexão da perna e a flexão dorsal do pé. A L5 faz a flexão
dorsal do pé e principalmente a flexão dorsal do hálux. A S1 faz principalmente a flexão
plantar do pé. Então quando você tem uma lesão de L4, de L5 o pé não vai ficar paralisado,
mas haverá uma fraqueza. Como você vai ver isso: em L5, ele conseguirá fazer a
dorsoflexão do pé, mas quando você segura o hálux, ele não consegue fazer a extensão do
hálux. Na raíz de S1, ele perde um pouco a capacidade (motora) da força da flexão plantar
...
Aqui a gente tem os dermátomos do corpo. Claro que você não precisa decorar isso
oje, porque qualquer aplicativo do celular tem. Mas tem alguns que são interessantes a
gente decorar:
- na altura dos mamilos: T3-T4
- na altura da cicatriz umbilical: T10
- na altura da região inguinal: T12-L1
- face anterior da coxa, face medial da perna e maléolo medial: L4
- face anterior da perna e o dorso do pé: L5
- face lateral e maléolo lateral: S1
Quando o paciente vai queixar, ele vai dizer: “eu sinto uma dor que vem da coluna e
passa pelas costas, desce na perna e vai até o lado de fora do pé”. Isso imediatamente
você já pensa numa possível lesão de S1. Aí tu examina o cara, bota ele pra caminhar: vai
... volta no calcanhar... agora volta na ponta do pé, mas ele não vai ter força na ponta do pé.
Qual é o raciocínio clínico que você vai fazer: Onde é a lesão (diagnóstico topográfico)? Na
coluna lombar, plexo lombossacro, raiz de S1. Qual a síndrome? Síndrome radicular,
porque tem características de lesão radicular. O quê é? Aí vai depender da história (
exemplo: hérnia de disco, compressão de raiz...), aí tu vai para o exame complementar já
atrás da lesão.
Na lesão do nervo periférico, o paciente já vai chegar te dizendo: “olha doutor, tem
quatro meses agora que eu fiquei com a mão caída, não consigo levantar, o punho
paralisou a mão”. Vai pensar em lesão de raiz nesse caso? Não! Por que não? Porque pra
tu ter uma lesão de raiz causando a paralisia completa da mão, tem que ter no mínimo 4-5
raízes lesionadas. Uma lesão anatomicamente possível pegar todas essas raízes não é que
seja impossível, porque em medicina nada é impossível, mas é virtualmente improvável de
acontecer. Nesse caso tu tens uma lesão de nervo periférico.
Priscila: mas você disse que os sintomas são mais brandos na lesão pré-ganglionar.
Professor: eles não são menos brandos, são menos claros. Vou dar um exemplo: uma
queda de moto, uma lesão no plexo braquial, muito comum, ele cai assim (professor no
momento simula a queda). Então, existe uma situação de lesão no plexo braquial pós-
ganglionar, daqueles troncos nervosos, isso pode ser reparado, tem um potencial bem
melhor de recuperação. Uma lesão de plexo braquial pré-ganglionar, ou seja, uma
arrancamento (avulsiona) da raiz nervosa da medula. Outra lesão comum é em parto
quando a criança é grande e a mãe pequena ou jovem. A criança quando nasce, o obstetra
pega a cabecinha e arranca a criança de dentro, quando ele arranca sai a cabeça e o
ombro fica aí ele faz uma lesão do plexo braquial obstétrico.
Se for uma raiz motora ela vai ter um déficit motor, muito pior do que se for uma raiz
sensitiva, ele vai ficar talvez com dessensibilidade no pé, isso pouco vai incomodar ele. Ao
contrário de, por exemplo, um pé caído (da raiz L4/L5). Então a cirurgia da região da cauda
eqüina ela é complexa por esse aspecto de ser várias vias. Identifica a lesão, identifica o
nervo, a raiz que dá origem a lesão e você tira a raiz com leão e tudo, e muitas vezes
envolvem outras raízes e vai ficar com um déficit maior. Essa síndrome pré- ganglionar.
Entenderão bem a diferença de pré e pós-ganglionar, central e periférico?
Então é isso.