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O trabalho foi idealizado para ser desenvolvido com três atividades que

abrangem os principais tópicos da química, de acordo como o CBC (Currículo


Básico Comum) de Minas Gerais, sendo eles; Soluções e suas diferentes colorações
pensando nas misturas de cores, capilaridade até se chegar na cromatografia
perpassando os assuntos correlatos.
Inicialmente a proposta seria aplicada presencialmente com os alunos do
Ensino Médio, o que facilitaria e ampliaria a compreensão de todos e o papel do
professor seria a mediação das atividades, atividades comumente corriqueiras no
formato presencial.
A pesquisa foi direcionada para alunos do 3° ano do Ensino Médio, de uma
escola pública na cidade de Uberaba, Minas Gerais, onde a pesquisadora trabalha
como professora de Química. O ambiente escolar onde seria realizada a pesquisa
dispõe de espaços físicos adequados à prática de experimentos químicos, no qual
os alunos teriam a capacidade de desenvolver satisfatoriamente todas as etapas
que compreendem esta sequência. O professor poderia direcionar e intermediar a
turma no ato da experimentação, acompanhando a realização e discussão de todos
os estágios.
Porém um colapso sem precedentes desabou sobre todo o mundo, a
pandemia do coronavírus, trazendo consigo complexidades inúmeras, seja na vida
pessoal, profissional e acadêmica. Houve no caso da educação uma urgência para
que fossem pensadas novas formas de continuar o ensino, adequando-o às novas
circunstâncias.

Num curto espaço de tempo, o estado de Minas Gerais implementou um


sistema emergencial de atividades não presenciais de teletrabalho, o Plano de
Estudos Tutorados (PET), consoante a resolução SEE N° 4.310 de 17 de Abril de
2020, que foi desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação do Estado de
Minas Gerais (SEE). Esse sistema tem o intuito de dar continuidade e trazer uma
certa normalidade aos alunos para que possam seguir com a aprendizagem em
tempos de pandemia Covid 19.

O PET, a princípio não teve um prazo de uso definido, ficando dependente da


melhoria das condições de saúde pública devido a pandemia de Covid 19 para o
retorno das atividades presenciais, ou seja, quando as atividade de forma presencial
tiverem retornado é possível que seu uso seja ou cessado ou continue de forma
híbrida.

As dinâmicas ofertadas pelo regime de estudos não presenciais do estado de


Minas Gerais foram subdivididas em três eixos, sendo o primeiro o próprio PET,
seguido pelo programa “Se Liga na Educação” e as redes sociais da Secretaria de
Educação de Minas Gerais. O programa “Se Liga na Educação”, apresenta 200
aulas previamente gravadas e 20 ao vivo, onde a duração e a sequência dos
programas se assemelha a um dia escolar, com as matérias sendo apresentadas
uma seguida a outra com duração entre 20 a 78 minutos e o programa transmitido
por uma emissora de televisão pública do estado de Minas Gerais, a REDE MINAS,
e é acessível também por um aplicativo desenvolvido pela SEE (Secretaria de
Educação de Minas Gerais), chamado “Conexão Escola”.

O aplicativo Conexão Escola, pode ser acessado fazendo download do


aplicativo através da loja de aplicativos Play Store, ou pela Web. Este aplicativo
permite que os alunos tenham acesso a toda vida escolar, para isso é necessário
logar no sistema através de um email institucional oferecido pela SEE, o mesmo, a
princípio, não teria consumo de dados dos alunos que acessam, porém conforme
relatos informais de alunos à pesquisadora, há sim o consumo de dados móveis
quando se acessa o mesmo.

Uma constante verificada pela pesquisadora é o grande número de alunos


que, ou não dispõe de internet, ou não dispõe de plano de dados no celular, ou
mesmo do aparelho celular para ter acesso aos aplicativos como o Conexão Escola,
e assim dar continuidade a aprendizagem em tempos de pandemia. Conforme
estudo publicado no livro Demandas e Contextos da Educação no Século XXI da
autora Karine Durau, somente 18% dos alunos de Uberaba de escola pública estão
categorizados entre as classes A e B socioeconômicas, outro fator impeditivo é o
grande número de famílias que perderam renda, forçando assim a realocação de
valores que antes eram destinados a itens tidos como de menor importância como
internet, serem destinados a alimentação ou itens de maior urgência.

