Você está na página 1de 18

Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

1. SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE SALVAMENTO

Nas atividades de salvamento, as


atenções deverão estar voltadas para os
princípios de segurança nos locais de
emergência ou inteiramente ligadas às
ações de socorro, as quais são
viabilizados os trabalhos individuais e
coletivos, tanto para os componentes das
guarnições envolvidas, quanto para os
materiais, equipamentos, possíveis vítimas
ou bens materiais que deverão ser
protegidos. As ações de segurança em
uma operação de salvamento não
deverão, em hipótese alguma, ser de
responsabilidade única, mas de todos os
integrantes das guarnições de salvamento. Apesar de cada elemento ter um senso de
responsabilidade com os seus pertences de segurança, este jamais poderá deixar outros
materiais de socorro sem a devida proteção e nem deixar de acompanhar os
procedimentos realizados pelos seus companheiros de equipe.
Os cuidados deverão ser observados minuciosamente dentro de cada operação,
devendo ser imputadas como características do socorrista o seu conhecimento individual,
a atenção com relação à segurança e com o próprio salvamento em si.
A segurança e proteção são termos empregados pelos socorristas que visam
expressar as ações realizadas com o intuito de minimizar, isolar, proteger, assegurar,
evitar e dar condições ao bombeiro ou à sua equipe de trabalho dentro do risco ou,
preferencialmente, sem risco.
A segurança é realizada quando utilizamos procedimentos, materiais e/ou
equipamento que possibilitem a permanência e a realização dos trabalhos em locais de
risco.
A falta de atenção, de certa forma, representa perigo tanto para a guarnição,
quanto para o socorro de um modo geral.

1.1 Conceitos básicos de segurança

a) Segurança individual: é qualquer ação ou procedimento utilizado pelo bombeiro,


com a finalidade de minimizar, prevenir ou isolar as possibilidades de acidentes
pessoais (risco) em uma operação de salvamento. Busca um só objetivo: executar
a atividade sem colocar em perigo à própria vida.

b) Segurança coletiva: é todo o conjunto de procedimentos realizados com o intuito


de assegurar a integridade física e/ou psicológica de um determinado grupo,
envolvendo a atividade em si, bem como todos os integrantes da guarnição, as
vítimas e os bens coletivos.

A segurança coletiva é determinada a partir da avaliação prévia da situação,


para a qual serão tomadas as decisões de como assegurar a realização da
operação, dependendo, basicamente, do número de vítimas envolvidas, das
condições e características do local, além das proporções do evento.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 9


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

Os principais riscos que afetam os trabalhos realizados na segurança coletiva


são: a perda do controle da situação, a falta de conhecimento, de experiência e de
domínio emocional.
A segurança coletiva jamais poderá ser baseada simplesmente nas
proporções do evento ou mesmo no número de vítimas que poderemos encontrar.
O número de vítimas e o estado em que se encontram podem tornar a situação
mais difícil, porém a segurança dependerá de uma correta avaliação do que
detectamos preliminarmente, tais como: natureza do evento, viabilidade de se
prestar um bom atendimento (socorro), situação e condições dos materiais a serem
empregados dentro da operação, etc. Entende-se por segurança coletiva tudo o
que já foi comentado, porém, a ênfase da segurança coletiva é baseada no objetivo
principal do zelo mútuo, empregado pela guarnição/equipe, visando preservar a
sua integridade física dentro de uma operação.
Exemplo: a técnica dos “seis olhos” (ver pág. XX).
Ninguém deve executar qualquer atividade, sem que seus companheiros
tenham ciência dos atos a serem praticados.

c) Segurança das vítimas: é o objetivo principal de atuação de uma guarnição de


socorro numa operação, assegurando-lhes a sua integridade.

d) Segurança dos materiais: quando se empregam materiais de forma adequada e


dentro dos procedimentos técnicos para os quais foram desenvolvidos, estes
passam a ser fatores básicos de segurança e proteção para a guarnição na
operação e são elementos essenciais para o bom desempenho e funcionamento
dos materiais e equipamentos utilizado.
A guarnição desenvolverá melhor o seu papel quando conservar todos os
materiais e equipamentos, pois a existência de riscos dentro da operação será
menor. Para ter uma ampla compreensão da segurança dos materiais, precisamos
conhecer os seus aspectos principais, que são:

I. Aspecto técnico: é a forma adequada de


manusear os materiais.
II. Aspecto psicológico: é a confiança adquirida
na utilização do equipamento, a qual também
proporcionar a autoconfiança.
III. Aspecto educacional: é o exato
conhecimento da estrutura física e resistência
dos materiais e equipamentos empregados nas
mais diversas operações.

e) Segurança e proteção de bens materiais: os bens deverão ser protegidos desde


que essa ação não coloque em risco vidas. Para tanto, é importante verificar as
condições do local, a existência de materiais adequados para tal proteção, os
fatores adversos que impossibilitam a proteção, além de identificar os principais
pontos a serem protegidos. Tem como objetivos principais proteger e assegurar a
integridade física dos bens materiais encontrados.

