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ESTUDO DE CASO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM UMA

RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR NA CIDADE DE PLANALTO – BA

4.1 TRINCAS E FISSURAS EM PISOS DE CONCRETO.

A primeira manifestação patológica analisada foram trincas e fissuras no piso


de concreto da residência. A fissura é ocasionada quando a resistência da
deformação à tração submetida ao concreto excede. Assim, essa capacidade de
deformação à tração varia de acordo com a idade e velocidade de aplicação da
deformação (GRANATO, 2002).

Segundo o Engenheiro Civil Hermógenes Meira dos Santos, responsável pela


vistoria da residência em que foi realizado o presente estudo, o principal fator
identificado, para o surgimento desta patologia neste local foi a falta de juntas
de dilatação, fazendo com que o concreto se movimente e tornando-o propício
à infiltração.

Figura 1: Trincas e fissuras em piso de concreto.

Fonte:
Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo,
2020.
De acordo com o American Concrete Institute (ACI, 1997):
A principal função da utilização de juntas em pisos é criar uma região
fragilizada no concreto favorável à fissuração, aliviando as tensões geradas por
variações volumétricas da placa e assim diminuindo a ocorrência e limitando a
abertura de fissuras espalhadas aleatoriamente pela placa de concreto. (ACI,
1997, p.26)

Para resolução das fissuras na edificação em questão, propõe-se o recorte de


toda a área danificada até chegar ao solo e seja executado um novo piso de
concreto com juntas de dilatação a cada metro.

4.2 OXIDAÇÃO E FERRUGEM DE METAIS

Outras patologias foram identificadas no portão da garagem e em uma janela


da edificação, e ambos possuem em comum o material metálico e o fato de
estarem expostos ao ambiente.

As manifestações patológicas encontradas foram a oxidação e o ferrugem, que


segundo Esteves et al. (2018) oxidação é o processo em que o metal
desprotegido em contato com o meio ambiente ou em meio aquoso, como o
próprio nome sugere, libera óxidos e caso não seja interrompido pode levar à
corrosão.

Figura 02 – Oxidação em portão de metal da garagem.


Fonte: Imagem
de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo, 2020.
Figura 03 – Oxidação em portão de metal do acesso principal para residência.
Fonte: Imagem
de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo, 2020.
Quando um material metálico é exposto ao ambiente ele fica mais propenso ao
surgimento de tais patologias, pois, na atmosfera, a reação entre a junção do
O2(g) e H2O(g) sobre os aços-carbono provocam a formação de uma camada
porosa de produtos de corrosão, ou seja, a ferrugem. (SILVA et al., 2015).

Figura 04 – Ferrugem em janela exposta ao ambiente.


Fonte:
Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo,
2020.
Como o processo de oxidação e ferrugem já foram iniciados, a possível solução
é a remoção com algum produto químico como o QUIMOX, composto por ácidos
que removem essa parte afetada, preparando a mesma para a pintura. Deve
ser aplicada a tinta de zarcão que serve como fundo preparador e forma uma
película protetora aderida à superfície do portão e janela, gerando uma
resistência à essa patologia apresentada. Depois do zarcão, pode-se escolher
uma tinta esmalte sintético da cor desejada para aplicação.

4.3 DESCASCAMENTO DE TINTAS

O descascamento de tintas, é o desprendimento do produto da superfície em


que o mesmo foi aplicado.

Durante a vistoria, foi encontrado em algumas paredes o descascamento de


tintas, e o primeiro fato observado ao entrar na residência é que as superfícies
que foram afetadas estão expostas às intempéries. A possível causa é a
umidade associada ao uso de uma tinta não específica para paredes em contato
com o ar, chuva e sol e uma possível deficiência na aplicação.

Figura 05 – Descascamento de tinta em parede de residência.


Fonte: Imagem
de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo, 2020.
Figura 06 – Descascamento de tinta em parede externa de residência.

Fonte:
Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo,
2020.
Figura 07 – Descascamento de tinta em grande escala em parede de residência.

Fonte:
Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo,
2020.
A terapêutica recomendada para essa manifestação patológica, é que a
superfície afetada seja raspada, lixada e todo pó deve ser retirado, em seguida
deve ser feita a aplicação de uma tinta impermeabilizante para paredes
externas, tendo em vista que para esse tipo de tinta não se usa selador, a
própria tinta tem essa função. Recomenda-se a aplicação de três demãos e um
intervalo de tempo de no mínimo três horas. Um bom exemplo de tintas que
poderiam ser utilizadas na situação acima são: Vedacit tinta impermeabilizante
de parede (Vedapren) e tinta impermeabilizante Igolflex Fachada.