O PET, foi elaborado para contemplar desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, foi dividido e apresentado aos alunos semanalmente e cada edição contém
dinâmicas que abrangem os Componentes Curriculares conforme o ano escolar de
cada turma com carga horária que deve ser cumprida respeitando as normativas
vigentes. Vale frisar que o PET não alcança na integralidade todos os segmentos
requisitados pela matriz curricular e fica a cargo dos professores desenvolver, ou
complementar as atividades e práticas pedagógicas necessárias.

O PET é enviado aos estudantes principalmente de forma eletrônica através


da plataforma de trocas de mensagens Whatsapp, na qual cada escola cria grupos
dentro do aplicativo como se fossem salas de aula e cada professor se apresenta
para ministrar a aula conforme fosse de forma presencial, inclusive respeitando o
tempo e número de aulas. Há a possibilidade de o PET ser entregue ao aluno
impresso, quando o mesmo não dispõe dos meios para receber de forma eletrônica,
ficando a cargo da escola a impressão e a entrega.

Em decorrência do elevado índice de evasão escolar de alunos na escola


pública durante a pandemia, onde a pesquisadora trabalha, e a baixa interação dos
alunos durante as aulas online, optou-se por mudar o grupo de pesquisa. Foi
levantada então a possibilidade entre a equipe de pesquisa de aplicar a atividade
com licenciandos recém chegados do Ensino Médio, em uma turma de calouros do
curso de Licenciatura em Química, afinal estes contemplavam características de
alunos recém saídos do Terceiro Ano e alguns pré requisitos como assiduidade,
maior facilidade de acesso a internet e um comprometimento maior com os estudos
de forma remota. A atividade então para os mesmos foi ofertada para verificar a
aceitabilidade do material.

O experimento contou com 16 (dezesseis) licenciandos do 1° ano do curso de


Licenciatura em Química da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
matriculados nas matérias de ESTUDOS DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS
(EDP) e ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO DE QUÍMICA (EDEQ),
matérias essas que tem como objetivo o desenvolvimento e a criação de novas
maneiras e abordagem para o ensino da Química.

