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AS PERCEPÇÕES DO PÚBLICO DISCENTE DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO CEARÁ ACERCA DAS METODOLOGIAS DE


ENSINO-APRENDIZAGEM UTILIZADAS DURANTE O PERÍODO
REMOTO EMERGENCIAL

Débora Naiara Pereira Lopes¹, Iara Késsila Milhome Vasconcelos²


Kariny Bezerra Nascimento³, Rayene Sales Monte4

¹Universidade Estadual do Ceará, Itaperi, e-mail: debora.naiara@aluno.uece.br


²Universidade Estadual do Ceará, Itaperi, e-mail: iara.milhome@aluno.uece.br
³Universidade Estadual do Ceará, Itaperi, e-mail: kariny.bezerra@aluno.uece.br
4
Universidade Estadual do Ceará, Itaperi, e-mail: rayene.sales@aluno.uece.br

RESUMO

Desde de Dezembro de 2019, a doença conhecida como COVID-19 se espalhou


globalmente gerando uma contínua pandemia entre os anos de 2019 até 2021. Devido ao
isolamento social decretado como medida preventiva da doença, o ensino remoto
emergencial se tornou a única opção viável de educação em meio a atual situação do
mundo. Entretanto várias percepções acerca dessa forma de ensino foram sendo
formadas, tantos pelos docentes como pelos discente. E visando entender melhor que
opiniões são essas o objetivo do seguinte trabalho foi avaliar as percepções do público
discente da Universidade Estadual do Ceará acerca das metodologias de ensino-
aprendizagem utilizadas durante o período remoto.
Mediante a isso foi aplicado um formulário online para os mais diversos alunos dos mais
diversos cursos da Universidade Estadual do Ceará e diante de suas respostas foram
obtidos gráficos e porcentagens que nos permitiu tirar conclusões acerca do ensino remoto
emergencial. 67,3% dos alunos se mostraram razoavelmente satisfeitos com essa forma
de ensino, 29,1% pouco satisfeito e 3,6% muito satisfeito. Na pesquisa, os alunos
afirmaram que há uma dificuldade maior de concentração, acarretando em uma baixa
qualidade de aprendizagem. Além do funcionamento da internet não cooperar muito bem
e haver um exagero de atividades passadas pelos professores. 60% dos participantes
afirmaram gostar um pouco das metodologias utilizadas pelos professores, onde 89,1%
disseram que dentre tais metodologias a mais utilizada era aula expositiva ao vivo com
uso de slides, 83,6% seminários, 45,5% aula gravada, 30,09% aula expositiva ao vivo
com outros recursos didáticos, 23,6% jogos/quis. E apenas 1,81% dos alunos afirmaram
ter tudo aulas com desenvolvimento de atividade que envolve filmes, jornais e modelos
didáticos.
Com esse apanhado de dados e opiniões devemos buscar refletir sobre o tema e buscar
estratégias para melhorar o ensino remoto emergencial, considerando todos os prós e
contras levantados pelos estudantes de diferentes graduações e suas sugestões.

Palavras-chave: Educação, pandemia, covid-19, ensino remoto.


1. INTRODUÇÃO

1.1 Pandemia COVID-19


Desde dezembro de 2019, quando foi identificado em Wuhan, na China, a doença
conhecida por coronavírus 2019 (COVID-19) se espalhou globalmente, resultando na
contínua pandemia de coronavírus de 2019-20. Mediante às medidas que devem ser
tomadas para enfrentar a pandemia, sendo uma delas o isolamento social, um desafio
significativo, imposto aos setores de educação em todo o mundo, tem sido continuar a
atender aos requisitos educacionais de alunos do ensino superior, mantendo o ensino à
distância e regras de distanciamento social (Ali, 2020, p.16).

1.2 Ensino Remoto


Nos últimos anos, o ensino presencial tradicional foi complementado com ensino
baseado em tecnologia e recursos digitais. Isso permite que as instituições de ensino
utilizem o conhecimento de ensino baseado em tecnologia existente para fazer a transição
para o ensino e aprendizagem remotos durante esse período. Pedagogias online como a
aprendizagem síncrona, em que educador e aluno estão presentes no mesmo espaço
virtual ao mesmo tempo, e a aprendizagem assíncrona, onde há interação on-line, mas
não ao mesmo tempo, constituem a nova base da educação digitalizada.
No ensino a distância, diversos aplicativos baseados são usados para videoconferências,
fóruns de discussão e palestras gravadas em áudio / vídeo. Essa forma de aprendizagem
mudou o papel dos alunos de passivos para participantes ativos no processo de
aprendizagem.