A identificação dos riscos existentes é a principal preocupação da guarnição


de socorro, em razão de ela necessitar empregar materiais e equipamentos
adequados na proteção dos bens e desde que a ação não coloque vidas em risco.
Se tiver que danificar um bem, de qualquer espécie, que se faça da forma mais

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 10


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

tênue possível, para que os danos não sejam maiores que o necessário. Proteger é
um ato de guardar e resguardar uma vida ou um bem de uma situação adversa.

1.2 Condições básicas para a realização de uma atividade de salvamento com


segurança

Para se ter segurança durante qualquer atividade de salvamento, o socorrista precisa:


 Controle emocional próprio, da situação, dos materiais, e das vítimas;
 Executar as atividades com convicção; e
 Dispor os materiais em local seguro e de fácil acesso.

a) O que deverá ser observado pelas guarnições

Durante o atendimento a ocorrência de resgate, a guarnição como um todo


deve observar o seguinte:
 A falta de conhecimento durante a execução de qualquer atividade.
 As condições do local para o acondicionamento dos materiais e equipamentos;
 As condições de isolamento do local;
 Os materiais destinados à proteção;
 A situação dos materiais que serão protegidos;
 As condições dos materiais que serão protegidos;
 Os fatores que impossibilitem a proteção;
 A realização da proteção e segurança;
 As técnicas a serem desenvolvidas, a fim de obter um melhor aproveitamento
do pessoal e materiais utilizados.

É válido lembrar que, no salvamento, a proteção e a segurança são fatores


observados por todos os componentes da guarnição (técnica dos seis olhos), primeiro
individualmente, depois pelo seu companheiro mais próximo e, em seguida, uma prévia
revisão realizada pelo chefe de guarnição ou por alguém que esteja fiscalizando as
atividades.

Esquema do sistema de segurança.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 11


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

B) Meios empregados na proteção e segurança

Para que a guarnição e a vítima tenham proteção e segurança durante a realização


do resgate, é preciso que os integrantes da guarnição conheçam alguns meios
empregados para se evitar danos durante as atividades. São eles:

I. Uso do próprio corpo: são as técnicas empregadas na segurança individual e


coletiva quando não existirem materiais ou pontos que favoreçam tal procedimento.
Nessas técnicas, fazemos uso dos componentes da guarnição, para servir como
base de segurança e até mesmo como pontos de ancoragem quando dispomos de
cabos e mosquetões para a atividade.

II. Uso de pontos naturais: é quando utilizamos materiais para realizar as


ancoragens de segurança, tendo pontos naturais (as árvores, as rochas e raízes,
etc.) como base.

III. Uso de pontos nas instalações urbanas: são os meios encontrados nas
estruturas urbanas, utilizados para auxiliar na segurança da equipe. Também
podemos fazer uso dos meios acessórios existentes, os quais classificamos como
meios de fortuna. O aspecto mais importante dentro da cadeia de segurança é
manter sempre a sua atenção voltada para o que está sendo realizado tanto
individualmente, quanto pelos seus companheiros de equipe.

2. TÉCNICA DE SEGURANÇA:

O Bombeiro, ou a pessoa a ser resgatada, terá seu corpo preso por cordas que
serão operadas por outra (s) pessoa (s). Esta última se colocará acima ou abaixo do local
a ser alcançado pela corda para efetuar uma subida ou descida segura. As cordas podem
ser presas no corpo e também em um apoio adequado.

2.1 SEGURANÇA / ESCORAMENTO NO OMBRO

2.1.1 Procedimentos:
a) Pegue a corda por sob o braço direito (esquerdo do desenho).
b) Passe-a pelo ombro para o lado esquerdo (direito do desenho).
c) Segure a corda com a mão esquerda (direita do desenho) na altura do
peito.
d) Com a mão direita (esquerda do desenho), segure a corda suspensa na
frente da coxa direita (esquerda do desenho).
e) Coloque o pé esquerdo (direito do desenho) um passo para trás e
mantenha o corpo ereto.