A pesquisa foi adaptada para o uso em uma plataforma digital na qual fosse
possível a realização do experimento com a participação ativa dos licenciandos,
dividido em quatro etapas e cada etapa correspondente a uma aula de 50 minutos.
Existe uma grande dificuldade em migrar para o virtual algumas práticas e
apresentações, principalmente quando se trata da Química, porém o que nos é
exposto agora é um “novo normal” como é corriqueiramente falado.
Em um ambiente normal, é notório que surgiriam dúvidas e perguntas, com o
uso de uma plataforma virtual para realização do experimento espera-se um
comportamento semelhante ao presencial dos licenciados. A pesquisa foi
desenvolvida utilizando-se de uma abordagem qualitativa, com a coleta de dados
por meio de questionários contendo questões abertas.
A princípio houve receio de que os licenciandos poderiam não performar na
mesma cadência que seria no caso do experimento ser presencial, padecendo de
manusear ou participar de forma atuante como um experimento investigativo
designa-se, esta possibilidade não haveria mas contudo se faria necessário
aproximar ao máximo o experimento da forma presencial.
Na etapa de sondagem preliminar (1ª etapa), foi aplicado um questionário
diagnóstico com 6 perguntas abertas sobre misturas e soluções, buscando identificar
as concepções dos licenciandos sobre os assuntos, contextualizados a partir do
tema Corantes Alimentícios, não sendo identificada, por parte dos alunos,
dificuldades em realizá-la, haja vista, ser aplicado usando um recurso tecnológico,
no caso o aplicativo Google Forms, que é um gerenciador de pesquisas e coletas de
dados, onde todas as respostas são enviadas de forma automática para o
autor/criador, facilitando o tratamento das respostas coletadas. Conjuntamente na
primeira etapa foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no
qual os alunos concordavam em participar da pesquisa e autorizavam a divulgação
da mesma apenas mantendo em sigilo a identidade de cada participante.
A imersão tecnológica provou-se análoga à presença dos alunos, lembrando
que a geração Y ou Millennials, já nasceu com a massificação da internet e de meios
digitais o que facilita e torna natural o uso de novas tecnologias, sejam elas no dia a
dia ou mesmo para a conexão ensino/aprendizagem.
Com isso é possível avistar novas maneiras de “aprender”, onde o ensino
deixa de necessitar obrigatoriamente de um espaço físico formal para ganhar uma
atmosfera mais ampla.
A utilização de meios tecnológicos para a continuação do ensino em tempos
de pandemia deixa seu legado e o aprendizado adquirido por professores poderá ser
utilizado para o aprimoramento do ensino mesmo quando retornar o presencial.
A possibilidade de ministrar aulas de forma híbrida, ou seja, associando o
ensino remoto ao presencial quebra o modelo tradicional, inserindo o uso de
plataformas que já estavam dispostas, antes mesmo da pandemia, como o Google
Classroom, Google Meet, Zoom, Clip Escola e outras, ferramentas que podem servir
de grande ajuda para os professores, revisando tarefas enviadas e mensurando o
avanço da turma.
A popularização do uso do celular principalmente pelos jovens pode ser
aproveitada como um grande instrumento de aprendizagem, tendo em vista que
pode ser utilizado pelos discentes de maneira prática e independente, fazendo uso
das plataformas digitais para o ensino, bastando apenas ter acesso a internet.
Moura (2012) afirma que:
Os utilizadores mais jovens veem o telemóvel ou smartphone como o
cordão umbilical que os mantém conectados com o mundo exterior e
lhes oferece a possibilidade de obter informação essencial para
enfrentar as necessidades quotidianas.

A utilização de plataformas digitais é uma categoria que envolve diversos


quesitos para a “Educação de Quarta Geração'', que serão premissas
indispensáveis impostas pelo futuro mercado de trabalho, e empresas como a
norte-americana Google que investe pesado no desenvolvimento de plataformas
para auxiliar os utilizadores de celulares e computadores.
As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, auxiliam na transição
do experimento presencial para o virtual e possibilita a inserção do ensino remoto de
qualidade
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
(BNCC, 2018)
Sendo catalogada como a 5° das competências da Base Nacional Comum
Curricular, o uso das TIC's se fez essencial nesse projeto, o experimento foi
apresentando utilizando-se do Google Meet uma plataforma da Google que foi
inicialmente publicada em 2017 e era necessário que o usuário tivesse uma
assinatura paga para fazer uso da mesma, porém a partir de 2020 a empresa, como
forma de auxiliar milhões de usuários mundo afora, começa a oferecer de forma
gratuita, dessa maneira, rapidamente o aplicativo se tornou o mais utilizado no
mundo, e possibilita reuniões virtuais de até 100 pessoas por um longo intervalo de
tempo e com repetições, além da inserção constante de novas extensões que
facilitam a comunicação e a interação dos participantes.
Na segunda etapa, foi realizada uma aula online, também utilizando a
plataforma Google Meet, sobre corantes, onde conceitos e informações importantes
do tema foram apresentados, além de se discutir o Questionário Diagnóstico, que
serviu como base para que os docentes quantificassem o conhecimento dos alunos
sobre o tema. Em seguida foi apresentado um vídeo auto explicativo, elaborado pela
pesquisadora, a partir de fotografias do experimento sobre “Como preparar um
merengue com diferentes tonalidades de verde” no qual apresentou-se a “Situação
Problema” da personagem Clara que foi o desafio de conferir diferentes tonalidades
de verde a um suspiro feito de merengue e possuindo apenas uma única solução
corante verde e outras duas soluções corantes amarela e azul, não tendo tempo de
adquirir outras tonalidades de verde para enfeitar o bolo. Como o vídeo foi dividido
em três momentos diferentes os quais eram apresentados aos alunos e logo
discutidos com os mesmos para verificação do entendimento e aberta a
possibilidade de sanar dúvidas durante a exibição. A ideia do vídeo foi mostrar aos
alunos que é possível obter diferentes colorações com a mistura de cores primárias
para a obtenção de outras cores secundárias, misturando soluções corantes de
diferentes cores e diferentes quantidades de soluto e solvente.
O experimento teve a intenção e preocupação inicial de, a partir do momento
que foi “virtualizado”, devido a pandemia, transpor aos participantes uma sequência
experimental investigativa virtual com os mesmos cuidados e exigências que seria
caso fosse presencialmente, possibilitando que o licenciado visualizasse todas as
etapas.
Conforme Ludke e André (1986, pág. 26)
Tanto quanto a entrevista, a observação ocupa um lugar
privilegiado nas novas abordagens de pesquisa educacional. Usada
como o principal método de investigação ou associada a outras
técnicas de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e
estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que
apresenta uma série de vantagens. Em primeiro lugar, a experiência
direta é sem dúvida o melhor teste de verificação da ocorrência de
um determinado fenômeno. “ Ver para crer” diz o ditado popular.
O desfecho da segunda etapa se deu com a disponibilização para os
licenciandos de um relatório sobre o conteúdo aplicado e foi solicitado aos mesmos
que o entregassem em um prazo não superior a 7 dias, vale ressaltar que este
relatório foi ofertado pela plataforma Google Forms e os participantes poderiam
pesquisar as respostas quando necessário.
No questionário diagnóstico, as perguntas tiveram como objetivo avaliar os
licenciandos quanto à capacidade de analisar e extrair informações dos rótulos de
três corantes artificiais líquidos, além de verificar os conhecimentos prévios destes
licenciandos sobre substâncias puras, misturas homogêneas e heterogêneas,
solutos e solventes. A seguir, serão apresentadas algumas impressões e resultados
da avaliação deste questionário.

