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Apostila de Salvamento em Altura Unidade II

1. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DAS OPERAÇÕES DE SALVAMENTO

A ocorrência de situações adversa


geralmente ocasiona o acionamento de socorros
governamentais que ao chegarem ao local do
evento passarão a compor um quadro a ser
completado pela existência de vítimas e público.
A seguir são apresentadas algumas
considerações sobre este trinômio que vão
influenciar diretamente no desenvolvimento das
operações de salvamento.

2. ELEMENTOS INTEGRANTES DA ÁREA DE OPERAÇÕES

2.1 VÍTIMA - SOCORRISTA – PÚBLICO

a) Vítima - Aquela que é envolvida no evento. Recebe toda a carga decorrente da


situação, podendo ser:

I) Fatal - Aquela que vem a perecer devido à conseqüência diretamente


relacionada com o evento.
II) Não fatal - Pode ser física ou psicológica. A primeira apresenta
comprometimento em sua estrutura anatômica ou fisiológica, enquanto que a
segunda sofre um retardamento ou bloqueio psicológico, podendo chegar ao
“stress” e/ou ao pânico.

b) Socorrista - É o elemento que, isoladamente ou em conjunto, propõe-se a


solucionar o evento, sendo inerente à sua atuação o chamado processo de
iniciativa, originado fisiologicamente pela descarga de adrenalina no organismo.
Pode ser:

I) Governamental - Aquele que pertence a uma instituição governamental.


Dispõe de conhecimento técnico-profissional e equipamento específico.
II) Não Governamental - Aquele que não pertence a uma instituição
governamental, mas dispõe de conhecimentos técnicos que sob uma
coordenação eficiente, pode ajudar na solução do evento.

c) Público - Presente em toda e qualquer evento, em maior ou menor número, pode


ser classificado em:

I) Público tenso - Aquele que se mantém descontrolado psicologicamente, por


presenciar a ocorrência do fato ou a tentativa de controle da situação, pode
ser:
 Direto - Encontram-se diretamente envolvidos com a vítima, através de
laços de relacionamento (amigos etc.).
 Indireto - Não possui relacionamento com a vítima. Possui um
sentimento de pena, em razão do choque causado pela situação que
está presenciando.
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II) Público crítico - Presencia o fato e procura criticar a ação do socorrista,


exercendo propaganda sobre o mesmo. Seus interesses podem ser
próprios (aversão pessoal contra o socorrista) ou de grupos (aversão não
somente de interesses pessoais, mas , geralmente, comunitários e até
mesmo políticos).

III) Público ajudante - Aquele que se propõe a ajudar o socorrista, devendo


haver controle sobre sua atuação. Seus objetivos residem, também na
satisfação de interesses pessoais (bondade, auto-afirmação, etc.). O
socorrista pode dispor com eficiência deste tipo de público, com relativo
proveito, assumindo, no entanto, a responsabilidade sobre o mesmo.

IV) Público observador - Movido pela ansiedade, pode ser convertido em


público ajudante. A sua ação sobre o fato, geralmente, é nula.

2.2 BASES DO SOCORRISTA

Da mais simples a mais complexa, a operação de Salvamento em Altura estará


apoiada sobre o seu mentor que é o homem. Este, por sua vez, para que possa
realmente sustentar o seu trabalho, precisará estar alicerçado sobre o trinômio
composto dos seguintes aspectos:

ATUAÇÃO DO SOCORRISTA

a) Para que sejam bem desencadeadas todas as operações de Salvamento em


Altura, os elementos componentes de uma guarnição devem ter conhecimento do
desenvolvimento ordenado da atuação do socorrista, cuja seqüência de etapas
pode ser expressa pelo seguinte fluxograma.

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b) Aviso: - É a solicitação da presença do socorro a um evento, que devido as suas


características de ameaça, exija intervenção da equipe de salvamento. O aviso é
uma etapa de fundamental importância, pois o socorro se inicia nesta fase dentro
do quartel, sendo a mesma executada em um pequeno espaço de tempo.
Constitui-se de :

I) Recepção de informações: deve-se nesta fase obter o máximo de


informações necessárias, a fim de ser fornecida uma visão primária da
ocorrência,, à equipe de salvamento.

II) Confirmação: é o complemento das informações anteriormente recebidas,


atendendo-se principalmente para a coleta de todos os subsídios que possam
facilitar a elaboração de um plano de salvamento.

III) Difusão: sendo o Salvamento em Altura uma atividade que deve ser
desenvolvida conjunta e sistematicamente por todos os integrantes de uma
equipe, a difusão de informações é de fundamental importância para que
todos os ponto-de-vista dos seus integrantes sejam analisados, facilitando
desta forma a elaboração das técnicas a serem empregadas no salvamento.

c) Saída - Após serem obtidas todas as informações na etapa do aviso,


seqüencialmente ter-se-á a saída, onde a importância baseia-se no
dimensionamento da equipe e do material a ser empregado, de forma a tornar
viável o desenvolvimento das operações.

d) Chegada ao local - Etapa onde serão coletadas novas informações pré-recebidas


na etapa do aviso. Constitui-se de:

I) Reconhecimento: - A equipe toma conhecimento das proporções do evento


e todas as circunstâncias que o envolvem.

II) Análise: São verificados todos os aspectos favoráveis e desfavoráveis para o


desenvolvimento das operações e a eficiência das técnicas e táticas a serem
adotadas na execução das mesmas.

e) Ação sobre o público: A ação deve ser executada através do isolamento,


preferencialmente pelas autoridades policiais (Polícia Militar, Polícia Civil), que
estiverem no local, com o apoio material (cabos) da equipe de salvamento.
Sabendo-se que o público pode influenciar diretamente nas operações, o controle
sobre o mesmo facilitará o desenvolvimento dos socorros a serem executados
pelos bombeiros.

f) Ação sobre as vítimas: É a etapa mais complexa da atuação do socorrista, tendo


em vista de que irá se deparar com seres humanos nos mais diferenciados
estados físicos e psicológicos.

g) Métodos - referem-se às técnicas e táticas a serem empregadas para extinguir ou


minimizar o quadro em que se encontram envolvidas as vítimas.

I) Direto: Quando a situação não é complexa e é freqüente, as técnicas a


serem empregadas para a sua solução são basicamente repetitivas para
todos os casos, não havendo necessidade de variações. Exemplo: retirada de
pessoa de elevadores.

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II) Variações: Quando a situação é complexa, e na sua solução há necessidade


da utilização de diferentes técnicas e táticas. Exemplo: grandes incêndios
(ASTÓRIA, JOELMA E ANDORINHAS).

III) Improviso: O homem de salvamento dotado de uma grande gama de


conhecimentos técnicos, poderá facilmente solucionar uma situação adversa,
onde a princípio o seu material disponível não seja suficiente, adotando a
improvisação sem comprometer a operacionalidade. Exemplo: confeccionar
um cinto cadeira por meio de um cabo solteiro.

h) Desfecho: Após a conclusão de qualquer operação, é imprescindível uma


avaliação final dos trabalhos executados e a discussão sobre o que foi executado,
a fim de que as falhas e os acertos sejam analisados.

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