1.3 Ensino Remoto Emergencial


Essa mudança, proporciona aos alunos a flexibilidade de aprendizagem, contudo,
várias desvantagens do ensino à distância podem ser observadas, como sentimentos de
isolamento, perda de contato pessoal com professores e colegas e destaque das
desigualdades existentes no acesso digital, recursos e habilidades entre os alunos
(Bahrambeygi et al., 2018; Kattoua et al., 2016; Moore 2014).
Alunos com vantagens financeiras têm maior acesso a recursos digitais para continuar
o trabalho acadêmico; inversamente, suas contrapartes mais pobres, não.
Para o ensino à distância ser eficaz, certos requisitos relacionados para acessibilidade e
habilidades de navegação precisam ser atendidos. Esses requisitos incluem a
disponibilidade de infraestruturas suficientes, como computadores e acesso à Internet e
orientação para um sistema de gerenciamento de aprendizagem e computador básico
(Sowan & Jenkins, 2013).
Esta exposição acabará por estreitar a lacuna que existe em torno do uso eficaz de
pedagogias online como metodologia de aprendizagem eficiente durante estes tempos
sem precedentes, mas também como uma metodologia para uso futuro.
Portanto, o objetivo do presente trabalho é avaliar as percepções do público discente
da Universidade Estadual do Ceará acerca das metodologias de ensino-aprendizagem
utilizadas durante o período remoto.
2. METODOLOGIA

2.1 Método Survey


O método escolhido para o desenvolvimento da pesquisa é denominado de Método
Survey. Se trata de uma metodologia quantitativa com objetivo de coleta de dados, ou
informações sobre características, ações ou opiniões de um determinado grupo de pessoas
através de um instrumento de pesquisa, na maioria das vezes um questionário (FREITAS
et al, 2000).
A amostra para a obtenção de dados foram alunos de graduação de vários cursos da
Universidade Estadual do Ceará, localizada em Fortaleza – Ce. Foi encaminhado um
questionário eletrônico, confeccionado no Google Forms, através de veículos sociais
digitais como Instagram e WhatsApp. Para que fosse alcançado a maior quantidade
possível de estudantes, para que os dados fossem grandes em número, o
compartilhamento do formulário virtual foi feito com a ajuda do Laboratório de Formação
de Professores (LAFORP) do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do
Ceará, e dos Centros Acadêmicos de alguns cursos da universidade.

2.2 O questionário
O formulário eletrônico (dividido em quatro seções) era composto de quinze perguntas
alternadas entre abertas e fechadas, além do termo de consentimento livre e esclarecido,
que visavam entender a relação do público com as metodologias de ensino remoto nesse
período emergencial, bem como aspectos da vida pessoal que poderiam interferir nessa
relação.
A primeira seção se tratava do termo de consentimento, onde era explicado para o
público o objetivo da pesquisa e de que forma os dados coletados seriam utilizados. A
segunda e terceira seção, denominadas por “Quem é você?” (FIGURA 1), tinham
perguntas relacionadas a aspectos da vida pessoal do público que poderiam vir a
influenciar no ensino a distância. A última seção, intitulada de “Ensino remoto
emergencial” (FIGURA 2), era formado por questionamentos acerca da experiência do
aluno com as metodologias aplicadas no ensino remoto.

Tabelas 1 e 2: Perguntas contidas no formulário eletrônico nas seções 2 e 3 intituladas de “Quem é você?”.
Tabela 3: Perguntas contidas no formulário eletrônico na seção 4 intitulada de “Ensino remoto
emergencial”.

2.3 Dados Estatísticos


Os dados da pesquisa foram coletados a partir das respostas obtidas através das
perguntas feitas pelo formulário eletrônico, onde os mesmos foram revistos e analisados
gerando gráficos e tabelas para uma melhor organização.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da pesquisa 55 alunos da Universidade Estadual do Ceará (UECE), sendo