2.1.2 Cuidados e observações:


a) A técnica de escoramento no ombro é indicada
quando a área é pequena e a carga a ser
resgatada se localiza em um plano inferior à
cintura do resgatador.
b) O resgatador deverá estar de frente para a pessoa
a ser resgatada e posicionar os pés de modo a
obter o máximo de estabilidade.
c) Endireite a cintura e os joelhos para manter a elasticidade.
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 12
Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

2.2 SEGURANÇA / ESCORAMENTO NA CINTURA

2.2.1 Procedimentos:
a) Segure a corda com a mão direita (esquerda do desenho) próxima a coxa
direita (esquerda do desenho).
b) Passe a corda por trás da cintura.
c) Com a mão esquerda (direita do desenho), segure a corda do lado
esquerdo (direito do desenho) na altura do abdômen.

2.2.2 Cuidados e observações:


a) O escoramento na cintura pode ocorrer nas posições sentado em pé.
b) A posição sentado aumenta a segurança (indicada para grandes áreas).
c) Caso esteja sentado
 Abra as pernas na forma de leque.
 Estique as pernas junto a um apoio adequado.

2.3 SEGURANÇA / ESCORAMENTO COM AUXÍLIO DE APOIO

2.3.1 Procedimentos
a) Utilização de apoios naturais já existentes ou apoios determinados.
b) Dependendo do local onde o escoramento é necessário, podemos utilizar
apoios naturais já existentes ou apoios determinados para resgates
seguros e fáceis.

2.3.2 Cuidados:

a) Caso utilize apoio determinado,


fique na posição de escoramento
junto ao apoio por ocasião de
possível impacto causado pela
queda de algum objeto.

b) Se a carga for muito grande e


pesada, utilize mais pontos de
apoio empregando cordas
pequenas, mosquetões, etc.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 13


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

2.4 AUTO-ESCORAMENTO (SEGURANÇA PESSOAL)

O resgatador escora a si próprio utilizando uma corda. Essa técnica deve ser
empregada na ausência de um apoio adequado, quando a área disponível for muito
pequena para escorar o objeto de modo seguro, ou se houver necessidade de um
escoramento mais resistente.

Observações:
1) O auto-escoramento deve ser efetuado todas as vezes que for possível.
2) Caso o auto-escoramento não possa ser efetuado, outras técnicas devem
ser aplicadas.

2.5 OPERAÇÕES COM CABOS

Cuidados:

Ao segurar o cabo, mantenha ambas as mãos presas a ele de modo seguro.


Aqui veremos exemplos de técnicas de segurança que devem ser usadas nas
operações de resgate e salvamento.

1) Modo adequado de auxiliar um Bombeiro ou uma vítima com as mãos:

2) Na ausência de pontos de armação e/ou falta de tempo pode-se usar os


corpos dos Bombeiros para tal:

Na deficiência de material para segurança /


escoramento, utiliza-se a técnica abaixo mostrada.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 14


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

3. ANCORAGENS DE SEGURANÇA

Para o bom desenvolvimento das operações e mesmo em exercícios para


treinamento, deveremos realizar cada situação com um risco controlado. Para tal,
deveremos estar devidamente ancorados. Veremos agora algumas das
ancoragens.

3.1 Ancoragem longa

1) Com Laís de Guia – Localizar a marca de 1/3 do


cabo, colocando-o no meio das costas para
realizar o nó lais de guia na frente do corpo na
linha da cintura, arrematando-o com um cote. A
parte solta do cabo (chicote) serve para
ancoragens longas através da realização de outro
lais de guia na extremidade onde se coloca o
mosquetão.

2) Cadeira japonesa – Localizar a marca de 1/3 do cabo e colocá-lo no meio das


costas. Laçar a cintura dando um nó direito à frente; passar os chicotes por
entre as coxas, apanhando-os à retaguarda, passá-los por baixo da laçada da
cintura e ajustar a cadeira ao corpo; passar os chicotes por baixo do vivo do
cabo que se encontra às costas e trazê-los à frente do corpo, unindo-os em
seguida na lateral com a utilização de um nó direito. A fim de que os chicotes
não fiquem soltos, arremate o nó direito com cotes. Ao término da cadeira,
sobrará um chicote de aproximadamente dois metros que servirá para diversas
ancoragens.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 15


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

3.2 Ancoragem média

Com Balso de Calafate – localizar a metade do cabo; colocá-lo na retaguarda


da cintura; realizar o nó (Balso do Calafate) e arrematá-lo com cotes a frente do
corpo. Colocar o mosquetão no lais de guia a ser realizado no chicote.

