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Questionário acerca da introdução e do primeiro capítulo do livro “Lugares para a história”,

de Arlette Farge.

1. p. 8, §1° - "ser historiador não é algo óbvio".

O pensar e o fazer históricos exigem do historiador um aguçado senso crítico e o


questionamento tanto do objeto sobre o qual se debruça quanto de seu próprio ofício.
Mais do que isso: exige um olhar crítico sobre si mesmo e sobre as condições nas quais
se encontra inserido, de modo a, como afirma Foucault, “não apagar de seu próprio saber
todos os traços do querer”.

2. p. 13, § 1° - "como o historiador pode dar conta do sofrimento? (segue até o final do
mencionado parágrafo)".

O historiador trata, muitas vezes, de acontecimentos que originam o sofrimento: guerras,


revoluções, assassinatos. Não costuma analisar, no entanto, o sofrimento em si. Para
tanto, é necessário que se utilize dos “ditos do sofrimento”, das palavras que expressam
tal sentimento, de modo a estabelecer as ligações entre o sofrimento passado e o
sofrimento presente e formular possibilidades de cessação do sofrimento no futuro.

3. p. 19, § 1 ° de "A dor política" - "A dor não é uma invariante, uma consequência
inevitável de situações dadas; é um modo de ser no mundo que varia segundo os tempos
a as circunstâncias".

A dor não é um sentimento experimentado por todos os indivíduos da mesma maneira. Da


mesma forma, a expressão da dor não é a mesma para todos. Além disso, as leituras que
são feitas em relação a tal sentimento variam de pessoa para pessoa. Todas as
dimensões acima enunciadas, por sua vez, variam de acordo com a época e com os
costumes da sociedade na qual os indivíduos se encontram inseridos.

4. p. 20, § 4° - "O sofrimento não é um resíduo de formas imutáveis".

O sofrimento não é o mesmo sempre; adquire diferentes formas de acordo com o


indivíduo, o tempo e a sociedade nos quais e através dos quais se expressa. Sua
presença se dá inclusive no surgimento de movimentos de solidariedade, portanto é
responsável tanto por gerar rupturas quanto por promover benefícios, o que se dá de
acordo com a recepção que lhe é dispensada por parte dos componentes do grupo social.

5. p. 21, § 1 ° - "A terra do sofrimento dos pobres não é uma terra exótica ou selvagem a
visitar; é a matriz de uma comunidade social, por vezes mesmo sua terra de origem".
É importante não cair na tentação de, ao traçar narrativas acerca de grupos sociais
menos favorecidos, enxergar sua pobreza de maneira “exótica”, de maneira inferiorizante.
O sofrimento dos mais pobres, portanto, deve ser considerado como a matriz daquela
comunidade social, e não como um aspecto exótico.

6. p. 23, § 1 ° - "Trabalhando sobre as condições de emergência do sofrimento (segue até


o final do mencionado parágrafo)".

A existência do sofrimento não se deve à fatalidade, mas a uma inteligência existente no


seio da sociedade na qual o sofrimento surge e se manifesta. Desta forma, cabe ao
historiador analisar tais fatores geradores de sofrimento de modo a pensar os modos que
teriam tornado possível evitá-lo. Assim, é possível dar existência aos indivíduos
aniquilados pela dor e pensar outras formas de inteligência, capazes de evitar que o
homem se erga contra o homem.

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