70,9 % do sexo feminino. 98,2% dos participantes alegam não ter filhos. 74,5% têm de
18 a 23 anos, 18,2% têm de 24 a 30 anos e 7,3% têm mais de 30 anos, a maioria dos
alunos não teve contato com o ensino remoto antes da pandemia.
Os cursos de graduação dos participantes da pesquisa foram 43,65% do curso de
Ciências biológicas, 25,45% do curso de enfermagem, 16,36% do curso de química,
3,63% do curso de nutrição, 9,09% do curso de pedagogia e 1,81% do curso do serviço
social, na qual 67% estão entre o 1º ao 5º semestre, 33% entre 6º ao 10º semestre e 1,81%
não sabem em qual semestre se encontram.
No tocante a satisfação dos alunos em relação ao período remoto emergencial, 67,3%
está razoavelmente satisfeito, 29,1% está pouco satisfeito e 3,6% está muito satisfeito. Na
pesquisa, os alunos afirmaram que há uma dificuldade maior de concentração,
acarretando em uma baixa qualidade de aprendizagem. Além do funcionamento da
internet não cooperar muito bem e haver um exagero de atividades passadas pelos
professores.
No entanto, 60% dos participantes afirmaram gostar um pouco das metodologias
utilizadas pelos professores, onde 89,1% disseram que dentre tais metodologias a mais
utilizada era aula expositiva ao vivo com uso de slides, 83,6% seminários, 45,5% aula
gravada, 30,09% aula expositiva ao vivo com outros recursos didáticos, 23,6% jogos/quis.
E apenas 1,81% dos alunos afirmaram ter tudo aulas com desenvolvimento de atividade
que envolve filmes, jornais e modelos didáticos.
Penteado e Skovsmose (2008) recomendam que os professores saiam da zona de
conforto e caminhem em direção à zona de risco, pois para os autores, a incerteza e a
imprevisibilidade geradas em um ambiente informatizado podem se tornar possibilidades
para o desenvolvimento do aluno, do professor e de situações de ensino e aprendizagem.
De fato, é relevante considerar as condições materiais e as oportunidades de crescimento
oferecidas pela Instituição de Ensino Superior nos momentos de experimentação de novos
modelos de ensino (FERREIRA, et al. 2020).
Diante disso, a realidade vivenciada com a pandemia proporcionou um novo olhar
para a didática do professor, sendo, de modo essencial, que os docentes busquem
estratégias e ferramentas de ensino, de forma a elaborar o conteúdo de diversas disciplinas
para atender o contexto atual. Nesse viés, a maioria dos alunos afirmam que para melhorar
o ensino remoto buscariam inovações, ludicidade, dinamismo afim de chamar a atenção
dos discentes, além de reduzir o tempo e as atividades (FIGURA 3).

Figura 1: Nuvem de palavras elaborada pelo programa WordArt® com a manifestação dos alunos acerca
da melhoria para o ensino remoto.

Por fim, os professores devem adotar o replanejamento das aulas, tendo em vista a
criação e adaptação de estratégias de ensino aplicáveis ao ambiente remoto com recursos
pedagógicos online, como apresentado por Behar (2020).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período remoto emergencial a presente pesquisa levantou dados por meio
de um questionário online produzido através da plataforma Google Forms®, o qual foi
compartilhado para os estudantes de graduação da Universidade Estadual do Ceará
(UECE). O desenvolvimento da pesquisa possibilitou em primeiro momento traçar o
perfil do público participante o qual a maioria são jovens, do sexo feminino, não têm
filhos e possuem acesso a internet visto que o formulário foi aplicado de maneira
totalmente online. Além disso, a pesquisa contou com participantes de 6 cursos diferentes,
sendo a maioria do Curso de Ciências Biológicas.
Com a análise do questionário é possível concluir que os estudantes relataram não ter
tido contato anterior com esse modelo de ensino, além disso um pouco mais da metade
relatou estar razoavelmente satisfeitos com o ensino remoto emergencial já que ele se
adequou bem ao atual momento histórico e a maioria consegue exercer outras atividades
durante o dia, como atividades complementares e trabalho, ou seja, economia de tempo.
No entanto alguns relataram empecilhos para uma aprendizagem adequada, entre eles um
ambiente domiciliar não adequado, sobrecarga, necessidade de aulas práticas e
metodologias inadequadas.
Em relação as metodologias utilizadas pelos professores, mais da metade dos alunos
relataram gostar um pouco das metodologias utilizadas pelos professores, em que aulas
expositivas e seminários estão entre as abordagens mais mencionadas e o uso de outros
recursos didáticos, jogos/quis e atividades envolvendo filmes, jornais e modelos didáticos
foram menos relatadas. Pode-se observar que esses resultados entram em confronto com
as opiniões dos alunos acerca de como melhorar o ensino remoto, eles mencionam:
melhor preparação dos professores e mais empatia por parte deles, uso de metodologias
menos maçantes e mais interativas.
Com esse apanhado de dados e opiniões devemos buscar refletir sobre o tema e buscar
estratégias para melhorar o ensino remoto emergencial, considerando todos os prós e
contras levantados pelos estudantes de diferentes graduações e suas sugestões.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Novos Tempos, Novos Desafios: Estratégias para Equidade de Acesso ao Ensino Remoto
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20200420.

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