4.4 MOFO

A falha durante a impermeabilização pode causar várias patologias em toda a


edificação, Souza menciona em um de seus estudos sobre o assunto que:

A umidade não é apenas uma causa de patologias, ela age também como um
meio necessário para que grande parte das patologias em construções ocorra.
[…] ela é fator essencial para o aparecimento de eflorescências, ferrugens,
mofo, bolores, perda de pinturas, de rebocos e até a causa de acidentes
estruturais. (VERÇOZA, 1991, p. 172 apud SOUZA, 2008, p.08).
Durante a vistoria, foi encontrado mofo no teto do banheiro e em uma parede
da sala, de acordo com o Engenheiro Civil Hermógenes Meira dos Santos, foi
constatado que por ser um lugar com grande concentração de vapor, pouca
ventilação e com passagem de encanamento, a possível causa é a umidade
associada a falta de impermeabilização necessária para ambientes mais
úmidos. A parede da sala é a mesma do banheiro, logo, apresentou mofo na
parte externa.

Figura 08 – Mofo no teto do banheiro.

Fonte: Imagem de autoria própria


tirada na residência escolhida para a realização do estudo, 2020.
Figura 09 – Mofo em parede da sala.
Fonte: Imagem de autoria
própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo, 2020.
A possível solução existente é a retirada de todo o reboco (do teto e parede),
em seguida uma impermeabilização feita diretamente nos blocos cerâmicos do
teto do banheiro (laje) e parede. O impermeabilizante utilizado deve ter alta
aderência sobre o novo reboco e por fim, deve ser feita a pintura com uma
tinta bloqueadora de umidade, ou acrílica. Temos como exemplo de
impermeabilizante: Tecplus top quartzolit, ideal para áreas úmidas.

4.5 SOBRECARGA NA GARAGEM

Uma das manifestações encontradas foi a de sobrecarga na garagem. Segundo


Milititsky (2015), isso pode acontecer quando uma estrutura é projetada para
atender uma demanda e acaba atendendo outra maior, gerando sobrecargas e
consequentemente patologias.

De acordo com a vistoria realizada no local a possível causa dessa patologia é a


sobrecarga atuante em uma garagem que não foi projetada para isso. É
possível observar contrapiso com espessura pequena e uma má compactação
do solo.
Figuras 10 – sobrecarga na garagem

Fonte: Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do


estudo, 2020.
Figuras 11 – sobrecarga na garagem
Fonte: Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020.
Figuras 12 – sobrecarga na garagem
Fon
te: Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do estudo,
2020.
Figuras 13 – sobrecarga na garagem
Fontes:
Imagens de autoria própria tiradas na residência escolhida para a realização do estudo,
2020.
Para a resolução dessa patologia, é proposta a retirada de toda a cerâmica e
contrapiso, a realização de uma nova compactação do solo e a execução de um
contrapiso (concreto simples) com uma espessura adequada às cargas que
atuam no local. Em seguida o assentamento das novas cerâmicas com
argamassa de qualidade.

4.6 DESLOCAMENTO DE CERÂMICA DA PAREDE

Essa patologia foi observada nas paredes da cozinha e segundo Granato


(2002), um dos fatores que contribui para a qualidade desse trabalho é a forma
de aplicação do material em conjunto com a boa execução de todos os
procedimentos desse sistema.

O que foi observado na residência como possível causa dessa patologia foi a
incorreta dosagem da argamassa de assentamento e a falta de aderência da
cerâmica à essa argamassa, ocasionando o deslocamento da cerâmica.

Figuras 14 – deslocamento de cerâmica na parede da cozinha


Fonte: Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020.
Figuras 15 – deslocamento de cerâmica na parede da cozinha
Fontes: Imagens de autoria própria tiradas na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020.
A possível solução apresentada é a retirada de toda a cerâmica e a utilização de
uma argamassa com dosagem certa. Sugere-se acrescentar à argamassa
algum aditivo para melhorar a aderência. Um exemplo de aditivo é o chapix
branco, que é um adesivo à base de PVA, desenvolvido para proporcionar
melhor aderência e trabalhabilidade para argamassas e chapiscos.

4.7 DESLOCAMENTO DE CERÂMICA NO PISO


Segundo Silva (2015), o piso cerâmico em locais externos requer
características mais ajustadas se comparadas ao piso cerâmico externo. É
preciso se atentar a alguns fatores como, por exemplo, escolha de um piso
bom, para que a vida útil do local seja prolongada.

