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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO 4ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE MUZAMBINHO-MG.

Processo nº ______________

CRISTIANE, já qualificada nos autos da ação em epígrafe, através de seu advogado


infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar RESPOSTA A ACUSAÇÃO, nos termos dos artigos 396 e 396-A, do
Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 

I- DOS FATOS

Cristiane foi casada com Wesley durante cinco anos, porém, sempre foi
constantemente agredida física e moralmente pelo marido que era alcoólatra.

No dia 24 de dezembro de 2019, Wesley chegou em casa embriagado e agrediu


novamente a esposa. Cansada, ela dirigiu-se à Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher e
narrou os fatos ocorridos. A Delegada de plantão, encaminhou ao Juiz o requerimento para a
concessão de medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha, dentre elas, o de
afastamento da vítima do lar conjugal, pedido aceito e concedido pelo magistrado.

Dias depois de ser intimado da decisão, Wesley armou-se com uma faca e dirigiu-se à
casa de Cristiane querendo matá-la. Ao investir contra Cristiane, para evitar a agressão, ela o
empurrou, vindo ele a cair e bater com a cabeça na quina da mesa, vindo a óbito no local
devido à traumatismo craniano sofrido.

No momento do fato estavam presentes três vizinhos que ouviram gritos e dirigiram-se
à casa, pois conheciam o comportamento agressivo de Wesley.

Cristiane foi presa em flagrante delito e apresentou a versão ao Delegado de Polícia,


que também ouviu os três vizinhos, Claudia, Isaias e Isabela, todos confirmando sua fala. Após
audiência de custódia, foi-lhe concedida a liberdade provisória.

No inquérito policial, Cristiane ainda apresentou, por meio de familiares, laudos


médicos periciais, fotografias e boletins de ocorrência a mostrar as agressões que sofria da
vítima.

O Promotor de Justiça, entretanto, ofereceu denúncia por prática de lesão corporal


seguida de morte (art. 129, § 3º, CP), perante a 4ª Vara Criminal da Comarca de Muzambinho-
MG.
II- DO DIREITO

a) Da legítima defesa

Inicialmente cumpre esclarecer que a r. denuncia não merece prosperar, pois conforme
narrado, resta configurada a legítima defesa da vítima, vejamos.

Uma vez que a denunciada foi inicialmente agredida, não poderia se esperar
comportamento diverso, se não agir em legítima defesa, o que acabou ocasionando a morte de
seu ex marido.

Trata-se de causa de excludente de antijuricidade, conforme previstos nos artigos 23, II


e 25 do Código Penal:

Art. 23  - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

II  - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779)

Art. 25  —  Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

No caso em tela a acusada já havia sofrido diversas violências e ameaças, motivando


inclusive um boletim de ocorrência e concessão de medidas protetivas de urgência, garantidas
no art. 22 e incisos, da Lei Maria da Penha dentre elas, o de afastamento da vítima do lar
conjugal, pedido aceito e concedido pelo magistrado.

A denunciada não pode ser culpada de uma conduta que ela nem ao menos esperava,
ela apenas utilizou dos mesmos meios que o agressor para se defender, sendo assim o único
responsável por culpa exclusiva pelo resultado a própria vítima.

b) Da absolvição sumária

Conforme demonstrado no tópico acima, a denunciada não tinha qualquer intenção de


cometer a prática do crime de lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, CP), sendo a
legitima defesa a única via para que restasse viva, que acabou em resultado não esperado pela
mesma.

Com efeito, a absolvição sumária é medida que se impõe como medida de justiça.

Para tanto, traz o código processual penal, na redação do artigo 397, inciso I:

Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

I  - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº


11.719, de 2008).
Logo, requer seja o réu absolvido, com base no dispositivo acima grafado no Código de
Processo Penal, pois claramente trata-se de uma excludente de ilicitude.

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) a absolvição sumária, com base no art. 397, I, do Código de Processo Penal;

b) a produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente as testemunhas


abaixo arroladas. 

Nestes termos, 

Pede deferimento

Muzambinho/MG, 01 de junho de 2021.

Advogado ____________.

OAB nº ________.

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. Isabela
2. Isaias
3. Claudia

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