Em se tratando da identificação dos componentes dos corantes artificiais


líquidos Amarelo Damasco, Azul Aniz e Verde Hortelã, apenas 57% das respostas
foram consideradas satisfatórias, evidenciando que 43% dos licenciandos,
provavelmente, tiveram dificuldade para interpretar o enunciado da questão. Além
disso, observou-se que algumas das respostas foram retiradas da internet, ao invés
de serem consultadas nos rótulos fornecidos.

Quando os licenciandos foram questionados sobre quais dos corantes


artificiais líquidos possuíam maior concentração de tartrazina e de azul brilhante
FCF, foram obtidas 72% de respostas satisfatórias. Em 28% das respostas,
observou-se que os alunos não conseguiram identificar corretamente os corantes
artificiais líquidos, sugerindo, como na questão anterior, uma possível dificuldade de
interpretação, havendo a possibilidade ainda, do aluno não ter relacionado os
valores percentuais do rótulo com as concentrações das substâncias.

Para verificar o conhecimento prévio dos alunos sobre substância pura,


mistura homogênea e heterogênea, os licenciandos foram questionados sobre como
poderiam ser classificados os corantes.

A maioria das respostas (58%) foi considerada satisfatória por apresentar


justificativas concordantes com a esperada, principalmente, quando as expressões
aspecto uniforme, composição idêntica por toda a mistura e solubilidade entre os
componentes, foram apresentadas em referência à mistura homogênea. Ainda, o
uso da justificativa vários elementos se misturam, deixando o líquido com uma única
fase indicou que os alunos reconhecem as diferenças entre misturas homogêneas e
heterogêneas, no entanto, provavelmente, não tem bem consolidado os conceitos de
substância pura e elemento químico. Somente um dos participantes da pesquisa
justificou utilizando o aspecto visual a olho nu, explicando que nas misturas
homogêneas não é possível distinguir as cores de cada componente.

Essa forma de diferenciar as misturas homogêneas das heterogêneas não é


incorreta, entretanto, algumas misturas heterogêneas podem ser equivocadamente
consideradas como homogêneas quando vistas a olho nu, como é o caso do sangue
e da maionese.