Como possíveis causas para essa patologia, pode-se citar contrapiso de baixa
qualidade, má compactação do solo e cobrimento inferior ao exigido por norma.
Tendo em vista que ambos os locais não têm cobertura, é possível que em
casos de  chuva a água preencha os espaços vazios decorrentes da má
compactação e ocasione esse deslocamento de cerâmicas.

Figuras 16 – deslocamento de piso cerâmico na garagem e corredor

Fontes: Imagens de autoria própria tiradas na residência escolhida para a realização do


estudo, 2020.
Figuras 17- deslocamento de piso cerâmico na garagem e corredor
Fontes: Imagens de autoria própria tiradas na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020.
Figuras 18- deslocamento de piso cerâmico na garagem e corredor
Fontes: Imagens de autoria própria tiradas na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020.
Figuras 19 – deslocamento de piso cerâmico na garagem e corredor
Fontes: Imagens de autoria própria tiradas na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020.
De acordo com a vistoria realizada, a possível solução para essa patologia é a
retirada de todo piso cerâmico e contrapiso, para ser feita uma nova
compactação do solo. Após essa compactação é preciso se atentar para nova
espessura do cobrimento e a qualidade do concreto utilizado para o serviço. Em
seguida, as novas cerâmicas podem ser assentadas com a presença de juntas
de dilatação, argamassa com dosagem certa e de boa qualidade.

4.8 BOLOR EM TELHA CERÂMICA

Segundo Souza (2008) o bolor é uma patologia que ocorre com grande
frequência nas edificações e isso está ligado a elevados níveis de umidade
presente no local.

Na patologia estudada, observou-se a presença de bolor nas telhas cerâmicas,


onde a possível causa abordada é a presença de umidade no telhado, como
observado na figura a seguir.

Figura 20 – bolor em telhas cerâmicas


Fonte: Imagem de autoria própria tirada na residência escolhida para a realização do
estudo, 2020
Como possíveis soluções observadas na vistoria, temos a lavagem das telhas
afetadas, a trocas das mesmas por novas ou a troca de todas as telhas por
telhas impermeabilizadas ou hidrofugadas que inibem a propagação de bolor e
mofo. As telhas hidrofugadas são emergidas em silicone e formam uma camada
protetora, impedindo a penetração da água.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E DIRECIONAMENTOS FUTUROS

Em suma, com base nos estudos de importantes teóricos com domínio da área,
como Prodanov (2013); Menezes (2019); Caporrino (2018); Gentil (1996);
dentre outros, notou-se que a construção de habitações deve ser
milimetricamente calculada e pensada de forma que contemple tanto a estética
quanto a usabilidade da edificação.

Com isso, é imperativo que a equipe responsável pelo planejamento, vistoria e


execução, estude a fundo as fundações nas quais a construção se baseará,
fazendo um estudo de caso sobre a localização e climatologia da área, para
entender precisamente quais materiais deverão ser utilizados, prevenindo
contra intemperismos emergentes de radiação solar, temperatura do ar,
umidade, precipitação etc., aumentando a durabilidade da obra.

A partir deste estudo de caso foi observado como diferentes patologias se


sobressaem em regiões com elevado número de umidade relativa do ar, como
por exemplo, patologias em alvenaria, que desgastam determinados
revestimentos, gerando também a formação de bolhas de ar, bolor, mofo e
fungos em pinturas, danificando a estética e podendo gerar problemas
respiratórios nos moradores.

Na alvenaria estrutural, existe grande interdependência entre os vários projetos


que fazem parte de uma edificação, sendo estes o arquitetônico, o estrutural e
o de instalações, pois além de sua função estrutural, a parede é também um
elemento de vedação e pode conter os elementos de instalações. Assim, sendo,
o projeto deve ser todo cuidadosamente compatibilizado. (CAPORRINO, 2018).

Deriva-se ainda deste trabalho a compreensão da atuação de variáveis na


degradação dos materiais de construção, como a exemplo, o efeito da dilatação
de cerâmicas e corrosão de materiais metálicos usados tanto nas áreas
externas quanto internas.

Esta obra poderá ainda ser utilizada como base de estudo para possíveis
trabalhos na área da construção civil que visem entender os resultados de
determinadas degradações ocasionadas da falta de manutenção e planejamento
de residências.

Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013), as edificações devem ser projetadas para
possuírem usabilidade igual ou superior a 50 anos. Portanto, com estudo de
patologias e analisando cada construção, definindo suas particularidades, é
possível garantir o conforto e tempo de vida útil previsto no projeto.

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