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CSA-069 CSA-070
AUTISMO INFANTIL: CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA FAZERES EXPRESSIVOS E A BUSCA DA LIBERDADE:
OCUPACIONAL PARA MODIFICAÇÃO DO COTIDIANO UM ESTUDO DE CASO EM TERAPIA OCUPACIONAL
FAMILIAR
Rosangela Rocha SOARES (IC - soares.to@terra.com.br)¹
Carlos Magno Berriel RODRIGUES (IC - e Rita de Cássia Barcellos BITTENCOURT (PQ)²
cberriel44@gmail.com)¹
e Rita de Cássia Barcellos BITTENCOURT (PQ)² 1. Curso de Terapia Ocupacional - Universidade Castelo
Branco - UCB - 21710-250- Rio de Janeiro - RJ;
1. Curso de Terapia Ocupacional - Universidade Castelo 2. Professora Faculdade de Minas - FAMINAS - 36880-000 -
Branco - UCB - 21710-250- Rio de Janeiro - RJ; Muriaé - MG
2. Professora Faculdade de Minas - FAMINAS - 36880-000 -
Muriaé - MG Palavras-Chave: Artes, Atividade expressiva, Terapia
ocupacional.
Palavras Chaves: Autismo infantil, Família, Terapia
ocupacional. APRESENTAÇÃO: Conceituar o si-mesmo tem sido objeto de
preocupação na terapia ocupacional. “O auto - conceito, a auto
APRESENTAÇÂO: A família, sociologicamente é definida expressão e o auto controle são listados pela terminologia
como um sistema social, dentro do qual podem ser uniforme da American Occupational Therapy Association em
encontrados subsistemas, dependendo do seu tamanho e 1994, como áreas principais para serem abordadas durante a
definições de papéis. É através deste núcleo familiar, que os indicação e análise da ocupação” [1]. A compreensão do si -
próprios acontecimentos da vida recebem seu significado e mesmo abrange a busca do homem pelo sentido da existência,
através deles são entregues a experiência individual. Os os heideggerianos partilhando dessa reflexão apresentam as
Transtornos Globais do Desenvolvimento, dos quais o leituras de: unwelt, mitwelt e eigenwelt. Onde essas três
autismo faz parte, caracterizam-se pelo comprometimento estâncias coabitam o mesmo ser, em simultaneidade de
severo em três áreas do desenvolvimento: Habilidades de acontecimentos [2]. O ser vivente, é perpassado por
interação social recíproca, habilidades de comunicação, e acontecimentos, que imprime em seus códigos existenciais,
presença de comportamentos, interesses e atividades suas experiências, como ele percebe e interage com o meio
estereotipadas. [2] DESENVOLVIMENTO: O presente social. Impossível é, realizar uma leitura perceptual e imputar
trabalho é o resultado da percepção flutuante das narrativas uma compreensão e apreensão formada a cerca de qualquer
dos usuários do serviço de atendimento a criança com impressão do mundo advinda do outro. Cada um percebe e faz
transtorno global do desenvolvimento na sala de espera da a captação do mundo-das-coisas, de acordo com as vivências
Clínica Escola da UCB-RJ[3]. Não cabe nesse resumo listar a impressas em seu imaginário e, no atravessamento de suas
extensa literatura sobre a família de criança portadora de experiências. DESENVOLVIMENTO: Historicamente, a terapia
autismo, frente ao desafio de reajustar planos e expectativas ocupacional focou seus saberes nos fazeres do cotidiano e
de futuro, devido ao impacto causado pela síndrome na vida artesanais, a contemporaneidade tem remetido os terapeutas
da criança e da família. Há também a interação com a equipe ocupacionais para a busca dos sentidos e significados do fazer
multidisciplinar, com os terapeutas ocupacionais para para os sujeitos. A identidade práxica, o ser que se ocupa de
realização das atividades instrumentais de vida diária e vida fazer coisas, são alvos dessa reflexão. Esse trabalho é
prática, buscando aumento da autonomia da criança e resultante do emprego da metodologia da observação
diminuição do estresse familiar. Às reações da família podem participante para a compreensão dos materiais elaborados por
envolver etapas de ressentimentos, acusações, irritações, um usuário portador de doença mental e, interno da Colônia
negação, rejeição escondendo o filho diferente, tentando Juliano Moreira-RJ, na confecção de lâminas cromáticas de
buscar os culpados, temendo a discriminação e o preconceito papel e caneta esferográfica coloridas, em um complexo de