3.3 Ancoragem curta

a) Com um chicote – realize um balso do calafate consumindo 2/3 do cabo da


vida.

b) Com dois chicotes – Com balso do calafate – localize o meio do cabo da


vida, realize um balso calafate com 03 ou 04 alças; sobrarão dois chicotes
para ancoragem dupla conforme figura

c) Com cadeira japonesa - da mesma maneira, localize o meio cabo,


confeccione a cadeira japonesa descrito anteriormente, sobrarão dois
chicotes com mesmo comprimento que servirão para ancoragem em dois
pontos diversos.

Obs.: Estes tipos de ancoragem são feitos com cabos solteiros de 6m (Japoneses).

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 16


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

3) CABO DA VIDA
A origem do Cabo da vida ou Corda da vida, para nós do Corpo de Bombeiros
Militar, praticamente repousa nas instruções ministradas por integrantes do Corpo de
Bombeiros do Japão.
A instrução ministrada pelo grupo, contava com o apoio da tradução efetuada
pelo Sr. Masaru Matsuhita, tradutor juramentado, dessa forma, a palavra inochi zuna,
pertencente ao vocábulo japonês, foi incorporada às atividades técnicas profissionais dos
instrutores do Corpo de Bombeiro Militar, como cabo da vida ou corda da vida.

III.1 Definição:
Basicamente é constituído de uma corda sintética com as seguintes medidas:
 Diâmetro = 11 a 12 mm
 Comprimento = de 4,50 a 6m

Com boa flexibilidade e contendo em suas extremidades falcaças, o Cabo da


vida, sempre se fará acompanhar de uma mola de segurança do tipo mosquetão.

III.2 Utilização:
Por ser considerado equipamento de uso individual, o cabo da vida, deve ter
seu comprimento em função do bio-tipo do Bombeiro que irá usá-lo; dessa forma, o
Cabo da Vida ideal para cada homem, será aquele que o socorrista possa prestar
auxílio a uma pessoa, transportando-a da forma aludida na figura I, respeitada a
variação anteriormente determinada.

Bombeiro Militar deve portar o Cabo da Vida conforme a figura, da seguinte


forma:

O Cabo da Vida deve cruzar a região torácica, em sentido diagonal, da direita


para esquerda, com as pontas sobrepostas à cintura pélvica, arrematadas por um nó
escota simples, que prende a mola tipo mosquetão. Deve ser evitado seu porte com
conseqüente uso de forma concomitante com o cinto ginástico.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 17


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

O Cabo da Vida pode ser empregado em situações bem diversificadas.


Atado à cintura através do Balso de Calafate, contendo nas extremidades, mola
tipo mosquetão, o Bombeiro pode efetuar diversos tipos de travessias e salvamentos a
saber:

a) Como segurança para transposição no exercício denominado falsa baiana.

b) Utilizado como assento de montanhista. Em situações onde se tenha que fazer uso
do cinto do aparelho Free-seg, o Cabo da vida pode ser empregado com maior
segurança e comodidade para o socorrista, para esta comprovação, basta que
observemos a presença de costuras, peso e formato do referido cinto.

c) Com um Balso do Calafate na cintura contendo na extremidade um lais de guia com


uma mola tipo mosquetão, a travessia no comando craw pode ser efetuada com
maior confiabilidade.

d) Utilizando os mesmos nós e laçadas acima mencionados, o Cabo da Vida pode ser
empregado no método de transposição denominado preguiça, tornando o risco de
queda praticamente nulo.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 18


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

e) Com o Balso do Calafate na cintura contendo na extremidade um lais de guia e a


mola tipo mosquetão, o Cabo da vida, despreza o convencional cinto ginástico,
quando do uso na tirolesa Horizontal.

f) Empregado como Cabo-Guia.

g) Pode ser utilizado como assento de Três Nós.

h) Utiliza-se para a segurança do socorrista, quando em missões no interior de


ambientes confinado.

i) Passando pelas axilas da vítima, firmando-se no peito do socorrista através de Volta


Singela e ainda, passando pelas pernas da vítima, firmando-se na altura da cintura
do socorrista através de nó direito, o Cabo da Vida presta-se para transportar uma
pessoa consciente ou não.