Considerando a questão em que foi solicitado aos alunos que identificassem


os solutos e os solventes nos corantes artificiais líquidos, apenas 22% das respostas
foram consideradas satisfatórias, sendo que na maioria destas, além da água, o
álcool etílico também foi reconhecido como solvente. Em 29% das respostas foram
identificados equívocos, como o não reconhecimento do álcool como solvente, a
inversão dos conceitos de soluto e solvente e o desconhecimento de qual
componente da mistura determina o seu estado físico.

Ao serem questionados sobre o que aconteceria ao se misturar os corantes


artificiais líquidos Amarelo Damasco e Azul Aniz, esperava-se que os licenciandos
observassem os rótulos apresentados e verificaram que os componentes da mistura
resultante seriam: água, álcool etílico, tartrazina, azul brilhante FCF e indigotina,
concluindo que a mistura resultante possui composição quase idêntica à do corante
artificial líquido Verde Hortelã, diferenciando apenas pela ausência da indigotina,
resultando em uma coloração verde semelhante, mas não idêntica, a este corante.
Dentre as respostas consideradas parcialmente satisfatórias, 91% mencionaram que
a coloração da mistura resultante seria verde, sem apresentar justificativa. Uma das
respostas parcialmente satisfatórias mencionou que haveria a formação de um novo
corante diferente dos três apresentados, indicando uma provável associação entre a
mudança de coloração e a ocorrência de uma reação química. De fato, a mudança
de coloração observada quando se mistura duas soluções pode indicar a ocorrência
de reação química, mas a coexistência dos corantes tartrazina e azul brilhante FCF
no corante artificial Verde Hortelã, justifica a não ocorrência de reação entre eles.

As discussões apresentadas anteriormente foram utilizadas para esclarecer


as dúvidas dos licenciandos sobre a avaliação diagnóstica e serviram como subsídio
para a condução das próximas etapas da pesquisa, que compreenderam: uma aula
sobre corantes alimentícios, uma atividade baseada em uma situação-problema
sobre a conferência de cor verde a um merengue e a exibição de um vídeo.
Posteriormente, foi disponibilizado um relatório com questões relativas a estas
etapas, cujo objetivo foi averiguar o conhecimento adquirido acerca do conteúdo
abordado. O relatório foi respondido por 11 licenciandos e, a seguir, alguns dos
resultados serão apresentados.

Em uma das questões do relatório foi apresentada uma tabela com diferentes
combinações de volumes dos corantes artificiais líquidos Amarelo Damasco e Azul
Aniz e solicitado que calculassem as concentrações de tartrazina e azul brilhante
FCF em cada uma das misturas. Apenas 9% das respostas foram consideradas
satisfatórias e as demais insatisfatórias. Observou-se que a unidade de
concentração não foi utilizada pela maioria e alguns a empregaram de forma
equivocada. De maneira geral, as concentrações de tartrazina e azul brilhante FCF
calculadas foram maiores que os respectivos valores nos rótulos, podendo indicar
uma incompreensão do conceito de diluição.

Em outra questão foi solicitado aos licenciandos que consultassem a tabela


periódica e calculassem a massa molar e a concentração, em mol L-1, dos corantes
tartrazina, indigotina e azul brilhante FCF nos corantes abordados. A maioria das
respostas (91%) foi considerada insatisfatória, tanto no que se refere ao cálculo da
massa molar, quanto ao da concentração, em mol L-1, sendo que apenas 9%
calcularam corretamente o que foi solicitado. A partir da análise dos resultados e dos
relatos de dúvidas apresentados pelos licenciandos, pode-se inferir que a aplicação
de expressões matemáticas para a resolução de problemas de cálculos de
concentração e/ou a construção de raciocínio lógico envolvendo regra de três
simples necessitam ser revisadas, em virtude das dificuldades apresentadas.