e, há o fato de que este “novo ser” pode representar um mosaicos e micro-círculos, os quais o usuário denomina de
fardo. Este processo deve ser acompanhado pela equipe “cédulas de carbonamento”. Na criação de lâminas cromáticas
como parte do processo de rede assistencial a criança e a através do desenho, o termo carbonar, freqüentemente utilizado
família. Dentro desta perspectiva, o terapeuta ocupacional, pelo mesmo, significa realizar, fazer seu trabalho. Após
poderá contribuir para a aproximação entre relação entre observação sistemática e indagações, o mesmo informa que
criança e a família, sobretudo por focar seu repertorio estas lâminas (cédulas) seriam utilizadas para compra de sua
terapêutico no desenvolvimento de habilidades do cotidiano e liberdade e saída do asilo psiquiátrico. Nesse processo
na busca de autonomia. Para que o sentimento de emergem conteúdos internos, variadas narrativas de sua vida
impotência não venha incidir sobre os pais, estes terão que perpassam a elaboração das cédulas para ter a liberdade. A
mudar seus estilos de vida, rever os seus sentimentos, para terapia ocupacional, nesse contexto busca oferecer ao sujeito a
incluir “esta criança não prevista” em seu cotidiano, sem que oportunidade de transitar à realidade externa, segundo sua
seja um fardo ou uma sentença. As atividades são intenção, vontade e liberdade. Buscando, ainda fomentar o
vivenciadas pelas crianças no setting terapêutico e sentido de suas ações, positivando a produção sintomática,
orientadas para que façam em casa também. provocando uma reflexão do sujeito doente sobre o seu fazer na
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esta pesquisa possibilitou busca de significado para sua existência. CONSIDERAÇÕES
refletir sobre o sofrimento experimentado pelas narrativas de FINAIS: A observação participante em setting terapêutico
cada família, incluindo as crianças. Buscou romper com o ocupacional permitiu e provocou a reflexão sobre os sentidos e
conceito da existência de um isomorfismo entre a significados do fazer e, da plasticidade subliminar as ações e
manifestação da criança autista e sua família, sensibilizando percepções do sujeito, agregando valor à prescrição das
as equipes, singularizando o olhar para apreender com as atividades expressivas, onde o fazer e suas “acontecências” são
dores e vitórias de cada um. Amarrar os sapatos, participar mediadores da mudança ou do encontro do significado
na mistura da massa de um bolo ou brigadeiro. Um sorriso existencial. Nesse constructo a atividade expressiva empresta
após experimentar escovar o dente sozinho ou, um simples sentido e significado a existência. O material de investigação
olhar de alegria. Cada conquista, cada etapa do científica do presente trabalho buscou a captação desses
desenvolvimento de um filho é para estas famílias um sentidos e dos significados subjacentes as suas lâminas
momento especial e singular. AGRADECIMENTOS: À cromáticas, ao carbonamento de vida de uma pessoa em busca
FAMINAS. da liberdade. AGRADECIMENTOS: À FAMINAS e sua
Coordenação do Curso de Terapia Ocupacional pela
BIBLIOGRAFIA: [1] AVELAR. M. F. Autismo e Família: uma oportunidade.
pequena grande história de amor. Bauru : Edusc, 2001. [2] MELLO,
A. M. S. R. Autismo: guia prático. 3. ed. São Paulo : Brasília Corde, BIBLIOGRAFIA: [1] NEISTADAT, M.; CREPEAU, E. Terapia
2004. [3] Grupoterapia em saúde pública: relato de uma ocupacional. 9. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2002. [2]
experiência. Disponível em: Disponível em: <http://www.filoinfo.bem-vindo.net/vocabulario/>.
www.angelfire.com/bc/aacb/grupoterapia. Acesso em: 24 ago. 2007.
Área do Conhecimento (CNPq): Área do Conhecimento (CNPq):
4.08.00.00-8 - Fisioterapia e Terapia Ocupacional 4.08.00.00-8 - Fisioterapia e Terapia Ocupacional

IV Encontro de Iniciação Científica FAMINAS da Zona da Mata - MG e I Encontro de Pós-Graduação FAMINAS - Muriaé (MG), 3 a 6 de outubro de 2007.
Revista Científica da FAMINAS, Muriaé, v. 4, sup. 1, jan.-abr., 2008

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