III.3 Vantagens
São inúmeras, entretanto nos alicerçamos no binômio Segurança-Custo,
posto que, o Cabo da Vida, pode ser periodicamente renovado, haja vista, o seu
custo relativamente modesto. Logo a segurança, quer do socorrista ou de uma
vítima, estará com saldo extremamente positivo.
Devemos ressaltar que o Cabo da Vida, por ser um equipamento de fácil
confecção, não depende de firma especializada para sua competente aquisição.
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 19
Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

4) PROTEÇÃO CONTRA ACIDENTES E QUEDAS

A maior parte dos acidentes envolvendo altura ocorre por falha humana. Excesso de
confiança, imprudência, negligência, desconhecimento ou pouca familiarização com os
equipamentos e, conseqüentemente, uso inadequado, são as principais causas. Três
princípios basilares devem pautar o atendimento às ocorrências, a segurança, o tempo
resposta e o zelo com o material; dos três, a segurança vem em primeiro lugar!

Sabemos que o serviço operacional de bombeiro nos expõe a uma série de riscos
e que uma atuação profissional não pode contar com o empirismo ou somente com a
sorte. Assim, convém que cada um compreenda os fatores gerais que podem concorrer
para a ocorrência de um acidente, para que sirva de base de reflexão para mudança de
comportamento, atenção, conhecimento e adoção práticas de segurança nos serviços de
salvamento em altura.

Fatores que podem desencadear um acidente em altura:


a) Conferência de equipamentos não realizada;
b) Cordas ou fitas deterioradas
c) Falência da ancoragem;
d) Pressão do meio ridicularizando a segurança e considerando-a exagerada;
e) Pressão por bombeiros antigos, em razão do
f) costume e de técnicas desatualizadas;
g) Personalidade do bombeiro;
h) Urgência na execução devido ao risco iminente;
i) Ausência de .procedimentos de segurança
j) Não utilização de EPI

4.1 Princípios gerais de segurança

a) Conceitos Mentais
 Se estiver extenuado, não realize trabalhos envolvendo altura, outro integrante
da guarnição poderá executar o serviço;
 Nervosismo e intranqüilidade atrapalham. Pare e tranqüiliza-se para a
execução do serviço ou solicite a outro integrante da guarnição para realizá-lo;
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 20
Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

 Solicite ajuda sempre que necessitar, não espere que a situação se agrave;
 Todos nós cometemos erros, portanto, devemos ser acompanhados e ter
nossos procedimentos checados, isto vale até para os bombeiros mais
experientes;
 A prática e o treinamento constante aumentam a segurança e reduzem
drasticamente a possibilidade de erros em situações de emergência.

b) Conceitos Físicos

 Instale linhas de segurança ou linhas da vida. Todos os bombeiros próximos ao


local da emergência devem estar ancorados;
 Utilize sempre o EPI completo: capacete, cadeira, luvas e dois auto-seguros;
 Cheque constantemente todo o equipamento;
 Utilize sistemas redundantes, como por exemplo, mais de uma ancoragem.

c) Conceitos de equipe

Determine um integrante da equipe ou do grupo de treinamento para revisar e


fazer cumprir todos os procedimentos de segurança. Esta função deve ser passada
para um integrante da equipe que possua boa experiência e que não seja o
comandante, pois este estará preocupado com a estratégia, tática e segurança da
operação como um todo.

d) Conceitos de prioridade

Muitos bombeiros durante o atendimento à emergências, ignoram sua própria


segurança em detrimento da segurança da vítima. Primeiro cheque sua segurança e
tenha certeza de que está realizando uma manobra segura, revise a segurança dos
outros integrantes da equipe e só então inicie o acesso, imobilização e remoção da
vítima.

“NÃO PODEMOS NOS TORNAR MAIS UMA VÍTIMA NA OCORRÊNCIA !”

Antes de iniciar qualquer serviço devemos nos perguntar se a ocorrência se trata


de um salvamento ou de uma recuperação. Não é prudente colocar um integrante da
equipe de salvamento em risco para recuperar um corpo, pode ser melhor esperar até
que o local esteja mais seguro, esperar a chegada de equipamentos mais apropriados ou
a chegada de equipes de apoio ou especializadas.

4.2 Sistemas de segurança


Os sistemas de segurança em serviços de salvamento em altura focam,
basicamente, a proteção contra quedas. Para melhor compreensão, faz-se necessária
a apresentação de dois conceitos básicos: a força de choque e o fator de queda.