Tabela 1: Modelo de tabela apresentada em uma das questões do relatório


Mistura Volume / mL Concentração na mistura / %

Amarelo Damasco Azul Aniz Total Tartrazina Brilhante FCF

1 40 5 45

2 25 20 45

3 20 25 45

4 10 35 45

5 5 40 45

Fonte: Dos autores, 2021

Para concluir a atividade e avaliar a sua condução por meio de TICs, os


pesquisadores propuseram aos licenciandos que respondessem um questionário
contendo sete questões abertas. Quando questionados se haviam participado de
alguma atividade desse tipo durante o Ensino Médio ou Superior, todos os alunos
relataram não terem participado, destacando a atividade como muito interessante e
motivadora. Com relação à questão de como classificariam o próprio nível de
dificuldade para responderem às questões da avaliação diagnóstica e do relatório,
73% relataram ter dificuldade média, com a justificativa de terem estudado o
conteúdo há algum tempo e não se recordarem. O restante mencionou ter alto nível
de dificuldade, devido à falta de contato com o conteúdo. Quando indagados a
respeito dos pontos positivos, a objetividade, a dinamicidade, a motivação e a
capacidade de despertar o interesse dos alunos para o aprendizado foram
destacados.

Ressaltaram também que os comentários dos pesquisadores em relação à


resolução das questões propostas na avaliação diagnóstica e no relatório foram
fundamentais para solucionar suas dúvidas. Dentre os pontos negativos, foram
destacadas as dificuldades de interpretação de algumas questões e de realizar a
atividade virtualmente. Seguindo nessa direção, o próximo questionamento foi sobre
a percepção com relação ao desenvolvimento da atividade de forma remota. Os
licenciandos consideraram que a atividade teve boa participação, porém
acreditavam que se fosse realizada presencialmente, utilizando experimentos em
sala de aula, os conteúdos ficariam ainda mais claros, considerando que as
atividades remotas são cansativas e difíceis de prender a atenção por muito tempo.

Quando questionados se, como professores, desenvolveriam essa atividade


com seus alunos da Educação Básica, a maioria respondeu favoravelmente,
justificando que as atividades práticas são essenciais, podendo auxiliar na
compreensão da teoria e, ainda, que questões advindas do cotidiano são de extrema
importância para atrair a atenção dos alunos. Uma última pergunta foi realizada no
sentido de coletar sugestões de alteração na atividade proposta pelos
pesquisadores, tendo sido destacados: o uso de corantes de outras colorações; a
aplicação da mesma atividade com o uso de uma linguagem apropriada à faixa
etária dos alunos do Ensino Médio, com uma explicação prévia e detalhada das
expressões matemáticas, cálculos e fórmulas.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.


São Paulo: Editora EPU, 1986

MOURA, A.Mobile learning:tendências tecnológicas


emergentes.In:CARVALHO, A. A. (Org.).Aprender na era digital: Jogos e
mobile-learning. Santo Tirso: Defacto Editores, 2012. p.127-147
No último a cromatografia propriamente dita

Aí começa a falar da primeira atividade que para contextualizar a primeira atividade pensou-se nisso
(discutir um pouco a construção para o presencial e num segundo momento dizer que veio a
pandemia (usar o que tá no trabalho do empec o que levou a uma reflexão de como aquela atividade
poderia ser abordada de maneira virtual
Num primeiro momento com a dificuldade de aplicar a atividade no ensino médio devido ao grande
número de evasão dos alunos participantes das aulas

Contar que foi desenvolvido um material para o professor

fez um roteiro que pode ser entregue diretamente aos alunos e um para o
professor com uma discussão mais abrangente sobre o tema, pois este foi o ponto
chave da pesquisa, atingir o professor durante a realização da sequência de maneira
investigativa.

Referências

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ESTEBAN, M. P. S. Pesquisa qualitativa em educação: fundamentos e tradições. Porto


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ROCHA, J. S.; VASCONCELOS, T. C. Dificuldades de aprendizagem no ensino de


química: algumas reflexões. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA,
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Brasil. Debates em Educação, v.12, n.28, p. 1RESULTADOS E DISCUSSÃO ENPEC

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