4.3 Força de choque


É a força transmitida ao bombeiro durante a retenção de sua queda. Ao cair, o
bombeiro acumula energia cinética que aumentará quanto maior for a altura de sua
queda. A corda, as ancoragens, o sistema de freio e o segurança absorverão parte
dessa força, porém, a força absorvida pelo bombeiro que sofreu a queda não pode
chegar a 12KN, limite máximo que o corpo humano suporta.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 21


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

Para reduzir a força de choque, em uma queda assegurada, devemos adotar


medidas visando diminuir o fator de queda.
4.4 Fator de queda

Fator de queda é o valor numérico resultante da relação entre a distância de


queda pelo comprimento da corda utilizada.

Como visto anteriormente, todos os componentes do sistema e, principalmente a


corda, absorverão parte da força de choque. Exceto em progressões do tipo “via
ferrata” , o fator de queda máximo possível será o fator 2, pois a altura da queda não
pode ser superior a duas vezes o comprimento da corda.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 22


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 23


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

Provas efetuadas em laboratórios confirmam a teoria de que em uma queda fator


2, seja ela de quatro ou de vinte metros, a força de choque registrada é a mesma,
aproximadamente de 9KN, em caso de corda dinâmica e, em caso de corda estática,
de 13 a 18KN. Levando em conta que o corpo humano resiste a uma força de choque
de no máximo 12KN, verificamos o perigo de escalar utilizando cordas estáticas.

4.5 Técnicas de progressão com segurança

4.5.1 Proteção de via horizontal (linhas de segurança)

As linhas de segurança são semelhantes a corrimãos. Asseguramo-nos a elas


por meio dos auto-seguros (parte integrante do EPI para trabalhos em altura)
sempre que estivermos próximos a um desnível, vão ou beiral.
São montadas com uma corda na horizontal, ancorada, em alguns casos, em
pontos intermediários, em função de sua extensão.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 24


Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

4.5.2 Proteção de via vertical

Para a segurança de uma progressão vertical, pode-se utilizar basicamente


duas técnicas: a progressão auto-assegurada e a progressão assegurada por outro
bombeiro. A progressão auto-assegurada é aquela por meio da qual o próprio
bombeiro efetua sua segurança, utilizando os auto-seguros de sua cadeira.

Já a segunda técnica depende de outro bombeiro que, utilizando um freio


conectado a sua cadeira, dá segurança, preferencialmente com uma corda
dinâmica, ao bombeiro que efetua a escalada progredindo de modo a ir fixando
pontos de ancoragem intermediários, utilizando costuras e mosquetões, por onde a
corda passará.

Após a fixação de uma corda de segurança ao topo da estrutura, outros


bombeiros poderão progredir utilizando o auto-seguro e um bloqueador como trava-
quedas.
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 25
Apostila de Salvamento em Altura Unidade III

4.5.3 Procedimentos práticos de segurança


 Utilize o EPI completo;
 Esteja sempre ancorado;
 Mantenha todos os objetos presos a sua cadeira;
 Confira todo o sistema montado antes de utilizá-lo e peça para um terceiro
também conferir (inclusive sua cadeira);
 Esteja preparado para a possibilidade de precisar auto resgatar-se;
 Utilize os equipamentos para a finalidade para os quais foram projetados;
 Inspecione os equipamentos sistemática e periodicamente;
 Treine constantemente, não só você, como a equipe.

De tudo o que foi exposto, convém destacar:

 Treinamento específico e familiarização com equipamento são fundamentais


para diminuir riscos de acidentes;
 A sua segurança e a dos bombeiros que estão trabalhando no local da
emergência são importantíssimas, pois de nada poderão ajudar caso se
tornem vítimas, pelo contrário, ocuparão mais pessoal e material;
 Nunca ignore ou menospreze procedimentos de segurança;
 Inspecione o material antes e depois do uso;
 Tenha tranqüilidade e calma na execução de manobras e técnicas, a pressa
pode conduzi-lo a erros;
 Realize sempre um planejamento da ação a ser executada prevendo
materiais e equipamentos, pessoal necessário, trajeto a ser executado,
proteções e procedimentos de segurança;
 Avalie sempre o binômio RISCO X BENEFÍCIO para chegar a um equilíbrio;
 Utilize sempre sistemas simples e seguros, lembre-se M.I.S.S “Mantenha Isto
Simples e Seguro”.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 26

Você também pode gostar